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= - HISTOFISIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS: CONSEQUENCIAS LOCAIS E SISTÊMICAS DAS PERDAS TECIDUAIS EM PACIENTES QUEIMADOS 1.COMPREENDER AS CAUSAS E A FISIOPATOLOGIA DAS QUEIMADURAS, ANALISANDO SEUS GRAUS E LESÕES TECIDUAIS E BIOQUÍMICOS De forma abrangente, as queimaduras ocorrem quando um grande grupo de células da pele ou de outros tecidos são agudamente destruídas por calor, descarga elétrica, fricção, frio excessivo, contato com produtos químicos ou radiação. As queimaduras podem ser leves ou profundas, pequenas ou extensas. A gravidade do quadro depende exatamente desses dois fatores: extensão e profundidade. O processo cicatricial da queimadura se diferencia de outras lesões pelo dano tecidual fundamental que prejudica a ordenação da cascata de eventos para que haja a reparação do tecido. A queimadura desvitaliza tecidos subjacentes, compromete o suprimento sanguíneo com perda de plasma, inflamação intensa, déficit imunológico, propensão a sepses, além da falta de tecido doador para execução de enxertias. Quase 20% das internações infantis foram por queimaduras – Fonte: Ministério da Saúde 2020 No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, acontecem 1 milhão de casos a cada ano, sendo as crianças a faixa etária mais acometidas. A alta taxa de casos envolvendo crianças se deve ao fato de que estas são alvo fácil de acidentes envolvendo queimaduras e, na maior parte das vezes, no ambiente doméstico. A inquietação e a imprevisibilidade dos atos tornam a criança mais suscetível a acidentes, dentre esses, queimaduras. Acidentes domésticos ainda são as principais causas de morbimortalidade em crianças no Brasil. Os acidentes por queimadura representam uma fatia importante a ser considerada. A queimadura está entre as cinco principais causas de morte para o público infantil. A região Nordeste do Brasil é a mais acometida em casos de mortalidade e entre as diversas causas, a mais comum é por acidentes envolvendo corrente elétrica artificial (Mortalidade devido a queimaduras em crianças entre zero e quatro anos no Brasil – 2020) Mortalidade devido a queimaduras em crianças entre zero e quatro anos no Brasil Mortes por queimadura atingem mais o sexo masculino que o feminino. Os meninos têm uma maior predisposição para brincadeiras perigosas, estando mais expostos às causas que levam as queimaduras QUEIMADURAS EIXO - 03 user Máquina de escrever Alice Iris T15 GRAUS As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. Queimaduras de primeiro grau: Também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas da queimadura de primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar, e não deixam sequelas. Este tipo de queimadura não provoca alterações hemodinâmicas ou clínicas significativas, visto a ausência de vascularização epitelial. É bem caracterizada clinicamente pela dor e pelo eritema local – reações da derme subjacente. Todas as estruturas responsáveis pela reepitelização – queratinócitos e demais células da epiderme, bem como terminações nervosas livres, são preservadas, havendo reepitelização total, sem cicatriz, em três a seis dias. Queimaduras de segundo grau: As queimaduras de segundo grau são atualmente divididas em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz, mas o local da lesão pode ser mais claro. As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. Queimaduras de terceiro grau: São as queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos. ZONAS DE LESÃO Zona de Coagulação: Parte central onde ocorre destruição de lesão máxima; Zona necrótica, sem possibilidade de reparação tecidual. Estrago irreversível. Gera estímulos (componentes que ativam a resposta inflamatória). É feita o debridamento para auxiliar no processo de cura. Sofre necrose pela falta de oxigenação que impede a rapidez do processo cicatricial, a qual deve ser removida Zona de Estase: Parte adjacente a central, as células foram lesadas, mas de maneira reversível. Zona de isquemia (tecido não está morto, mas está comprometido devido a redução da perfusão sanguínea). Aumento da permeabilidade capilar e reação inflamatória exacerbada que distingue as queimaduras de outras lesões, pela persistência e progressão da vasodilatação e do edema Zona de Hiperemia: Lesão celular