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1 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Atenção → para que se diga que o paciente tem um TCE, ele deve apresentar um trauma no segmento cranioencefálico e deve ter acometimento neurológico (Ex: convulsão, síncope...) • A perda de consciência momentânea, mesmo que o paciente chegue ao hospital totalmente assintomático deve levantar suspeita quanto à lesão neurológica • Cuidado ao classificar o paciente com TCE → Ex: Paciente com ferimento corto-contuso no couro cabeludo e sem nenhuma repercussão neurológica (Ex: sem história de síncope, tontura, convulsão, alteração de marcha e sem qualquer alteração ao exame físico) ▪ Assim, esse exemplo não se classifica como um TCE, mas sim como um ferimento corto-contuso do couro cabeludo ▪ Nesse caso, não há necessidade de deixar o paciente em observação hospitalar por muito longa e o tratamento é mais simples, constituindo uma conduta diferente da conduta tomada quando se está diante de um TCE ➢ Objetivo do Tratamento do TCE → PREVENIR A LESÃO CEREBRAL SECUNDÁRIA • Pois a lesão primária no TCE já ocorreu no momento do trauma. Assim, deve-se correr contra o tempo para se evitar a lesão secundária, mantendo-se, por exemplo, a oxigenação do paciente e a pressão arterial média elevada, para que se tenha uma boa perfusão cerebral EPIDEMIOLOGIA ➢ NÚMEROS NO TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE): • O traumatismo craniano corresponde a 90% das mortes pré-hospitalares → assim, a maioria dos indivíduos que perdem a vida no primeiro pico de incidência dos óbitos por trauma apresentam uma lesão neurológica grave, desde um trauma cranioencefálico grave até uma lesão medular alta • De todos os pacientes que sofrem um TCE: ▪ 75% são classificados como TCE leve ▪ 15% apresentam TCE moderado ▪ 10% têm TCE grave → 90% das mortes pré- hospitalares são representadas por esses indivíduos com TCE grave • Quando os pacientes com TCE sobrevivem, cerca de 90.000 indivíduos apresentam invalidez → os TCEs moderados a graves, principalmente, têm uma chance de sequela praticamente irreversível, que pode perdurar durante toda a vida do paciente ▪ Assim, além de ser um trauma que pode colocar a vida do paciente em risco imediato, o TCE, caso o paciente sobreviva, pode fazer com que o indivíduo apresente uma sequela motora ou cognitiva, por exemplo RELEMBRANDO A NEUROANATOMIA ➢ Crânio → delimita o compartimento encefálico, sendo inelástico e não tendo espaço para que as estruturas encefálicas se expandam quando há aumento de volume abrupto • Forame Magno → é praticamente a única abertura que se tem na caixa craniana, que é por onde passa a medula espinhal ➢ Tenda/tentório do cerebelo: • É uma parte da dura-máter que divide o encéfalo em duas regiões: ▪ Supratentorial ▪ Infratentorial • Essa divisão é importante, pois, por exemplo, quando se tem um edema importante das estruturas supratentorais, esse edema tende a empurrar a estruturas infratentoriais, levando ao acometimento/compressão de estruturas que podem causar: ▪ Uma parada cardiorrespiratória → acometimento do bulbo, que é o centro respiratório ▪ Midríase → quando se tem a compressão do nervo oculomotor (III) ➢ CORTE CORONAL: • Tecido celular subcutâneo → apresenta-se um pouco escasso na região da cabeça ▪ Quando se sutura uma lesão corto-contusa no couro cabeludo, devido a essa pouca quantidade de tecido celular subcutâneo, é difícil de se injetar anestésico para a realização da sutura → assim, para a aplicação do anestésico, deve-se introduzir a agulha até ultrapassar a pele, o tecido celular subcutâneo e a gálea