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Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo Tutoria 4 Objetivos: • Compreender as principais vias e mecanismos de alergia • Definição do choque anafilático • Diagnostico anafilaxia e choque anafilático e Tratamento Hipersensibilidade do tipo I Hipersensibilidade imediata ou do tipo I é uma reação imunológica rápida que ocorre em um indivíduo previamente sensibilizado, e que é impulsionada pela ligação de um antígeno ao anticorpo IgE na superfície dos mastócitos. Essas reações são frequentemente chamadas de alergia e os antígenos que as induzem são os alérgenos. A hipersensibilidade imediata pode ocorrer como um distúrbio sistêmico ou como uma reação local. A reação sistêmica ocorre mais frequentemente após a injeção de um antígeno em um indivíduo sensibilizado (p. ex., por um ferrão de abelha), mas também pode ocorrer após a ingestão de antígenos (p. ex., alérgenos do amendoim). Algumas vezes, em minutos, o paciente entra em estado de choque, que pode ser fatal. As reações locais são diversas e variam dependendo da porta de entrada do alérgeno. Elas podem assumir a forma de erupções cutâneas localizadas ou bolhas (alergia cutânea, urticária), descarga nasal e conjuntival (rinite e conjuntivite alérgicas), febre do feno, asma brônquica ou gastroenterite alérgica (alergia alimentar). Muitas reações de hipersensibilidade tipo I localizadas têm duas fases bem definidas. A reação imediata caracteriza-se por vasodilatação, extravasamento vascular e, dependendo da localização, espasmo muscular liso ou secreções glandulares. Essas alterações geralmente se tornam evidentes em minutos após a exposição a um alérgeno e tendem a retroceder Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo em poucas horas. Em muitos casos (p. ex., rinite alérgica e asma brônquica), estabelece-se uma segunda reação de fase tardia, 2 a 24 horas depois sem exposição adicional ao antígeno, e que pode durar vários dias. Essa reação de fase tardia se caracteriza por infiltração dos tecidos com eosinófilos, neutrófilos, basófilos, monócitos e células T CD4+, bem como por destruição tecidual, tipicamente sob a forma de lesão celular epitelial da mucosa. A maioria das desordens por hipersensibilidade imediata é causada por respostas TH2 excessivas e essas células possuem um papel fundamental por estimular a produção de IgE e promover a inflamação. Essas desordens mediadas por TH2 apresentam uma sequência de eventos característica, descrita a seguir: Sequência de eventos na hipersensibilidade imediata (tipo I). As reações de hipersensibilidade imediata iniciam-se através da introdução de um alérgeno, que estimula as respostas de TH2 e a produção de IgE em indivíduos geneticamente suscetíveis. A IgE liga-se aos receptores Fc (FcRI) nos mastócitos, e a exposição subsequente ao alérgeno ativa os mastócitos que secretam os mediadores responsáveis pelas manifestações patológicas da hipersensibilidade imediata. (legenda da imagem). Ativação das Células TH2 e Produção do Anticorpo IgE: O primeiro passo para a geração das células TH2 é a apresentação do antígeno às células T auxiliares CD4+ naive, provavelmente por células dendríticas que capturam o antígeno do seu local de entrada. Por motivos que ainda não são compreendidos, apenas alguns antígenos ambientais geram fortes respostas TH2 e, portanto, exercem a função de alérgenos. Em resposta ao antígeno e a outros estímulos, incluindo citocinas como a IL- 4 produzida no local, as células T diferenciam-se em células TH2. As células TH2 recém-criadas produzem uma série de citocinas como consequência do encontro com um antígeno; como mencionado, as citocinas sinalizadoras desse subgrupo são a IL-4, IL-5 e IL-13. A IL-4 age nas células B estimulando a troca de classe para a IgE e promove o desenvolvimento de mais células TH2. A IL-5 está envolvida no desenvolvimento e na ativação dos eosinófilos, os quais são importantes efetores da hipersensibilidade tipo I. A IL-3 aumenta a produção de IgE e age nas células epiteliais estimulando a secreção do muco. Além disso, as células TH2 (bem como os mastócitos e as células epiteliais) produzem quimiocinas que atraem mais células TH2, bem como outros leucócitos, para o local da reação. Sensibilização e Ativação dos Mastócitos: Como os mastócitos são fundamentais para o desenvolvimento da hipersensibilidade imediata, primeiramente nós vamos rever algumas de suas características mais relevantes. Mastócitos são células derivadas da medula óssea que estão amplamente distribuídas nos tecidos. São abundantes perto dos vasos sanguíneos e nervos e em tecidos subepiteliais, o que explica porque as reações de hipersensibilidade