mínima com aumento do fluxo sanguíneo devido a reação inflamatória iniciada pela queimadura. O QUE É UMA QUEIMADURA LEVE? A maioria das pessoas pensa que uma queimadura leve ou simples é algo como aquelas pequenas queimaduras que ocorrem ao se encostar em uma panela quente ou após um dia de sol sem protetor solar. Na verdade, consideramos queimaduras leves aquelas que não cursam com risco de morte nem causam alterações metabólicas no organismo que necessitem de tratamento intra-hospitalar. Dentro deste conceito podem estar incluídas queimaduras profundas e com risco de cicatrização deformante, aquelas que o senso comum nunca chamaria de queimadura simples. A classificação de gravidade da queimadura depende do grau, da causa, do potencial para haver complicações e, principalmente, da extensão da lesão. A aparência estética da lesão não serve para definir a gravidade de um queimado Por isso, você pode até ter uma pequena queimadura de 3º grau e ainda assim isso ser considerado uma queimadura leve. PROCESSO As queimaduras comprometem a integridade funcional da pele, quebrando a homeostase hidroeletrolítica e alterando o controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. O comprometimento da pele ocorre em virtude da extensão e profundidade das lesões. Hettiaratchy et al. (2004) e Sheridan (2003), comentam que nas queimaduras superiores a 40% da superfície corporal, consideradas extensas, ocorre, além dos sinais cardeais inflamatórios locais, uma resposta sistêmica com presença de febre, circulação sanguínea hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, além de aumento do catabolismo muscular, decorrente da alteração hipotalâmica (aumento da secreção de glucagon, cortisol e catecolameinas), da deficiência da barreira gastrointestinal com passagem de bactérias e toxinas bacterianas para a corrente sanguínea. Ainda, a perda de calor e de fluidos por evaporação através da ferida são eventos que levam à hipotermia e desequilíbrio hidroeletrolítico. PROCESSO INFLAMATÓRIO Quando há lesão de células ou de tecidos o corpo reage tentando fazer os reparos necessários, por meio de um processo chamado inflamação. Quando o nosso corpo é agredido, não só por queimaduras, mas por outros tipos de agressões (corte, picada, pancada, etc.) o processoinflamatório começa com a dilatação dos pequenos vasos sanguíneos (capilares) no local machucado, aumento de permeabilidade desses vasos e a migração de leucócitos (células do sistema imune).O aumento de permeabilidade dos vasos causa o extravasamento de fluido do seu interior e explica a ocorrência de inchaço (edema) e a vasodilatação capilar faz com que o fluxo local de sangue aumente e explica porque o local fica quente e avermelhado (hiperemia). As células do sistema imune que chegam atraídas pelos agentes inflamatórios, fagocitam partículas e produzem várias substâncias no local (citocinas, quimiocinas, prostaglandinas, bradicininas, etc.). Entre substâncias que causam a dilatação dos vasos, estão as que estimulam diretamente os terminais nervosos causando dor e outros que os deixam muito sensível a qualquer estimulo, antes totalmente inofensivo. O processo inflamatório torna a região afetada, bastante dolorido. Em queimaduras extensas há perda de grande quantidade de plasma, que leva ao choque, diferentemente de outras lesões em que o choque decorre de perda sanguínea. Outra característica das queimaduras é o comprometimento do sistema imunológico, pois embora no início as lesões, em sua maioria, não sejam contaminadas, a principal causa de a morte se relaciona a sepses por infeção das lesões. Entre os desafios da reparação de queimaduras, o atraso e a desorganização da proliferação celular e da revascularização são relevantes, assim como a seletividade da apoptose. O dano estrutural e a resposta inflamatória exacerbada que ocorre em queimaduras geram uma perturbação na formação dos capilares e um impedimento da chegada das células necessárias para a recuperação. Este processo determina a perda de fluidos, aumento do risco de infecção e sequelas agudas e subagudas. Provocam a desnaturação proteica das células. Há possibilidade de comprometimento sistêmico dos órgãos em queimaduras profundas e que atingem mais do que 20% da superfície corpórea. PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO Hemostase/Inflamatória: cascata de coagulação; fase granulocítica; presença de neutrófilos e macrófagos; fibroblastos/colágenos. Compreende os momentos de hemostasia e vasodilatação para promoção da quimiotaxia. Nesta fase, além da proteção contra infecções, ocorre a degradação dos tecidos necróticos e se ativam sinalizações reparatórias. Proliferativa ou granulação:. Compreende os momentos de Epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Fatores de crescimento estimulando a ativação dos fibroblastos e queratinócitos, que migram sobre a queimadura auxiliando o fechamento e a recuperação vascular. Preenche o leito de uma ferida aberta quando ela começa a cicatrizar. É um tecido especializado indicador do processo de cicatrização, formado pela proliferação de células endoteliais vasculares e fibroblastos. Remodelação: diminuição vascularização; diminuição dos fibroblastos; mudança tecido cicatricial. Deposição de colágeno de maneira organizada. A queimadura se contrai devido à transformação de fibroblastos em miofibroblastos. Esta conversão determina a flexibilidade pelo equilíbrio entre a contração e reepitelização, além disso, a apoptose dos queratinócitos e das células inflamatórias são essenciais para o término do processo cicatricial e seu aspecto estético. Estancar o sangramento por coágulo; Inflamação facilita cicatrização; Epitelização de fora para dentro; produção de colágeno (fibroplasia) (casquinha); maturação (ajuste de colágeno e repigmentação) Regeneração: proliferação de células/tecidos para substituir estruturas perdidas quando há pouca lesão do estroma. Cicatrização: processo pelo qual um tecido lesado é substituído por um tecido conjuntivo vascularizado, numa tentativa de remendar e não efetivamente recuperar sua função; pode haver prejuízos na função tecidual COMPLICAÇÕES O primeiro problema das queimaduras é a quebra da barreira de proteção contra germes do ambiente, favorecendo a infecção das feridas por bactérias da pele e o desenvolvimento da sepse. Outra complicação é a grande perda de líquidos dos tecidos queimados. Quando a queimadura é extensa, a saída de água dos vasos é tão intensa que o paciente pode entrar em choque circulatório. A insuficiência renal aguda também é uma complicação grave nos grandes queimados, assim como a hipotermia por incapacidade do corpo em reter calor devido a granes áreas de pele queimada. Quando a área do tórax e do pescoço são acometidas por queimaduras mais profundas, a cicatrização torna a pele muito rígida e retraída, o que pode atrapalhar os movimentos da respiração. Neste caso é necessária a escarotomia, uma incisão cirúrgica da pele de modo a impedir a que a falta de elasticidade da mesma cause compressão das estruturas internas. Como as mãos são áreas de intensa articulação e movimento, cicatrizações de queimaduras podem ser muito limitantes. Por isso, este tipo de queimadura deve sempre ser avaliada por um médico. Queimaduras circunferenciais são perigosas pois há risco de compressão de estruturas internadas devido ao inchaço que qualquer queimadura provoca. Nos membros podem comprimir nervos e vasos. No pescoço podem comprimir as vias aéreas. CONSEQUÊNCIAS DESIDRATAÇÃO: A queimadura constitui uma das maiores agressões que o organismo pode suportar. O desequilíbrio hidroelétrico decorrente do trauma térmico é tão intenso que culmina no estabelecimento de um quadro agudo de choque hipovolêmico. O choque é agravado, nos dias subsequentes, pela perda contínua de água através da superfície queimada. Esta perda pode atingir um volume de até 120ml/m2/h e permanece enquanto não se completa a cicatrização. A intensidade da perda hídrica relaciona-se diretamente com a profundidade da lesão e com a temperatura ambiente (ou seja, quanto maior a profundidade e a temperatura ambiente, maior a perda); e inversamente proporcional ao tempo decorrido e a umidade do ar. ANEMIA: É muito comum encontrarmos pacientes queimados extremamente hipocloroso, apresentando hematócritos muito baixos. Após o estabelecimento do equilíbrio hemodinâmico, observa-se uma redução importante do hematrócito e da vida média das hemácias que, somado a outros fatores, contribui para as múltiplas transfusões sanguíneas as quais o paciente é submetido. Um desses fatores é a redução da vida média normal das hemácias de 120 dias para aproximadamente 