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Materiais dentários I Karolina Viana 1 PROPRIEDADES DOS MATERIAIS PROPRIEDADES MECÂNICAS As propriedades mecânicas são geralmente expressas em unidades de tensão e/ou deformação. Elas podem representar medidas de: - Deformação elástica ou reversível (limite de proporcionalidade, resiliência e módulo de elasticidade) - Deformação plástica ou irreversível (percentual de alongamento e dureza) - Combinação de deformação plástica e elástica tal como a tenacidade e o limite de escoamento. • Tensão É a força por unidade de área que atua em um dado plano de um material submetido a uma aplicação de carga. A tensão tipicamente diminui em função da distância da área da força ou pressão aplicada. Sempre que uma tensão estiver presente, uma deformação será induzida. As distribuições de tensão em um sólido elástico, raramente são constantes ou uniformes. - Tensão de tração: produzida por uma força de tração. É a força de tração por unidade de área perpendicular à direção da força. Causada por uma carga que tende a esticar ou alongar um corpo. Está sempre acompanhada por uma deformação de tração. Pode ser gerada quando estruturas são flexionadas. Ex.: morder uma bala toffee que gruda nos dentes com os molares e tentar abrir a boca. - Tensão de compressão: produzida por uma força compressiva, quando um corpo é colocado sob uma carga que tende a comprimi-lo ou encurtá-lo. Está associado à uma deformação compressiva. Ex.: apertar os dentes. - Tensão de cisalhamento: produzida por uma força de cisalhamemento ou de flexão. É aquela que tende a resistir ao deslizamento de uma porção de um corpo sobre outra. Também podem ser produzidas pela torção de um material. É improvável de acontecer na boca. * Uma força de flexão pode produzir todos os três tipos de tensão em uma estrutura, mas na maioria dos casos, a fratura é decorrente do componente de tração. ** A tensão da cavidade oral é a tensão complexa, que é a junção de dois tipos de tensão. *** Resistência é o nível médio de tensão no qual um material exibe certo grau de deformação plástica inicial ou no qual acontece a fratura. A resistência depende da taxa de desenvolvimento da tensão, do formato do corpo de prova, do tamanho do corpo de prova, do acabamento da superfície (que controla o número e tamanho relativo dos defeitos da superfície), do número de ciclos de tensão, e o ambiente no qual o material é testado. A resistência diminui com a existência de áreas de concentração de tensão. • Deformação Variação de comprimento por unidade de comprimento de um objeto submetido à uma tensão. Variação da forma do objeto. - Deformação elástica: reversível; o objeto recupera totalmente a sua forma inicial quando a força é removida. Resultado do esticamento, mas não da ruptura de ligações atômicas e moleculares de um sólido ordenado. - Deformação plástica: deformação permanente do material, que nunca se recupera à sua forma inicial quando a força é removida. Se o material for deformado por uma tensão com intensidade superior a do limite de proporcionalidade e inferior a necessária para a fratura, a remoção da força aplicada reduzirá a tensão à zero, mas não reduzirá a deformação à zero. Ocorreu uma deformação permanente. • Resistência É o nível médio de tensão em que um material exibe certa quantidade de deformação plástica (limite de escoamento) ou o ponto em que ocorre fratura (resistência máxima). A resistência depende: - da taxa de deformação - da forma do corpo de prova - do acabamento superficial - do meio no qual o material é testado A resistência de um material pode ser descrita por uma ou mais das seguintes propriedades: - Limite de proporcionalidade (a tensão acima da qual não há mais proporcionalidade entre a tensão aplicada e a deformação) - Limite elástico (tensão máxima que um material pode suportar antes de apresentar deformação plástica) - Limite de escoamento ou tensão de prova (tensão necessária para produzir uma dada quantidade de deformação plástica) - Resistência máxima à tração, ao cisalhamento ou à compressão e resistência à flexão. * Ponto de fratura: resistência máxima suportada por um corpo antes de fraturar-se. O ponto de fratura encontra-se no máximo de deformação plástica que o material aguenta. Ocorrem exceções em casos de fadiga do material. • Tensão de flexão É aquela que ocorre com a presença de dois pontos fixos ou um ponto fixo, podendo haver tensões de tração e compressão ao mesmo tempo. Tensões de Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 2 flexão ocorrem em PPF de dois ou de três elementos. - Três elementos: a prótese é submetida à aplicação de carga em três pontos, onde os pontos finais são fixos e uma força é aplicada entre eles. As tensões de tração se desenvolvem na porção gengival da prótese e as tensões de compressão na região oclusal. - Dois elementos: a prótese é suportada apenas em uma extremidade; há uma carga ao longo de qualquer parte da seção sem suporte. A tensão máxima de tração se desenvolve na superfície de oclusão ou na superfície que se torna mais convexa indicando uma ação de alongamento. A tensão de compressão se desenvolve na porção gengival a prótese. PROPRIEDADES MECÂNICAS BASEADAS NA DEFORMAÇÃO ELÁSTICA • Flexibilidade O corpo flexível é o que possui alto módulo de elasticidade e alto limite elástico (valor acima do qual a o material não volta ao estado normal quando a força é removida). Desejável em restaurações e peças protéticas. A flexibilidade máxima é definida como a deformação por flexão que ocorre quando o material é tensionado até seu limite de proporcionalidade. • Módulo elástico (módulo de Young) (E) Descreve a rigidez relativa de um material, medida pela inclinação da porção reta da região elástica do diagrama tensão-deformação. Quanto maior o módulo de elasticidade maior a rigidez do material. Corresponde à tensão de compressão dividida pelo valor correspondente da deformação. Módulo de elasticidade = rigidez. O material restaurador deve ter o módulo de elasticidade compatível com a estrutura dentária. Se for menor, o material quebra e se for maior, o dente quebra. Isso promove o desgaste fisiológico da restauração. • Limite de proporcionalidade (P) É o ponto final da reta; limite no qual as tensões são diretamente proporcionais às deformações. Até o limite de proporcionalidade, as deformações são elásticas ou reversíveis. Dá-nos a carga máxima que o material suporta uma tensão sendo que ao cessar a tensão, o material retorna ao seu estado inicial. A tensão elástica é proporcional à deformação elástica, por isso no gráfico tensão-deformação, a curva se inicia como uma linha reta; ao longo desta linha, o material se comporta elasticamente e retorna à sua forma e tamanho inicial no instante que a força é removida. Quando certo valor de tensão aplicada, correspondente ao ponto P, é excedido, o gráfico deixa e ser linear e o valor da tensão deixa de ser proporcional à deformação. A região da linha reta representa a deformação elástica reversível, porque a tensão permanece abaixo do limite de proporcionalidade. A inclinação da região linear, então constitui a medida da rigidez relativa de um material. A região curva do gráfico representa uma deformação plástica irreversível que não se recupera. Quando começa a se descrever uma parábola, não há mais proporcionalidade. • Resiliência Quantidade de energia absorvida por uma unidade de volume de uma estrutura quando esta é tensionada até seu limite de proporcionalidade. A resiliência é a área sob a região elástica da curva tensão-deformação. Capacidade que um material tem de suportar tensões sem transferir as mesmas para ocorpo adjacente. A dentina humana é um material altamente resiliente. * Um material restaurador deve apresentar um módulo de elasticidade moderadamente alto e uma relativa baixa resiliência, limitando assim a deformação Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 3 elástica que é produzida. • Tenacidade (T) Quantidade de energia de deformação elástica e plástica necessária para fraturar um material. É a medida da energia requerida para causar trincas críticas em um material. A tenacidade é a área total sob a curva tensão-deformação, da tensão zero até o limite de fratura. Quanto maior a tenacidade, maior é a resistência de um material. • Limite elástico Se uma pequena tensão de tração for aplicada em um fio, ele retornará ao seu comprimento original quando a carga for removida. Se a carga for progressivamente aumentada em pequenos incrementos e então liberada após cada aumento de tensão, em dado momento obteremos um valor de tensão em que o fio não retorna ao seu comprimento original após a remoção da carga. Este é o ponto onde foi atingido o limite elástico. É a maior tensão a que um material pode ser submetido de tal modo a retornar às suas dimensões originais quando a força é removida. • Fadiga O material fraturar-se abaixo da resistência máxima que ele possui. Falha por produção de fratura prematura de um objeto por tensões muito abaixo da resistência à tração devido a defeitos microscópicos causados por cargas cíclicas. Valores de tensão muito abaixo da resistência máxima à tração podem produzir a fratura prematura da prótese dental, uma vez que defeitos microscópicos crescem lentamente após vários ciclos de tensões. Para materiais frágeis com superfície rugosa, o limite de resistência à fadiga é menor do que os materiais com superfícies polidas. • Fragilidade É o