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PREMATURIDADE ● É impossível falar de prematuridade sem falar de RPMO e vice-versa. Fatores etiológicos, período de evolução, complicações e condutas são muito semelhantes e muitas vezes há uma relação de causalidade entre ambas. ● Estima-se sobre a prematuridade: - 45% dos casos sejam decorrentes de parto pré-termo com as membranas íntegras, - 30% decorram de rotura prematura de membranas ovulares - 25% o parto pré-termo é uma opção médica, como uma solução para complicações maternas e/ou fetais. DEFINIÇÃO ● Parto pré-termo (ou prematuro) é aquele ocorrido a partir de 20 e 22 semanas e antes de 37 semanas completas (259 dias). ● as taxas de parto prematuro espontâneo situam-se em torno de 10% dos nascimentos. OBSERVAÇÃO: Por que se define parto pré- termo apenas como aquele ocorrido após 20-22 semanas? Porque a expulsão do feto que ocorre antes de 20-22 semanas é considerada como abortamento. ● PIG X BAIXO PESO - importante distingui-lo do conceito de pequeno para a idade gestacional (PIG), que é o recém-nascido (RN) que nasce abaixo do esperado para a idade gestacional, assim como distingui-lo do RN de baixo peso ao nascer, aquele que nasce com peso inferior a 2.500 g, independente da idade gestacional. ● Note que um RN com baixo peso pode não ser prematuro, mas apenas um PIG. ● CLASSIFICAÇÃO DE PREMATURIDADE DE ACORDO DA IDADE GESTACIONAL - Assim, classifica-se como parto pré-termo moderado o ocorrido entre 33 e 36 semanas; - muito pré-termo entre 28 e 32 semanas incompletas; - e pré-termo extremo aqueles com menos de 28 semanas. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA ● Acredita-se que vários fatores atuam sinergicamente e, assim, levam ao início prematuro das contrações uterinas. ● O parto pré-termo é evento multifatorial, no qual estão envolvidas a liberação: - de citocinas inflamatórias (interleucina 1, 6 e 8, fator de necrose tumoral), - hormônios hipotalâmicos e adrenais (ocitocina, cortisol e hormônio liberador de corticotropina), - produção de estrógenos placentários, - liberação de prostaglandinas - e proteases - e formação de trombina. ● Estes eventos parecem ser resultado de um dos quatro processos patológicos: - ativação prematura do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal materno e fetal; - inflamação/infecção; - hemorragia decidual - e distensão uterina patológica. ● O parto prematuro, visto de forma isolada, tem como um grande fator causal a rotura precoce de membranas ovulares, mas, na maior parte dos casos, não é possível identificar um fator desencadeante. 1. Sobredistensão uterina, que ocorre, por exemplo ● na polidramnia Polidrâmnio é líquido amniótico excessivo; ele está associado a complicações maternas e fetais ● e na gestação gemelar ● ou quando há miomas ● ou malformações uterinas, como hipoplasia e defeitos de fusão; 2. Rotura prematura de membranas ovulares (RPMO), também denominada amniorrexe prematura, que pode ser primária ou secundária (a infecções, principalmente); 3. Gestação de alto risco, que pode levar ao parto prematuro por dois mecanismos: ● 1) as alterações endócrinas podem levar ao aumento da contratilidade uterina; ● 2) devido às complicações maternas e/ou sofrimento fetal, o parto prematuro deve ser indicado; 4. Hemorragias da 2ª metade da gestação, principalmente ● placenta prévia ● e descolamento prematuro de placenta (DPP); 5. Incompetência istmocervical, que se caracteriza pelo encurtamento e dilatação do colo cervical antes do fim da gestação, sendo a origem de abortos tardios e partos prematuros; 6. Infecções, que além de ● elevarem a cinética uterina, ● podem causar corioamnionite (Infecção intra-amniótica é infecção do córion, âmnio, líquido amniótico, placenta ou uma combinação. A infecção aumenta o risco de complicações obstétricas e problemas no feto e neonatal) responsável por desencadear o óbito fetal ou RPMO; 7. Iatrogenia, havendo a ● interrupção da gestação motivada por patologias maternas ou fetais ● ou por conta de cesariana eletiva com idade gestacional erroneamente calculada. FATORES DE RISCO ● Os fatores de risco para prematuridade são muito semelhantes aos fatores de risco para RPMO e podem ser assim resumidos: 1. A história de parto prematuro anterior ● é o fator de risco mais significativo para um novo evento. - um parto pré- -termo anterior (< 35 semanas) têm risco de recorrência de 16%; - 41% com dois partos pré-termo; - e 67% quando tiveram três partos pré-termo. 2. Fatores anatômicos, ● tanto uterinos quanto cervicais, como - a miomatose uterina (com miomas múltiplos ou volumosos) - e o colo curto (<25 mm); 3. Gestação múltipla; 4. Polidramnia; 5. Infecções sistêmicas e doenças sexualmente transmissíveis; ● Os principais micro-organismos associados à prematuridade são: - E. Coli, Streptococcus do grupo B, - Chlamydia trachomatis, - Trichomonas sp., - Bacteroides sp., - Gardnerella vaginalis, - Ureaplasma urealyticum, - Peptostreptococcus sp., - Neisseria gonorrheae e - Mycoplasma hominis. 