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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 2011 Recife-PE Licenciatura em Geografia Didática no Ensino da Geografia Autor: João Allyson Ribeiro de Carvalho Coautoria: Paulo Tavares Muniz Filho Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologiade Pernambuco - IFPE e a Universidade Aberta do Brasil - UAB Equipe de Elaboração Coordenação do Curso Maria José Gonçalves de Melo Supervisão de Tutoria Elvira Cláudia de Paula Vranckx Logística de Conteúdo Giselle Tereza Cunha de Araújo Maridiane Viana Aldo Luiz Silva Queiroz Coordenação Institucional Reitoria Pró-Reitoria de Ensino Diretoria de Educação a Distância Pró-Reitoria de Extensão Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação Pró-Reitoria de Administração e Planejamento Diagramação Magnun Estalonne Araújo de Amorim Edição de Imagens Magnun Estalonne Araújo de Amorim Revisão Linguística Ivone Lira de Araújo Aulas: 1, 2, 4, 5, 6 e 7 Adriano Ribeiro da Costa Aula 3 Revisão Conteúdo Washington Luiz Silva Lago Sumário Sumário 5 Palavra do professor-autor 7 Apresentação da Disciplina 9 Aula 1 - Didática: conceitos e evolução 11 Aula 2 - A Função Social da Escola: Estrutura e funcionamento das unidades escolares 25 Aula 3 - Abordagem de Ensino e Aprendizagem: Planejamento e Avaliação 41 Aula 4 - A evolução do Ensino da Geografia 55 Aula 5 - Materiais Didáticos, Conteúdos e Aprendizagem na Geografia 75 Aula 6 - O uso de tecnologias no Ensino da Geografia 95 Aula 7 - Retomada para fixação dos conteúdos de Didática do Ensino da Geografia 111 UABDidática no Ensino da Geografia 5 Palavra dos professores-autores Caros(as) Estudantes, O presente material didático foi construído para subsidiar os estudos do com- ponente curricular Didática no Ensino da Geografia, do Curso de Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Per- nambuco. Os instrumentos norteadores desta obra foram definidos com vistas a lhe possibilitar um subsídio teórico/prático acerca da importância da Didática para o processo de ensino e aprendizagem do currículo de Geografia. Todo o material foi redigido com o olhar aplicado aos conteúdos pedagógicos da Didática para o ensino da Geografia, pois entendemos que as interfaces da Ciência Geográfica permitem uma visão transdisciplinar para compreensão do espaço e suas repercussões ambientais. A Didática se insere nesse processo através do papel de responsabilidade social da educação cidadã. Analisar a educação como um viés que possibilite a ascensão social repercute diretamen- te na nossa responsabilidade ética enquanto educadores. Para melhor compreensão, esta obra está dividida em sete aulas, das quais seis abordam temas como: o próprio conceito da Didática e sua evolução ao longo dos séculos; a estrutura e funcionamento da escola; o planejamento e avalia- ção; a evolução do ensino da Geografia; o uso de materiais didáticos para os conteúdos de aprendizagem na Geografia; e a tecnologia e seu uso no ensino da Geografia. Ao final, a sétima aula propõe uma recapitulação desses temas de modo a permitir que o(a) estudante possa mensurar seu aproveitamento ao longo das semanas letivas e retomar alguns itens que julgue necessário. É muito importante que você, caro(a) estudante, possa focar sua disponibilida- de nos conhecimentos aqui divulgados e o mais importante: que ao findar os trabalhos deste componente curricular, este material seja a ‘porta de entrada’ que possa conduzir a todos(as) por um constante repensar, de modo a apro- fundar ainda mais seus conhecimentos acerca dos paradigmas didáticos exis- tentes. Esperamos, portanto, que a última aula não encerre o ciclo de mais um componente curricular concluído, mas inicie incontáveis ciclos e possibilidades de ir além e conhecer diferentes complexidades atinentes a um tema tão mis- terioso e apaixonante: a docência. Os Autores. UABDidática no Ensino da Geografia 7 Apresentação da Disciplina Prezado(s) Estudante(s)! Estamos iniciando mais um componente curricular. A partir de agora, o alvo de nosso trabalho será a Didática e o professor de Geografia. Estamos num curso de Licenciatura, por isso precisamos estudar não apenas os conteúdos epistemológicos da Ciência Geográfica, mas as alternativas e possibilidades para colocarmos em prática, de fato, o exercício da docência. Convidamos você a ingressar, definitivamente, nos assuntos relacionados ao exercício da ‘arte’ de lecionar. Faremos, neste semestre, uma verdadeira viagem em conteúdos imprescindíveis a “Todo Educador”. Vamos abordar temas desde a importância e função da Escola, a contribuição da Didática enquanto conjunto do processo de ensino e aprendizagem. Como as alter- nativas que possibilitem práticas pedagógicas para o planejamento e avalia- ção na construção do saber. Além de propostas didáticas para o ensino da Geografia. Talvez, muitos dos assuntos abordados aqui sejam de seu conhecimento. Outros não. No entanto, o mais importante é que cada um de nós possa re- fletir e julgar a relevância dos temas aqui defendidos e continue aprimoran- do cada vez mais o nosso ponto de vista acerca da docência, pois enquanto educadores, devemos sempre aperfeiçoar o que sabemos ao longo de nossa carreira profissional sobre temas como mecanismos de aprendizagens, pla- nejamento e avaliação, dentre outros ligados ao mágico processo do saber! UABDidática no Ensino da Geografia 9 Aula 1 - Didática: conceitos e evolução Objetivos: Ao final da aula, o estudante será capaz de: • Compreender o significado da Didática; • Diferenciar os diversos acontecimentos que contribuíram para a sistematização do conhecimento e do ensino; • Compreender o histórico e fundamentos teóricos da Didática; • Conhecer a influência dos estudos da Didática para a aprendi- zagem no Brasil. Assunto(s) – Conceitos, – Características e Generalidades da concepção de Didática. – Histórico e fundamentos teóricos da Didática. – A Didática e a aprendizagem no Brasil. Introdução: Nesta primeira aula, vamos discutir um pouco sobre a importância do saber, a função da Escola nas sociedades e principalmente: vamos aprender o que, afinal de contas, é Didática, sobre a sua relevância no processo de ensino- aprendizagem e seu objeto de estudo, de modo a possibilitar um subsídio teórico para as abordagens e análises nas aulas das semanas subsequentes. Para tanto, é muito importante que cada estudante possa disponibilizar uma quantidade de tempo suficiente para, de fato, apreender as ideias que vamos explicar aqui. Não importa quantas vezes você recorra ao material didático ou a outras fontes externas. O primordial é que você tenha plena convicção do que estamos falando aqui. Para isso, é essencial a sua participação nas atividades da semana, nos chats e fóruns, pois podem elucidar, definitiva- Glossário Conhecimento empírico = conhecimento popular + senso comum. Método = É a forma de proceder ao longo de um caminho. Na Ciência, os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em siste-mas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso, para alcançar um objetivo. (TRUJILLO, 1974). Educação = processo pelo qual o homem através de sua capacidade para aprender, adquire expe- riências que atuam sobre a sua mente e o seu físico. (COTRIM & PARISI, 1982) UABDidática no Ensino da Geografia 11 mente, qualquer dúvida que, porventura, possa ter acerca dos conceitos, funcionalidades e generalidades da Didática. Desejamos a você, desde já, bons estudos! A Escola na Sociedade A evolução da humanidade está marcada pelo conhecimento, sobretudo pela condição de racionalidade na naturezahumana. Ao longo da História, o conhecimento empírico vem dando espaço ao conhecimento científico que vem sendo ressignificado graças aos avanços obtidos pelo homem, aumen- tando sempre o legado científico para as futuras gerações. Podemos dizer, então, que o pensamento científico é a fundamentação para o avanço da sociedade humana. No entanto, devemos reconhecer a relação entre conhecimento popular e conhecimento científico e suas diferenças. Nesse sentido, Marconi & Lakatos (2009, p. 16) afirmam que o conhecimento popular é transmitido de ge- ração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal, portanto, empírico. Já o conhecimento científico é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos que podem ser re- petidos e confirmados detalhadamente, mediante pesquisa comprovada. Nesse contexto, a Escola é a instituição social que objetiva construir conhe- cimentos através de modelos de aprendizagens de conteúdos específicos e sistematizados. Desde a mais tenra idade, ouvimos sempre que a escola é o lugar onde se aprende. No entanto, existem duas observações que merecem nossa atenção: 1. Em primeiro lugar, o ser humano pode aprender durante todas as etapas de sua vida, em diversas esferas sociais e com diversos níveis de intensi- dades de organização. 