material que se fratura próximo ao limite de proporcionalidade. Incapacidade relativa de sofrer deformação plástica antes de sofrer fratura. Um material frágil não é necessariamente um material fraco, pois ele pode ter um limite de proporcionalidade muito elevado. • Ductilidade e Maleabilidade - Ductilidade: capacidade de suportar uma grande deformação permanente sob carga de tração, antes de sofrer fratura. - Maleabilidade: capacidade de o material suportar uma deformação permanente considerável sem ruptura sob compressão, tal como ocorre durante a laminação de uma chapa. FATORES DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÕES A causa na redução da resistência é a presença de pequenos defeitos microscópicos ou microestruturais na superfície ou na estrutura interna. Esses defeitos localizados em áreas sujeitas a tensões de tração são críticos em materiais friáveis. A intensidade de tensão aumenta de acordo com o comprimento do defeito, especialmente quando ele está orientado perpendicularmente à direção das tensões de tração; os defeitos na superfície induzem maiores tensões do que os defeitos de mesmo tamanho nas regiões internas. Todo local onde se concentra tensões tem mais riscos de fratura. As áreas de concentração de tensões podem ser causadas por: - Defeitos microscópicos ou microestruturais na superfície (pior de todos) ou na estrutura interna do corpo. - Porosidades - Rugosidades - Vazios ou inclusões internas - Bruscas alterações de formato - Interface de união – diferença no módulo elástico ou coeficiente de expansão térmica * As forças de tração tem maior influência na concentração de tensões do que as forças de compressão. PROPRIEDADES FÍSICAS DOS MATERIAIS Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 4 • Viscosidade É a resistência ao escoamento. A resistência ao escoamento é controlada pelas forças de atrito interno entre os átomos dentro do liquido. A viscosidade é a medida de consistência de um fluido e sua incapacidade de escoamento. Ex.: materiais de moldagem. - Fatores que influenciam a viscosidade: - Temperatura: normalmente seu aumento diminui a viscosidade - Deformações anteriores/tixotropia: material que escoa frente à aplicação de uma força sobre o mesmo. Ex.: poliéter. - Tempo de trabalho → Materiais pseudoplasticos: a viscosidade diminui com o aumento da taxa de deformação até alcançar um valor praticamente constante. → Materiais dilatantes: tornam-se mais rígidos à medida que a taxa de deformação aumenta. → Materiais plásticos: comportam-se como um corpo rígido até que um valor mínimo de tensão de cisalhamento seja aplicado sobre eles. Ex.: Ketchup. → Materiais tixotrópicos: líquido que se torna menos viscoso e mais fluido sob a aplicação repetida de pressão é denominado tixotrópico. * A viscosidade determina a forma como se trabalha com o material. • Creep e escoamento Quando um metal é mantido à temperatura próxima a sua temperatura de fusão e fica submetido a uma carga constante, a deformação resultante aumenta com o tempo. Deformação plástica dependente do tempo de um material sob carga estática ou tensão constante. O material escoa permanentemente. Ex.: restaurações de amalgama. • Abrasão e resistência a abrasão A abrasão constitui um complexo mecanismo no ambiente oral que envolve a interação de vários fatores. Abrasão é o desgaste. A dureza de um material constitui apenas um dos muitos fatores que afetam o desgaste das superfícies do esmalte dos dentes em contato. Outros fatores importantes que influenciam no desgaste são: força de mordida, frequência de mastigação, abrasividade da dieta, composição dos líquidos intra-orais, variações da temperatura, rugosidade da superfície, propriedades físicas dos materiais, irregularidades superficiais, presença de partículas de impureza duras, pequenos sulcos anatômicos, sulcos ou cristas. • Cor e percepção da cor A intensidade da luz refletida e as imensidades combinadas dos comprimentos das ondas presentes na luz incidente e refletida determinam as propriedades visuais (matiz, luminosidade e croma). Pelo fato de a resposta neural estar envolvida na visibilidade da cor, o constante estímulo de uma única cor pode resultar em fadiga da cor e diminuição do poder de resposta do olho. Para descrever de modo preciso a percepção de um raio de luz refletido de um dente ou superfície restaurada, três variáveis devem ser consideradas: - Matiz: descreve a cor dominante de um objeto. (vermelho, azul... normalmente designado por uma letra). Isso se refere às ondas de comprimento dominantes presentes nas distribuições espectrais. - Luminosidade ou brilho: quantidade de claro ou escuro que a cor possui, pode ser medida independentemente do matiz. - Croma ou saturação: intensidade da cor. Os fatores que interferem na percepção real das cores, de um modo geral, incluem baixa ou elevada intensidade de luz, fadiga dos receptores de cor, sexo, idade, memória e aspectos culturais. Seleção de cores e fluorescência: - metamerismo: objetos que aparentam ter uma cor sob um tipo de luz podem aparentar diferenças sob outra fonte de luz. - Fontes de luz: a seleção de cores de resina deve ser feita sob duas ou mais fontes de luz, sendo uma delas luz do dia e os procedimentos laboratoriais devem ser feitos sob as mesmas condições de luminosidade. - Fluorescência: a estrutura dental natural absorve luz de comprimentos de onda muito curtos para serem visíveis ao olho humano. Esses comprimentos de onda são referidos como radiação quase ultravioleta. A luz do sol, lâmpadas de flash fotográfico, certos tipos de lâmpadas a vapor e luzes ultravioletas utilizadas em iluminações decorativas são fontes de luz que contêm quantidades substanciais de radiação quase ultravioleta. A energia que o dente absorve éconvertida em luz com comprimentos de ondas maiores, e nesse caso, o dente se torna uma verdadeira fonte de luz. O fenômeno é chamado de fluorescência. A luz emitida, uma cor branco-azulada. A fluorescência dá uma contribuição definitiva para a luminosidade e a aparência vital do dente humano. Uma pessoa com próteses unitárias cerâmicas ou restaurações de resina composta sem agentes fluorescentes aparenta não ter tais dentes, quando vista sob uma luz negra em uma boate. PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 5 • Condutividade térmica Medida termofísica da transferência de calor através de um material por meio do fluxo de energia. Coeficiente de condutividade térmica, é a quantidade de calor, expressa em calorias por segundo, que passa por um material de 1cm de espessura com uma área de 1cm² quando a temperatura diferencial entre as superfícies perpendiculares ao fluxo de calor da amostra é 1K. - Condutores: materiais com alta condutividade térmica (metais) - Isolantes: materiais de baixa condutividade térmica (resina) * A velocidade de fluxo do calor pela estrutura é proporcional à área pela qual o calor é conduzido. Se houver porosidade na estrutura, a área disponível para condução será reduzida, assim como também haverá redução na velocidade do fluxo do calor. • Difusidade térmica Quantifica a variação da temperatura com o tempo à medida que o calor flui pelo material. É a medida da velocidade que um corpo com temperatura heterogênea atinge o estado de equilíbrio térmico. Capacidade de propagar o calor em várias direções, e não apenas em sentido único. Todo material com alta difusidade térmica tem alta condutividade térmica, mas o inverso não é verdadeiro. O calor necessário para aumentar a temperatura de um material em certo valor depende de seu calor específico e da densidade. A espessura de um revestimento é um fator mais importante para o isolamento térmico do que a difusidade térmica. Na cavidade oral, as temperaturas variam muito. Sob estas condições de falta de equilíbrio, a transferência de calor através do material diminui o gradiente de temperatura. • Coeficiente de expansão térmica Alteração no comprimento por unidade do comprimento original do material quando a temperatura é aumentada em 1K. É o coeficiente que afere o grau de expansão e contração de um corpo/material, face à mudança de temperatura, portanto o ideal é que o coeficiente de expansão térmica seja o mais próximo da estrutura dentaria, que é o cimento de ionômero de vidro. A restauração dentária pode se expandir ou contrair mais que os dentes durante alterações de temperatura; portanto, a restauração pode sofrer infiltração marginal ou se descolar do dente. PROPRIEDADES QUÍMICAS • Deslustre e corrosão Deslustre → descoloração da superfície do metal; perda do brilho. Na cavidade oral, o deslustre ocorre a partir da formação de depósitos duros ou macios na superfície da restauração. Os cálculos são os principais depósitos duros, e suas cores variam do amarelo claro ao marrom. Os depósitos claros são as placas e os filmes formados principalmente por microorganismos e sujeiras. Manchas ou descolorações surgem de pigmentos produzidos por bactérias, de drogas que contem elementos químicos, como ferro ou mercúrio e da adsorção de restos de alimento. Corrosão → processo em que ocorre a deterioração do metal causado pela reação com o meio. A taxa de corrosão aumenta com o tempo; em tempo devido, a corrosão causa desintegração acentuada e catastrófica do corpo do metal Além disso, o ataque corrosivo, que é extremamente localizado, pode induzir a falha mecânica rápida da estrutura, mesmo que ocorra pequena perda real de volume do material. * O deslustre é sempre uma