6. Drogas (tabaco, cocaína, álcool); 7. Estresse e ansiedade ● fatores estressores podem desencadear alterações hormonais, entre elas a liberação de ocitocina pela hipófise posterior, o que culmina nas contrações uterinas. COMPLEMENTO: ● CAUSA - Com frequência, as causas do nascimento prematuro são desconhecidas. Contudo, há muitos fatores de risco conhecidos para o nascimento prematuro. - maior de ter um nascimento prematuro: ✓ Adolescentes ✓ mulheres mais velhas, ✓ mulheres de menor nível socioeconômico, ✓ mulheres com menor educação formal - Fatores de risco de uma gravidez anterior: ✓ Histórico de nascimento prematuro ✓ Histórico de gravidez múltipla ✓ Histórico de abortos induzidos ou abortos espontâneos - Fatores de risco antes da gravidez ou durante a gestação: ✓ Concepção por meio de uma técnica de reprodução assistida (por exemplo, fertilização in vitro), sobretudo quando essa gravidez for de múltiplos fetos (gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos) ✓ Múltiplos fetos concebidos naturalmente ✓ Pouco ou nenhum cuidado pré-natal ✓ Tabagismo ✓ Infecções durante a gestação sem tratamento, como infecções do trato urinário, doenças sexualmente transmissíveis ou infecção do útero (infecção intra-amniótica) ✓ Histórico de cirurgia no colo do útero e/ou fraqueza do colo do útero (insuficiência cervical) ✓ Doença do coração ✓ Hipertensão arterial ✓ Doença renal ✓ Diabetes ✓ Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia ✓ Separação prematura da placenta (ruptura prematura da placenta) ✓ Ruptura prematura da placenta - Contudo, a maioria das mulheres que dá à luz a um recém-nascido prematuro não tem nenhum fator de risco conhecido. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO ● Sabe-se que a atividade uterina, avaliada pela palpação abdominal ou tocografia externa, segue um determinado padrão de acordo com a idade gestacional. As contrações de Braxton-Hicks, (ou "contrações falsas", são aquelas que normalmente surgem após o 2ª trimestre e que são mais fracas que as contrações do parto, que surgem mais para o final da gestação) consideradas fisiológicas, têm sua frequência aumentada com o evoluir da gestação. - Entre 28 a 32 semanas, possuem uma frequência de aproximadamente duas a cada hora - e entre 33 a 36 semanas de até três contrações por hora. - No trabalho de parto prematuro, a atividade uterina encontra-se precocemente aumentada, causando dor, persistindo por no mínimo uma hora, mesmo com a grávida em repouso e submetida à sedação. ● Podemos caracterizá-lo da seguinte forma: 1. AMEAÇA DE TRABALHO DE PARTO PREMATURO - Atividade uterina aumentada, - apagamento parcial ou total do colo, - dilatação ausente ou discreta. 2. TRABALHO DE PARTO PREMATURO FRANCO Segundo a American College of Obstetricians and Gynecologists (2002), define-se trabalho de parto prematuro pela presença de: - Quatro contrações em 20 minutos, ou oito em 60 minutos associadas à alteração do colo do útero E - Dilatação cervical maior que 2 cm OU Apagamento cervical maior ou igual a 80% - RPMO: visualização de líquido amniótico ao exame especularassociada ao teste da cristalização ou da nitrazina. cristalização consiste em assentar a secreção vaginal sobre uma lâmina. Em caso de perda de líquido amniótico, visualiza-se desenhos na conformação de folhas de samambaia. Já o teste da nitrazina consiste na verificação do pH da secreção vaginal. O líquido amniótico possui caráter básico e sua presença é confirmada com o papel de nitrazina tornando-se azul. MARCADORES DE PARTO PREMATURO ● Alguns exames complementares vêm sendo sugeridos como preditores de trabalho de parto. ● Entretanto, apresentam elevadas taxas de resultados falso-positivos. ● Não representam opção viável para uso rotineiro até o momento, devido aos elevados custos e ausência de medidas efetivas a serem oferecidas às pacientes com marcadores alterados, que pudessem alterar o prognóstico desta gestação. 1. Ultrassonografia ● para avaliação do comprimento do colo uterino: utilizada como ferramenta de predição de parto pré-termo em duas situações: - para mulheres sintomáticas com ameaça de parto prematuro - e para mulheres assintomáticas com alto risco para parto pre-maturo. ● Não está indicada em mulheres de baixo risco com gestação uni ou multifetal, apesar de alguns autores recomendarem seu uso universal entre 20 e 24 semanas. ● Em mulheres de alto risco para prematuridade, a distância menor que 25 mm (percentil 10) entre o orifício interno e o externo, entre 18 e 24 semanas de gestação, parece ser um marcador de risco de parto antes de 35 semanas, sendo, inclusive recomendada a circlagem por alguns autores nesta situação. ● A maior contribuição do exame parece ser seu valor preditivo negativo em mulheres sintomáticas, sendo que um valor maior que 30 mm exclui o trabalho de parto pré-termo em mulheres apresentando contrações e define um falso trabalho de parto. ● A ultrassonografia transabdominal não deve ser utilizada para avaliação do comprimento cervical. 2. Dosagem de fibronectina fetal na secreção cervicovaginal: ● as fibronectinas são um grupo único de glicoproteínas encontradas no plasma e no fluido extracelular. Acredita-se que a fibronectina seja a “cola” do trofoblasto, promovendo a adesão celular na interface uteroplacentária e membrana fetal-decídua. ● É liberada pela matriz extracelular nas secreções cervicovaginais quando ocorre rotura destas interfaces, o que justifica sua medição como marcador preditivo de trabalho de parto pré-termo. ● Preconiza-se sua coleta de fundo de saco posterior, em mulheres de alto risco para parto prematuro (sintomáticas), com membranas íntegras, dilatação menor de 3 cm e idade gestacional entre 24 e 35 semanas. ● Em condições normais, sua concentração na secreção cervicovaginal é muito baixa. ● Uma concentração maior que 50 ng/ml está associada a parto em sete dias em 30% dos casos e parto em duas semanas em 41%. ● Devemos salientar, entretanto, que o maior valor deste teste está no seu elevado valor preditivo negativo em mulheres sintomáticas. ● Pode apresentar resultados falso-positivos na presença de: - sangramento, - líquido amniótico - e atividade sexual - ou exame vaginal nas 24 horas precedentes à coleta do material. Resultado falso-negativo pode ocorrer no uso de lubrificantes vaginais. 