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Didática no Ensino da Geografia

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Prévia do material em texto

Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia
de Pernambuco
2011
Recife-PE
Licenciatura em Geografia 
Didática no Ensino da Geografia
Autor: João Allyson Ribeiro de Carvalho 
Coautoria: Paulo Tavares Muniz Filho
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Este Caderno foi elaborado em parceria entre o Instituto Federal de Educação, 
Ciência e Tecnologiade Pernambuco - IFPE e a Universidade Aberta do Brasil - UAB
Equipe de Elaboração
Coordenação do Curso
Maria José Gonçalves de Melo
Supervisão de Tutoria
Elvira Cláudia de Paula Vranckx
Logística de Conteúdo
Giselle Tereza Cunha de Araújo
Maridiane Viana
Aldo Luiz Silva Queiroz
Coordenação Institucional
Reitoria
 Pró-Reitoria de Ensino
 Diretoria de Educação a Distância
Pró-Reitoria de Extensão
Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação
Pró-Reitoria de Administração e Planejamento
Diagramação
Magnun Estalonne Araújo de Amorim
Edição de Imagens
Magnun Estalonne Araújo de Amorim
Revisão Linguística
Ivone Lira de Araújo Aulas: 1, 2, 4, 5, 6 e 7
Adriano Ribeiro da Costa Aula 3
Revisão Conteúdo
Washington Luiz Silva Lago
Sumário
Sumário 5
Palavra do professor-autor 7
Apresentação da Disciplina 9
Aula 1 - Didática: conceitos e evolução 11
Aula 2 - A Função Social da Escola: Estrutura e 
funcionamento das unidades escolares 25
Aula 3 - Abordagem de Ensino e Aprendizagem: 
Planejamento e Avaliação 41
Aula 4 - A evolução do Ensino da Geografia 55
Aula 5 - Materiais Didáticos, Conteúdos e 
Aprendizagem na Geografia 75
Aula 6 - O uso de tecnologias no Ensino da Geografia 
 95
Aula 7 - Retomada para fixação dos conteúdos de 
Didática do Ensino da Geografia 111
UABDidática no Ensino da Geografia 5
Palavra dos professores-autores
Caros(as) Estudantes,
O presente material didático foi construído para subsidiar os estudos do com-
ponente curricular Didática no Ensino da Geografia, do Curso de Licenciatura 
em Geografia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Per-
nambuco. Os instrumentos norteadores desta obra foram definidos com vistas 
a lhe possibilitar um subsídio teórico/prático acerca da importância da Didática 
para o processo de ensino e aprendizagem do currículo de Geografia.
Todo o material foi redigido com o olhar aplicado aos conteúdos pedagógicos 
da Didática para o ensino da Geografia, pois entendemos que as interfaces 
da Ciência Geográfica permitem uma visão transdisciplinar para compreensão 
do espaço e suas repercussões ambientais. A Didática se insere nesse processo 
através do papel de responsabilidade social da educação cidadã. Analisar a 
educação como um viés que possibilite a ascensão social repercute diretamen-
te na nossa responsabilidade ética enquanto educadores.
Para melhor compreensão, esta obra está dividida em sete aulas, das quais seis 
abordam temas como: o próprio conceito da Didática e sua evolução ao longo 
dos séculos; a estrutura e funcionamento da escola; o planejamento e avalia-
ção; a evolução do ensino da Geografia; o uso de materiais didáticos para os 
conteúdos de aprendizagem na Geografia; e a tecnologia e seu uso no ensino 
da Geografia. Ao final, a sétima aula propõe uma recapitulação desses temas 
de modo a permitir que o(a) estudante possa mensurar seu aproveitamento ao 
longo das semanas letivas e retomar alguns itens que julgue necessário.
É muito importante que você, caro(a) estudante, possa focar sua disponibilida-
de nos conhecimentos aqui divulgados e o mais importante: que ao findar os 
trabalhos deste componente curricular, este material seja a ‘porta de entrada’ 
que possa conduzir a todos(as) por um constante repensar, de modo a apro-
fundar ainda mais seus conhecimentos acerca dos paradigmas didáticos exis-
tentes. Esperamos, portanto, que a última aula não encerre o ciclo de mais um 
componente curricular concluído, mas inicie incontáveis ciclos e possibilidades 
de ir além e conhecer diferentes complexidades atinentes a um tema tão mis-
terioso e apaixonante: a docência. 
Os Autores.
UABDidática no Ensino da Geografia 7
Apresentação da Disciplina
Prezado(s) Estudante(s)!
Estamos iniciando mais um componente curricular. A partir de agora, o alvo 
de nosso trabalho será a Didática e o professor de Geografia. Estamos num 
curso de Licenciatura, por isso precisamos estudar não apenas os conteúdos 
epistemológicos da Ciência Geográfica, mas as alternativas e possibilidades 
para colocarmos em prática, de fato, o exercício da docência. 
Convidamos você a ingressar, definitivamente, nos assuntos relacionados 
ao exercício da ‘arte’ de lecionar. Faremos, neste semestre, uma verdadeira 
viagem em conteúdos imprescindíveis a “Todo Educador”. Vamos abordar 
temas desde a importância e função da Escola, a contribuição da Didática 
enquanto conjunto do processo de ensino e aprendizagem. Como as alter-
nativas que possibilitem práticas pedagógicas para o planejamento e avalia-
ção na construção do saber. Além de propostas didáticas para o ensino da 
Geografia. 
Talvez, muitos dos assuntos abordados aqui sejam de seu conhecimento. 
Outros não. No entanto, o mais importante é que cada um de nós possa re-
fletir e julgar a relevância dos temas aqui defendidos e continue aprimoran-
do cada vez mais o nosso ponto de vista acerca da docência, pois enquanto 
educadores, devemos sempre aperfeiçoar o que sabemos ao longo de nossa 
carreira profissional sobre temas como mecanismos de aprendizagens, pla-
nejamento e avaliação, dentre outros ligados ao mágico processo do saber!
UABDidática no Ensino da Geografia 9
Aula 1 - Didática: conceitos 
e evolução
Objetivos:
Ao final da aula, o estudante será capaz de:
•	 Compreender	o	significado	da	Didática;
•	 Diferenciar	os	diversos	acontecimentos	que	contribuíram	para	a	
sistematização do conhecimento e do ensino;
•	 Compreender	o	histórico	e	fundamentos	teóricos	da	Didática;
•	 Conhecer	a	influência	dos	estudos	da	Didática	para	a	aprendi-
zagem no Brasil. 
Assunto(s)
 – Conceitos, 
 – Características e Generalidades da concepção de Didática. 
 – Histórico e fundamentos teóricos da Didática. 
 – A Didática e a aprendizagem no Brasil.
Introdução:
Nesta primeira aula, vamos discutir um pouco sobre a importância do saber, 
a função da Escola nas sociedades e principalmente: vamos aprender o que, 
afinal de contas, é Didática, sobre a sua relevância no processo de ensino-
aprendizagem e seu objeto de estudo, de modo a possibilitar um subsídio 
teórico para as abordagens e análises nas aulas das semanas subsequentes. 
Para tanto, é muito importante que cada estudante possa disponibilizar uma 
quantidade de tempo suficiente para, de fato, apreender as ideias que vamos 
explicar aqui. Não importa quantas vezes você recorra ao material didático 
ou a outras fontes externas. O primordial é que você tenha plena convicção 
do que estamos falando aqui. Para isso, é essencial a sua participação nas 
atividades da semana, nos chats e fóruns, pois podem elucidar, definitiva-
Glossário
Conhecimento empírico 
= conhecimento popular + 
senso comum.