imediata Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo locais costumam ocorrer nessas áreas. Os mastócitos têm grânulos citoplasmáticos ligados à membrana que contêm vários mediadores biologicamente ativos. Os grânulos também contêm proteoglicanas ácidas que se ligam a corantes básicos, como o azul de toluidina. Os mastócitos (e sua contraparte circulante, os basófilos) são ativados por ligação cruzada de alta afinidade a receptores Fc da IgE; além disso, os mastócitos também podem ser ativados por vários outros estímulos, como os componentes do complemento C5a e C3a (chamados anafilatoxinas porque desencadeiam reações que simulam a anafilaxia), que atuam através da ligação a receptores na membrana dos mastócitos. Outros secretagogos dos mastócitos incluem algumas quimiocinas (p. ex., IL-8), fármacos como a codeína e a morfina, adenosina, melitina (presente no veneno das abelhas) e estímulos físicos (p. ex., calor, frio, luz do sol). Os basófilos são semelhantes aos mastócitos em muitos aspectos, incluindo a presença de receptores Fc da IgE na superfície celular e grânulos citoplasmáticos. Ao contrário dos mastócitos, porém, os basófilos não estão normalmente presentes nos tecidos, mas circulam no sangue em número extremamente pequeno. Como os outros granulócitos, os basófilos podem ser recrutados para os locais de inflamação. Os mastócitos e basófilos expressam um receptor de alta afinidade, chamado FcRI, que é específico para a porção Fc da IgE e, portanto, liga-se avidamente aos anticorpos IgE. Mastócitos revestidos por IgE são ditos sensibilizados, pois são sensíveis ao encontro subsequente com o antígeno específico. Quando um mastócito carregado com anticorpos IgE previamente produzidos em resposta a um antígeno é exposto ao mesmo antígeno, a célula é ativada, resultando na liberação de um arsenal de mediadores potentes responsáveis pelos aspectos clínicos das reações de hipersensibilidade imediata. Na primeira etapa da sequência da ativação dos mastócitos, o antígeno liga-se aos anticorpos IgE previamente fixados aos mastócitos. Antígenos multivalentes ligam-se e fazem ligação cruzada com anticorpos IgE adjacentes. Os receptores Fc subjacentes são reunidos, o que ativa as vias de transdução de sinal a partir da porção citoplasmática dos receptores. Esses sinais resultam na produção dos mediadores que são responsáveis pelos sintomas iniciais, algumas vezes explosivos, da hipersensibilidade imediata e também colocam em ação os eventos que levam à reação de fase tardia. Mediadores da Hipersensibilidade Imediata: A ativação dos mastócitos leva à degranulação, com a descarga de mediadores pré-formados (primários) que estão armazenados nos grânulos, e à síntese e liberação de mediadores secundários, incluindo produtos lipídicos e citocinas. Mediadores Pré-formados: Os mediadores contidos nos grânulos dos mastócitos são os primeiros a serem liberados e podem ser divididos em três categorias: • Aminas vasoativa: A amina derivada dosmastócitos mais importante é a histamina. A histamina causa intensa contração de músculo liso e aumento da Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo permeabilidade vascular e da secreção de muco pelas glândulas nasais, brônquicas e gástricas. • Enzimas: Estão contidas na matriz dos grânulos e incluem proteases neutras (quimase, triptase) e várias hidrolases ácidas. As enzimas causam dano tecidual e levam à produção de cininas e de componentes do complemento ativados (p. ex., C3a), através da atuação sobre suas proteínas precursoras. • Proteoglicanas: Estas incluem a heparina, anticoagulante bem conhecido, e o sulfato de condroitina. As proteoglicanas servem para empacotar e armazenar as aminas nos grânulos. Mediadores Lipídicos: Os principais mediadores lipídicos são os produtos derivados do ácido araquidônico. Reações nas membranas dos mastócitos resultam na ativação da fosfolipase A2, uma enzima que converte os fosfolipídios da membrana em ácido araquidônico. Esse é o composto original a partir do qual são produzidos os leucotrienos e as prostaglandinas pelas vias da 5-lipoxigenase e ciclo- oxigenase, respectivamente. • Leucotrienos: Os leucotrienos C4 e D4 são os agentes vasoativos e espasmódicos conhecidos mais potentes. Com base na molaridade, eles são vários milhares de vezes mais ativos do que a histamina no aumento da permeabilidade vascular e na promoção da contração da musculatura lisa brônquica. O leucotrieno B4 é altamente quimiotático para neutrófilos, eosinófilos e monócitos. • Prostaglandina D2. Esse é o mediador mais abundante produzido nos mastócitos pela via da ciclo-oxigenase. Ela causa intenso broncospasmo, bem como aumento da secreção de muco. • Fator