3. Outros marcadores: ● diversas outras substâncias vêm sendo estudadas como possíveis preditores do parto prematuro, entre elas: - o hormônio liberador de corticotropina, - estriol salivar, - estradiol, - citocinas inflamatórias (interleucina-6 e fator de necrose tumoral), - AFP e HCG, - fosfatase alcalina, - metaloproteinase-8 - e fator estimulador de colônia de granulócito. PROGNÓSTICO ● O parto pré-termo é responsável por - 75% da mortalidade neonatal e - 50% das lesões neurológicas em crianças. ● Sua prevenção representa tarefa das mais importantes em Obstetrícia. ● O parto prematuro associa-se à maior susceptibilidade aos - tocotraumatismos ( trauma sofrido pelo feto na ocasião do parto) - e anóxia, podendo haver graves lesões cerebrais. ● A apresentação pélvica, o prolapso de cordão e o parto precipitado agravam a anóxia. ● A prematuridade pode se associar a sequelas tardias, como - retardo do crescimento, - disfunções auditivas e visuais, - maior chance de óbito no primeiro ano de vida - e complicações imediatas como ■ hiperbilirrubinemia, ■ persistência do canal arterial, ■ enterocolite necrosante, ■ fibroplasia retrocristaliniana, ■ hemorragia intracraniana, ■ anemia, ■ hipoglicemia, ■ leucomalácia periventricular ■ e doença de Síndrome de Angústia Respiratória (SAR), que é a principal causa de morte do RN pré-termo. SÍNDROME DE ANGÚSTIA RESPIRATÓRIO Para entender a SAR, são necessárias algumas explicações: ● As paredes alveolares do pulmão fetal são revestidas por dois tipos de células epiteliais: os pneumócitos tipo I e II. - Os pneumócitos I situam-se próximos às paredes capilares, apre- sentam citoplasma reduzido e são desprovidos de atividade secretora. - Os do tipo II sintetizam e armazenam o surfactante pulmonar. ● SURFACTANTE: Esta substância é responsável pela estabilidade alveolar, pois reduz a tensão superficial na interface ar/alvéolo, diminuindo a pressão necessária para a sua expansão e impedindo o seu colabamento. A) Parede alveolar sem ação surfactante: colabamento devido instabilidade da interface ar/alvéolo; B) Parede alveolar com ação surfactante: estabilidade, facilitando a expansão alveolar. ● Sabe-se que a lecitina é o principal fosfolipídio de ação surfactante no pneumócito pulmonar, sendo assim responsável pela maturação pulmonar. - Até aproximadamente 35 semanas de gestação, há predomínio da produção de lecitina por reação de metilação, sendo instável como complexo surfactante. - Após esse período, passa a ser produzida predominantemente pela via CDF-colina, tornando-se muito mais estável. - Portanto, como nos prematuros há predomínio da produção pela primeira via, há maior predisposição à SAR. ● Essa síndrome é caracterizada por - respiração laboriosa (trabalhosa) do RN, - taquipneia, - com tiragem intercostal ou esternal, - batimento de asa do nariz, - gemência, - acidose metabólica - e respiratória, cianose e estertores. ● O RN normalmente é tratado com a administração de surfactante exógeno, obtendo melhora significativa na maioria dos casos. ● Em alguns casos, pode haver desenvolvimento da chamada Doença da Membrana Hialina, pelo depósito de fibrina nos alvéolos. ● Podemos perceber que a maior parte das complicações referentes à prematuridade está ligada à imaturidade fetal. Dessa forma, é interessante que possamos predizer, em alguns casos, a maturidade fetal. Para esse fim, pode-se lançar mão (FAZER) da amniocentese e, através da amostra do líquido amniótico, realizar os seguintes exames: - Dosagem de creatinina: avalia a maturidade renal, sendo tanto maior quanto mais avançada a gestação; valores maiores ou iguais a 2 mg% falam a favor de concepto maduro. - Percentual de células fetais maduras: avaliação da maturidade epidérmica através da coloração pelo azul do Nilo; a presença de células anucleadas e de coloração alaranjada acima de 10% fala a favor de maturidade. - Teste de Clements: mistura-se etanol à amostra de líquido amniótico; a visualização de borbulhas estáveis após agitação fala a favor da presença significativa de lecitina produzida pela via CDF-colina. - Relação Lecitina / Esfingomielina: se maior ou igual a 2,0 há provável maturidade pulmonar. - Dosagem de Fosfatidilglicerol: quando a dosagem deste elemento do surfactante pulmonar se encontra maior ou igual a 0,3, sugere maturidade pulmonar. Na prática diária estes exames não são realiza- dos rotineiramente no Brasil, sendo geralmente reservados para protocolos de instituições de pesquisa. CONDUTA/PREVENÇÃO ● A prevenção primária do trabalho de parto prematuro consiste na eliminação ou redução de fatores de risco para a prematuridade. Entre eles podemos citar: - o acompanhamento rigoroso do pré-natal em: ■ mulheres com história de parto prematuro anterior, ■ com fatoresde risco ■ e com gestação gemelar, - orientação sobre os sinais e sintomas de trabalho de parto prematuro, - rastreamento e tratamento de infecções e controle da polidramnia pelo esvaziamento por amniocentese ou pelo uso de anti-inflamatórios. ● Outros que merecem algumas explicações: 1. Diminuição da atividade física: ● Apesar de o repouso ser amplamente recomendado, a associação entre atividade física e parto prematuro não é bem estabelecida. Uma revisão da Cochrane periodicamente atualizada não encontrou evidências a favor ou contra a prescrição de repouso no leito (hospitalar ou domiciliar) na diminuição das taxas de parto prematuro em mulheres de alto risco. ● Este tópico deve ser discutido com a família, levando-se em consideração as repercussões familiares, custo e possíveis complicações (acidentes tromboembólicos). Da mesma forma, o repouso no leito NÃO deve ser recomendado rotineiramente em mulheres grávidas de gêmeos. 2. Tratamento da Vaginose Bacteriana: ● Rezende (2013) indica o tratamento de mulheres com vaginose bacteriana com antecedente de parto pré-termo ou abortamento tardio, mesmo que assintomáticas, de preferência antes de 16 semanas de gravidez. ● Desta forma, recomenda o rastreamento precoce no pré-natal em pacientes de risco. ● Recomenda a clindamicina ● Revisão Cochrane não sugere evidência de benefício com esta estratégia. 