etapa precursora da corrosão. O filme que produz o deslustre, pode com o tempo acumular elementos ou compostos que atacam quimicamente a superfície do metal. - Uma quantidade limitada de corrosão em torno da região marginal da restauração de amalgama pode ser benéfica, desde que os produtos da corrosão tendam a selar o espaço marginal e inibam a entrada de fluidos orais e bactérias. → Aspectos que facilitam o deslustre ou a corrosão: temperatura e suas flutuações, umidade, variações de pH, adesão de resíduos de alimentos. • Corrosão eletroquímica Presença de dois metais distintos com diferentes potenciais elétricos em um meio eletrolítico adequado. Por exemplo: uma célula é sempre formada por um catodo, um anodo e um eletrólito. O anodo pode ser uma restauração de amalgama, o catodo uma restauração de liga de ouro e a saliva o eletrólito. O anodo é a superfície onde os íons positivos são formados, reação de oxidação, com a produção de elétrons livres. No catodo, é onde ocorrem as reações de redução, que consomem elétrons livres produzidos no anodo. O eletrólito pode ser a saliva, que supre o catodo com os íons necessários e movimenta os produtos de corrosão do anodo. Esta célula eletroquímica é simples, como uma bateria, mas é capaz de produzir sensação de dor. Para que haja um processo de corrosão eletroquímica, é necessário que haja uma produção balanceada de elétrons por reações de oxidação no anodo e o consumo dos eletrons por reação de redução no Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 6 catodo. Em restaurações, a corrosão é contínua. Normalmente, o aumento da concentração de íons no meio previne a corrosão por saturação. Na cavidade oral, os íons dissolvidos são constantemente dissolvidos pela saliva e fluidos, alimentos e escovação. Vários tipos de corrosão eletroquímica são possíveis no meio oral, porque a saliva, apesar de ser um eletrólito fraco, contem sais. As propriedades eletroquímicas da saliva dependem da concentração de seus componentes, pH, tensão superficial e da sua capacidade de tamponamento. → Proteção contra a corrosão: polimento das restaurações, hábitos de higiene, controlar a dieta, evitar drogas e fumo. • Solubilidade Propriedade do material que se dissolve na presença de um liquido. Medida simples do grau que um material se dissolve em um dado fluido. • Erosão O desgaste erosivo é causado por partículas duras se chocando contra a superfície do substrato, carregadas por uma corrente de líquido ou de ar. Processo que associa eventos químicos de dissolução e uma ação mecânica moderada. O aumento da solubilidade diminui a resistência à erosão e diminui a vida útil do material. • Liberação de componentes - Materiais em ambiente aquoso absorvem água por difusão - Componentes do material podem ser perdidos para os fluidos orais por um processo de lixiviação. Desvantagens: alterações nas propriedades do material e liberação de componentes tóxicos Vantagens: efeito bactericida, liberação de fluoretos, etc. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS O material não pode ser prejudicial ao paciente nem aos profissionais envolvidos. Tomar cuidado com materiais que sejam tóxicos, alergênicos, carcinogênicos e irritantes. - Durante a mistura, os materiais tendem a ser mais reativos, mais irritantes. - Um material pode ser tolerado por um paciente e ser irritante para outro. Ficar atento à relação paciente/material e custo/beneficio. AMALGAMA DENTAL Amalgama → liga que contém mercúrio como um de seus componentes. Como o mercúrio é líquido à temperatura ambiente, ele pode ser misturado a metais sólidos. Amalgama dental → liga de Ag, Sn, Cu, e outros elementos (Zn, Pd, etc) * As ligas para amalgama usadas na odontologia contem predominantemente Ag e Sn. • Causas de insucesso do amalgama: preparo incorreto da cavidade, preparo incorreto doamalgama ou alterações pulpares, fraturas ou outras patologias. VANTAGENS DO AMALGAMA - adaptabilidade às paredes cavitárias - resistência aos esforços mastigatórios - tempo de avaliação clinica - insolúvel no meio bucal - alterações dimensionais toleradas pelos dentes - superfície brilhante - fácil manipulação - escultura fácil e imediata - polimento final satisfatório - tolerância pelo tecido gengival - durabilidade - bom custo-beneficio - simplicidade técnica - condutibilidade menor que metais puros - fácil eliminação quando necessária sua remoção na cavidade LIMITAÇÕES DO AMALGAMA - estética - fragilidade - corrosão e à ação galvânica - defeitos marginais - não reforça a estrutura dental enfraquecida - toxicidade e difícil descarte LIGAS DE AMALGAMA As ligas são o pó antes da reação com o mercúrio. Podem ser: - Partículas irregulares ou limalhas: produzidas pela moagem ou fresagem de um lingote da liga de amalgama. - partículas esféricas: produzidas pela atomização da liga liquida em uma câmara preenchida com um gás inerte - mistura de limalha e esferas COMPOSIÇÃO DA LIGA São classificadas em alto teor de cobre ou baixo teor Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 7 de cobre (convencionais). A especificação 1 da ADA exige que as ligas contenham predominantemente prata e estanho. Pode haver quantidades menores de cobre, zinco, ouro, e mercúrio. A composição das ligas convencionais era: Prata: no mínimo 65% Estanho: no máximo 27 a 29% Cobre: no máximo 6% Zinco: no máximo 2% Mercurio: no máximo 3% - As ligas com mais de 0,01% de zinco são as ligas para amlgama dental contendo zinco. As ligas com menos de 0,01% são as ligas para amalgama dental sem zinco. - Para produzir o amalgama, o mercúrio é misturado com o pó da liga para amalgama. O pó pode ser produzido em formato de limalhas ou em formato esférico. Pode ainda ser uma mistura dos dois. - O procedimento de mistura do mercúrio com a liga é a trituração. Durante esse processo, o mercúrio dissolve a superfície das partículas da liga, e algumas fases novas são formadas. A transformação da liga em uma massa plástica pelo mercúrio é seguida pela presa e endurecimento, quando o mercúrio liquido é consumido na formação de novas fases sólidas. • Fatores que governam a qualidade das restaurações de amalgama - seleção da liga - relação mercúrio-liga - procedimentos de trituração - técnica de condensação - integridade marginal - características anatômicas - acabamento final • Sistema prata-estanho O diagrama mostra as fases, de 0% a 100% de concentração de estanho e suas respectivas fases, que são denominadas em letras gregas. As ligas com alto teor de cobre possuem uma faixa estreita de composições que está dentro das áreas β + γ e γ. * A reação principal que ocorre após a trituração ocorre entre Ag3Sn e Hg. Os outros elementos da liga, especialmente o Cu, desempenham papel no conjunto de microestruturas finais do amalgama. • Ag - Aumenta a resistência da restauração - Diminui o escoamento do amalgama sob forças da mastigação - Aumenta a expansão de presa • Sn - presente em cerca de 25% - facilita a amalgamação a temperatura ambiente - reduz a expansão da prata - em quantidade acima de 27% aumenta a contração e diminui a resistência da liga, além de aumentar o escoamento. • Cu - substitui parcialmente a Ag - aumenta a resistência - diminui o escoamento e a corrosão - até 6% em ligas convencionais - acima de 6% e até 30% em ligas de alto teor de Cu - melhoria nas propriedades mecânicas finais do amalgama - diminui a quantidade de fase γ2 - reduz o creep do amalgama - melhora a integridade marginal • Zn - agente desoxidante durante a fusão da liga - reduz formação de outros óxidos – metal de sacrifício • Hg - em pequenas quantidades - pre-amalgamadas - tempos de trabalho e de presa mais curtos • In - aumento da resistência e à compressão e à fratura - diminui o creep do amalgama - diminui a quantidade de Hg necessária para a Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 8 amalgamação - sua presença pode reduzir o brilho e aumentar a rugosidade superficial LIGAS COM BAIXO TEOR DE COBRE - Ligas de prata-estanho são muito frágeis e difíceis de triturar, a menos que uma pequena parte de cobre substitua uma parte da prata. - Um maior conteúdo de cobre aumenta a dureza e a resistência da liga prata-estanho - A função do zinco é agir como antioxidante (metal de sacrifício). Ligas sem zinco são mais frágeis e os amalgamas tendem a apresentar menor plasticidade. - As reações principais que ocorrem em ligas de baixo teor de cobre produzem fases de liga incluindo a fase cúbica do corpo centrado Ag2Hg3 (γ1) e a fase hexagonal Sn7-8Hg (γ2). Como a solubilidade da prata no mercúrio é maior que a do estanho, a fase Ag2Hg3 precipita primeiro que a fase Sn7-8Hg. As fases Sn-Hg são genericamente designadas γ2. - As ligas de baixo teor de cobre normalmente são misturadas com mercúrio na proporção 1:1. Essa quantidade não é suficiente para consumir as partículas de pó completamente, como consequência, partículas não consumidas estão presentes no amalgama cristalizado. Assim, nas fases γ1 e γ2, em amalgamas de baixo teor de cobre encontra-se partículas não reagidas. - As propriedades físicas do amalgama endurecido dependem das porcentagens relativas de cada uma das fases estruturais. Quanto maior o numero de partículas Ag-Sn não reagidas, mais resistente o amalgama vai ser. - A reação entre Cu3Sn (fase ε) e γ2 também ocorre e leva à formação de Cu6Sn5 (fase η’). Devido ao baixo conteúdo de cobre, a maior parte da fase γ2 permanece na matriz. - η é a fase de Cu6Sn5 que aparece em temperaturas