Método = É a forma de 
proceder ao longo de 
um caminho. Na Ciência, 
os métodos constituem 
os instrumentos básicos 
que ordenam de início o 
pensamento em siste-mas, 
traçam de modo ordenado 
a forma de proceder do 
cientista ao longo de um 
percurso, para alcançar um 
objetivo. (TRUJILLO, 1974). 
Educação = processo pelo 
qual o homem através 
de sua capacidade para 
aprender, adquire expe-
riências que atuam sobre a 
sua mente e o seu físico. 
(COTRIM & PARISI, 1982)
UABDidática no Ensino da Geografia 11
mente, qualquer dúvida que, porventura, possa ter acerca dos conceitos, 
funcionalidades e generalidades da Didática. 
Desejamos a você, desde já, bons estudos!
A Escola na Sociedade
A evolução da humanidade está marcada pelo conhecimento, sobretudo 
pela condição de racionalidade na naturezahumana. Ao longo da História, o 
conhecimento empírico vem dando espaço ao conhecimento científico que 
vem sendo ressignificado graças aos avanços obtidos pelo homem, aumen-
tando sempre o legado científico para as futuras gerações. Podemos dizer, 
então, que o pensamento científico é a fundamentação para o avanço 
da sociedade humana.
No entanto, devemos reconhecer a relação entre conhecimento popular e 
conhecimento científico e suas diferenças. Nesse sentido, Marconi & Lakatos 
(2009, p. 16) afirmam que o conhecimento popular é transmitido de ge-
ração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação 
e experiência pessoal, portanto, empírico. Já o conhecimento científico 
é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo obtido de 
modo racional, conduzido por meio de procedimentos que podem ser re-
petidos e confirmados detalhadamente, mediante pesquisa comprovada. 
Nesse contexto, a Escola é a instituição social que objetiva construir conhe-
cimentos através de modelos de aprendizagens de conteúdos específicos e 
sistematizados. Desde a mais tenra idade, ouvimos sempre que a escola é o 
lugar onde se aprende. No entanto, existem duas observações que merecem 
nossa atenção: 
1. Em primeiro lugar, o ser humano pode aprender durante todas as etapas 
de sua vida, em diversas esferas sociais e com diversos níveis de intensi-
dades de organização. 
2. Em segundo, ninguém aprende sem um conhecimento pré-existente. Des-
se modo, o estudante ao conhecer algo novo, sempre irá entender com 
base em seu universo de conhecimentos prévios.
O que não devemos esquecer é que a escola está, diretamente, responsável 
pela formação dos seres humanos enquanto integrantes de uma sociedade. 
Licenciatura em GeografiaUAB 12
E tal função social vai além do simples acúmulo de conhecimentos. A Es-
cola permite que cada indivíduo possa criar discernimento e valores ético-
filosóficos para sua vida profissional e cidadã. Só dessa maneira, podem-se 
vislumbrar gerações que possam contribuir, diretamente, para a sociedade. 
Deve-se destacar também o papel que a Escola tem, por natureza, como 
uma instituição de inclusão e promoção social.
Libâneo (2009) afirma que o processo educativo que se desenvolve na 
escola, pela instrução e ensino, consiste na assimilação de conhecimentos 
e experiências acumulados pelas gerações anteriores, no decurso do desen-
volvimento histórico-social. O mesmo autor defende que a prática educativa 
requer uma direção de sentido para a formação humana dos indivíduos e 
processos que assegurem a atividade prática que lhes corresponde. Em ou-
tras palavras, para tornar efetivo o processo educativo, é necessário dar-
lhe uma orientação sobre as finalidades e meios da sua realização, conforme 
opções que façam quanto ao tipo de homem que se deseja formar e ao tipo 
de sociedade a que se aspira. Diante disso, podemos refletir como a escola é 
importante para o futuro de uma nação, por exemplo.
Com toda a relevância da Escola para a sociedade descrita acima, podemos 
reconhecer o papel do educador no processo de aprendizagem. A prática 
pedagógica será o diferencial que apontará a eficácia da aprendizagem. 
Portanto, é sempre um assunto relevante, mesmo porque não existe um mo-
delo acabado de métodos e estratégias de aprendizagens que seja referência 
em todas as séries e turmas.
O próprio Freire (2000) reconhece que não há docência sem discência, en-
fatizando que o ato de ensinar exige dentre outros, rigor metodológico, 
pesquisa, criticidade, sobretudo, reflexão e crítica sobre a própria prática do 
educador.
É nesse contexto que emerge a necessidade de conhecermos a Didática. Ini-
cialmente, se pesquisarmos no dicionário, Houaiss (2007) explica que Didá-
tica é a arte de transmitir conhecimentos. É a técnica de ensinar. No entanto, 
é necessário ir mais além. O conceito que adotamos aqui é o proposto por 
Libâneo (2009) que define Didática como o principal ramo de estudos da 
Pedagogia e investiga os fundamentos, condições e modos de realização da 
instrução e do ensino. 
De acordo com o conceito, podemos perceber que a Didática é incumbida 
de analisar as relações entre docência e aprendizagem, ultrapassando os 
UABDidática no Ensino da Geografia 13
limites dos estudos de objetivos, conteúdos e métodos. Assim, podemos 
concluir que a mesma está presente nas distintas metodologias das diversas 
áreas do saber, desde que incluam conhecimentos específicos com fins edu-
cacionais. 
Em outras palavras, seja qual for a área de conhecimento da Ciência, se for 
transmitida ou ensinada, automaticamente ingressa no âmbito da Didática.
No nosso caso, o curso de Licenciatura em Geografia foi concebido com 
componentes curriculares coordenados e articulados de modo a formar pro-
fissionais habilitados ao ensino da Geografia. Assim, necessitamos da Didá-
tica para garantir estratégias que coordenem e articulem as diversas disci-
plinas do Curso. Podemos dizer, então, que a Didática seria o ‘elo’ condutor 
entre os conhecimentos técnico-científicos assegurados pelo Curso com a 
efetiva prática docente. Resumindo, enquanto ‘estudantes’ aprendemos 
conteúdos relacionados à Geografia graças à Didática. Enquanto ‘educado-
res’, ensinamos conteúdos relacionados à Geografia através da Didática. 
Percebe-se, portanto, que a mesma assume significativa relevância quando 
aborda as relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem.
Fundamentos Teóricos da Didática
Partindo-se do pressuposto de que a Didática estuda o processo de ensino, 
formulando diretrizes que possibilitam a orientação das atividades profissio-
nais dos educadores, Libâneo (2009) afirma que ela pode mediar os objeti-
vos e conteúdos de ensino na Escola e delimita como seu objeto de estudo o 
processo de ensino que, considerado no seu conjunto, inclui:
•	 os conteúdos dos programas e dos livros didáticos;
•	 os métodos e formas organizativas do ensino;
•	 as atividades do professor e dos estudantes;
•	 as diretrizes que regulam e orientam esse processo. 
O mesmo Autor ainda ressalta que não é suficiente dizer que os estudantes 
precisam dominar os conhecimentos. É necessário dizer como fazê-lo, isto 
é, investigar objetivos e métodos seguros e eficazes para a assimilação dos 
mesmos. Essa é a função da Didática, ao estudar o processo do ensino. Tal 
processo não é tão simples, como à primeira vista pode parecer, é uma ati-
vidade bastante complexa, porque envolve tanto condições externas quanto 
internas das situações didáticas. 