aponeurótica, indo até a região do periósteo do crânio, ou seja, até que seja sentida a resistência do osso. Assim, deve-se aspirar um pouco a seringa para saber se há algum vaso no local, e depois injeta-se o anestésico 2 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Gizelle Felinto • Ossos do crânio → apresentam três partes, de fora para dentro: ▪ Tábua externa ▪ Parte esponjosa ▪ Tábua interna • Granulações aracnóideas → causam algumas “deformidades” no crânio, chamadas de fovéolas • Meninges: ▪ Dura-máter: ✓ É a meninge mais espessa e é bastante fibrosa, com pouca elasticidade. Assim, caso haja aumento das estruturas encefálicas, essa meninge praticamente impede a expansão do tecido, contribuindo para a compressão das estruturas ✓ Tem o folheto mais externo, estando colada na tábua interna, e outro mais interno. Esses folhetos, em algumas regiões, se dividem e formam os seios venosos do crânio ✓ Além disso, o folheto mais interno de um lado se une com o do hemisfério contralateral, formando a foice do cérebro ✓ A tenda do cerebelo também é formada pela dura- máter ▪ Aracnoide ▪ Pia-máter → está colada ao encéfalo ▪ É importante saber sobre essas meninges, pois existem os hematomas que são classificados de acordo com a sua localização em relação à essas meninges: ✓ Hematoma Extradural/Epidural → fica externamente à dura-máter o Como existem alguns locais em que a dura- máter é aderida à tábula interna do crânio, o hematoma adquire um formato biconvexo, pois descola apenas a parte que não é aderida, ficando “represado” pelas regiões que se encontram aderidas ✓ Hematoma Subdural → entre a aracnoide e a dura-máter ✓ Hemorragia Subaracnóidea RELEMBRANDO A FISIOLOGIA ➢ DOUTRINA DE MONRO-KELLIE: • Observou-se que a Pressão Intracraniana (PIC) sem mantém estável (10 a 12mmHg) até certo tempo, mesmo com o paciente sofrendo edema cerebral. Porém, quando essa pressão começava a aumentar, ela subia em nível praticamente exponencial, muito rapidamente → isso é explicado pelo fato de que quando se tem um edema cerebral: ▪ Inicialmente ocorre a compressão dos espaços que ainda se tem disponíveis no crânio para que haja essa expansão, como os ventrículos cerebrais e os seios venosos. Assim, quando o cérebro começa a “inchar” ele vai expulsando o líquor de dentro da caixa craniana e vai fechando os seios venosos, sendo por isso que, em algumas tomografias de TCE mais grave, em que se tem edema cerebral importante, tem-se o apagamento dos ventrículos → dessa forma, o líquor desce quase que completamente para a medula, e é por isso que, se for feita uma punção em um paciente com hipertensão intracraniana pode-se ter uma herniação de uncus, pois a descompressão brusca causa a herniação de estruturas à nível da tenda cerebelar, podendo-se ter a compressão do centro respiratório, causando uma parada respiratória, por exemplo ▪ Com o aumento do edema, chega-se em um ponto em que não há mais nenhum local para que haja a sua expansão sem causar maiores danos. Dessa forma, ocorre o aumento da pressão intracraniana e, consequentemente, diminui-se o fluxo sanguíneo cerebral, pois para que uma artéria perfundir um tecido é necessário que a pressão do tecido seja menor que a pressão arterial do paciente. Assim, caso o paciente não seja tratado de forma adequada, acaba- se impedindo o fluxo sanguíneo cerebral → para que se mantenha o esse fluxo sanguíneo cerebral nos pacientes com hipertensão intracraniana é necessário que se eleve a pressão arterial do paciente, ou pelo menos deve-se manter o paciente normotenso, pois se o paciente ficar hipotenso e tiver um aumento da PIC há uma piora ainda maior do