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1 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ DEFINIÇÃO → a displasia do desenvolvimento do quadril é uma ampla faixa de anormalidades anatômicas do quadril, sendo de natureza congênita ou desenvolvidas nos primeiros meses de vida da criança • Manifesta-se de diversas formas → pode se manifestar desde formas mais leves até formas mais graves • Caso não seja tratada, a deformidade é progressiva ➢ CONCEITOS: • Displasia: ▪ Achado radiográfico de obliquidade aumentada e perda da concavidade do acetábulo ▪ Ou seja, o quadril displásico fica reto, não tendo mais sua conformidade côncava. Assim, quando o acetábulo fica reto, a cabeça do fêmur começa a luxar ▪ Displasia acetabular → é caracterizada pelo acetábulo imaturo, com a concavidade rasa, que pode acarretar a Subluxação ou a luxação da cabeça do fêmur • Subluxação → cabeça do fêmur deslocada, mas ainda apresentando contato com a cavidade acetabular • Luxação → ocorre perda total da congruência articular ▪ A cabeça do fêmur sai totalmente do acetábulo EPIDEMIOLOGIA ➢ 1 – 1,5/1000 → estudos mais recentes indicam que a cada 1000 crianças nascidas, cerca de 1 a 1,5 apresentam displasia do desenvolvimento do quadril ➢ Há grande variação geográfica e racial ➢ Incidência: • A incidência aumenta quando a Ultrassonografia é utilizada para fazer o exame de crianças • Maior incidência em meninas (8:1 – proporção de 8 meninas para cada 1 menino): ▪ Isso ocorre porque um dos fatores de risco para a doença é a frouxidão ligamentar, que é mais comum no sexo feminino • Incidência maior no quadril esquerdo: ▪ Isso ocorre devido à posição intrauterina, pois, geralmente, a criança fica como quadril esquerdo em contato com o cóccix da mãe, o que acaba pressionando a região e causando a displasia ETIOLOGIA ➢ É influenciada por elementos hormonais e genéticos ➢ É multifatorial, podendo ter as seguintes causas: • Frouxidão ligamentar • Posicionamento pré-natal • Posicionamento pós-natal (bebês embalados com as pernas em extensão): ▪ É muito comum ter-se um alto índice de displasia na América do Norte, pois, geralmente, nesses locais os bebês são embalados em forma de “charuto”, com as pernas em extensão, o que predispõe à luxação do quadril • Predileção racial: ▪ Negros e asiáticos apresentam baixa incidência: ✓ Na África, por exemplo, as mães seguram as crianças em panos com o quadril em abdução, o que favorece o contato da cabeça do fêmur com o acetábulo ▪ Há alta incidência em norte-americanos → devido ao fato de os bebês serem embalados em forma de “charuto” ➢ Condições associadas: • Torcicolo Congênito → aumenta-se o risco de displasia para 14 a 20% • Metatarsus Adductus → aumenta-se o risco de displasia para 1,5 a 10% • Oligodrâmnio nas Primiparas (mães de primeira viagem) → pois diminui o - Quadril Normal → é côncavo - Quadril Displásico → é plano - Quadril Subluxado → ainda há contato da cabeça do fêmur com a articulação - Quadril Luxado → cabeça do fêmur sem contato com a articulação Critérios de Wynne-Davies Servem para avaliar a frouxidão ligamentar. Assim, solicita-se ao paciente que faça as seguintes manobras: (A) Encostar o polegar no antebraço → pacientes com frouxidão ligamentar conseguem encostar (B) Extensão do punho → hiperextensão (C) Extensão do cotovelo → hiperextensão (D) Extensão do joelho → hiperextensão (> 15°) (E) Dorsiflexão do pé → esses pacientes apresentam esse movimento > 60° Posição Pré-Natal Geralmente, quando se analisa o ultrassom, as crianças apresentam-se nas seguintes posições: (A) Dupla flexão do quadril → isso diminui o risco de displasia (B) Um dos quadris em extensão → aumenta-se o risco de displasia para 2% (C) Dupla extensão do joelho → aumenta-se o risco de displasia para 20% 2 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) Gizelle Felinto espaço intraútero da criança, fazendo com que ela fique mais apertada no útero, o que predispõe que ela tenha um maior contato do quadril com o cóccix e acabe desenvolvendo a displasia • Artrogripose → é uma patologia na qual ocorre uma deformidade nas articulações do