3. Circlagem (cerclage ou cerclagem). ● É um procedimento utilizado para correção de incompetência istmocervical (IIC) em pacientes com alto risco de parto prematuro. ● A IIC ocorre quando o útero não consegue manter o feto em seu interior até o termo, quer seja por: - falha estrutural, - anatômica - ou funcional do colo uterino. ● As maiores causas são: - alterações congênitas, como malformações uterinas e adquiridas, decorrentes de tumores e cirurgias (conização e traumas obstétricos). ● DIAGNÓSTICO - O diagnóstico de IIC pode ser alcançado pela história clínica típica de perda fetal (geralmente neomortalidade) no segundo trimestre de gravidez, de forma indolor, com pouca ou nenhuma contração uterina. A rotura das membranas acontece na maioria dos casos no momento da expulsão fetal. Tende a se repetir em gestações subsequentes, geralmente evoluindo para perdas com idade gestacional mais precoce quanto maior o número de gestações. - A avaliação ultrassonográfica - comprimento cervical menor que 20 mm, a presença de dila- tação do orifício interno ou imagem em funil no orifício interno do colo medindo pelo menos 16 mm após 16 semanas de gestação são outros importantes dados sugestivos do diagnóstico. - O diagnóstico fora do período gestacional é sugerido pela história obstétrica associada à histerossalpingografia (espessura do canal cer- vical maior que 8 mm), avaliação do orifício interno pelo uso de velas de Hegar (que comprova a incompetência quando permite a passagem de vela número 8 - 8mm) e histeroscopia. - Afirma-se que nenhum exame fora do período gestacional é capaz de predizer a IIC em uma gestação futura. ● Nos casos de IIC, está indicada a circlagem eletiva (sutura do orifício interno do colo uterino) que deve ser realizada preferencialmente entre 12 e 16 semanas, quando indicada pela história clínica da paciente. Pode ser realizada excepcionalmente fora deste período (entre 16 e 24 semanas) quando detectadas alterações cervicais ou ultrassonográficas (circlagem de emergência). ● Deve ser evitada em: - períodos precoces da gestação, devido ao maior risco de abortamento no primeiro trimestre, - e em períodos posteriores devido ao maior risco de rotura iatrogênica de membranas ovulares. ● INDICAÇÃO - alguns autores a recomendam quando o ■ comprimento cervical for menor que 25 mm ■ em gestantes com idade gestacional entre 14 e 24 semanas, ■ que apresentam história de parto prematuro anterior e/ou abortamento de segundo trimestre espontâneo (Rezende 2013). - Esta conduta não é consensual. ● NÃO INDICAÇÃO - A circlagem não está indicada também em mulheres com história de parto pré-termo sem evidência ultrassonográfica de colo curto na gestação em curso. ● QUAL É A TÉCNICA CIRÚRGICA IDEAL PARA CORREÇÃO DA IIC? - A técnica mais utilizada é a cirurgia de McDonald (sutura em bolsa de tabaco com fio não absorvível). (também citada como MacDonald por alguns autores) - consiste na sutura em bolsa, no colo uterino, imediatamente abaixo da reflexão anterior da bexiga, utilizando-se fios inabsorvíveis espessos (polipropileno número 1 ou 2). - Alguns autores recomendam a administração de uterolíticos (no trabalho de parto prematuro é prolongar suficientemente a gestação) antes e depois do procedimento, por no mínimo 12 horas (especialmente nos procedimentos não eletivos), enquanto outros afirmam não haver evidências que suportem seu uso rotineiro. - Outras medidas recomendadas são a remoção dos pontos com 37 semanas, em casos de RPMO, na presença de sinais de infecção ovular ou com contrações que não respondam a uterolíticos. - Recomenda-se o repouso por 2 a 5 dias após o procedimento e abstinência sexual por uma semana. ● QUAIS SÃO AS CONTRAINDICAÇÕES À CIRCLAGEM? - Dilatação do colo maior que 4 cm; - malformações fetais; - infecção cervical ou vaginal purulenta; - RPMO; - atividade uterina; - membranas protusas (contraindicaçãrela- tiva pelo risco de amniotomia durante o procedimento); - idade gestacional maior que 24 semanas; - sofrimento fetal; - morte fetal. 4. Suplementação com progestágenos: ● a suplementação hormonal com progesterona, na forma de: - supositórios vaginais diários na dose de 100 a 200 mg por noite entre 20 e 34 semanas - ou injeções intramusculares semanais, ● a partir do segundo trimestre até 34 semanas de gravidez, tem mostrado redução nas taxas de parto prematuro em pacientes com história de parto prematuro anterior ● Outra indicação é o uso da progesterona vaginal em pacientes com colo curto (< 15 ou 20 mm) na ultrassonografia entre 20 e 24 semanas, mesmo que estejam assintomáticas e independente de fatores de risco presentes. ● Ainda não há evidências definitivas diminuição das taxas de parto prematuro em mulheres com gestação múltipla, em trabalho de parto ou com outros fatores de risco. ● A Tabela a seguir apresenta um resumo de diversas condutas já estudadas na prevenção do trabalho de parto prematuro: INIBIÇÃO DO TRABALHO DE PARTO ● Devemos considerar a inibição do trabalho de parto quando é possível realizar medidas que melhorem o resultado neonatal. Isto ocorre entre 24 e 34 semanas, - já que antes de 24 semanas o prognóstico da gestação é muito ruim - e após 34 semanas a prematuridade possui uma influência pequena na sobrevida neonatal. 