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Trauma – TCE TRAUMA DE CRÂNIO Para entender o conceito de trauma cranioencefálico, primeiro, é preciso compreender a questão da distribuição do sistema nervoso central; anatomia e fisiologia; e a relação da manutenção adequada da pressão intracraniana para que se consiga ter uma pressão de perfusão cerebral. Nesse sentido, o cérebro deve conseguir receber o sangue adequadamente e, dessa forma, receber, também, a oxigenação e a glicose satisfatórias para manter o seu metabolismo funcional. Além disso, é preciso pensar que, em relação ao TCE, isso pode ocasionar lesões primárias e secundárias ao próprio trauma, como afundamentos e lacerações do tecido cerebral. Após o trauma primário, é possível que, se forme um edema devido ao cérebro estar edemaciado, o que gera lesões secundárias. Dessa forma, quando se fala em TCE, é muito importante fazer uma avaliação continuada, pois não se trata apenas do momento após o acidente, mas também do monitoramento do trauma. Isso porque o trauma primário não é o único fator responsável pelo problema do TCE, pois há a questão do aspecto secundário, o qual será proveniente da diminuição do fluxo sanguíneo, de um edema, de um sangramento ou do aumento de um hematoma cerebral, que podem gerar lesão expansiva e, inclusive, gerar herniações cerebrais. A depender dessas ações, o TCE pode levar a óbito de forma mais rápida. Couro cabeludo; Ossos do crânio; e Meninges. Anatomia cerebral O tecido cerebral precisa ser protegido, sendo que a proteção é feita por meio do couro cabeludo, dos ossos do crânio e das meninges que revestem esses ossos, protegendo internamente o tecido prioritário. No contexto cerebral do sistema nervoso central, há uma proteção craniana e, no contexto do sistema nervoso central no sentido da medula, há uma proteção relacionada às vértebras. SNC Cérebro: proteção do crânio. Medula: proteção das vértebras. Dura-máter: mais externa (formada de tecido mais rígido); Aracnoide: intermediária; e Pia-máter: reveste externamente o cérebro dando forma. Dentro do crânio há 3 meninges: Com relação às meninges, elas terão o papel de proteção onde há a dura-máter – meninge rígida que reveste por dentro o osso do crânio, além da questão das entradas da dura-máter, formando a foice do cérebro, onde as tendas vão separar o cerebelo do cérebro. As meninges serão as responsáveis por dividir as regiões infratentorial e supratentorial, enquanto a foice divide o lado esquerdo do direito. Estruturas externas ao cérebro com a finalidade de proteção cerebral. Segundo o PHTLS, dentro do crânio possuímos o cérebro dividido em telencéfalo, cerebelo e tronco cerebral; – Telencéfalo: dividido em vários lobos que são responsáveis por funções motoras, sensitivas e intelectuais, como a inteligência e a memória; – Cerebelo: coordena o nosso movimento com equilíbrio; – Tronco cerebral: controla as funções vitais, como a respiração e a frequência cardíaca. O Telencéfalo será dividido em vários lobos: frontal e parietal e, cada lobo formará as área de Brodmann, que serão responsáveis por uma função no corpo. Por outro lado, o cérebro irá se comunicar com a medula por meio do tronco cerebral. É importante destacar que o coração tem o poder de autenticidade, ou seja, ele mesmo se estimula. Porém, tal estimúlo se dará de forma coordenada ao batimento do coração, que pode ser mais rápido ou mais lento, de acordo com a frequência cardíaca que é controlada pelo tronco. Obs.: O coração é o único órgão do corpo humano que não depende de estímulo cerebral para funcionar. Couro cabeludo → Crânio → Meninges → Líquor Além das meninges, do tecido craniano ósseo e do couro cabeludo, há também o tecido líquorico, onde o líquor será produzido no primeiro, segundo e terceiro ventrículos e circulará por todo o sistema nervoso central, lubrificando-o e ajudando na manutenção da pressão intracraniana adequada. Quando há uma lesão craniana, essa quantidade de líquido