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Trauma Cranioencefálico (TCE)

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1 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 
Gizelle Felinto 
INTRODUÇÃO 
➢ Atenção → para que se diga que o paciente tem um TCE, ele deve 
apresentar um trauma no segmento cranioencefálico e deve ter 
acometimento neurológico (Ex: convulsão, síncope...) 
• A perda de consciência momentânea, mesmo que o paciente 
chegue ao hospital totalmente assintomático deve levantar 
suspeita quanto à lesão neurológica 
• Cuidado ao classificar o paciente com TCE → Ex: Paciente 
com ferimento corto-contuso no couro cabeludo e sem 
nenhuma repercussão neurológica (Ex: sem história de 
síncope, tontura, convulsão, alteração de marcha e sem 
qualquer alteração ao exame físico) 
▪ Assim, esse exemplo não se classifica como um TCE, 
mas sim como um ferimento corto-contuso do couro 
cabeludo 
▪ Nesse caso, não há necessidade de deixar o paciente 
em observação hospitalar por muito longa e o 
tratamento é mais simples, constituindo uma conduta 
diferente da conduta tomada quando se está diante de 
um TCE 
➢ Objetivo do Tratamento do TCE → PREVENIR A LESÃO CEREBRAL 
SECUNDÁRIA 
• Pois a lesão primária no TCE já ocorreu no momento do 
trauma. Assim, deve-se correr contra o tempo para se 
evitar a lesão secundária, mantendo-se, por exemplo, a 
oxigenação do paciente e a pressão arterial média elevada, 
para que se tenha uma boa perfusão cerebral 
EPIDEMIOLOGIA 
➢ NÚMEROS NO TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE): 
• O traumatismo craniano corresponde a 90% das mortes 
pré-hospitalares → assim, a maioria dos indivíduos que 
perdem a vida no primeiro pico de incidência dos óbitos por 
trauma apresentam uma lesão neurológica grave, desde um 
trauma cranioencefálico grave até uma lesão medular alta 
• De todos os pacientes que sofrem um TCE: 
▪ 75% são classificados como TCE leve 
▪ 15% apresentam TCE moderado 
▪ 10% têm TCE grave → 90% das mortes pré-
hospitalares são representadas por esses indivíduos 
com TCE grave 
• Quando os pacientes com TCE sobrevivem, cerca de 90.000 
indivíduos apresentam invalidez → os TCEs moderados a 
graves, principalmente, têm uma chance de sequela 
praticamente irreversível, que pode perdurar durante toda 
a vida do paciente 
▪ Assim, além de ser um trauma que pode colocar a vida 
do paciente em risco imediato, o TCE, caso o paciente 
sobreviva, pode fazer com que o indivíduo apresente 
uma sequela motora ou cognitiva, por exemplo 
RELEMBRANDO A NEUROANATOMIA 
➢ Crânio → delimita o compartimento encefálico, sendo inelástico 
e não tendo espaço para que as estruturas encefálicas se 
expandam quando há aumento de volume abrupto 
• Forame Magno → é praticamente a única abertura que se 
tem na caixa craniana, que é por onde passa a medula 
espinhal 
➢ Tenda/tentório do cerebelo: 
• É uma parte da dura-máter que divide o encéfalo em duas 
regiões: 
▪ Supratentorial 
▪ Infratentorial 
• Essa divisão é importante, pois, por exemplo, quando se tem 
um edema importante das estruturas supratentorais, esse 
edema tende a empurrar a estruturas infratentoriais, 
levando ao acometimento/compressão de estruturas que 
podem causar: 
▪ Uma parada cardiorrespiratória → acometimento do 
bulbo, que é o centro respiratório 
▪ Midríase → quando se tem a compressão do nervo 
oculomotor (III) 
 
➢ CORTE CORONAL: 
 
• Tecido celular subcutâneo → apresenta-se um pouco 
escasso na região da cabeça 
▪ Quando se sutura uma lesão corto-contusa no couro 
cabeludo, devido a essa pouca quantidade de tecido 
celular subcutâneo, é difícil de se injetar anestésico 
para a realização da sutura → assim, para a aplicação 
do anestésico, deve-se introduzir a agulha até 
ultrapassar a pele, o tecido celular subcutâneo e a 
gálea aponeurótica, indo até a região do periósteo do 
crânio, ou seja, até que seja sentida a resistência do 
osso. Assim, deve-se aspirar um pouco a seringa para 
saber se há algum vaso no local, e depois injeta-se o 
anestésico 
 