2. Em segundo, ninguém aprende sem um conhecimento pré-existente. Des- se modo, o estudante ao conhecer algo novo, sempre irá entender com base em seu universo de conhecimentos prévios. O que não devemos esquecer é que a escola está, diretamente, responsável pela formação dos seres humanos enquanto integrantes de uma sociedade. Licenciatura em GeografiaUAB 12 E tal função social vai além do simples acúmulo de conhecimentos. A Es- cola permite que cada indivíduo possa criar discernimento e valores ético- filosóficos para sua vida profissional e cidadã. Só dessa maneira, podem-se vislumbrar gerações que possam contribuir, diretamente, para a sociedade. Deve-se destacar também o papel que a Escola tem, por natureza, como uma instituição de inclusão e promoção social. Libâneo (2009) afirma que o processo educativo que se desenvolve na escola, pela instrução e ensino, consiste na assimilação de conhecimentos e experiências acumulados pelas gerações anteriores, no decurso do desen- volvimento histórico-social. O mesmo autor defende que a prática educativa requer uma direção de sentido para a formação humana dos indivíduos e processos que assegurem a atividade prática que lhes corresponde. Em ou- tras palavras, para tornar efetivo o processo educativo, é necessário dar- lhe uma orientação sobre as finalidades e meios da sua realização, conforme opções que façam quanto ao tipo de homem que se deseja formar e ao tipo de sociedade a que se aspira. Diante disso, podemos refletir como a escola é importante para o futuro de uma nação, por exemplo. Com toda a relevância da Escola para a sociedade descrita acima, podemos reconhecer o papel do educador no processo de aprendizagem. A prática pedagógica será o diferencial que apontará a eficácia da aprendizagem. Portanto, é sempre um assunto relevante, mesmo porque não existe um mo- delo acabado de métodos e estratégias de aprendizagens que seja referência em todas as séries e turmas. O próprio Freire (2000) reconhece que não há docência sem discência, en- fatizando que o ato de ensinar exige dentre outros, rigor metodológico, pesquisa, criticidade, sobretudo, reflexão e crítica sobre a própria prática do educador. É nesse contexto que emerge a necessidade de conhecermos a Didática. Ini- cialmente, se pesquisarmos no dicionário, Houaiss (2007) explica que Didá- tica é a arte de transmitir conhecimentos. É a técnica de ensinar. No entanto, é necessário ir mais além. O conceito que adotamos aqui é o proposto por Libâneo (2009) que define Didática como o principal ramo de estudos da Pedagogia e investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. De acordo com o conceito, podemos perceber que a Didática é incumbida de analisar as relações entre docência e aprendizagem, ultrapassando os UABDidática no Ensino da Geografia 13 limites dos estudos de objetivos, conteúdos e métodos. Assim, podemos concluir que a mesma está presente nas distintas metodologias das diversas áreas do saber, desde que incluam conhecimentos específicos com fins edu- cacionais. Em outras palavras, seja qual for a área de conhecimento da Ciência, se for transmitida ou ensinada, automaticamente ingressa no âmbito da Didática. No nosso caso, o curso de Licenciatura em Geografia foi concebido com componentes curriculares coordenados e articulados de modo a formar pro- fissionais habilitados ao ensino da Geografia. Assim, necessitamos da Didá- tica para garantir estratégias que coordenem e articulem as diversas disci- plinas do Curso. Podemos dizer, então, que a Didática seria o ‘elo’ condutor entre os conhecimentos técnico-científicos assegurados pelo Curso com a efetiva prática docente. Resumindo, enquanto ‘estudantes’ aprendemos conteúdos relacionados à Geografia graças à Didática. Enquanto ‘educado- res’, ensinamos conteúdos relacionados à Geografia através da Didática. Percebe-se, portanto, que a mesma assume significativa relevância quando aborda as relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem. Fundamentos Teóricos da Didática Partindo-se do pressuposto de que a Didática estuda o processo de ensino, formulando diretrizes que possibilitam a orientação das atividades profissio- nais dos educadores, Libâneo (2009) afirma que ela pode mediar os objeti- vos e conteúdos de ensino na Escola e delimita como seu objeto de estudo o processo de ensino que, considerado no seu conjunto, inclui: • os conteúdos dos programas e dos livros didáticos; • os métodos e formas organizativas do ensino; • as atividades do professor e dos estudantes; • as diretrizes que regulam e orientam esse processo. O mesmo Autor ainda ressalta que não é suficiente dizer que os estudantes precisam dominar os conhecimentos. É necessário dizer como fazê-lo, isto é, investigar objetivos e métodos seguros e eficazes para a assimilação dos mesmos. Essa é a função da Didática, ao estudar o processo do ensino. Tal processo não é tão simples, como à primeira vista pode parecer, é uma ati- vidade bastante complexa, porque envolve tanto condições externas quanto internas das situações didáticas. Glossário Pensadores da Didática: Sócrates (470 a.C. - 399 a.C) Disponível em: http://www. dialogocomosfilosofos.com.br/ category/socrates/ João Amós Comenius (1592- 1670). Wolfgang Ratke* (1571-1635) Licenciatura em GeografiaUAB 14 Logo, conhecer essas condições e lidar, acertadamente, com elas é uma das tarefas básicas do educador para a condução do trabalho docente. (LIBÂ- NEO, 2009, p. 55). Teoricamente, o processo didático está centrado na relação fundamental entre o ensino e a aprendizagem, orientado para a confrontação ativa do estudante com matéria sob a mediação do educador. Com isso, Libâneo (2009) identifica como elementos de tal processo: • os conteúdos das matérias (que devem ser assimilados pelos estudantes de um determinado grau); • a ação de ensinar (em que o educador atua como mediador entre os estudantes e a matéria); • a ação de aprender (em que o estudante assimila consciente e ativamen- te as matérias e desenvolve suas capacidades e habilidades). O mesmo autor ainda ressalta que esses componentes não são suficien- tes para visualizar o ensino na sua globalidade, pois o processo didático de aprendizagem depende também de fatores externos. O processo de evolução da Didática Como vimos, o homem, enquanto ser racional, tenta desde os primórdios das civilizações estabelecer procedimentos de aprendizagem e técnicas que eram utilizadas nas escolas, igrejas, residências,para diversos fins. Pois bem, a Didática é derivada da expressão grega techné didaktiké, que segundo Comenius (um dos precursores da sistematização da Didática no século XVII) significa a arte ou técnica de ensinar (COMENIUS, 1966). A obra mais importante para a Didática de Comenius foi Didática Magna em 1632. Tal obra foi decisiva para o aprofundamento e definição dos con- teúdos inerentes à matéria. Haydt (2006) enfatiza algumas atribuições do professor na sua prática pedagógica, baseando-se na obra de Comenius. Quais sejam: • Apresentar a ideia, diretamente, com demonstrações, pois o estudante aprende através dos sentidos, das vivências; • Mostrar ao estudante a utilidade daquele conhecimento transmitido e sua aplicação no cotidiano; • Recorrer às causas, à origem dos fenômenos, para a compreensão do todo; Glossário Pensadores da Didática: Jean Jacques Rousseau* (1712- 1778) Johann Heinrich Pestalozzi* (1746-1827) * Imagens disponíveis em: http://yoreme.wordpress. com/2010/01/28/procesos- educativos/ UABDidática no Ensino da Geografia 15 • Explicar, primeiramente, os princípios gerais e só depois os detalhes; • Avançar nos conteúdos mediante compreensão por parte dos estudan- tes. Outro importante precursor da Didática foi Wolfgang Ratke (1571-1635) que comprometido com ideais ético-religiosos (assim como Comenius) dedi- ca sua vida profissional no sentido de encontrar métodos e procedimentos para que o processo de aprendizagem seja mais eficiente e prazeroso. De acordo com Comenius (1966, p.12), o importante é descobrir o ‘método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais, de modo a viabilizar nas escolas menos barulho, menos enfado e mui- ta aprendizagem de conteúdos concretos para a vida das pessoas’. No entanto, a preocupação com modelos de ensino antecede o século XVII, o próprio filósofo Sócrates (século V a.C.) já se preocupava em conhecer o planeta, a humanidade e conhecer também como se aprende. Sócrates acreditava que o conhecimento é uma descoberta pessoal, acontecendo no íntimo de cada ser humano. Assim, o professor seria um condutor para essa experiência que acontece em cada aprendiz. No século XVIII, o suíço Jean Jacques Rousseau (1712-1778) tem um papel fundamental nos procedimentos educacionais utilizados na época, uma vez que não se preocupa em sistematizar a Didática, mas de oferecer um novo olhar para o ensino. Um olhar focado, sobretudo, na criança, no reconhe- cimento da infância e de modelos adaptados a essa realidade. Rousseau defendia a ideia de que a aprendizagem deveria nortear-se em princípios que não se limitavam apenas às regras da Escola. O também suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) produziu importan- tes frutos para a Didática. Pestalozzi acreditava na importância do ambiente que cerca o aprendiz, sendo fator decisivo na formação do cidadão. O mes- mo defendia, na educação, a saída para a melhoria e desenvolvimento da humanidade. Haydt (2006) resume os princípios educacionais de Pestalozzi, dos quais podemos destacar os seguintes: • O professor deve respeitar a individualidade do estudante de modo a estabelecer uma relação de amor e respeito mútuo entre mestres e dis- cípulos; Licenciatura em GeografiaUAB 16 • A finalidade da instrução escolar deve basear-se no fim mais elevado da educação, que é favorecer o desenvolvimento físico, mental e moral do educando; • O modelo de aprendizagem não deve se resumir à exposição dogmática e à memorização mecânica, mas se fundamentar nas capacidades inte- lectuais do aprendiz; • A instrução escolar deve auxiliar o desenvolvimento orgânico por meio da atividade, isto é, da ação tanto física como mental e, naturalmente, respeitar o desenvolvimento infantil; • O professor deve dedicar a cada tópico do conteúdo o tempo necessário para assegurar que o estudante o domine inteiramente. Outros pensadores, educadores