40 dias. Outro fator atribuído como causa de anemia é o desvio do metabolismo proteico, favorecendo a construção de uma nova pele, em detrimento da formação das novas hemácias. Um dos fatores que mais contribui para a constante e importante queda do hematrócito é a perda sanguínea, seja decorrente da lesão em si ou dos desbridamentos diários. O aparecimento de pequenos focos hemorrágicos é constante, sendo alguns tão intensos que necessitam de intervenção cirúrgica para a hemostasia. Concluímos, então, que a anemia do queimado não decorre de apenas um fator, mas do somatório de vários fatores. Essa anemia pode ser tão severa a ponto de necessitar de um número grande de transfusões sanguíneas. PULMÃO: Na avaliação pulmonar diária devemos estar atentos ao aparecimento de estertores (ruídos) em bases e, caso se confirme sua presença, deve imediatamente realizar uma radiografia e pensar na possibilidade de pneumonia bacteriana. Em queimados 75% dos óbitos ocorrem por sepse e, destes, 90% iniciam com uma pneumonia na base, daí a importância desse exame diário. É claro que numerosas outras patologias pulmonares podem se fazer presentes, como importantes atelectasias ou mesmo embolias pulmonares maciças, mas a fisioterapia diária costuma ser eficiente em preveni-las. 2.DELINEAR AS CONDUTAS PRÉ-HOSPITALARES ABORDANDO OS PRIMEIROS SOCORROS E ABCDE DO TRAUMA, CONSIDERANDO A FAIXA ETÁRIA DO PACIENTE MEDIDAS IMEDIATAS - Expor o local da queimadura, tirandoa roupa de cima do local. Se tiver colada, deixe. - Água corrente por 30min - Jamais coloque produtos aleatórios - Proteger o local com um pano limpo e seco; ir ao hospital A intervenção inicial deve ser realizada simultaneamente com o protocolo de reanimação do trauma. Ao receber um paciente vítima de queimadura, as primeiras condutas devem ser identificar se há necessidade de proteger a via aérea e interromper o processo de lesão térmica. os indicativos de obstrução podem ser sutis, não revelando nenhuma evidência de lesão, mas o surgimento de edema de laringe pode ser repentino e inesperado Interromper processo de lesão térmica: Toda a roupa do doente deve ser removida, incluindo anéis e joias. Se estiverem aderidas à pele, a remoção deve ser feita sob anestesia local. Estes materiais formam resíduos aquecidos que continuam queimando o doente. Pós químicos devem ser removidos delicadamente, tomando o cuidado de o socorrista não entrar em contato direto com a substância. A superfície corporal deve ser enxaguada com água corrente e, após bem limpa com sabão neutro e água, cobrir o doente com lençóis quentes para evitar a hipotermia. ABCDE DO TRAUMA Tempo de Ouro – é individual de cada; atendemos pacientes e não lesões Dar prioridade ao que mata mais rápido A – AIRWAYS: Via Aérea e Coluna Cervical Checar se a vítima está com as vias aéreas obstruídas. B – BREAHTING: Respiração e Ventilação Verificar se a vítima está realmente respirando e se existe comprometimento ou lesão torácica OBS: A criança caiu, pode ter tido alguma fratura C – CIRCULATION: Circulação e Controle de hemorragia Identificação e controle de hemorragias; Verificação do pulso, pressão arterial, coloração da pele, sudorese e nível de consciência D – DISABILITY: Exame neurológico Exame neurológico. Verificar o método AVDI (Alerta, resposta ao estímulo Verbal, resposta ao estímulo Doloroso ou Inconsciente aos estímulos. Teste repetido até a unidade de atendimento chegar. E – EXPLOSURE: Exposição e controle térmico As roupas da vítima são retiradas ou cortadas para evitar novos traumas e facilitar a abordagem para identificação de fraturas e hemorragias. Queimaduras superficiais As primeiras providências após uma queimadura são esfriá-la e limpá-la. Comece com água corrente fria na lesão por até 15 minutos. Atenção: a água deve ser fria, não gelada. Nunca coloque gelo nas lesões, pois o mesmo também pode queimar a pele e agravar o quadro. Se a queimadura for simples, pequena e superficial, pode não ser necessário atendimento médico e, após o devido resfriamento e limpeza da ferida, pode-se aplicar um hidratante a base de Aloe Vera (babosa ou aloés) ou vaselina. Se a pele estiver danificada, envolva a lesão com compressas ou gazes úmidas (estéreis de preferência). Não use materiais que possam ficar aderidos à pele, como algodão, por exemplo. Se precisar usar