2 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 
Gizelle Felinto 
• Ossos do crânio → apresentam três partes, de fora para 
dentro: 
▪ Tábua externa 
▪ Parte esponjosa 
▪ Tábua interna 
• Granulações aracnóideas → causam algumas 
“deformidades” no crânio, chamadas de fovéolas 
• Meninges: 
▪ Dura-máter: 
✓ É a meninge mais espessa e é bastante fibrosa, 
com pouca elasticidade. Assim, caso haja aumento 
das estruturas encefálicas, essa meninge 
praticamente impede a expansão do tecido, 
contribuindo para a compressão das estruturas 
✓ Tem o folheto mais externo, estando colada na 
tábua interna, e outro mais interno. Esses 
folhetos, em algumas regiões, se dividem e 
formam os seios venosos do crânio 
✓ Além disso, o folheto mais interno de um lado se 
une com o do hemisfério contralateral, formando 
a foice do cérebro 
✓ A tenda do cerebelo também é formada pela dura-
máter 
▪ Aracnoide 
▪ Pia-máter → está colada ao encéfalo 
▪ É importante saber sobre essas meninges, pois existem 
os hematomas que são classificados de acordo com a 
sua localização em relação à essas meninges: 
✓ Hematoma Extradural/Epidural → fica 
externamente à dura-máter 
o Como existem alguns locais em que a dura-
máter é aderida à tábula interna do crânio, o 
hematoma adquire um formato biconvexo, 
pois descola apenas a parte que não é 
aderida, ficando “represado” pelas regiões 
que se encontram aderidas 
✓ Hematoma Subdural → entre a aracnoide e a 
dura-máter 
✓ Hemorragia Subaracnóidea 
RELEMBRANDO A FISIOLOGIA 
➢ DOUTRINA DE MONRO-KELLIE: 
• Observou-se que a Pressão Intracraniana (PIC) sem mantém 
estável (10 a 12mmHg) até certo tempo, mesmo com o 
paciente sofrendo edema cerebral. Porém, quando essa 
pressão começava a aumentar, ela subia em nível 
praticamente exponencial, muito rapidamente → isso é 
explicado pelo fato de que quando se tem um edema 
cerebral: 
▪ Inicialmente ocorre a compressão dos espaços que 
ainda se tem disponíveis no crânio para que haja essa 
expansão, como os ventrículos cerebrais e os seios 
venosos. Assim, quando o cérebro começa a “inchar” 
ele vai expulsando o líquor de dentro da caixa craniana 
e vai fechando os seios venosos, sendo por isso que, 
em algumas tomografias de TCE mais grave, em que se 
tem edema cerebral importante, tem-se o apagamento 
dos ventrículos → dessa forma, o líquor desce quase 
que completamente para a medula, e é por isso que, se 
for feita uma punção em um paciente com hipertensão 
intracraniana pode-se ter uma herniação de uncus, 
pois a descompressão brusca causa a herniação de 
estruturas à nível da tenda cerebelar, podendo-se ter 
a compressão do centro respiratório, causando uma 
parada respiratória, por exemplo 
▪ Com o aumento do edema, chega-se em um ponto em 
que não há mais nenhum local para que haja a sua 
expansão sem causar maiores danos. Dessa forma, 
ocorre o aumento da pressão intracraniana e, 
consequentemente, diminui-se o fluxo sanguíneo 
cerebral, pois para que uma artéria perfundir um 
tecido é necessário que a pressão do tecido seja menor 
que a pressão arterial do paciente. Assim, caso o 
paciente não seja tratado de forma adequada, acaba-
se impedindo o fluxo sanguíneo cerebral → para que 
se mantenha o esse fluxo sanguíneo cerebral nos 
pacientes com hipertensão intracraniana é necessário 
que se eleve a pressão arterial do paciente, ou pelo 
menos deve-se manter o paciente normotenso, pois se 
o paciente ficar hipotenso e tiver um aumento da PIC 
há uma piora ainda maior do quadro 
• Detalhando essa doutrina, segundo a neurologia: 
▪ Segundo essa doutrina, tem-se 3 volumes cerebrais 
que convivem em equilíbrio. Assim, quando existe o 
aumento de algum desses volumes, necessariamente, 
tem-se a diminuição de outro volume para compensar 
e, de modo geral, manter o equilíbrio 
✓ Volumes cerebrais: 
o Parênquima (tecido cerebral) → 
corresponde a 83% do volume 
o Líquor → 11% 
o Sangue → 6% 
▪ Como o cérebro tenta compensar o aumento do volume 
intracraniano→ com o aumento do volume 
intracraniano, ocorre o primeiro mecanismo de 
equilíbrio, que é o aumento do fluxo de líquor para o 
compartimento espinhal, no intuito de manter o 
equilíbrio do volume. Caso esse mecanismo não seja o 
suficiente e o volume intracraniano continue 
aumentando, o próximo mecanismo de controle é o 
aumento do retorno venoso, através das veias 
jugulares internas. Se mesmo assim isso não for o 
suficiente para gerar um equilíbrio, ocorre a 
compressão do tecido cerebral por hérnias, pois, como 
não existe mais nenhum mecanismo de controle, o 
parênquima cerebral vai se deslocar de um lado para 
outro por meio de hérnias intracranianas, que, por si 
só, representam uma emergência neurológica 
cirúrgica e, caso não sejam tratadas rapidamente, 
podem levar ao óbito 
 