e filósofos também se preocuparam ao lon- go da História da Humanidade em estabelecer critérios, normas e alternati- vas que viabilizem a otimização da aprendizagem. Sendo os exemplos, aqui citados, o marco inicial para que se possa aprofundar ainda mais o conheci- mento desses educadores que contribuem até hoje para o discernimento do pensamento educacional. Muitas experiências educacionais foram colocadas em prática. No entanto, como não existe método único e infalível, a Didática da contemporanei- dade nos permite levar em consideração o ensino de conhecimentos, mas também, as atitudes e os sentimentos do educador e dos estudantes. Esses elementos nos mostram, de modo claro, a complexidade do ato de ensinar e aprender e principalmente: a importância de um ramo da Pedagogia que se preocupa com os métodos e possibilidades para a aprendizagem de forma geral, com um novo campo do saber humano: o saber ensinar. Atividades Escolha um dos educadores abaixo e elabore um breve resumo sobre seu trabalho pedagógico e sua contribuição para a Didática: – John Frederick Herbart – John Dewey – Maria Montessori – Paulo Freire UABDidática no Ensino da Geografia 17 Comentário: Essa Atividade na verdade é um convite ao aprofundamento de alguns nomes importantes para a Didática. Seu objetivo é garantir maior conhecimento acerca dos pensadores acima citados. Portanto, não convém aqui colocar a respostas acabadas, mas sim incentivar o debate do que for pesquisado ao longo do período letivo. Bom trabalho! TEXTO 1: O LUIZINHO DA SEGUNDA FILA1. Marcelo é um excelente professor de Geografia. Na aula sobre o Pantanal até se excedeu. Falou com entusiasmo, relatou com detalhes, descreveu com precisão. Preencheu a lousa com critério, soube fazer com que os alunos descobrissem na interpretação do texto do livro a magia dessa região quase selvagem. Exibiu um vídeo, congelou cenas e enriqueceu-as com detalhes, com fatos experimentados, acontecimentos do dia-a-dia de cada um. Em sua prova, é evidente, não deu outra: uma redação sobre o tema e questões operatórias que envolviam o Pantanal. Seus rios, suas aves, sua vegetação, etc. A planície imensa. Os alunos acharam fácil. Apanharam suas folhas e começaram a trazer, palavra por palavra, suas imagens para o papel. As canetas corriam soltas e as linhas transformavam-se em parágrafos. Marcelo sabia o quanto teria que cor- rigir, mas vibrava. Sentia que os alunos aprendiam. Descobria o interesse que sua Ciência despertava. Não pôde conter uma emoção diferente quando Heleninha, sua aluna predileta, foi até sua mesa e arfante solicitou: - Posso pegar mais uma folha em branco? O único ponto de discórdia, o único sentimento opaco que aborrecia Marcelo, era o Luizinho, aquele da segunda fila. – Puxa vida! – pensava – Luizinho assistira às suas aulas, arregalara os olhos com as explicações e agora, na prova, silêncio absoluto, imobilidade total... Nem se quer uma linha. Sentiu ímpetos de esganar Luizinho. Mas, tudo bem, não queria se irritar. Luizinho pagaria seu preço, iria certamente para a recuperação. Se duvidassem poderia, até mesmo, levá-lo à retenção. Seria até possível arrancar um ano inteirinho de sua vida... Minutos depois, avisou que o tempo estava terminando. Que entregassem sua fo- lha. Viu então que, rapidamente, Luizinho desenhou, na primeira página das fo- lhas de prova, o Pantanal. Rico, minucioso, preciso. Marcelo emocionou-se, ao ver aquele quadro, de irretocável perfeição, nas mãos de Luizinho que coloria as últimas sobras. Entusiasmado indagou: - E aí, Luís? Você já esteve no Pantanal? Não. Luizinho jamais saíra de sua cidade. Construiu sua imagem a partir das aulas Licenciatura em GeografiaUAB 18 ouvidas. Marcelo sentiu-se gigante e, de repente, descobriu-se o próprio Piaget. Havia com suas palavras, construído uma imagem completa, correta e absoluta na mente de seu aluno. Mas, deu zero pela redação. É claro. Naquela escola não era permitidoque se rabis- cassem as folhas de prova. A história de Luizinho repete-se em muitas escolas. Sua inteligência pictórica é imensa. Colossal, lúcida, clara e contrasta, visivelmente, com as limitações de sua competência verbal. Expressou o que sabia, da maneira como conseguia. Mas, não são todos os professores que se encontram treinados para ouvir linguagens diferentes das que a escola instituiu como única e universal. ______________________________________________________________________ 1 Modificado de Celso Antunes. Marinheiros e Professores. 6ª ed., Petrópolis, Vozes, 2000. Questões para debate e reflexão 1) Sob o olhar da Didática, o professor poderia melhorar sua prática pedagó- gica? Cite exemplos. 2) Na sua concepção, a escola hoje está preparada para receber o estudante e formá-lo para sua vida? 3) Qual seria sua sugestão para solucionar a problemática descrita no Texto 1? TEXTO 2: O QUE É CIÊNCIA?2. Nessa aula, estudamos a importância do avanço da Ciência para a humanidade e dis- tinguimos o significado de conhecimento popular e conhecimento científico. Agora vamos ter a oportunidade de conhecer diferentes significados de Ciência conforme seleção proposta por Marconi & Lakatos (2009), sendo o primeiro considerado pelas autoras como o significado mais abrangente da concepção de Ciência: • Um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos, meto- dicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. (ANDER-EGG, 1978, p.15); • A Ciência pode ser concebida também como a possibilidade racional de acumula- ção de conhecimentos sistemáticos; UABDidática no Ensino da Geografia 19 • Entende-se Ciência como a atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos experimentais e suas aplicações práticas; • A Ciência caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificá- vel, e, por conseguinte, falível; • Concebe-se Ciência pela necessidade do conhecimento do real pelas suas cau- sas; • Pode-se dizer que Ciência é o conhecimento sistemático dos fenômenos da na- tureza e das leis que o regem, obtido pela investigação, pelo raciocínio e pela experimentação intensiva; • Entende-se Ciência como o conjunto de enunciados lógicos e, dedutivamente, justificados por outros enunciados; • Ciência é o conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente, demonstradas e relacionadas com um objeto determinado; • Define-se Ciência como o corpo de conhecimentos que consiste em percepções, experiências, fatos certos e seguros; • A Ciência é o estudo de problemas solúveis, mediante método científico é en- tendido como ciência; • A forma, sistematicamente, organizada do pensamento objetivo define Ciência. Questões para debate e reflexão 1) Dentre os diversos significados de Ciência, escolha três que você conside- ra mais abrangente. Não se esqueça de justificar sua resposta. Ou seja, explicar por que escolheu tais conceitos. 2) Pesquise num portal de busca o significado de ‘Ciência Geográfica’ e com- pare as semelhanças com um dos conceitos de Ciência descritos acima. 3) De acordo com o que foi estudado, você seria capaz de elaborar uma breve explicação do significado de Ciência com suas palavras? Resumo Independente de sua programação hereditária, o ser humano tem a ple- na capacidade de aprendizagem, atributo não encontrado em nenhum ou- tro ser vivo. Essa possibilidade (a habilidade racional) durante muito tem- po confrontava-se com uma série de mistérios da natureza que não podia compreender e explicar. Diante desse contexto e com a constante evolução do pensamento humano, o conhecimento empírico foi dando espaço e subsídio para o conhecimento científico. Então, a Ciência vem possibilitar Licenciatura em GeografiaUAB 20 as respostas a muitos questionamentos existentes na mentalidade humana. Embora, muitas dessas questões ainda persistam até a contemporaneidade. No entanto, devemos enfatizar o vultoso desenvolvimento do conhecimento científico ao longo dos séculos. E, naturalmente, a Escola tem uma impor- tante função, pois é a instituição social que objetiva construir conhecimen- tos através de modelos de aprendizagens de conteúdos específicos e siste- matizados. Para isso, a Didática representa importante ferramenta, pois se caracteriza como o principal ramo de estudos da Pedagogia e investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A Didática é derivada da expressão grega techné didaktiké, significando a arte ou técnica de ensinar. Estudamos aqui, que vários pensadores contribuíram, concretamente, para a sistematização da Didática. Antes mesmo de Cristo, Sócrates já defendia, junto aos seus discípulos, ideais que possibilitassem a verdadeira aprendiza- gem de cada indivíduo. Posteriormente, Comenius em sua obra ‘Didática Magna’ destaca-se por aprofundar os conteúdos relacionados a modelos de ensino/aprendizagem. Ele foi um dos grandes responsáveis pela siste- matização essa disciplina. Outros filósofos/educadores também contribuíram sobremaneira, como bem exemplificam Ratke, Rousseau e Pestalozzi, dentre outros. De acordo com o conceito, podemos perceber que a Didática é incumbida de analisar as relações entre docência e aprendizagem, ultrapassando os limites dos estudos de objetivos, conteúdos e métodos. Assim, podemos concluir que está presente nas distintas metodologias das diversas áreas de conhecimento, desde que tais conhecimentos específicos tenham fins edu- cacionais. Em outras palavras, seja qual for a área de conhecimento da Ci- ência, se a mesma for transmitida e ensinada, automaticamente, ingressa no âmbito didático. Referências COMENIUS, J. A., Didática Magna. Tradução portuguesa da Fundação Gulbenkian, Coimbra, 1966, p.101. COTRIM, G. & PARISI, M. História e Filosofia da Educação. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. 336 p. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 16 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 2000. Coleção leitura. UABDidática no Ensino da Geografia 21 HAYDT, R. C. C., Curso de Didática Geral. 8 ed. São Paulo: Ática, 2008. 327p. HOUAISS A, Vil lar M de S, Franco F.M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva; 2001. p. 2566. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de Metodologia Científica. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2009. 315p. LIBÂNEO, J. C., Didática. 29ª imp. São Paulo: Cortez, 2009. 263p. TRUJILLO FERRARI, A Metodologia da Ciência. 2.ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Licenciatura em GeografiaUAB 22 UABDidática no Ensino da Geografia 23 Licenciatura em GeografiaUAB 24 Aula 2 - A Função Social da Escola: Estrutura e funcionamento das unidades escolares. Objetivos Ao final da aula, o estudante será capaz de: • Entender a importância da escola enquanto instituição social que promove a ascensão social; • Explicar os principais motivos para o entendimento da situação atual da Educação no Brasil; • Conhecer modelos e experiências de gestão para o funciona- mento pleno das escolas; • Justificar a necessidade de a escola conceber o universo de co- nhecimentos do estudante no sentido de possibilitar um discurso pedagógico que não se limite a procedimentos ortodoxos dentro das dependências da escola. Assunto(s) – Estrutura e Funcionamentos da Instituição Escolar. – Reflexões acerca da educação no Brasil. – Modelos de gestão escolar com estudo de caso. Introdução Nesta aula, vamos dar continuidade aos estudos relacionados à Didática no Ensino da Geografia. Para tanto, conceber os espaços do ambiente escolar é uma fundamental para que se possam criar situações didáticas. A concepção de tal espaço não se limita a criar diagnoses de unidades escolares. É impor- tante que se pense no ambiente escolar enquanto palco para as diversas relações sociais do cotidiano. Dentre elas, as relações de ensino e aprendiza-gem são as que nos interessam aqui. Diagnose = sinônimo de diagnóstico, uma descrição detalhada de algo. Hi - tech = termo derivado do Inglês ‘alta tecnologia’, diz-se tecnologia de ponta, moderna. Glossário UABDidática no Ensino da Geografia 25 Ao longo dos séculos, a humanidade tem alcançado profundas transforma- ções que podem ser exemplificadas pela tecnologia, que a cada dia vem se aprimorando, legando novas possibilidades e modificando, definitivamente, os hábitos das sociedades, desde a mais arcaica até a mais desenvolvida. Pois bem, toda essa mudança deve também ser acompanhada pela escola que ao se atualizar, possa cumprir seu papel de acesso ao conhecimento e à aprendizagem. São essas possibilidades pedagógicas o alvo de nossa aula desta semana. Desejamos bom trabalho a todos! A função social da escola Atualmente, vivemos num contexto que prioriza a universalização e inclu- são da criança na escola. No entanto, num passado não muito remoto, a população menos favorecida tinha dificuldades em arrumar vagas na escola pública. Em muitas comunidades, como no caso das zonas rurais de diver- sos municípios nem existiam escolas ou grupos escolares. Por outro lado, as unidades escolares públicas apresentavam um padrão de qualidade conside- rado por alguns estudiosos como satisfatório. Hoje, graças a investimentos em todo o País, pode-se vislumbrar um con- texto diferenciado, com o empenho de governantes em garantir vagas para todos os estudantes, desde as séries iniciais. Vale salientar que tais metas são a repercussão direta de políticas internacionais que divulgam em todo o Planeta o direito à universalização da educação enquanto instrumento de libertação social e direito legítimo de todo ser humano. Por outro lado, temos um contexto educacional que permite a presença de unidades escolares em quase todo o território brasileiro. Mesmo assim, não há muito que comemorar: a qualidade de muitas dessas unidades escolares refletem a situação conjuntural e estrutural com problemas que compro- metem o processo de ensino e aprendizagem. O resultado disso pode ser percebido com os índices de fracasso escolar na escola brasileira no âmbito público de ensino. Assim, convivemos com vários problemas que comprometem uma educação de qualidade. Dentre eles, podemos exemplificar: a evasão escolar, reprova- ção e índices de repetência. No entanto, muitos autores dedicaram pesqui- sas acerca das condições da educação básica do Brasil. A título de exemplo, Licenciatura em GeografiaUAB 26 Fletcher & Castro (1986) afirmaram que existem muitas interpretações que merecem reconsideração, pois destacam a existência de mitos, como o fato do problema do primeiro grau ser apenas a evasão, ou mesmo que outra grave problemática seria a falta de acesso da população a escolas face ao incipiente número das mesmas. No entanto, os autores destacam que o mais relevante não é o não acesso ou a evasão e sim, a quantidade de repetência. Nesse âmbito, o fim da re- tenção seria a melhor alternativa para ampliar as vagas e diminuir a evasão. Essa perspectiva de observação foi alvo de interpretações errôneas que viam na retenção o entrave para a educação. Por outro lado, esse entrave foi mi- nimizado em detrimento da qualidade educacional. Ou seja, ampliou-se o número de vagas sem atentar para a qualidade da educação oferecida. Na atualidade, a preocupação que se deve mensurar é a necessidade de uni- dades escolares, para que estejam em consonância com as necessidades dos estudantes, essa sintonia iria corroborar para a permanência dos mesmos no ambiente escolar. Desse modo, já podemos perceber que o problema da educação básica do Brasil não se limita à quantidade de vagas, mas a um conjunto de fatores que podem repercutir positiva ou negativamente para a educação. Alguns desses fatores são, inclusive, externos ao ambiente esco- lar. Como exemplo, podemos citar a questão social do trabalho infantil que atua, diretamente, como fator impeditivo para o comparecimento à escola. Porém, Ribeiro (1990) defende que a repetência seria sim a ‘vilã’ do ensino fundamental no Brasil. O mesmo Autor ressalta que em torno de 93% das crianças possuíam vagas em escolas. Fato que desabona a repercussão da ausência de vagas. Nesse contexto, afirma: O que este cenário está indicando é que apesar do progresso que representa a universalização do acesso à educação elementar em nosso país, os mais importantes problemas da educação não foram sequer percebidos, correta- mente, pela sociedade ou pelos governos. Hoje, Matriculados no 1º grau, está um número de indivíduos ligeiramente superior ao da população de 7 a 14 anos. Mesmo assim, continua-se a construir escolas como se houvesse ainda crianças fora da escola por falta de vagas. Ignora-se, completamente, o problema que se passa dentro da escola, sua pedagogia, seu descompro- misso com o aprendizado e com a promoção dos alunos. (RIBEIRO, apud SOARES, 1992, p. 28) UABDidática no Ensino da Geografia 27 Pode-se perceber, a título de exemplo, outra vertente da problemática da educação no País, o fato descrito por Gois (2011), quando afirma que: (...) um olhar mais cuidadoso sobre a década passada através do censo do IBGE mostra que, apesar de quase R$ 3 bilhões investidos pelo governo fe- deral na alfabetização de adultos, uma vez completados 20 anos de idade, foram poucos os analfabetos que aprenderam a ler e escrever entre 2000 e 2010. O mesmo autor também ressalta que o problema da alfabetização de adul- tos não se encontra na oferta, mas na falta de demanda por parte de uma população ocupada, principalmente, em atividades agrícolas. De acordo com a mesma pesquisa, a taxa de alfabetização na população de 15 a 59 anos na cidade é cerca de 5%. Nos espaços rurais, essa taxa é de 20%. De acordo com fontes do IBGE e UNESCO (IN: GOIS, 2011), o Brasil só perde para países do continente africano e sudoeste asiático (Iraque). Em suma, os índices positivos e desfavoráveis para a educação no Brasil se confrontam com o verdadeiro entendimento de Escola, enquanto instituição de promoção social. Para tanto, a Didática pode favorecer e ser o elo agre- gador entre metas planejadas e ações concretas, fazendo com que, desde o início, a escola legue às pessoas oportunidades de socialização entre seus semelhantes. Outro ponto, que se deve considerar, é o papel dos profissionais em educa- ção (que não se limita ao educador, mas a todos os funcionários da escola), pode-se aqui ressaltar o papel dos coordenadores pedagógicos. Os mesmos profissionais não devem se limitar a ações, eminentemente, burocráticas. É importante que a equipe pedagógica possa direcionar ações que estejam em sintonia com as atividades propostas pelos educadores para os estudantes. Essas ações podem ser exemplificadas como atividades que possibilitem o desenvolvimento das atividades pedagógicas do educador em classe ou mesmo fora dos limites da sala de aula. O estudante deve identificar nos profissionais, que compõem a escola, elementos que possam favorecer o processo de aprendizagem enquanto amigos: o que em muitos casos, acaba acontecendo o contrário, vendo-se o coordenador apenas como exemplo ‘careta’ de controle da disciplina no ambiente escolar. Em continuidade, o professor deve atuar enquanto mediador da construção de aprendizagens. Para isso, é necessário que ele tenha em mente o seu Licenciatura em GeografiaUAB 28 papel na produção de novas possibilidades que possam favorecer ao enten- dimento do