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Insuficiência Cardíaca Crônica

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Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
Insuficiência Cardíaca Crônica 
 
Conceito: Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é incapaz 
de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou pode fazê-lo 
somente com elevadas pressões de enchimento. Tal síndrome pode ser causada por alterações 
estruturais ou funcionais cardíacas e caracteriza-se por sinais e sintomas típicos, que resultam da 
redução no débito cardíaco e/ou das elevadas pressões de enchimento no repouso ou no esforço. 
Classificação: 
A IC pode ser determinada de acordo com a fração de ejeção (preservada, intermediária e 
reduzida), a gravidade dos sintomas (classificação funcional da New York Heart Association − 
NYHA) e o tempo e progressão da doença (diferentes estágios). 
 
Fração de ejeção: 
A principal terminologia usada historicamente para definir IC baseia-se na FEVE e compreende 
pacientes com FEVE normal (≥ 50%), denominada IC com fração de ejeção preservada (ICFEp), e 
aqueles com FEVE reduzida (< 40%), denominados IC com fração de ejeção reduzida (ICFEr). Por 
outro lado, pacientes com fração de ejeção entre 40 e 49% passaram a ser definidos como IC de 
fração de ejeção intermediária (mid-range ou ICFEi). A diferenciação dos pacientes de acordo com 
a FEVE tem particular importância, uma vez que eles diferem em relação às suas principais 
etiologias, às comorbidades associadas e, principalmente, à resposta à terapêutica. 
 
Gravidade dos sintomas: 
A classificação funcional de acordo com a NYHA continua sendo a classificação usada para 
descrever e classificar a gravidade dos sintomas. Esta classificação se baseia no grau de tolerância 
ao exercício e varia desde a ausência de sintomas até a presença de sintomas mesmo em repouso. 
Ela permite avaliar o paciente clinicamente, auxilia no manejo terapêutico e tem relação com o 
prognóstico. Pacientes em classe funcional da NYHA III a IV apresentam condições clínicas 
progressivamente piores, internações hospitalares mais frequentes e maior risco de mortalidade. 
Por outro lado, embora pacientes em NYHA II apresentem sintomas mais estáveis e internações 
menos frequentes, o processo da doença nem sempre é estável, e estes pacientes podem 
apresentar morte súbita sem piora dos sintomas. 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
 
Tempo de progressão da doença: 
Enquanto a classificação segundo a NYHA valoriza a capacidade para o exercício e a gravidade dos 
sintomas da doença, a 
classificação por estágios 
da IC proposta pela 
American College of 
Cardiology/American 
Heart Association 
ACC/AHA enfatiza o 
desenvolvimento e a 
progressão da doença. 
Esta classificação inclui 
desde o paciente com 
risco de desenvolver IC, 
cuja abordagem deve ser feita no sentido de prevenir seu desenvolvimento, quanto o paciente em 
estágio avançado da doença, que requer terapias específicas, como transplante cardíaco e/ou 
dispositivos de assistência ventricular. 
Classificação de Stevenson – perfusão e congestão 
O perfil do paciente com IC, além de ter valor prognóstico, é muito útil para que você guie o 
tratamento dele durante episódios de descompensação da doença. 
De acordo com a apresentação da IC, ela pode ser classificada em diferentes perfis. O perfil A é 
caracterizado pelo paciente “quente e seco”, ou seja, bem perfundido e sem congestão. Esse perfil 
é o alvo terapêutico do paciente com IC. 
Já no perfil B, a apresentação mais comum dos pacientes hospitalizados com IC, o paciente se 
apresenta “quente e úmido”, ou seja, apresenta-se bem perfundido, porém congesto. 
O perfil L apresenta-se “frio e seco”, ou seja, com hipoperfusão tecidual, no entanto sem 
congestão. Esse é o perfil mais incomum de apresentação da IC. 
Já o perfil C descreve o paciente “frio e úmido”, tratando-se do paciente com maior mortalidade 
na IC, pois apresenta ao mesmo tempo hipoperfusão e congestão, apresentando dessa forma. A 
avaliação do perfil do paciente é útil para a definição do tratamento, mas fique atento, o perfil do 
paciente pode mudar rapidamente. 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
 
 
 