ativador de plaquetas (PAF). O PAF é um mediador lipídico produzido por algumas populações de mastócitos, mas não é derivado do ácido araquidônico. Ele causa agregação plaquetária, liberação de histamina, broncospasmo, aumento da permeabilidade vascular e vasodilatação. Seu papel nas reações de hipersensibilidade imediata não está bem estabelecido. Citocinas: Os mastócitos são fonte de muitas citocinas, as quais desempenham um papel importante em vários estágios das reações de hipersensibilidade imediata. As citocinas incluem: TNF, IL-1 e quimiocinas, que promovem o recrutamento de leucócitos (típico da reação de fase tardia); IL-4, que amplifica a resposta TH2, e muitas outras. As células inflamatórias recrutadas pelo TNF e quimiocinas derivados dos mastócitos são fontes adicionais de citocinas e fatores liberadores de histamina que causam degranulação de mastócitos adicional. Esses mediadores são responsáveis pelas manifestações das reações de hipersensibilidade imediata. Alguns, como a histamina e os leucotrienos, são liberados rapidamente a partir de mastócitos sensibilizados e são responsáveis pelas reações imediatas intensas, caracterizadas por edema, secreção de muco e espasmo da musculatura lisa; outros, exemplificados pelas citocinas, incluindo as quimiocinas, preparam o ambiente para a resposta de fase tardia recrutando Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo leucócitos adicionais. Essas células inflamatórias não somente liberam novas ondas de mediadores (incluindo citocinas), mas também causam lesão em células epiteliais. As próprias células epiteliais não são espectadoras passivas nesta reação; elas também podem produzir mediadores solúveis, como as quimiocinas. Reação de Fase Tardia Na reação de fase tardia, os leucócitos são recrutados para ampliar e sustentar a resposta inflamatória sem exposição adicional ao antígeno desencadeante. Eosinófilos geralmente são uma população de leucócitos abundante nessas reações. Eles são recrutados para locais de hipersensibilidade imediata através das quimiocinas, como a eotaxina e outras que são produzidas por células epiteliais, células TH2 e mastócitos. A IL-5 do TH2 é a citocina ativadora de eosinófilos conhecida mais potente. Como consequência da sua ativação, os eosinófilos liberam enzimas proteolíticas, bem como duas proteínas únicas chamadas proteína básica principal e proteína catiônica do eosinófilo, que danificam os tecidos. Atualmente acredita-se que a reação de fase tardia seja a principal causa dos sintomas em alguns distúrbios de hipersensibilidade tipo I, como a asma alérgica. Portanto, o tratamento dessas doenças requer o uso de medicamentos anti-inflamatórios de amplo espectro, como esteroides, em vez de medicamentos anti-histamínicos, que são benéficos na reação imediata, como a que ocorre na rinite alérgica (febre do feno). Desenvolvimento de Alergias A suscetibilidade a reações de hipersensibilidade imediata é geneticamente determinada. Uma predisposição aumentada para o desenvolvimento das reações de hipersensibilidade imediata é chamada de atopia. Os indivíduos atópicos tendem a ter níveis séricos de IgE mais elevados e mais células TH2 produtoras de IL-4 que a população geral. Uma história familiar positiva de alergia é encontrada em 50% dos indivíduos atópicos. A base da predisposição familiar não está clara, mas estudos em pacientes com asma revelam sua ligação a polimorfismos em diversos genes. Alguns desses genes estão localizados na região 5q31 do cromossomo; eles incluem genes codificadores das citocinas IL-3, IL-4, IL-5, IL-9, IL-13 e GM- CSF. Esse locus tem atraído grande atenção em razão dos papéis conhecidos de muitas dessas citocinas na reação alérgica, mas ainda não se sabe como os polimorfismos associados Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo à doença influenciam no desenvolvimento de alergias. Também se observou ligação com o 6p, próximo ao complexo do HLA, sugerindo que a herança de certos alelos do HLA permite a reatividade a certos alérgenos. Os fatores ambientais também são importantes no desenvolvimento de doenças alérgicas. A exposição a poluentes ambientais, que é comum nas sociedades industrializadas, é um fator predisponente importante para a alergia. De fato, sabe-se que os cães e gatos se afastaram dos seres humanos há cerca de 95 milhões de anos e os chimpanzés apenas há cerca de 4-5 milhões de anos, sugerindo que os chimpanzés compartilham mais genes conosco do que os cães e gatos. No entanto, os cães e gatos que vivem no mesmo ambiente que os seres humanos desenvolvem alergias e os chimpanzés, não. Essa observação simples sugere que os fatores ambientais são mais importantes no