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Tutoria 6 – TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO 1. TRAUMA CRÂNIO ENCEFÁLICO O TCE é responsável por 25% dos óbitos atribuídos a trauma. O TCE é 3x mais frequente em homens do que em mulheres. Até 50% dos pacientes que sofrem TCE estavam sob efeito de substância no momento do trauma (ex. álcool). >> 3 picos de incidência: • < 5 anos; • 15-24 anos; • > 70 anos. → Principais etiologias: • Acidentes automobilísticos; • Esporte; • Quedas. → Fisiologia da regulação cerebral: Auto-regulação cerebral: o cérebro tem a função de manter a pressão intracraniana estável com uma variação da pressão artéria de 50 a 150mmHg, ou seja, mesmo que o indivíduo esteja um pouco hipotenso ou hipertenso, a pressão intracraniana está estável. P.A aumenta → o cérebro vai fazer vasoconstrição para menos sangue chegar até ele. P.A diminuiu → o cérebro vai fazer vasodilatação para mais sangue chegar até ele. PPC = PAM – PIC PPC: pressão de perfusão cerebral; PAM: pressão arterial média; PIC: pressão intracraniana. (a lesão cerebral compromete a autorregulação) Pressão intracraniana Normal 10mmHg Anormal 20mmHg Grave > 40mmHg → Doutrina de Monro-Kellie: O crânio é uma estrutura rígida, não expansível, preenchida por cérebro, líquor e sangue. Volumes patológicos, como lesões com “efeito de massa”, por exemplo, abscessos ou hematomas, podem estar presentes dentro do compartimento intracraniano. Desde que o volume total do compartimento intracraniano não pode mudar, o aumento no volume de um dos componentes ou a presença de um componente patológico, necessita ser compensado pelo deslocamento de outra estrutura ou a PIC aumentará. Nesse caso, o aparecimento de uma massa ou hematoma devido um TCE aumentou a pressão intracraniana, com isso, de forma compensatório o líquor e o sangue venoso são descartados para que haja espaço para a massa. No entanto, caso não seja tratada, a massa pode aumentar e levar uma PIC elevada com perda completa de estruturas e substâncias do cérebro. Traumatismo Crânio Encefálico possui dois tipos de mecanismo fisiopatológicos as lesões primarias que ocorrem segundo a biomecânica que determinam o trauma e sobre as quais não podem os intervir do ponto de vista terapêutico. E as lesões secundarias que ocorrem devido as alterações estruturais encefálicas, decorrentes da lesão primária podendo surgir no momento do trauma ou após um certo período de tempo, e na qual podemos intervir com o objetivo de interromper o seu processo de desenvolvimento fisiopatológico. → Classificação do TCE com base na morfologia: Calota craniana: • Pode-se ter TCE com ou sem fratura de crânio. • TCE com fratura de crânio: o Com ou sem afundamento; o Exposta/ fechada. Base de crânio: • Com ou sem fístula liquórica; • Com ou sem paralisia de nervos cranianos. • Sinais clínicos de lesão na base do crânio: o Equimose periorbital (olhos de guaxinim); o Hematoma retroauricular (sinal de Battle); o Líquor saindo pela orelha ou nariz (oto/rinorreia). → Classificação do TCE com base na escala de Glasgow: O valor da escala de coma de Glasgow vai de 3 a 15. • Leve: Glasgow de 13 a 15. • Moderado: Glasgow de 9 a 12. • Grave: Glasgow de 3 a 8. → Classificação do TCE com base nas lesões cerebrais: Lesão focal: • Hematoma epidural, subdural e intracerebral (intraparenquimatosa). • Etc. Lesão difusa: • Concussão (qualquer lesão no cérebro que perturba seu funcionamento normal. Os abalos são normalmente causados por um golpe ou choque na cabeça) – nocaute (aceleração e desaceleração rápida do cérebro). • Contusões múltiplas (lesão traumática aguda, sem corte) • Lesão hipóxica/ isquêmica. Nocaute O termo é tipicamente associado com a repentina e traumática perda de consciência ocasionada por golpes físicos. Golpes poderosos à cabeça que podem produzir concussão cerebral e resultar em um nocaute repentino e dramático. Concussão caracteriza-se pela presença de sintomas neurológicos sem nenhuma lesão identificada, mas com danos microscópicos. Podem ocorrer perda da consciência, prejuízo da memória, cefaleia, náuseas e vômitos, distúrbios visuais e da movimentação dos olhos. → Hematoma Epidural: 1. Associado a fratura de crânio 2. Normalmente com lesão da artéria meníngea média. (grave por ser lesão de uma artéria) 3. Com intervalo lúcido (lesão → concussão (desmaio) → intervalo lúcido (paciente acorda e ta tudo bem) → piora do quadro). 