Epidemiologia: A despeito de avanços na terapêutica da IC, a síndrome mantém-se como patologia 
grave, afetando, no mundo, mais de 23 milhões de pessoas. A sobrevida após 5 anos de diagnóstico 
pode ser de apenas 35%, com prevalência que aumenta conforme a faixa etária. De acordo com 
publicações internacionais, o perfil clínico da IC crônica envolve indivíduos idosos portadores de 
etiologias diversas, sendo a isquêmica a mais prevalente, com alta frequência de comorbidades 
associadas. 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
Etiologia: A IC pode ser resultado de uma doença intrínseca do coração (cardiomiopatia), ou mais 
comumente em virtude de outras doenças crônicas que causam um processo de alteração da 
função cardíaca, seja ela sistólica ou diastólica. As principais causas de IC no Brasil são cardiopatia 
isquêmica, cardiopatia hipertensiva, cardiopatia secundária a valvopatias, cardiomiopatia dilatada 
(CMD), cardiomiopatia alcóolica e doença de Chagas. Nem sempre é fácil, no entanto, identificar 
uma etiologia para a IC, uma vez que muitos pacientes com doença arterial coronária (DAC), por 
exemplo, também hipertensos e etilistas, havendo dessa forma uma sobreposição entre fatores 
de risco. Sempre que um paciente com IC não for hipertenso, não apresentar DAC, valvopatia ou 
outros fatores de risco, é importante pensar na possibilidade de CMD. 
No Brasil, especificamente, é importante levar em conta a Doença de Chagas que é endêmica 
principalmente em estados do Nordeste e em Minas Gerais, além da doença valvar de etiologia 
reumática. Ambas podem causar IC em pacientes mais jovens e não acometidos por outras 
comorbidades que são as principais causadoras de IC no resto do mundo, como DAC e HAS. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico da ICC é guiado primariamente pelo método clínico, no entanto, diversos exames 
complementares podem auxiliar no diagnóstico e também na avaliação da gravidade da doença. 
Os critérios de Framingham são critérios clínicos, exceto apenas pela cardiomegalia ao Raio X de 
tórax. Com 1 critério maior e 2 critérios menores ou 2 critérios maiores é possível indicar o 
diagnóstico de IC. 
 
