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Período de transição endocrinológica gradual entre os ciclos ovulatórios e não ovulatórios: transição menopáusica. Importância devido ao aumento da expectativa de vida. Abrange questões relacionadas a qualidade de vida, prevenção e tratamentos de doenças. • Modificações endócrinas, biológicas e clínicas até senescência ovariana. Hoje a mulher vive pelo menos 1 terço da sua vida após a menopausa. DEFINIÇÕES Menopausa: data após 1 ano da cessação das menstruações. Média de idade: 51,5 anos. Insuficiência ovariana prematura (FOP): cessação das menstruações antes dos 40 anos: ↑ do FSH. Relatório de STRAW (2001): primeiras diretrizes para classificação padronizada do envelhecimento reprodutivo feminino. Estágio -2: ciclos menstruais com intervalos curtos, ↑ FSH, alternância entre ciclos ovulatórios e não ovulatórios, podendo haver concepção. Estágio -1: 2 ou mais falhas na menstruação devido a períodos mais longos de anovulação. FATORES INFLUENCIADORES • Fatores genéticos. • Tabagismo: antecipa em média 2 anos. • Quimioterapia. • Radioterapia. • Cirurgias ovarianas e histerectomia. SINAIS E SINTOMAS Eixo H-H-O: Menacme: liberação pulsátil do GNRH estimula liberação cíclica das gonadotrofinas hipofisárias (FSH e LH), as quais estimulam a síntese de esteroides sexuais pelo ovário (estrogênio, progesterona e inibina). Estrogênio e progesterona exercem feedback + e – sobre a produção de gonadotrofinas e liberação de GNRH. A inibina, produzida pelas células da granulosa ovariana, exerce importante feedback negativo sobre a secreção de FSH pela adeno- hipófise. Alterações no eixo H-H-O: Início da transição menopáusica: aumento discreto do FSH com aumento da resposta folicular ovariana e elevação dos níveis de estrogênios devido a redução da produção de inibina e não a diminuição da produção de estrogênios. Níveis mais altos de estrogênios. Níveis mais baixos de progesterona. Níveis de testosterona não variam significativamente. Hormônio anti-mulleriano (AMH): marcador de reserva ovariana. Menopausa (estágio +1b): cessa produção estrogênica e libera alça de feedback negativo: aumento de Gnrh; FSH e LH. FSH: marcador mais confiável para diagnóstico de menopausa. • Os níveis de estradiol oscilam devido a flutuação do FSH e podem chegar a níveis mais altos do que observado em mulheres de 35 anos. • AMH: produzido nas células da granulosa dos folículos secundários e pré-antrais. Sua produção cai na transição menopáusica. Alterações endometriais: Fase final da transição menopáusica: alterações proliferativas desordenadas – refletem ação do estrogênio atuando sem oposição da progesterona (ciclos anovulatórios). Menopausa: endométrio atrófico. Sangramento uterino anormal (SUA): ocorre em 50% das mulheres – anovulação. Risco de hiperplasia/carcinoma de endométrio: 10% nas mulheres com SUA. Potencial de fertilidade: Há benefício nos métodos hormonais: melhora de fogachos, proteção da massa óssea, controle dos ciclos menstruais, anticoncepção. Não utilizar DPMA como 1ª linha. Atenção para contraindicações clínicas. Suspender após 55 anos. Alterações na termorregulação central: “Ondas de calor”, “fogachos”, “suores noturnos”. Sintoma comum que pode afetar a qualidade de vida. Ocorre entre 11-60%. Iniciam-se 2 anos antes da menopausa e 85% das mulheres se queixam por mais 1 ano após e > 15% por mais de 15 anos. Associação: baixo nível de ativ. Física, tabagismo, elevação FSH, redução estradiol, índice de massa corporal, antecedentes de transtornos disfóricos pré-menstruais ou depressão, temperaturas ambientais mais altas, uso de SERMs. Duração 1-5 minutos. • Fogachos são mais comuns nas africanas > brancas > asiáticas. Sintomas vasomotores: alterações termorreguladoras e cardiovasculares que acompanham os fogachos Vasodilatação periférica: aumento da temperatura da pele em 10-15 graus Acomete mais parte superior do corpo e face Sudorese acompanha 90% das mulheres com fogachos Aumento de PA, FC, palpitações, ansiedade, irritabilidade, pânico e calafrios. Fisiopatologia: abstinência e oscilações dos níveis estrogênicos e alterações dos níveis de