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Habilidades Clínicas – período 05 – Jeovanna Miranda TORACOCENTESE A toracocentese é um procedimento percutâneo em que o conteúdo pleural é removido por meio de uma agulha ou agulha conectado à cateter. É um procedimento muito valioso em paciente com derrame pleural de causa desconhecida. Frequentemente é realizado à beira do leito, mas a mesma técnica pode ser utilizada em uma sala de emergência, sala de cirurgia ou ambiente ambulatorial. Na maioria dos casos, a toracocentese pode ser realizada com segurança por meio do exame clínico criterioso somado a um exame de imagem (radiografia de tórax ou tomografia computadorizada). Entretanto, atualmente, recomende-se o uso do ultrassom para guiar o exame em tempo real sempre que possível, permitindo uma maior precisão na escolha do local de punção, além de avaliar sinais de loculação, estimar volume do líquido e avaliar volume final residual e possíveis complicações após o procedimento. Após o procedimento, a análise do líquido é feita permitindo a sua categorização em transudato ou exsudato. A necessidade do procedimento deve ser reconsiderada quando não houver uma resposta adequada a terapia. A toracocentese pode ser de dois tipos: (1) diagnóstica ou (2) terapêutica. A toracocentese terapêutica é comumente realizada para alívio dos sintomas, principalmente a dispneia, ou se o fluido apresentar características de imagem de um derrame pleural complicado, como um derrame pleural parapneumônico. Outras indicações são para pacientes com condições pleurais que apresentam risco de espessamento pleural e comprometimento funcional restritivo, como derrame por tuberculose pós- primária ou reativação de hemotórax. Deve se avaliar cuidadosamente o tamanho da efusão, caráter (se loculado ou fluxo livre) e a necessidade de drenagem para determinar a escolha entre toracocentese terapêutica por agulha, por agulha conectada à cateter e conversão para tubo torácico de drenagem. Já a toracocentese diagnóstica é um procedimento que é realizado na maioria dos pacientes com derrame pleural detectado recentemente sem causa definida, a fim de determinar a natureza do derrame (se transudato ou exsudato) e para identificar possíveis etiologias. Assim, é indicado em derrame pleural clinicamente significativos, derrame pleural unilateral, bilateral com volumes diferentes ou se persistir por mais de 3 dias. As exceções em que não são necessárias a toracocentese diagnóstica são, por exemplo, um diagnóstico clínico seguro, como uma pleurite viral, condição que produz pequeno volume, ou quando um quadro de insuficiência cardíaca (IC) clinicamente óbvia sem características atípicas (como derrames bilaterais de tamanhos diferente, febre, características de infecção ou câncer, ECG inconsistente de IC, persistência do derrame mesmo com tratamento para IC). Contraindicações: • Líquido pleural de volume clinicamente não significativo • Infecção de pele ou ferida no local da inserção da agulha; • Diátese hemorrágica grave; • Uso de anticoagulante; • Coagulopatia (INR ≥ 1,5); • Trombocitopenia (< 50 mil/mm3). Todas essas contraindicações são relativas, não existindo contraindicação absoluta. Habilidades Clínicas – período 05 – Jeovanna Miranda Aparência do líquido A aparência grosseira do líquido pleural pode fornecer informações muito úteis, como a presença de sangue (suspeita de câncer, embolia pulmonar, trauma, pneumonia), turbidez (por células, detritos, lipídeos), odor (infecção, urinotórax). Assim, a aparência imediata do líquido pode restringir o diagnóstico e facilitar um manejo mais adequado para cada paciente. Exsudato x transudato Um derrame pleural transudativo ocorre quando o fluido pleural se acumula decorrente de um desequilíbrio entre as pressões hidrostática e oncótica. Na maioria dos casos, a presença de transudato é causado por insuficiência cardíaca congestiva (ICC), cirrose ou embolia pulmonar. Já um derrame pleural exsudativo ocorre quando há aumento da permeabilidade capilar ou obstrução linfática, assim, os fatores locais que influenciam o acúmulo de fluido pleural são alterados. As principais causas do derrame exsudativo