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1 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 01/11/2021 EPISTAXE DEFINIÇÃO - A epistaxe é definida por um sangramento proveniente das fossas nasais secundário a uma alteração na hemostasia da mucosa nasal. - A ‘’urgência’’ é definida como ‘’a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata’’ e a ‘’emergência’’, como a ‘’constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento médico imediato’’. EPIDEMIOLOGIA - É considerada a emergência mais comum em otorrinolaringologia, ocorrendo pelo menos uma vez em até 60% da população. - Apesar de a maioria desses episódios serem de intensidade leve e autolimitados, aproximadamente 6 a 10% dos pacientes necessitam de atendimento especializado. - Distribuição bimodal, sendo mais frequente em menores de 10 anos e em maiores de 45 anos. A necessidade de hospitalização aumenta com a idade, sendo incomum em crianças. - Nas crianças, os episódios de epistaxe tendem a recorrer, mas são habitualmente autolimitados e raramente observados em crianças com menos de 2 anos. - A maioria dos estudos evidencia uma variação sazonal na incidência da epistaxe, sendo mais frequente durante o inverno. Esse aumento da frequência parece estar associado a modificações na mucosa nasal relacionadas às variações da temperatura e umidade e ao aumento da incidência de infecções de vias aéreas superiores e crises de rinite alérgica. - A maioria dos pacientes dos pacientes possuem comorbidades, embora condições locais como trauma digital, corpos estranhos, medicamentos tópicos, drogas ilícitas, trauma nasal, perfuração septal, rinossinusite e neoplasias que estejam associadas. - Doenças sistêmicas e coagulopatias devem ser consideradas como facilitadores (hemofilias e coagulopatias adquiridas, HAS, cânceres de origem hematogênica, doença hepática ou renal, tabagismo e uso de anticoagulantes (como o AAS). - Aproximadamente 90% dos casos aparece ao longo do septo anterior (plexo de Kiesselbach, chamado também de área de Kiesselbach - 99% dos casos são no septo anterior, são leves e autolimitados) - O sangramento intenso e potencialmente letal ocorre em geral na região posterior ou superior do nariz. ANATOMIA - A cavidade nasal recebe ramos terminais das carótidas interna e externa. - A epistaxe pode ser dividida em anterior ou posterior. - A epistaxe anterior é a mais comum (90 a 95% dos casos) e tende a ser de menor intensidade e mais autolimitada. E o tipo mais comum em crianças. Na grande maioria das vezes, esse sangramento anterior é proveniente de uma rica rede de anastomoses na região anterior do septo nasal chamada de plexo de Kiesselbach, localizado na área de Little. - Os sangramentos posteriores são mais raros (5 a 10%), porém tendem a ser mais volumosas e a necessitar de atendimento especializado para a sua resolução. São mais comuns em pacientes acima de 40 anos. A artéria mais comumente envolvida nos sangramentos posteriores é a artéria esfenopalatina (ramo da carótida externa). Normalmente esses pacientes vão parar na emergência e são hospitalizados. - Epistaxes provenientes das artérias etmoidal anterior e posterior são menos frequentes. A epistaxe proveniente da etmoidal anterior está associada a trauma facial ou a lesão iatrogênica durante a cirurgia endoscópica nasossinusal. Na imagem acima temos o plexo de Kiesselbach acima, logo na frente da região nasal. Ele explica ao paciente que essa região fica localizado no septo do nariz, justamente onde junta a ‘’meleca’’. Temos também na imagem a artéria etmoidal anterior e posterior, e a esfenopalatina. Sendo essa última a principal que está associada a sangramentos muito intenso. 2 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 01/11/2021 ETIOLOGIA - Embora em 10% dos casos a etiologia seja desconhecida, as causas do sangramento nasal podem ser divididas em locais e sistêmicas. CAUSAS LOCAIS - Trauma por manipulação digital: esse trauma causado pelo próprio paciente é uma das causas mais comuns, principalmente em crianças, ele vai ‘’tirar meleca=crostas nasais’’. Nesses casos, o local mais comum das escoriações é na transição mucocutânea. - Trauma facial: a gravidade da epistaxe depende dos mecanismos do trauma, porém geralmente os sangramentos são anteriores. - Lesão iatrogênica: após procedimentos otorrinolaringológicos. - Alteração da umidade ambiental: ambientes