crescimento da criança FISIOPATOLOGIA ➢ A displasia do desenvolvimento do quadril é uma desordem progressiva, caso não seja tratada ➢ Essa displasia apresenta alterações anatômicas distintas → muitas dessas desordens são inicialmente reversíveis, caso sejam diagnosticadas e tratadas precocemente ➢ Pode ocorrer deslizamento repetido entre a cabeça do fêmur e o acetábulo → ou seja, podem ocorrer luxações recorrentes. Por isso, é necessário que o médico sempre acompanhe essa criança de perto ➢ O quadril é instável ao nascimento: • Pode reduzir espontaneamente e se desenvolver de forma normal • Porém, um fator que costuma impedir essa redução é o tendão do músculo Iliopsoas: ▪ Quando o quadril luxa, o tendão do iliopsoas vai para dentro da articulação, fazendo com que a cabeça do fêmur não volte para o acetábulo, impedindo essa redução do quadril ➢ ALTERAÇÕES ANATÔMICAS: • Hipertrofia do Lábrum → é o que ocorre de mais importante na fisiopatologia da displasia do desenvolvimento do quadril ▪ O lábrum é uma continuidade do acetábulo, abraçando a cabeça do fêmur e fazendo parte da cápsula articular. Assim, o lábrum serve como um estabilizador ▪ Quando o lábrum começa a hipertrofiar, ele vai causando uma inversão, ocupando o lugar da cabeça do fêmur no acetábulo → o lábrum fica bastante espesso, e quando a cabeça do fêmur começa a sair (luxar), ele entra e ocupa o lugar no acetábulo ▪ Ou seja, a principal causa da displasia do desenvolvimento do quadril é a hipertrofia do labrum, que causa uma consequente luxação da cabeça do fêmur • Alterações da cabeça femoral e acetábulo: ▪ Perda da concavidade acetabular → torna-se mais plano, pois o acetábulo necessita da cabeça do fêmur o empurrando para que ele tenha o formato côncavo (nas crianças, a cartilagem trirradiada do acetábulo ainda não se encontra ossificada, por isso que ela precisa desse suporte da cabeça do fêmur para esse formato côncavo) • Espessamento do acetábulo • Cabeça femoral adquire um formato mais oval e achatado medialmente • Cartilagem atrofiada ou ausente → a partir do momento em que se tem uma luxação, a cartilagem acaba perdendo o seu suprimento de líquido sinovial, tornando-se uma cartilagem atrofiada, ou até mesmo desaparecendo • Esclerose subcondral • Formação de cistos e osteófitos → ou seja, inicia-se um processo de artrose QUADRO CLÍNICO ➢ NEONATOS: • Em toda criança que nasce, independentemente do local em que houve esse nascimento (hospital de grande porte ou hospital do interior), deve-se realizar algumas manobras, que são a manobra de Ortolani e a manobra de Barlow, que são responsáveis por testar se o quadril desse neonato é instável • Manobra de Ortolani: ▪ Avalia luxação ▪ O que é→ Quando o quadril está luxado e o médico vai reduzi-lo. Ou seja, quando um recém-nascido com o quadril luxado é examinado e com essa manobra de Ortolani a cabeça femoral é reduzida com o acetábulo ▪ Como é feita: ✓ Geralmente, faz-se abdução apenas de um quadril ou dos dois quadris ao mesmo tempo ✓ Com a criança em posição supina (decúbito dorsal), faz-se a flexão do quadril a 90° e a dupla abdução do quadril (ou apenas de um lado), e com o indicador faz-se uma pressão no trocanter maior para a região Normal Hipertrofia Radiografia em incidência anteroposterior (AP) - Trata-se de um osso imaturo, pois vê-se a fise de crescimento da cartilagem trirradiada aberta (círculos azuis) - A cabeça do fêmur, que deveria estar articulada no acetábulo (seta verde), se encontra no ilíaco (seta amarela) → quando issoocorre, o organismo do indivíduo cria nessa região do osso ilíaco um neoacetábulo para acoplar essa cabeça do fêmur. Dessa forma, uma criança com uma deformidade como essa consegue andar 3 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) Gizelle Felinto superior (anteriorização do quadril). Assim, sente-se um “click”, que é quando a cabeça femoral retorna para o acetábulo (redução do quadril) ▪ Sinal de Ortolani → ao realizar a manobra o médico sente um “click” palpável (não audível) • Manobra de Barlow: ▪ É o contrário da manobra de Ortolani ▪ Avalia instabilidade ▪ Como é feita → com a criança em