1. Hidratação venosa 2. Antibióticos 3. A tocólise é o recurso disponível para tentar adiar o parto, onde se torna possível a realização de corticoterapia, prevenindo complicações comuns da prematuridade. ● Betamiméticos - Salbutamol - Ritodrina - Terbutalina ● Inibidores da síntese de prostaglandinas ● Bloqueadores de canais de cálcio ● Sulfato de Magnésio ● Antagonistas da ocitocina 4. Corticoterapia 5. Neuroproteção por sulfato de magnésio ASSISTÊNCIA AO PARTO ● O trabalho de parto deve ser assistido, sem tentativa de inibição, quando: - não há benefício em prolongar a gestação (antes de 24 semanas ou após 34 semanas), - quando há contraindicação à tocólise - e quando há falha da tocólise. ● Uma vez não havendo mais indicação da tocólise ou não se conseguindo sucesso com ela, deve-se levar em consideração a - idade gestacional, - integridade das membranas, - peso estimado - e apresentação fetal, - assim como vitalidade fetal, - condições cervicais - e condições de assistência neonatal a fim de determinar o melhor momento e via de interrupção da gravidez. ● O risco de asfixia neonatal e traumatismo fetal são consideravelmente maiores nestas gestações, implicando necessidade de monitoração rigorosa. I. Avaliação da vitalidade fetal ● A avaliação da vitalidade fetal deve ser realizada de forma rigorosa, sendo recomendadapor alguns autores sua monitorização contínua. II. Via de parto ● Não se justifica a indicação de cesariana em fetos prematuros em apresentação cefálica. ● A hemorragia intracraniana em fetos nascidos de cesariana parece ter as mesmas prevalências do que nos nascidos de parto vaginal. ● A cesariana parece beneficiar os fetos com - peso estimado entre 750 e 2.000 g em apresentação pélvica. III. Episiotomia e amniotomia ● Alguns autores recomendam a episiotomia ampla como medida de proteção à cabeça fetal, mas isto não é consenso. ● A amniotomia deve ser evitada, mantendo-se as membranas íntegras pelo maior tempo possível. IV. Fórcipe e vácuo-extrator ● O fórcipe profilático não deve ser utilizado rotineiramente e o vacuoextrator está contraindicado por apresentar riscos de hemorragia intracraniana. RASTREIO E PROFILAXIA PARA INFECÇÃO POR STREPTOCOCCUS DO GRUPO B (GBS) ● o Streptococcus do tipo B (ou agalactiae) é um diplococo anaeróbico gram (+) que pode ser encontrado na vagina de 15 a 35% das gestantes e, devido à seriedade e prevalência da infecção neonatal por este agente, o CDC (Centers for Disease Control) vem recomendando a profilaxia antibiótica durante a gestação para todas as gestantes com fatores de risco para infecção ou para aquelas com cultura positiva. ● O que isso tem a ver com parto pré-termo? Um dos fatores de risco que devem ser considerados para a realização da antibioticoprofilaxia no parto é a - presença de RPMO - e trabalho de parto prematuro ● Atualmente, recomenda-se que TODAS as gestantes com idade gestacional de 35-37 semanas sejam rastreadas através da coleta de swab vaginal (introito vaginal) e retal (aproximadamente 10 a 30% das gestantes são colonizadas). ● As pacientes colonizadas devem receber antibiótico durante o trabalho de parto ou no momento da amniorrexe e, na indisponibilidade da cultura, recomenda-se a avaliação do risco para infecção. ● Os fatores de risco a serem considerados são: - Trabalho de parto com menos de 37 semanas. - Temperatura intraparto maior ou igual a 38o C. - Amniorrexe há mais de 18 horas. ● Gestantes com bacteriúria por GBS em qualquer fase da gravidez (mesmo após tratamento adequado ou com número de unidades formadoras de colônia menor que 105), assim como gestantes com filhos acometidos por infecção por GBS em gestação prévia devem ser submetidas à profilaxia intraparto e estão dispensadas da coleta de swab retovaginal. Um resultado de swab negativo não exclui a obrigatoriedade da realização de profilaxia nestes casos, dado o elevado risco de infecção neonatal. ● Uma vez que a contaminação se dá no canal do parto, em caso de cesariana eletiva (antes da fase ativa do parto e com bolsa íntegra) não haveria necessidade de profilaxia mesmo em pacientes colonizadas. ● As recomendações e contraindicações de profilaxia para GBS são resumidas nos Quadros e fluxograma abaixo: A profilaxia deve ser iniciada depois de diagnosticado o trabalho de parto. PRÉ-TERMO COMPLEMENTO: ● CONCEITO - Dependendo de quando ele nasça, o recém-nascido prematuro terá órgãos subdesenvolvidos que podem não estar prontos para funcionar fora do útero. ● SINTOMAS - Recém-nascidos prematuros em geral pesam menos de 2,5 quilogramas, e alguns chegam a pesar até mesmo 0,5 quilograma. - Os sintomas com frequência dependem da imaturidade de diversos órgãos. - Geralmente, os recém-nascidos extremamente prematuros precisam ficar por mais tempo na unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) do hospital até que seus órgãos consigam funcionar bem por si próprios. - Por outro lado, é possível que um recém-nascido prematuro tardio tenha apenas alguns ou até mesmo nenhum sistema orgânico que precise de tempo para amadurecer. - É possível que o recém-nascido prematuro tardio (Nasceu entre a 34ª e a 37ª semana de gestação) fique no hospital até conseguir regular a temperatura corporal e o nível de açúcar (glicose) no sangue, comer bem e ganhar peso. - o sistema imunológico de todos os recém-nascidos prematuros está subdesenvolvido e, portanto, os recém-nascidos prematuros são suscetíveis a infecções. ● COMPLICAÇÕES - A maioria das complicações da prematuridade é causada por órgãos e sistemas orgânicos que ainda não se desenvolveram ou amadureceram totalmente. - O risco de complicações aumenta de acordo com o grau de prematuridade. E depende, em parte, da presença de determinadas causas de prematuridade, como infecção, diabetes, hipertensão arterial ou pré-eclâmpsia. 