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A estrutura da sessão A estrutura da sessão parte de tópicos norteadores, mas não pode deixar com que o atendimento se torne engessado. Partimos do principio de que a busca pela psicoterapia representa uma busca por cuidado, ajuda, orientação e para a resolução de um problema, independente de qual for. É fundamental que o paciente se sinta orientado para a solução, que ele conheça o processo e se familiarize com ele, tendo a noção de que a psicoterapia, o que está sendo abordado durante o processo, faz parte dessa resolução do problema e da queixa que ele traz. p�a�� �u p����to ����pêut��� Para que o paciente se sinta orientado, é importante o estabelecimento de metas terapêuticas em conjunto – plano ou projeto terapêutico. Assim que o paciente traz a sua demanda, é importante que, a partir dessas demandas, pensemos junto com o paciente o estabelecimento de algumas metas. É importante entendermos as expectativas do paciente em relação ao processo terapêutico, e é nesse momento, com psicoeducação, que dizemos para ele se suas expectativas são reais ou não. Devemos também, aqui, instigar o automonitoramento: intensidade das dificuldades, frequência, a severidade das crises, quanto essas dificuldades atrapalham sua vida, e encaixa-las numa escala de 0 a 10, sendo 0 o mais fraco e 10 o mais forte. Enquanto metas terapêuticas, é importante conscientizar esse paciente que o 0 é inatingível, mas que será possível reduzir bem a escala, num primeiro momento. isso dá para o paciente uma noção de orientação, e teremos uma meta em conjunto – terapeuta e paciente trabalharão juntos pra chegar nessa meta terapêutica presente no plano ou projeto terapêutico. Para cada paciente que se atende, devemos ter um plano terapêutico diferente, pois cada paciente é único, e precisa de um atendimento diferenciado. Assim, para cada paciente, é importante que o terapeuta trabalhe o projeto terapêutico dele, envolvendo: ♥ Queixa ♥ Severidade ♥ Intensidade ♥ Frequência ♥ Escala ♥ Técnicas que serão utilizadas ♥ Aonde se espera chegar com a psicoterapia. É importante saber que a meta do projeto terapêutico pode ser alterada conforme o processo, dependendo do caminho que vai tomar. É importante que ajudemos o paciente a traduzir essas metas terapêuticas em algo mensurável, ou seja, que seja expressa em comportamentos e atos possíveis de serem alcançados e realizados. Ou seja, devemos procurar as especificidades das dificuldades do paciente, não deixando muito ampla, para podermos trabalhar de forma melhor e atingir as metas, estabelecendo um norte ao processo. As dificuldades devem ser deixadas mais concretas e ligadas ao paciente, e não no outro. Devemos estimular o paciente a pensar e a formular essas metas concretas, para que ele se sinta orientado, entendendo que ele precisa modificar padrões de pensamento e comportamento para alcançar as metas estabelecidas junto com o terapeuta. Es��ut��� �ad�ão d�� ��s�ões É um norteador, mas normalmente não é possível que numa sessão de 50 minutos o terapeuta passe por todos esses tópicos: 1. Avaliar o humor 2. Breve atualização (medicamentos, uso de drogas, sintomas e transtornos) 3. Realizar uma ponte com a sessão anterior 4. Estabelecer a agenda/pauta (o que será tratado na sessão) 5. Estabelecer a tarefa de casa 6. Resumir a sessão; dar e solicitar feedback. Esses tópicos não são imutáveis. Cada sessão tem suas próprias peculiaridades e cada paciente tem suas próprias necessidades. 1. Avaliar o humor Saber como a pessoa está se sentindo através de perguntas relacionadas ao seu humor, aproximando o terapeuta aos pensamentos funcionais e disfuncionais do paciente. Podemos usar: ♥ Escalas e inventários (principalmente no inicio do processo, em pacientes com diagnostico estabelecido) ♥ Perguntas diretas em que o paciente avalia seu humor em uma escola numérica de 0 a 10 Pode ajudar o terapeuta a perguntar como o paciente se sentiu em determinada situação que o paciente se sentiu incomodado ou agoniado, ajudando no rastreamento dos pensamentos. 