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1 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 2 SUMÁRIO Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 3 PROCEDIMENTOS CRIMINAIS: 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 1.1. ENQUADRAMENTO TERMINOLÓGICO: A) PROCEDIMENTO: É uma sequência lógica de atos concatenados em lei e destinados a uma finalidade. B) PROCESSO: É um procedimento em contraditório animado pela relação jurídica entre os sujeitos processuais. C) AÇÃO: É um Direito público e subjetivo positivado na CF de exigir do estado-juiz a aplicação da lei ao caso concreto, para a solução da demanda penal. D) RITO: É a amplitude assumida por determinado procedimento. 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS: 1.2.1. Procedimento Comum: Pode assumir 3 ritos diferentes. a) Ordinário; b) Sumário; e c) Sumaríssimo. ADVERTÊNCIA: O Rito ORDINÁRIO é empregado para suprir eventuais lacunas dos demais procedimentos criminais. 1.2.2. Procedimentos Especiais: A especialidade do procedimento é definida em razão da natureza do crime ou do órgão jurisdicional perante o qual o procedimento é deflagrado, vejamos: Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 4 a) JÚRI (Arts. 406 e seguintes); b) Lei de Drogas (Lei 11.343/06); c) Crimes de responsabilidade dos funcionários públicos (Arts. 513 – 518, CPP); d) Ações originárias em Tribunal (Lei 8.038/90); e) Crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios (Arts. 524 – 530-I, CPP); f) Crimes contra a honra (Arts. 519 – 523, CPP). 1.3. ESCOLHA DO RITO NO PROCEDIMENTO COMUM: O critério definidor é quantitativo. A) RITO ORDINÁRIO: Para os crimes com pena máxima igual ou superior a 4 anos. B) RITO SUMÁRIO: Aplicado aos crimes com pena máxima inferior a 4 anos. C) RITO SUMARÍSSIMO: Aplicado aos crimes de menor potencial ofensivo (pena máxima de até 2 anos) e contravenções penais, independentemente da quantidade de pena da contravenção. OBS1: O Rito sumário eventualmente acomoda infrações de menor potencial ofensivo que não possam tramitar no juizado. É o que ocorre por inexistir citação por edital no juizado ou quando a complexidade do fato impede a oferta oral da denúncia no juizado. ADVERTÊNCIA: Vale lembrar que a Lei dos Juizados é INAPLICÁVEL NA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (Art. 41 da Lei 11.340/06). Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 5 Logo, infrações de menor potencial ofensivo no contexto da violência doméstica devem seguir o RITO SUMÁRIO. OBS2: CONCURSO MATERIAL: Devemos somar as penas máximas na definição do Rito. OBS3: CAUSA DE AUMENTO DE PENA: Devemos SOMAR a pena máxima com a fração máxima incidente sobre ela. OBS4: CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA: Devemos reduzir a pena máxima da fração mínima incidente sobre ela. OBS5: ESTATUTO DO IDOSO: Os crimes com pena máxima de até 4 anos seguem o rito SUMARÍSSIMO com o objetivo de trazer celeridade na persecução penal. Conclusão1: O Estatuto do idoso não promoveu a redefinição do conceito de menor potencial ofensivo. Conclusão2: Nos crimes contra o idoso com pena de até 2 anos, aplicamos a lei dos juizados na sua integralidade. Conclusão3: Se o crime contra o idoso tem pena de até 4 anos, o rito sumaríssimo é aplicado para imprimir celeridade na prestação jurisdicional. Assim, sendo superior a 2 e até 4 anos se aplicará o sumaríssimo, mas não caberá transação penal. O entendimento do STF é no sentido de que o dispositivo legal do Estatuto (Art. 94) deve ser interpretado em favor do seu específico destinatário e não de quem lhe viole os direitos. 2. ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO COMUM DE RITO ORDINÁRIO: O procedimento comum está tripartido em sua estrutura. 2.1. 1ª ETAPA – FASE POSTULATÓRIA: Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 6 Temos aqui alguns passos: a) 1º PASSO: Oferta da inicial acusatória, seja ela a denúncia (ação pública) ou a queixa (ação privada). OBS1: Os requisitos formais da inicial acusatória estão no Art. 41 do CPP. Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Devemos atentar que o dispositivo ordena a apresentação do rol de testemunhas. OBS2: Para a doutrina majoritária, caso a acusação não aponte as suas testemunhas, haverá preclusão. Todavia, o STJ já considerou a apresentação do rol a destempo, desde que antes de formada a relação processual. ATENÇÃO: Para a defesa não existe nenhuma previsão jurisprudencial nesse sentido, devendo- se seguir o que diz o texto da lei. OBS3: No procedimento comum ordinário podem ser arroladas até 8 testemunhas para cada fato criminoso imputado. b) 2º PASSO: Realização do juízo de admissibilidade: Aqui, o juízo será realizado pelo juiz das garantias (lembrando que está suspenso). b.1) JUÍZO NEGATIVO: Nesse caso, a inicial será rejeitada. Rejeição: É o ato do juiz (das garantias) que nega início ao processo já que a inicial não atendeu aos correspondentes requisitos legais. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 7 Hipóteses de rejeição: elas estão catalogadas no Art. 395 do CPP: I) Inépcia: O CPP não conceitua o que é inépcia. Conforme o STF, é um defeito formal grave na inicial e que normalmente compromete a narrativa dos fatos. Conclusão: Tal fenômeno é rotulado de CRIPTOIMPUTAÇÃO. II) Ausência de condição da ação ou de pressuposto processual: Aqui não importa como está o tema no âmbito processual civil, pois o CPP trouxe as condições. A doutrina no processo penal já vem defendendo a criação de condições próprias do processo penal (cite-se o professor AURY LOPES JR). III) Por ausência de Justa Causa: Trata-se do lastro probatório mínimo que dá sustentação à inicial. Cite-se, todavia, que o professor AFRÂNIO SILVA JARDIM escreveu ensaio mudando a definição da justa causa. Conclusão: Para a doutrina majoritária, a falta de justa causa revela a ausência de lastro probatório mínimo dando sustentação a inicial acusatória, caracterizando a demanda como temerária. Sistema Recursal: i) REGRA GERAL: A decisão é desafiada por recurso em sentido estrito (Art. 581, I, CPP); ii) EXCEÇÃO: No JUIZADO ESPECIAL, a rejeição da inicial é desafiada por apelação (Art. 82, Lei 9.099/95). Questões complementares: 1) De acordo com a súmula 707 do STF, deve o juiz intimar a defesa para apresentar contrarrazões ao recurso, sob pena de NULIDADE. A omissão do juiz não é suprida pela mera nomeação de advogado dativo. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 8 Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 2) De acordo com a súmula 709 do STF, o provimento do recurso autoriza que o tribunal receba a inicial. Todavia, caso o tribunal declare a nulidade da decisão de rejeição, devolverá os autos para que o juiz de primeiro grau profira uma nova decisão. Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela. b.2) JUÍZO POSITIVO: Nesse caso, a inicial será recebida. Recebimento: É o ato do juiz que demarca o início do processo, já que a inicial atende aos correspondentesrequisitos legais. Haverá aqui uma análise inversa (a contrario sensu) do Art. 395 do CPP. Conclusão: Promoveremos uma análise inversa do Art. 395, CPP. Consequências jurídicas do recebimento: i) Início do processo; ii) O sujeito vira réu; iii) Interrupção da prescrição (Art. 117, I, CP); iv) Fixação da prevenção (Art. 83, CPP). Natureza jurídica do recebimento: 1ª Posição: A doutrina majoritária entende que o ato é promovido por meio de decisão interlocutória simples, exigindo-se a correspondente motivação, na valoração inversa do Art. 395 do CPP. 2ª Posição: Para os tribunais superiores, o ato é formulado por meio de DESPACHO, dispensando-se a motivação. Conclusão: Para tal corrente, admitimos o recebimento implícito da inicial. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 9 Sistema Recursal: Aqui, não temos previsão de cabimento de RESE. Atenção, portanto. O ato é irrecorrível por ausência de previsão no Art. 581, CPP. Conclusão: A defesa poderá impetrar um HC com o objetivo de trancar o processo (Art. 648, I, CPP). Art. 647. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I - quando não houver justa causa; Competência: Atenção para a novidade do Pacote Anticrime. Caberá ao juiz das garantias o juízo de admissibilidade da inicial (Art. 3º-B, XIV, CPP). c) 3º PASSO: Realização da citação: c.1) Conceito: É o ato de comunicação processual que informa ao réu sobre o início do processo e o convoca a apresentar defesa. OBS1: Intimação X Notificação: Para a comunicação de todos os demais atos da persecução, teremos a intimação ou a notificação. Conclusão1: O CPP não promove distinção entre os institutos (intimação e notificação). Conclusão2: para a doutrina, entretanto, a intimação envolve ato pretérito (intimar de...). Já a notificação é para que o sujeito faça algo (notificação para...). OBS2: De acordo com o Art. 363 do CPP, o processo terá concretizada a sua formação com a implementação da citação. Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 10 OBS3: Quando a citação é viciada, o reconhecimento do vício é rotulado de CIRCUNDUÇÃO. Conclusão: De acordo com o Art. 564, III, “e”, 1ª parte, CPP, o vício na citação é fato gerador de NULIDADE ABSOLUTA. TODAVIA, admitimos a convalidação se a defesa comparecer oportunamente e implementar o ato pretendido (Art. 570, CPP). Art. 570. A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte. c.2) Modalidades de Citação: 1) CITAÇÃO PESSOAL; 2) CITAÇÃO POR EDITAL; 3) CITAÇÃO POR HORA CERTA. ADVERTÊNCIA1: Inexiste previsão legal de citação por e-mail ou por AR (correios) na esfera penal. ADVERTÊNCIA2: O STJ indicou a possibilidade de citação eletrônica desde que devidamente identificada a linha, a titularidade das correspondentes mensagens e a leitura. Vejamos agora as modalidades de citação: c.3) CITAÇÃO PESSOAL (REAL): Conceito: Implementada por meio de oficial de justiça, que promove a leitura do mandado, entregando ao réu uma cópia. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 11 Situações Especiais: i) Pessoa Jurídica: Ela é citada por meio do correspondente representante legal. ii) Inimputável: Ele será citado por meio do curador. Requisitos da implementação da citação: 1) Requisitos Extrínsecos: Eles refletem o próprio procedimento para a implementação da citação (Art. 357, CPP). Art. 357. São requisitos da citação por mandado: I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. 2) Requisitos Intrínsecos: Eles dizem respeito à elaboração do mandado de citação (Art. 352, CPP). Art. 352. O mandado de citação indicará: I - o nome do juiz; II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV - a residência do réu, se for conhecida; V - o fim para que é feita a citação; VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. Citação do Militar: O militar é citado por meio do superior, prestigiando a hierarquia militar e o princípio da inviolabilidade do quartel. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 12 Citação do funcionário público civil: Haverá a citação pessoal. Todavia, o chefe da repartição será informado para que possa adotar as medidas necessárias por eventual falta do funcionário público. Citação do RÉU PRESO: De acordo com o Art. 360 do CPP, o réu preso é citado pessoalmente e não por meio do diretor do estabelecimento prisional. ADVERTÊNCIA: De acordo com a súmula 351 do STF, se o réu está preso na mesma unidade federativa onde tramita o processo e foi citado por edital, haverá NULIDADE. É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce a sua jurisdição. Conclusão1: Se o réu está preso em outra unidade federativa e tal elemento é de conhecimento do juiz, haverá carta precatória para viabilizar a citação pessoal. Conclusão2: Se o réu está preso em outra unidade federativa e o juiz desconhece, de forma que foi citado por edital, inexiste nulidade (STJ, HC 162.339). c.4) CITAÇÃO POR EDITAL (FICTA): Aqui não há má-fé do réu. Ele não está se ocultando. Ela é promovida por publicação na imprensa ou no átrio do Fórum, pois o sujeito não foi localizado para ser citado pessoalmente. OBS1: Inexiste má-fé do réu. OBS2: INEXISTE CITAÇÃO POR EDITAL NO JUIZADO ESPECIAL. OBS3: Prazo do edital: 15 dias (Art. 361, CPP). Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 13 Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. c.5) CITAÇÃO POR HORA CERTA (FICTA): Conceito: Evidenciamos a MÁ-FÉ do réu, que está se escondendo para não ser citado pessoalmente (Art. 362, CPP). Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. Procedimento: É o mesmo adotado no CPC. d) 4º PASSO: Apresentação da resposta a acusação: Conceito: É a peça defensiva que resistirá aos termos da inicial, alimentando a esperança de que o réu seja absolvido do processo, dispensando-se a audiência de instrução, debates e julgamento. Embasamento normativo: Arts. 396 e 396-A Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art227 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm#art227 Material elaboradopor Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 14 Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. § 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. § 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. Capacidade postulatória: A peça é privativa de advogado, sob pena de nulidade absoluta por ausência de defesa técnica (Súmula 523 do STF). No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Prazo: Cuidado para não confundir com o sistema do processo civil (data de juntada). No processo penal, não temos a formalidade da juntada como marco de contagem. O prazo será de 10 dias contados da citação, pouco importando a data de juntada aos autos do mandado cumprido. OBS1: O prazo é processual, de forma que o primeiro dia é excluído e o ultimo é computado (Art. 798, CPP). Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. OBS2: O prazo começa do primeiro dia útil subsequente à realização da citação. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art95 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art95 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 15 OBS3: Se o prazo acabar em final de semana ou feriado, será prorrogado ao 1º dia útil subsequente. OBS4: Teremos dias corridos, ao contrário do CPC. Conteúdo: A defesa poderá apresentar: a) Preliminares: Teses de nulidade do processo. b) Teses de mérito que justifiquem a absolvição sumária (Art. 397, CPP). c) Pelo princípio da eventualidade, a defesa vai protestar por todas as provas pertinentes, arrolando, sob pena de preclusão, as suas testemunhas (Até 8 para cada crime imputado). ADVERTÊNCIA: As exceções (Art. 95, CPP) podem ser apresentadas em peça separada, pois deflagram um procedimento incidental. Obrigatoriedade: A peça é obrigatória. A lei exige que a resposta seja apresentada. Todavia, as consequências da não apresentação da peça dependem da modalidade de citação implementada, vejamos: 1) Citação Pessoal: Se a resposta à acusação não for apresentada, cabe ao juiz declarar a revelia, nomeando advogado dativo para apresentar a peça, devolvendo o prazo de 10 dias. Conclusão: O réu revel não mais será intimado pessoalmente para os atos subsequentes do processo, salvo a sentença. Todavia, o advogado será intimado normalmente pelos meios legais. 2) Citação por hora certa: As consequências da não apresentação da resposta à acusação são as mesmas da citação pessoal. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 16 3) Citação por EDITAL: Diante da não apresentação da resposta à acusação, cabe ao juiz suspender o processo e a prescrição (Art. 366, CPP). Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. OBS1: A preventiva só poderá ser decretada se estiverem presentes os requisitos do Art. 312 do CPP. OBS2: PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS: De acordo com a Súmula 455 do STJ, o mero decurso do tempo não autoriza a produção antecipada quando o processo estiver suspenso por força do Art. 366 do CPP. A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. ADVERTÊNCIA: Nada impede que sejam antecipadamente produzidas provas na iminência de perecimento, pressupondo deliberação judicial motivada. OBS3: SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO: O prazo prescricional ficará suspenso tomando como referência o Art. 109 do CP, que orienta todos os prazos de prescrição (Súmula 415 do STJ; STF e doutrina majoritária). O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada. ADVERTÊNCIA: Percebe-se que a resposta à acusação é uma CONDIÇÃO DE PROSSEGUIBILIDADE, pois sem ela o processo não pode prosseguir. 2.2. 