desenvolvimento de doença alérgica do que a genética. As infecções virais das vias aéreas são gatilhos importantes para a asma brônquica, uma doença alérgica que afeta os pulmões. Infecções bacterianas da pele estão fortemente associadas com a dermatite atópica. Estima-se que 20% e 30% das reações de hipersensibilidade imediata sejam desencadeadas por estímulos não antigênicos como extremos de temperatura e o exercício e não envolvam células TH2 ou IgE; tais reações são, por vezes, chamadas de alergia não atópica. Acredita-se que, nesses casos, os mastócitos sejam anormalmente sensíveis à ativação por vários estímulos não imunes. A incidência de muitas doenças alérgicas está aumentando nos países desenvolvidos e parece estar relacionada com a diminuição das infecções durante os primeiros anos de vida. Essas observações nos levam a uma ideia, às vezes chamada de hipótese da higiene, de que a exposição a antígenos microbianos no início da infância e mesmo na fase pré- natal educa o sistema imunológico, de forma que as respostas patológicas subsequentes contra alérgenos ambientais comuns sejam evitadas. Dessa forma, o excesso de higiene na infância aumenta as alergias mais tarde na vida. Com essa consideraçãodos mecanismos básicos da hipersensibilidade tipo I, voltamo-nos para alguns exemplos clinicamente importantes de doenças mediadas por IgE. Essas reações podem resultar em um amplo espectro de lesões e manifestações clínica. Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo Anafilaxia A anafilaxia é uma reação potencialmente fatal de hipersensibilidade sistêmica grave, que pode cursar com hipotensão grave ou comprometimento das vias aéreas. É uma reação em cascata causada pela liberação de mediadores de mastócitos e basófilos de uma forma dependente de IgE. A anafilaxia pode ocorrer por reação a diferentes agentes, sendo os mais comuns alimentos e medicamentos. Em crianças, os alimentos são as maiores causas de procura de serviços de emergência por reações alérgicas ou anafiláticas. Ainda nas crianças, o risco de alergia ao látex é maior naquelas submetidas a múltiplas cirurgias ou com espinha bífida. Sabe-se ainda que pode ocorrer alergia cruzada entre látex e outros alérgenos, como abacate, banana e figo. As mulheres jovens também são especialmente afetadas por anafilaxia a alimentos, e homens idosos apresentam pior evolução após alergias ocorridas por picadas de inseto. A definição mais utilizada de anafilaxia foi proposta por Sampson et al. em 2006, que a definiram como uma grave reação alérgica, com rápida instalação e potencialmente causadora de complicações graves que incluem a morte. As reações da anafilaxia são desencadeadas quase sempre por reações mediadas pela IgE, após exposição a um antígeno em indivíduos previamente sensibilizados; porém, hoje o termo inclui também as reações causadas por outros mecanismos ou com associação a outros mecanismos. O choque anafilático, por sua vez, é definido como reação anafilática em que ocorre uma insuficiente entrega de oxigênio para os tecidos, resultando em colapso cardiovascular e fluxo sanguíneo insuficiente. Já a reação anafilactoide descreve as respostas que são clinicamente indistinguíveis da anafilaxia, que não são IgE-mediadas e que não necessitam de uma exposição sensibilizadora. A via final na reação anafilática ou anafilactoide é a mesma e, como vimos, o termo anafilaxia é agora utilizado para se referir a ambos, envolvendo ou não reação com IgE. O contraste radiológico é um agente que provoca a reação anafilactoide. A hipersensibilidade é uma resposta imune inadequada a antígenos geralmente inofensivos, enquanto anafilaxia representa a forma mais dramática e grave da reação de hipersensibilidade imediata. Epidemiologia As causas mais comuns de anafilaxias graves são uso de antibióticos, picadas de insetos e alimentos. Entre os antibióticos, os betalactâmicos como a penicilina causam 400 a 800 mortes nos Estados Unidos anualmente, com uma reação alérgica sistêmica que ocorre em 1 a cada 10.000 exposições. A picada pela Hymenoptera constitui a segunda causa mais comum de anafilaxia atualmente. Na população pediátrica, a alergia alimentar é a maior causa da condição. Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo Fisiopatologia (SANAR) O mecanismo básico subjacente às reações alérgicas é a degranulação de mastócitos e liberação de mediadores por basófilos. A reação pode ocorrer com dois mecanismos predominantes, uma reação dependente de IgE e outra independente de IgE (anafilactoide). O mecanismo mediado por IgE é também definido como mecanismo de hipersensibilidade tipo I; nesse caso, o alérgeno se liga ao segmento Fab da IgE e este ativa e libera proteinoquinases presentes em basófilos e mastócitos e, por consequência, leva à liberação de mediadores pré formados estocados nos grânulos citoplasmáticos daquelas células, que incluem histamina e triptase, entre outros mediadores. A histamina liga-se aos receptores H1 e H2. Os receptores H2 têm efeitos vasodilatadores e de aumento da permeabilidade capilar. Os receptores H1 por sua vez, têm efeitos vasoconstritores e broncoconstritores. A triptase tem muitos efeitos, como ativação da via do complemento e da cascata de coagulação, quimiotaxia e produção de mediadores pró- inflamatórios, resultando em manifestações clínicas como edema e distúrbios hemorrágicos. Os leucotrienos, prostaglandinas e PAF induzem broncoconstrição, vasodilatação, permeabilidade capilar e regulação da resposta inflamatória. Outros elementos envolvidos incluem o óxido nítrico e a cascata de coagulação. O mecanismo independente da IgE é, por sua vez, ativado por IgG ou por complemento. O mecanismo é pouco entendido e pode ser causado por atividade física, álcool e anafilaxia associada ao uso de opioides, entre outras causas. Mediada por IgG (em modelos animais) - Modelos animais que parecem análogos à anafilaxia humana foram estabelecidos em camundongos, porcos e cães. Clinicamente, cada um tem alguns sinais e sintomas distintos. Como exemplo, a anafilaxia murina é caracterizada por reduções drásticas na temperatura corporal central e sutis diferenças cardiopulmonares, em comparação com a anafilaxia humana. Nos modelos de camundongos, pelo menos duas vias mediadas por imunoglobulina G (IgG) foram identificadas: Em um modelo, o alérgeno interage com a IgG específica do alérgeno ligada ao Fc-gama-RIII nos macrófagos e basófilos. Essa via dependente de IgG requer proporcionalmente mais anticorpo e antígeno do que a via murina mediada por IgE, e a ativação de macrófagos resulta principalmente na liberação do fator de ativação de plaquetas (PAF), em vez de histamina. O PAF causa agregação plaquetária e liberação de potentes vasoconstritores tromboxano A2 e serotonina e pode atuar diretamente nas células endoteliais vasculares para aumentar a permeabilidade vascular. Existem evidências em camundongos de que as vias de anafilaxia mediada por IgG e IgE estão inter-relacionadas. Quando doses baixas de alérgeno são administradas, o anticorpo IgG pode bloquear a anafilaxia dependente de IgE interceptando o antígeno antes que ele Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo possa reticular a IgE associada a mastócitos e basófilos e ativando o receptor inibitório, Fc-gama-RIIb. Outro modelo de camundongo encontrou evidências do mecanismo acima em conjunto com a ativação de neutrófilos resultantes da interação de IgG2 específica de alérgeno com Fc- gama-RIV nessas células. O PAF também foi o mediador predominante neste modelo. A anafilaxia dependente de IgG não foi demonstrada em seres humanos. No entanto, os receptores de IgG humanos são capazes de ativar macrófagos e neutrófilos para secretar PAF, e o PAF pode ativar mastócitos in vitro, portanto o PAF pode contribuir potencialmente para a anafilaxia humana. Além disso, foi relatado que a anafilaxia é mais grave em indivíduos que catabolizam o PAF lentamente. Complexo imune / mediado por complemento: Vários medicamentos foram implicados em reações imediatas com risco de vida clinicamente semelhantes à anafilaxia, exceto que a IgE específica do medicamento não pôde ser identificada. A ativação do complemento por complexos imunes compostos pelo fármaco culpado e IgG ou outros isotipos foi proposta para alguns desses fármacos, como a protamina. Etiopatogenia (Clínica Médica) Anafilaxia é um exemplo clássico de reação de hiper-sensibilidade imediata, ou seja, mediada por anticorpos IgE. Entretanto, muitas vezes, outros mecanismos podem produzir a mesma síndrome clínica. Dessa forma, a anafilaxia pode ser classificada como imunológica (alérgica) ou não imunológica (anafilactoide). Nas reações anafiláticas mediadas por IgE, é essencial que o indivíduo tenha sido previamente sensibilizado ao alérgeno. Essa sensibilização pode acontecerapós o primeiro contato, ou depois de várias exposições. Nesse processo, ocorre a produção de IgE específica, que se liga aos receptores de alta afinidade de mastócitos e basófilos. A partir daí, em uma nova exposição, os anticorpos de superfície ligam--se ao alérgeno promovendo alterações da membrana celular, influxo de cálcio, aumento de AMP cíclico, com subsequente desgranulação dos mastócitos e liberação de vários mediadores (histamina, triptase, quimases, leucotrienos, heparina e citocinas) responsáveis pelos sintomas e, também, pela amplificação da resposta alérgica. Além