mais altas, e η’ é a fase com a mesma composição que aparece em temperaturas mais baixas (temperatura ambiente). - A fase γ2 é menos resistente a corrosão. - A reação entre Cu3Sn e a fase γ2 leva a formação de Cu6Sn5, devido ao baixo teor de cobre, a maior parte da fase γ2 permanece na matriz. A adição de mais de 6% de cobre em peso pode reduzir ou eliminar a fase γ2 pela formação da fase Cu-Sn. - Necessita de mais Hg para a reação - A adição de cobre: melhoria nas propriedades mecânicas, resistência à corrosão e redução na fase γ2 - Propriedades mecânicas: γ > γ1 > γ2 - Escoamento: γ2 > γ1 > γ - Corrosão: γ2 > γ1 > γ Ag3Sn + Hg → Ag2Hg3 + Sn7-8Hg + Ag3Sn não reagida LIGAS COM ALTO TEOR DE COBRE - O alto teor de cobre dificulta a produção de limalhas, por isso essas ligas são frequentemente vendidas em esferas. - Existem dois tipos de ligas com alto teor de cobre: pó de mistura de partículas dispersas e pó de fase única, todos os dois contendo mais que 6% em peso de cobre. Pode ser obtido: - Ligas em fase dispersa: 1/3 ou 28% de liga convencional (Ag3Sn) tipo limalha misturada a 2/3 ou 28% de liga eutética (Ag3Cu2) de formato esferoidal: quando o mercúrio é misturado com o pó de uma liga de fase dispersa, a prata nas partículas esféricas Ag-Cu e a prata e estanho das partículas Ag-Sn são dissolvidos pelo mercúrio. Cristais de γ1 e γ2 se formam, da mesma forma que acontece nas ligas de limalha. O estanho dissolvido no mercúrio se difunde para a superfície das partículas de liga Ag-Cu e reage com o cobre para formar uma camada de cristais de fase η’ na superfície. η’ da superfície das partículas Ag-Cu também contem cristais de γ1 já que essas duas fases se formam simultaneamente. γ1 é a matriz, a fase que agrega as partículas de liga não reagidas. A fase γ2 não se forma junto com η’, mas reage mais tarde com o cobre para formar partículasde Ag-Cu gerando quantidades adicionais de η’. A fase γ2 pode ser removida adicionando aproximadamente 11,8% de cobre ao pó da liga. Ag3Sn + Ag-Cu + Hg → Ag2Hg3 + Sn7-8HG + Ag-Cu não reagida + Ag3Sn não reagida - Ligas de composição única: os componentes principais de liga de composição única são geralmente prata, cobre e estanho. O conteúdo de cobre varia de 13 a 30%. São incluídas pequenas ligas de índio ou Cu6Sn5 + Ag2Hg3 + Ag-Cu não reagida (reação de estado sólido secundária) Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 9 paládio nessas ligas. Várias fases são encontradas em cada partícula de ligas de composição única, incluindo a fase β (Ag-Sn), fase γ (Ag3Sn) e fase ε (Cu3Sn). Algumas ligas podem conter uma porção de fase η’. Quando trituradas com o mercúrio, prata e estanho das fases Ag-Sn se dissolvem. Os cristais da fase γ1 crescem, formando uma matriz que agrega as partículas da liga parcialmente dissolvidas. Os cristais de η’ formam redes de cristais prismáticos nas superfícies das partículas de liga, dispersas na matriz. Pouca ou nenhuma γ2 é formada [Ag3Sn + Cu3Sn] + Hg → Ag2Hg3 + Cu6Sn5 + Ag3Sn e Cu3Sn não reagidas OBS.: a fase γ2 é a fase mais frágil do material. É responsável pela formação dos produtos de corrosão e pelo creep. Tem menor resistência aos esforços da mastigação e está relacionada ao manchamento da estrutura dentária. LIGAS A BASE DE GÁLIO Tentativa de substituir o mercúrio. Símbolos das fases Composição γ Ag3Sn γ1 Ag2Hg3 γ2 Sn7-8Hg ε Cu3Sn η e η’ Cu6Sn5 CONFIGURAÇÃO DO PÓ A reação começa na interface partícula/mercúrio. A configuração física e condições da partícula influenciam o processo de presa. • Partículas de limalha X Partículas esféricas - Limalha: Um lingote da liga é recozido para reter uma fase uniforme, então é colocado numa máquina de moagem equipada com pontas ou brocas de corte. O pó é lavado com solução ácida para aumentar a reatividade das superfícies da partícula. - Esférica: O metal liquefeito é atomizado e adquire o formato de gotas bem finas em uma câmara preenchida com gás inerte. → amalgamas compostos de limalha, apresentam maior resistência do que amalgamas de partículas esféricas. Os amalgamas de partículas esféricas são bem plásticos e escoam sob o condensador, sendo difícil de compactar. Ligas esféricas requerem menos mercúrio que limalhas porque o pó de partículas esféricas apresenta menor área de superfície por volume do que a limalha. Amalgamas com menores quantidades de mercúrio apresentam melhores propriedades. → as ligas de composição única, cada partícula tem a mesma composição química. Geralmente são partículas esferoidais e sem zinco. Presentes apenas a fases γ (Ag3Sn) e ε (Cu3Sn). • Tamanho das partículas Partículas menores tem maior área de superfície e requer maior quantidade de mercúrio. O tamanho das partículas pode afetar o acabamento, pois durante a escultura, partículas maiores podem ser puxadas para fora da matriz, produzindo uma superfície bastante rugosa. Menores tamanhos médios de partícula tendem a produzir endurecimento mais rápido, com valor de resistência inicial mais alto. MANIPULAÇÃO CLÍNICA DO AMÁLGAMA • Relação mercúrio/liga A quantidade de mercúrio presente deve ser o suficiente para produzir uma massa coesa e plástica depois da trituração, mas deve ser baixa o suficiente para que a quantidade de mercúrio na restauração final seja aceitável e não precise ser removido. - Proporcionamento do mercúrio e da liga: hoje usamos cápsulas pré preparadas e descartáveis, contendo alíquotas pré proporcionadas de mercúrio e liga, que ficam separados fisicamente no interior da capsula. Deve-se ativar a capsula para que o mercúrio entre em contato com a liga, antes de colocar no triturador. Não se deve adicionar mercúrio depois do termino da trituração. • Trituração Objetiva permitir a amalgamação apropriada do mercúrio e da liga. Sempre há uma camada de óxidos formada na superfície das partículas que dificulta a difusão do mercúrio na liga. A camada de óxidos é removida por abrasão quando as partículas de liga e o mercúrio são triturados. • Tempo de mistura e consistência da mistura Definido de acordo com a consistência desejada. - Supertrituração resultante de velocidade ou tempo de trituração maior que o recomendado, resulta em uma mistura amolecida que fica aderida à superfície da cápsula. Superfície mais brilhante, formato da massa achatado e tempo de trabalho mais curto com maior contração de cristalização. Menor tempo de trabalho; Fratura das fases recém-formadas; Menor resistência coesiva do material. - Subtrituração resulta em uma mistura endurecida e esfarelada. O amalgama vai resultar em uma restauração enfraquecida e sua superfície ficará com uma consistência granulosa depois da escultura, Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 10 aumentando a possibilidade de corrosão e manchamento. Distribuição ineficiente do mercúrio na liga. Partículas não molhadas pelo Hg; Redução da resistência coesiva do material. - Amalgama corretamente triturado: devido à fricção entre as partículas durante a trituração, a mistura de amalgama deve estar morna quando é removida da cápsula. Forma arredondada, superfície brilhante e lisa. • Condensação Objetiva compactar a liga dentro da cavidade preparada de modo que a maior densidade possível seja alcançada, com mercúrio suficiente para assegurar a continuidade da fase de matriz (Ag2Hg3) ao redor das partículas de liga remanescentes. Isso resulta na diminuição da concentração de mercúrio e da porosidade no amalgama cristalizado. A condensação na cavidade deve ser iniciada logo. O campo operatório deve ser mantido completamente seco durante todo o procedimento. A condensação requer a presença de quatro paredes e um assoalho, sendo necessário o uso de matriz em alguns casos. - Procedimento: a condensação se inicia no centro do preparo, e então a ponta do condensador é inclinada para as paredes da cavidade. A força necessária depende do formato das partículas. Após a condensação de cada incremento, a superfície deve ter uma aparência brilhante, indicando que há mercúrio suficiente presente na superfície para difundir-se e promover a adesão entre diferentes incrementos. Quanto maior o tempo decorrido entre a mistura e a condensação, mais fraco o amalgama se torna. A condensação de um material que já começou a cristalizar leva a fratura e desintegração da matriz em formação. Além disso, quando a mistura já perdeu uma parte da sua plasticidade, fica fisicamente mais difícil de condensar o material, e o resultado é uma maior quantidade de poros e camadas não coesivamente aderidas. - Pressão de condensação: governada pela área da ponta do condensador e a força exercida pelo operador. Quanto menor a ponta, maior a pressão. - Escultura: deve começar quando o amalgama estiver suficientemente cristalizado, de modo a oferecer certa resistência ao instrumento cortante. A superfície esculpida da restauração é rugosa e fosca, podendo apresentar corrosão com o tempo. Por isso há a necessidade do polimento final, para que a superfície fique lisa e uniforme. * Excesso de mercúrio na manipulação altera as propriedades mecânicas, aumenta a quantidade de fase γ2, aumenta o tempo de cristalização da liga, dificuldade de adaptar o material na cavidade. PROPRIEDADES DO AMALGAMA • Estabilidade dimensional O amalgama pode se contrair ou se expandir dependendo da sua manipulação. Contração pode levar a infiltração, acumulo de placa e caries ou a protrusão da restauração. Expansão excessiva pode causarpressão pulpar e sensibilidade. - Quando a liga e o mercúrio