Glossário
Pensadores da Didática:
Sócrates (470 a.C. - 399 a.C)
Disponível em: http://www.
dialogocomosfilosofos.com.br/
category/socrates/
João Amós Comenius (1592-
1670).
Wolfgang Ratke*
(1571-1635)
Licenciatura em GeografiaUAB 14
Logo, conhecer essas condições e lidar, acertadamente, com elas é uma das 
tarefas básicas do educador para a condução do trabalho docente. (LIBÂ-
NEO, 2009, p. 55).
Teoricamente, o processo didático está centrado na relação fundamental 
entre o ensino e a aprendizagem, orientado para a confrontação ativa 
do estudante com matéria sob a mediação do educador. Com isso, Libâneo 
(2009) identifica como elementos de tal processo: 
•	 os conteúdos das matérias (que devem ser assimilados pelos estudantes 
de um determinado grau); 
•	 a ação de ensinar (em que o educador atua como mediador entre os 
estudantes e a matéria);
•	 a ação de aprender (em que o estudante assimila consciente e ativamen-
te as matérias e desenvolve suas capacidades e habilidades). 
O mesmo autor ainda ressalta que esses componentes não são suficien-
tes para visualizar o ensino na sua globalidade, pois o processo didático de 
aprendizagem depende também de fatores externos.
O processo de evolução da Didática
Como vimos, o homem, enquanto ser racional, tenta desde os primórdios 
das civilizações estabelecer procedimentos de aprendizagem e técnicas que 
eram utilizadas nas escolas, igrejas, residências,para diversos fins. Pois bem, 
a Didática é derivada da expressão grega techné didaktiké, que segundo 
Comenius (um dos precursores da sistematização da Didática no século XVII) 
significa a arte ou técnica de ensinar (COMENIUS, 1966). 
A obra mais importante para a Didática de Comenius foi Didática Magna 
em 1632. Tal obra foi decisiva para o aprofundamento e definição dos con-
teúdos inerentes à matéria. Haydt (2006) enfatiza algumas atribuições do 
professor na sua prática pedagógica, baseando-se na obra de Comenius. 
Quais sejam:
•	 Apresentar a ideia, diretamente, com demonstrações, pois o estudante 
aprende através dos sentidos, das vivências;
•	 Mostrar ao estudante a utilidade daquele conhecimento transmitido e 
sua aplicação no cotidiano;
•	 Recorrer às causas, à origem dos fenômenos, para a compreensão do 
todo;
Glossário
Pensadores da Didática:
 
Jean Jacques Rousseau* (1712-
1778)
Johann Heinrich Pestalozzi* 
(1746-1827)
* Imagens disponíveis em: 
http://yoreme.wordpress.
com/2010/01/28/procesos-
educativos/
UABDidática no Ensino da Geografia 15
•	 Explicar, primeiramente, os princípios gerais e só depois os detalhes;
•	 Avançar nos conteúdos mediante compreensão por parte dos estudan-
tes.
Outro importante precursor da Didática foi Wolfgang Ratke (1571-1635) 
que comprometido com ideais ético-religiosos (assim como Comenius) dedi-
ca sua vida profissional no sentido de encontrar métodos e procedimentos 
para que o processo de aprendizagem seja mais eficiente e prazeroso. De 
acordo com Comenius (1966, p.12), o importante é descobrir o ‘método 
segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam 
mais, de modo a viabilizar nas escolas menos barulho, menos enfado e mui-
ta aprendizagem de conteúdos concretos para a vida das pessoas’.
No entanto, a preocupação com modelos de ensino antecede o século XVII, 
o próprio filósofo Sócrates (século V a.C.) já se preocupava em conhecer 
o planeta, a humanidade e conhecer também como se aprende. Sócrates 
acreditava que o conhecimento é uma descoberta pessoal, acontecendo no 
íntimo de cada ser humano. Assim, o professor seria um condutor para essa 
experiência que acontece em cada aprendiz.
No século XVIII, o suíço Jean Jacques Rousseau (1712-1778) tem um papel 
fundamental nos procedimentos educacionais utilizados na época, uma vez 
que não se preocupa em sistematizar a Didática, mas de oferecer um novo 
olhar para o ensino. Um olhar focado, sobretudo, na criança, no reconhe-
cimento da infância e de modelos adaptados a essa realidade. Rousseau 
defendia a ideia de que a aprendizagem deveria nortear-se em princípios que 
não se limitavam apenas às regras da Escola.
O também suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) produziu importan-
tes frutos para a Didática. Pestalozzi acreditava na importância do ambiente 
que cerca o aprendiz, sendo fator decisivo na formação do cidadão. O mes-
mo defendia, na educação, a saída para a melhoria e desenvolvimento da 
humanidade. Haydt (2006) resume os princípios educacionais de Pestalozzi, 
dos quais podemos destacar os seguintes:
•	 O professor deve respeitar a individualidade do estudante de modo a 
estabelecer uma relação de amor e respeito mútuo entre mestres e dis-
cípulos;
Licenciatura em GeografiaUAB 16
•	 A finalidade da instrução escolar deve basear-se no fim mais elevado da 
educação, que é favorecer o desenvolvimento físico, mental e moral do 
educando;
•	 O modelo de aprendizagem não deve se resumir à exposição dogmática 
e à memorização mecânica, mas se fundamentar nas capacidades inte-
lectuais do aprendiz;
•	 A instrução escolar deve auxiliar o desenvolvimento orgânico por meio 
da atividade, isto é, da ação tanto física como mental e, naturalmente, 
respeitar o desenvolvimento infantil;
•	 O professor deve dedicar a cada tópico do conteúdo o tempo necessário 
para assegurar que o estudante o domine inteiramente.
Outros pensadores, educadores e filósofos também se preocuparam ao lon-
go da História da Humanidade em estabelecer critérios, normas e alternati-
vas que viabilizem a otimização da aprendizagem. Sendo os exemplos, aqui 
citados, o marco inicial para que se possa aprofundar ainda mais o conheci-
mento desses educadores que contribuem até hoje para o discernimento do 
pensamento educacional.
Muitas experiências educacionais foram colocadas em prática. No entanto, 
como não existe método único e infalível, a Didática da contemporanei-
dade nos permite levar em consideração o ensino de conhecimentos, mas 
também, as atitudes e os sentimentos do educador e dos estudantes. Esses 
elementos nos mostram, de modo claro, a complexidade do ato de ensinar 
e aprender e principalmente: a importância de um ramo da Pedagogia que 
se preocupa com os métodos e possibilidades para a aprendizagem de forma 
geral, com um novo campo do saber humano: o saber ensinar.
Atividades
Escolha um dos educadores abaixo e elabore um breve resumo sobre seu 
trabalho pedagógico e sua contribuição para a Didática:
 – John Frederick Herbart
 – John Dewey
 – Maria Montessori
 – Paulo Freire
 
UABDidática no Ensino da Geografia 17
Comentário: Essa Atividade na verdade é um convite ao aprofundamento 
de alguns nomes importantes para a Didática. Seu objetivo é garantir maior 
conhecimento acerca dos pensadores acima citados. Portanto, não convém 
aqui colocar a respostas acabadas, mas sim incentivar o debate do que for 
pesquisado ao longo do período letivo. Bom trabalho!
TEXTO 1: O LUIZINHO DA SEGUNDA FILA1.