1. Subdesenvolvimento do cérebro - Diversos problemas surgem quando um bebê nasce antes de o cérebro estar plenamente desenvolvido. Esses problemas incluem: ✓ Respiração inconsistente: A região do cérebro que controla a respiração regular pode estar tão imatura que os recém-nascidos prematuros têm uma respiração inconsistente, com pausas curtas na respiração ou períodos em que a respiração cessa completamente por 20 segundos ou mais (apneia da prematuridade). ✓ Dificuldade em coordenar a alimentação e a respiração: As partes do cérebro que controlam os reflexos que envolvem a boca e a garganta são imaturas. Por isso, é possível que os recém-nascidos prematuros não consigam sugar e engolir normalmente, o que resulta em dificuldade em coordenar a alimentação com a respiração. ✓ Sangramento (hemorragia) no cérebro: 2. Subdesenvolvimento do aparelho digestivo e fígado - A presença de subdesenvolvimento do aparelho digestivo e do fígado pode causar vários problemas, incluindo: ✓ Episódios frequentes de regurgitação: pode ter, de início, dificuldade com a alimentação. Ele não apenas tem reflexos de sucção e deglutição imaturos, como também seu estômago pequeno se esvazia lentamente, o que pode dar origem a episódios frequentes de regurgitação (refluxo). ✓ Episódios frequentes de não tolerar a alimentação: O intestino do recém-nascido prematuro se movimenta muito lentamente e, com frequência, prematuro tem dificuldade em defecar. Devido à movimentação lenta do trato intestinal, o bebê prematuro não consegue digerir facilmente leite materno ou fórmula láctea que são dados a ele. ✓ Danos intestinais: Recém-nascidos muito prematuros podem desenvolver um quadro clínico sério, no qual uma parte do intestino fica gravemente lesionada e pode causar infecção (enterocolite necrosante). ✓ Hiperbilirrubinemia: tende a apresentar hiperbilirrubinemia. No caso de hiperbilirrubinemia o fígado do recém-nascidos demora a eliminar a bilirrubina (o pigmento biliar amarelo que resulta da decomposição normal de glóbulos vermelhos) do sangue. Assim, o pigmento amarelo se acumula, o que dá à pele e às partes brancas dos olhos uma tonalidade amarelada (icterícia). O recém-nascido prematuro tende a apresentar icterícia nos primeiros dias de vida. Em geral, a icterícia é leve e melhora à medida que o recém-nascido consome quantidades maiores durante as refeições e evacua com maior frequência (a bilirrubina é removida por meio da evacuação, o que faz com que, de início, as fezes tenham uma coloração amarelo claro). Em casos raros, níveis elevados de bilirrubina se acumulam e colocam o recém-nascido sob risco de desenvolver querníctero. (O querníctero é uma forma de lesão cerebral causada por depósitos de bilirrubina no cérebro.) 3. Subdesenvolvimento do sistema imunológico - O bebê que nasce muito prematuramente apresenta níveis baixos de anticorpos, que são proteínas do sangue que ajudam a proteger contra infecções. - Os anticorpos da mãe atravessam a placenta no final da gestação e ajudam a proteger o recém-nascido contra infecção quando nasce. Os recém-nascidos prematuros têm uma quantidade menor dos anticorpos protetores da mãe e, portanto, correm um risco maior de ter infecções, sobretudo infecção sanguínea (sepse do recém-nascido) ou dos tecidos ao redor do cérebro (meningite). - O uso de dispositivos invasivos no tratamento, como cateteres nos vasos sanguíneos e tubos para respiração (tubos endotraqueais), aumenta ainda mais o risco de desenvolvimento de infecções bacterianas sérias. 4.Subdesenvolvimento dos rins - Antes do nascimento, os resíduos produzidos pelo feto são removidos pela placenta e excretados pelos rins da mãe. - Depois do parto, os rins do recém-nascido precisam assumir essas funções. A função renal é reduzida em recém-nascidos muito prematuros, mas melhora à medida que os rins amadurecem. O recém-nascido com rins subdesenvolvidos pode ter dificuldade em regular tanto a quantidade de sais e outros eletrólitos como a quantidade de água no organismo. - Problemas renais podem provocar insuficiência de crescimento e um acúmulo de ácido no sangue (acidose metabólica). 5. Subdesenvolvimento dos pulmões - Os pulmões de recém-nascidos prematuros podem não ter tido tempo suficiente para se desenvolver plenamente antes do nascimento. - A formação dos alvéolos, ou seja, os sacos minúsculos que absorvem oxigênio do ar e removem o dióxido de carbono do sangue, não ocorre antes de aproximadamente o começo do terceiro trimestre da gravidez. - Além desse desenvolvimento estrutural, os tecidos dos pulmões precisam fabricar uma substância gordurosa denominada surfactante. O surfactante reveste a parte interna dos alvéolos e permite que eles permaneçam abertos durante o ciclo respiratório, o que facilita a respiração. Sem esse surfactante, os alvéolos tendem colapsar no final de cada respiração, o que torna o ato de respirar muito difícil - os pulmões não começam a produzir o surfactante até aproximadamente a 32ª semana de gestação e a produção geralmente não é adequada até entre a 34ª e a 36ª semana. - O significado desses fatores é que o bebê que nasce prematuramente corre o risco de ter problemas de respiração, incluindo a síndrome da angústia respiratória (SAR). É possível que precise da assistência de um ventilador (um aparelho que ajuda a soprar e a retirar o ar dos pulmões) para respirar. - Não existe um tratamento para fazer com que a estrutura pulmonar amadureça com mais rapidez, porém, com nutrição adequada, os pulmões continuam a amadurecer com o passar do tempo. OBS: Há duas abordagens que aumentam a quantidade de surfactante e reduzem a probabilidade e a gravidade da angústia respiratória: ✓ Antes do nascimento: Medicamentos corticosteroides, como a betametasona, aumentam a produção de surfactante no feto e são administrados à mãe por injeção quando se prevê a ocorrência de um parto prematuro, geralmente entre 24 e 48 horas antes do parto. ✓ Após o nascimento: É possível que o médico administre o surfactante diretamente na traqueia do recém-nascido. - A displasia broncopulmonar (DBP) é um distúrbio pulmonar crônico que pode ocorrer em recém-nascidos prematuros, especialmente em bebês menos maduros. A maioria dos bebês que tem DBP já teve uma síndrome da angústia respiratória e precisou de tratamento com um ventilador. Na DBP, ocorre o desenvolvimento de tecido cicatricial nos pulmões e o bebê precisa de ajuda contínua para respirar, às vezes, com um ventilador. Na maioria dos casos, o bebê se recupera da doença muito lentamente. 