estudante. Naturalmente, esse processo deve estar pautado na necessidade de desenvolvimento de uma capacidade cognitiva crítica, que possa formar um agente questionador e pensante. Para isso, o papel do educador deve sempre estar norteado nos pressupostos teóricos da Didática. Atuando, concretamente, em planejamento de modo a possibilitar esse entendimento noestudante e, por conseguinte, configurar um espaço na escola que seja interessante para o mesmo e que não exclua as múltiplas carências e aprendizados extraclasses. Um ambiente que leve em consideração o universo de conhecimento do estudante e não se limite a modelos engessados que negligenciam os acontecimentos da contempo- raneidade. Naturalmente, não poderíamos eximir a função dos gestores escolares. Li- bâneo (2005, p.17) procura traduzir um ambiente escolar que conquiste resultados positivos para a aprendizagem: Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a Escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o de- senvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendi- mento de necessidades individuais e sociais dos estudantes. Para que o contexto descrito por Libâneo (2005, p. 17) possa se concretizar, é importante que seja gerenciado um projeto político-pedagógico em con- sonância com a realidade da vivência escolar. Para isso, atividades como ge- renciar a oferta de professores, logística de infra-estrutura e interação cordial entre os demais funcionários representam postos basilares para o sucesso escolar. Caso contrário, a omissão de metas como as aqui descritas, pode repercutir em panoramas próximos aos de fracasso escolar tão citado na literatura educacional. Por fim, convém reconhecer a função dos pais na escola. É inconcebível um processo de aprendizagem que não leve em consideração os anseios dos estudantes e não reconheçam o papel dos familiares mais próximos no an- damento desse processo construtivo. A presença deles (geralmente os pais), não representa apenas uma alternativa de gerir atividades comportamentais que ferem à disciplina escolar. Pelo contrário, esses familiares devem adotar, em seu cotidiano, visitas regulares à escola. Quando isso acontece, as visitas nas reuniões e conselhos não se limitarão a surpresas desagradáveis para ambas as partes. UABDidática no Ensino da Geografia 29 Estrutura Física da Escola Neste item, poderemos tecer observações importantes acerca da estrutura física da escola. Naturalmente, é inegável que investimentos na estrutura representam o ponto de partida para um ambiente escolar melhor. Aliás, se pudéssemos imaginar uma escola ‘perfeita’, certamente, seria um conjunto de espaços dotados de tecnologia e materiais (tanto na estrutura do prédio quanto nos equipamentos) com alto teor tecnológico. No entanto, o investimento em infraestrutura representa uma prerrogativa basilar para a escola concebida. Mesmo assim, de nada adiantaria uma es- trutura invejável e com tecnologia hi-tech, com uma metodologia ortodoxa conservadora, sem primar pela construção da aprendizagem, baseado em teorias ultrapassadas. Para isso, a Didática assume, mais uma vez, uma fun- damental importância. Mudando de perspectiva, podemos dizer que as pos- sibilidades pedagógicas criadas pela Didática podem exigir ambientes físicos diferenciados, adaptados de modo a atender essas demandas. Outro ponto que merece consideração é a necessidade da concepção de escola inclusiva. Ou seja, a construção de unidades escolares que atendam a necessidades e desejos de usuários com algum tipo de limitação física: desde os estudantes aos funcionários ou mesmo pessoas da comunidade. Modernamente, para o entendimento de uma unidade escolar, é importante que se tenha um conjunto de profissionais como engenheiros, educadores, gestores escolares, arquitetos, dentre outros. Só desse modo se poderão definir as reais necessidades da comunidade e do público-alvo. Deve-se considerar, ainda, que a opinião da comunidade, bem como dos estudantes, pode ser de grande valia, pois os mesmo podem propor ideias, possibilidades de reaproveitamentos de espaços e de exploração do ambien- te, modificando assim o local, previamente, planejado. Há de se considerar, também, a extensão territorial do Brasil, suas particula- ridades zonais e as adaptações necessárias para atender demandas naturais (como clima, por exemplo) e socioculturais (como valores e comportamentos regionais, por exemplo). De modo que não se pode conceber uma arquitetu- ra ideal para todas as regiões de um país com dimensões continentais. Sendo de extrema importância a mobilização de profissionais interdisciplinares para a ideia de uma unidade escolar em ambientes ribeirinhos na Floresta Ama- zônica, que obviamente, contemplaria necessidades de ventilação e aque- cimento de espaços que poderiam diferir de um projeto de uma unidade Licenciatura em GeografiaUAB 30 escolar nos pampas gaúchos. Já que as duas regiões apresentam tipologias climáticas distintas. Outros itens que se deve levar em consideração são: a insolação e a direção dos ventos dominantes, a ventilação de ambientes, a conservação da ilumi- nação natural em consonância com a iluminação artificial. Além da respon- sabilidade da equipe gestora em propor sempre metas a serem cumpridas de avaliação das condições de bem-estar, conforto e salubridade. Aliás, uma boa proposta de gestão seria a promoção de palestras e oficinas com os estudantes e integrantes da comunidade para que se possam discutir ques- tões como sustentabilidade, conforto ambiental, segurança, proteção ao ambiente com controle da água potável, efluentes, alternativas de produção energética, dentre outras. Vale destacar que a concepção de um ambiente escolar que atenda às neces- sidades de toda a comunidade é norteada por uma legislação vigente. Den- tre elas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96) é a principal responsável pela normatização da educação desde os níveis infantil até o superior. A referida Lei, em sua alínea IV do Artigo 70, assegura o investimento de gastos públicos na aquisição, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino. Por outro lado, como já foi defendido aqui, um processo de ensino e apren- dizagem de sucesso, com resultados concretos não se limita apenas ao or- denamento dos espaços que deve, sobretudo, ser alvo do consenso coletivo de profissionais diversos: desde engenheiros e arquitetos até educadores. É muito importante que se planeje uma Didática que garanta o sucesso de uma aprendizagem pautada no cotidiano escolar e nas diversas situações didáticas presentes em classes em todas as séries. Em outras palavras, é importante considerar ‘como’ a escola funciona efeti- vamente. É esse o ponto que vamos abordar no próximo item. Concebendo o Funcionamento da Escola Como vimos, o sucesso da aprendizagem escolar não se limita a um ambien- te físico de acordo com as necessidades da comunidade escolar. É importan- te que se oportunize ao corpo docente uma prática pedagógica subsidiada por uma estratégia didática em sintonia com as necessidades de formação da sociedade contemporânea. UABDidática no Ensino da Geografia 31 Nesse contexto, convém exemplificar um estudo de caso de acordo com Brasil (2003, p. 54), que em linhas gerais cita a situação de uma escola. A Escola Presidente Campos Sales (localizada em Heliópolis, São Paulo). Antes de o diretor assumir a escola, a mesma era vista como uma das piores escolas da região. As escolas públicas estaduais e municipais da referida região utilizavam uma conduta autoritária no que concerne ao relacionamento com a comunidade escolar. Ou seja, ‘os estudantes não encontravam espaços para suas reivin- dicações. Fato que gera a ausência de participação na decisão sobre as polí- ticas existentes na escola, deixando assim de exercer seus direitos efetivos’. A direção da escola destacou-se pelo tipo de relacionamento que a direção mantém com professores, estudantes e seus pais. A criação de várias comis- sões, todas elas com a participação da comunidade escolar representa uma proposta democrática e inovadora para o trabalho de planejar e decidir. O Diretor afirmou:“A ideia que rege o projeto que estamos tentando implantar aqui na escola é que tudo passa pela educação, isto é, a escola tem que estar contaminada pela necessidade da comunidade. Uma escola atuando, não isoladamente, pelas necessidades da comunidade, Uma escola atuando, não isoladamen- te, significa uma escola atuando com todas as outras instituições, desde a família até o Estado. Quando afirmamos que tudo passa pela educação, isso significa que a questão da moradia, da saúde e de outros direitos são pro- blemas da escola. Não que ela resolverá tudo, mas tentará trabalhar o aluno contextualizado, ou seja, no seu contexto. É um processo lento e gradual”. (BRASIL, 2003, p. 54) Diante do contexto, a violência era o principal problema apontado pela co- munidade escolar. A direção da escola procurava, exatamente, as pessoas causadoras de brigas e tentava conversar, diretamente, na casa dos estudan- tes. Esse ponto era crucial para que o estudante entendesse que havia um trabalho da escola que ultrapassava os limites físicos da escola. Se a escola não trabalhasse com o aluno contextualizado, o seu fracasso iria continuar. Sobretudo na região, em que a mesma perdia muitos de seus jovens para as drogas. Pode-se perceber, portanto, que alguns fatores contribuem, fortemente, para que uma escola alcance seus objetivos ou não. A concepção de escola com um funcionamento ideal é aquela que proporciona um ensino de qualidade Licenciatura em GeografiaUAB 32 capaz de preparar seus estudantes para a vida, para uma vaga na universidade ou aprovação numa seleção para emprego. Uma escola que consegue tornar- se um referencial para os moradores de uma comunidade, de modo que essa comunidade entenda a escola enquanto ‘ponte’ para a promoção social. É comum encontrarmos em comunidades carentes uma realidade pautada na falta de um projeto educativo competente que não enfatiza o desenvolvimen- to de uma consciência crítica, voltado apenas para reproduzir a realidade de vida difícil e sofrida. Só a partir da concepção da necessidade de se construir um senso crítico, os estudantes começaram a perceber a função libertadora que a escola pode proporcionar. Enfim, podemos observar dois pontos importantes em relação à educação: 1º) É o fato de reconhecermos que a estrutura física da escola é importante. No entanto, não é o elemento decisivo. 