ataduras, tome cuidado para que ela não faça compressão sobre a queimadura. Sempre procure proteger a pele sem pressioná- la. Retire qualquer tipo de roupa ou objeto que esteja sobre a lesão. Se os mesmos estiverem aderidos, não force para não lesionar ainda mais a pele; deixe que um médico resolva o problema. Se houver bolhas, nunca as estoure; se houver pele pendurada, não a arranque. Se houver sinais de pele carbonizada ou morta, deixe o médico decidir como proceder. Tenha cuidado na hora de limpar a ferida. Todo paciente com queimaduras que provoquem exposição das camadas mais profundas da pele deve receber vacina contra tétano A classificação, segundo a extensão corporal atingida, considera a porcentagem de superfície corporal queimada em relação à superfície corporal total. O método mais preciso para avaliar a extensão é o de Lund & Browder, em que o percentual da área queimada é calculado pelos segmentos do corpo em relação à faixa etária. (Perfil epidemiológico de crianças vítimas de queimaduras) Foi observado que 72,8% das vítimas eram da capital. A maioria das queimaduras é registrada nas capitais, entretanto, as que apresentam maiores sequelas acontecem na zona rural, devido aos inadequados cuidados pré-hospitalares, pois são poucos os locais que oferecem atendimento especializado para estes pacientes. A situação socioeconômica precária da grande parte da população do nosso país traz como um dos problemas o grande número de moradores na mesma residência. Consequentemente, as crianças de baixa idade se aglomeram na cozinha junto à mãe, favorecendo a grande incidência de queimaduras ocasionadas por alimentos aquecidos. CONHECIMENTOS PRÉVEIOS – CONDUTA Conhecimento de profissionais de saúde acerca do atendimento inicial intra-hospitalar ao paciente vítima de queimaduras Ao longo desse estudo, ainda que todos os profissionais tivessem tido algum tipo de experiência com queimaduras, nem todos possuíam conhecimento satisfatório sobre as técnicas e condutas requeridas à primeira assistência ao indivíduo queimado. Ainda assim, consideramos a experiência prática de extrema importância para a formação do conhecimento destes profissionais. Sobre as condutas necessárias no primeiro atendimento intra-hospitalar, uma minoria de profissionais apresentou conhecimento satisfatório em relação à temática. Já o conhecimento básico, inadequado e o desconhecimento foram predominantes. O mesmo foi encontrado no que diz respeito à assistência imediata e cuidados com a lesão. Houve relatos sobre as frequentes mudanças de condutas, teorias e técnicas, exigindo constante atualização sobre o assunto por parte dos profissionais. Observou-se o uso da tecnologia e do acesso rápido à informação como ferramenta de busca pelo conhecimento 3.ANALISAR AS CONDUTAS HOSPITALARES, TAIS COMO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO, ENTENDENDO AINDA A IMPORTÂNCIA DO SUS NESSE PROCESSO E NA PREVENÇÃO RELAÇÃO MÉDICO – PACIENTE ESTUDO SOBRE CRIANÇAS QUEIMADAS: UMA PROPOSTA DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Cuidar de uma criança queimada exige habilidade e ação por parte da equipe de enfermagem. A criança necessita de constante observação, para que possam ser detectados, precocemente, sinais indicativos de complicações respiratórias, cardíacas ou renais. Depois da criança estar estabilizada, uma longa fase começa em que o foco de atenção passa a ser a área queimada. A enfermeira tem a maior responsabilidade pela limpeza, debridamento, aplicação de medicação tópica e troca do curativo, visando o fechamento da ferida; por serem procedimentos dolorosos, a criança deverá receber sedativo, aproximadamente 30 minutos antes, segundo a prescrição médica. Tanto a enfermeira como a criança devem reconhecer que a troca do curativo é um procedimento desagradável mais absolutamente necessário. Por ser doloroso, a criança deve saber que pode chorar quando doer. A criança precisa receber explicações simples e adequadas à sua idade, sobre o que será feito com ela e os prováveis sentimentos; assim, ela terá mais confiança em quem lhe der cuidados. Os curativos devem ser removidos. É importante envolver a criança no processo; ela poderá ajudar na retirada do curativo ou mesmo somente segurar a mão de alguém, pois isto fará com que sinta certo controle sobre a situação de doença