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DIREITO CIVIL AULA DIA 05/10 PESSOA JURÍDICA Conceito: -é o grupo humano ou acervo patrimonial (fundações), criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica própria, para a realização de fins determinados. -princípio da autonomia patrimonial: a pessoa jurídica tem direitos e deveres distintos daqueles dos direitos e deveres que integram a pessoa física. **contém exceções. -sem existência física; é uma abstração/criação do Direito Denominações utilizadas por outras legislações: -entes de existência ideal (Argentina, inspirada em Teixeira de Freitas) -pessoas civis ou morais (França e Bélgica) -pessoas coletivas (Portugal) -pessoas sociais, fictícias, abstratas, - -universidade de pessoas ou bens Natureza jurídica: -teorias negativistas: negavam a personalização da pessoa jurídica. Já estão ultrapassadas. -patrimônio destinado a um fim -propriedade coletiva -teoria da mera aparência: a pessoa jurídica aparentava ter personalidade jurídica, mas na verdade, essa personalidade era dos sócios. -teorias afirmativistas: afirmam a personalização da pessoa jurídica, mas divergindo com como explicar isto. -teoria da ficção: diz que a pessoa jurídica é uma mera abstração do direito, ou seja, é uma ficção. Não haveria pessoa jurídica se não fosse o direito concedendo sua existência. -teoria da realidade objetiva: defende que a pessoa jurídica tem existência real, ou seja, não é somente uma abstração do direito. Essa existência real não existe no plano físico, e sim no plano social. -teoria da realidade técnica: é uma teoria eclética; afirma que, enquanto existência, a existência da PJ é real (embora não seja física), entretanto, a personalização é fruto da técnica jurídica. Ou seja, o direito não cria a pessoa jurídica, e sim atribui personalidade jurídica a ela. Artigo 45 do Código Civil: “Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.” -registros de pessoa jurídica: registro público de empresas mercantis (na junta comercial) ou no registro civil de pessoas jurídicas (associações). -o registro da pessoa jurídica não é facultativo, é obrigatório, pois ela só recebe personalidade jurídica com o registro. *a pessoa natural possui personalidade jurídica independentemente do registro. -algumas pessoas jurídicas precisam de aprovação ou autorização previa ao seu registro, de um órgão executivo (ex: instituições financeiras, seguros de saúde). -caso ocorra uma alteração no ato constitutivo da pessoa jurídica, é necessário realizar uma averbação no registro. Pressupostos da existência da pessoa jurídica: -vontade humana criadora: uma pessoa jurídica não surge do nada, ela precisa ser criada por alguém. -observação das condições legais para a sua instituição: realização do registro. -licitude do seu objeto: pessoas jurídicas só podem existir para o exercício de atividades licitas. *se após o registro notar-se que sua atividade está sendo ilícita, essa pessoa jurídica pode se tornar alvo de uma ação para sua desconstitucionalização. Surgimento da pessoa jurídica: -ocorre com a realização do registro. Sociedades irregulares ou de fato: -um grupo de pessoas que exerce uma atividade qualquer independentemente de registro. -do ponto de vista teórico é possível distinguir a sociedade irregular da sociedade de fato: a sociedade de fato é aquela que existe independentemente de qualquer documento de sua atividade; já a sociedade irregular possui uma documentação de sua atividade, mas essa documentação não está registrada. -sem personalidade jurídica > sem autonomia patrimonial > os sócios responderão pessoalmente pelas obrigações do negócio. -o sócio irregular ou de fato, que se obriga pela sociedade, responde solidariamente com ela, os demais respondem subsiariamente. Responsabilidade solidária: não existe benefício de ordem; o credor pode exigir o cumprimento da obrigação a qualquer dos devedores, na sua integralidade. Responsabilidade subsidiaria: existe a presença de um devedor principal, de forma que o credor só pode exigir o cumprimento da obrigação aos outros devedores após o esgotamento dos patrimônios do devedor principal. Entes despersonalizados ou com personalização anômala: -a massa falida: é um ente formado pelos bens que integravam o patrimônio do falido. É representada pelo “sindico da massa falida”. -a herança jacente: é um ente formado pelo patrimônio de alguém que morre não deixando herdeiros conhecidos. Se depois de um tempo os herdeiros não aparecerem, essa herança jacente é convertida em uma herança vacante. -a herança vacante: -o espólio: é um ente formado pelo patrimônio de alguém que morre deixando herdeiros conhecidos. É representado pelo inventariante (nomeado pelo juiz entre os herdeiros). -o condomínio: pode atuar na defesa de seus interesses, sendo representado pelo sindico. Capacidade da pessoa jurídica: -não existe o fenômeno da pessoa jurídica incapaz. -toda pessoa jurídica é plenamente capaz, mas, mesmo assim, existem atos que não podem ser realizados por ela -> é uma capacidade jurídica especial, pois é limitada pela lei, pelo ato constitutivo e pela não existência de pessoa física. -só pode praticar atos compatíveis com sua finalidade, que a lei não proíba