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CIRCULAÇÃO PULMONAR INTRODUÇÃO O pulmão apresenta duas circulações: (1) pulmonar, que é composta pelas artérias e veias pulmonares (trocas gasosas) e (2) brônquica, que é formada pelas artérias e veias brônquicas (irriga vias aéreas). As artérias pulmonares originam-se do ventrículo direito e têm trajeto, distribuição e direção similares à da árvore brônquica. Distalmente, à artéria pulmonar forma uma rede capilar que circunda as unidades alveolares. Em relação à circulação brônquica, as artérias brônquicas podem originar-se da aorta descendente e artérias intercostais e recebem 2% do débito cardíaco para que seja possível irrigar as vias aéreas. Parte do retorno do sangue das veias brônquicas é drenado diretamente para as artérias pulmonares. Este não é oxigenado e constitui parte do shunt fisiológico. PRESSÕES NA CIRCULAÇÃO PULMONAR ● A circulação pulmonar normal é considerada de baixa resistência e alta complacência. Em situações de necessidade, é capaz de acomodar até 6 vezes mais o débito cardíaco (DC) através do (1) recrutamento de vasos previamente fechados e da (2) distensão dos vasos funcionantes. ● Em situações de doenças que aumenta a pressão como o tromboembolismo , mais distal melhor mais proximal pior Duas valvas de escape para hipertensão pulmonar 1. Recruta capilares que estão mais fechado e se abrem 2. Distensão dos vasos 3. Vasoconstrição situação de hipertensão ● As pressões na circulação pulmonar são bem menores que na circulação sistêmica. As pressões sistólica e diastólica na artéria pulmonar são 25 e 10 mmHg, respectivamente. Na circulação sistêmica são 120 e 80 mmHg, respectivamente. ● Os vasos situados dentro da caixa torácica e fora dos pulmões são denominados de vasos extrapulmonares e estão expostos à pressão intrapleural. E, por outro lado, de acordo com a incorporação anatômica dos vasos dentro do parênquima pulmonar, podem-se distinguir os (1) vasos alveolares e (2) extra-alveolares. ● Vasos extra pulmonares – veia cava inferior (veia cava pode ficar comprimida e pode comprometer a circulação no coração) aorta ● Vasos pulmonares- alveolares e extra alveolares- em caso eles podem comprimir e comprometer a troca gasosa 1. Os vasos alveolares são constituídos de: 1. Capilares alveolares: situam-se na parede dos alvéolos, estando expostos à pressão, tamanho e formato alveolares. Quando o volume pulmonar aumenta, como ocorre na inspiração à capacidade pulmonar total, os alvéolos são estirados e a compressão dos capilares aumenta a sua resistência ao fluxo sanguíneo. Isso pode ocorrer quando o paciente se encontra em ventilação mecânica com altos volumes ou altas PEEP´s. 2. Capilares extra-alveolares:geralmente estão situados na confluência de três alvéolos. Esses vasos funcionam à semelhança dos vasos extra-alveolares, ou seja, o aumento dos seus diâmetros ocorre durante a expansão pulmonar. 1. Os vasos extra-alveolares incluem as artérias e as veias que correm através do parênquima pulmonar. Como suas paredes são fixas por conexões com os alvéolos adjacentes, o calibre destes vasos modifica-se de acordo com o volume pulmonar. Redução do volume pulmonar, como ocorre após uma expiração forçada, diminui a tração radial exercida pelo tecido pulmonar adjacente, e consequentemente a resistência ao fluxo aumenta. O volume influencia no calibre 2. Como visto anteriormente, a resistência vascular pulmonar (RVP) é normalmente baixa, mas pode alterar-se frente à diferentes estímulos. Em algumas situações, a alteração da RVP ocorre de forma passiva, ou seja, sem a contração ou relaxamento do músculo liso (ex: ventilação com pressão positiva pode aumentar RVP). Por outro lado, fatores neurais e humorais interferem de forma ativa na RVP, envolvendo a contração ou relaxamento da musculatura lisa dos vasos. Passiva e ativa Um exemplo deste último é a vasoconstrição hipóxica. Essa resposta intrínseca dos pulmões desvia o sangue das áreas pouco ventiladas para áreas mais bem ventiladas, melhora a relação ventilação-perfusão e consequentemente, a oxigenação sistêmica. Na atelectasia ou pneumonia