quadro • Detalhando essa doutrina, segundo a neurologia: ▪ Segundo essa doutrina, tem-se 3 volumes cerebrais que convivem em equilíbrio. Assim, quando existe o aumento de algum desses volumes, necessariamente, tem-se a diminuição de outro volume para compensar e, de modo geral, manter o equilíbrio ✓ Volumes cerebrais: o Parênquima (tecido cerebral) → corresponde a 83% do volume o Líquor → 11% o Sangue → 6% ▪ Como o cérebro tenta compensar o aumento do volume intracraniano→ com o aumento do volume intracraniano, ocorre o primeiro mecanismo de equilíbrio, que é o aumento do fluxo de líquor para o compartimento espinhal, no intuito de manter o equilíbrio do volume. Caso esse mecanismo não seja o suficiente e o volume intracraniano continue aumentando, o próximo mecanismo de controle é o aumento do retorno venoso, através das veias jugulares internas. Se mesmo assim isso não for o suficiente para gerar um equilíbrio, ocorre a compressão do tecido cerebral por hérnias, pois, como não existe mais nenhum mecanismo de controle, o parênquima cerebral vai se deslocar de um lado para outro por meio de hérnias intracranianas, que, por si só, representam uma emergência neurológica cirúrgica e, caso não sejam tratadas rapidamente, podem levar ao óbito 3 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Gizelle Felinto CLASSIFICAÇÃO DO TCE ➢ CLASSIFICAÇÃO QUANTO À GRAVIDADE DO TCE → é a classificação mais utilizada pela triagem na porta de entrada do serviço e leva em consideração a Escala de Coma de Glasgow (ECG) • TCE leve → ECG = 13 – 15 • TCE moderado → ECG = 9 – 12 • TCE grave → ECG = 3 – 8 • Atenção → não há necessidade de se utilizar a nova escala, que leva em consideração a avaliação pupilar ▪ Escala de coma de Glasgow antiga → varia de 3 a 15 ▪ Escala de coma de Glasgow nova → varia de 1 a 15, pois, caso o paciente tenha alteração pupilar, ele pode perder 1 a 2 pontos ESCALA DE COMA DE GLASGOW Variável Escore Resposta Ocular Espontânea À voz À dor Nenhuma 4 3 2 1 Resposta Verbal Orientada Confusa Palavras inapropriadas Palavras incompreensíveis Nenhuma 5 4 3 2 1 Resposta Motora (deve-se considerar a melhor resposta motora do paciente) Obedece a comandos Localiza dor Movimento de retirada Flexão anormal Extensão anormal Nenhuma 6 5 4 3 2 1 Total Máximo: 15 Total Mínimo: 3 ➢ CLASSIFICAÇÃO QUANTO ÀS FRATURAS: • Ex: pode-se ter fraturas fechadas, expostas, afundamento de crânio... • Essa classificação é mais específica para o neurologista do que para o clínico generalista. É por isso que, na porta de entrada do serviço, faz-se uso da classificação quanto à gravidade do TCE • Porém, é importante que se saiba os sinais e sintomas de fratura de base de crânio LESÕES INTRACRANIANAS ➢ As lesões intracranianas podem ser classificadas como lesões difusas ou focais ➢ LESÕES DIFUSAS: • Concussão: ▪ É uma das lesões mais comuns de ocorrer ▪ O que é → trata-se da perda momentânea de consciência durante após um trauma na cabeça ▪ Fisiopatologia → no momento em que se tem um trauma na cabeça, tem-se uma despolarização difusa dos neurônios que comandam a comunicação entre o córtex e o sistema ativador reticular ascendente, fazendo com que o indivíduo tenha uma flacidez/hipotonia momentânea, perdendo-se a comunicação do córtex com o restante do corpo. Dessa forma, o paciente perde a consciência e o tônus muscular de forma momentânea ▪ Exemplo → jogador de futebol que choca a cabeça com o corpo de outro jogador, o que faz com que ele perca a consciência por pouco tempo. Assim, após recobrar a consciência, o paciente se levantará como se nada tivesse acontecido ou então ficará apenas com uma