2. Breve atualização Sobre o uso de medicação, efeitos colaterais de remédios, uso de substancias como drogas, cigarros, álcool, sintomas do transtorno, se ocorreram crises e como foi a intensidade delas. Situações como o uso de medicação e substancias afetam o funcionamento cognitivo do paciente, pois as medicações, por exemplo, podem trazer efeitos colaterais que podem interferir na terapia. Importante avaliar os sintomas do transtorno, porque sua intensidade e frequência pode fazer com que o projeto terapêutico tenha que ser revisto. Permite enxergar se a terapia está gerando resposta terapêutica e diminuindo a severidade dos sintomas. Pode ser feito, aqui também, escalas e inventários, mas com parcimônia. 3. Ponte com a sessão anterior Quando o paciente necessita uma demanda de cuidado e solução, é importante averiguarmos o quanto essa queixa se estende aos contextos de vida dele. Uma vez que as metas foram estabelecidas, há uma ligação entre as sessões, pois a queixa principal está relacionada à vários conceitos, e não a um único aspecto e contexto da vida dele. Também mostramos para ele que, enquanto terapeutas, nossa escuta é atenta a tudo que ele diz. Isso mostra para ele o quão preocupadas com ele estamos, como estamos dispostos e engajados a atingir as metas terapêuticas e que somos um vinculo seguro para esse paciente. O motivo central da ponte é que para a terapia faça sentido para o paciente, e para que, sobretudo, o paciente entenda ou tenha a sensação de continuidade entre as sessões. A ponte entre as sessões também mantém a terapia focada na solução de problemas, da queixa do paciente, e nas técnicas que serão utilizadas durante o processo terapêutico que estão inseridas no projeto. 4. Estabelecimento da agenda e da pauta É um processo colaborativo entre terapeuta e paciente, que decide que assunto será abordado durante a sessão. Normalmente, o paciente chega para a sessão, fazemos a atualização da semana, e o paciente já traz para o terapeuta indícios do que ele vai querer falar na sessão. Ajuda a saber como o assunto que ele quer falar se relaciona as queixas e a meta terapêutica traçada no início. Assim, em conjunto com o paciente, fazemos um acordo sobre o que será tratado naquela sessão. Numa terapia mais diretiva, é importante que se mantenha um grau de foco no processo terapêutico. É importante que, no início do processo, o paciente seja instruído quanto aos benefícios de se estabelecer a agenda: ♥ Não elencar muitos tópicos por sessão – 2 a 3 tópicos na maioria dos casos (iniciar com apenas 1 e subir conforme ele finalizar seus pensamentos sobre determinado tópico) ♥ Os tópicos devem ser específicos, mensuráveis e focados na resolução de problemas. ♥ Os tópicos devem ser abordados em uma única sessão, preferencialmente, havendo maior probabilidade que se tire algum beneficio daquilo. ♥ Os tópicos devem conter objetivos atingíveis, ou seja, realistas. Devemos sempre ter em mente que: ♥ Deve-se lembrar que essa estrutura é norteadora, não rígida e inflexível. ♥ Se a discussão levou a ativação de uma crença com forte carga emocional, o ideal é esquecer a agenda e focar a situação que se apresenta, independente do tempo que isso tomar da sessão. O paciente deve, entretanto, concordar com essa decisão. 5. Estabelecer a tarefa de casa A proposta da tarefa de casa é que o paciente, entre sessões, pense e coloque em pratica o que foi tratado na sessão anterior. O objetivo principal é desenvolver habilidades em TCC para lidar com problemas e dificuldades diárias. A tarefa é definida a partir dos tópicos (elencados na agenda) tratados na sessão. Deve ser estabelecida em conjunto com o paciente (nunca imposta). 6. Resumir a sessão e dar e solicitar feedbackHá dois tipos de resumo no decorrer da sessão: ♥ Pequenos resumos no final de cada etapa ou tópico da sessão ♥ Resumo no final Ambos são realizados para estimular a psicoeducação, compreensão e relação terapêutica. Ajudam o paciente a sentir que algo foi fechado. Os resumos auxiliam na compreensão de um problema, organizam as informações de forma que terapeuta e paciente saibam sobre o que se está falando (e não se façam suposições). Pequenos resumos no decorrer da sessão demonstram ao paciente o quanto se está interessado no que ele fala. São ferramentas motivadoras e que fortalecem o vínculo.