vai diminuir dentro da caixa torácica como mecanismo de compensação para conseguir reduzir a pressão intracraniana. Primeiro, se reduz a quantidade de líquido que será eliminada ou enviada para o tecido medular. Se a pressão intracariana continuar aumentando, deve-se tirar o máximo possível de sangue do sistema venoso para diminuir o volume, pois a caixa craniana rígida limita a expansão cerebral, logo, o edema cerebral fica limitado, gerando um problema. Retirado o sangue venoso e o líquor, mas mesmo assim não conseguir segurar a causa da expansão do tecido cerebral, a pressão intracraniana aumentará de forma progressiva e rápida, resultando no que se chama de herniação cerebral e, consequentemente, na morte do paciente. Telencéfalo: Lobos cerebrais e suas funções: Cerebelo: controle da coordenação e do equilíbrio. Tronco cerebral: respiração e controle da frequência cardíaca. Líquor: fluido aquoso e incolor, com função primordial e proteção mecânica do sistema nervoso central. Vale lembrar que a parte do telencéfalo estará se relacionando com os lobos frontais, parentais, occipital e temporal, além das áreas de Brodmann relacionadas às atividades motoras e sensitivas. Por exemplo, na região mais central, há uma área motora do corpo e cada área de Brodmann terá uma funcionalidade em relação a esse controle. Caso aconteça um edema cerebral ou uma isquemia cerebral, será gerado um processo inflamatório, o qual prejudicará aquela função específica. No tronco encefálico, especificamente na parte da ponte e do bulbo, que se comunica com o início da medula, se terá o controle, por exemplo, das frequências cardíaca e respiratória. O mesencéfalo é onde se origina diversos pares dos nervos cranianos, que, por exemplo, vão enervar o sistema facial. Além disso, o nervo vago é o único nervo craniano que sai da caixa craniana para enervar a parte, ajudando no sistema cardíaco. – Frontal: emoções, função motora. – Parietal: função sensorial e orientação espacial. – Temporal: memória, recepção da fala. – Occipital: visão. PRESSÃO INTRACRANIANA (PIC) Sangue + Líquor + Tecido Cerebral = PIC A pressão intracraniana deve ser mantida dentro da normalidade, porque quanto maior for, mais chances de gerar uma hipertensão intracraniana, que pode gerar uma herniação, ou seja, a saída do tecido cerebral para uma parte em que não deveria estar. Por exemplo, pode- se ter uma parte do cérebro do lado direito sendo empurrado para o lado esquerdo comprimindo essa área. Ademais, é possível ter uma parte do tecido cerebral descendo onde há o contato com o tronco para formar medula. Em razão disso, é muito importante que a pressão intracraniana seja controlada, porque, caso aumente, o paciente entrará em coma, podendo levar à morte. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PRESSÃO INTRACRANIANA Crânio-Rígido; Encéfalo; Volume Sanguíneo; e LCR (líquor). Componentes Supratentorial: acima da tenda do cerebelo. Infratentorial: abaixo da tenda do cerebelo. Compartimentos Intracranianos Obs.: Vale lembrar que o cérebro é dependente de O2 e glicose para gerar a energia (ATP) e produzir as suas atividades. Logo, se faltar glicose e oxigênio, pode haver lesão cerebral. Tipos de trauma cranioencefálico TRAUMA DE CRÂNIO Trauma de crânio → Edema cerebral → lesão nos vasos e aumento da PIC → Hipertensão intracraniana → Se não houver atendimento → Coma e morte. TRÍADE DE CUSHING Hipertensão arterial, bradicardia e depressão respiratória. LESÕES CEREBRAIS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS Lesões primárias: hemorragias, contusões; Lesões secundárias: aumento da PIC e edema Intracraniana: são as lesões por herniação (saída do tecido cerebral pelos forames), isquemia por herniação tecidual, edema cerebral, hematomas intracerebrais e a hipertensão intracraniana. Extracraniana, que são as causas de lesões secundárias: hipotensão, hipóxia, anemia, hipoglicemia, hiperglicemia e as convulsões. TCE Causas das lesões cerebrais A