cefaleia residual • Lesão Hipóxico-Isquêmica: ▪ O que é → são as lesões decorrentes da falta de oxigenação cerebral ▪ Exemplo → em decorrência de uma parada cardiorrespiratória ✓ Assim, esse tipo de lesão não é decorrente apenas de um trauma, pois todo quadro que leve a falta de oxigenação cerebral pode causar esse tipo de lesão ▪ Atenção → quando o paciente apresenta um TCE e sofre uma parada cardiorrespiratória, pode haver piora dessa lesão inicial, pois essa parada pode causar a lesão hipóxico-isquêmica ▪ Importante → o tecido cerebral não tolera hipoxemia. Assim, deve-se resolver esse quadro o mais rápido possível, pois, quanto mais rápido o tempo de reversão da isquemia, menores as chances de lesão secundária • Lesão Axonal Difusa (LAD): ▪ Imagem típica → pontilhados na substância branca do cérebro ▪ É uma lesão de péssimo prognóstico → existem pacientes que passam muito tempo em estado vegetativos, mas alguns conseguem recobrar a consciência FRATURA DE BASE DE CRÂNIO O paciente pode apresentar os seguintes sinais e sintomas: ❖ Equimose Periorbitária (Sinal do Guaxinim) → se for bilateral ▪ Se for uma equimose periorbitária unilateral, principalmente se ela se estender para a região frontal e maxilar, por exemplo, geralmente se trata de um trauma de face, pois traumas de face levam à equimose unilateral ▪ Na equimose bilateral, principalmente quando não se vê trauma aparente na região frontal, ela se deve a uma lesão por cisalhamento da base do crânio, na qual há ruptura de vasos e o sangue segue pelo esfenóide para se depositar na parte infraorbitária, que é a parte mais frouxa da face ❖ Equimose Retroauricular (Sinal de Battle) → pode ser uni ou bilateral ❖ Fistula Liquórica → pelo nariz (Rinoliquorréia) e/ou pelo ouvido (Otoliquorréia) ❖ Paralisia Facial → geralmente é unilateral ❖ Surdez → do mesmo lado que o da paralisia facial Quando se está diante desses sinais e suspeita-se de fratura de base de crânio, deve-se solicitar uma Tomografia Computadorizada (TC) do Crânio desse paciente, mesmo que ele apresenta uma Glasgow de 15 Sinal do Guaxinim Sinal de Battle Sinal do Guaxinim + Sinal de Battle 4 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Gizelle Felinto ▪ Muitas vezes, o diagnóstico de LAD é um diagnóstico de exclusão, pois, em grande parte dos casos, a Tomografia é aparentemente normal, não sendo possível o diagnóstico pela tomografia. Assim, deve-se solicitar uma Ressonância. Dessa forma, como a ressonância é um exame mais caro e nem todos os centros hospitalares têm esse aparelho, muitas vezes o diagnóstico de LAD é de exclusão ▪ Diante disso tudo, às vezes, a LAD é uma lesão que não apresenta a alteração radiológica, e o seu diagnóstico é pela suspeita clínica e pela exclusão de outras possíveis causas ➢ LESÕES FOCAIS: • Hematoma Extradural/Epidural → externamente à dura- máter • Hematoma Subdural → entre a dura-máter e a aracnóide • Contusão e Hematoma Intracerebrais → dentre eles também se encontra a Hemorragia Subaracnóidea CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRATAMENTO ➢ TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) LEVE (Glasgow 13 a 15): • Não necessita de avaliação do neurocirurgião • Quando pedir uma Tomografia Computadorizada (TC): ▪ Basicamente, deve-se solicitar a Tomografia naqueles pacientes com TCE leve que apresentem/sofreram: ✓ Sintomas neurológicos persistentes (Ex: cefaleia persistente) ✓ Trauma de alta energia → Ex: nos acidentes em que houveram vítimas fatais é perceptível que o trauma foi de alta energia ✓ > 2 episódios de vômitos → o vômito do TCE é um vômito em jato, não precedido de náusea, pois é