e hospitalização. Durante o tratamento, os cuidados referentes às condições emocionais não devem ser postos de lado. A criança está assustada, desconfortável e, comumente, um tanto confusa, por estar isolada de sua família e de seu ambiente é necessário que lhe seja explicado porque ela precisa ficar no hospital e demonstrada compreensão e aceitação, que facilitam o relacionamento de ajuda. Para tratar a queimadura, são necessários vários dias de internação, e a hospitalização torna se parte do crescimento e do desenvolvimento da criança, que passa a conviver com alterações emocionais e psicossociais intensas a partir do trauma térmico (OLIVEIRA; SERRA, 2014). Isso faz comque elas se sintam duplamente fragilizadas, pela exposição aos procedimentos terapêuticos e pelo afastamento de sua rotina habitual. Dessa forma, a hospitalização pode ser considerada uma experiência desagradável, posto que determina mudança não somente na vida da criança, mas também na de seus pais, exigindo diversas adaptações cotidianas. Dependendo do grau da queimadura e da magnitude do estresse emocional, o paciente pode desenvolver estresse pós-traumático, sofrendo depressão, transtornos de personalidade e intelectuais e o abuso de substâncias psicoativas, que afetem as relações escolares, a interação familiar, conjugal e o trabalho. No atendimento inicial, é importante observar a criança para analisar a história do acidente, pois algumas vezes os “maus tratos” são mascarados como acidentes domésticos. CUIDADOS REPOSIÇÃO HÍDRICA: O doente que cursar com mais de 20% da superfície corporal queimada deve ter reposição de volume com Ringer Lactato (reidratação e restabelecimento do equilíbrio hidroeletrolítico, quando há perda de líquidos e de íons cloreto, sódio, potássio e cálcio) ANAMNESE: O relato deve ser condizente com o grau das lesões. Neste momento, também devem ser interrogadas outras comorbidades, medicações em uso, possíveis alergias e estado de imunização contra o tétano. REANIMAÇÃO DO QUEIMADO: Após as medidas mínimas no atendimento do queimado, deve-se procurar outras desordens sistêmicas que podem ter sido ocasionadas. Sempre que o paciente estiver sob risco de problemas respiratórios, obter uma radiografia de tórax, gasometria arterial e eletrocardiograma. CONTROLE DA DOR E INTERVENÇÕES ADICIONAIS: A preferência no manejo da dor é pelo uso de opioides (por exemplo, morfina). Deve-se realizar adequadamente a profilaxia para o tétano. Benzodiazepínicos podem auxiliar na diminuição da ansiedade, se presente. O paciente necessita também de um ambiente com controle de temperatura para evitar a hipotermia e a perda excessiva de líquido TRATAMENTO Os avanços da Medicina em recuperar pacientes graves trouxeram como benefício o aumento do número de sobreviventes acometidos por queimaduras graves, porém, com isso, os problemas psicossociais decorrentes das desfigurações estéticas e funcionais se tornaram frequentes. A engenharia tecidual tem por objetivo otimizar a reconfiguração estética e funcional da pele, podendo se utilizar de uma das linhagens de células- tronco adultas. A criação de um microambiente que propicie a regeneração tecidual semelhante à arquitetura normal e a ausência de área de pele doadora em grandes queimados são problemas que precisam ser solucionados. A "Regra dos Nove" é uma regra prática e útil para determinar a extensão da queimadura. O corpo de um adulto é dividido em regiões anatômicas que representam 9%, ou múltiplos de 9%, da superfície corporal total. A área de superfície corporal (ASC) da criança é consideravelmente diferente daquela do adulto. Na criança, a cabeça corresponde a uma percentagem maior e os membros inferiores a uma percentagem menor do que no adulto. A percentagem da superfície corporal total que corresponde à cabeça de uma criança é duas vezes maior que a do adulto normal TECIDO ADIPOSO A complexidade cicatricial em queimaduras e a possibilidade da terapia com células-tronco derivadas do tecido adiposo: Artigo de revisão (2017) A meta de aplicação das células-tronco em queimaduras visa melhorias na qualidade da cicatrização, com fechamento precoce da lesão pela aceleração do processo cicatricial e prevenção das contraturas e formações cicatriciais, preferencialmente com regeneração da pele com seus apêndices; além disso, a atenuação