Marcelo é um excelente professor de Geografia. Na aula sobre o Pantanal até se 
excedeu. Falou com entusiasmo, relatou com detalhes, descreveu com precisão. 
Preencheu a lousa com critério, soube fazer com que os alunos descobrissem na 
interpretação do texto do livro a magia dessa região quase selvagem. Exibiu um 
vídeo, congelou cenas e enriqueceu-as com detalhes, com fatos experimentados, 
acontecimentos do dia-a-dia de cada um.
Em sua prova, é evidente, não deu outra: uma redação sobre o tema e questões 
operatórias que envolviam o Pantanal. Seus rios, suas aves, sua vegetação, etc. A 
planície imensa. Os alunos acharam fácil. Apanharam suas folhas e começaram a 
trazer, palavra por palavra, suas imagens para o papel. As canetas corriam soltas e 
as linhas transformavam-se em parágrafos. Marcelo sabia o quanto teria que cor-
rigir, mas vibrava. Sentia que os alunos aprendiam. Descobria o interesse que sua 
Ciência despertava. Não pôde conter uma emoção diferente quando Heleninha, sua 
aluna predileta, foi até sua mesa e arfante solicitou: - Posso pegar mais uma folha 
em branco?
O único ponto de discórdia, o único sentimento opaco que aborrecia Marcelo, era o 
Luizinho, aquele da segunda fila. – Puxa vida! – pensava – Luizinho assistira às suas 
aulas, arregalara os olhos com as explicações e agora, na prova, silêncio absoluto, 
imobilidade total... Nem se quer uma linha. Sentiu ímpetos de esganar Luizinho. 
Mas, tudo bem, não queria se irritar. Luizinho pagaria seu preço, iria certamente 
para a recuperação. Se duvidassem poderia, até mesmo, levá-lo à retenção. Seria até 
possível arrancar um ano inteirinho de sua vida...
Minutos depois, avisou que o tempo estava terminando. Que entregassem sua fo-
lha. Viu então que, rapidamente, Luizinho desenhou, na primeira página das fo-
lhas de prova, o Pantanal. Rico, minucioso, preciso. Marcelo emocionou-se, ao ver 
aquele quadro, de irretocável perfeição, nas mãos de Luizinho que coloria as últimas 
sobras. Entusiasmado indagou: - E aí, Luís? Você já esteve no Pantanal? 
Não. Luizinho jamais saíra de sua cidade. Construiu sua imagem a partir das aulas 
Licenciatura em GeografiaUAB 18
ouvidas. Marcelo sentiu-se gigante e, de repente, descobriu-se o próprio Piaget. Havia 
com suas palavras, construído uma imagem completa, correta e absoluta na mente 
de seu aluno.
Mas, deu zero pela redação. É claro. Naquela escola não era permitidoque se rabis-
cassem as folhas de prova. A história de Luizinho repete-se em muitas escolas. Sua 
inteligência pictórica é imensa. Colossal, lúcida, clara e contrasta, visivelmente, com 
as limitações de sua competência verbal. Expressou o que sabia, da maneira como 
conseguia.
Mas, não são todos os professores que se encontram treinados para ouvir linguagens 
diferentes das que a escola instituiu como única e universal.
______________________________________________________________________
1 Modificado de Celso Antunes. Marinheiros e Professores. 6ª ed., Petrópolis, Vozes, 2000.
Questões para debate e reflexão
1) Sob o olhar da Didática, o professor poderia melhorar sua prática pedagó-
gica? Cite exemplos. 
2) Na sua concepção, a escola hoje está preparada para receber o estudante 
e formá-lo para sua vida?
3) Qual seria sua sugestão para solucionar a problemática descrita no Texto 1?
TEXTO 2: O QUE É CIÊNCIA?2.
Nessa aula, estudamos a importância do avanço da Ciência para a humanidade e dis-
tinguimos o significado de conhecimento popular e conhecimento científico. Agora 
vamos ter a oportunidade de conhecer diferentes significados de Ciência conforme 
seleção proposta por Marconi & Lakatos (2009), sendo o primeiro considerado pelas 
autoras como o significado mais abrangente da concepção de Ciência:
•	 Um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos, meto-
dicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma 
mesma natureza. (ANDER-EGG, 1978, p.15);
•	 A Ciência pode ser concebida também como a possibilidade racional de acumula-
ção de conhecimentos sistemáticos;
UABDidática no Ensino da Geografia 19
•	 Entende-se Ciência como a atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos 
fatos experimentais e suas aplicações práticas;
•	 A Ciência caracteriza-se pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificá-
vel, e, por conseguinte, falível;
•	 Concebe-se Ciência pela necessidade do conhecimento do real pelas suas cau-
sas;
•	 Pode-se dizer que Ciência é o conhecimento sistemático dos fenômenos da na-
tureza e das leis que o regem, obtido pela investigação, pelo raciocínio e pela 
experimentação intensiva;
•	 Entende-se Ciência como o conjunto de enunciados lógicos e, dedutivamente, 
justificados por outros enunciados;
•	 Ciência é o conjunto orgânico de conclusões certas e gerais, metodicamente, 
demonstradas e relacionadas com um objeto determinado;
•	 Define-se Ciência como o corpo de conhecimentos que consiste em percepções, 
experiências, fatos certos e seguros;
•	 A Ciência é o estudo de problemas solúveis, mediante método científico é en-
tendido como ciência;
•	 A forma, sistematicamente, organizada do pensamento objetivo define Ciência.
Questões para debate e reflexão
1) Dentre os diversos significados de Ciência, escolha três que você conside-
ra mais abrangente. Não se esqueça de justificar sua resposta. Ou seja, 
explicar por que escolheu tais conceitos.
2) Pesquise num portal de busca o significado de ‘Ciência Geográfica’ e com-
pare as semelhanças com um dos conceitos de Ciência descritos acima. 
3) De acordo com o que foi estudado, você seria capaz de elaborar uma 
breve explicação do significado de Ciência com suas palavras?
Resumo
Independente de sua programação hereditária, o ser humano tem a ple-
na capacidade de aprendizagem, atributo não encontrado em nenhum ou-
tro ser vivo. Essa possibilidade (a habilidade racional) durante muito tem-
po confrontava-se com uma série de mistérios da natureza que não podia 
compreender e explicar. Diante desse contexto e com a constante evolução 
do pensamento humano, o conhecimento empírico foi dando espaço e 
subsídio para o conhecimento científico. Então, a Ciência vem possibilitar 
Licenciatura em GeografiaUAB 20
as respostas a muitos questionamentos existentes na mentalidade humana. 
Embora, muitas dessas questões ainda persistam até a contemporaneidade. 
No entanto, devemos enfatizar o vultoso desenvolvimento do conhecimento 
científico ao longo dos séculos. E, naturalmente, a Escola tem uma impor-
tante função, pois é a instituição social que objetiva construir conhecimen-
tos através de modelos de aprendizagens de conteúdos específicos e siste-
matizados. Para isso, a Didática representa importante ferramenta, pois se 
caracteriza como o principal ramo de estudos da Pedagogia e investiga os 
fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino. A 
Didática é derivada da expressão grega techné didaktiké, significando a arte 
ou técnica de ensinar.