posição supina e com o quadril reduzido, coloca-se o quadril em adução (junta-se as pernas do bebê) e faz-se uma pressão do joelho para posterior. Com essa manobra, ocorre a luxação da cabeça do fêmur ▪ Sinal de Barlow → ao realizar a manobra ocorre luxação da cabeça femoral com retorno à posição após diminuir a pressão • As manobras de Ortolani e de Barlow são feitas simultaneamente. Assim, a partir do momento em que se faz a Ortolani, logo em seguida já se pode fazer a Barlow ➢ CRIANÇAS > 3 MESES: • Limitação da abdução do lado afetado (Sinal de Hart): ▪ É o principal sinal de luxação do quadril ▪ Deve-se abduzir ambos os quadris simultaneamente ▪ A criança não consegue abrir os dois quadris, pois o quadril com displasia não abre completamente, pelo fato de não estar articulado. Já o outro quadril consegue abduzir totalmente • Sinal de Galleazzi (encurtamento da coxa – assimetria do joelho): ▪ Como é feita a manobra → com a criança em decúbito dorsal, faz-se a flexão do quadril e a flexão do joelho a 90°. Assim, olha-se de frente para a criança para analisar a altura do joelho, e o joelho mais baixo encontra-se luxado, pois a luxação é para posterior • Descolamento proximal do trocanter maior • Assimetria das pregas glúteas e poplíteas (Sinal de Peter Bade): ▪ Olha-se o bebê de frente e de costas ▪ Quando se tem mais pregas isso significa que o quadril está luxado, pois toda a articulação sobe e forma-se mais pregas cutâneas ➢ CRIANÇAS COM MARCHA: • A marcha pode ser tardia, mas estudos mais recentes não consideram esse atraso significativo • Lado afetado aparenta ser mais curto • Apoio do pé nas pontas dos dedos no lado acometido → para tentar equilibrar esse encurtamento do lado afetado • Marcha de Trendelenburg → a pelve cai quando o quadril afetado aduz ▪ Marcha em que a criança tente a “pender” para o lado, pois, além de o quadril estar encurtado, possivelmente essa criança também tem uma insuficiência do músculo glúteo médio ▪ Ou seja, a criança se apoia com a ponta do pé, e devido à insuficiência do glúteo médio ela pende o quadril ▪ Atenção → é diferente do Sinal de Trendelenburg • Sinal de Trendelenburg: ▪ Como é feita → pede-se para que a criança levante uma das pernas ▪ Criança com quadril normal → quando a criança levanta a perna, as asas do ilíaco de ambos os quadris ficam da mesma altura ▪ Criança com quadril displásico → quando a criança levanta a perna, devido à deficiência do músculo glúteo médio, o quadril da criança pende para o lado DIAGNÓSTICO ➢ ULTRASSONOGRAFIA (USG): • Indicada para neonatos • Deve ser utilizada somando-se aos achados clínicos • Avalia a relação entre a cabeça do fêmur e o acetábulo • É útil para identificar falhas no tratamento inicial • Se negativa → não descarta apresentação tardia da doença Normal Displásico 4 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) Gizelle Felinto ▪ Assim, deve-se ficar acompanhando essa criança, pois ela pode desenvolver a displasia aos 3 meses de idade, por exemplo • Método de Graf → o transdutor é posicionado sobre o trocanter maior ▪ Nesse método, traçam-se 3 linhas que criam 2 ângulos (alfa e beta): ✓ Ângulo alfa → quando esse ângulo aumenta, significa que a cabeça do fêmur está subluxando (saindo da articulação) o Assim, em uma criança com displasia do quadril, ao ser realizado o USG, observa-se que há um aumento do ângulo alfa ▪ Classificação de Graf: ✓ Tipo 1 = normal ✓ Tipo 2 = quadril imaturo ou com pequeno grau de anormalidade ✓ Tipo 3 = subluxação ✓ Tipo 4 = luxação (perda total da congruência articular) ➢ RADIOGRAFIA: • Só é utilizada a partir de 3 a 6 meses de idade, pois é apenas nesse período que ela começa a evidenciar alterações: ▪ Antes desse período o fêmur proximal ainda não está ossificado. Assim, após os 3 meses de idade a cartilagem trirradiada começa a ossificar, sendo apenas após os 3 meses de idade que o fêmur proximal começa a aparecer no raio-x ▪ Se o raio-x fosse feito antes dos 3 meses de idade da criança, não se conseguiria ver a cabeça do fêmur • Com a radiografia é necessário traçar algumas linhas: ▪ Linhas: ✓ Linha de Hilgenreiner → através