são misturados, ocorre contração, conforme as partículas são dissolvidas. O volume final da fase γ1 é menor do que a soma das ligas e do mercúrio na mistura inicial (a contração se desenvolve durante a fase γ1). Conforme os cristais de γ1 crescem, eles se chocam uns contra os outros. Se houver mercúrio liquido o suficiente para que a matriz continue plástica, o choque entre os cristais de γ1 gera expansão. Depois que a matriz de γ1 endurece, o crescimento dos cristais não é mais capaz de forçar a matriz a se expandir. A reação continua com os cristais de γ1 crescendo em direção aos interstícios contendo mercúrio. - A expansão vai acontecer se houver mercúrio suficiente presente quando a alteração dimensional começa. - A manipulação com quantidade insuficiente de mercúrio favorece a contração, como ocorre para relações mercúrio/liga menores e forças de condensação maiores. - Os procedimentos de manipulação que aceleram a presa e o consumo rápido de mercúrio também favorecem a contração (maior tempo de trituração e partículas menores). Da mesma forma, partículas maiores favorecem a expansão. - Quando amalgamas contendo zinco ou cobre são contaminados com umidade durante a trituração ou condensação, ocorre uma expansão significativa de 3 a 5 dias depois da inserção, e pode continuar por meses – expansão tardia. Essa expansão é causada pelo hidrogênio, produzido pela ação eletrolítica envolvendo zinco na água. O hidrogênio não se combina com o amalgama formando depósitos na massa, aumentando a pressão interna e causando o creep do amalgama, produzindo a expansão. • Resistencia mecânica O amalgama é muito mais fraco sob tração do que sob compressão. A resistência do amalgama é uma função do volume de partículas de liga não consumidas e fases contendo mercúrio, e da densidade e profundidade de defeitos. - subtrituração ou supertrituração levam à diminuição da resistência de ligas convencionais e de alto teor de cobre. - Pouco mercúrio, gera uma massa seca e granulosa, Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 11 com superfície rugosa e cheia de irregularidades susceptível à corrosão. - Muito mercúrio promove a formação de maior fração de fase γ2, aumentando a susceptibilidade à fratura. - Boas técnicas de condensação devem causar o afloramento do mercúrio e resultam em menores frações volumétricas da fase de matriz. Maiores pressões de condensação são necessárias para minimizar porosidades e fazer aflorar o excesso de mercúrio de amalgamas de limalha. As ligas esféricas devem ser condensadas com menor pressão para alcançarem resistência adequada. - Vazios e porosidades reduzem a resistência à compressão depois da presa. Causada por falta de plasticidade decorrente de condensação tardia ou subtrituração, que leva à formação de porosidades no amalgama final. • Creep Ocorre quando um material sólido sofre deformação plástica sob pressão - Relaciona-se com a degradação marginal de amalgamas com baixo teor de cobre. Quanto maior o valor do creep, maior o valor de deformação marginal observado. - o creep leva o amalgama a escoar com o tempo, protraindo na margem da restauração se não estiver suportado. Quando um amalgama escoa, é a fase γ1 que sofre deformação plástica. - maiores taxas de creep são esperadas para amalgamas de baixo teor de cobre com maiores frações volumétricas da fase γ1 - a presença da fase γ2 aumenta a taxa de creep - a presença de zinco reduz o creep - Além da ausência da fase γ2, as taxas reduzidas em amalgamas de alto teor de cobre de composição única se relacionam aos bastonetes da fase η’ agirem como barreiras à deformação da fase γ2. • Resistência a corrosão e ao manchamento - a tendência de manchamento da formação de sulfato de prata na superfície não afeta as propriedades mecânicas do amalgama - a corrosão tem efeitos negativos nas propriedades do amalgama. Os produtos de corrosão mais comuns são óxidos e cloretos de estanho, encontrados na interface dente-amalgama e no meio do corpo da restauração. - a fase η’ é menos suscetível a corrosão do que a fase γ2 dos amalgamas convencionais, por isso o processo de corrosão das ligas com alto teor de cobre são mais limitadas, apesar de serem encontrados produtos de corrosão. A fase γ2 está implicada em falhas marginais e corrosão ativa em ligas convencionais, mas isso não ocorre em ligas com alto teor de cobre. - sempre que uma restauração de ouro é colocada junto com uma de amalgama, a corrosão do amalgama pode ser esperada como resultado da diferença de força eletromotriz dos dois materiais. O processo de corrosão pode liberar mercúrio livre que pode contaminar e enfraquecer a restauração de ouro. - um amalgama de alto teor de cobre é catódico em relação ao amalgama convencional - Responsável por alterações estéticas nos dentes (manchamento); - Não uso do verniz cavitário, em caso de ligas convencionais; - Superfícies não polidas: retenção de placa e mais propensas à corrosão; - Pode comprometer a resistência à fratura e a integridade marginal. • Flow - deformação progressiva do amalgama sob constante aplicação de uma força progressiva. • Porosidades do amalgama Em qualquer material, a presença de porosidades reduz suas propriedades; - Podem surgir em função de falhas: - No proporcionamento, com excesso de Hg - no processo de manipulação manual - pressão insuficiente na condensação - pressão insuficiente na brunidura - porosidades superficiais na escultura - polimento inadequado. * Se o amalgama é condensado de forma apropriada, a infiltração diminui conforme a restauração envelhece na boca. Isso pode ser causado pelos produtos de corrosão que se formam na interface entre o dente e a restauração, selando a interface e prevenindo a infiltração. A presença de cálcio e fósforo e a desmineralização da estrutura dental adjacente à restauração de amalgama também sugerem fortemente a existência de uma interação biológica com o processo de corrosão. A acumulação de produtos de corrosão é mais lenta para ligas de alto teor de cobre. Alterações dimensionais do amalgama - Expansão: trituração e condensação insuficientes; expansão tardia em razão da contaminação tardia por umidades em ligas contendo zinco. A restauração pode protruir ficando as margens sem apoio e suscetíveis a fratura. - Escultura e acabamento não adequados da restauração e a remoção inadequada da camada de Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 12 mercúrio da superfície pode resultar em bordas finas de amalgama estendendo sobre o esmalte que podem fraturar. - a ausência da fase γ2 suscetível a corrosão na microestrutura de ligas de alto teor de cobre é tida como o principal fator de resistência à degradação marginal. PADRÕES DE AVALIAÇÃO DOS MATERIAIS ODONTOLÓGICOS Especificações: São documentos que relacionam as características, propriedades e composição básica dos materiais. • Novas especificações são sempre desenvolvidas. • Especificações existentes são periodicamente revisadas. • Padronizam dispositivos para testes. • Avaliação de propriedades físicas, químicas, mecânicas e biológicas. • Define critérios de fabricação e armazenamento dos materiais. A maioria dos produtos em odontologia é considerada como dispositivo; incluindo produtos vendidos ao público como escova, fio dental e adesivos para dentaduras. Dispositivo: “Qualquer instrumento, aparelho, implemento, máquina, artifício, implante ou reagente in vitro empregado para diagnóstico, cura, mitigação, tratamento ou prevenção de uma doença no homem,e que não alcance nenhum de seus objetivos principais através de ação química que aconteça no interior do corpo humano e de outros animais e que não dependa da sua metabolização para alcançar algum de seus principais objetivos.” Tipos de Testes: Ensaios Mecânicos: Resistência à tração, compressão, cisalhamento, dureza. Ensaios Físico-Químicos monitoramento das reações químicas, características estruturais. BIOCOMPATIBILIDADE DOS MATERIAIS ODONTOLOGICOS Biomaterial: qualquer material empregado como dispositivo biomédico, visando à interação com sistemas biológicos (estimulando a reparação de qualquer tecido, órgão ou função do organismo). Materiais Biocompatíveis: • Não devem ser prejudiciais à polpa e aos tecidos moles • Não devem conter substâncias tóxicas dispersíveis que possam ser liberadas e absorvidas pelo sistema circulatório causando reação tóxica sistêmica • Devem ser livres de agentes potencialmente sensibilizantes que possam causar reações alérgicas • Não devem ter potencial carcinogênico Tipos de Testes: •Testes Primários: avaliações citotóxicas, genotoxicidade, mutações gênicas, cultura de Células de tecidos • Testes Secundários: toxicidade sistêmica, toxicidade à inalação, irritação e sensibilidade na pele, reações a implantes. • Testes Pré-Clínicos: mamíferos não roedores Preparos cavitários dos dentes para simulação de procedimentos clínicos • Testes em Humanos: mais precisos, mais demorados e precisam de aprovação de comitês de ética TCLE TIPOS DE RESTAURAÇÃO Diretas • Diretamente nos dentes • Dentes com menores perdas estruturais • Preparos cavitários retentivos • Cl I, Cl II, Cl III... • Resina Composta • Amálgama Indiretas • Fase Laboratorial • Dentes com maiores perdas estruturais • Preparos cavitários expulsivos • RMF • Cerâmicas PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR Odontoblastos maduros: processos citoplasmáticos se estendem para o interior dos túbulos dentinários - DENTINA Composição: 50% de minerais, 20% de água