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FISIOLOGIA: Sensações Térmicas

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FISIOLOGIA
SENSAÇÕES TERMICAS 
O ser humano pode perceber diferentes graduações de frio e calor: frio congelante, gelado, frio, indiferente, morno, quente e muito quente. 
As graduações térmicas são diferenciadas por pelo menos três tipos de receptores sensoriais: receptores para frio, receptores para calor e receptores para dor. Os receptores para dor só são estimulados pelos graus extremos de calor ou de frio e, portanto, são responsáveis, junto com os receptores para frio e calor, pelas sensações de “frio congelante” e “calor extremo”, em que pode ocorrer lesão tecidual.
Os termorreceptores estão distribuídos em número relativamente pequeno ao longo da pele, portanto tal sensibilidade é mais facilmente percebida quando todo corpo (ou grande parte) está submetido a variações de temperatura, pois são receptores de adaptação lenta. 
Eles se localizam imediatamente abaixo da pele em pontos separados discretos. E, na maioria das áreas do corpo, existem entre três e 10 vezes mais pontos para frio que pontos para calor. 
Foram demonstrados por testes psicológicos a existência de terminações nervosas distintas, mas ainda não houve uma identificação histológica. Supõe-se que sejam terminações nervosas livres, pois os sinais de calor são transmitidos principalmente pelas fibras nervosas do tipo C. 
No entanto, já foi identificado o receptor definitivo para o frio. Ele é tipo especial de terminação nervosa mielinizada fina do tipo A que se ramifica diversas vezes, com suas pontas fazendo protrusão para as superfícies inferiores das células epidérmicas basais. Os sinais são transmitidos mais rapidamente por essas fibras mielínicas. Acredita-se que algumas sensações de frio sejam também transmitidas por fibras nervosas do tipo C, o que sugere que algumas terminações nervosas livres também possam funcionar como receptores para o frio.
As fibras respondem diferentemente a níveis distintos de temperatura. Por exemplo, na região muito fria, somente as fibras para dor-frio são estimuladas (se a pele esfria ainda mais, quase congelando ou realmente congelando, essas fibras não podem mais ser estimuladas). Conforme as temperaturas se elevam para +10° ou 15°C, os impulsos para dor-frio são interrompidos, mas os receptores para frio começam a ser estimulados, atingindo pico de estimulação em 24°C e diminuindo levemente acima de 40°C. 
Acima dos 30°C, os receptores para calor começam a ser estimulados, mas eles também deixam de ser estimulados por volta dos 49°C. Finalmente, ao redor dos 45°C, as fibras para dor-calor começam a ser estimuladas pelo calor e, paradoxalmente, algumas das fibras para frio começam a ser novamente estimuladas, possivelmente por causa de lesões das terminações para o frio, causadas pelo calor excessivo.
Percebe-se então que a pessoa determina as diferentes graduações das sensações térmicas pelos graus relativos de estimulação das diferentes terminações e que os graus extremos, tanto de frio, quanto de calor podem ser dolorosos e porque ambas as sensações, quando intensas o suficiente, geram quase a mesma qualidade de sensação, — isto é, as sensações de frio congelante ou de calor abrasador são muito parecidas.
Quando o receptor para frio é, de súbito, submetido à queda abrupta na temperatura, inicialmente, ele é fortemente estimulado, mas essa estimulação diminui, com muita rapidez, durante os primeiros segundos e de modo progressivamente mais lento durante os próximos 30 minutos ou mais. Em outras palavras, o receptor “se adapta” em grande parte, mas nunca em 100%. 
Assim, é evidente que as sensações térmicas respondem acentuadamente às alterações da temperatura, além de serem capazes de responder a estados constantes de temperatura. Isso significa que quando a temperatura da pele está ativamente caindo, a pessoa sente muito mais frio do que quando a temperatura permanece fria, no mesmo nível. Inversamente, se a temperatura está aumentando, a pessoa sente muito mais calor do que sentiria na mesma temperatura, se ela fosse constante. 
A resposta às alterações de temperatura explica o extremo grau de calor que se sente quando se entra em banheira de água quente e o frio extremo quando se sai de sala aquecida para fora de casa em dia frio.
Acredita-se que os receptores para frio e para calor sejam estimulados pelas alterações de suas intensidades metabólicas e que estas resultam do fato de que a temperatura altera a velocidade das reações químicas intracelulares, por mais de duas vezes, a cada alteração de 10°C. Em outras palavras, a detecção térmica provavelmente resulta não dos efeitos físicos diretos do calor ou do frio sobre as terminações nervosas, mas sim da estimulação química das terminações modificadas pela temperatura.
Efeito de somação: Como o número de terminações para frio ou para calor em qualquer área da superfície do corpo é pequeno, é difícil avaliar as graduações de temperatura quando pequenas áreas da pele são estimuladas. Entretanto, quando grande área da pele é estimulada, os sinais térmicos de toda a área se somam. Por exemplo, mudanças rápidas da temperatura de apenas 0,01°C podem ser detectadas se afetarem toda a superfície do corpo de forma simultânea. Inversamente, alterações de temperatura 100 vezes maiores podem não ser detectadas quando a área da pele afetada for de apenas um centímetro quadrado.
Para que a sensação térmica seja interpretada como frio ou calor, os potenciais gerados precisam percorrer um certo trajeto, que é o seguinte: depois de gerado, o potencial receptor é codificado em salvas de potenciais de ação na membrana adjacente aos terminais e conduzidos ao longo de fibras A, delta e C, que são fibras finas e com pouca mielina, no caso de receptores para frio, ou amielínicos, como os receptores de calor, em direção a um gânglio espinhal ou ao gânglio trigêmeo no tronco encefálico, onde estão os corpos dos neurônios primários. A seguir, as fibras que emergem desses gânglios fazem sinapses com neurônios situados no corno dorsal da medula ou no núcleo espinhal do trigêmeo.
Então, os neurônios de segunda ordem da medula emitem axônios que cruzam a linha média e a seguir trafegam pela coluna ântero-lateral até o tronco encefálico onde encontram os axônios originados do núcleo espinhal do trigêmeo oposto formando o lemnisco espinhal, que se projeta para o tálamo. No tálamo, mais especificamente no núcleo ventral posterior, misturados aos neurônios táteis, se situam os neurônios de terceira ordem da via de termossensibilidade. Os axônios desses neurônios emergem pelas radiações talâmicas e terminam na área S1 do córtex cerebral. 
Quando as terminações nervosas detectam uma queda na temperatura, além da sensação subjetiva de frio e arrepios, surge uma vasoconstrição (diminuição do calibre) dos vasos sanguíneos principalmente da pele. Por isso a pele fica fria. Essa é a resposta inicial do corpo, no sentido de diminuir a perda de calor, mantendo a temperatura corporal interna.
lembrar:
Frio – fibras mielinizadas finas
Calor – fibras não mielinizadas
As principais manifestações da neuropatia de fibras finas, como as fibras do tipo A e tipo C, são queimação nos pés e alteração da sensibilidade térmica e dolorosa. A neuropatia sensitiva de fibras finas pode ocorrer no paciente com diabetes mellitus, hanseníase, infecção por HIV, sarcoidose, amiloidose, entre outros.

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