diminuição de hemoglobina a níveis que dificultam o encaminhamento do oxigênio para o corpo e para o cérebro também gerarepercussão. Quando há uma fratura na base de crânio, é possível encontrar diversas características, sinais e sintomas que indicam a sua ocorrência, como o "olho de guaxinim" e a saída do líquor pelo nariz ou ouvido. Nesse caso, não se pode fazer intubação pelo nariz, porque pode lesionar o tecido cerebral, nem aspirar o nariz do paciente. A contusão é mais grave do que a concussão. A concussão chacoalha o cérebro causando uma perda rápida de memória, mas logo se recompõe. Enquanto a contusão é mais difusa. Ipsilateral é quando ocorre no mesmo lado. Avaliação primária no TCE X-hemorragia exsanguinante → Via aérea → Respiração → Circulação, hemorragia → Avaliação neurológica → Exposição/ambiente. Em relação ao sangramento cerebral, deve ser feita uma compressão direta. Obs.: Só pode aplicar torniquete em membros superiores e inferiores. No crânio é feita uma compressão direta, de preferência, com material estéril. Na abertura de via aérea, por conta do TCE, será feita apenas a manobra Jaw-Thrust, colocando a mandíbula para frente ou a manobra abaixo do queixo que, de acordo com PTHLS de 2019, não se faz mais a abertura da via aérea empurrando para baixo com o dedo dentro da boca por conta do dedo do socorrista. Deve-se promover a avaliação e a respiração artificial, se necessário, e fazer a avaliação da circulação de maneira mais detalhada. Já sobre a avaliação neurológica, se pensa na escala de Glasgow, que envolve avaliação ocular, verbal, motora e avaliação pupilar. A respiração de Cheyne-Stokes ocorre quando o paciente tem uma respiração que vai aumentando até chegar ao limite máximo. Em seguida, a respiração diminui, sendo superficial, até que o paciente para de respirar. Nesse momento, o ciclo se repete, gerando uma apneia. Existem outros tipos de respiração que podem ser gerados por conta do TCE, como uma respiração de biot – a qual não tem a regularidade como na Cheyne-Stokes – por conta de uma lesão ainda mais grave. Quando se tem correlação com cetoacidose diabética, há também a respiração típica da cetoacidose diabética, que seria a respiração Kussmaul. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA NO TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO de 13 a 15: TCE leve; de 9 a 12: TCE moderado; de 3 a 8: TCE grave. Avaliação Neurológica (Avaliação de Incapacidades) Para realização do nível de consciência, utiliza-se a escala de coma de Glasgow (ECG-P). O PHTLS classifica a gravidade do TCE pelo valor da ECG: Com relação a avaliação neurológica, a avaliação primária vai consistir no XABCDE e, nesse caso específico, está na fase do D. É importante ter em vista as lesões secundárias, como edema, isquemia, inflamação, que vão acontecendo de forma progressiva. Por isso, a avaliação da escala de Glasgow repetidamente pode mostrar uma queda do nível de consciência. SINAIS E SINTOMAS DO TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE) Alteração do estado de consciência; Alterações da simetria e da reatividade à luz das pupilas; Hemiplegia ou hemiparesia; Lesões cranianas evidentes (por exemplo, lacerações, afundamentos, hematomas, fraturas, escalpe); Perda de líquido cefalorraquidiano ou sangue pelos orifícios da cabeça, nomeadamente, nariz e ouvidos; Convulsões; Náuseas e/ou vômitos; Cefaleias, tonturas e perturbações da visão; Ventilação rápida e superficial ou lenta com períodos de apneia quando existe compromisso do Centro Respiratório; Hipertensão Arterial; Hipertermia por desregulação do Centro Termorregulador; Alterações da visão; Ferimento ou hematoma no couro cabeludo; AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA NO TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO O transporte do paciente vítima de TCE deve ser imediato e após a avaliação primária; São palpados o crânio e a face em busca de fraturas, depressões e crepitações; No TCE que