neurotransmissores – disfunção nos centros reguladores hipotalâmicos. Aumento da norepinefrina: responsável por baixar ponto de ajuste com centro termorregulador e acionamento de mecanismos de perda de calor nos fogachos. Aumento da serotonina. • Mais acentuada em dedos dos pés e das mãos. Fisiopatologia não bem conhecida. • Medicamentos que diminuem a norepinefrina podem auxiliar no controle dos fogachos. • Oscilações dos níveis de estrogênio resultam em redução na densidade de receptores alfa adrenérgicos pré-sinápticos inibidores e aumentam liberação hipotalâmica de norepinefrina e serotonina. Ambas diminuem o ponto de ajuste do centro termorregulador hipotalâmico e permitem o disparo de mecanismos de perda de calor por alterações sutis na temperatura interna do corpo. Aumento da norepinefrina: responsável por baixar ponto de ajuste com centro termorregulador e acionamento de mecanismos de perda de calor nos fogachos. Aumento da serotonina. Distúrbios do sono: fadiga, irritabilidade, sintomas depressivos, disfunção cognitiva, e alterações no funcionamento diário. Alterações no metabolismo ósseo: • Hipoestrogenismo: aumento da produção de RANKL. O excesso de RANKL ultrapassa a capacidade de mediação da OPG, favorecendo desenvolvimento de osteoclastos e a reabsorção óssea. Hipoestrogenismo:aumento de produção de RANKL, ultrapassando a capacidade de oposição de OPG, favorecendo a ação dos osteoclastos e a reabsorção óssea e potencialmente a osteoporose menopáusica. Osteoporose: doença esquelética na qual há comprometimento da resistência óssea, resultando em aumento do risco de fraturas. Osteoporose primária: decorrente da menopausa. > 65 anos. Osteoporose secundária: doenças ou medicamentos. Menopausa :aumento da sensibilidade do osso ao PTH. Recomenda-se suplementação de cálcio e vitamina D e mulheres pós menopáusicas. Avaliar risco de fraturas através da DMO a partir de 65 anos sem fatores de risco ou a partir de 50 anos na presença de 1 fator de risco ou histórico de fraturas. DMO na transição menopáusica: presença de fraturas por pequeno trauma ou uso de medicamentos. Ferramenta FRAX: algoritmo online para avaliar risco de fraturas em 10 anos. • Deficiência de ingestão ou absorção de cálcio leva ao aumento do PTH: estimula reabsorção óssea e produção de vitamina D. • Vitamina D: aumenta reabsorção óssea, aumenta absorção intestinal de cálcio e estimula reabsorção renal de cálcio e assim PTH retorna ao normal em mulheres pré-menopáusicas • Frax: identifica pacientes que podem se beneficiar com farmacoterapia, principalmente em pacientes com osteopenia. Fatores de risco para osteoporose/fraturas: Prevenção de osteoporose/fraturas: • Exercício físico com peso. • Administração de cálcio e vitamina D. • Alimentação rica em cálcio. • Exposição solar adequada. Alterações cardiovasculares (DCV): Principal causa de morte entre as mulheres. Evoluem a partir de placas ateroscleróticas. Pré menopausa: risco menor de DCV que os homens da mesma idade devido a níveis mais altos de HDL – efeito estrogênico. Pós menopausa: risco maior de DCV 2-6 vezes em mulheres da mesma idade. Ocorre redução de HDL e aumento de colesterol total e LDL. Importância em estimular medidas preventivas comportamentais na transição menopáusica. Coagulação: aumento do fibrinogênio, inibidor-1 do ativador do plasminogênio e fator VII – estado de relativa hipercoagulabilidade. Ganho de peso: metabolismo mais lento, menor necessidade calórica. Associação com resistência insulínica, DM e DCV. • Os dadosindicam que a queda do estrogênio pode e star associado a aumento do risco de DCV. • Prevenção: cessar tabagismo; manter dieta e peso adequados, atividade física 30 min ao dia, manter PA normal e lipídeos normais. • Alterações na coagulação: aumenta o risco de DCV. Alterações dermatológicas, odontológicas e mamárias: Hiperpigmentação, rugas e prurido. Redução da espessura e secreção sebácea da pele, perda de elasticidade, redução do suprimento sanguíneo e alterações epidérmicas. Atrofia do epitélio bucal: redução da produção de saliva, sensibilidade, goto ruim na boca, cáries e perda de dentes (relacionada a osteoporose). Mamas: lipossubstituição. • Difícil distinguir o envelhecimento hormonal da pele do envelhecimento normal e fotoenvelhecimento. Alterações no sistema nervoso central (SNC): Dificuldades para iniciar e manter o sono: fadiga, irritabilidade, sintomas depressivos, disfunção cognitiva, e alterações no funcionamento diário. Associação: doenças ortopédicas dolorosas, DPOC, pirose, sintomas miccionais, distúrbios respiratórios do sono (DRS). Indutores do sono. Distúrbios cognitivos: déficit de memória – reduzir fatores de risco modificáveis como hiperlipidemia, hipertensão, tabagismo e excesso de álcool. • DRS: associado a aumento da massa corporal e diminuição do estrogênio. Alterações psicossociais: Depressão, alterações no humor, dificuldade de concentração, e problemas de memória. Fatores agravantes comuns: estresse emocional adicional devido a relacionamento com adolescentes, início de doença grave, cuidado de pais idosos, divórcio ou viuvez, mudanças na carreira ou aposentadoria, perda da função reprodutiva. Estresse cultural ocidental: enfatiza beleza e juventude. Transição menopáusica deve ser interpretada como mudança e não como sinal de envelhecimento e perda de “status” e controle. Alterações na libido e no trato reprodutivo inferior: Maioria dos estudos demonstra diminuição do interesse sexual após a menopausa. Ajustes na saúde física, mental, tabagismo e satisfação conjugal são necessários. Síndrome urogenital da menopausa: atrofia, secura vaginal e dispareunia – prevalência 10-50% - baixa qualidade de vida. Epitélio urogenital possui receptores de estrogênio e é sensível a supressão estrogênica – influência trófica. Perda de colágeno, tecido adiposo e capacidade de retenção de água. Mucosa vaginal rosa-pálido, superfície achatada, mucosa delgada, friável e menos elástica. pH mais alcalino > 4,5: redução de lactobacilos e propensão a infecções vaginais e urinárias. Mucosa vaginal atrófica Colo normal e atrófico Alterações urogenitais: Disúria, urgência miccional, e infecções recorrentes do trato urinário; incontinência urinária por estresse (encurtamento uretral por alterações tróficas). Afinamento da mucosa uretral e vesical. Considerar teste terapêutico com terapias hormonais antes de indicar tratamento cirúrgico de IUE em pacientes atróficas. Distopias de órgãos pélvicos: cistocele, retocele, prolapsos uterinos e relaxamento vaginal. • Distopias: diretamente ligadas a supressão estrogênica. DIAGNÓSTICO Clínico. Objetivo: otimizar a saúde e o bem-estar. Momento importante para avaliação da saúde global da mulher Exames laboratoriais: FSH >40 – diagnóstico de insuficiência ovariana. Dosagem de Estradiol: muito baixos após menopausa instalada; usado para avaliar resposta a TH (níveis entre 50-100 pg/ml). TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL Histórico: 1960-1970: entusiasmo com a prescrição de terapia estrogênica (TE) devido a capacidade de preservar a juventude e prevenir doenças crônicas. Mais da metade das mulheres menopáusicas faziam uso de TE por 5 anos em média. 1975: estudo revela associação de TE com câncer endometrial. FDA exige mudança nos rótulos com base a observação do risco de câncer endometrial. 1980: inclusão dos progestagênios aos esquemas terapêuticos. 1985: estudos observacionais observaram efeitos protetores da TE combinada no risco de DCV e osteoporose na pós menopausa (Nurses‘ Health Study). Crítica: viés de seleção. 2003-2005: estudos revelam que a TE combinada poderia retardar os estágios iniciais da aterosclerose que tende a estar presentes em mulheres mais jovens e que não seja efetiva, ou até possa desencadear, eventos cardiovasculares em pacientes que já tenham lesões ateroscleróticas instaladas (mais velhas) – “janela de oportunidade”. • Nurses’ Health Study: Coorte de 121.964 mulheres. Crítica: a Coorte não era representativa da população de mulheres na menopausa pois a usuárias de TH tendiam a ser mais saudáveis, mais ricas e ter mais acesso a tratamentos de saúde. ENSAIOS CLÍNICOS RANDOMIZADOS PEPI TRIAL: Redução de LDL e aumento de HDL em todos os grupos que receberam TE em comparação com placebo. Aumento do fibrinogênio