Avaliação laboratorial: Na abordagem inicial dos pacientes com sinais e sintomas sugestivos de IC 
crônica ambulatorial, recomenda-se a realização de diversos exames laboratoriais 
complementares, não só para avaliar a presença e a gravidade de lesão de outros órgãos-alvo e 
detectar comorbidades, como também para verificar fatores agravantes do quadro clínico. A 
realização de exames seriados pode ser necessária para monitoração de variáveis de segurança, 
durante o tratamento da IC, incluindo função renal e eletrólitos. 
Exames complementares 
Peptídeos natriuréticos: Apesar das evidências claramente favoráveis em relação ao BNP e ao NT-
proBNP para o diagnóstico de IC, algumas limitações ao seu uso na prática clínica devem ser 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
destacadas, pois estes peptídeos podem elevar-se na presença de anemia, insuficiência renal 
crônica (IRC), e idade avançada, e apresentar níveis mais baixos na presença de obesidade. Os 
peptídeos natriuréticos têm demonstrado ainda papel prognóstico em pacientes com IC. 
Embora não seja possível dispensar os exames de imagem para a confirmação diagnóstica em 
pacientes que apresentem sinais e sintomas sugestivos de IC, o uso dos peptídeos natriuréticos 
auxilia de forma considerável na definição do diagnóstico de IC, contribuindo principalmente para 
excluir o diagnóstico quando este é incerto. Os pontos de corte que excluem o diagnóstico de IC 
variam de acordo com a forma de apresentação da doença, aguda ou crônica. 
Eletrocardiograma: A realização de eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações é recomendada na 
avaliação inicial de todosos pacientes com IC, para avaliar sinais de cardiopatia estrutural como 
hipertrofia ventricular esquerda, isquemia miocárdica, áreas de fibrose, distúrbios da condução 
atrioventricular, bradicardia ou taquiarritmias, que podem demandar cuidados e tratamentos 
específicos. Vários destes aspectos são marcadores prognósticos em muitas cardiopatias, como na 
chagásica crônica. A detecção de bloqueio de ramo esquerdo (BRE), com alargamento pronunciado 
da duração do complexo QRS, auxilia na indicação da terapia de ressincronização cardíaca (TRC). 
Ecocardiograma: O ecocardiograma transtorácico é exame de imagem de escolha para o 
diagnóstico e o seguimento de pacientes com suspeita de IC. Permite a avaliação da função 
ventricular sistólica esquerda e direita, da função diastólica, das espessuras parietais, do tamanho 
das cavidades, da função valvar, da estimativa hemodinâmica não invasiva e das doenças do 
pericárdio. A ventriculografia radioisotópica pode ser útil em pacientes nos quais a janela 
ecocardiográfica não é adequada, embora ela tenha perdido grande espaço na prática clínica 
contemporânea. Outros exames de imagem, como a ressonância magnética e tomografia 
computadorizada, podem ser usados quando os não invasivos forem inconclusivos, ou para o 
diagnóstico de miocardiopatias específicas. 
Radiografia do tórax: A radiografia simples do tórax, por sua simplicidade, rapidez de obtenção e 
ampla disponibilidade, é recomendada na avaliação inicial dos pacientes com sinais e sintomas de 
IC, para avaliação de cardiomegalia e congestão pulmonar. Porém, vale ressaltar que a 
sensibilidade do método é bastante limitada e, ainda, que a disfunção sistólica cardíaca 
significativa pode ocorrer sem cardiomegalia na radiografia de tórax. O método tem maior valor 
no contexto da IC aguda, em que as alterações de congestão pulmonar são mais intensas. A 
radiografia de tórax também é útil por sua capacidade de identificar causas pulmonares de 
dispneia, como doença pulmonar intersticial, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 
neoplasia pulmonar e pneumonia. 
Ressonância magnética cardíaca: Fornece avaliação altamente acurada das estruturas e da função 
cardíaca, sendo considerada atualmente o método padrão-ouro para medidas dos volumes, da 
massa miocárdica e da fração de ejeção de ambas as cavidades ventriculares. A ressonância 
magnética cardíaca (RMC) pode ser empregada como método alternativo para as avaliações 
estrutural e funcional, naqueles pacientes em que o ecocardiograma convencional se mostre 
inadequado pela pobre janela acústica. Pode ser empregada para a caracterização anatômica 
diagnóstica em pacientes com IC e cardiopatia congênita complexa. 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
A RMC apresenta limitações que precisam ser consideradas no momento de sua indicação, como 
claustrofobia, presença de próteses e implantes metálicos ferrimagnéticos, e disfunção renal com 
clearance de creatinina < 30 mL/min/1,73 m2, uma vez que existe risco nessa população de 
desencadeamento de fibrose sistêmica nefrogênica. 
 
Quadro Clinico 
Quanto a apresentação clínica, a IC pode ser dividida didáticamente em IC direita e IC esquerda. 
Na IC esquerda, a falência do ventrículo esquerdo (VE) causa um aumento da pressão do 
enchimento deste ventrículo, o que diminui a eficácia da passagem do sangue do átrio esquerdo 
(AE) para o VE causa aumento da pressão no AE, dificultando o retorno do sangue da circulação 
pulmonar para o AE. 
Isso resulta em sintomas como dispneia aos esforços (que tende a piorar progressivamente sem o 
tratamento da IC), tosse seca ou com secreção rosácea, dispneia paroxística noturna (DPN), 
sintoma em que o paciente relata acordar durante a noite com falta de ar, que tende a melhorar 
após alguns minutos sentado ou em pé. Em estágios mais avançados, pode ser relatada ortopneia, 
onde o paciente relata dispneia ao deitar, o que é causado pelo aumento da pré-carga com a 
redistribuição do volume sanguíneo que se acumulava nos membros inferiores por gravidade. Em 
casos mais graves, o paciente pode apresentar edema agudo de pulmão (EAP) em virtude do 
aumento da pressão hidrostática nos capilares da circulação pulmonar, causando extravasamento 
de fluidos para os alvéolos e prejudicando a respiração. 
Já na IC direita, o processo de falência ocorre no ventrículo 
direito (IC), e através dos mesmos mecanismos explicados no 
caso da IC direita, ocorre congestão, no entanto, nesse caso é 
dificultado o retorno da circulação sistêmica, e não a 
circulação pulmonar. Dessa forma, o paciente costuma 
apresentar edema em membros inferiores, estase de 
jugulares, pode apresentar esplenomegalia por congestão 
(que pode evoluir até mesmo para insuficiência hepática) e 
ascite. A principal causa de IC direita, é uma IC esquerda que 
passou a causar aumento da resistência pulmonar, no entanto 
há outras causas como estenose da valva mitral, Cor 
pulmonale, hipertensão pulmonar primária e 
tromboembolismo pulmonar. 
De acordo com a apresentação da IC, ela pode ser classificada em diferentes perfis. O perfil A é 
caracterizado pelo paciente “quente e seco”, ou seja, bem perfundido e sem congestão. Esse perfil 
é o alvo terapêutico do paciente com IC. Já no perfil B, a apresentação mais comum dos pacientes 
hospitalizados com IC, o paciente se apresenta “quente e úmido”, ou seja, apresenta-se bem 
perfundido, porém congesto. 
O perfil L apresenta-se “frio e seco”, ou seja, com hipoperfusão tecidual, no entanto sem 
congestão. Esse é o perfil mais incomum de apresentação da IC. Já o perfil C descreve o paciente 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
“frio e úmido”, tratando-se do paciente com maior mortalidade na IC, pois apresenta ao mesmo 
tempo hipoperfusão e congestão, apresentando dessa forma. A avaliação do perfil do paciente é 
útil para a definição do tratamento, mas fique atento, o perfil do paciente pode mudar 
rapidamente. 
 
