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Micologia Geral Linha do Tempo Em 1665, os fungos foram descritos por Robert Hooke como estruturas filamentosas. A taxonomia surgiu com Carolus Linnaeus que dividiu, primeiramente, os seres vivos em dois reinos: vegetal e animal. A taxonomia possui um sistema hierárquico: 1) Classe 2) Ordem 3) Gênero 4) Espécie 5) Variedade 1958 - Nomenclatura binominal de organismo Ex: Candida (gênero) albicans (espécie) A primeira letra é maiúscula identificando o gênero enquanto o resto é minúsculo. Itálico ou sublinhada (no computador) 1866 - Haeckel criou o esquema “árvore da vida” e criou o Reino Protista. Por isso, inicialmente, os fungos eram classificados como plantas. Porém, eles apresentavam características conflitantes com o Reino Plantae, como: ➤ ausência de clorofila ➤ heterotróficos ➤ nutrição por absorção ➤ parede celular de quitina (não de celulose) ➤ armazenamento de glicogênio Em 1969, foi criado o Reino Fungi ou Mycetalia para classificar os fungos. Além disso, Whittaker propôs a divisão dos seres vivos em 5 reinos: Monera, Protista, Plantae, Fungi e Animalia. Em 1977 surgiu a divisão dos organismos a partir da análise de DNA ribossômico (16S). Características gerais dos fungos ➔ Organismos eucarióticos ➔ A parede celular fúngica é composta de quitina e β-glucana (a proporção varia de acordo com a espécie fúngica). ➔ Possuem como substância de reserva o glicogênio ➔ Aspectos microscópicos podem ser unicelulares ou pluricelulares ➔ Aspectos macroscópicos são resultado da observação dos aspectos da colônia. ➔ Podem ser aeróbios estritos ou anaeróbios facultativos ➔ Estruturalmente podem ser unicelulares, multinucleados ou podem ter dimorfismo térmico (apresentam duas formas). ➔ Condições de crescimento: ambientes úmidos (20ºC a 30ºC), pH 6, fonte de glicose e nitrato. ➔ Nutrição: absorção. ➔ Distribuição geográfica: cosmopolitas. ➔ Cadeia trófica: decompositores. ➔ Hábitos: sapróbios, simbiontes e parasitas. ➔ Reprodução: assexuada ou sexuada. Taxonomia fúngica Pertencem ao domínio Eukarya, dentro do Reino Fungi. Possuem 4 filos principais e suas classes: 1) Basidiiomycota a) Basidiomycetes (fungos macroscópicos) b) Telioomycetes c) Ustomycetes 2) Ascomycota a) Ascomycetes 3) Zygomycota (fungos primitivos) a) Zygomycetes b) Trichomycetes 4) Chytridiomycota a) Chytridiiomycetes A estrutura da célula fúngica São células eucarióticas, ou seja, que possuem um núcleo com membrana nuclear. A parede celular tem como função dar forma, fornecer proteção osmótica e ser uma sede de antígenos. A composição química da parede celular fúngica pode ser por manoproteínas, glucanas e quitina, alguns lipídeos e pigmentos. A membrana plasmática contém enzimas importantes como a glucana sintase e quitina sintase, controla a entrada de nutrientes e faz a transdução de sinais. Ela contém ergosterol, um esterol diferente do encontrado nas células animais, o colesterol. No citoplasma celular, há inclusões de glicogênio que são a reserva energética dessas células. Alguns fungos podem apresentar cápsula, o que pode indicar um fator de virulência. Morfologia dos fungos 1) Unicelulares → fungos leveduriformes (LEVEDURAS) Macromorfologia colônias de aspecto úmido, cremosa ou pastosa• Micromorfologia unicelulares• células ovóides, elipsóides• algumas apresentam pseudomicélio• 2) Pluricelulares → fungos filamentosos (BOLOR) Macromorfologia colônias de aspecto seco, aveludadas,• algodonosas, pulverulentos Micromorfologia multicelulares e filamentosos• apresenta hifas e esporos, onde o conjunto de• hifas é chamado