4. Pode ser rapidamente fatal. → Hematoma subdural: 1. Ruptura de veia ponte 2. Sangue se espalha pela superfície cerebral 3. Lesão em lua → Contusão: 2. ATLS – Suporte Avançado de Vida no Trauma Atendimento do paciente politraumatizado - ABCDE: • A – airways (via aérea com proteção da coluna cervical) – colar de proteção. • B – breathing (ventilação) • C – circulation (circulação, parar a hemorragia) • D – disability (neurológico – Glasgow do paciente) • E – exposure (despir e controlar temperatura) → A – Via aérea: • Procurar corpo estranho ou sangue na boca do paciente. • Usar a cânula de aspiração para retirar o sangue. • Todo paciente traumatizado deve receber máscara com oxigênio (100%). → B – Ventilação: • Inspeção • Ausculta • Percussão • Palpação Raio-x de tórax e pelve. → C – Circulação: Choque Dois acessos venosos calibrosos 1L de ringer lactato ou SF (soro fisiológico) 0,9% aquecidos Qual a origem do choque hemorrágico? >> Contenção do sangramento 1. Achar a fonte de sangramento 2. Parar o sangramento 3. Repor volume → D – Neurológico: Avaliação das pupilas – isofotoreagentes Escala de coma de Glasgow Sinais de lateralidade → E – Exposição do paciente: Exposição de todo o doente. Rodar o doente em monobloco e procurar por lesões externas em todo o paciente. Prevenir hipotemia. Dedos e sondas em todos orifícios: • Toque vaginal • Toque retal • Sonda vesical • Sonda nasogástrica 3. ABORDAGEM DO PACIENTE COM TCE → AVALIAÇÃO PRIMÁRIA (ABCDE): 1. A (via aérea) e B (ventilação): • Analisar o padrão respiratório do paciente e checar a permeabilidade das vias aéreas (VA). • Se o paciente estiver desacordado: realizar manobra de abertura da via aérea. • Estabilizar a cervical do paciente durante todo o atendimento, pelo risco de trauma raquimedular adjacente. • Identificar sinais de obstrução na cavidade oral do paciente: o Corpo estranho: retirar com dedo em garra. o Sangue/Secreções: aspirador de ponta rígida. • Fornecimento de oxigênio a 100%, associado a monitoramento com oxímetro de pulso (ideal é estar > 98%) e capnógrafo (ideal estar em torno de 35mmHg). 2. C (circulação): • Quando chegamos no C, precisamos ter em mente que a hipotensão não costuma ser decorrente do TCE e isso se explica pela própria anatomia: como o crânio não se expande, ele acaba limitando o volume de sangue perdido em uma hemorragia e é essa restrição que garante que esses pacientes não vão chocar (ao menospelo sangramento intracraniano). 3. D (avaliação neurológica): • Avaliação neurológica do paciente, temos que nos preocupar em obter informações sobre 3 quesitos: o Escala de Coma de Glasgow o Resposta pupilar ao estímulo luminoso o Déficit neurológico focal. • É importante estar atento a sinais de herniação e/ou Hipertensão Intracraniana. • Pacientes sob efeito de drogas, em coma, ou que acabaram de ter um ataque epiléptico, avaliação neurológica não será tão confiável. 4. E (exposição): • Ao final da avaliação primária é importante se atentar à procura de sangramentos, se destacando entre eles as lesões em couro cabeludo. • A presença de LCR é um indicativo de lesão nas meninges e requer avaliaçãode neurocirurgião, bem como nos casos de fratura aberta ou com depressão do crânio. • Manter a normotermia. → AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: Uma vez passada toda a avaliação primária, a secundária fica tem por objetivo: reavaliar o paciente em busca de deteriorização neurológica. Para tal, entram aqui a realização da GCS e a busca tanto por sinais de lateralização, quanto pela reação das pupilas 4. DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO PACIENTE COM TCE → Diagnóstico: O diagnóstico do paciente começa a ser traçado no primeiro contato do socorrista com a vítima, através do exame físico bem executado e para complementar utiliza-se exames subsidiários que são: Raio X de crânio; Tomografia computadorizada; Angiográfico encefálico; Ressonância Magnética e Monitorização da Pressão Intracraniana (PIC). A principal forma de estabelecer o diagnóstico de um TCE é através da realização da Tomografia Computadorizada (TC) de crânio o mais rápido possível - desde que o paciente esteja hemodinamicamente estável. A TC também deve ser considerada se o doente apresentou perda da consciência por mais de cinco minutos, amnésia retrógrada por mais de 30 minutos, um mecanismo de trauma importante, cefaleia grave, ou déficit neurológico focal que pode ser atribuído ao cérebro. Sendo importante salientar que a realização da TC não deve retardar a transferência do doente, quando indicada. O que esperamos encontrar de alteração na TC de um paciente com TCE? Uma série de alterações, entre elas: fratura de crânio, hematoma subgaleal, inchaço de couro cabeludo, sangramentos intracranianos, contusões, obstrução de cisternas basais e até desvio de linha média. → Tratamento/ Manejo do paciente traumatizado: O tratamento a este paciente deve ser feito em três fases. A primeira compreende o atendimento correto no local do acidente e remoção adequada ao hospital. Cabendo a segunda abordagem ao atendimento inicial na sala de emergência para avaliação diagnóstica e terapêutica com a finalidade de estabilização da função ventilatória e de estabilização hemodinâmica do paciente. Para que possa ser instituída a segunda etapa do tratamento o tratamento clínico e/ou cirúrgico com medidas de suporte básico e específicos. As medidas de suporte básico abrangem: suporte respiratório, hemodinâmico, hidroeletrolítico, nutricional. 1. TRAUMA LEVE: De todos os tipos de TCE, o leve é o único que nos permite cogitar dar alta ao paciente após o atendimento, mas isso é um risco, pois, uma das armadilhas no TCE é que o paciente pode começar a sofrer de uma lesão secundária a qualquer momento após o atendimento inicial (e é justamente isso que sus tenta a necessidade de reavaliação constante). Diante disso, antes de dar alta a um paciente, a gente precisa se precaver e, para tal, devemos entregar a ele o chamado protocolo de instruções. Basicamente, o que esse protocolo faz é explicar ao paciente que ele não tem indicações para ser internado, mas que as primeiras 24h após o trauma são cruciais e por isso existe uma série de coisas que ele não pode fazer. 2. TRAUMA MODERADO: Esses doentes necessitam de hospitalização para observação numa UTI ou unidade semelhante, capaz de observação rigorosa de cuidados de enfermagem e frequente reavaliação neurológica nas primeiras 12 a 24 horas. É recomendado seguimento com TC em 12 a 24 horas se a TC inicial for anormal ou se há piora das condições neurológicas do doente. 3. TRAUMA GRAVE: Parada respiratória transitória e a hipóxia são comuns em doentes portadores de lesão cerebral grave e podem causar lesão cerebral secundária. A intubação endotraqueal precoce deve ser realizada em doentes comatosos. 5. COMPLICAÇÕES DO TCE → Morte Encefálica: O conceito de morte encefálica está relacionado a impossibilidade do cérebro recuperar suas funções e a gente pode identificar isso por meio de alguns sinais: Além desses sinais, para se abrir o protocolo de morte encefálica ainda é imprescindível que haja a comprovação por meio de algum exame de imagem, que pode ser um eletroencefalograma, um estudo de fluxo sanguíneo cerebral (como o Doppler, por exemplo) ou uma arteriografia cerebral. Após checado todos esses parâmetros, se a morte encefálica for diagnosticada, é importante contactar as instituições responsáveis por doação de órgãos antes de desligar os equipamentos de suporte avançado de vida. 3 - 8
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