esta resposta é focal. Já em grandes altitudes ou na apnéia do sono, ocorre hipóxia global, com constrição da artéria pulmonar e aumento da RVP. A utilização de oxigênio suplementar reverte este quadro. O achado mais comum dentre as desordens da circulação pulmonar é a hipertensão pulmonar secundária às doenças cardiopulmonares ou sistêmicas (agudas ou crônicas). A hipertensão pulmonar crônica é caracterizada por elevação da pressão na artéria pulmonar devido à vasoconstrição e remodelamento vascular. Isso causa hiperplasia e um aumento crônico da resistência vascular pulmonar, o que pode gerar o Cor pulmonale. Comum em pacientes DPOC DISTRIBUIÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO PULMONAR Em indivíduos normais a perfusão pulmonar aumenta progressivamente da região não dependente (superior) para a região dependente (inferior), ou seja, a perfusão é maior nas regiões inferiores. Isso pode ser explicado pela teoria gravitacional. O pulmão pode ser dividido em três áreas funcionais, chamadas de zonas I, II e III de West. Na zona I, a pressão alveolar (PA) é maior que a pressão arterial (Pa) e venosa (Pv). Os capilares se encontram semi-colapsados, ocorrendo pouca perfusão. Na zona II, a pressão arterial é maior que a pressão alveolar que, por sua vez, é maior que a venosa. Nessas condições, o fluxo é determinado pela diferença entre a pressão alveolar e a pressão venosa. O fluxo sanguíneo é intermitente e está relacionado à pressão sistólica. Os períodos de fluxo tornam-se progressivamente maiores à medida que se desce nessa zona. Na zona III, a pressão arterial é maior que a pressão alveolar e esta é menor que a pressão venosa. Dessa maneira, os capilares mantêm-se abertos. Como nesta zona a Pv excede a PA, isso resulta em distensão dos capilares colapsáveis. Consequentemente, o aumento da Pv ou a alteração da membrana alvéolo-capilar favoreceram a formação de edema nas regiões dependentes. RELAÇÃO VENTILAÇÃO/PERFUSÃO (relação V/Q) INTRODUÇÃO O ajuste entre a ventilação (quantidade de ar que chega nos alvéolos) e a perfusão (fluxo de sangue que perfunde os alvéolos) é determinante para manter as trocas gasosas dentro dos limites ideais. Logo, modificações na relaçãoV/Q resultam em alterações na PO2 e na PCO2. Normalmente a ventilação alveolar varia em torno de 4 a 6 L/min e o fluxo sanguíneo tem valores em torno de 5 L/min. Assim sendo, a relação V/Q no pulmão varia entre 0,8 e 1,2. RELAÇÃO V/Q A relação V/Q deveria ser a mesma em todas as regiões. No entanto, isto não acontece nem mesmo nas pessoas saudáveis. Sabe-se que a perfusão da base é cerca de 10 vezes maior do que a do ápice e que a ventilação da base é cerca de 3 vezes maior do que a da ventilação do ápice. Desta forma, como a variação da perfusão é maior do que a da ventilação, isso faz com que a relação V/Q seja maior no ápice. Em resumo, a base é mais bem ventilada e perfundida do que o ápice, mas a relação V/Q é maior no ápice. A maior relação V/Q é no ápice (V/Q > 0,8), porque quando eu divido a quantidade de ar que chega no ápice pela quantidade de sangue que chega no ápice o valor será mais alto (explicação: o Q é muito baixo no ápice, fazendo com que, matematicamente, a relação V/Q final seja maior). Exemplo: ÁPICE V=4 e Q=3,8 (V/Q= 1,05) e BASE: V=4 e Q=5,5 (V/Q= 0,72) Distribuição da V/Q ● V/Q> 0,8àacima da 3a. Costela ● V/Q= 0,8à nível da 3a. Costela ● V/Q< 0,8àabaixo da 3a. Costela Sabe-se que o shunt corresponde a alvéolos perfundidos, mas não ventilados. Nesta situação a relação V/Q=0, resultando em hipoxemia (EX: SDRA). Quando os alvéolos apresentam maior ventilação que perfusão, constata-se o espaço morto alveolar (Ex: Embolia pulmonar). Nesta situação ocorre uma V/Q infinita e o próprio organismo tenta desviar a ventilação do pulmão não perfundido. Se não houver esta compensação, as trocas gasosas também ficarão prejudicadas. É importante ressaltar que, alvéolos com alta V/Q não conseguem compensaradequadamente alvéolos com baixa V/Q, pois num determinado momento a hemoglobina se satura e assim, não há possibilidade de aumentar o conteúdo arterial de oxigênio. Vide