6. Subdesenvolvimento dos olhos - A retina é o tecido sensível à luz localizado no fundo do olho - é alimentada por vasos sanguíneos que se encontram na sua superfície. Os vasos sanguíneos crescem a partir do centro até as margens da retina durante a gestação e não terminam de crescer até a gestação estar quase a termo. No caso de bebês prematuros, especialmente os bebês menos maduros, é possível que os vasos sanguíneos parem de crescer e/ou cresçam de maneira anômala. Os vasos anômalos podem sangrar ou criar tecido cicatricial que pode repuxar a retina - retinopatia da prematuridade e ocorre após o nascimento. - Nos casos mais graves, a retina se descola do fundo do olho e causa cegueira. - Bebês prematuros, especialmente os que nascem antes de 31 semanas de idade gestacional, costumam receber exames oculares periódicos para que o médico possa tentar detectar algum desenvolvimento anômalo dos vasos sanguíneos. - Se houver um risco elevado de ocorrer o descolamento da retina, é possível que o médico utilize tratamento a laser ou administre um medicamento denominado bevacizumabe - O recém-nascido prematuro também corre um risco maior de apresentar outros problemas oculares, como miopia, desalinhamento dos olhos (estrabismo) ou ambos. 7. Dificuldade em regular os níveis de glicose no sangue - Os prematuros têm dificuldade em se alimentar e manter níveis normais de açúcar (glicose) no sangue, muitas vezes eles são tratados com soluções de glicose administradas pela veia (por via intravenosa) ou administradas por meio de doses orais pequenas e frequentes. - Caso não seja alimentado em intervalos regulares, o recém-nascido prematuro pode apresentar níveis baixos de glicose no sangue (hipoglicemia). - A maioria dos recém-nascidos com hipoglicemia não apresenta sintomas. Outros recém-nascidos apresentam letargia, tônus muscular deficiente, má alimentação ou apresentam tremores. Em casos raros, eles apresentam convulsões. - Além disso, o recém-nascido prematuro tende a apresentar níveis de glicose no sangue elevados (hiperglicemia) caso ele tenha uma infecção ou sangramento no cérebro ou receba um excesso de glicose por via intravenosa. Contudo, a hiperglicemia raramente causa sintomas e pode ser controlada ao limitar a quantidade de glicose administrada ao recém-nascido ou por meio da utilização de insulina por um curto período de tempo. 8. Problemas cardíacos - Um problema comum entre os bebês menos maduros é o duto arterioso patente (PDA). O canal arterial é um vaso sanguíneo no feto que conecta as duas artérias grandes que saem do coração, denominadas artéria pulmonar e aorta (Circulação fetal normal). No bebê a termo, a parede muscular do canal arterial fecha o vaso sanguíneo durante as primeiras horas ou dias de vida. Entretanto, no caso de bebês prematuros, o vaso sanguíneo pode permanecer aberto, o que resulta em um excesso de fluxo sanguíneo através dos pulmões, o que exige que o coração trabalhe mais. Na maioria dos bebês prematuros, a PCA acaba se fechando espontaneamente, porém, às vezes são administrados medicamentos para ajudar a PCA a se fechar mais rapidamente. Em alguns casos, é realizado um procedimento cirúrgico para fechar a PCA. 9. Dificuldade em regular a temperatura corporal - Uma vez que a superfície cutânea de recém-nascidos prematuros é grande em relação ao peso comparativamente aos recém-nascidos a termo, eles tendem a perder calor rapidamente e ter dificuldade em manter uma temperatura corporal normal. - Se o bebê não for mantido aquecido, há uma queda na temperatura corporal (hipotermia). O recém-nascido que tem hipotermia não ganha peso adequadamente e pode ter várias outras complicações. - Para prevenir a ocorrência de hipotermia, os bebês prematuros são mantidos aquecidos em uma incubadora ou em um berço com aquecedor irradiante (Unidade de terapia intensiva neonatal - UTIN). ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES (RPMO) DEFINIÇÃO ● RPMO - rotura prematura de membrana ovulares (ou amniorrexe pre-matura ou rupreme, ou rotura da bolsa das águas) é definida como rotura espontânea das membranas amnióticas e coriônica antes do início do trabalho de parto independente da idade gestacional. ● As membranas e o líquido amniótico funcionam como uma barreira protetora, que gera um ambiente estéril fundamental para: - a proteção, - crescimento - e desenvolvimento do feto ● Além disso, a cavidade amniótica propicia um ambiente correto para correta formação dos pulmões fetais. ● A rotura das membranas é dita pré-termo (RPPMO) quando ocorre antes de 37 semanas de gestação; - precoce quando se dá no início do trabalho de parto; - oportuna quando ocorre ao final do período de dilatação; - e tardia quando ocorre concomitante à expulsão fetal, que ao nascer envolto pelas membranas é designado como “empelicado”. ● Ocorre em cerca de 10% do total dos nascimentos - 8% das gestações a termo, - 3% das pré-termo - e menos de 1% no segundo trimestre de gestação. ● Apesar destes números, seu impactoé significativo na morbidade e mortalidade pré-natal. ETIOLOGIA ● A RPMO é uma importante causa de prematuridade, sendo responsável por até 40% dos casos. Assim, praticamente todos os fatores mencionados na fisiopatologia da prematuridade também podem ser considerados aqui. ● Em relação a RPMO espontânea, geralmente ela é multifatorial e envolve - fatores mecânicos, - cervicais, - imunológicos - e da estrutura da membrana. 