 
 
3 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 
Gizelle Felinto 
CLASSIFICAÇÃO DO TCE 
➢ CLASSIFICAÇÃO QUANTO À GRAVIDADE DO TCE → é a classificação 
mais utilizada pela triagem na porta de entrada do serviço e leva 
em consideração a Escala de Coma de Glasgow (ECG) 
• TCE leve → ECG = 13 – 15 
• TCE moderado → ECG = 9 – 12 
• TCE grave → ECG = 3 – 8 
• Atenção → não há necessidade de se utilizar a nova escala, 
que leva em consideração a avaliação pupilar 
▪ Escala de coma de Glasgow antiga → varia de 3 a 15 
▪ Escala de coma de Glasgow nova → varia de 1 a 15, pois, 
caso o paciente tenha alteração pupilar, ele pode 
perder 1 a 2 pontos 
ESCALA DE COMA DE GLASGOW 
 Variável Escore 
 
Resposta Ocular 
Espontânea 
À voz 
À dor 
Nenhuma 
4 
3 
2 
1 
 
 
Resposta Verbal 
Orientada 
Confusa 
Palavras inapropriadas 
Palavras incompreensíveis 
Nenhuma 
5 
4 
3 
2 
1 
 
Resposta Motora 
(deve-se considerar a 
melhor resposta motora 
do paciente) 
Obedece a comandos 
Localiza dor 
Movimento de retirada 
Flexão anormal 
Extensão anormal 
Nenhuma 
6 
5 
4 
3 
2 
1 
Total Máximo: 15 Total Mínimo: 3 
➢ CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS FRATURAS: 
• Ex: pode-se ter fraturas fechadas, expostas, afundamento de 
crânio... 
• Essa classificação é mais específica para o neurologista do 
que para o clínico generalista. É por isso que, na porta de 
entrada do serviço, faz-se uso da classificação quanto à 
gravidade do TCE 
• Porém, é importante que se saiba os sinais e sintomas de 
fratura de base de crânio 
LESÕES INTRACRANIANAS 
➢ As lesões intracranianas podem ser classificadas como lesões 
difusas ou focais 
➢ LESÕES DIFUSAS: 
• Concussão: 
▪ É uma das lesões mais comuns de ocorrer 
▪ O que é → trata-se da perda momentânea de 
consciência durante após um trauma na cabeça 
▪ Fisiopatologia → no momento em que se tem um 
trauma na cabeça, tem-se uma despolarização difusa 
dos neurônios que comandam a comunicação entre o 
córtex e o sistema ativador reticular ascendente, 
fazendo com que o indivíduo tenha uma 
flacidez/hipotonia momentânea, perdendo-se a 
comunicação do córtex com o restante do corpo. Dessa 
forma, o paciente perde a consciência e o tônus 
muscular de forma momentânea 
▪ Exemplo → jogador de futebol que choca a cabeça com 
