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ALTERAÇÕES URINÁRIAS ASSINTOMÁTICAS – HEMATÚRIA GLOMERULAR Nefropatia da IgA Doença de Berger Doença da membrana fina Hematúria familiar benigna Síndrome de Alport Epidemio Paciente jovem (10-35 anos; homem > mulher; asiáticos) Glomerulopatia primária mais frequente de todas e causa mais comum de hematúria macroscópica glomerular. Possivelmente, trata-se da forma de glomerulonefrite hereditária mais comum, porém, por se tratar de uma patologia frequentemente assintomática, sua incidência é incerta (entre 1 e 10% na população geral). É uma causa rara (mas de prognóstico reservado) de hematúria assintomática em crianças. Mulheres apresentam alterações de maneira mais discreta que homens. HF –Tipo de herança Pode estar presente. Sem padrão específico. Herança autossômica dominante (o defeito é no gene que codifica a cadeia alfa-4 do colágeno tipo IV, presente na membrana basal glomerular, impedindo sua produção). Trata-se de um distúrbio genético multissistêmico (comprometimento renal, auditivo e oftalmológico). A forma de herança é ligada ao sexo (ligada ao cromossomo X) em 80% dos casos, autossômica recessiva em 15% e autossômica dominante em 5%. É um defeito no gene que codifica as cadeias alfa 5 do colágeno tipo IV um dos constituintes da MBG. HF - Disfunção renal Pode estar presente Ausente A história familiar revela vários casos de insuficiência renal crônica (e/ou déficits auditivos e visuais) em parentes próximos, embora ocorram casos isolados devido a mutações genéticas. Quadro clínico ↪ HEMATÚRIA MACRO INTERMITENTE (50%) - (hematúria – nada – hematúria). Corresponde a surtos de hematúria macroscópica algumas vezes associada a IVAS (de modo concomitante ou 1 a 2 dias após) ou ao exercício físico vigoroso. ↪ HEMATÚRIA MICRO PERSISTENTE com ou sem proteinúria subnefrótica (40%) - (Descoberta ocasional - EAS). ↪ SÍNDROME NEFRÍTICA CLÁSSICA (10%) – (hipertensão arterial, oligúria, edema). O quadro clínico característico é o de um paciente assintomático com hematúria microscópica isolada (mas pode apresentar também proteinúria discreta). Raramente progridem para insuficiência renal (prognóstico excelente!!!) Hematúria microscópica persistente, com episódios ocasionais de hematúria macroscópica e progressão para insuficiência renal crônica (especialmente em homens). Com frequência, estes pacientes apresentam manifestações extrarrenais, como SURDEZ NEUROSSENSORIAL progressiva (nunca congênita, podendo ser detectada na 1ª década da vida) E ALTERAÇÕES OCULARES (anormalidades do cristalino e da retina aparentes durante a 2ª ou 3ª décadas da vida >> lenticone anterior) Diagnóstico DIAGNÓSTICO PRESUNTIVO: Complemento normal; IgA sérica ↑ (50%) ou IgA bx cutânea (50%); logo após precipitante (sem incubação, sinfaringítica). ⚑ O DIAGNÓSTICO DEFINITIVO é feito por biópsia renal, que mostra depósitos mesangiais de IgA à imunofluorescência. No entanto, a biópsia só deve ser indicada aos casos com evolução desfavorável ⇨ (1) proteinúria > 1g/dia, (2) sinais de síndrome nefrítica, principalmente HAS e (3) insuficiência renal; os casos de hematúria isolada têm normalmente evolução benigna, por isso não devem ser submetidos à biópsia. A doença geralmente é diagnosticada ao acaso por exames de rotina (sedimento urinário) em crianças ou adolescentes. Além da hematúria microscópica glomerular (dismórfica), pode haver proteinúria de leve intensidade. Como o prognóstico é ótimo, a biópsia renal não costuma estar indicada. Se for realizada, o quadro histopatológico revelará microscopia óptica normal com imunofluorescência negativa, enquanto a microscopia eletrônica mostrará redução da espessura da membrana basal. Sugere diagnóstico: • hematúria glomerular persistente • perda auditiva neurossensorial bilateral • retinopatia identificada pela presença de drusas (cristais abaixo retina) ou“flecks” (manchas) ou“dots” (lesões esbranquiçadas puntiformes) Histopatologia: MO: inespecífica; IF: negativa; ME: adelgaçamento e espessamento da MBG de forma irregular e em grandes extensões. Separação da lâmina densa da membrana basal glomerular, produzindo aparência laminada. Tratamento A maioria não precisa (acompanhamento ambulatorial), mas quando indicado: corticoides / imunossupressão. Indicações: proteinúria > 1 g/d não responsiva aos IECA; desenvolvimento de hipertensão ou retenção de escórias (Cr > 1,5 mg/dl). Drogas de escolha para a HAS e controle da proteinúria: IECA. Não existe terapêutica específica. Somente o acompanhamento em longo prazo indicará alguma terapêutica nos poucos pacientes que evoluem com proteinúria (nessa eventualidade, IECA e BRA para induzir efeito renoprotetor) e, eventualmente, doença renal crônica e terminal. Não existe terapêutica específica. Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA) ou bloqueadores do receptor da angiotensina (ARA) devem ser administrados a pacientes que apresentam proteinúria (mesmo inferior a 0,5 g/dia) com ou sem hipertensão. O transplante é indicado para esses pacientes, devendo-se lembrar que até 2,5% desenvolvem GN por anticorpo anti -MBG, com perda rápida do enxerto. Legenda: HF - história familiar
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