da resposta inflamatória sistêmica nas queimaduras extensas pode auxiliar na redução das infecções. Alguns desafios permanecem a ser definidos como: a melhor fonte tecidual doadora, método de processamento, modo da aplicação clínica e sua funcionalidade. A necessidade de um biomaterial seguro, que pode se diferenciar em múltiplas linhagens de células adultas e com capacidade de produzir citocinas de fatores de crescimento, aponta para o tecido adiposo, que é fonte das células-tronco derivadas do tecido adiposo (CTDA), como excelente participante da medicina regenerativa com terapia celular. Considera-se como suas principais vantagens a abundância, controle da diferenciação, facilidade de obtenção, possibilidade de transplante alogênico ou autólogo com segurança para o hospedeiro e a produção protocoladal. As CTDA contribuem para a cicatrização pela diferenciação em células envolvidas no processo cicatricial e pela secreção de fatores de crescimento como o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), fator de crescimento de fibroblasto básico (FGF-ß), fator de crescimento de queratinócitos, fator de crescimento de plaquetas, fator 1 de crescimento de insulina-like. No transplante local, mesmo sem percorrer pela corrente sanguínea, as CTDA se incorporam às paredes capilares, expressam fenótipo endotelial, melhoram a trama vascular e recrutam células endoteliais, assim como podem aumentar o tecido de granulação e adquirir o fenótipo dos fibroblastos. As CTDA podem moderar a cicatrização em queimaduras pelas propriedades anti-inflamatórias e imunossupressoras, assim como podem reduzir o tamanho, melhorar a cor e a maleabilidade da cicatriz. As células-tronco derivadas do tecido adiposo, por sua disponibilidade, potencial de diferenciação celular, mecanismo homing, efeito de imunomodulação, ação anti-inflamatória e pela secreção de substâncias que estimulam a reparação tecidual em queimaduras, podem ser eficientes aliadas nestes complexos processos de recuperação da homeostase e da vida. TRATAMENTO DE FERIDAS 3 Fases: Avaliação, tratamento e reabilitação - Limpeza e desbridamento - Cobertura com curativo adequado MALHA COMPRESSIVA A principal função é a compressão da pele, prevenindo o aparecimento de cicatrizes hipertróficas e tratamento das cicatrizes já existentes. Para todas as partes do corpo é possível fazer com o material da malha, tudo é fornecido pelo hospital, pelo SUS. Importância da fisioterapia e hidratação da pele O Laboratório FQM aderiu à luta contra as queimaduras. Para incentivar a prevenção de acidentes e a conscientização, em especial das crianças, criou um personagem próprio, o Foguinho. Tanto o gibi quanto o CD distribuídos gratuitamente trazem na íntegras conteúdos e músicas dedicados às situações mais comuns em que as queimaduras ocorrem. A importância do dia de prevenção de queimaduras: No dia 6 de junho é comemorado o Dia Nacional de Prevenção de Queimaduras. Este dia, instituído por meio de uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Queimaduras, tem por objetivo chamar a atenção da sociedade civil e das autoridades governamentais em todas as esferas sobre a triste realidade das queimaduras no Brasil. É necessário maior atenção e cuidados tanto na sua prevenção, em relação à sociedade e atenção básica, quanto no tratamento médico e hospitalar especializado. A reabilitação e a reinserção dos pacientes no seu meio familiar, escolar e no trabalho também é extremamente importante. NASF – Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica Ministério da Saúde publicou uma nota técnica (28/1) que acaba com a obrigatoriedade de as equipes multidisciplinares estarem vinculadas ao modelo do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Na prática, significa que os gestores municipais ficam livres para compor essas equipes da forma como quiserem, e não mais seguindo os parâmetros dessa iniciativa criada para ampliar o trabalho conjunto e integrado de profissionais de diferentes áreas do conhecimento na Saúde da Família. A mudança foi publicada na Nota Técnica nº 3 do Departamento de Saúde da Família, vinculado à Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde.O texto diz ainda que, a partir de 2020, o Ministério não realizará mais o credenciamento de NASF-AB.
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