decorrente da hipertensão intracraniana o Atenção → não se deve valorizar a náusea no TCE o Assim, deve-se sempre perguntar aos socorristas se havia vômito no local, por exemplo, e não se o paciente está enjoado/nauseado ✓ Amnésia retrograda por mais de 30min ✓ Convulsões que duram mais de 5min... ➢ TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) MODERADO (Glasgow 9 a 12): • Todos os pacientes classificados com TCE moderado devem ser avaliados pelo neurocirurgião • Conduta → Internação + Encaminhamento para Neurocirurgia ➢ TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) GRAVE (Glasgow 3 a 8): • Conduta → Via aérea definitiva (mesmo que esteja respirando bem) + Internação + Abordagem Neurocirúrgica ▪ A via aérea definitiva se deve ao fato de que pacientes com TCE grave acabam perdendo os reflexos protetores da via aérea,aumentando-se o risco de broncoaspiração → assim, intuba-se, por exemplo, pelo risco de broncoaspiração TRATAMENTO INICIAL – PRÉ-HOSPITALAR ➢ O atendimento inicial do TCE obedece ao protocolo do ATLS (XABCDE). Não se deve pular nenhuma etapa desse protocolo, mesmo que o paciente tenha exposição de massa encefálica ➢ Deve-se valorizar bastante a proteção da cervical, via aérea e a circulação do paciente (ABC), para que ele não sofra nenhuma lesão cerebral secundária, com ao lesão hipóxico-isquêmica TRATAMENTO CLÍNICO – HOSPITALAR ➢ No TCE, sempre se observa o paciente por, no mínimo, 6 a 12h ➢ Fluidos → para manter a normovolemia e a normotensão • Deve-se combater/evitar a hipovolemia! • Atenção → a hipervolemia até que pode ser aceita, mas a maioria dos pacientes com TCE são politraumatizados. Assim, se for induzida uma hipervolemia nesses pacientes, pode-se acabar predispondo a sangramentos de vísceras maciças Tomografia – Hematoma Extradural/Epidural à Esquerda - Adquire um formato biconvexo, devido às aderências da dura-máter à tábua interna do crânio, sendo responsáveis por “represar” esse sangue Tomografias – Hematomas Intraparenquimatosos Tomografia – Hematoma Subdural à Esquerda - O sangramento é abaixo da dura- máter, não havendo essa aderência da meninge ao crânio. Dessa forma, o sangue se espalha, acompanhando a curvatura do cérebro IMPORTANTE No traumatismo de crânio ninguém morre de morte súbita, pois no TCE vê-se a evolução gradativa do quadro do paciente para o rebaixamento do nível de consciência até que ocorra algo mais grave como o óbito do paciente - Assim, pacientes que chegam na emergência com uma lesão na cabeça, desde uma lesão corto-contusa do couro cabeludo até realmente um TCE, quando não se tem segurança quanto a liberar o paciente ou encaminhar para o serviço especializado por não saber como conduzir, pode-se internar esse paciente e deixa-lo em observação para que o seu quadro seja avaliado com mais cuidado e não se encaminhe logo de cara algo que pode ser simplesmente uma lesão corto- contusa ou um TCE leve 5 TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Gizelle Felinto ➢ Manter a Normocapnia, mas em seu limite inferior da normalidade (PaCO2 = 35mmHg): • Colhe-se a Gasometria do paciente • Há pouco tempo, acreditava-se que era necessário hiperventilar os pacientes vítimas de TCE, com o objetivo de eliminar o excesso de CO2. Na regulação cerebral, o gás carbônico tem efeito vasodilatador, porém, segundo a doutrina de Monro-Kellie, deseja-se que se tenha uma vasoconstrição, para que haja espaço para o cérebro crescer sem que haja aumento da pressão intracraniana. Assim, hiperventilava-se o paciente até que ele apresentasse hipocapnia, para que houvesse essa vasoconstrição cerebral. Porém, hoje em dia, observou-se