2º) É fundamental que se considere o nível de sintonia da equipe gestora com a comunidade. Quanto mais aprimorada essa relação entre corpo docente e discente em consórcio com a comunidade, maior também serão os índi- ces de qualidade escolar. Ao estudar o presente componente curricular, devemos enfatizar para aos futuros professores, que o fracasso escolar é consequência de uma série de fatores pré-existentes que convergem para um sistema de complexidade e é impressa na vida dos estudantes egressos desse sistema. No decorrer dessa aula, tivemos a oportunidade de perceber que uma propos- ta didática em consonância com o ambiente escolar (considerando os fatores físicos e pedagógicos) reflete, diretamente, na qualidade da aprendizagem. Sobretudo, porque o estudante passa cerca de um terço de seu dia no am- biente escolar. Desse modo, pensar num projeto pedagógico que alie qualida- de e repercuta em resultados concretos é fundamental para a concepção de uma instituição escolar que cumpre sua função na sociedade. Para aprofundar o estudo, leia a reportagem do Diretor da Escola Presidente Campos Sales com o título: “O Diretor dos Excluídos” no sítio da Folha de São Paulo, disponível em: < http://www1.folha.uol. com.br/folha/sinapse/ ult1063u242.shtml> Mídias integradas UABDidática no Ensino da Geografia 33 Atividades TEXTO 1: SILÊNCIO SEPULCRAL É BOM EM CEMITÉRIO, NÃO EM SALA DE AULA1. Experimente fazer uma pesquisa. Converse com seus colegas, professores de outros níveis e outras séries. Peça-lhes o “perfil”, real ou não, de uma classe indisciplinada. Se a resposta mostrou que a classe indisciplinada é aquela que não fica quieta; em que os alunos não param de conversar, onde todos, a toda hora, falam, discutem, conversam; jogue fora sua pesquisa; afinal ela não mostrou uma classe indisciplina- da. Conversar é, afinal de contas, gostoso, necessário, útil, essencial como diagnóstico de muitas inteligências. Pessoas que se gostam, conversam, e para pessoas normais, é quase impossível ficar ao lado de amigos sem conversar. A palavra grega “idio- ta”, originalmente, expressava alguém que vivia sozinho, sem conversar, deduzia-se que, por ter sido excluído das conversas comunitárias, a pessoa seria, mentalmente, incapaz. Pense em pessoas de que você gosta, que pensam coisas que você pensa, que con- fiam em você e nas quais você confia. Imagine, agora, ficar ao lado dessas pessoas 50 minutos sem conversar! Depois, mais 50 minutos e 4 horas? Será que dá para aguentar? Cuidado com o silencio humano, pois muitas vezes esconde disfunções agudas, problemas emocionais terríveis. Casais que se odeiam não conversam, amantes que perderam a vontade de conversar, perderam a vontade de amar! Um grupo reunido, geralmente, alegre, é sempre um grupo que conversa bastante. Se seus alunos conversam, isso é bom. Saiba fazer dessa notável qualidade humana uma “ferramenta” de ensino. Use a conversa do estudante, que é o que ele tem de mais valioso em sua vida, como um instrumento para o trabalho pedagógico essencial. Logo, converse com seus estudantes e deixe que conversem entre si. Aprenda a ser um administrador de conversas, expositor de desafios, instigador de perguntas. É importante falar, conversar, debater, até como prova de que se tem vida e, portan- to, alegria. Temos, afinal, toda a eternidade para o sepulcral silêncio. ______________________________________________________________________ 1. Trechos de: Professor Bonzinho = Aluno Difícil. Celso Antunes. Petrópolis, Vozes, 2003. Licenciatura em GeografiaUAB 34 1) Enquanto educador, você já pensou como em sala de aula, podemos transformar conversas em ideias que facilitem o processo de ensino aprendizagem? 2) Imagine um contexto escolar. Dentro dessa realidade, qual a viabilidade de se trabalhar os conteúdos de Geografia sob o olhar de uma Didática moderna? 3) Com todos os acontecimentos e novidades da Idade Contemporânea, precisamos preparar o estudante de hoje para ser o profissional do ‘ama- nhã’. Então, quais as sugestões que podemos pontuar para que o proces- so ensino-aprendizagem seja vultoso? TEXTO 2: A ESCOLA E MEIOS DE MASSA2. A força dos meios de comunicação junto às sociedades modernas tem provocado uma série de alterações nos modos de os grupos humanos se relacionarem com o conhecimento e mesmo com a informação. Em maior ou em menor grau, nossas formas de ver e de sentir sofrem influências das sequências fragmentadas, da rapi- dez, da linearidade, da presença marcante da imagem. Assim, tais procedimentos têm alcançado o universo da escola e das consequentes ações desenvolvidas pela educação formal. Dentro dessa perspectiva, pode-se perguntar: afinal, as linguagens consideradas como formalmente não escolares – aquelas que não dizem respeito, de modo dire- to, ao discurso pedagógico – circulam pelas salas de aula? O rádio, o cinema, a televisão, o videogame, enfim, essa imensa quantidade de códigos, imagens, ícones, símbolos, não necessariamente verbais e, sobretudo, au- sentes, dos tópicos programáticos, são incorporados pela instituição escolar e traba- lhados pelos professores? A resposta é que, raramente, existe algum tipo de articulação entre os tópicos das matérias desenvolvidas e as sugestões derivadas das linguagens, institucionalmente, não escolares. Na maioria das vezes, nenhum questionamento sobre os modos como os telejor- nais operam com as notícias, com as telenovelas, das campanhas publicitárias, dos outdoors, os filmes de sucesso, etc. A escolaparece respeitar apenas o seu próprio ritual. A aula corre soberana a despeito do fato de o mundo das crianças estar cada vez mais marcado pelos meios de massa e suas múltiplas variações. UABDidática no Ensino da Geografia 35 A questão está em saber se o fato da escola fazer de conta que o “mundo de fora” pouco importa ao “mundo de dentro” resulta em que sua clientela deixe de se influenciar, operar, conversar, etc., sobre os filmes de sucesso, os ídolos da música, os jingles que tanto levarão aos jogos verbais, portanto, aos mecanismos lúdicos, quanto ao estímulo ao consumo e a esta desesperada corrida à gôndola do super- mercado, a grife, ao shopping center – espécie de catedral moderna onde os deuses estão à vista, sendo separados dos devotos fiéis apenas por belas vitrines e a todos prometendo recompensar física ou simbolicamente pela glória da escolha. Pode-se perceber que há um descompasso existente entre o estrito discurso didá- tico-pedagógico e as linguagens não institucionais escolares. Uma formalizando as ações na sala de aula, constituindo a natureza “única e diferenciada” do discurso escolar; a outra pressionando “de fora”, existindo na fala dos estudantes, tomando boa parte de seu tempo, circulando de forma subterrânea. Tal realidade tem que ser modificada a partir de nós, educadores, sobretudo nas Ciências Sociais como Geografia e História, quando o objeto de estudo deve ser a origem e evolução das sociedades humanas. O primeiro passo para alterar essa inér- cia está pautado na inclusão de ferramentas alternativas de aprendizagem, como trabalhos em jornais, revistas e demais fontes de informação. Para a formação do estudante, sobretudo o estudante-cidadão, conclui-se que o educador tem a responsabilidade de compatibilizar a realidade da sala de aula com o contexto exterior à escola. Só dessa forma – incorporando os conhecimentos do cotidiano na prática pedagógica – alcançaremos à verdadeira aprendizagem e for- maremos estudantes mais preparados para o seu dia a dia. _____________________________________________________________________ 2. Modificado de Eliana Magamini. Aprender e ensinar com Textos não Escolares.,3ª Ed., São Paulo, Cortez, 2000. Questões para debate e reflexão 1) Como poderíamos exemplificar linguagens, formalmente, não escolares? 