Estudamos aqui, que vários pensadores contribuíram, concretamente, para 
a sistematização da Didática. Antes mesmo de Cristo, Sócrates já defendia, 
junto aos seus discípulos, ideais que possibilitassem a verdadeira aprendiza-
gem de cada indivíduo. Posteriormente, Comenius em sua obra ‘Didática 
Magna’ destaca-se por aprofundar os conteúdos relacionados a modelos 
de ensino/aprendizagem. Ele foi um dos grandes responsáveis pela siste-
matização essa disciplina. Outros filósofos/educadores também contribuíram 
sobremaneira, como bem exemplificam Ratke, Rousseau e Pestalozzi, dentre 
outros.
De acordo com o conceito, podemos perceber que a Didática é incumbida 
de analisar as relações entre docência e aprendizagem, ultrapassando os 
limites dos estudos de objetivos, conteúdos e métodos. Assim, podemos 
concluir que está presente nas distintas metodologias das diversas áreas de 
conhecimento, desde que tais conhecimentos específicos tenham fins edu-
cacionais. Em outras palavras, seja qual for a área de conhecimento da Ci-
ência, se a mesma for transmitida e ensinada, automaticamente, ingressa no 
âmbito didático.
Referências
COMENIUS, J. A., Didática Magna. Tradução portuguesa da Fundação Gulbenkian, 
Coimbra, 1966, p.101. 
COTRIM, G. & PARISI, M. História e Filosofia da Educação. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 1982. 
336 p.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 16 ed. Rio 
de Janeiro: Paz e terra, 2000. Coleção leitura.
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HAYDT, R. C. C., Curso de Didática Geral. 8 ed. São Paulo: Ática, 2008. 327p.
HOUAISS A, Vil lar M de S, Franco F.M. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de 
Janeiro: Objetiva; 2001. p. 2566.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de Metodologia Científica. 6.ed. São 
Paulo: Atlas, 2009. 315p.
LIBÂNEO, J. C., Didática. 29ª imp. São Paulo: Cortez, 2009. 263p.
TRUJILLO FERRARI, A Metodologia da Ciência. 2.ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974.
Licenciatura em GeografiaUAB 22
UABDidática no Ensino da Geografia 23
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Aula 2 - A Função Social da Escola: 
Estrutura e funcionamento 
das unidades escolares.
Objetivos
Ao final da aula, o estudante será capaz de: 
•	 Entender	 a	 importância	 da	 escola	 enquanto	 instituição	 social	
que promove a ascensão social;
•	 Explicar	os	principais	motivos	para	o	entendimento	da	situação	
atual da Educação no Brasil;
•	 Conhecer	modelos	e	experiências	de	gestão	para	o	 funciona-
mento pleno das escolas;
•	 Justificar	a	necessidade	de	a	escola	conceber	o	universo	de	co-
nhecimentos do estudante no sentido de possibilitar um discurso 
pedagógico que não se limite a procedimentos ortodoxos dentro 
das dependências da escola.
Assunto(s)
 – Estrutura e Funcionamentos da Instituição Escolar. 
 – Reflexões acerca da educação no Brasil. 
 – Modelos de gestão escolar com estudo de caso.
Introdução
Nesta aula, vamos dar continuidade aos estudos relacionados à Didática no 
Ensino da Geografia. Para tanto, conceber os espaços do ambiente escolar é 
uma fundamental para que se possam criar situações didáticas. A concepção 
de tal espaço não se limita a criar diagnoses de unidades escolares. É impor-
tante que se pense no ambiente escolar enquanto palco para as diversas 
relações sociais do cotidiano. Dentre elas, as relações de ensino e aprendiza-gem são as que nos interessam aqui.
Diagnose = sinônimo de 
diagnóstico, uma descrição 
detalhada de algo.
Hi - tech = termo derivado 
do Inglês ‘alta tecnologia’, 
diz-se tecnologia de ponta, 
moderna.
Glossário
UABDidática no Ensino da Geografia 25
Ao longo dos séculos, a humanidade tem alcançado profundas transforma-
ções que podem ser exemplificadas pela tecnologia, que a cada dia vem se 
aprimorando, legando novas possibilidades e modificando, definitivamente, 
os hábitos das sociedades, desde a mais arcaica até a mais desenvolvida. 
Pois bem, toda essa mudança deve também ser acompanhada pela escola 
que ao se atualizar, possa cumprir seu papel de acesso ao conhecimento e 
à aprendizagem. São essas possibilidades pedagógicas o alvo de nossa aula 
desta semana.
Desejamos bom trabalho a todos!
A função social da escola
Atualmente, vivemos num contexto que prioriza a universalização e inclu-
são da criança na escola. No entanto, num passado não muito remoto, a 
população menos favorecida tinha dificuldades em arrumar vagas na escola 
pública. Em muitas comunidades, como no caso das zonas rurais de diver-
sos municípios nem existiam escolas ou grupos escolares. Por outro lado, as 
unidades escolares públicas apresentavam um padrão de qualidade conside-
rado por alguns estudiosos como satisfatório.
Hoje, graças a investimentos em todo o País, pode-se vislumbrar um con-
texto diferenciado, com o empenho de governantes em garantir vagas para 
todos os estudantes, desde as séries iniciais. Vale salientar que tais metas 
são a repercussão direta de políticas internacionais que divulgam em todo 
o Planeta o direito à universalização da educação enquanto instrumento de 
libertação social e direito legítimo de todo ser humano.
Por outro lado, temos um contexto educacional que permite a presença de 
unidades escolares em quase todo o território brasileiro. Mesmo assim, não 
há muito que comemorar: a qualidade de muitas dessas unidades escolares 
refletem a situação conjuntural e estrutural com problemas que compro-
metem o processo de ensino e aprendizagem. O resultado disso pode ser 
percebido com os índices de fracasso escolar na escola brasileira no âmbito 
público de ensino.
Assim, convivemos com vários problemas que comprometem uma educação 
de qualidade. Dentre eles, podemos exemplificar: a evasão escolar, reprova-
ção e índices de repetência. No entanto, muitos autores dedicaram pesqui-
sas acerca das condições da educação básica do Brasil. A título de exemplo, 
Licenciatura em GeografiaUAB 26
Fletcher & Castro (1986) afirmaram que existem muitas interpretações que 
merecem reconsideração, pois destacam a existência de mitos, como o fato 
do problema do primeiro grau ser apenas a evasão, ou mesmo que outra 
grave problemática seria a falta de acesso da população a escolas face ao 
incipiente número das mesmas. 
No entanto, os autores destacam que o mais relevante não é o não acesso 
ou a evasão e sim, a quantidade de repetência. Nesse âmbito, o fim da re-
tenção seria a melhor alternativa para ampliar as vagas e diminuir a evasão. 
Essa perspectiva de observação foi alvo de interpretações errôneas que viam 
na retenção o entrave para a educação. Por outro lado, esse entrave foi mi-
nimizado em detrimento da qualidade educacional. Ou seja, ampliou-se o 
número de vagas sem atentar para a qualidade da educação oferecida.
Na atualidade, a preocupação que se deve mensurar é a necessidade de uni-
dades escolares, para que estejam em consonância com as necessidades dos 
estudantes, essa sintonia iria corroborar para a permanência dos mesmos 
no ambiente escolar. Desse modo, já podemos perceber que o problema da 
educação básica do Brasil não se limita à quantidade de vagas, mas a um 
conjunto de fatores que podem repercutir positiva ou negativamente para a 
educação. Alguns desses fatores são, inclusive, externos ao ambiente esco-
lar. Como exemplo, podemos citar a questão social do trabalho infantil que 
atua, diretamente, como fator impeditivo para o comparecimento à escola.
