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Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV Etimologia Toraco, do grego thórax, peito + Centese, do grego kéntesis, punção. – Punção do tórax, geralmente para retirada de líquido pleural. Procedimento • É um procedimento percutâneo, pouco invasivo, em que o conteúdo pleural é removido por meio de uma agulha ou agulha conectado a um cateter. • Pode ser realizado à beira do leito, em uma sala de emergência, sala de cirurgia ou ambiente ambulatorial. • Em pacientes com derrame pleural de causa desconhecida, é uma técnica de extrema relevância. • Na maioria dos casos, essa técnica pode ser indicada com segurança por meio de um exame clínico criterioso somado a um exame de imagem (radiografia de tórax ou tomografia computadorizada). • Atualmente é recomendado o uso do ultrassom para guiar o exame em tempo real, o que permite maior precisão na escolha do local de punção, uma estimativa do volume de líquido e a avaliação do volume final residual, bem como possíveis complicações pós procedimento. • Obs. Nos pacientes em ventilação mecânica, pela pressão positiva, pode ocorrer uma aproximação do pulmão à parede torácica e, consequentemente, à agulha da toracocentese, o que aumenta o risco de pneumotórax hipertensivo. → a USG pode ajudar na hora do procedimento. • Após o procedimento, a análise do líquido é feita permitindo a sua categorização em transudato ou exsudato. A toracocentese pode ser: 1. Diagnóstica - coleta de pequena quantidade de líquido pleural para análise. 2. Terapêutica ou de alívio – para retirada de grande volume de líquido pleural para alívio de sintomas relacionados a um derrame pleural volumoso. A toracocentese diagnóstica é um procedimento que é realizado em quase todos os pacientes com derrame pleural recente ou de etiologia incerta e ≥ 10 mm de espessura por tomografia computadorizada (TC), ultrassonografia ou radiografia em decúbito lateral. A toracocentese terapêutica é comumente realizada para alívio dos sintomas, principalmente a dispneia, ou se o fluido apresentar características de imagem de um derrame pleural complicado. Contraindicações: • Líquido pleural de volume clinicamente não significativo • Infecção de pele ou ferida no local da inserção da agulha; • Diátese hemorrágica grave; • Uso de anticoagulante; • Coagulopatia (INR ≥ 1,5); • Trombocitopenia (< 50 mil/mm3). Todas essas contraindicações são relativas, não existindo contraindicação absoluta ➢ Obs. Não retirar volume > 1500ml pelo risco de edema pulmonar por reexpansão. ➢ Obs2. Um derrame pleural clinicamente significativo é quando >10mm de espessura na USG ou Radiografia em decúbito lateral (Incidência de Laurell.) Aparência do líquido A aparência do líquido pleural pode fornecer informações úteis, ex. presença de sangue (suspeita de câncer, embolia pulmonar, trauma, pneumonia), turbidez (por células, detritos, lipídeos), odor (infecção, urinotórax). Assim, a aparência imediata do líquido pode restringir o diagnóstico e facilitar um manejo mais adequado para cada paciente. Exsudato x transudato Um derrame pleural transudativo ocorre quando o fluido pleural se acumula decorrente de um desequilíbrio entre as pressões hidrostática e oncótica. Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV Na maioria dos casos, a presença de transudato é causado por insuficiência cardíaca congestiva (ICC), cirrose ou embolia pulmonar. Já um derrame pleural exsudativo ocorre quando há aumento da permeabilidade capilar ou obstrução linfática, assim, os fatores locais que influenciam o acúmulo de fluido pleural são alterados. As principais causas do derrame exsudativo são por pneumonia, câncer e embolia pulmonar. A principal forma de diferenciar um exsudato de transudato é por meio dos critérios de Light (medição dos níveis de proteína e lactato desidrogenase – DHL – no líquido pleural e no soro). Critérios de Light: • Relação entre proteína do líquido pleural e sérica – Transudatos ≤ 0,5 e exsudatos > 0,5 • Relação entre DHL do líquido pleural e sérica – transudatos ≤ 0,6 e exsudatos > 0,6 • DHL no líquido pleural > 2/3 do limite superior no soro – transudatos: não, exsudatos: sim Obs. Qualquer critério positivo define um exsudato. Para um transudato, apenas se os três forem positivos. Se o fluido apresentar aparência clínica de derrame transudativo, mas pelos Critérios de Light foi um derrame exsudativo, observa-se a albumina sérica e pleural. Quase todos os pacientes com albumina sérica maior que 1,2 g/dL em relação ao nível de albumina no líquido pleural, apresentam derrame transudativo. MATERIAIS NECESSÁRIOS • Anestésico local (ex. lidocaína) • Agulhas de calibre 10 x 4,5 mm, 30 x 8 mm e 30 x 10 mm • Jelco 14 e 16 • Seringas de 10 mL e 20 mL • Solução antisséptica (ex. clorexidina) • Campos estéreis • Luvas estéreis • Válvula de controle de 3 vias • Gazes • Mesa de cabeceira para o paciente se apoiar • Recipientes apropriados (ex. frascos de hemocultura) para coleta de líquidos para exames laboratoriais • Sacos de coleta para remoção de volumes maiores durante a toracocentese terapêutica • Aparelho de ultrassonografia • Esparadrapo PROCEDIMENTO Primeiro, posicione o paciente sentado à beira da cama, levemente inclinado para a frente, com braços apoiados. Marque o local e higienize a área, realizando a paramentação com métodos de barreira. Faça um botão anestésico no local da punção com lidocaína, utilizando uma agulha pequena Após o botão anestésico, introduza a anestesia até que se atinja o espaço pleural. Quando o fluido a ser drenado começar entrar na seringa, recue um pouco e administre analgésico na pleura parietal. Após anestesia, conecte uma seringa a uma válvula de controle de 3 vias. Em seguida, conecte um cateter de acesso venoso periférico (jelco) e insira no trajeto anestesiado previamente. A punção é feita com o Jelco, no 5º espaço intercostal na linha axilar média (De acordo com o ATLS). Obs. Em caso de derrame pleural, pode-se selecionar um ponto de inserção da agulha na linha escapular Beatriz Castro e Silva de Albergaria Barreto Medicina – UNIFACS Turma XV média na borda superior do arco costal no espaço intercostal abaixo do topo do derrame. Ao puncionar, quando o líquido pleural começar a sair, deve-se interromper a inserção da agulha e introduzir a parte plástica do cateter de acesso venoso periférico para dentro da cavidade torácica. Logo após, retire a agulha do seu interior e conecte a seringa de 20mL. Em seguida, deve-se realizar a aspiração do líquido para análise. O volume e número de frascos dependem das hipóteses diagnósticas. Geralmente, cerca de 50 mL de líquido pleural é suficiente para análise Obs. Caso seja optado por realizar toracocentese de alívio, conectar o equipo ao jelco e permitir a saída do líquido pleural até o volume desejado. Geralmente se interrompe a toracocentese ao ser atingido um volume entre 1-1,5 litros. Deve-se interromper a coleta caso o paciente apresente piora respiratória, tosse persistente ou hipotensão. Observações: • A técnica é mais bem efetuada com o paciente sentado e levemente inclinado para frente, com os braços apoiados. • É possível realizá-la na posição reclinada ou deitada, mas é indicada a orientação de ultrassonografia. • Anestesia local ampla é necessária, mas não se exige sedação durante o procedimento em pacientes cooperativos. • Não se deve inserir a agulha de toracocentese através da pele infectada (p. ex., celulite ou herpes- zoster). • Ventilação com pressão positiva pode aumentar o risco de complicações. • Se o paciente está recebendo anticoagulantes (ex. varfarina),considerar a administração de plasma fresco congelado ou outro agente de reversão antes do procedimento. Referências: • HUGGINS, J. T. et al. Placement and management of thoracostomy tubes. UpToDate, 2019. • HUGGINS, J. T. Large volume thoracentesis. UpToDate, 2019. • Bragança, RD. PROCEM – Procedimentos médicos na emergência. 3a edição. Belo Horizonte. CUREM, 2019. • Manual Merck de informação médica: saúde para a família. São Paulo: Manole, 2002
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