secos podem causar ressecamento e irritação da mucosa com consequente sangramento. Ex: pessoas que viajam para Brasília. - Corpo estranho: a presença de corpo estranho nas fossas nasais pode causar epistaxe, geralmente unilateral e acompanhada por rinorreia purulenta. Mais comum em crianças. - Alterações infecciosas ou inflamatórias: quadros de rinossinusites, alérgicas ou infecciosas, podem ser causas de epistaxe. - Alterações neoplásicas: os tumores nasossinusais que mais cursam com epistaxe são carcinoma escamocelular, adenoide cístico, melanoma, papiloma invertido e nasoangiofibroma juvenil. - Alterações anatômicas: alterações anatômicas, como desvios septais, podem tornar a mucosa nasal mais suscetível a sangramentos. - Uso de medicamentos ou droga: um dos principais efeitos colaterais do uso crônico de corticosteroides tópicas nasais é a epistaxe. Um estudo comparando o uso da fluticasona com placebo evidenciou epistaxe. Um estudo comparando o uso da fluticasona com placebo evidenciou epistaxe em 19% dos pacientes com fluticasona contra 4% dos pacientes usando placebo. 2 O uso de drogas como a cocaína também deve ser investigado. OBS: Devemos lembrar do uso rotineiro de medicamentos, por exemplo, o corticoide nasal (=spray nasal). Muitas pessoas ao fazer uso ela aponta para o septo nasal, mas deve ser para a região lateral do nariz, uma boa forma de lembrar isso é narina esquerda vai para a mão direita e vice e versa. - Aneurisma ou pseudoaneurisma da artéria carótida: epistaxe volumosa ou recorrente pode ser secundária a aneurisma de carótida, visto principalmente em pacientes submetidos à cirurgia prévia de cabeça e pescoço ou após trauma (pseudoaneurisma) CAUSAS SISTÊMICAS - Distúrbios da coagulação: alterações plaquetárias, hemofilias, doença de von Willebrand, leucemias e hepatopatias podem ser causas de epistaxe volumosa e recidivante. EX: Sangramento com facilidade na escovação dentária. - Uso de anticoagulantes/antiagregantes: pacientes anticoagulados estão sob risco maior de apresentarem episódios de epistaxe, porém na maioria, não precisam da reversão da anticoagulação. A maior parte dos estudos evidencia um aumento do risco de epistaxe em pacientes que usam ácido acetilsalicílico (AAS) ou clopidogrel, mas não em pacientes que usam anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como o ibuprofeno. - Uso de fitoterápicos: o uso de medicamentos fitoterápicos deve ser sempre investigado em função de sua ampla utilização e de os pacientes muitas vezes não informarem esse fato ao médico. Os que mais comumente pode alterar a agregação plaquetária são a Ginkgo biloba, o óleo de peixe, o extrato de alho, a vitamina E e o ginseng. Nesses casos são epistaxes mais volumosas. OBS: Antes de cirurgias devemos perguntar ao paciente sobre tudo que ele faz uso. AVALIAÇÃO - A avaliação inicial do paciente com epistaxe visa manter a via aérea pérvia e controlar o estado hemodinâmico, seguindo o algoritmo do ‘’Advanced Life Support – ABC (Airway, Breathing, Circulation)’’. Normalmente a intensidade do sangramento não é grande o suficiente para ameaçar a perviedade da via aérea. - Adequado exame da cavidade nasal, podendo lançar mão de uso de anestésico tópicocom vasoconstrictores (o objetivo é reduzir um pouco do sangramento para facilitar a visualização), aspiração (do sangue ou do coagulo) e exame de endoscopia nasal. - Hemograma (para observar a hemoglobina (Hb) e o hematócrito (Ht)). Avaliação da coagulação (?- ainda se tem 3 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 01/11/2021 dúvida, mas normalmente não se solicita, porque a maioria dos casos ocorre de forma muito simples) TRATAMENTO - Medidas iniciais feitas pelo próprio paciente como o uso de vasoconstritor tópico nasal (tem que se tomar cuidado, mas se usada de forma correta é muito bom, mas não se deve utilizar de forma rotineira, porque de 3-5 dias depois do uso a mais do vasoconstrictor ele pode causar um efeito rebote e fazermos uma rinite medicamentosa), compressão nasal direta (paciente comprime a região nasal com objetivo de tamponar a área de Little) e uso de compressas geladas, podem ser suficientes para controle dos casos de epistaxe leve. CAUTERIZAÇÃO - Química ou elétrica - Complicações possíveis: ulceração e perfuração septal OBS: Normalmente, na maioria dos pacientes, não há necessidade de realizar a cauterização. OBS: O professor