Porém, Ribeiro (1990) defende que a repetência seria sim a ‘vilã’ do ensino 
fundamental no Brasil. O mesmo Autor ressalta que em torno de 93% das 
crianças possuíam vagas em escolas. Fato que desabona a repercussão da 
ausência de vagas. Nesse contexto, afirma:
O que este cenário está indicando é que apesar do progresso que representa 
a universalização do acesso à educação elementar em nosso país, os mais 
importantes problemas da educação não foram sequer percebidos, correta-
mente, pela sociedade ou pelos governos. Hoje, Matriculados no 1º grau, 
está um número de indivíduos ligeiramente superior ao da população de 7 
a 14 anos. Mesmo assim, continua-se a construir escolas como se houvesse 
ainda crianças fora da escola por falta de vagas. Ignora-se, completamente, 
o problema que se passa dentro da escola, sua pedagogia, seu descompro-
misso com o aprendizado e com a promoção dos alunos. (RIBEIRO, apud 
SOARES, 1992, p. 28)
UABDidática no Ensino da Geografia 27
Pode-se perceber, a título de exemplo, outra vertente da problemática da 
educação no País, o fato descrito por Gois (2011), quando afirma que:
(...) um olhar mais cuidadoso sobre a década passada através do censo do 
IBGE mostra que, apesar de quase R$ 3 bilhões investidos pelo governo fe-
deral na alfabetização de adultos, uma vez completados 20 anos de idade, 
foram poucos os analfabetos que aprenderam a ler e escrever entre 2000 
e 2010. 
O mesmo autor também ressalta que o problema da alfabetização de adul-
tos não se encontra na oferta, mas na falta de demanda por parte de uma 
população ocupada, principalmente, em atividades agrícolas. De acordo 
com a mesma pesquisa, a taxa de alfabetização na população de 15 a 59 
anos na cidade é cerca de 5%. Nos espaços rurais, essa taxa é de 20%. De 
acordo com fontes do IBGE e UNESCO (IN: GOIS, 2011), o Brasil só perde 
para países do continente africano e sudoeste asiático (Iraque). 
Em suma, os índices positivos e desfavoráveis para a educação no Brasil se 
confrontam com o verdadeiro entendimento de Escola, enquanto instituição 
de promoção social. Para tanto, a Didática pode favorecer e ser o elo agre-
gador entre metas planejadas e ações concretas, fazendo com que, desde 
o início, a escola legue às pessoas oportunidades de socialização entre seus 
semelhantes.
 Outro ponto, que se deve considerar, é o papel dos profissionais em educa-
ção (que não se limita ao educador, mas a todos os funcionários da escola), 
pode-se aqui ressaltar o papel dos coordenadores pedagógicos. Os mesmos 
profissionais não devem se limitar a ações, eminentemente, burocráticas. É 
importante que a equipe pedagógica possa direcionar ações que estejam em 
sintonia com as atividades propostas pelos educadores para os estudantes.
Essas ações podem ser exemplificadas como atividades que possibilitem 
o desenvolvimento das atividades pedagógicas do educador em classe ou 
mesmo fora dos limites da sala de aula. O estudante deve identificar nos 
profissionais, que compõem a escola, elementos que possam favorecer o 
processo de aprendizagem enquanto amigos: o que em muitos casos, acaba 
acontecendo o contrário, vendo-se o coordenador apenas como exemplo 
‘careta’ de controle da disciplina no ambiente escolar.
Em continuidade, o professor deve atuar enquanto mediador da construção 
de aprendizagens. Para isso, é necessário que ele tenha em mente o seu 
Licenciatura em GeografiaUAB 28
papel na produção de novas possibilidades que possam favorecer ao enten-
dimento do estudante. Naturalmente, esse processo deve estar pautado na 
necessidade de desenvolvimento de uma capacidade cognitiva crítica, que 
possa formar um agente questionador e pensante. 
Para isso, o papel do educador deve sempre estar norteado nos pressupostos 
teóricos da Didática. Atuando, concretamente, em planejamento de modo a 
possibilitar esse entendimento noestudante e, por conseguinte, configurar 
um espaço na escola que seja interessante para o mesmo e que não exclua 
as múltiplas carências e aprendizados extraclasses. Um ambiente que leve 
em consideração o universo de conhecimento do estudante e não se limite 
a modelos engessados que negligenciam os acontecimentos da contempo-
raneidade.
Naturalmente, não poderíamos eximir a função dos gestores escolares. Li-
bâneo (2005, p.17) procura traduzir um ambiente escolar que conquiste 
resultados positivos para a aprendizagem:
Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante 
a qual a Escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o de-
senvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendi-
mento de necessidades individuais e sociais dos estudantes.
Para que o contexto descrito por Libâneo (2005, p. 17) possa se concretizar, 
é importante que seja gerenciado um projeto político-pedagógico em con-
sonância com a realidade da vivência escolar. Para isso, atividades como ge-
renciar a oferta de professores, logística de infra-estrutura e interação cordial 
entre os demais funcionários representam postos basilares para o sucesso 
escolar. Caso contrário, a omissão de metas como as aqui descritas, pode 
repercutir em panoramas próximos aos de fracasso escolar tão citado na 
literatura educacional. 
Por fim, convém reconhecer a função dos pais na escola. É inconcebível um 
processo de aprendizagem que não leve em consideração os anseios dos 
estudantes e não reconheçam o papel dos familiares mais próximos no an-
damento desse processo construtivo. A presença deles (geralmente os pais), 
não representa apenas uma alternativa de gerir atividades comportamentais 
que ferem à disciplina escolar. Pelo contrário, esses familiares devem adotar, 
em seu cotidiano, visitas regulares à escola. Quando isso acontece, as visitas 
nas reuniões e conselhos não se limitarão a surpresas desagradáveis para 
ambas as partes.
UABDidática no Ensino da Geografia 29
Estrutura Física da Escola
Neste item, poderemos tecer observações importantes acerca da estrutura 
física da escola. Naturalmente, é inegável que investimentos na estrutura 
representam o ponto de partida para um ambiente escolar melhor. Aliás, se 
pudéssemos imaginar uma escola ‘perfeita’, certamente, seria um conjunto 
de espaços dotados de tecnologia e materiais (tanto na estrutura do prédio 
quanto nos equipamentos) com alto teor tecnológico.
No entanto, o investimento em infraestrutura representa uma prerrogativa 
basilar para a escola concebida. Mesmo assim, de nada adiantaria uma es-
trutura invejável e com tecnologia hi-tech, com uma metodologia ortodoxa 
conservadora, sem primar pela construção da aprendizagem, baseado em 
teorias ultrapassadas. Para isso, a Didática assume, mais uma vez, uma fun-
damental importância. Mudando de perspectiva, podemos dizer que as pos-
sibilidades pedagógicas criadas pela Didática podem exigir ambientes físicos 
diferenciados, adaptados de modo a atender essas demandas.
Outro ponto que merece consideração é a necessidade da concepção de 
escola inclusiva. Ou seja, a construção de unidades escolares que atendam a 
necessidades e desejos de usuários com algum tipo de limitação física: desde 
os estudantes aos funcionários ou mesmo pessoas da comunidade. 
Modernamente, para o entendimento de uma unidade escolar, é importante 
que se tenha um conjunto de profissionais como engenheiros, educadores, 
gestores escolares, arquitetos, dentre outros. Só desse modo se poderão 
definir as reais necessidades da comunidade e do público-alvo. 