2ª ETAPA – FASE INTERMEDIÁRIA / FASE DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO / DECISÃO DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art312. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 17 1) CONCEITO: É a sentença que julga antecipadamente o mérito da causa reconhecendo a inocência do réu, dispensando a realização da audiência de instrução, debates e julgamento. 2) HIPÓTESES (Art. 397, CPP): Todas elas exigem juízo de certeza, vejamos: a) Excludente de tipicidade; b) Excludente de ilicitude; c) Excludente de culpabilidade; ADVERTÊNCIA: A inimputabilidade não autoriza a absolvição sumária no procedimento comum, pois anteciparia a imposição de medida de segurança, o que não é favorável ao réu (Art. 397, II, CPP). d) Extinção da punibilidade. OBS1: Percebe-se atecnia do legislador, afinal, extinção da punibilidade é matéria de ordem pública, podendo ser declarada a qualquer tempo (Art. 61, CPP) e não se confundindo com o decreto absolutório. OBS2: A doutrina defende a interpretação extensiva do Art. 397 do CPP, para incluir a negativa de autoria e a inexistência do fato. 3) SISTEMA RECURSAL: A sentença de absolvição sumária é desafiada por apelação (Art. 593, I). Conclusão1: Tal apelo não tem efeito suspensivo. Logo, o réu preso será imediatamente libertado. Conclusão2: De acordo com a Súmula 604 do STJ, o MP não pode impetrar MS para obter efeito suspensivo que não foi conferido por lei ao recurso. O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público. javascript:; javascript:; Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 18 OBS: Se o juiz não absolver o réu sumariamente, deverá marcar a audiência de instrução e julgamento. ADVERTÊNCIA: O ato é irrecorrível por ausência de previsão legal. Todavia, a defesa poderá impetrar HC (ação autônoma) com o objetivo de trancar o processo. 2.3. 3ª ETAPA – FASE DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO: Teremos aqui audiência una para instruir, debater e julgar a causa. OBS1: A audiência não precisa ser exaurida em um só dia. OBS2: PRAZO: 60 dias, pouco importa se o réu está preso ou solto. Conclusão1: O prazo é impróprio. Conclusão2: Em que pese a omissão da lei quanto ao marco inicial, a doutrina defende que o prazo é contado do recebimento da denúncia ou da queixa-crime. OBS3: ORGANIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA: I) INSTRUÇÃO (PRODUÇÃO PROBATÓRIA): a) Oitiva da vítima: É o primeiro ato instrutório. OBS1: A ausência injustificada do ofendido autoriza a condução coercitiva. OBS2: Nos crimes de ação privada, a ausência injustificada provoca perempção, ocasionando a extinção da punibilidade (Art. 60, III, CPP c/c Art. 107, IV do CP). OBS3: O teor das declarações será analisado diante do conjunto probatório. ADVERTÊNCIA: Para o STJ, as declaraçõesdo ofendido podem lastrear eventual condenação, notadamente nos crimes de pouca visibilidade. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 19 b) Oitiva das testemunhas: OBS1: A inversão da ordem ocasiona NULIDADE RELATIVA, exigindo demonstração de prejuízo (STF). OBS2: primeiro as perguntas são formuladas por quem arrolou as testemunhas. Em seguida, pela parte contrária (cross examination). Ao final, o magistrado pode formular indagações complementares. ADVERTÊNCIA: As perguntas são formuladas diretamente e não por meio do juiz presidente. c) Interpelação do perito e do assistente técnico: OBS1: As partes podem requerer ao juiz a correspondente convocação (Art. 159, §5º, I, CPP). § 5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: I – Requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; OBS2: O perito deve ser intimado com antecedência mínima de 10 dias, podendo apresentar laudo complementar. d) Acareações: OBS1: Podem ser acareados todos aqueles que prestaram algum depoimento relevante e divergente. Perceba que não temos limitação nesse sentido. e) Reconhecimento de pessoas e objetos: OBS1: Adotamos o reconhecimento simultâneo, afinal, a pessoa a ser reconhecida será colocada, quando possível, ao lado de outras com características similares. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 20 OBS2: Quando mais de um sujeito cai realizar o reconhecimento, a atuação é necessariamente SEPARADA. OBS3: O reconhecimento fotográfico é visto como prova inominada. Todavia, o pressuposto de validade é o atendimento ao procedimento do reconhecimento pessoal. f) Interrogatório do réu: (último ato da instrução) OBS1: Com a atual redação do Art. 400 do CPP, o interrogatório é o último ato da instrução, prestigiando a ampla defesa. OBS2: Tal entendimento interfere na legislação especial, mesmo com disposição em sentido contrário, a exemplo das ações originárias em tribunal (Lei 9.038/90), Lei de Drogas e CPPM. OBS3: De acordo com o STF, quando o interrogatório é antecipado, temos NULIDADE RELATIVA, leia-se, pressupomos demonstração de prejuízo. II) DEBATES ORAIS: A reforma do CPP introduziu a oralidade como regra. OBS1: A reforma de 2008 prestigiou o princípio da oralidade, com as alegações finais orais. OBS2: DISTRIBUIÇÃO TEMPORAL: a) Acusação: Em 20 minutos, prorrogáveis por mais 10. Advertência: O assistente de acusação fala logo após o MP, dispondo de 10 minutos improrrogáveis. b) Defesa: Em 20 minutos, prorrogáveis por mais 10. Advertência: Quando o assistente utiliza o tempo disponível, a defesa terá outros 10 minutos. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 21 III) SENTENÇA: OBS1: A sentença pode ser condenatória (Art. 387, CPP) ou absolutória (Art. 386, CPP). Conclusão: Vale lembrar que a certeza da inocência ou a dúvida da culpa (debilidade probatória) autorizam a absolvição. OBS2: Se o juiz não decidir em audiência, terá 10 dias com prorrogação por mais 10 dias. 3. QUESTÕES COMPLEMENTARES: a) Princípio da Oralidade: Importante destacar que deste princípio decorrem 3 outros. Usualmente prepondera a palavra falada, de forma que encontramos 3 outros princípios decorrentes, vejamos: I) Princípio da concentração: Os atos instrutórios estão reunidos em audiência uma. II) Princípio da imediatidade: Os atos instrutórios serão produzidos perante o juiz. III) Princípio da identidade física do juiz: O magistrado que presidir a instrução deverá julgar a causa (Art. 399, §2º, CPP). ADVERTÊNCIA: A identidade física vem sofrendo inúmeras mitigações diante das contingências do caso concreto. b) Mitigação ao princípio da oralidade: De acordo com o §3º do Art. 403 e de acordo com o Art. 404, CPP, os debates orais podem ser substituídos por memoriais nas seguintes hipóteses: Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 22 I) Complexidade da causa; II) Pluralidade de réus; III) Surgimento da necessidade de prova complementar em razão da instrução. ATENÇÃO: MERA IRREGULARIDADE: O STJ admite a substituição fora das hipóteses legais, caracterizando mera irregularidade. Ou seja, temos vício de menor importância, não havendo nulidade no processo. OBS: ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO: i) O juiz vai sobrestar a audiência logo após o interrogatório do réu; ii) O juiz vai intimar a acusação para apresentar memoriais, tendo o prazo de 5 dias; iii) O juiz vai intimar a defesa para formulação de memoriais, dispondo do prazo de 5 dias; iv) Os autos serão conclusos ao juiz para proferir sentença no prazo de 10 dias com prorrogação por mais 10 dias. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 23 PROCEDIMENTO DO JÚRI: 4. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 4.1. EVOLUÇÃO NO BRASIL: a) 1º Momento: O júri surge em 1822 para apreciar os crimes praticados pela imprensa. b) 2º Momento: Em 1824 o júri foi expressamente contemplado na Constituição Imperial. c) 3º Momento: Durante a fase republicana, o juro foi contemplado em todas as Constituições, salvo a de 1937, em pleno Estado Novo. d) 4º Momento: Atualmente o júri foi contemplado no Art. 5º, XXXVIII da CF, tendo o status de cláusula pétrea. Conclusão1: O júri é um direito fundamental de participação popular na administração da justiça. Conclusão2: O júri é garantia fundamental de julgamento por pessoas comuns do povo, ao praticarmos crime doloso contra a vida. Conclusão3: Em que pese a posição topográfica, é pacífico que o júri integra o poder judiciário, dentro da justiça estadual ou federal. 4.