das cartilagens trirradiadas o É a primeira linha traçada, cruzando as duas cartilagens trirradiadas ✓ Linha de Perkin → perpendicular (90°) à linha de Hilgenreiner, na altura da margem lateral do acetábulo (tangenciando a borda superior do acetábulo) ✓ Linha/Arco de Shenton → linha curva que contorna o trocanter menor, o colo do fêmur e a margem púbica o Ou seja, é um arco que se inicia no colo do fêmur e vai progressivamente até o forame obturatório o Quando ocorre a luxação da cabeça do fêmur, que se desloca para cima, ao se fazer esse arco de Shenton, ele irá do colo do fêmur até o acetábulo = displasia do desenvolvimento do quadril ▪ Ao se traçar as linhas de Hilgenreiner e a de Perkin: ✓ Forma-se 4 quadrantes: o Súpero-medial o Súpero-lateral o Ínfero-lateral o Ínfero-medial → onde se localiza a epífise da cabeça do fêmur em indivíduos normais ✓ Em uma radiografia normal, de um quadril sem displasia, a epífise da cabeça femoral deve estar no quadrante ínfero-medial • Índice Acetabular: ▪ Ângulo entre a linha de Hilgenreiner e a superfície acetabular → traça-se uma linha que liga a borda inferior do acetábulo à sua borda superior, formando- se esse ângulo com a linha de Hilgenreiner ▪ Valores normais: ✓ Neonato = 27,5° ✓ 6 meses = 23,5° ✓ 2 anos = 20° ▪ O limite do normal é 30° ▪ Displasia do desenvolvimento do quadril = grau do índice acetabular > 30° ✓ Quanto maior esse ângulo, mais Displásico é o acetábulo TRATAMENTO ➢ O tratamento da displasia do desenvolvimento do quadril é de acordo com a idade da criança Método de Graf - Vê-se esse “Y” (seta azul) e no meio dele tem-se a cabeça do fêmur Quadrante Súpero-medial Quadrante Súpero-lateral Quadrante Ínfero-medial Quadrante Ínfero-lateral 5 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) Gizelle Felinto ➢ NEONATOS ATÉ 6 MESES: • Suspensório/Colete de Pavlik: ▪ O que é → é um suspensório que passa pela linha axilar e apresenta duas faixas: ✓ Faixa anterior → faz a flexão do quadril (essa flexão não pode ser > 120°) o Cuidado! → se for dada uma flexão muito acentuada, pode-se lesar o nervo femoral da criança ✓ Faixa posterior → faz a abdução do quadril ✓ Quando se tem a flexão e a abdução do quadril, isso favorece o contato da cabeça do fêmur com o acetábulo, fazendo com que não ocorra a luxação ▪ Quando iniciar o tratamento: ✓ Tratamento imediato → em crianças com sinal de Ortolani e/ou de Barlow positivo o Aplica-se o colete e inicia-se o acompanhamento semanal com USG ✓ Tratamento posteriormente → quando a criança é clinicamente normal, mas tem ultrassom positivo o Deve-se solicitar novo USG em 6 semanas → se o USG continuar positivo, deve-se iniciar o tratamento com o suspensório ▪ Após a colocação do colete: ✓ Deve-se manter por 6 semanas ✓ Realiza-se o acompanhamento semanalda criança com: o Ultrassonografia (USG) ✓ A criança utiliza o suspensório 24h por dia (não se tira nem para a criança tomar banho) ✓ Orienta-se os pais quanto à higiene da criança ▪ Quando a criança completa 3 a 4 meses → solicita- se o Raio-x para que sejam traçadas as linhas ✓ Raio-x sem alterações → pode-se realizar o acompanhamento da criança anualmente ▪ Falha no tratamento: ✓ Exemplo → quadril continua luxando ou quando o quadril luxa e não se consegue reduzir ✓ Conduta → Tratamento Cirúrgico: 1. Redução fechada sob anestesia: ❖ Não se consegue realizar essa redução fechada quando o tendão do músculo iliopsoas interpõe e impede essa redução 2. Redução aberta → caso não se consiga a redução fechada ➢ CRIANÇAS DE 6 MESES A 2 ANOS: • Essa mudança de tratamento se deve ao fato de que as crianças com mais de 6 meses já conseguem retirar o suspensório de Pavlik sozinhas, tornando o tratamento difícil • Objetivos do tratamento: ▪ Obter e manter a redução → manter a articulação no local ▪ Poupar a cabeça femoral → evita-se que ocorra necrose ou que se desenvolva uma artrose, por exemplo • Não se deve esperar a ossificação para realizar a redução (porém, esse dado diverge entre os estudos) • Tração pré-redução → pode-se realizar uma tração antes da redução, para ver se é possível ganhar um pouco mais de comprimento