Deve-se considerar, ainda, que a opinião da comunidade, bem como dos 
estudantes, pode ser de grande valia, pois os mesmo podem propor ideias, 
possibilidades de reaproveitamentos de espaços e de exploração do ambien-
te, modificando assim o local, previamente, planejado.
Há de se considerar, também, a extensão territorial do Brasil, suas particula-
ridades zonais e as adaptações necessárias para atender demandas naturais 
(como clima, por exemplo) e socioculturais (como valores e comportamentos 
regionais, por exemplo). De modo que não se pode conceber uma arquitetu-
ra ideal para todas as regiões de um país com dimensões continentais. Sendo 
de extrema importância a mobilização de profissionais interdisciplinares para 
a ideia de uma unidade escolar em ambientes ribeirinhos na Floresta Ama-
zônica, que obviamente, contemplaria necessidades de ventilação e aque-
cimento de espaços que poderiam diferir de um projeto de uma unidade 
Licenciatura em GeografiaUAB 30
escolar nos pampas gaúchos. Já que as duas regiões apresentam tipologias 
climáticas distintas.
Outros itens que se deve levar em consideração são: a insolação e a direção 
dos ventos dominantes, a ventilação de ambientes, a conservação da ilumi-
nação natural em consonância com a iluminação artificial. Além da respon-
sabilidade da equipe gestora em propor sempre metas a serem cumpridas 
de avaliação das condições de bem-estar, conforto e salubridade. Aliás, uma 
boa proposta de gestão seria a promoção de palestras e oficinas com os 
estudantes e integrantes da comunidade para que se possam discutir ques-
tões como sustentabilidade, conforto ambiental, segurança, proteção ao 
ambiente com controle da água potável, efluentes, alternativas de produção 
energética, dentre outras. 
Vale destacar que a concepção de um ambiente escolar que atenda às neces-
sidades de toda a comunidade é norteada por uma legislação vigente. Den-
tre elas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96) 
é a principal responsável pela normatização da educação desde os níveis 
infantil até o superior. A referida Lei, em sua alínea IV do Artigo 70, assegura 
o investimento de gastos públicos na aquisição, construção e conservação 
de instalações e equipamentos necessários ao ensino.
Por outro lado, como já foi defendido aqui, um processo de ensino e apren-
dizagem de sucesso, com resultados concretos não se limita apenas ao or-
denamento dos espaços que deve, sobretudo, ser alvo do consenso coletivo 
de profissionais diversos: desde engenheiros e arquitetos até educadores. 
É muito importante que se planeje uma Didática que garanta o sucesso de 
uma aprendizagem pautada no cotidiano escolar e nas diversas situações 
didáticas presentes em classes em todas as séries.
Em outras palavras, é importante considerar ‘como’ a escola funciona efeti-
vamente. É esse o ponto que vamos abordar no próximo item.
Concebendo o Funcionamento da Escola
Como vimos, o sucesso da aprendizagem escolar não se limita a um ambien-
te físico de acordo com as necessidades da comunidade escolar. É importan-
te que se oportunize ao corpo docente uma prática pedagógica subsidiada 
por uma estratégia didática em sintonia com as necessidades de formação 
da sociedade contemporânea.
UABDidática no Ensino da Geografia 31
Nesse contexto, convém exemplificar um estudo de caso de acordo com 
Brasil (2003, p. 54), que em linhas gerais cita a situação de uma escola. A 
Escola Presidente Campos Sales (localizada em Heliópolis, São Paulo). Antes 
de o diretor assumir a escola, a mesma era vista como uma das piores escolas 
da região. 
As escolas públicas estaduais e municipais da referida região utilizavam uma 
conduta autoritária no que concerne ao relacionamento com a comunidade 
escolar. Ou seja, ‘os estudantes não encontravam espaços para suas reivin-
dicações. Fato que gera a ausência de participação na decisão sobre as polí-
ticas existentes na escola, deixando assim de exercer seus direitos efetivos’.
A direção da escola destacou-se pelo tipo de relacionamento que a direção 
mantém com professores, estudantes e seus pais. A criação de várias comis-
sões, todas elas com a participação da comunidade escolar representa uma 
proposta democrática e inovadora para o trabalho de planejar e decidir. O 
Diretor afirmou:“A ideia que rege o projeto que estamos tentando implantar aqui na escola 
é que tudo passa pela educação, isto é, a escola tem que estar contaminada 
pela necessidade da comunidade. Uma escola atuando, não isoladamente, 
pelas necessidades da comunidade, Uma escola atuando, não isoladamen-
te, significa uma escola atuando com todas as outras instituições, desde a 
família até o Estado. Quando afirmamos que tudo passa pela educação, isso 
significa que a questão da moradia, da saúde e de outros direitos são pro-
blemas da escola. Não que ela resolverá tudo, mas tentará trabalhar o aluno 
contextualizado, ou seja, no seu contexto. É um processo lento e gradual”. 
(BRASIL, 2003, p. 54)
Diante do contexto, a violência era o principal problema apontado pela co-
munidade escolar. A direção da escola procurava, exatamente, as pessoas 
causadoras de brigas e tentava conversar, diretamente, na casa dos estudan-
tes. Esse ponto era crucial para que o estudante entendesse que havia um 
trabalho da escola que ultrapassava os limites físicos da escola. Se a escola 
não trabalhasse com o aluno contextualizado, o seu fracasso iria continuar. 
Sobretudo na região, em que a mesma perdia muitos de seus jovens para as 
drogas.
Pode-se perceber, portanto, que alguns fatores contribuem, fortemente, para 
que uma escola alcance seus objetivos ou não. A concepção de escola com 
um funcionamento ideal é aquela que proporciona um ensino de qualidade 
Licenciatura em GeografiaUAB 32
capaz de preparar seus estudantes para a vida, para uma vaga na universidade 
ou aprovação numa seleção para emprego. Uma escola que consegue tornar-
se um referencial para os moradores de uma comunidade, de modo que essa 
comunidade entenda a escola enquanto ‘ponte’ para a promoção social. 
É comum encontrarmos em comunidades carentes uma realidade pautada na 
falta de um projeto educativo competente que não enfatiza o desenvolvimen-
to de uma consciência crítica, voltado apenas para reproduzir a realidade de 
vida difícil e sofrida. Só a partir da concepção da necessidade de se construir 
um senso crítico, os estudantes começaram a perceber a função libertadora 
que a escola pode proporcionar.
Enfim, podemos observar dois pontos importantes em relação à educação: 
1º) É o fato de reconhecermos que a estrutura física da escola é importante. 
No entanto, não é o elemento decisivo.
2º) É fundamental que se considere o nível de sintonia da equipe gestora com 
a comunidade. Quanto mais aprimorada essa relação entre corpo docente 
e discente em consórcio com a comunidade, maior também serão os índi-
ces de qualidade escolar. 
Ao estudar o presente componente curricular, devemos enfatizar para aos 
futuros professores, que o fracasso escolar é consequência de uma série de 
fatores pré-existentes que convergem para um sistema de complexidade e é 
impressa na vida dos estudantes egressos desse sistema. 
No decorrer dessa aula, tivemos a oportunidade de perceber que uma propos-
ta didática em consonância com o ambiente escolar (considerando os fatores 
físicos e pedagógicos) reflete, diretamente, na qualidade da aprendizagem. 
Sobretudo, porque o estudante passa cerca de um terço de seu dia no am-
biente escolar. Desse modo, pensar num projeto pedagógico que alie qualida-
de e repercuta em resultados concretos é fundamental para a concepção de 
uma instituição escolar que cumpre sua função na sociedade. 