2) De acordo com o texto, a escola deve considerar os elementos externos ao ambiente escolar. Pois bem: você está convidado a refletir quais os bene- fícios desse processo para a aprendizagem e quais os principais entraves que o educador encontrará. Comente seu ponto de vista com colegas e com o seu Professor. Licenciatura em GeografiaUAB 36 As questões para debate e reflexão não apresentam respostas acabadas por necessitar da opinião pessoal de cada estudante e incentivar discussões com base nos Textos 1 e 2. Resumo A presente aula abordou a relevância da Escola enquanto instituição social para atender as exigências da sociedade moderna. De modo que os suces- sivos estudos no âmbito educacional, desde os primórdios, representam um importante lastro de experiências que contribuem para que a prática peda- gógica se processe e se reconfigure ao longo dos anos. Isso porque o pro- cesso de ensino-aprendizagem não se apresenta como um modelo único e estável. Pelo contrário, esse é eminentemente dinâmico. Exatamente por essa concepção de dinâmica, pudemos perceber que estu- dar a funcionalidade da escola é imprescindível que se compreendam os pro- cedimentos didáticos inerentes ao ensino da Geografia. Para isso, deve-se considerar a estrutura física das unidades escolares. Uma vez que os espaços de aprendizagem devem adequar-se às necessidades gerais, bem como às peculiaridades regionais. Outro ponto que se deve considerar é a organiza- ção pedagógica da escola: isso porque de nada adiantaria uma preocupação acerca da infra-estrutura predial em desarmonia com a equipe de funcioná- rios, estudantes e comunidade. Outro ponto debatido nessa aula focou os diversos estudos no âmbito edu- cacional para compreender os fatores que proporcionaria o fracasso escolar. Já que existem correntes de estudiosos que defendem teorias distintas que buscam explicar as causas do fracasso escolar no Brasil. Há hipóteses que abordam a incipiência de vagas em determinado período da História recente do Brasil. Outros estudiosos explicam tal fracasso escolar pelo índice de repetência, dentre outros motivos. O mais importante nesse contexto é que se entenda que a situação atual da educação no Brasil é re- sultado direto dos eventos históricos recentes, e que não há uma só causa, mas sim um conjunto de acontecimentos que convergem para um sistema complexo que ilustra a situação atual da educação no Brasil. UABDidática no Ensino da Geografia 37 Referências BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e base da educação nacional BRASIL. Ministério da Educação. Ética e Cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Coord. Geral: Lucia Helena Lodi. 6 v. Brasília, 2003. FLETCHER, P. R., A repetência no ensino de 1º grau: Um problema negligenciado da educação brasileira. Uma análise preliminar e sugestão de avaliação adicional. Revista Brasileira de Administração da Educação, Porto Alegre, jan./jun. 1985, vol. 3, nº 1, p.10- 41. ______; CASTRO, C.M. 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Licenciatura em GeografiaUAB 38 UABDidática no Ensino da Geografia 39 Licenciatura em GeografiaUAB 40 Aula 3 - Abordagem de Ensino e Aprendizagem: Planejamento e Avaliação Objetivos da aula Ao final da aula, o estudante será capaz de: • Conhecer a importância do planejamento e avaliação enquanto processos integrantes de um sistema ainda maior: o de ensino e aprendizagem; • Aprofundar as etapas e as funções da avaliação escolar enquan- to instrumento ativo presente em todas as etapas da prática peda- gógica; • diferenciar planejamento de plano; • compreender a necessidade de pensar constantemente a práti- ca pedagógica, • bem como redefinir esse processo. Assuntos – Planejamento e Avaliação: modelos, características e generalidades. – Planejamento escolar. – Funções da Avaliação escolar – Plano de Aula. Introdução A presente aula aborda uma necessidade inerente ao processo de ensino e aprendizagem: a avaliação. Ao contrário do que se pensa, a avaliação não serve apenas para refletir o estágio final da aprendizagem. Outra concepção errônea da avaliação é a sua utilização enquanto instrumento de repressão e controle da sala: a garantia de preservação da ‘ordem’ na classe. No entanto, perceberemos que a avaliação serve, sobretudo, para nortear primeiramente UABDidática no Ensino da Geografia 41 o papel do educador, no sentido de subsidiar o que realmente foi construído em termos de aprendizagem. Os pressupostos históricos da Didática destacam a avaliação enquanto alvo permanente de estudo exatamente pelo fato de ela ser a alternativa mais ob- jetiva para evidenciar o aproveitamento da prática pedagógica, independen- te da corrente de pensamento e teorias da educação. Será possível perceber, nesta aula, que o processo de avaliaçãoestá contido num processo maior: o da aprendizagem. Não existe um modelo de avaliação que se adeque a todas as realidades. É um evento que se interliga às várias etapas da apren- dizagem. Esse fato justifica a importância de planejar, definir e recriar pro- postas avaliativas que possam ilustrar novas possibilidades de acordo com a demanda existente. A importância do planejamento Inicialmente, convém destacarmos a importância do planejamento para a ação didática, uma vez que o processo de avaliação caminha paralelo ao pro- cesso de aprendizagem. Para tanto, planejamento é fundamental. A prática pedagógica exige um trabalho prévio que possa ordenar os procedimentos, as ações a serem definidas. Podemos dizer que a ação didática não pode ga- rantir o sucesso absoluto, mas podemos afirmar que uma ação didática sem planejamento tem mais probabilidade de não obter sucesso. O sucesso que nos referimos aqui está ligado diretamente à qualidade que a ação didática pode apresentar-se gerando exemplos concretos de aprendizagem. Como já vimos, a condição de racionalidade e potencial intelectual do ho- mem permite-nos afirmar que o planejamento está sempre presente em nos- so cotidiano. A todo momento somos levado a compreender e analisar a realidade, a refletir sobre o contexto em que estamos inserido no sentido de alcançarmos sempre os objetivos desejados. Nesse contexto, Haydt (2008) define planejamento como um processo mental que envolve análise, refle- xão e previsão. Logo, planejar é uma atividade tipicamente humana, e está presente na vida de todos os indivíduos, nos mais variados momentos. Assim, planejar é prever e decidir sobre: O que pretendemos realizar; o que vamos fazer; como vamos fazer; e como devemos analisar a situação, a fim de verificar se o que pretendemos foi atingido. (PARRA, 1972, p. 6) Licenciatura em GeografiaUAB 42 Por conseguinte, convém distinguir o planejamento de plano, uma vez que o plano é o resultado, é a culminância do processo mental do planejamen- to. Podemos afirmar, com isso, que o plano seria o esboço das conclusões resultantes do processo mental de planejar. Esse plano pode ou não assumir uma forma escrita. A não obrigatoriedade de o plano assumir forma escrita deve ser alvo do educador, pois na medida em que temos oportunidade de escrever, pode- mos aprimorar e ordenar melhor as ideias planejadas. Logo, podemos afir- mar que enquanto o planejamento surge enquanto atividade intelectual, o educador deve estar atento a registrar a culminância desse processo mental no plano. Naturalmente, existem vários modelos de planejamento no âmbito da edu- cação. No entanto, enfoquemos nossos esforços em tecer considerações acerca do planejamento escolar, que se refere às atividades de uma escola quanto aos objetivos a serem atingidos e à previsão de ações, tanto pedagó- gicas quanto administrativas que devem ser executadas por toda a equipe. Assim a escola, enquanto instituição social, não funcionará bem caso não haja a participação da coletividade que constitui a escola. (HAYDT, 2008). Outro modelo de planejamento que devemos ressaltar é a alternativa que exige a participação efetiva do educador: o planejamento didático (ou de en- sino). Tal planejamento diz respeito ao estabelecimento de ações e procedi- mentos que o educador realizará junto ao corpo discente, à organização das atividades e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos educacionais estabelecidos. Cabe ao educador estabelecer detalhadamente todos os objetivos e trabalho com base nos conteúdos pedagógicos indicados para determinada turma e atuar de forma ativa de modo a elucidar as prováveis dúvidas existentes no sentido de garantir o sucesso escolar. Mais especificamente, Haydt (2008, p. 99), afirma que, no que se refere ao aspecto didático, planejar é: – Analisar as características da clientela (aspirações, necessidades e pos- sibilidades dos estudantes); – Refletir sobre os recursos disponíveis; – Definir os objetivos educacionais considerados mais adequados para a turma; – Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimilados, distribuin- do-os ao longo do tempo disponível para seu desenvolvimento; UABDidática no Ensino da Geografia 43 – Prever e organizar os procedimentos do professor, bem como as ati- vidades e experiências de construção do conhecimento consideradas mais adequadas para a consecução dos objetivos estabelecidos; – Prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para estimu- lar a participação dos estudantes nas atividades de aprendizagem; – E definir os procedimentos de avaliação mais condizentes com os ob- jetivos propostos. Desse modo, podemos entender que quando se trata de planejamento de ensino, são muito comuns ações de verbos como: analisar, refletir, definir, selecionar, estruturar, distribuir ao longo do tempo, prever formas de agir e organizar. É valido também ressaltar que a junção dessas ações forma o plano didático de um educador. A mesma autora ainda afirma que, ao planejar uma aula, o educador: – Prevê os objetivos imediatos a serem alcançados (conhecimentos, ha- bilidades, atitudes); – Especifica os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados du- rante a aula; – Define os procedimentos de ensino e organiza as atividades de apren- dizagem de seus estudantes (individuais e em grupo); – Indica os recursos (cartazes, mapas, jornais, livros, mídias digitais, etc.) que serão utilizados durante a aula para despertar o interesse, facilitar a compreensão e estimular a participação dos estudantes; – Estabelece como será realizada a avaliação das atividades. Convém destacar que o planejamento didático deve ser compreendido como uma necessidade da prática pedagógica de todo educador e deve apresen- tar-se em sintonia com a realidade de