das manifestações imediatas, esses mediadores e citocinas são responsáveis pelo recrutamento, ativação e diferenciação de vários tipos celulares, incluindo eosinófilos, linfócitos e mastócitos e, por essa razão, eventualmente se observa recorrência dos sintomas de anafilaxia após algumas horas. Nesse contexto, as reações anafiláticas podem ser classificadas em: (1) unifásicas; (2) tardias (após 2 horas); ou (3) bifásicas. Em alguns indivíduos, outros mecanismos imunológicos podem estar envolvidos, como citotoxicidade dependente de IgM ou IgG, reações por complexos imunes e ativação do complemento formando fragmentos Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo “anafilactogênicos” (C3a e C5a) que ativam os mastócitos. Entre os mecanismos não imunológicos, ressalta- se a ativação direta de mastócitos por estímulos físicos como o exercício, ou a exposição ao frio, ou ainda, por drogas como opiáceos e contrastes radiológicos. Nesse caso, não se observa sensibilização e, assim, a reação pode acontecer já na primeira exposição. Por outro lado, as reações por exercício físico podem surgir isoladamente ou estar associadas à ingestão de um alimento específico ou medicamento antes da atividade física. Entre as causas mais frequentes de anafilaxia estão os analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais, cujo mecanismo se baseia na interferência no metabolismo do ácido araquidônico; essas drogas, ao bloquear a cicloxigenase, levam à maior formação de leucotrienos. Embora seja raro, existem reações anafiláticas sem agente desencadeante identificado, denominadas anafilaxia idiopática. Vale ressaltar que esse deve ser um diagnóstico de exclusão, sendo prudente reavaliá-lo a cada consulta, e admiti-lo somente quando todas as causas e os diagnósticos diferenciais tiverem sido investigados. Quadro Clinico As manifestações têm um tempo de início variável. O tempo entre o contato alérgeno e a morte pode variar de 5 minutos após injeção de droga, 10-15 minutos após picada de inseto e até 35 minutos em anafilaxia secundária a alimentos. A maioria dos pacientes que desenvolvem manifestações graves apresenta essas manifestações em até 60 minutos da exposição, com mais da metade das mortes por anafilaxia ocorrendo com 60 minutos da exposição. O quadro clínico pode seguir um curso unifásico ou bifásico; neste segundo caso, os sintomas desaparecem ou apresentam melhora parcial, para retornarem cerca de 1 a 8 horas depois, período que pode se estender até 24horas. Em cerca de 75 a 80% dos casos, o quadro segue um padrão unifásico. Em séries recentes, apenas 4 a 5% dos pacientes desenvolvem sintomas considerados significativos na segunda fase. O pico da segunda fase costuma ocorrer de 8 a 11 horas após a exposição, mas um estudo relata casos ocorrendo até 72 horas após a exposição. Existe descrição de casos com anafilaxia persistente, com necessidade de intubação orotraqueal por até 21 dias, mas felizmente esses casos são raros. As manifestações podem envolver sistema respiratório, cardiovascular, gastrointestinal e neurológico, sendo o mais comum o envolvimento cutâneo, que ocorre em 85 a 90% dos casos. Os sintomas cutâneos e de mucosa incluem prurido, rubor, edema dos lábios e língua, eritema urticariforme. As manifestações cutâneas estão particularmente ausentes em reações anafiláticas, que ocorrem durante ato cirúrgico. Os sintomas respiratórios, após os cutâneos, são os mais comuns e incluem sintomas de vias aéreas superiores como coriza, espirros, prurido nasal e, em suas formas graves, estridor, disfonia e rouquidão, mas também envolvem vias aéreas inferiores com sintomas como dispneia, sibilos e outros Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo achados de broncoespasmo e hipoxemia. Cerca de 45 a 60% dos óbitos por reações alérgicas são secundárias a complicações respiratórias. As complicações cardiovasculares ocorrem pela anafilaxia, ou como complicação de seu tratamento. Síncope e tonturas são relativamente comuns, bem como arritmias e bradicardia paradoxal. O uso da atropina pode reverter a bradicardia, mas não têm efeito na hipotensão. O choque anafilático inicialmente se manifesta por taquicardia hipercinética e diminuição da resistência vascular sistêmica e, posteriormente, devido a aumento da permeabilidade capilar, com hipovolemia e evolução para padrão hipocinético. Sintomas gastrointestinais ocorrem em 30 a 45% dos casos e podem ser proeminentes, incluindo náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal, usualmente na forma de cólica. Diagnóstico da Anafilaxia (Clínica Médica) Diante de uma situação de emergência, o tempo adquire grande valor e deve ser usado criteriosamente. Durante o evento agudo, procede-se a uma avaliação rápida, mas sistemática, visando a estabelecer o diagnóstico e a gravidade, fundamental para a adoção de medidas que estabilizem o paciente e o deixem fora de risco. Infelizmente, a literatura aponta algumas falhas para alcançar esse objetivo, demonstrando que muitos profissionais de saúde relutam em diagnosticar a anafilaxia na ausência de choque, subestimando os casos de reação alérgica aguda grave. Na tentativa de melhorar a sensibilidade e a especificidade diagnósticas, recentemente foram propostos critérios clínicos capazes de diagnosticar cerca de 95% dos casos de anafilaxia, os quais estão representados no Quadro 2. Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo Entre os achados laboratoriais que podem auxiliar na confirmação de uma anafilaxia recente destacam-se as dosagens de histamina e triptase séricas. Apesar de os níveis de histamina se elevarem mais do que a triptase, a avaliação é pouco viável em razão da rápida metabolização (normaliza-se em 1 hora) e da instabilidade à manipulação. A triptase, por sua vez, é liberada exclusivamente por mastócitos, e após a desgranulação os níveis permanecem elevados por aproximadamente 6 horas. Existem duas frações de triptase: a alfa e a beta- triptase. A fração alfa apresenta liberação contínua basal e, portanto, os níveis refletem a massa de mastócitos. Por outro lado, a fração beta está presente apenas dentro dos grânulos, liberada após a desgranulação dos mastócitos. O teste habitualmente usado quantifica a triptase total, e eventualmente podem-se encontrar níveis normais de triptase em dosagens isoladas. Assim, para aumentar a sensibilidade e especificidade do teste, sugerem-se determinações seriadas. No Brasil, esse tipo de avaliação laboratorial não está facilmente disponível, sendo mais utilizado em centros de pesquisa. Tratamento O aspecto crucial do manejo de pacientes com anafilaxia é o pronto reconhecimento e o início da terapia apropriada, de forma a diminuir ou impedir as complicações associadas, uma vez que o tempo de evolução pode ser rápido e irreversível se houver demora nas medidas. O primeiro passo na abordagem é evitar o fator precipitante, por exemplo, interrompendo a infusão da medicação que iniciou o quadro anafilático, não havendo benefício do uso de carvão ativado. O paciente deve ser rapidamente monitoradoe colocado em posição supina, com elevação de membros inferiores, e um acesso endovenoso calibroso deve ser prontamente obtido (jelco 14 ou 16). Esse posicionamento ajuda a prevenir choque distributivo e permite que a epinefrina chegue ao coração e seja distribuída para todo o corpo. Em gestantes, a posição preferencial é o decúbito lateral esquerdo, para prevenir compressão da veia cava e para promover o retorno venoso do sangue para o coração. Deve-se ainda estabelecer oximetria de pulso com fornecimento de oxigênio suplementar em altos fluxos, de 8-10 litros, até a verificação da oximetria; o fornecimento deve ser mantido se saturação de oxigênio cair abaixo de 90- 92%. A pressão arterial (não invasiva) deve ser monitorizada. O preparo para manejar as vias aéreas é fundamental, de modo a estar pronto para realização de intubação orotraqueal. O elemento mais importante do tratamento da anafilaxia é a adrenalina. O uso de adrenalina na suspeita do quadro deve ser realizada imediatamente, se necessário, no ambiente pré-hospitalar. A rota intramuscular em estudos se mostrou superior à via subcutânea, já que implica menor risco de eventos adversos, como arritmias, em comparação com o uso da medicação endovenosa. Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo Estudos mostram que, principalmente na população pediátrica, a adrenalina é subutilizada e, quando é administrada, dá-se por via subcutânea, que tem menor eficácia. Alguns médicos consideram que o paciente pode não ter um quadro grave o bastante para ser utilizada a adrenalina e utilizam alternativamente medicações anti- histamínicas ou glicocorticoides, que apresentam pouco ou nenhum benefício no manejo. Quanto aos eventos adversos, a maioria está relacionada à via de administração. Um estudo com 301 pacientes encontrou eventos adversos em 30% dos pacientes com anafilaxia tratados com adrenalina endovenosa comparado a apenas 3% dos pacientes que receberam adrenalina intramuscular. A aplicação deve idealmente ser realizada na região do músculo vasto lateral; dessa forma, têm-se picos maiores e mais rápidos da concentração da adrenalina. As doses recomendadas são as seguintes: 0,5 mg em adultos e em crianças com mais de 12 anos; 0,3 mg em crianças de 6 a 12 anos; e 0,01 mg/kg em crianças menores de 6 anos. A medicação pode ser repetida