Tratamento 
Não farmacológico 
Tabagismo e drogas ilícitas: Todos os pacientes com IC devem ser encorajados a parar de fumar, 
preferencialmente com o auxílio de serviços especializados, para cessação do tabagismo, podendo 
utilizar terapias de reposição de nicotina e/ou fármacos moduladores, de acordo com 
recomendações universalmente aceitas. 
 Uso de bebidas alcoólicas: Pacientes com miocardiopatia dilatada de origem alcoólica devem ser 
aconselhados a se absterem completamente do uso de bebidas alcoólicas, o que pode se traduzir 
em melhora substancial da função ventricular. 
Vacina para influenza e pneumococo: Recomendamos a vacinação anual contra influenza para 
todos os pacientes com IC. Estudo recente sugere redução nas internações por doença 
cardiovascular dos pacientes que foram vacinados. 
 
Farmacológico 
Uma parte do tratamento é focada no alívio dos sintomas, no entanto, algumas classes de 
medicamento tem o potencial de diminuir o fenômeno de remodelamento cardíaco, que ocorre 
principalmente devido à hiperativação do SRAA (Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona) e 
sistema simpático. Excluindo casos de insuficiência cardíaca aguda grave, antes de iniciar o 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
tratamento farmacológico é importante uma completa avaliação da função ventricular. A ICC tem 
um caráter progressivo e inicia antes de os sinais e sintomas se tornarem evidentes. 
A terapêutica busca melhorar a função sistólica ventricular, aliviar os sintomas, regular as 
alterações neuro-humorais da insuficiência cardíaca, reduzir o fenômeno de remodelamento 
ventricular, minimizar complicações como tromboembolismo e arritmias. Nos pacientes que se 
apresentam com ICC descompensada, os objetivos primários são prevenção de morte, 
manutenção da função e perfusão tecidual e alívio da congestão. 
Medicamentos que aumentam sobrevida: 
Há um grupo de medicamentos muito importantes para o tratamento da IC a longo prazo, pela sua 
capacidade deaumentar a sobrevida dos pacientes. A maioria desses medicamentos inibe a 
desregulação do sistema simpático e SRAA. Os medicamentos que apresentam essas 
características são os inibidores da enzima conversora da angiotensina (iECA), bloqueadores dos 
receptores da angiotensina (BRA), beta-bloqueadores, antagonistas da aldosterona, hidralazina e 
nitratos, valsartana-sacubitril e novas classes de anti-diabéticos. 
No caso dos iECA, ensaios clínicos randomizados indicaram redução da mortalidade com o uso do 
enalapril, estabelecendo hoje a indicação de uso de iECA em todos pacientes com IC que não 
apresentem contraindicações. Apesar de alguns estudos indicarem eficácia semelhante entre BRA 
e iECA, normalmente os BRA são reservados aos pacientes que apresentam alguma intolerância 
ao iECA (como tosse seca, um dos principais efeitos colaterais dessa classe de medicamentos). 
Uma possibilidade terapêutica promissora é a combinação de valsartana e sacubitril. 
A valsartana é um antagonista do receptor de angiotensina, que é combinado ao sacubitril, um 
inibidor da neprisilina. A neprilisina é uma enzima responsável pela degração do BNP e ANP, que 
apresentam efeito natriurético benéfico para o paciente com IC, dessa forma o sacubitril aumenta 
a disponibilidade do BNP e ANP. 
A combinação de valsartana-sacubitril apresentou resultados superiores ao dos iECA em pacientes 
com IC, com redução de 16% da mortalidade, por isso esse medicamento passou a ser indicado 
em pacientes com ICFEp que persistem sintomáticos apesar de tratamento otimizado com beta-
bloqueadores, iECA ou BRA e antagonistas da aldosterona. 
Valsartana-sacubitril deve ser prescrito substituindo os BRA ou iECA, na dose inicial de 49/51mg 
em pacientes que mantém pressão sistólica acima de 100mmHg. 
Em pacientes com níveis mais baixos da pressão arterial, a dose inicial deverá ser de 24/26mg. É 
necessário ficar atento para a possibilidade de angioedema, um dos principais efeitos colaterais 
do medicamento, e é necessário suspender os iECA 36 horas de iniciar o uso do valsartana-
sacubitril, para evitar a sobreposição das drogas, o que aumentaria o risco de hipotensão e 
angioedema. 
Os beta-bloqueadores são indicados em todos os pacientes com IC apresentando disfunção 
sistólica, desde que não apresentem contraindicações como asma grave e bradicardias. Os beta-
bloqueadores também reduzem a mortalidade dos pacientes com IC, reduzem o mecanismo de 
remodelamento cardíaco e a demanda de O2 dos cardiomiócitos, sendo especialmente vantajosos 
nos pacientes que apresentam DAC associada. 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
 