1. iatrogênicas ● As etiologias iatrogênicas ocorrem durante procedimentos invasivos intrauterinos, como - cirurgias cervicais, - amniocentese - ou biópsia de vilosidades coriônicas. ● Em relação as etiologias espontâneas, as roturas iatrogênicas possuem melhor prognóstico, visto que em muitos casos apresentam resolução espontânea, local de rotura é menor, longe da cérvice e geralmente ocorre em membranas saudáveis. 2. infecção intrauterina ● Sabemos que uma das principais causas de RPMO é a presença de infecção intrauterina, respondendo por 50% dos casos. ● Na presença de infecção, os micro-organismos estimulam a liberação das citocinas inflamatórias, como as interleucinas (principalmente interleucina-1 e interleucina-6) e fator de necrose tumoral (FNT). - Essas substâncias, por sua vez, atraem leucócitos e macrófagos, estimulando-os a produzirem elastases que participam da degradação da matriz extracelular cervical. - Além disso, estimulam a produção de prostaglandina e/ou enzimas de degradação da matriz. ● A prostaglandina estimula as contrações uterinas, e a degradação da matriz extracelular nas membranas fetais levando ao seu rompimento. ● Ademais, as células deciduais (do endométrio), âmnio e citotrofoblasto, na presença da interleucina-1 podem sintetizar o hormônio liberador de corticotrofinas que estimula a produção de mais prostaglandinas pelas membranas e células deciduais, desencadeando aumento da contratilidade uterina. ● Em resumo, bactérias produzem enzimas proteolíticas que promovem o enfraquecimento das membranas e consequente rotura. ● Os principais agentes envolvidos nesses casos são - estreptococos do grupo B, - Gardnerella vaginalis, - Neisseria gonorrhoeae, - Escherichia coli, - Bacteroides spp. - e enterococos. 3. fatores mecânicos ● Quando acontece estiramento importante das membranas ovulares ou aumento de fatores mecânicos como contrações uterinas patológicas, ocorre a ativação de receptores de ocitocina e progesterona, através da estimulação das Gap junctions celulares, isso leva estímulo as membranas e decídua que aumenta os níveis de proteases que altera as estruturas cervicais e membranosas, levando a sua rotura. 4. incompetencia cervical ● Em relação as alterações das estruturas cervicais, sabe-se que a incompetência cervical, provoca a dilatação cervical precoce e indolor com a exteriorização das membranas no segundo trimestre da gestação, aumentando risco de rotura ou infecção das membranas. ● A síndrome de Ehlers-Danlos é um distúrbio hereditário do tecido conjuntivo. Nesses casos, ocorre vários defeitos na estrutura da síntese do colágeno. A diminuição do colágeno do cório leva ao amadurecimento das membranas e por isso pode levar a sua rotura. 5. diminuição do fosfatidilinositol ● Outro mecanismo possivelmente envolvido seria a diminuição do fosfatidilinositol nas membranas, o qual atua como lubrificante na interface entre o cório e o âmnio. Este processo leva a uma menor distensibilidade das membranas, favorecendo a rotura. 6. redução de progesterona ● Algumas literaturas apontam que distúrbios hormonais, como a redução da progesterona, também podem ser associados a RPMO. ● A progesterona promove - a quiescência uterina (bloqueio miometrial progesterônico), - sub-regula a formação de junções comunicantes, - inibe o amadurecimento do colo - e diminui a produção de quimiocinas pelas membranas ovulares (corioâmnio), o que é importante para a não ativação membrana/decidual. ● Acredita-se que a deficiência da fase lútea seja causa de RPMO. 7. tabagismo ● potencial causador da RPMO. ● Acredita-se que o seu uso esteja associado a redução da oxigenação placentária, aumento de substâncias oxidantes e fatores inflamatórios que estimulariam a degradação da membrana ovular FATORES DE RISCO ● semelhantes aos fatores de risco para prematuridade. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Em cerca de 80% dos casos, o diagnóstico da RPMO pode ser facilmente confirmado pela história clínica e exame físico. Queixa Principal: a paciente relata uma típica história de líquido claro ou amarelado escor- rendo subitamente pelas pernas. A história deve ser confirmada pelo exame especular, visto que outras causas de umidade na vagina são possí- veis, como incontinência urinária, corrimento vaginal ou sudorese. Exame físico e especular: o melhor meio de se confirmar a amniorrexe é através da observação de líquido saindo pelo colo ou acumulado em fundo de saco. Se isso não for possível, deve-se elevar a apresentação fetal pela palpação abdo- minal e realizar compressão uterina (manobra de Tarnier) ou aguardar uma contração uterina que poderá evidenciar a presença franca de lí- quido, através do exame especular. O toque vaginal pode auxiliar no diagnóstico de RPMO, especialmente nas pacientes com algum grau de dilatação do colo. Entretanto, na ausência de trabalho de parto franco, o toque vaginal deve ser evitado, pois aumen- ta consideravelmente o risco de infecção, e outros métodos menos prejudiciais podem ser utilizados com este objetivo. Detecção do pH vaginal: sabe-se que o pH va- ginal normalmente se situa entre 4,5 e 5,5; já o líquido amniótico tem pH alcalino (6,5 a 7,5). Esta diferenciação pode ser feita utilizando o Teste do Papel de Nitrazina (Figura 1). A fita é introduzida no fundo-de-saco posterior e, quando azul, significa pH maior que 6 - 6,5, sendo, portanto, confirmatório de RPMO. O pH vaginal pode ser alterado pela presença de san- gramento vaginal, sabão, sêmen, cervi- cite, vaginose e urina alcalina, compro- metendo o resultado do exame. PLACENTA PRÉVIA, DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA
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