duas vezes se necessário, com intervalos de 5 a 15 min. A adrenalina intravenosa pode ser necessária no caso de choque refratário, com doses de 50-200 μg em bolus de adrenalina, em solução 1:10.000, titulada de acordo com a gravidade. Caso iniciada a infusão intravenosa, a dose inicial em adultos é de 1-10 μg/minuto, com dose titulada conforme a resposta clínica; esses pacientes devem estar sempre com monitorização hemodinâmica e idealmente com mensuração, assim que possível, de pressão arterial invasiva. A via subcutânea pode ser restrita aos casos mais leves, mas seu uso não é recomendado. Em pacientes com hipotensão, a reposição volêmica é necessária, inicialmente com 20 mL/kg em crianças, com reposição adaptada conforme parâmetros hemodinâmicos e diurese. Em adultos, 1 a 2 litros de salina fisiológica ou ringer lactato devem ser utilizados inicialmente, tendo sido já registrada necessidade de até 7 litros em alguns pacientes. Em pacientes com hipotensão refratária, é recomendada a associação de outras drogas vasopressoras com a adrenalina, podendo ser utilizada dopamina com dose inicial de 5 a 15 μg/kg/minuto, noradrenalina 0,05 a 0,5 μg//kg/minuto, fenilefrina 1-5 μg/kg/minuto ou vasopressina 0,01-0,4 unidades por minuto. Caso o paciente evolua para parada cardiorrespiratória, as medidas de reanimação conforme recomendado nas diretrizes do ACLS estão indicadas; nesses pacientes, atenção especial deve ser dada à manutenção da patência das vias aéreas, pois, caso ocorra edema de glote, pode ser necessária a realização de cricotireoidostomia. Em pacientes com broncoespasmo, recomenda-se o uso de broncodilatadores com beta-agonistas, como albuterol em dose de 2,5 mg (10 gotas) ou fenoterol, diluídos em 3 a 5 mL de solução fisiológica em nebulização, dose que pode ser repetida até 3 vezes na primeira hora de tratamento. Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo Juntamente ao agente beta-agonista, pode ser associado o brometo de ipratrópio, em dose de 20 a 40 gotas na nebulização. Existem descrições de uso bem-sucedido de sulfato de magnésio em pacientes com anafilaxia e broncoespasmo, em dose de 1 a 2 g EV diluídos em 100 mL de salina fisiológica, infundidos em 20 a 30 minutos. A dose do sulfato de magnésio em crianças é de 25 a 50 mg/kg. As medidas de segunda linha no manejo desses pacientes incluem outras medicações como corticosteroides e anti-histamínicos, mas seu benefício é questionável. Os efeitos dos agentes anti-histamínicos são principalmente em manifestações cutâneas como as urticas e em vias aéreas superiores, com melhora dos sintomas de coriza, mas sem nenhum efeito na hipotensão ou na obstrução de vias aéreas. A sua principal indicação é se houver quadro urticariforme associado. A via parenteral é preferida em quadros emergenciais, sendo a difenidramina o anti-histamínico mais utilizado, em dose de 25-50 mg endovenosa, que é infundida em período de 5 minutos, podendo ser repetida até 400 mg EV; em crianças, a dose é de 1mg/kg até dose máxima de 50 mg. Os agentes anti-histamínicos anti-H2 também podem ser utilizados, mas não têm nenhuma ação sobre as obstruções de vias aéreas superiores ou choque, agindo principalmente sobre as manifestações cutâneas, em particular no que diz respeito a sintomas urticariformes. Os glicocorticoides são indicados principalmente para reações tardias (ainda assim, indicação controversa) e para controle do broncoespasmo, pois sua ação só começa após 4 a 6 horas. As doses recomendadas são de 1 mg/kg de metilprednisolona ou 200 mg de hidrocortisona, ou ainda 40 mg de metilprednisolona. Em caso de parada cardiorrespiratória, a dose de metilprednisolona recomendada é de 125mg EV. Na alta (pacientes com manifestações cutâneas persistentes), manter prednisona 40 mg por 3 a 5 dias. Os pacientes em uso de betabloqueadores podem ser pouco responsivos a adrenalina e, nesses casos, o glucagon, que age via adenilciclase, pode ser uma boa opção devido a seus efeitos inotrópicos e cronotrópicos. A dose recomendada é de 1 a 5 mg EV, que é administrada em 5 minutos e pode ser repetida a cada 5 minutos. Caso a hipotensão persista, pode ser utilizada em infusão continua, de 5 a 15 μg/minuto, com dose titulada conforme seu efeito. Em pacientes com anafilaxia refratária, existem descrições do uso de azul de metileno em dose única de 1 a 2 mg/kg em 20 a 60 minutos, mas a medicação não deve ser utilizada se o paciente apresentar hipertensão pulmonar ou lesão pulmonar aguda. Ainda em pacientes com anafilaxia refratária, existe também a descrição do uso da oxigenação por membrana extracorpórea. Jeovanna Miranda- 6ºperiodo/ 2º módulo
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