o corpo de outro jogador, o que faz com que ele perca 
a consciência por pouco tempo. Assim, após recobrar 
a consciência, o paciente se levantará como se nada 
tivesse acontecido ou então ficará apenas com uma 
cefaleia residual 
• Lesão Hipóxico-Isquêmica: 
▪ O que é → são as lesões decorrentes da falta de 
oxigenação cerebral 
▪ Exemplo → em decorrência de uma parada 
cardiorrespiratória 
✓ Assim, esse tipo de lesão não é decorrente apenas 
de um trauma, pois todo quadro que leve a falta de 
oxigenação cerebral pode causar esse tipo de 
lesão 
▪ Atenção → quando o paciente apresenta um TCE e 
sofre uma parada cardiorrespiratória, pode haver 
piora dessa lesão inicial, pois essa parada pode causar 
a lesão hipóxico-isquêmica 
▪ Importante → o tecido cerebral não tolera hipoxemia. 
Assim, deve-se resolver esse quadro o mais rápido 
possível, pois, quanto mais rápido o tempo de reversão 
da isquemia, menores as chances de lesão secundária 
• Lesão Axonal Difusa (LAD): 
▪ Imagem típica → pontilhados na substância branca do 
cérebro 
▪ É uma lesão de péssimo prognóstico → existem 
pacientes que passam muito tempo em estado 
vegetativos, mas alguns conseguem recobrar a 
consciência 
FRATURA DE BASE DE CRÂNIO 
O paciente pode apresentar os seguintes sinais e sintomas: 
❖ Equimose Periorbitária (Sinal do Guaxinim) → se for bilateral 
▪ Se for uma equimose periorbitária unilateral, principalmente se ela 
se estender para a região frontal e maxilar, por exemplo, 
geralmente se trata de um trauma de face, pois traumas de face 
levam à equimose unilateral 
▪ Na equimose bilateral, principalmente quando não se vê trauma 
aparente na região frontal, ela se deve a uma lesão por cisalhamento 
da base do crânio, na qual há ruptura de vasos e o sangue segue 
pelo esfenóide para se depositar na parte infraorbitária, que é a 
parte mais frouxa da face 
❖ Equimose Retroauricular (Sinal de Battle) → pode ser uni ou bilateral 
❖ Fistula Liquórica → pelo nariz (Rinoliquorréia) e/ou pelo ouvido 
(Otoliquorréia) 
❖ Paralisia Facial → geralmente é unilateral 
❖ Surdez → do mesmo lado que o da paralisia facial 
Quando se está diante desses sinais e suspeita-se de fratura de base de crânio, 
deve-se solicitar uma Tomografia Computadorizada (TC) do Crânio desse 
paciente, mesmo que ele apresenta uma Glasgow de 15 
 