demanda drenagem de líquor ou sangue pelo nariz e ouvido; A avaliação da pupila e nível de consciência deve ser feita em intervalos regulares para avaliação do agravamento do quadro; A avaliação motora das extremidades pode ser verificada, assimetrias na função motora ou sensitiva dos membros superiores e inferiores denotam lesão neurológica; A vítima de TCE pode ser encontrada com a hemiparesia (diminuição da força ou fraqueza) ou hemiplegia (ausência de movimentos, paralisia). É importante chegar o mais rápido possível ao ambiente de tratamento definitivo, para que possa ser feita administração de medicações, a passagem de cateter, se for necessário, para poder drenar o líquor, para poder fazer uma descompressão craniana, uma cirurgia, exames etc. No contexto do Atendimento Pré- Hospitalar (APH), o foco é manter o paciente vivo, mantendo a respiração e a circulação, controlando hemorragia, fazendo o posicionamento adequado desse paciente para evitar uma lesão medular, porque as chances de ter um TRM associado são altas. Mas, no geral, é a rapidez da remoção e do transporte que vão gerar a resolução mais definitiva do caso. Uma flexão anormal é quando o ângulo entre o braço e o tronco está muito próximo, o antebraço rodado e polegar cerrado. Nesse caso, há decorticação. Já a descerebração é quando tem a extensão do membro superior, que é mais grave, porque, inclusive na escala de Glasgow, há apenas dois pontos em relação a parte motora. Deformidade do crânio (depressão ou abaulamento); Pupilas desiguais (anisocoria); Sangramento observado no nariz ou ouvidos; Líquido claro (líquor) que flui pelo nariz ou ouvidos; Alteração dos sinais vitais; Postura de decorticação (flexão anormal dos membros superiores) ou descerebração (extensão anormal dos membros superiores); Olhos de Guaxinim. Náuseas e vômitos podem remeter à ideia de aumento da pressão intracraniana, bem como cefaleia, tontura e perturbação da visão. Outro sintoma é a respiração Cheyne Stokes, que vai aumentando, depois se torna superficial, ocorre a apneia, aumenta novamente, depois diminui e ocorre apneia de novo. A deformidade do crânio pode ocorrer por conta de um edema ou osso fraturado. Outro fator são as pupilas desiguais, ou seja, uma grande e outra pequena. Nesses casos, é importante conhecer o histórico do paciente. Por exemplo, um idoso havia tido uma queda e se verificou que as pupilas estavam desiguais. Porém, não foi uma consequência da queda, mas de uma cirurgia que ele havia feito nos olhos anteriormente. Outra situação é o sangramento observado no nariz ou ouvidos. Não se pode conter a drenagem tanto do líquor quanto do sangue. Ainda pode haver a alteração dos sinais vitais, como o aumento da pressão arterial e a diminuição da frequência cardíaca. CONCUSSÃO E CONTUSÃO CEREBRAL Concussão: menos grave. Contusão: mais grave. Na concussão, há uma rápida perda da memória e é menos grave. Já a contusão tem uma lesão propriamente dita e é mais grave. TRATAMENTO DO TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO No caso de TCE, é preciso focar o mais rápido possível no transporte e na remoção do paciente, mas, no momento do atendimento pré-hospitalar, é importante manter o paciente vivo durante o transporte. Nessa situação, a abertura da via aérea é essencial, lembrando de conter o sangramento exsanguinante. Caso evolua para um PCR após o trauma, é necessário estar preparado para manter o paciente vivo por meio das compressões torácicas e das ventilações. Outro ponto é a avaliação neurológica continuada, porque a diminuição de valores no Glasgow traz repercussão de uma piora do nível de consciência. Vale lembrar que a imobilização não pode retardar a remoção, podendo ser feita a mobilização manual para que a remoção seja o mais precoce. É importante frisar que o paciente de TCE tem grande chance de também ter um TRM associado. TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO – SUPORTE AVANÇADO DE VIDA 2016 Na avaliação da cinemática