e 30% de matriiz orgânica - Quanto mais próximo à polpa, mais numerosos são os túbulos e maiores são seus diâmetros. À medida que se aproximam do esmalte, esses valores diminuem. Tipos de dentina: • Dentina Primária: formada antes da erupção dos Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 13 dentes • Dentina Secundária: se forma devido a estímulos de baixa intensidade, decorrentes da função biológica normal • Dentina Terciária: desenvolve-se na presença de irritações mais intensas como cárie e preparo cavitário - POLPA • Tecido conjuntivo frouxo altamente especializado, inervado e vascularizado, responsável pela vitalidade do dente • Efeito de confinamento na câmara pulpar coronária e canais radiculares •Funções: nutritiva e protetiva MATERIAIS RESTAURADORES Devem ser compatíveis com os tecidos dentários e devem ter ótima capacidade de vedamento, pois os seguintes fatores são prejudiciais: H3PO4 (ácido fosfórico) monômeros residuais Danos ao dente estímulos termoelétricos PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR A indicação de agentes de proteção é determinada por: 1. Profundidade da cavidade • Determinada pela dentina remanescente após a remoção da cárie e preparo cavitário • Dentina: excelente isolante térmico, barreira físico- química contra a penetração de bactérias e toxinas. • 0,5mm de dentina = redução de 75% da toxicidade do material •1,0mm de dentina = redução de 90% da toxicidade do material * Cavidades superficiais: aquém, ao nível ou ultrapassando ligeiramente a junção amelodentinaria. Remoção de defeitos estruturais do esmalte. ** Cavidades rasas: lesões incipientes onde a parede de fundo está localizada de 0,5 a 1,0mm além da junção amelodentinária. *** Cavidades médias: 1 a 2mm além da junção amelodentinária. **** Cavidades profundas: ultrapassam metade da espessura da dentina. Apenas 0,5mm de dentina remanescente. ***** Cavidades bastante profundas: assoalho dentinario a menos de 0,5mm da polpa. Tonalidade rósea e presença de microexposições pulpares. 2. Idade do paciente - Pacientes idosos: câmara pulpar com volume diminuído, devido à formação de dentina secundaria. O volume de tecido pulpar aos 55 anos de idade é cerca de 1/5 do volume aos 25. - Pacientes jovens: câmara pulpar e túbulos dentinários mais amplos 3. Condição pulpar Testes de sensibilidade pulpar. MATERIAIS PARA A PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR - Vernizes Cavitários - Materiais à Base de Ca(OH)2 - Cimentos Ionômero de Vidro - Cimentos à Base de ZnO / Eugenol - Cimentos à Base de ZnO sem Eugenol - Sistemas Adesivos FORRADORES CAVITARIOS Agentes protetores aplicados em espessura mínima (menor que 0,5 mm). O hidróxido de cálcio é o ingrediente principal em vários materiais para forramento e na formulação base de cimentos porque é antimicrobiano, tem alto pH, e estimula a formação de dentina terciária ou reacional sobre a polpa traumatizada para protegê-la a longo prazo. - o pó de hidróxido de cálcio é suspenso em um solvente com agente espessante; quando aplicado no soalho da cavidade, o solvente evapora, e deixa uma camada fina de hidróxido de cálcio. - o forramento não tem resistência mecânica suficiente ou capacidade isolante térmica, mas pode neutralizar ácidos que poderiam migrar em direção à polpa. - o hidróxido de cálcio forma carbonato de cálcio e se torna inativo, como resultado da exposição ao dióxido de carbono no sangue e nos fluidos orais, causando o decréscimo de sua atividade antimicrobiana. - o hidróxido de cálcio é solúvel em água e não pode ser deixado nas margens de uma cavidade preparada, senão esta perderá o selamento com a dissolução do material - muitas formulações de forramento são baseadas na adição de hidróxido de cálcio a oxido de zinco eugenol de baixa viscosidade, cimento ionômero de vidro ou cimentos resinosos. - materiais de forramento a base de hidróxido de cálcio são muito usados para capeamento pulpar e como curativos BASES PROTETORAS Camadas mais espessas (0,5 a 2,0mm) de um ou mais agentes protetores para forrar e reconstruir assoalhos cavitários. São aplicadas abaixo de materiais restauradores para proteger a polpa de traumatismos Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 14 térmicos, choques galvânicos e irritação química. - Cimentos de fosfato de zinco e oxido de zinco eugenol são os melhores isolantes por apresentarem baixa condutividade térmica. As capacidades isolantes dos materiais à base de policarboxilato, ionômero de vidro e hidróxido de cálcio também se encontram nessa faixa. - o baixo pH do cimento de fosfato de zinco pode forçar o uso de um material para forramento para proteger a polpa - hidróxido de cálcio, oxido de zinco eugenol, policarboxilato e cimento de ionômero de vidro forma barreiras efetivas contra a penetração de constituintes irritantes de materiais restauradores. Quando o ionômero de vidro é aplicado como base, deve ser aplicado um forramento de hidróxido de cálcio antes. - os materiais restauradores devem ser aplicados depois da presa inicial da base. - para restaurações de amalgama, hidróxido de cálcio e oxido de zinco eugenol são boas opções. - para restaurações de ouro indica-se fosfato de zinco, policarboxilato e cimento de ionômero de vidro. VERNIZES CAVITÁRIOS - Composição: Resina natural Copal / Colofônia Resina sintética Solvente orgânico Os vernizes são compostos de gomas naturais – tais como o copal, rosin ou resina sintética – dissolvidas em solventes orgânicos. O verniz forma uma camada bem fina no dente conformeo solvente evapora. Vernizes tem alta concentração de solventes, por isso devem ser aplicadas pelo menos duas camadas para que forme uma película contínua. A aplicação de verniz reduz a infiltração de fluidos irritantes através de pequenas fendas marginais e diminui a irritação pulpar. Os vernizes também protegem o dente da penetração de produtos de corrosão do amalgama nos túbulos dentinários. Vernizes são contraindicados quando são usados materiais adesivos tais como o cimento de ionômero de vidro ou agentes de união adesivos para restaurações de compósito. Indicações: • Sob as restaurações de Amálgama, mesmo em ligas com alto conteúdo de cobre • Sobre materiais de presa lenta como os cimentos ionoméricos • Em preparos antes da cimentação de restaurações metálicas indiretas com cimento fosfato de zinco • Sobre restaurações metálicas para evitar temporariamente a sensibilidade devida ao galvanismo Contra Indicações: • Sob restaurações em Resina Composta. • Sob restaurações ou preenchimentos de Cimentos Ionoméricos Modo de Aplicação: • Aplicar com pincel descartável em duas camadas, esperando o tempo de evaporação do solvente • Evitar margens cavitárias CIMENTOS Cimentação: é o uso de uma substância modelável que tem como objetivo selar ou cimentar duas partes. Cimento é a substância que une duas superfícies. Em Odontologia, os cimentos são usados como agentes de cimentação, material restaurador estético, isolante térmico, restaurador temporário, protetor pulpar. Podem ser apresentados na forma pó-líquido e na forma pasta-pasta, de forma que a mistura dos dois componentes da início a uma reação química. Os líquidos são ácidos (doadores de prótons) e os pós são bases (alcalinos), compostos de vidros ou óxidos metálicos. A reação entre o pó e o líquido é uma reação ácido- base. CIMENTOS PARA CIMENTAÇÃO Provêm adesão mecânica, como os usados para próteses fixas, restaurações temporárias e pinos e núcleos usados para retenção de restaurações. Microscopicamente, as superfícies do dente e da prótese são rugosas e o cimento preenche as irregularidades entre ambas as superfícies para formar uma camada contínua e livre de espaços vazios, o que microscopicamente leva ao travamento de uma superfície contra a outra para resistir as forças de cisalhamento que podem deslocar a peça. Para escolher um cimento para uma aplicação específica, o clínico deve considerar as propriedades físicas e biológicas do cimento e as características de manipulação do cimento, tais como tempo de trabalho, tempo de presa, consistência e facilidade de remoção de excessos de material. - Interface de cimentação Os agentes de cimentação são desenvolvidos para preencher os espaços microscópicos entre uma peça protética e o dente preparado. Cada superfície apresenta uma rugosidade microscópica com picos e vales, e apenas contatos pontuais são observados entre os picos. As áreas que não estão em contato Clorofórmio Éter Acetona Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 15 devem ser preenchidas pelo cimento para prevenir o fluxo de fluidos orais e invasão bacteriana. O cimento deve escoar sob pressão e molhar as superfícies. Um agente de cimentação deve formar um filme continuo sem formar vazios. - Retenção friccional: quanto menores os vales, e mais contatos nos picos, maior será a retenção friccional e menor o numero de cimento gasto para cimentação. A ação do cimento é de interposição nesses pequenos espaços. O cimento precisa de fluidez e escoamento para cumprir esses requisitos. Ele tem que formar entre as duas superfícies uma película fina, característica essencial. Se tiver um mau escoamento não forma a película fina e se não tiver fluidez, não consegue preencher os espaços entre os picos e vales. Ao tomar presa, o cimento vai dificultar o deslocamento das superfícies. MATERIAIS À BASE DE Ca(OH)2 - Tipos: Hidróxido de Cálcio P. A. (Suspensão e Solução) (NÃO SÃO CIMENTOS) Cimentos de Hidróxido de Cálcio (Auto Ativados e Foto Ativados) - Propriedades: •Estimula a produção de dentina •Ação antibacteriana •pH elevado ( neutralização de ácidos) - Mecanismo de Ação: Elevação do pH causa necrose superficial que estimula a formação de células de defesa induzindo o reparo Capeamento Pulpar Cimentos à base de Ca(OH)2Auto Ativados: - Composição: Pasta Base: Dióxido de Titânio ( 56,7%) Glicol salicilato Pigmento Hidróxido de Cálcio Pasta Catalisadora: Etiltolueno -sulfonamida - Propriedades: •Resistência suficiente para suportar as pressões de condensação em restaurações de amálgama •Alta solubilidade em meio bucal (ação terapêutica do cimento x dissolução e fratura abaixo de restaurações à amálgama) - Manipulação: Partes iguais das duas pastas são dispensadas em bloco especial ou placa de vidro e faz-se a espatulação. Cimentos de Hidróxido de Cálcio Fotoativados - Composição: Hidróxido de Cálcio Sulfato de Bário Resina Dimetacrilato de Uretana Iniciadores ativados por luz visível - Propriedades: •Aumento da resistência à compressão •Redução da solubilidade em água •Resistência à dissolução em ácido •União com materiais restauradores fotoativados •Não aderem à dentina - Indicações: Limpeza de cavidades Proteção pulpar direta ou indireta Cimentação de provisórias CIMENTOS À BASE DE ÓXIDO DE ZINCO E EUGENOL Usado para cimentação e restaurações provisórias devido à suas qualidades terapêuticas e pH neutro. - Pode ser apresentado na forma pó/líquido ou pasta/pasta. No sistema de pasta/pasta, o pó de óxido de zinco faz parte da pasta base e o eugenol faz parte da pasta catalisadora. - Reação de presa: Começa quando a água na solução de eugenol hidrolisa o óxido de zinco para formar hidróxido de zinco. O hidróxido de zinco e eugenol sofrem quelação e solidificam. A reação de presa é lenta, mas pode ser acelerada em ambiente quente e úmido. Reação ácido–base formando um sal, no meio aquoso ZnO + H2O -> Zn(OH)2 Zn(OH)2+ 2HE -> ZnE2+ 2H2O Forma o eugenolato de zinco e há a liberação de água. Essa reação é autocatalítica, pois a própria água liberada faz com que a reação seja acelerada. - O ambiente úmido para esta reação é fornecido pela dentina; a temperatura intrabucal acelera a reação. - Composição: Pó: Óxido de Zinco Resina de Terebentina Estearato de Zinco Acetato de Zinco Líquido: Eugenol Azeite de Oliva ou algum tipo de óleo essencial (forma o veículo que facilita a manipulação e dá adequada plasticidade ao material) - Cimentos para restaurações provisórias: > Restaurações provisórias temporárias (15 dias) – óxido de zinco eugenol tradicional > Restaurações provisórias intermediarias (meses): Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 16 óxido de zinco eugenol reforçado (maior plasticidade e resistência a abrasão, pela adição de polímeros). - Cimentação endodôntica: para obturar o canal radicular, o material precisa de uma fluidez grande e tempo longo de trabalho, de 20 a 40 minutos. É um cimento definitivo. - Pasta-pasta: agente cimentante provisório, material de moldagem, cimento cirúrgico. * O eugenol tem ação analgésica desde que não entre em contato com tecido conjuntivo, porque em contato com o tecido conjuntivo é caustico, causando necrose. Eugenol livre residual interfere com a polimerização de resinas compostas ou cimentos resinosos - Indicações: •Restaurações temporárias e intermediárias (duram apenas algumas semanas) •Bases para isolamento térmico (caiu em desuso porque não tem espessura suficiente) •Cimentação temporária e permanente (permanente só cimentação endodôntica)•Obturação de canais radiculares •Cimentos periodontais •Materiais de moldagem * Os atributos antimicrobianos são uma vantagem deste cimento. São excelentes para cimentar coroas acrílicas e próteses fixas provisórias. Restaurações provisórias duram apenas algumas semanas. Elas selam os túbulos dentinarios contra a invasão de substancias e microorganismos e sedam a polpa, porém podem causar necrose pulpar não devendo ser diretamente usados sobre a polpa. Não devem ser usados para cimentação provisória de próteses fixas definitivas. Quando é misturado até uma consistência de massa de vidraceiro, serve efetivamente como material restaurador com duração de até um ano. - Manipulação A espatulação em placa de vidro resfriada retarda a presa e permite a obtenção de consistência mais espessa, mas a placa não deve apresentar temperatura abaixo do ponto de orvalho, caso contrário, a condensação de água no cimento pode acelerar a reação. - Dispensação do material imediatamente antes do uso. 1. Proporcionamento do pó em uma placa de vidro Com a devida colher medida 2. Compactação do pó formando um retângulo 3. Divisão do pó em 2 partes iguais 4. Proporcionamento do líquido 5. Espatulação vigorosa até obter consistência de massa de vidraceiro – o po é levado ao líquido - O uso da placa grossa como base ajuda na dissipação do calor gerado pela atrição durante a espatulação. CIMENTOS À BASE DE ÓXIDO DE ZINCO SEM EUGENOL - Composição: Pó: Óxido de Zinco Cera de Abelha Líquido: Azeite de Oliva Vaselina Ácido Oléico - O eugenol inibe a polimerização de resinas compostas. - Indicações: Pacientes sensíveis ao eugenol Restaurações Adesivas •Cimentação Provisória quando a intenção é fazer uma cimentação adesiva •Cimentos Periodontais •Restaurações Temporárias CIMENTO FOSFATO DE ZINCO Constituído de um pó e líquido que são misturados. O pó contem 75% de oxido de zinco e 13% de oxido de magnésio, na forma de um pó muito fino misturado a componentes radiopacos. O líquido é composto por 38% de ácido fosfórico, 2% de fosfato de alumínio e em alguns casos, fosfato de zinco. O líquido controla o pH e a taxa de reação ácido-base com o pó. Composição: Pó: Óxido de Zinco 90% Óxido de Magnésio Óxido de Silício (carga) Líquido: Ácido fosfórico Água Fosfato de Alumínio Fosfato de Zinco - sofre reação acido-base formando um sal. O fosfato de zinco esta presente no liquido para facilitar a mistura das partes. - a alta acidez inicial fez esse material cair em desuso como base. - quanto maior a espessura, menor a resistência desse material. Por isso não é uma boa base, além da alta acidez. Também não é usado para cimentação de bandas ortodônticas pela acidez. - Reação de presa: O ácido fosfórico dissolve o óxido de zinco, que então reage com o fosfato de alumínio para formar um gel de Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 17 aluminofosfato de zinco ao redor das partículas de óxido de zinco que permaneceram não dissolvidas. O cimento endurecido contém oxido de zinco que não reagiu encapsulado numa matriz amorfa de aluminofosfato de zinco. A perda de água do líquido aumenta o tempo de presa, enquanto a incorporação de água adicional durante a mistura acelera a presa. Reação ácido–base que produz um sal e acontece em meio aquoso. H3PO4 -libera íons de Zinco para o meio AlPO4-reage com o Zinco produzindo um gel de Fosfato de Alumínio e Zinco sobre a superfície das partículas não reagidas - quanto mais precipitação de sal, maior a neutralização da porção ácida. A reação é lenta e tende a total neutralidade 72h após a reação. - Manipulação: A reação entre o óxido de zinco e o ácido fosfórico é exotérmica e requer mistura cuidadosa para minimizar o efeito da geração de calor. O pó de óxido de zinco deve ser dispensado numa placa de vidro e dividido em diversas porções. O líquido só deve ser dispensado na placa depois de o pó estar dispensado, dividido e pronto para mistura, porque a água do liquido pode evaporar, aumentando o tempo de presa. Recomenda-se o resfriamento da placa de vidro. > Mistura: deve ser iniciada pela incorporação da menor parte do pó ao líquido, usando uma espátula fina e movimentos de espatulação rápidos. Uma grande área da placa deve ser usada para dissipar o calor. Cada incremento deve ser misturado de 15 a 20 segundos antes de misturar o próximo. O tempo de mistura total deve ser de 1,5 a 2 minutos. Depois de terminada a espatulação, o cimento deve ser recolhido na placa e a espátula usada para puxar um fio de cimento que deve alcançar 12 a 19mm antes de quebrar. - usar a espátula número 24 flexível - Controle do tempo de trabalho (retardar a presa): > reduzir a proporção pó/líquido para produzir uma mistura mais fina. O problema é que essa alteração gera um pH inicial mais baixo. > porções menores de pó devem ser aglutinadas nos primeiros incrementos: isso retarda a taxa de reação dos incrementos subsequentes. O calor gerado pela reação pode ser suficientemente dissipado durante a espatulação. Se uma grande quantidade de calor é liberada de uma vez, acelera a reação. > prolongar o tempo de espatulação do ultimo incremento de pó, destruindo a matriz em formação > temperatura de mistura mais baixa, que retarda a reação entre o pó e o líquido, atrasando a formação da matriz. A temperatura da placa deve estar acima do ponto de orvalho, para que a água da condensação não reduza a resistência à compressão e à tração do cimento fosfato de zinco. O processo de resfriamento da placa resulta em um cimento com menos viscosidade ao fim da espatulação. - Retenção: Não apresenta retenção química às estruturas dentais ou protéticas; sua adesão é exclusivamente mecânica. - Probriedades: Baixa solubilidade em água, mistura acídica, resistente e rígido. •Consistência e Espessura de Película: Peliculas de consistência fluida apresentam pH baixo e podem causar injuria pulpar. Porém, películas espessas não são bem adaptadas levando ao insucesso