micélio As leveduras não apresentam diferenciação entre a parte vegetativa e reprodutiva, diferentemente dos bolores que apresentam dois tipos de micélios. O micélio de bolores pode ser de dois tipos: vegetativo e reprodutivo. a) Micélio vegetativo → tem função de sustentar e absorver os nutrientes. b) Micélio reprodutivo ou aéreo → tem como função a disseminação e preservação da espécie. Os micélios podem ser septados ou sem septos: 1) Asseptada ou Cenocítica 2) Septada Asseptada ou Cenocítica → Não apresentam septos, são mais primitivos Septada → Apresentam septos e passagem de substâncias, pode ter dois tipos: a) artroconídio ou artrósporo → estruturas retangulares b) clamidoconídio ou clamidósporo → estruturas arredondadas Reprodução dos fungos Nos micélios reprodutivos há a formação de esporos de vários formatos (cilíndricos, elípticos, ovóides, baciliformes). A morfologia e modo de formação desses esporos identificam gêneros e espécies desses fungos. A fase sexuada dos fungos é denominada teleomórfica ou perfeita e a fase assexuada, anamórfica ou imperfeita. Os esporos podem ser de origem assexuada (esporo anamorfo) e sexuada (esporo teleomorfo). Podem ser formados no interior (endósporos) ou exterior (ectósporos) dos micélios reprodutivos. A reprodução sexuada entre os fungos contribui, através da recombinação genética, para a variabilidade necessária ao aperfeiçoamento da espécie. Em geral, esses fungos com reprodução sexuada produzem, em determinadas fases de seu ciclo, estruturas assexuadas, os conídios, que asseguram a sua disseminação. Essa característica de mudança de tipo de reprodução reflete-se em características morfológicas diferentes e o mesmo fungo recebe denominações diferentes. Por exemplo, o fungo leveduriforme Cryptococcus neoformans em sua fase sexuada é denominado Filobasidiella neoformans. A reprodução sexuada se dá por três fases: 1) Plasmogamia (fusão do citoplasma) 2) Cariogamia (fusão dos núcleos) 3) Meiose (redução dos cromossomos) As leveduras se reproduzem de forma assexuada, por brotamento ou fissão nuclear, onde a célula mãe forma blastoconídios (gemulação) que formam pseudo-hifas. Mas também podem realizar reprodução sexuada. Estruturas de reprodução de fungos Origem assexuada Os esporos assexuados podem ser de dois tipos: esporangiosporos (dentro de um esporângio de uma hifa não septada) ou conídios (hifa septada). Os ectosporos assexuados são denominados de conídios e são formados na extremidade de hifas especiais, os conidióforos. Os conídios representam o modo mais comum de reprodução assexuada e cumprem importante papel na dispersão dos fungos na natureza Os endósporos assexuados de fungos filamentosos que possuem hifas não septadas originam-se em estruturas denominadas esporângios, por um processo interno de clivagem do citoplasma e são chamados esporangiosporos. Origem sexuada Os ectósporos (propágulos) sexuados originam-se da fusão de estruturas diferenciadas com caráter de sexualidade. Os propágulos sexuados externos, denominados de basidiósporos, são formados na extremidade de uma hifa fértil denominada basídio e caracterizam a subdivisão Basidiomycotina. Os propágulos sexuados internos (endósporos) são denominados de ascósporos e são formados no interior de células especiais, os ascos, e caracterizam a subdivisão Ascomycotina. Aplicações → Indústria alimentícia (fermentos) → Indústria farmacêutica (antimicrobianos, imunossupressores e hormônios) → Produção de biodiesel → Biorremediação (petróleo, corantes têxteis, agrotóxicos) → Produtores de toxinas Vias de dispersão Pode ocorrer pelo ar, água, sementes, insetos, homens e animais. Micoses 1) Micoses superficiais e cutâneas A) Micoses superficiais São infecções fúngicas que atingem pele, pelos e unhas, causando o que é chamado de dermatomicose. Geralmente não causam repercussão histológica e podem provocar uma reação inflamatória variável. Exemplos: Pitiríase versicolor→Malassezia sp.