Sinal do Guaxinim 
Sinal de Battle 
 
Sinal do Guaxinim + 
Sinal de Battle 
 
4 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 
Gizelle Felinto 
▪ Muitas vezes, o diagnóstico de LAD é um diagnóstico de 
exclusão, pois, em grande parte dos casos, a 
Tomografia é aparentemente normal, não sendo 
possível o diagnóstico pela tomografia. Assim, deve-se 
solicitar uma Ressonância. Dessa forma, como a 
ressonância é um exame mais caro e nem todos os 
centros hospitalares têm esse aparelho, muitas vezes 
o diagnóstico de LAD é de exclusão 
▪ Diante disso tudo, às vezes, a LAD é uma lesão que não 
apresenta a alteração radiológica, e o seu diagnóstico 
é pela suspeita clínica e pela exclusão de outras 
possíveis causas 
➢ LESÕES FOCAIS: 
• Hematoma Extradural/Epidural → externamente à dura-
máter 
• Hematoma Subdural → entre a dura-máter e a aracnóide 
• Contusão e Hematoma Intracerebrais → dentre eles 
também se encontra a Hemorragia Subaracnóidea 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRATAMENTO 
➢ TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) LEVE (Glasgow 13 a 15): 
• Não necessita de avaliação do neurocirurgião 
• Quando pedir uma Tomografia Computadorizada (TC): 
▪ Basicamente, deve-se solicitar a Tomografia naqueles 
pacientes com TCE leve que apresentem/sofreram: 
✓ Sintomas neurológicos persistentes (Ex: cefaleia 
persistente) 
✓ Trauma de alta energia → Ex: nos acidentes em 
que houveram vítimas fatais é perceptível que o 
trauma foi de alta energia 
✓ > 2 episódios de vômitos → o vômito do TCE é um 
vômito em jato, não precedido de náusea, pois é 
decorrente da hipertensão intracraniana 
o Atenção → não se deve valorizar a náusea 
no TCE 
o Assim, deve-se sempre perguntar aos 
socorristas se havia vômito no local, por 
exemplo, e não se o paciente está 
enjoado/nauseado 
✓ Amnésia retrograda por mais de 30min 
✓ Convulsões que duram mais de 5min... 
➢ TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) MODERADO (Glasgow 9 a 12): 
• Todos os pacientes classificados com TCE moderado devem 
ser avaliados pelo neurocirurgião 
• Conduta → Internação + Encaminhamento para 
Neurocirurgia 
➢ TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) GRAVE (Glasgow 3 a 8): 
• Conduta → Via aérea definitiva (mesmo que esteja 
respirando bem) + Internação + Abordagem Neurocirúrgica 
▪ A via aérea definitiva se deve ao fato de que pacientes 
com TCE grave acabam perdendo os reflexos 
protetores da via aérea,aumentando-se o risco de 
broncoaspiração → assim, intuba-se, por exemplo, 
pelo risco de broncoaspiração 
TRATAMENTO INICIAL – PRÉ-HOSPITALAR 
➢ O atendimento inicial do TCE obedece ao protocolo do ATLS 
(XABCDE). Não se deve pular nenhuma etapa desse protocolo, 
mesmo que o paciente tenha exposição de massa encefálica 
➢ Deve-se valorizar bastante a proteção da cervical, via aérea e a 
circulação do paciente (ABC), para que ele não sofra nenhuma 
lesão cerebral secundária, com ao lesão hipóxico-isquêmica 
TRATAMENTO CLÍNICO – HOSPITALAR 
➢ No TCE, sempre se observa o paciente por, no mínimo, 6 a 12h 
➢ Fluidos → para manter a normovolemia e a normotensão 
• Deve-se combater/evitar a hipovolemia! 
• Atenção → a hipervolemia até que pode ser aceita, mas a 
maioria dos pacientes com TCE são politraumatizados. 
Assim, se for induzida uma hipervolemia nesses pacientes, 
pode-se acabar predispondo a sangramentos de vísceras 
maciças 
 
 
 
Tomografia – Hematoma 
Extradural/Epidural à Esquerda 
- Adquire um formato biconvexo, devido às 
aderências da dura-máter à tábua interna do 
crânio, sendo responsáveis por “represar” 
esse sangue 
 
Tomografias – Hematomas Intraparenquimatosos 
 
 
 
Tomografia – Hematoma Subdural à 
Esquerda 
- O sangramento é abaixo da dura-
máter, não havendo essa aderência da 
meninge ao crânio. Dessa forma, o 
sangue se espalha, acompanhando a 
curvatura do cérebro 
IMPORTANTE 
No traumatismo de crânio ninguém morre de morte súbita, pois no TCE vê-se a 
evolução gradativa do quadro do paciente para o rebaixamento do nível de 
consciência até que ocorra algo mais grave como o óbito do paciente 
- Assim, pacientes que chegam na emergência com uma lesão na cabeça, desde 
uma lesão corto-contusa do couro cabeludo até realmente um TCE, quando não 
se tem segurança quanto a liberar o paciente ou encaminhar para o serviço 
especializado por não saber como conduzir, pode-se internar esse paciente e 
deixa-lo em observação para que o seu quadro seja avaliado com mais cuidado e 
não se encaminhe logo de cara algo que pode ser simplesmente uma lesão corto-
contusa ou um TCE leve 
 