do trauma, há suspeita de acometimento direto da região craniofacial; Na avaliação da cinemática do trauma, há acometimento indireto da região craniofacial por mecanismos de aceleração e desaceleração; Em todos os pacientes traumatizados com alteração do nível de consciência. Quando Suspeitar ou Critérios de Inclusão A suspeita deacometimento direto da região craniofacial pode se apresentar por sangramento, edema ou com lesão, afundamento, entre outras. O mecanismo de aceleração e desaceleração é o movimento em que a cabeça do paciente vai para a frente e volta, chamado de movimento chicote, podendo gerar tanto o TCE quanto o TRM. Conduta 1. Realizar avaliação primária com ênfase para: – Garantir a estabilização manual da coluna cervical; – Garantir permeabilidade de via aérea; – Administrar O2 em alto fluxo para manter SatO2 ≥ 94%; – Monitorizar a oximetria de pulso; e – Avaliar precocemente a Escala de Coma de Glasgow. A avaliação primária segue o XABCDE. Como se trata de um trauma, deve ser feita a manobra de abertura de Jaw Thrust ou a manobra de abrir o queixo. 2. Considerar ventilação sob pressão positiva com BVM com reservatório, caso não mantenha ventilação ou oxigenação adequadas. 3. Considerar uma via aérea avançada, caso os métodos descritos anteriormente não tenham sucesso em manter uma ventilação ou oxigenação adequadas ou se Escala de Coma Glasgow < 8. 4. Controlar sangramentos externos. 5. Instalar acesso venoso. 6. Realizar a reposição volêmica, se necessária, conforme protocolo do Choque com ênfase para a manutenção da pressão sistólica > 90 mmHg. A via aérea avançada pode ser feita por meio da máscara laríngea, que é menos invasiva e o enfermeiro, inclusive, é habilitado para o uso dela. Outra opção é fazer por meio da intubação, que é um ato realizado pelo médico. Lembrando que se o sangramento for exsanguinante, deve-se voltar ao “X”, de acordo com PHTLS de 2019, para a parte mais inicial do atendimento. 7. Realizar a avaliação secundária se a gravidade do quadro permitir. Deve ser dada ênfase para: – Avaliação das pupilas (se assimetria >1 Minm, pesquisar sinais focais); – Repetição seriada da Escala de Coma de Glasgow; – Avaliação da motricidade (déficits motores); – Avaliação dos sinais vitais; – Avaliação da glicemia capilar; – Exame da cabeça e coluna; e – História SAMPLA (ênfase para histórico de convulsões, diabetes, AVC, uso de drogas ilícitas e/ou álcool); – Prevenção da perda de calor corporal (E). Considerar a cinemática do trauma e sempre buscar possíveis lesões associadas em outros segmentos que possam concorrer para a presença de hemorragia externa ou interna, aumentando o risco de lesão cerebral secundária. No exame da cabeça e pescoço, manter atenção para a ocorrência de outros: 8. Realizar a mobilização cuidadosa e a imobilização adequada da coluna cervical, tronco e membros, em prancha longa com alinhamento anatômico, sem atraso para o transporte. 9. Realizar contato com a Regulação Médica para definição do encaminhamento e/ou unidade de saúde de destino. Observações – Considerar a necessidade de sequência rápida para a intubação; – Não hiperventilar de forma profilática. – Sinais de gravidade do TCE: – Sinais de perda liquórica; – Presença de fraturas abertas; – Exposição de tecido cerebral; – Ferimentos extensos de couro cabeludo; e – Sinais de fratura de base de crânio. Sobre o controle de sangramentos: No trauma, umas das preocupações são as lesões ocultas, porque, na lesão vista e detectada, é possível intervir, principalmente de extremidade, com torniquete ou pressão direta. Porém, nas lesões abdominais, por exemplo, com sangramento interno importante, pode-se gerar uma hipoxemia, gerando um hipóxia cerebral por conta do choque circulatório. Por isso, é importante também fazer uma análise mais global do paciente, lembrando que um paciente de trauma pode ter diversos traumas ao mesmo tempo, chamado de politraumatizado. Quando se faz a hiperventilação no paciente