figura abaixo: RELAÇÃO V/Q APLICADA EM SITUAÇÕES CLÍNICAS Em pacientes que respiram com baixo volume corrente (ex: PO de cirurgia abdominal) e em pacientes sob ventilação mecânica o gradiente de pressão intrapleural se altera e isso favorece a ventilação nos ápices pulmonares. Isso pode exacerbar o desequilíbrio V/Q uma vez que a perfusão é maior nas áreas dependentes. Em decúbito dorsal a V/Q torna-se mais uniforme (mas deve-se sempre considerar os diversos efeitos biomecânicos negativos que essa posição impõe). Em decúbito lateral, no pulmão dependente (que fica para baixo) observa-se maior deslocamento do diafragma durante a respiração, e, assim, maior contribuição desse pulmão para a ventilação e trocas gasosas. Melhores V/Q encontradas nessa posição: 1/3 superiores de ambos os pulmões. Por esse motivo as trocas gasosas geralmente melhoram quando portadores de patologia pulmonares unilaterais são colocados em DL com o pulmão sadio na região dependente. O envelhecimento afeta a estrutura do parênquima pulmonar e parede torácica e, consequentemente, observam-se modificações na relação V/Q. Do ponto de vista da estrutura pulmonar, a perda do recolhimento elástico é uma das principais alterações, levando a via aérea a se fechar com volumes pulmonares mais elevados, favorecendo assim, um aumento no volume residual. Os músculos expiratórios apresentam redução da força de contração, o que também contribui para aumentar o volume residual, principalmente durante as expirações forçadas. Dentre as alterações da parede torácica, o envelhecimento acarreta: comprometimento músculo-esquelético, modificações na curvatura da coluna vertebral, redução dos espaços intervertebrais e calcificação das cartilagens intercostais. Esses fatores combinados irão induzir um aumento na rigidez da parede torácica, que dificultará a inspiração. DIFUSÃO DE GASES INTRODUÇÃO O ar que respiramos é composto por O2 (21%), N2 (78%), CO2 e outros (1%). Inicialmente, para o melhor entendimento da difusão de gases, é necessário entender alguns conceitos, como o de pressão parcial de um gás que é determinada multiplicando-se a sua fração inspirada (F) pela pressão total. Por exemplo, o ar seco contém uma concentração de 20,9 % (21%) de oxigênio. A PaO2 (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) em ar seco ao nível do mar, onde a pressão barométrica é de 760 mmHg, é portanto (20,9/100) x 760 = 159 mmHg. Entretanto, a umidificação do oxigênio nas vias aéreas extra-pulmonares faz com que a PO2 da traquéia seja menor do que no ambiente seco (149 mmHg). Além disso, ocorre uma variação da pressão parcial de oxigênio da traquéia para os alvéolos (de 150 para cerca de 100 mmHg) em função da remoção de oxigênio pelo fluxo sanguíneo pulmonar. Vide figura abaixo. DIFUSÃO DE GASES O oxigênio e o dióxido de carbono se difundem entre os alvéolos e os capilares pulmonares, e entre os capilares sistêmicos e as células do corpo. O movimento destes gases, movendo-se em direções opostas, é chamada de difusão. Os gases partem de uma área de alta pressão em direção a uma área de baixa pressão. A difusão obedece a Lei de Fick na qual a troca gasosa é inversamente proporcional à espessura do tecido (a membrana alvéolo-capilar é muito fina) e proporcional à: O2 tem mais facilidade de atravessar ● Área do tecido (superfície alvéolo-capilar muito grande- 75-100 m2) ● Gradiente de pressão parcial (diferença de pressões entre alvéolo e capilar) ● Constante de difusão (CO2 é 20 vezes mais solúvel que o O2) Durante o exercício físico, como o débito cardíaco se eleva, o tempo de passagem de uma hemácia pelo capilar pode ser reduzido (as trocas têm que ser mais rápidas). Em indivíduos normais isto não acarreta piora nas trocas gasosas. Entretanto, se o indivíduo apresentar alteração na barreira alvéolo capilar como por exemplo na fibrose pulmonar (aumento da espessura do tecido com conseqüente piora da difusão), ele pode inicialmente não apresentar alteração da PO2 durante o repouso, porém, esta pode ser detectada inicialmente durante o esforço físico.
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