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONIAIS ESPECIALIZANTES: 1) PLENITUDE DE DEFESA: Atenção para este princípio, pois recentes decisões que o impactaram. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 24 Além dos argumentos técnicos, podem ser empregados elementos metajurídicos, afinal, o jurado é um juiz leigo. OBS1: No júri tem relevo a figura do laudador, que é a pessoa que vai depor sobre o histórico de vida do sujeito (testemunha de beatificação). OBS2: O STF consignou que haverá NULIDADE quando é invocada a legitima defesa da honra para justificar o feminicídio, criando um grande entrave na abrangência da plena defesa. 2) PRINCÍPIO DO SIGILO DAS VOTAÇÕES: O sigilo deve ser interpretado na questão ambiental e procedimental. OBS1: Os jurados votam os quesitos em sala especial, para que não ocorra qualquer tipo de ingerência externa. OBS2: Os jurados votam os quesitos de forma impessoal, já que o voto não é identificado. Conclusão: Atualmente, está vedada a unanimidade. Logo, com 4 votos em determinado sentido, o quesito estará devidamente julgado. 3) PRINCÍPIO DA SOBERANIA DOS VEREDICTOS: O mérito da decisão dos jurados deve ser respeitado pelos demais órgãos do poder judiciário. OBS: MITIGAÇÕES: i) Julgando revisão criminal, o tribunal poderá absolver aquele que foi injustamente condenado pelo júri em sentença com trânsito em julgado. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 25 ii) Julgando o recurso de apelação, o tribunal pode cassar o julgamento quando os jurados decidirem de forma manifestamente contrária a prova dos autos. Em tal hipótese, o réu será levado a um novo júri com outros jurados. 4) PRINCÍPIODA COMPETÊNCIA MÍNIMA PARA JULGAMENTO DOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA, TENTADOS OU CONSUMADOS: OBS1: Os crimes dolosos contra a vida estão catalogados nos Arts. 121 a 128 do CP. OBS2: Além dos crimes dolosos contra a vida, o júri pode julgar as demais infrações comuns interligadas por conexão ou continência. OBS3: O júri pode atrair infrações de menor potencial ofensivo interligadas, respeitando- se a aplicação da composição civil e da transação penal. OBS4: A existência de morte não necessariamente imprime o status de crime doloso contra a vida. É o que ocorre com o latrocínio, que é crime patrimonial (SÚMULA 603, STF). A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal do júri. 5. CARACTERÍSTICAS DO JÚRI: 1) Tribunal Heterogêneo: O tribunal é composto por um juiz togado e 25 juízes leigos. OBS1: Dos jurados presentes, serão sorteados 7 para integrar o conselho de sentença. OBS2: CLASSIFICAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS EM RAZÃO DO ÓRGÃO PROLATOR: i) Decisão subjetivamente simples: é aquela proferida por um órgão monocrático. Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 26 ii) Decisão Subjetivamente plúrima: é aquela proferida por um órgão colegiado homogêneo. Exemplo: Câmara de TJ. iii) Decisão subjetivamente complexa: é aquela proferida por órgão colegiado heterogêneo. Exemplo: Júri. 2) Tribunal Horizontal: Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 27 Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 28 JURISPRUDÊNCIA CORRELATA Material elaborado por Genesis da Silva Honorato @materiasdedireito.doc 29 LEGISLAÇÃO CORRELATA 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 1.1. ENQUADRAMENTO TERMINOLÓGICO: 1.2. CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS: 1.2.1. Procedimento Comum: 1.2.2. Procedimentos Especiais: 1.3. ESCOLHA DO RITO NO PROCEDIMENTO COMUM: 2. ESTRUTURA DO PROCEDIMENTO COMUM DE RITO ORDINÁRIO: 2.1. 1ª ETAPA – FASE POSTULATÓRIA: 2.2. 2ª ETAPA – FASE INTERMEDIÁRIA / FASE DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO / DECISÃO DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: 2.3. 3ª ETAPA – FASE DE INSTRUÇÃO, DEBATES E JULGAMENTO: 3. QUESTÕES COMPLEMENTARES: 4. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 4.1. EVOLUÇÃO NO BRASIL: 4.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONIAIS ESPECIALIZANTES: 5. CARACTERÍSTICAS DO JÚRI: JURISPRUDÊNCIA CORRELATA LEGISLAÇÃO CORRELATA
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