com o TCE, é preciso alterar os valores de gás carbônico no sangue, gerando uma alcalose respiratória. A alcalose respiratória pode diminuir a pressão intracraniana, mas só deve ser feita de acordo com PHTLS e com o SAMU de forma controlada, para permitir a monitorização e não agravar o quadro. Quando há sinais de fratura de base de crânio, há demanda específica de não entubar pelo nariz ou aspirar o nariz, para evitar uma lesão cerebral. – No couro cabeludo, aplicar pressão direta nas bordas do ferimento seguida de curativo compressivo (os sangramentos nessa região podem ser muito intensos). Em caso de deformidade óssea ou fratura aberta, não aplicar pressão sobre a lesão, somente na região adjacente, com cobertura e sem compressão excessiva; – Na orelha ou nariz, tamponar com material de curativo, permitindo vazamento leve para evitar elevação da PIC; - Impedir o agravamento da lesão primária e evitar as lesões secundárias por meio do controle e correção da hipoxemia, glicemia, temperatura corpórea e pressão arterial; – A avaliação seriada da Escala de Coma de Glasgow permite a avaliação da evolução do quadro e deve ser informada ao hospital de origem e anotada na ficha de atendimento. Se está saindo sangue e líquor pelo nariz ou ouvido, é uma forma de o organismo tentar gerar uma diminuição da pressão intracraniana. Caso se retenha totalmente aquela saída, pode agravar o quadro do paciente. Lembrando que a hipotensão vai gerar diminuição do fluxo de sangue cerebral. DETALHES IMPORTANTES DO PACIENTE COM TRAUMA CRANIENCEFÁLICO Abordar a vítima, imobilizando a cabeça desta em posição neutra e assumindo sempre a possibilidade de coexistir trauma na coluna; No caso particular dos TCE, deve ser rapidamente verificada a existência de feridas cranianas, hematomas peri-orbitários e perdas de líquor (LCR), massa encefálica ou hemorragias pelos ouvidos e/ou nariz; Permeabilizar a via aérea, com estabilização cervical (por meio da subluxação ou elevação do mandíbula na vítima inconsciente); Não colocar tubos pelo nariz (como sondas nasais de O2 , tubo nasofaríngeo); Fraturas com afundamento e hemorragia associada requer cuidado extremo no controlo da hemorragia, não devendo ser exercida pressão na zona do afundamento; Todas as lesões em que se verifique exposição de massa encefálica devem ser suavemente cobertas (sem comprimir) com compressas secas. Os objetos penetrantes não devem ser removidos; Estar preparado para a eventualidade de vômitos; A perda de líquor demonstra lesão de base de crânio. Em um paciente de trauma, é preciso fazer a abertura de via aérea pela elevação da mandíbula e abaixamento do queixo. É importante frisar que a forma de abertura de via aérea com o dedo na boca do paciente está proibida para evitar lesão no dedo do socorrista, de acordo com PHTLS de 2019 e, inclusive, está no desenho do Manual do SAMU. Se o paciente tem TCE e, principalmente, se tem sinais de lesão de base de crânio (olho de guaxinim, perda de líquor pelo ouvido ou nariz), demonstra o risco de lesão cerebral ao introduzir uma intubação nasal ou aspiração nasal. Por isso, é proibido usar qualquer tipo de cateter pelo nariz desse paciente com suspeita de lesão de base de crânio. Administrar oxigênio: Garantir oximetria ≥ 95% (se grávida ≥ 97%; se DPOC entre 88-92 %); Se a vítima apresentar compromisso ventilatório (frequência respiratória inferior a 8 ou superior a 35) iniciar ventilação assistida, com insuflador manual; Identificar e controlar hemorragias externas importantes. Avaliar a possibilidade de hemorragias internas ou ocultas; É importante lembrar que, muitas vezes, o agressor coloca o objeto penetrante e remove. Nesse caso, é preciso comprimir e evitar o sangramento. Contudo, às vezes, esse objeto penetrante pode ser colocado e não retirado. Nessa situação, não é o socorrista que vai fazer a retirada. O paciente vai para o centro cirúrgico, onde o neurocirurgião, diante dos exames de imagem e todo o sistema de