• Tinea nigra → Hortaea werneckii e• Phaeoannellomyces werneckii Piedra branca→ Trichosporon sp.• Piedra preta→ Piedraia hortae• B) Micoses cutâneas Atingem a capa córnea da pele ou a parte queratinizada intrafolicular dos pelos ou da lâmina ungueal. Na pele, apresenta manchas inflamatórias, nos pelos, lesão de tonsura e naunha destruição da lâmina ungueal. O contágio pode acontecer através de animais, homens ou de solo infectado. Exemplos Dermatofitoses → Trichophyton sp.,• Microsporum sp. e Epidermophyton floccosum. Candidíase superficial→ Candida sp.• 2) Micoses subcutâneas São caracterizadas pela inoculação de um fungo patogênico por conta de traumatismos. Podem ser localizadas por disseminação do fungo através de via linfática. Esses fungos são encontrados no solo e vegetais em decomposição, principalmente em climas tropicais e subtropicais que fornecem muito calor e umidade. Exemplos: Cromomicose → Fonsecaea pedrosoi,• Fonsecaea compacta, Phialophora verrucosa, Cladosporium carionii, Rhinocladiella aquaspersa Esporotricose→ Sporothrix schenckii• Micetoma→ vários• Zigomicose → Mucor sp. , Rhizopus sp. ,• Rhizomucor sp. , Absidia sp. Doença de Jorge Lobo→ Lacazia loboi• Feo-hifomicose→ vários• Hialo-hifomicose→ vários• 3) Micoses sistêmicas e profundas São caracterizadas pela inalação de propágulos fúngicos causando uma lesão primária no pulmão. A partir disso o fungo pode se disseminar pelo sangue levando a lesões extrapulmonares. Ao invadir o organismo os fungos desencadeiam resposta imunológica (reação intradérmica). Exemplos: Paracoccidioidomicose → Paracoccidioides• brasiliensis Coccidioidomicose→ Coccidioides immitis• Blastomicose→ Blastomyces dermatitidis• Histoplasmose → Histoplasma capsulatum var.• capsulatum ou Histoplasma capsulatum var. duboisii 4) Micoses oportunistas São causadas por fungos termotolerantes, ou seja, que crescem em temperaturas de 37ºC. Possuem baixa virulência e atingem mais indivíduos com deficiências no sistema imunodefensivo. Esse tipo de infecção pode atingir variados órgãos e se apresentar como cutânea, subcutânea ou sistêmica. Exemplos: Criptococose→ Cryptococcus neoformans• Candidíase→ Candida sp.• Aspergilose→ Aspergillus sp.• Mucormicose → Mucor sp. , Rhizopus sp. ,• Rhizomucor sp. , Absidia sp Diagnóstico O diagnóstico laboratorial é feito pela verificação do fungo no material clínico como: preparações microscópicas, exames histopatológicos e cultivos. Nas micoses superficiais são coletados pelos e escamas de pele ou unha. Nas micoses subcutâneas são coletados pus, sangue e secreções. Nas micoses profundas são examinados fezes, escarro, urina, LCR. Outros métodos que também podem ser utilizados são: imunofluorescência, corantes vitais e biópsia. Cultura A cultura de fungos auxilia na identificação de fungos, porém, apresenta dificuldades como o crescimento lento dos agentes, contaminação por outros microrganismos e dificuldade de identificação. O meio de cultura mais utilizado é o isolamento em meio de ágar Sabouraud. Esse meio utiliza um pH levemente ácido e apresenta antibióticos inseridos como o cloranfenicol. A identificação dos fungos é feita por suas características morfológicas
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