convivência de cada turma. Em hipó- tese alguma, tal planejamento deve ser dissonante da realidade da turma. O educador tem que conceber a ideia de que planejamento didático só existe para atender a uma exigência burocrática. Mesmo que essa prática seja ado- tada na escola, o educador tem o dever profissional e ético de repudiar tal conduta e combater o contexto com um trabalho efetivo de qualidade. Licenciatura em GeografiaUAB 44 A Avaliação na Escola A avaliação no ambiente escolar é um item que repercute com muita importân- cia para o professor e também para o estudante. Em primeiro lugar, devemos justificar esse fato baseando-se no pressuposto do educador enquanto ponte e parte ativa do processo de ensino e, sobretudo, aprendizagem. Naturalmente, se o objetivo do educador é trazer algo novo e construir com sua classe, toda sua prática pedagógica estará pautada na busca pelo êxito. Sendo esse êxito refletido na avaliação proposta. Por outro lado, os estudantes são constantemente convidados a verificar seu aproveitamento, refletir sobre suas práticas no ambiente escolar e um dos prin- cipais argumentos é a nota do estudante. Isso mesmo, a quantificação em dois ou mais algarismo que traduz a repercussão de sua conduta no ambiente esco- lar. Esse interesse por nota, por parte do estudante, é alimentado, pelo menos por dois fatores: o primeiro elemento seria seus pais, que muitas vezes não se preocupam em de fato compreender os procedimentos docentes adotados na escola, mas apenas de cientificar-se de uma valoração, um somatório de pontos que ilustra o aproveitamento do estudante. O segundo fator pode ser eviden- ciado pela figura do educador utilizando-se da valoração final da média do es- tudante enquanto ‘ferramenta’ para direcionar e tentar convencer o estudante a aperfeiçoar constantemente seu aproveitamento em classe. As situações descritas aqui não ilustram apenas estudo de casos fictícios. Ao longo de nossa carreira escolar, pudemos nos deparar com esse contexto, que até bem pouco tempo era visto como um modelo a ser seguido. Comojá sabe- mos, não existe um modelo perfeito quando se trata de aprendizagem. Pode- mos, então, concluir que os fatos descritos acima ainda estão arraigados a um sistema de ensino que faz parte da história recente do País. Obviamente, não cabe aqui demonstrar o que é certo e o que não é, o presente texto procura motivar sua reflexão acerca dos procedimentos mais adequados. Isso mesmo, o próprio Libâneo (2009, p. 195) afirma que: A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do educador e dos estudantes são com- parados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, difi- culdades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. UABDidática no Ensino da Geografia 45 De acordo com a afirmação, podemos perceber que o processo avaliativo não é concebido como pontual (e sim constante) e que o referido processo permite realizar uma reflexão acerca da qualidade do trabalho desenvolvido tanto pelo educador quanto pelo estudante. Este último fato é de suma im- portância, pois o estudante e o educador devem entender a avaliação como um feedback para viabilizar um aprofundamento ou mesmo uma reordena- ção das ações pedagógicas. O autor continua em sua análise enfatizando que a avaliação não se resume apenas à realização e atribuição de notas, e sim num processo mais com- plexo. Mensurar valores deve ser apenas a primeira etapa, seguida de uma posterior fundamentando-se muito mais numa análise qualitativa do que quantitativa. Por outro lado, não se deve interpretar que conceitos e pontuação merecem abandono. A responsabilidade do educador e do estudante deve ser sempre focada na aprendizagem e sua margem de aproveitamento frente aos entra- ves e possibilidades. Quando se defende uma análise qualitativa não implica dizer que não se deve mensurar pontuação. Mas focar no aproveitamento do estudante e tal aproveitamento pode ser quantificado numa escala pa- drão. De acordo com Luckesi (1986 apud LIBÂNEO, 2009, p. 196), podemos dizer que a avaliação escolar é: Uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o educador a tomar decisões sobre o seu tra- balho. A apreciação qualitativa desses dados, através da análise de provas, exercícios, respostas dos estudantes, realização de atividades, etc permite uma tomada de decisão para o que deve ser feito em seguida (...) Nesse contexto, podemos perceber que o processo avaliativo está direciona- do muito mais ao educador do que ao próprio estudante. Através do proces- so avaliativo, a prática pedagógica vai assumindo uma postura que mais se adeque às demandas dos integrantes da comunidade escolar. Diante disso, pode-se definir a avaliação escolar como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, a determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. (LIBÂNEO, 2009). Licenciatura em GeografiaUAB 46 Pode-se então perceber claramente três estágios do processo avaliativo, sen- do o primeiro a necessidade de acompanhar o que foi produzido, coletado pelos estudantes. Posteriormente, deve-se realizar uma reflexão, momento em que se compara os resultados obtidos com o que foi planejado inicial- mente. O terceiro estágio baseia-se no desempenho final, quando se analisa os aspectos qualitativos de cada estudante, bem como em sua coletividade. Ainda no contexto evidenciado, Albuquerque (2007, p. 223) enfatiza o cará- ter permanente do processo avaliativo ao ensino quando afirma: O processo avaliativo, sob qualquer forma de ensino, deve começar assim que se iniciam as atividades educativas, posto ser parte integrante dele. Este primeiro momento serve para equalizar as condições iniciais do aluno, sendo ele próprio referência para sua avaliação. A importância desta posi- ção é também considerada sob a perspectiva da positividade na avaliação, pois, ao final do curso, ficam evidenciados os saberes desenvolvidos e não a ausência deles. Ao mesmo tempo, o último autor ressalta que a observação da avaliação deve focar o que foi construído. Fato que motiva o educador a redefinir suas práticas para o atendimento do que não foi apreendido por parte do estu- dante numa perspectiva positivista. Desse modo, podemos afirmar que o termo avaliação deve-se despir de associações como: prova, nota, trabalho, exame. Sendo a avaliação muito mais que isso: um processo. A avaliação que quantificava a capacidade de memorização já não se assemelha em nenhum aspecto com uma proposta de construção de conhecimento, tampouco com a responsabilidade da for- mação do cidadão, da necessidade de preparar o indivíduo para as necessi- dades que o mundo moderno nos apresenta. As teorias contemporâneas educacionais apresentam uma proposta de aprendizagem que identificam a necessidade do estudante conhecer, atra- vés da perspectiva transdisciplinar: fugindo do olhar compartimentado para uma visão mais holística. Para tanto, a contextualização do saber com as ex- periências do estudante e a preocupação de entender as possibilidades com vistas à resiliência devem ser o marco norteador para as práticas pedagógicas deste novo século. Nesse ‘turbilhão’ de novidades, a avaliação renasce com a responsabilidade de se adequar a essas novas demandas e se adaptar a elas. UABDidática no Ensino da Geografia 47 Diante do que foi aqui exposto, a avaliação deve ser concebida pelo estu- dante não apenas como uma atividade que servirá para prejudicar ou trazer sérias consequências ao seu andamento escolar. Não deve ser vista como um acontecimento pontual. A proposta avaliativa deve ser um processo que corre paralelamente ao andamento do estudante, contemplando várias di- mensões da racionalidade humana. Nesse âmbito, o resultado da avaliação deve servir como um ânimo para o estudante, de modo a permitir que todos possam checar o aproveitamento e identificar as principais dificuldades, para que esses entraves sejam ultrapassados. Atividades TEXTO 01: O QUE É AVALIAR: PRINCÍPIOS BÁSICOS1. Em termos gerais, a avaliação é um processo de coleta e análise de dados, tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos. No âmbito escolar, a avalia- ção se realiza em vários níveis: do processo de ensino e aprendizagem, do currículo, do funcionamento da escola como um todo. A avaliação da aprendizagem do estudante está diretamente ligada à avaliação do próprio trabalho docente. Ao avaliar o que o estudante conseguiu aprender, o pro- fessor está avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar. Assim, a avaliação dos avanços e dificuldades dos estudantes na aprendizagem fornece ao educador indi- cações de como deve encaminhar e reorientar a sua prática pedagógica, visando aperfeiçoá-la. É por isso que se diz que a avaliação contribui para a melhoria da qualidade do ensino. A partir do que foi exposto acima, podemos tirar algumas conclusões sobre os pres- supostos e princípios da avaliação: a) A avaliação é um processo contínuo e sistemático. Faz parte de um sistema mais amplo, que é o processo de ensino e aprendizagem, nele se integrando. Por isso, ela não tem um fim em si mesma, é sempre um meio, um recurso, e como tal deve ser usada. Não pode ser esporádica ou improvisada. Deve ser constante e planejada, ocorrendo normalmente ao longo de todo o processo, para reorien- tá-lo e aperfeiçoá-lo. b) A avaliação é funcional, porque se realiza em função dos objetivos previstos. Os objetivos são o elemento norteador da avaliação. Por isso, avaliar o aproveita- mento do estudante consiste em verificar se ele está alcançando os objetivos estabelecidos. Licenciatura
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