são por pneumonia, câncer e embolia pulmonar. A principal forma de diferenciar um exsudato de transudato é por meio dos critérios de Light (medição dos níveis de proteína e lactato desidrogenase – DHL – no líquido pleural e no soro). Se o fluido apresentar aparência clínica de derrame transudativo, mas pelos Critérios de Light foi um derrame exsudativo, observa-se a albumina sérica e pleural. Quase todos pacientes com albumina sérica maior que 1,2 g/dL em relação ao nível de albumina no líquido pleural, apresentam derrame transudativo. Quadro clinico • Dipneia • Dor torácica • Tosse • Astenia • Febre • Sudorese noturna Diagnóstico ⎯ Inspeção: abaulamento do tórax e assimetria dos movimentos, redução da expansibilidade torácica. ⎯ Palpação: redução ou abolição do frêmito toracovocal ⎯ Percussão: macicez ou submacicez sobre a região com liquido ⎯ Ausculta: redução ou ausência de murmúrio vesicular Raio X de tórax: é o exame inicial a ser realizado, sempre que possível nas incidências PA e perfil com o paciente em ortostase. O exame em AP no leito, comumente realizado nos pacientes críticos, dificulta a avalição de derrame pleural. PROCEDIMENTO Preparação do paciente • Não precisa de jejum • Medicações suspensas AAS: 3 dias antes Clopidogrel: 8 dias Varfarina: substituir por enoxaparina até INR normal Enoxaparina: suspender a partir da tomada da noite anterior Se ClCr < 30 ml/min suspender a toma do dia anterior Posicionamento Habilidades Clínicas – período 05 – Jeovanna Miranda • Melhor efetuada com o paciente sentado e levemente inclinado para frente, com os braços apoiados • A toracocentese na posição reclinada ou deitada é possível, mas é mais bem efetuada com orientação de ultrassonografia ou tc Cuidados posteriores • Radiografia de tórax • Analgesia com AINEs ou paracetamol oral se necessário • Aconselhar os pacientes a relatar qualquer falta de ar ou dor no peito; tosse é comum após a remoção de liquido e não é motivo de preocupação Habilidades Clínicas – período 05 – Jeovanna Miranda PARACENTESE A paracentese nada mais que é uma punção da cavidade peritoneal na intenção de colher o líquido ascítico ou peritoneal. É importante ressaltar que nesse procedimento é feito uma punção, não uma drenagem. Para entendermos a diferença entre elas precisamos saber que a punção envolve a inserção de uma agulha e aspiração do conteúdo naquele local puncionado. A drenagem, por outro lado, envolve a inserção de um instrumento calibroso que permanece no local drenando qualquer conteúdo que venha a ser produzido. Complicações • Vazamento de liquido de ascite no local puncionado • Hemorragia severa • Infecção decorrente da punção • Morte associada à paracentese PROCEDIMENTO 1- Explicar o procedimento ao paciente e obter o consentimento 2- Separar todo o material e, se necessário, equipamento de ultrassonografia (utilizada como guia em casos selecionados) 3- Preencher o pedido dos exames necessários e rotular os frascos de coleta com os dados básicos do paciente 4- O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, com a cabeceira discretamente elevada 5- Localizar as referências anatômicas e o sitio de punção (traçar uma linha imaginaria da cicatriz umbilical à espinha ilíaca antero-superior esquerda e dividi-la em três partes; a inserçãoda agulha deve ocorrer na junção entre o terço médio e inferior) 6- Após paramentação, deve-se realizar a assepsia do local e a anestesia local. Após a infiltração subcutânea com lidocaína, deve-se progredir lentamente – sempre aspirando – até verificar a presença de liquido ascético na seringa 7- Inserção da agulha ou cateter em um ângulo de 90 graus, realizando a técnica do trajeto Z 8- Coletar o material necessário (50-60 ml para diagnostico) 9- Colocação de um curativo compressivo no local ➔ Analise do liquido ascítico ⎯ Seroso (amarelo-citrino): aspecto clássico da cirrose ⎯ Hemorrágico: sugere neoplasia (tuberculose raramente) ⎯ Turvo: sugestivo de infecção (pode haver odor fétido) ⎯ Lactescente: quiloso ou quiliforme ⎯ Bilioso: amarelo e espesso (trauma ou tumores biliares). Habilidades Clínicas – período 05 – Jeovanna Miranda
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