Os antagonistas da aldosterona também auxiliam na 
redução da pré-carga e são indicados nos pacientes com IC e 
disfunção sistólica na classe III e IV da NYHA. Deve-se ter 
atenção para a possibilidade de hipercalemia, principalmente 
nos pacientes que usam antagonistas da aldosterona e BRA 
ou iECA. O medicamento deve ser suspenso em caso de 
hipercalemia. 
A combinação da hidralazina com um nitrato (como a 
isossorbida) apresentou redução de mortalidade em 
pacientes negros com IC classe II-IV da NYHA. Há evidência de 
maior qualidade indicando o benefício do uso dos beta-bloqueadores, iECAs ou BRAs e 
antagonistas do receptor da aldosterona, dessa forma, eles não devem ser suspensos para a 
introdução da hidralazina associada ao nitrato, e sim associados a ela. Há novos estudos que 
sugerem vantagem do uso da hidralazina também em pacientes brancos que apresentam sintomas 
apesar da terapia já otimizada com outras classes. 
Em pacientes diabéticos, inibidores do SGLT-2 (como a dapagliflozina e empagliflozina), uma nova 
classe de anti-diabéticos que inibem a reabsorção da glicose nos túbulos proximais, apresentou 
redução da mortalidade por causas cardiovasculares e redução das internações hospitalares. 
Dessa forma, essa classe de medicamentos se apresenta como uma possibilidade promissora para 
pacientes com DM2. É preciso ficar atento, no entanto, pois há estudos indicando que essas drogas 
estão associadas com maior risco de cetoacidose diabética. 
 