no grupo placebo. Não foi observada alteração nos níveis de insulina e pressão arterial entre os grupos. HERS (HEART AND ESTROGEN/PROGESTIN REPLACEMENT STUDY): 1998. Estudou a morbidade cardíaca em 2763 mulheres com DCV pré-existente que receberam TE como prevenção secundária contra a progressão da doença cardíaca. Causou imensa confusão no entendimento do efeito cardioprotetor da TE. WHI (WHOMEN’S HEALTH INITIATIVE): 1993. Estudo mais amplo já realizado para avaliar as causas mais comuns de morte, incapacidade, e redução da qualidade de vida. Estudou desfechos específicos como: DCC, eventos trombóticos venosos, câncer de mama e fraturas ósseas, câncer de colo. Componente observacional e um ensaio clinico randomizado multicêntrico. Braços do estudo: grupo 1: TH combinada (EEC + AMP) x placebo; grupo 2: TE x placebo; grupo 3: placebo. Foram incluídas 161.808 mulheres pós menopáusicas sem eventos cardiovasculares prévios entre 50-79 anos. Após 5,2 anos o estudo foi interrompido devido a observação de que os grupos tratados com hormônio apresentaram eventos cardiovasculares fatais e não fatais acima da meta esperada. Caos generalizado. Estimulou novos estudos acerca do momento ideal para iniciar a TH após a menopausa, os quais verificaram que o risco de DCC é maior nas mulheres que iniciam a TH muitos anos depois da menopausa – “janela de oportunidade”. Conclusões: Em uma reanálise do estudo Women’s Health Initiative (WHI), as mulheres que apresentaram mais benefícios com o uso de TH foram aquelas com idade entre 50 e 59 anos ou com menos de dez anos de pós-menopausa. Esses benefícios incluíram redução da incidência de doença cardiovascular (DCV) e da mortalidade geral. INDICAÇÕES DA TH Tratamento de sintomas vasomotores (ondas de calor e sudorese noturna). Tratamento da síndrome geniturinária. Prevenção da osteoporose e de fraturas osteoporóticas. Obs.: a prevenção primária de DCC com TH não deve ser realizada na ausência das indicações clássicas acima mencionadas. BENEFÍCIOS DA TH Uma recente revisão sistemática objetivou avaliar as evidências sobre o papel da dose, via de administração e tempo de início da TH no risco cardiovascular em mulheres na pós-menopausa. Foram incluídos 33 estudos com um total de 2.588.327 mulheres. As evidências não corroboram com as preocupações de que a TH oral ou transdérmica eleve o risco de DCV. Dados mostraram efeito cardioprotetor com o uso de baixas doses de TH oral. O momento do início da TH foi um fator importante na prescrição para mulheres com perfil cardio-metabólico adverso. Para mulheres sintomáticas saudáveis e com idade inferior a 60 anos ou que estão dentro de dez anos da pós- menopausa, os efeitos favoráveis da TH, na DCV e na mortalidade geral, devem ser considerados em que pese pequeno aumento no risco para TEV. O risco de diabetes tipo 2 parece diminuir com o uso da THpela redução da resistência à insulina não relacionada ao índice de massa corpórea (IMC) - redução de 40%, porém não utilizar como medida de prevenção primária. A função sexual e outras queixas relacionadas à menopausa e que podem interferir na qualidade de vida, como dores articulares e mudanças de humor e distúrbios do sono, podem melhorar com o uso da TH. RISCOS DA TH O aumento do risco de câncer de mama associado a TH é pequeno e estimado em menos de 0,1% ao ano, ou seja, incidência absoluta de menos de um caso por mil mulheres por ano de uso. TH estroprogestativa aumenta o risco de câncer de mama após três a cinco anos de uso, enquanto a terapia estrogênica isolada teria maior período de uso com segurança (efeito protetor não significativo). Aumento do risco de eventos trombóticos com maior risco nos primeiros dois anos de tratamento. A terapia estrogênica transdérmica deve ser a primeira escolha em mulheres obesas com sintomas climatéricos. CONTRAINDICAÇÕES DA TH • Doença hepática descompensada. • Câncer de mama. • Lesão precursora para câncer de mama. • Câncer de endométrio. • Sangramento vaginal de causa desconhecida. • Porfiria. • Doença coronariana. • Doença cerebrovascular. • Doença trombótica ou tromboembólica venosa. • Lúpus eritematoso sistêmico. • Meningioma – apenas para progestagênio. A TH não está contraindicada em situações como hipertensão arterial controlada, diabetes controlado, hepatite C, antecedentes pessoais de neoplasia hematológica e de outros cânceres, como o de colo uterino de células escamosas, ovário, vagina, vulva, colorretal, pulmonar, tireoidiano, hepático, renal ou gástrico. REGIMES TERAPÊUTICOS Podem ser estrogênio isolado indicado a mulheres histerectomizadas ou combinado para as mulheres com útero, uma associação de estrogênio e progestagênio. A adição do progestagênio a pacientes com útero é necessária para proteção endometrial, contrabalanceando os efeitos proliferativos do estrogênio e diminuindo, dessa forma, os riscos de hiperplasia e câncer endometrial. A forma combinada de TH pode ser do tipo sequencial, em que o estrogênio é administrado continuamente e o progestagênio durante 12 a 14 dias consecutivos ao mês. Na forma combinada contínua, o estrogênio e o progestagênio são administrados diariamente. Os regimes combinados sequenciais são indicados na transição menopausal até os primeiros anos de pós- menopausa e os combinados contínuos, na pós- menopausa. Na TH sistêmica, o estrogênio frequentemente utilizado é o estra-diol (E2), na forma de 17b-estradiol micronizado ou valerato de estradiol. E2 pode ser empregado por via oral, transdérmica (adesivo) ou percutânea (gel). Preferência para via transdérmica/percutânea – evitar efeitos de 1ª passagem hepática – alterações hemostáticas e pró trombóticas. A terapia estrogênica vaginal é uma opção eficaz e segura no tratamento da síndrome geniturinária de moderada a grave. Formulações estrogênicas vaginais demonstram melhora dos sintomas clínicos e dos resultados citológicos vaginais, quando comparadas aos estrogênios por via oral, que podem falhar em 10% a 25% no alívio dos sintomas da atrofia vulvovaginal. A estrogenioterapia vaginal consiste em uma dose diária de ataque, por duas semanas, seguida por redução de duas a três vezes por semana até alcançar a mínima dose que mantenha a integridade vaginal durante 2 a 3 meses. Os progestagênios empregados na TH são compostos sintéticos com atividade progestagênica obtidos de modificações na molécula da própria progesterona, da testosterona ou da espironolactona. O SIU/LNG tem sido empregado de forma alternativa como proteção endometrial em regimes de TH. A tibolona é considerada uma forma de TH, mas com caracterís-ticas próprias. É um esteroide sintético derivado da 19-nortestosterona, com propriedades progestagênica (1/8 do acetato de norestisterona), estrogênica (1/10 do estinilestradiol) e androgênica (1/50 da metiltestosterona). A tibolona é empregada para alívio dos sintomas climatéricos e da atrofia vulvovaginal e na prevenção da perda de massa óssea e de fraturas osteoporóticas. Apresenta efeitos positivos sobre a sexualidade, o bem- estar físico e o humor. Pode melhorar a função sexual pela ação androgênica da mo-lécula e, indiretamente, por redução da SHBG e aumento da testos-terona livre com maior repercussão sobre os sinais e sintomas da deficiência androgênica, como perda da libido, fadiga, sarcopenia e redução do bem-estar. Diferentemente da TH estroprogestativa, estudos relatam que tibolona não estimula a proliferação mamária nem aumenta a densidade mamográfica, com baixa incidência de mastalgia. RECOMENDAÇÕES FINAIS A TH é considerada o tratamento mais eficaz para os sintomas de-correntes da falência ovariana. Seus benefícios superam os riscos para a maioria das mulheres sintomáticas com menos de 60 anos de idade ou dentro do período de dez anos da pós-menopausa. O uso de TH é uma decisão individualizada, em que a qualidade de vida e os fatores de risco, como idade, tempo de pós-menopausa e risco individual de tromboembolismo venoso, de DCV e de câncer de mama, devem ser avaliados. Recomenda-se a menor dose efetiva da TH e pelo tempo que for necessário. Na avaliação dos benefícios e riscos da TH, o tempo de manutenção do tratamento deve ser considerado de acordo com os objetivos da prescrição e os critérios de segurança na utilização.
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