para posteriormente realizar-se a redução • Redução Fechada: ▪ Como é feita: ✓ Faz-se sob anestesia ✓ Flexão maior que 90° e abdução gradual ✓ Levantamento gradual do trocanter ✓ Redução palpável ✓ Deve-se realizar os testes de amplitude do movimento e de estabilidade ao final da redução fechada ✓ Posteriormente, coloca-se um gesso pélvico podalico: o A criança fica com flexão do quadril, dupla abdução e com um corte no gesso para que sejam feitas suas necessidades fisiológicas e a higiene de sua região íntima o Esse tratamento é bastante difícil, principalmente em relação à higiene, pois, às vezes, pode acabar caindo urina e fezes nesse gesso o Coloca-se esse gesso para manter a redução o Esse tipo de gesso também é muito utilizado em fraturas de fêmur • Redução Aberta: ▪ Indicações: ✓ Quadril instável após a redução fechada (Ex: faz- se a redução fechada e o quadril continua luxando) ✓ Alguns centros de tratamento indicam nos seguintes casos também: o Quando há espaço articular aumentado entre a cabeça do fêmur e o acetábulo → pois pode-se suspeitar de que há alguma alteração nesse espaço, como uma sinovite ou um tendão que esteja interpondo 6 DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL (DDQ) Gizelle Felinto o Como primeira opção de tratamento para a displasia em crianças de 6 meses a 2 anos ▪ Como é feita: ✓ O acesso cirúrgico pode ser medial ou anterior → alguns profissionais consideram o acesso anterior mais seguro ▪ Em alguns casos, é necessária a realização de uma Osteotomia para o encurtamento do fêmur: ✓ Faz-se um corte no fêmur da criança, encurtando- se esse osso para que se consiga a redução ✓ É indicada nos seguintes casos: o Quando há pressão excessiva na cabeça do fêmur após a redução o Em crianças > 2 anos ➢ CRIANÇAS > 2 ANOS: • Nessas crianças, as luxações costumam ser mais acentuadas, podendo haver um encurtamento femoral muito significativo → esse encurtamento pode limitar a redução, pois se ele for > 9cm, não se pode tracionar o membro mais que 9cm (não se consegue ganhar tudo isso na tração), caso contrário ocorrerá a lesão do nervo ciático da criança • Osteotomia → para o encurtamento do fêmur ▪ Nos casos em que há um encurtamento acentuado do membro, pois na tração, quando se quer ganhar um pouco de tamanho, pode-se acabar lesando o nervo ciático ▪ Muitas vezes, essa osteotomia para o encurtamento do fêmur é necessária na osteotomia pélvica • Osteotomia Pélvica (Salter ou Pemberton): ▪ Osteotomia de Salter → é a mais utilizada ✓ Retira-se uma parte do osso ilíaco e aumenta-se o espaço do acetábulo, para fazer com que a cabeça do fêmur de articule da melhor forma ▪ Indicação → quando a cobertura acetabular é insuficiente ▪ Serve para aumentar essa cobertura do acetábulo • Após o tratamento da displasia do quadril → quando um lado fica mais curto que o outro, deve-se realizar uma nova osteotomia para colocar um fixador e ganhar o comprimento que foi retirado no encurtamento para a redução do quadril • Atenção → Osteotomia Pélvica + Encurtamento Femoral ▪ Podem predispor à luxação posterior do quadril COMPLICAÇÕES ➢ Necrose Avascular → é a principal complicação • A artéria do ligamento redondo, que fica na fóvea/centro da cabeça do fêmur, na criança é responsável por 98% da irrigação dessa cabeça do fêmur. Assim, a partir do momento em que ocorre a luxação, pode haver o rompimento ou a compressão do ligamento, levando à necrose da cabeça do fêmur • Isso difere do adulto, pois essa artéria do ligamento redondo só é responsável por 2% da irrigação da cabeça do fêmur, sendo as artérias circunflexas responsável pela maior parte (98%) dessa irrigação ➢ Redução Inadequada → é a complicação mais comum • O médico realiza uma iatrogenia, ao não conseguir reduzir da forma adequada, deixando o quadril subluxado, que vai evoluir mau prognóstico ➢ Recidiva ➢ Displasia Acetabular Residual → quando mesmo reduzindo-se o quadril, e deixando-o articulado, o acetábulo ainda tende a ser displásico (mas isso é raro de ocorrer) • O quadril tende a ser oblíquo e fica querendo sair do lugar
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