Medicamentos para alívio dos sintomas: 
Outras drogas, como os diuréticos tiazídicos, diuréticos de alça, drogas vasoativas e digitálicos 
também podem ser indicados nos pacientes com ICC, principalmente em episódios de 
descompensação, no entanto é importante ter em mente que apesar do efeito importante dessas 
drogas no alívio dos sintomas do paciente, eles não apresentam redução comprovada da 
mortalidade. 
Os diuréticos de alça, representados basicamente pela furosemida, representam a classe mais 
efetiva para alívio do quadro de congestão nos pacientes com IC descompensada (IC perfil B ou C). 
A dose de furosemida deve ser avaliada de acordo com o quadro clínico do paciente, e muitas 
vezes precisará de ajustes até atingir uma dose otimizada. É necessário avaliar a função renal dos 
pacientes, principalmente daqueles que já apresentam DRC, uma vez que os diuréticos de alça 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
podem auxiliar a compensar o quadro de congestão do 
paciente, no entanto, piorar de forma concomitante a função 
renal. 
Os diuréticos tiazídicos são muito menos eficientes que os 
diuréticos de alça, no entanto são uma alternativa terapêutica 
usada principalmente em associação com a furosemida nos 
pacientes que já fazem uso de altas doses dessa droga, no 
entanto, continuam congestos. No caso de diuréticos de alça e 
tiazídicos, é importante estar atento para o risco de 
desenvolvimento de hiponatremia, hipocalemia e outros 
distúrbios hidroeletrolíticos. 
A digoxina, da classe dos digitálicos, é uma droga usada 
principalmente com a intenção de aumentar o inotropismo. Ela 
bloqueia a Na+/K+ ATPase, e de forma indireta, aumenta a 
concentração de Cálcio no citoplasma, aumentando a força 
contrátil do cardiomiócito. No entanto, os digitálicos são drogas 
que apresentam um importante potencial arritmogênico e 
também uma ação anticolinérgica que reduz a excitabilidade do 
nó sinoatrial. Essa classe é considerada uma alternativa para o 
tratamento de pacientes com IC sintomáticos que não 
conseguiram atingir otimização clínica apesar de terapia 
otimizada com as drogas que reduzem mortalidade na IC. 
Os digitálicos apresentam uma janela terapêutica estreita e 
podem apresentar muitos efeitos colaterais, principalmente 
em pacientes hipocalêmicos ou com hipomagnesemia. Os 
sintomas da intoxicação digitálica são principalmente náuseas, 
vômitos, alterações visuais e arritmias cardíacas (podendo 
apresentar taquiarritmias ou bradiarritmias. 
Em pacientes muito graves, pode ser necessário fazer uso de 
drogas vasoativas, principalmente a dobutamina e 
noradrenalina. A noradrenalina apresenta principalmente 
efeito vasoconstrictor, e pode ser necessária em pacientes em 
choque cardiogênico. A dobutamina apresenta efeito 
inotrópico positivo, agindo em receptores adrenérgicos alfa-1, beta-1 e beta-2. 
Anticoagulantes: 
Nos pacientes que apresentam histórico pessoal ou familiar de primeiro grau, pode ser avaliado o 
uso de anticoagulação com antagonistas da vitamina K (warfarin) ou novos anticoagulantes, e o 
uso de anticoagulantes como a heparina ou enoxaparina é indicado para prevenção de trombose 
venosa profunda e tromboembolismo pulmonar nos pacientes com ICC internados, com 
mobilidade reduzida. 
Dispositivos: 
Nos pacientes refratários ao tratamento clínico otimizado, apresentando FE≤35% e bloqueio de 
ramo completo (QRS≥ 120ms), o ressincronizador biventricular, um tipo de marcapasso que 
sincroniza a sístole dos ventrículos, é indicado. 
Pacientes com IC apresentam risco maior de morte súbita por causa cardiovascular e de 
desenvolvimento de arritmias associadas a instabilidade hemodinâmica, como taquicardia 
ventricular (TV) e fibrilação ventricular (FV). Pacientes com IC que apresentam alto risco para 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda 
 
morte súbita de causa cardiovascular podem fazer uso de cardiodesfibriladores implantáveis(CDI) como forma de prevenção primária. Os pacientes que já apresentaram TV ou FV e 
sobreviveram, podem fazer uso do CDI como forma de prevenção secundária. Como o nome 
sugere, o dispositivo identifica essas arritmias e realiza cardioversão elétrica, reduzindo o risco de 
morte súbita cardiovascular. 
Nos pacientes com ICFEr estágio D da AHA, é possível fazer uso de dispositivos de assistência 
ventricular, uma bomba mecânica que é conectada no VE e à aorta ascendente, realizando a 
função de bomba que deveria ser desempenhada pelo coração. Esse dispositivo pode aumentar 
muito a qualidade de vida dos pacientes com ICFEr e reduzir muito ou até eliminar sintomas de 
baixo débito, no entanto esses dispositivos são caros e pouco disponíveis no nosso meio. Em 
pacientes com indicações específicas, o transplante cardíaco é uma alternativa. 
 
 
 
Tutoria 2- 2ºmódulo/ Jeovanna Miranda

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