prefere utilizar invés disso os tratamentos nasais, são eles: lavagem nasal, colocação de um gel umidificador que tem bons resultados para epistaxes. E acaba evitando as complicações acima. OBS: Quando o professor faz as cauterizações, normalmente é química, ele não costuma fazer elétrica. Logo, vamos ter uma lesão na área de Little, usa o ácido tricloroacético e faz uma cauterização em volta, com muito cuidado de não cauterização uma área grande e reduzir tanto a vascularização, logo pode causar uma perfuração septal, por isso devemos ter cuidado. E depois disso, ele faz a cauterização central para finalizar o procedimento. TAMPONAMENTO ANTERIOR - Se a cauterização inicial for ineficaz ou se não for possível localizar o ponto de sangramento, o tamponamento nasal anterior é o próximo passo no fluxograma terapêutico (várias opções). Na imagem acima, temos os tampões. O professor fala que no dia a dia já fez muito tamponamento com dedo de luva, ele cortava o dedo da luva e usava dentro da gaze. Na segunda imagem temos o gelfoam, é como se fosse uma placa de isopor, ele é colocado na região e aí amolece em contato com o sangue. Na prática, na maioria das vezes, cortamos uma parte ele e colocamos adrenalina e vasoconstrictor e colocamos em cima do sangramento. Na terceira imagem, temos o surgicel, que é como se fosse uma ‘’redinha’’ que colocamos em cima do sangramento e o próprio sangue ajuda a dissolver ela, ficando como se fosse um gel em cima da região que está sangrando. TAMPONAMENTO ANTEROPOSTERIOR - Pacientes com epistaxe posterior severa e pacientes com sangramento refratário ao tamponamento anterior devem ser submetidos ao tamponamento anteroposterior. - Sondas com duplo balão prontas para a realização do tamponamento anteroposterior, porém esses dispositivos não estão facilmente disponíveis. ( disponíveis em hospitais ‘’de rico’’, após a insuflação ele formam duplo balão) - Uma sonda de Foley nº 10 a 16 (dependendo do tamanho da fossa nasal) é introduzida pela fossa nasal. O cuff deve ser insuflado com 10 a 15 mL de água destilada. Na imagem 1 é o duplo balão, na segunda imagem temos a sonda de Foley. E na imagem 3, mostra como introduzir a sonda de Foley, e observamos ela na orofaringe, logo vamos insuplar o cuff e observamos que ela acaba suspendendo na forma de trás. Vale lembrar que devemos ter cuidado para não insuflar demais. 4 Keyse Mirelle – 6° Período Otorrinolaringologia – 01/11/2021 MEDICAMENTOS - O uso de ácido tranexâmico (transamin) diminui o sangramento no intraoperatório, porém faltam dados sobre a sua eficácia na epistaxe primária. Pode ser usado como tópico (coloca-se o transamin em cima do local do sangramento). - Por ter um potencial risco de eventos tromboembólicos quando empregado sistemicamente, o seu uso tópico tem sido alvo de estudos. OBS: o professor usou poucas vezes. LIGADURA DE ARTÉRIAS - Artéria maxilar interna – via transnasal ou intra-oral - Artéria esfenopalatina – via endonasal Usamos a pinça, vamos pegar o clipe, vamos individualizar a artéria e depois clipar essa artéria. Fazendo então a ligadura da artéria. OBS: No dia a dia a artéria mais ligada é a esfenopalatina. - Artéria etmoidais – via endonasal ou acesso externo (canto interno da órbita) EMBOLIZAÇÃO - Em casos de: Epistaxe grave, recorrente, em pacientes com contraindicação cirúrgica - Feita por: Radiologia intervencionista - Risco de complicações neurológicas ALGORITMO Esse algoritmo é utilizado para fazermos quando estivermos de frente com casos de epistaxe. Devemos observar e entende-lo. Obs: o professor sempre utiliza ATB após realizar o tamponamento com objetivo de evitar infecção por Staphylococcus. Feito normalmente/principalmente em hospital. Pois em consultório geralmente encontramos sangramento inativo. TRATAMENTO – COMPLICAÇÕES - Perfuração septal, principalmente após cauterização, elétrica ou química, dor, sinéquia, aspiração, angina, necrose, rinossinusite, celulite periorbitária, otite média, hipóxia e síndrome do choque tóxico (essa síndrome é o motivo do professor utilizar ATB). - A síndrome do choque tóxico é uma complicação causada pela toxina TSST-1, produzida pelo Staphylococcus aureus e que clinicamente se manifesta por febre, hipotensão, diarreia e rash. Apesar de destrutível, utilizado antibióticos se o tampão for ser utilizado por mais de 24 hs.
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