do tratamento. Pressão de espatulação •Resistência à compressão = 104 MPa •Resistência à tração diametral = 5 MPa •Módulo de Elasticidade = 13 GPa CIMENTO POLICARBOXILATO DE ZINCO Exibe adesão química ao dente. Não são usados para procedimentos restauradores pela sua opacidade. São apresentados como sistema pó-líquido e tomam presa por meio de uma reação ácido-base. O líquido é uma solução aquosa de ácido poliacrilico ou um copolímero de acido acrílico com outros ácidos carboxílicos tais como o ácido itacônico. O pó contém principalmente oxido de zinco com um pouco de oxido de magnésio, oxido de estanho, oxido de bismuto e/ou alumina. Pó: Óxido de Zinco Óxido de Magnésio Fluoreto Estanoso Líquido: Ácido Poliacrílico 40%(aq) Ácido Itacônico - Reação de presa: A presa começa com a dissolução das partículas de pó pelo ácido, que libera íons de zinco, magnésio e estanho; esses se ligam aos grupos carboxílicos formando ligações cruzadas. Como resultado, uma Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=materiais-resumo-i Materiais dentários I Karolina Viana 18 matriz tridimensional com fase policarboxilato é formada, encapsulando a porção não reagida das partículas. O cimento endurecido de policarboxilato de zinco é uma matriz de gel amorfa na qual as partículas de pó que não reagiram estão dispersas, como também ocorre com o cimento de fosfato de zinco. O pH do líquido do cimento é baixo (1,7). O pH aumenta rapidamente de 3 para 6 enquanto a reação de presa progride. O tempo de presa demora de 6 a 9 minutos. Ácido Poliacrílico: dissolução e liberação de íons de Zn, Mg e Sn Os íonsunem-se à cadeia polimérica através dos grupos carboxílicos formando um sal de ligação cruzada - Adesão: Adere-se quimicamente à estrutura dental. O ácido poliacrílico se liga aos íons cálcio da superfície do esmalte e da dentina. A adesão ao esmalte é melhor do que à dentina, devido à maior concentração de íons cálcio no esmalte. - Manipulação: O líquido deve ser dispensado apenas na hora da mistura para não evaporar água e aumentar muito sua viscosidade. O pó deve ser rapidamente aglutinado no líquido. Um tempo de manipulação muito longo pode resultar em um cimento muito viscoso. O cimento deve ser usado antes de perder o brilho superficial, porque isso significa que ainda há grupos de ácido carboxílico livres na superfície para garantir boa adesão ao dente. •Resfriamento da placa de vidro ou do pó •Adicionar o pó ao líquido em grandes quantidades •Espatular em 30s •Usar a menor área de placa possível •Usar a mistura enquanto apresentar brilho superficial - Tempo de trabalho: 2,5 minutos; espatular em 30 segundos. O uso de placa resfriada aumenta o tempo de trabalho, embora leve a viscosidade do ácido poliacrílico a aumentar, dificultando a espatulação. Espatulação e assentamento rápidos reduzem a viscosidade do cimento e asseguram assentamento completo. - Propriedades: Resistência à compressão menor que a do cimento de fosfato de zinco. Maior elasticidade. Dissolvido em ácidos e a redução da relação pó-líquido aumenta a solubilidade. Produzem irritação mínima à polpa. O maior tamanho de suas moléculas limita a penetração do acido nos túbulos dentinários, contribuindo para a excelente biocompatibilidade e baixa sensibilidade pós operatória do cimento de policarboxilato. •Adesão: grupos carboxílicos + Ca2+ (quelação) •Espessura de película: maior viscosidade que o Fosfato de Zn, mas são tixotrópicos (espessura adequada) •Resistência à Compressão: 55MPa •Resistência à tração: 30 à 40%> que Fosfato de Zn •ME<< Fosfato de Zn •Menos friável que o Fosfato de Zn Tempo de Trabalho e Tempo de Presa: Tempo de Trabalho: 2,5 min Tempo de presa: 6 a 9 min Biocompatibilidade: pH = 1,7 ( rapidamente neutralizado pelo pó) Ácido Poliacrílico = moléculas maiores = < difusão CIMENTO IONÔMERO DE VIDRO Estética do cimento de silicato somado ao fato de conter flúor na sua composição + a biocompatibilidade e adesão química à estrutura dental do policarboxilato. Cimento ionômero de vidro é o nome genérico para materiais que tomam presa por meio da reação entre o pó de vidro e o ácido poliacrílico. O uso do acido poliacrílico torna o cimento de ionômero de vidro capaz de aderir à estrutura dental. O cimento de ionômero de vidro é translúcido - Cimentos de ionômero de vidro são usados para restaurações estéticas de dentes anteriores, por exemplo cavidades classe III e V, como cimentos para cimentação, como adesivos para aparelhos ortodônticos e restaurações provisórias, como selantes de fossulas e fissuras, material para forramento e base e como material de preenchimento. - Classificação dos cimentos ionômeros de vidro: Tipo I: cimentação de coroas, pontes e brackets ortodônticos. Partículas com granulação fina. Quanto menores as partículas, maior a fluidez e maior a capacidade de escoamento. Tipo IIa: cimentos restauradores estéticos. Partículas de granulação maior. Precisam ter transparência para cumprirem sua função estética. Tipo IIb: cimentos restauradores reforçados. Reforçado com metal (perdendo a função estética) ; reconstruções de paredes internas de um preparo, núcleos de preenchimento. Tipo III: material de base e forramento. Resistentes e radiopacos; selamento de fossulas e fissuras. Baixado por Renan Augusto (renanaugusto77@yahoo.com.br) lOMoARcPSD|10082523 Materiais dentários I Karolina Viana 19 Indicações gerais do ionômero de vidro: selamento, forramento, restaurações classe III e V, restaurações classe I e II incipientes (interproximal sem comprometimento da crista marginal), erosão e abrasão, cimentação, núcleos de preenchimento, ART (tratamento restaurador atraumatico). - Composição do vidro: A composição do vidro pode variar, mas alguns elementos como sílica, calcia, alumina (óxidos de silício, cálcio e alumínio, respectivamente) e flúor estão sempre presentes. A proporção de alumina/sílica é crucial para a reatividade com o ácido poliacrílico. Óxidos de metais de alta massa atômica como o bário, estrôncio e outros são adicionados para aumentar a radiopacidade. - Composição do líquido: Soluções aquosas de ácido poliacrílico eram usadas, mas tais líquidos apresentavam alta viscosidade e pequeno prazo de validade, ao fim do qual formavam um gel espesso. Atualmente o componente líquido é formado de copolímeros dos ácidos itaconico, maleico ou tricarboxilico O acido tartarico é adicionado ao liquido para controlar a taxa de reação e permitir a utilização de uma maior gama de tipos de vidro, além de melhorar as características de manipulação, diminuir a viscosidade, aumentar o prazo de validade antes que o espessamento do liquido aconteça, aumentar o tempo de trabalho, e diminuir o tempo de presa. - Reação de presa Quando o pó e o líquido são misturados, o acido começa a dissolver o vidro liberando íons de cálcio, alumínio, sódio e flúor. A água serve como meio de reação. Os íons cálcio formam ligações cruzadas entre as cadeias do ácido poliacrílico; no decorrer de 24h, os íons cálcio são substituídos por íons alumínio. Íons sódio e flúor não participam de ligações cruzadas no cimento. Alguns dos íons sódio podem substituir os íons hidrogênio nos grupos carboxílicos, e íons flúor são dispersos na matriz tridimensional do cimento. A fase com ligações cruzadas se forma hidratada com o tempo conforme a maturação progride. As porções não dissolvidas das partículas de vidro são recobertas por um gel rico em sílica que se forma na superfície das partículas. Assim, o cimento endurecido consiste de partículas de vidro não dissolvidas recobertas com uma camada de gel de sílica, por sua vez embebidas em uma matriz de polissais de cálcio e alumínios hidratados, contendo flúor. - Mecanismo de adesão Ionômeros de vidro aderem à estrutura dental por meio da quelação dos grupos carboxílicos dos ácidos poliacrilicos com o cálcio na apatita do esmalte e da dentina, de maneira semelhante ao cimento de policarboxilato. O acido poliacrilico não pode promover a desmineralização, ele tem baixo poder de penetração. Isso se explica pelo fato de que o CIV usa os íons cálcio para se aderir na superfície do dente. Para adesão adequada, a superfície deve estar limpa e deve-se aumentar a energia de superfície para o cimento molhar completamente as paredes. O coeficiente de expansão térmica linear deve estar próxima ao esmalte e dentina (diz respeito às contrações e retrações que o material sofre com mudanças de temperatura. O coeficiente de expansão linear do cimento de ionômero de vidro é quase igual ao da dentina. Apesar do pH acido inicial, é biocompativel, porem em cavidades profundas, para não causar resposta pulpar, colocar primeiro cimento de hidróxido de cálcio. A biocompatibilidade é devida ao alto peso molecular do ácido poliacrílico que faz com que ele seja um ácido mais fraco e menos irritante; baixa capacidade de penetração; menor potencial desmineralizante. - Manipulação Para fazer uso do ionômero de vidro como agente cimentante, toda a superfície deve estar limpa e seca, a superfície interna da prótese deve estar preparada com um agente cimentante com os excessos removidos. Para restaurações, a superfície do ionômero de vidro deve estar protegida para evitar desidratação ou exposição prematura à saliva - superfícies dentais limpas são essenciais para a adesão prolongada. A limpeza pode ser feita com uma pasta de pedra pomes. - O condicionamento pode ser feito com ácido fosfórico (34% a 37%)
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