que a hiperventilação em excesso leva a uma vasoconstrição tão severa que ela pode acabar causando áreas de isquemia cerebral devido à hipocapnia. É por isso que atualmente preconiza-se a normocapnia, mas em seu limite inferior da normalidade, que é em torno de 35mmHg • Limita-se a hiperventilação → hiperventila-se o paciente até o ponto em que se consiga manter essa PaCO2 no seu limite inferior da normalidade ➢ Manitol (1g por Kg): • O que é → é um açúcar-álcool que tem o efeito de um diurético osmótico • Se o paciente tem apenas o TCE, pode-se fazer uso do Manitol sem se preocupar muito • Desvantagem → pode levar à Hipotensão ▪ Assim, deve-se ter cuidado, pois, na maioria das vezes, o paciente com TCE é politraumatizado. Assim, se o paciente apresenta um choque hipovolêmico, por exemplo, isso pode piorar o choque desse indivíduo • Contraindicação → não se deve usar em pacientes hipotensos ➢ Solução Salina Hipertônica: • Pode-se utilizar em pacientes hipotensos → assim, a solução salina hipertônica é uma alternativa ao Manitol naqueles pacientes hipotensos • Tem efeito osmótico, “puxando” a água do interstício cerebral para o meio intravascular em pacientes com edema cerebral • Não causa hipotensão, e é por isso que é o preferível nos pacientes hipotensos (Ex: paciente com TCE que se encontra em choque hipovolêmico) ➢ Barbitúricos: • Ação → diminuem a atividade cerebral, deixando o cérebro em “repouso” para que se recupere • Geralmente, são usados em pacientes que já estão estabilizados e na sala de UTI • Na maioria dos casos, não se utiliza na sala vermelha, a menos que se deseje inibir uma convulsão que não está respondendo ao uso de benzodiazepínicos, por exemplo • Risco → podem induzir a hipotensão ➢ Anticonvulsivantes: • Podem ser usados quando o paciente está convulsionando • Risco → podem induzir a hipotensão TRATAMENTO CIRÚRGICO ➢ EXEMPLOS DE INDICAÇÕES: • Escalpelamento: ▪ Em alguns casos há a necessidade de reimplante de couro cabeludo • Afundamento de Crânio • Lesões com Efeito de Massa: ▪ Desvio da linha média → geralmente, um desvio de mais de 0,5cm tende a ter tratamento cirúrgico, para que seja feita a evacuação do hematoma e, consequentemente, haja o retorno das estruturas cerebrais para os seus devidos lugares e a diminuição da pressão intracraniana • Traumatismo Cranioencefálico (TCE) Penetrante: ▪ Atenção → não se deve remover nenhum objeto cravado no corpo em topografia de estruturas nobres (Ex: cabeça, pescoço, tórax, abdômen...) na sala vermelha ▪ O que se pode fazer na sala vermelha → protocolo do ATLS, sedação (pois o paciente sente muita dor), exames de imagem (Ex: Tomografia, Arteriografia)... ▪ Importante → deve-se fazer a Antibioticoprofilaxia, mesmo que ainda não haja foco infeccioso, pois essas estruturas são estruturas que, se infeccionarem, podem levar a grandes complicações PROTOCOLO DE MORTE CEREBRAL ➢ Deve-se chamar a equipe de Protocolo de ME (= Morte Encefálica) ➢ CRITÉRIOS DE MORTE CEREBRAL: • Escala de Coma de Glasgow = 3 • Reflexos Tronculares Ausentes • Ausência de Gasping • Confirmação por meio de pelo menos 1 exame complementar, podendo ser um dos seguintes: ▪ Eletroencefalograma (EEG) → apresenta-se sem atividade ▪ Doppler das Artérias Cerebrais (Doppler Transcraniano) → há ausência de Fluxo Sanguíneo Cerebral ▪ Angiografia Cerebral ➢ Atenção → cuidado com Hipotermia e, principalmente, com Coma Barbitúrico, que pode simular uma morte cerebral • Pacientes podem metabolizar os Barbitúricos de forma mais lenta Tomografia – Hematoma Extradural - Há acentuado desvio da linha média
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