contenção de sangramento de hemostasia, irá retirar o objeto de forma cirúrgica. O único local que tem exceção de objeto penetrante que deve ser desencravado é na bochecha, porque há o risco de fechamento de via aérea. Lembre-se que o aumento da pressão intracraniana pode gerar vômito, por isso, deve-se estar preparado para lateralizar o paciente com mudançade decúbito em bloco. O paciente que tem como doença de base bronquite ou enfisema não pode receber oxigênio de forma a alterar o sistema de start, gerando a hipercalemia ou hipoxemia, caso ele tenha um DPOC. Controlar hemorragias externas e identificar sinais de choque. As hemorragias resultantes da lesão do couro cabeludo devem ser cuidadosamente comprimidas, evitando pressão sobre fraturas; Estar preparado para a existência de convulsões; Avaliar, caracterizar e registar os Sinais Vitais; Não dar nada a beber; Manter a temperatura corporal; Avaliar e registar o estado neurológico através da escala Glasgow, avaliação pupilar; Expor a vítima, mantendo a temperatura corporal, tendo em atenção a privacidade da vítima, de modo a proceder à observação sistematizada na busca de traumatismos associados; Efetuar a observação sistematizada de modo a detectar eventuais lesões associadas; Transportar ao hospital com a vítima imobilizada (em plano rígido com imobilizadores laterais de cabeça); A imobilização consiste no colar cervical, no colete do KED para imobilizar a parte torácica e lombar. Há também a estabilização cervical e, envolvem todo o paciente, a prancha rígida. HIPERTENSÃO INTRACRANIANA A Hipertensão IC é uma complicação devastadora da injúria neurológica primária. Ela pode estar associada a várias etiologias diferentes e pode complicar o trauma cranioencefálico, tumores do sistema nervoso central, hidrocefalia, encefalopatia hepática, hemorragia ou infarto cerebral. Sintomas gerais: cefaleia, vômitos e diminuição global do nível de consciência; Sinais: papiledema, paralisia de nervos cranianos (principalmente do VI par: diplopia e estrabismo convergente); Tríade de Cushing (hipertensão arterial, bradicardia e depressão respiratória); Sinais e Sintomas decorrentes de Hérnias Cerebrais Internas Com relação ao TCE, o paciente pode ter associado, como consequência do trauma, um aumento da pressão intracraniana que é chamada de hipertensão intracraniana. Será uma complicação bem importante, porque pode gerar a herniação, que é o tecido cerebral sendo deslocado dentro da caixa craniana, gerando coma e óbito. Sintomas e Sinais Herniação supratentorial 1. Uncal (transtentorial) 2. Central 3. Cíngulo (subfalcina) 4. Transcalvarial Herniação infratentorial 5. Transtetorial ascendente 6. Tonsilar Por exemplo, há hematoma no tecido cerebral que está gerando o efeito de compressão do tecido cerebral. Com essa compressão, gera-se um processo inflamatório ou edema. Com a foice do cérebro e a foice e tenda do cerebelo, toda vez que se fala de herniação abaixo da tenda do cerebelo, está se referindo à herniação infratentorial. Já quando for acima da tenda, será herniação supratentorial. As herniações podem acontecer em várias partes do tecido cerebral. Repouso: Cabeceira elevada 30º facilitar o retorno do sangue do segmento cefálico, a completa desobstrução das vias aéreas; Evitar compressão das veias jugulares; Hiperventilação controlada – intermitente de uso restrito → alcalose → diminuição do volume sanguíneo intracraniano → queda da PIC; Controlar PAM; Tratar Hipertemia; Controle gasometria; Evitar os esforços de Valsalva (respiração profunda, virar no leito sozinho, prender a respiração, erguer-se do leito, elevar os MMII ou o quadril, tossir e evacuar). Nessa situação, a imagem mostra a foice do cérebro, onde há tecido cerebral do lado direito indo para o esquerdo, podendo ser ocasionado por um tumor ou uma massa secundária que gerou um aumento do volume craniano. Tratamento da Hipertensão Intracraniana Clínica
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