 
5 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) 
Gizelle Felinto 
➢ Manter a Normocapnia, mas em seu limite inferior da normalidade 
(PaCO2 = 35mmHg): 
• Colhe-se a Gasometria do paciente 
• Há pouco tempo, acreditava-se que era necessário 
hiperventilar os pacientes vítimas de TCE, com o objetivo de 
eliminar o excesso de CO2. Na regulação cerebral, o gás 
carbônico tem efeito vasodilatador, porém, segundo a 
doutrina de Monro-Kellie, deseja-se que se tenha uma 
vasoconstrição, para que haja espaço para o cérebro 
crescer sem que haja aumento da pressão intracraniana. 
Assim, hiperventilava-se o paciente até que ele 
apresentasse hipocapnia, para que houvesse essa 
vasoconstrição cerebral. Porém, hoje em dia, observou-se 
que a hiperventilação em excesso leva a uma vasoconstrição 
tão severa que ela pode acabar causando áreas de isquemia 
cerebral devido à hipocapnia. É por isso que atualmente 
preconiza-se a normocapnia, mas em seu limite inferior da 
normalidade, que é em torno de 35mmHg 
• Limita-se a hiperventilação → hiperventila-se o paciente 
até o ponto em que se consiga manter essa PaCO2 no seu 
limite inferior da normalidade 
➢ Manitol (1g por Kg): 
• O que é → é um açúcar-álcool que tem o efeito de um 
diurético osmótico 
• Se o paciente tem apenas o TCE, pode-se fazer uso do Manitol 
sem se preocupar muito 
• Desvantagem → pode levar à Hipotensão 
▪ Assim, deve-se ter cuidado, pois, na maioria das vezes, 
o paciente com TCE é politraumatizado. Assim, se o 
paciente apresenta um choque hipovolêmico, por 
exemplo, isso pode piorar o choque desse indivíduo 
• Contraindicação → não se deve usar em pacientes 
hipotensos 
➢ Solução Salina Hipertônica: 
• Pode-se utilizar em pacientes hipotensos → assim, a 
solução salina hipertônica é uma alternativa ao Manitol 
naqueles pacientes hipotensos 
• Tem efeito osmótico, “puxando” a água do interstício 
cerebral para o meio intravascular em pacientes com edema 
cerebral 
• Não causa hipotensão, e é por isso que é o preferível nos 
pacientes hipotensos (Ex: paciente com TCE que se encontra 
em choque hipovolêmico) 
➢ Barbitúricos: 
• Ação → diminuem a atividade cerebral, deixando o cérebro 
em “repouso” para que se recupere 
• Geralmente, são usados em pacientes que já estão 
estabilizados e na sala de UTI 
• Na maioria dos casos, não se utiliza na sala vermelha, a 
menos que se deseje inibir uma convulsão que não está 
respondendo ao uso de benzodiazepínicos, por exemplo 
• Risco → podem induzir a hipotensão 
➢ Anticonvulsivantes: 
• Podem ser usados quando o paciente está convulsionando 
• Risco → podem induzir a hipotensão 
TRATAMENTO CIRÚRGICO 
➢ EXEMPLOS DE INDICAÇÕES: 
• Escalpelamento: 
▪ Em alguns casos há a 
necessidade de reimplante 
de couro cabeludo 
• Afundamento de Crânio 
• Lesões com Efeito de Massa: 
▪ Desvio da linha média → geralmente, um desvio de 
mais de 0,5cm tende a ter tratamento cirúrgico, para 
que seja feita a evacuação do hematoma e, 
consequentemente, haja o retorno das estruturas 
cerebrais para os seus devidos lugares e a diminuição 
da pressão intracraniana 
• Traumatismo Cranioencefálico (TCE) Penetrante: 
▪ Atenção → não se deve 
remover nenhum objeto cravado 
no corpo em topografia de 
estruturas nobres (Ex: cabeça, 
pescoço, tórax, abdômen...) na 
sala vermelha 
▪ O que se pode fazer na sala vermelha → protocolo do 
ATLS, sedação (pois o paciente sente muita dor), 
exames de imagem (Ex: Tomografia, Arteriografia)... 
▪ Importante → deve-se fazer a Antibioticoprofilaxia, 
mesmo que ainda não haja foco infeccioso, pois essas 
estruturas são estruturas que, se infeccionarem, 
podem levar a grandes complicações 
PROTOCOLO DE MORTE CEREBRAL 
➢ Deve-se chamar a equipe de Protocolo de ME (= Morte Encefálica) 
➢ CRITÉRIOS DE MORTE CEREBRAL: 
• Escala de Coma de Glasgow = 3 
• Reflexos Tronculares Ausentes 
• Ausência de Gasping 
• Confirmação por meio de pelo menos 1 exame complementar, 
podendo ser um dos seguintes: 
▪ Eletroencefalograma (EEG) → apresenta-se sem 
atividade 
▪ Doppler das Artérias Cerebrais (Doppler 
Transcraniano) → há ausência de Fluxo Sanguíneo 
Cerebral 
▪ Angiografia Cerebral 
➢ Atenção → cuidado com Hipotermia e, principalmente, com Coma 
Barbitúrico, que pode simular uma morte cerebral 
• Pacientes podem metabolizar os Barbitúricos de forma mais 
lenta 
 
 
 
Tomografia – Hematoma Extradural 
- Há acentuado desvio da linha média

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