e que sejam compatíveis com a não existência de pessoa física. Representação da pessoa jurídica: -a pessoa física não é representada, ela é presentada, visto que ela se faz presente por meio de alguém. -essa representação incube a quem for determinado pelo próprio ato constitutivo. -se o ato constitutivo não disser quem será o representante, essa representação será Classificação das pessoas jurídicas de direito público: -Externo -Estados estrangeiros -pessoas que forem regidas pelo direito internacional público (ONU, OMS, Mercosul, Santa Sé) -Interno -União -Estados, DF e Territórios -municípios -autarquias (formas de descentralização da administração pública) -as demais entidades de caráter público criadas por lei Classificação das pessoas jurídicas de direito privado: -associações -sociedades -fundações -organizações religiosas -partidos políticos -empresa individual de responsabilidade limitada Associações: -formadas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (não tem como objetivo compartilhar os lucros). ->Art. 53 *poderá haver atividades econômicas como forma de sustento da associação. Ex: Clube Baiano de tênis. -assemelham-se às sociedades por serem formadas pela união de pessoas, mas se distinguem por conta da finalidade econômica que existe nas sociedades e não nas associações. -as finalidades de uma associação podem ser de cunho ambiental, clubes, comunidades de bairro, sindicatos, beneficente e de fins educacionais. -o ato constitutivo das associações chama-se Estatuto das Associações e deve estar registrado no registro civil de pessoas jurídicas. -Art. 54: O Estatuto das Associações deverá conter obrigatoriamente: 1. denominação da associação, sua sede e finalidades. 2. requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados. 3. direitos e deveres dos associados. 4. fontes de recurso para a manutenção da associação (é uma mera previsão). 5. o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos. 6. condições de alteração do Estatuto e de dissolução da associação. 7. forma de gestão administrativa e de aprovação das contas. -por via de regra, os associados devem ter os mesmos direitos, porém, o Estatuto poderá dar vantagens especiais (art. 55). -a condição de associado é intransmissível, salvo se o Estatuto dispuser o contrário (art. 56). -a exclusão do associado só é admissível quando houver justa causa e houver ampla defesa e o recurso (art. 57). -nenhum associado poderá ser impedido de exercer o seu direito ou função que lhe tenha sido legitimada, a não ser nos casos previstos em lei ou no Estatuto(art. 58). -se a associação for dissolvida: o primeiro passo é pagar os credores -> se houver saldo, devem ser restituídos os associados que sejam titulares de cotas ou frações do patrimônio da associação -> a assembleia pode deliberar a devolução das contribuições pagas pelos associados -> se ainda houver saldo e não tiver previsão pelo Estatuto, a assembleia pode decidir o destino do patrimônio (a uma outra entidade de fins não econômicos) -> caso não seja deliberada pela assembleia e nem contenha no Estatuto mas ainda exista saldo, o patrimônio será incorporado à Fazenda do Estado, DF ou União. Fundações: -podem ser de direito público ou privado, mas iremos estudar agora as de direito privado. -constituem um acervo de bens que recebe personalidade jurídica para a realização de fins determinados, de interesse público, de modo permanente e estável. -decorrem da vontade criadora de um Instituidor, caso haja patrimônio suficiente. -seus fins podem ser de natureza religiosa, politica, moral, cultura ou assistencial e são imutáveis. -Art. 62: para criar uma fundação, o seu Instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando os bens que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la (a fundação é composta por dois elementos: patrimônio + finalidades). *por escritura pública: quando o Instituidor quer que a fundação seja criada enquanto ele ainda estiver vivo. *por testamento: quando o Instituidor quer que a fundação seja criada quando ele já estiver morto. -peculiaridades das fundações: -pode ser constituída por uma pessoa só. -o elemento patrimônio é essencial, e deve ser suficiente (controlado pelo Ministério Publico). -os fins são imutáveis. -não há sócios, não tem dono. -o Estatuto pode ser modificado caso tenha aceitação unanime e seja permitido pelo MP. -são as únicas pessoas jurídicas de direito privado fiscalizadas sistematicamente pelo MP. -criação da fundação: -passo 1: após instituir a fundação (por escritura ou testamento), ocorre a dotação dos bens (não pode ser mais da metade do patrimônio do Instituidor e nem comprometer sua subsistência) com a indicação dons fins a que se destinam e a maneira de administra-los. -Art. 63: quando insuficientes para constituir uma fundação, os bens, a ela destinados, serão, se de outro modo, não dispuser o Instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. -Art. 64: constituída a fundação por negocio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir -lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados , e , se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandato judicial. -passo 2: elaboração do Estatuto- pode ser direta (pelo instituidor) ou fiduciária (por uma pessoa de confiança, designada por ele). Caso o instituidor não elabore o Estatuto no prazo assinado por ele (caso ele não estipule um prazo, usa-se 180 dias), nem indique alguém para fazê-lo, o Ministério Publico será incumbido de elaborar. *art. 65. -passo 3: aprovação do Estatuto- o Estatuto é encaminhado ao MPE da localidade. Em 15 dias o MP aprovara o Estatuto, indicara modificações necessárias ou lhe negara a aprovação. Em caso de modificação ou negação pelo MP, o instituidor poderá requerer o suprimento da aprovação, e nesse caso o juiz poderá fazer modificações no Estatuto afim de adapta-las aos fins do instituidor. -passo 4: fase de registro- se realiza no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Não poderão ser registrados os atos constitutivos das pessoas jurídicas quando seu objeto ou circunstancias relevantes indiquem destino ou atividades ilícitos. -a extinção da fundação ocorre nos casos (sempre feita por via judicial): -se seu objeto se tornar ilícito ou inútil. -se perder sua finalidade (uma fundação que tem como objetivo a cura de uma doença, ao achar a cura, perde-se a finalidade da fundação). -se se tornar impossível a sua manutenção (recursos insuficientes para mantê-la). -vencimento do prazo de existência (não é muito comum, mas caso o instituidor instituir um prazo, a fundação sera extinta com a sua prescrição). -extinta a fundação, o patrimônio sempre ira para uma outra fundação que tenha fins iguais ou semelhantes. Essa outra fundação pode ser prevista pelo próprio Estatuto ou pelo juiz. Responsabilidade civil, penal e administrativa da Pessoa Jurídica: -Responsabilidade: há um dever jurídico secundário que deriva do dever jurídico primário, caso haja uma violação a esse dever, surge a responsabilidade (dever jurídico secundário). -Responsabilidade penal: decorre da pratica de um ilícito penal e que traz como consequência uma sanção penal (ex: matar alguém). -Responsabilidade administrativa: tem como pressuposto a pratica de uma infração administrativa, e como consequência uma sanção administrativa (ex: excesso de velocidade na via). -Responsabilidade civil: tem cunho reparatório, ou seja, tem como antecedente a pratica de um dano e a consequência não é uma sanção, e sim o dever de repara-lo. -Do ponto de vista penal, só existe responsabilidade da Pessoa Jurídica nos crimes ambientais, tendo sanções penais compatíveis com a sua não existência corpórea/física. -Do ponto de vista civil-administrativo, a Pessoa Jurídica responde como qualquer pessoa se submeteria. -A responsabilidade civil da Pessoa Jurídica pode ser contratual (caráter patrimonial) e extrapatrimonial (responsabilidade deilitual/aquiliana – dano causado a alguém). Desconsideração da personalidade jurídica da Pessoa Jurídica: -Art. 50: em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte ou do MP quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. -O ordenamento jurídico confere personalidade distinta dos seus membros, dando-lhes a chamada autonomia patrimonial (patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com o patrimônio das pessoas naturais que as integram). -Desconsideração direta: faz-se recais sobre o sócio ou administrador a relação de obrigação que é da pessoa jurídica. -Desconsideração inversa: faz-se recair sobre a pessoa jurídica a relação de obrigação que é do sócio ou administrador. *a desconsideração da pessoa jurídica é episódica, não implicando na dissolução da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, ou seja, é utilizado somente para aquele caso autorizado pelo juiz. -Requisitos para a desconsideração da pessoa jurídica: a) teoria menor: foi adotada pelo Código do Consumidor, ambiental e no direito do trabalho. 1. deve haver uma obrigação (deve ter um credor e um devedor). 2. patrimônio do devedor insuficiente b) teoria maior: foi adotada pelo direito civil. 1. deve haver uma relação de obrigação e patrimônio da pessoa jurídica insuficiente. 2. é necessário haver abuso da pessoa jurídica: desvio de finalidade e fraude (contrariando a lei e o seu ato constitutivo – teoria maior subjetiva) e confusão patrimonial (mistura-se o patrimônio da empresa e do sócio – teoria maior objetiva). Ex: carro pessoal no nome da empresa, sociedade pagar dívidas do sócio, recebimento de créditos dela, etc. Extinção da Pessoa Jurídica: -Art. 51: nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela substituirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua. -Extinção convencional: é aquela deliberada pelos próprios integrantes da pessoa jurídica. *todas as pessoas jurídicas, exceto as fundações. -Extinção administrativa: quando for cassada a autorização do Poder Executivo para sua existência. -Extinção judicial: determinada pelo Poder Judiciário quando seu objeto se torna ilícito. -Fases: 1. fara a averbação no registro da Pessoa Jurídica onde ela estiver inscrita. 2. após a averbação no registro, a pessoa jurídica existe apenas para aliquidação (pagamento dos débitos e obrigações). 3. encerrada a liquidação, é feito o cancelamento do registro (fim da pessoa jurídica e da personalidade jurídica).
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