Para aprofundar o estudo, 
leia a reportagem do 
Diretor da Escola Presidente 
Campos Sales com o título: 
“O Diretor dos Excluídos” 
no sítio da Folha de São 
Paulo, disponível em:
< http://www1.folha.uol.
com.br/folha/sinapse/
ult1063u242.shtml>
Mídias 
integradas
UABDidática no Ensino da Geografia 33
Atividades
TEXTO 1: SILÊNCIO SEPULCRAL É BOM EM CEMITÉRIO, NÃO EM 
SALA DE AULA1.
Experimente fazer uma pesquisa. Converse com seus colegas, professores de outros 
níveis e outras séries. Peça-lhes o “perfil”, real ou não, de uma classe indisciplinada. 
Se a resposta mostrou que a classe indisciplinada é aquela que não fica quieta; em 
que os alunos não param de conversar, onde todos, a toda hora, falam, discutem, 
conversam; jogue fora sua pesquisa; afinal ela não mostrou uma classe indisciplina-
da.
Conversar é, afinal de contas, gostoso, necessário, útil, essencial como diagnóstico 
de muitas inteligências. Pessoas que se gostam, conversam, e para pessoas normais, 
é quase impossível ficar ao lado de amigos sem conversar. A palavra grega “idio-
ta”, originalmente, expressava alguém que vivia sozinho, sem conversar, deduzia-se 
que, por ter sido excluído das conversas comunitárias, a pessoa seria, mentalmente, 
incapaz.
Pense em pessoas de que você gosta, que pensam coisas que você pensa, que con-
fiam em você e nas quais você confia. Imagine, agora, ficar ao lado dessas pessoas 
50 minutos sem conversar! Depois, mais 50 minutos e 4 horas? Será que dá para 
aguentar?
Cuidado com o silencio humano, pois muitas vezes esconde disfunções agudas, 
problemas emocionais terríveis. Casais que se odeiam não conversam, amantes que 
perderam a vontade de conversar, perderam a vontade de amar! Um grupo reunido, 
geralmente, alegre, é sempre um grupo que conversa bastante.
Se seus alunos conversam, isso é bom. Saiba fazer dessa notável qualidade humana 
uma “ferramenta” de ensino. Use a conversa do estudante, que é o que ele tem 
de mais valioso em sua vida, como um instrumento para o trabalho pedagógico 
essencial. 
Logo, converse com seus estudantes e deixe que conversem entre si. Aprenda a ser 
um administrador de conversas, expositor de desafios, instigador de perguntas.
É importante falar, conversar, debater, até como prova de que se tem vida e, portan-
to, alegria. Temos, afinal, toda a eternidade para o sepulcral silêncio.
______________________________________________________________________
1. Trechos de: Professor Bonzinho = Aluno Difícil. Celso Antunes. Petrópolis, Vozes, 2003.
Licenciatura em GeografiaUAB 34
1) Enquanto educador, você já pensou como em sala de aula, podemos 
transformar conversas em ideias que facilitem o processo de ensino 
aprendizagem?
2) Imagine um contexto escolar. Dentro dessa realidade, qual a viabilidade 
de se trabalhar os conteúdos de Geografia sob o olhar de uma Didática 
moderna?
3) Com todos os acontecimentos e novidades da Idade Contemporânea, 
precisamos preparar o estudante de hoje para ser o profissional do ‘ama-
nhã’. Então, quais as sugestões que podemos pontuar para que o proces-
so ensino-aprendizagem seja vultoso?
TEXTO 2: A ESCOLA E MEIOS DE MASSA2.
A força dos meios de comunicação junto às sociedades modernas tem provocado 
uma série de alterações nos modos de os grupos humanos se relacionarem com o 
conhecimento e mesmo com a informação. Em maior ou em menor grau, nossas 
formas de ver e de sentir sofrem influências das sequências fragmentadas, da rapi-
dez, da linearidade, da presença marcante da imagem. Assim, tais procedimentos 
têm alcançado o universo da escola e das consequentes ações desenvolvidas pela 
educação formal.
Dentro dessa perspectiva, pode-se perguntar: afinal, as linguagens consideradas 
como formalmente não escolares – aquelas que não dizem respeito, de modo dire-
to, ao discurso pedagógico – circulam pelas salas de aula?
O rádio, o cinema, a televisão, o videogame, enfim, essa imensa quantidade de 
códigos, imagens, ícones, símbolos, não necessariamente verbais e, sobretudo, au-
sentes, dos tópicos programáticos, são incorporados pela instituição escolar e traba-
lhados pelos professores?
 A resposta é que, raramente, existe algum tipo de articulação entre os tópicos das 
matérias desenvolvidas e as sugestões derivadas das linguagens, institucionalmente, 
não escolares.
Na maioria das vezes, nenhum questionamento sobre os modos como os telejor-
nais operam com as notícias, com as telenovelas, das campanhas publicitárias, dos 
outdoors, os filmes de sucesso, etc. A escolaparece respeitar apenas o seu próprio 
ritual. A aula corre soberana a despeito do fato de o mundo das crianças estar cada 
vez mais marcado pelos meios de massa e suas múltiplas variações.
UABDidática no Ensino da Geografia 35
A questão está em saber se o fato da escola fazer de conta que o “mundo de fora” 
pouco importa ao “mundo de dentro” resulta em que sua clientela deixe de se 
influenciar, operar, conversar, etc., sobre os filmes de sucesso, os ídolos da música, 
os jingles que tanto levarão aos jogos verbais, portanto, aos mecanismos lúdicos, 
quanto ao estímulo ao consumo e a esta desesperada corrida à gôndola do super-
mercado, a grife, ao shopping center – espécie de catedral moderna onde os deuses 
estão à vista, sendo separados dos devotos fiéis apenas por belas vitrines e a todos 
prometendo recompensar física ou simbolicamente pela glória da escolha.
Pode-se perceber que há um descompasso existente entre o estrito discurso didá-
tico-pedagógico e as linguagens não institucionais escolares. Uma formalizando as 
ações na sala de aula, constituindo a natureza “única e diferenciada” do discurso 
escolar; a outra pressionando “de fora”, existindo na fala dos estudantes, tomando 
boa parte de seu tempo, circulando de forma subterrânea. 
Tal realidade tem que ser modificada a partir de nós, educadores, sobretudo nas 
Ciências Sociais como Geografia e História, quando o objeto de estudo deve ser a 
origem e evolução das sociedades humanas. O primeiro passo para alterar essa inér-
cia está pautado na inclusão de ferramentas alternativas de aprendizagem, como 
trabalhos em jornais, revistas e demais fontes de informação. 
Para a formação do estudante, sobretudo o estudante-cidadão, conclui-se que o 
educador tem a responsabilidade de compatibilizar a realidade da sala de aula com 
o contexto exterior à escola. Só dessa forma – incorporando os conhecimentos do 
cotidiano na prática pedagógica – alcançaremos à verdadeira aprendizagem e for-
maremos estudantes mais preparados para o seu dia a dia.
_____________________________________________________________________
2. Modificado de Eliana Magamini. Aprender e ensinar com Textos não Escolares.,3ª Ed., São 
Paulo, Cortez, 2000.
Questões para debate e reflexão
1) Como poderíamos exemplificar linguagens, formalmente, não escolares?
2) De acordo com o texto, a escola deve considerar os elementos externos ao 
ambiente escolar. Pois bem: você está convidado a refletir quais os bene-
fícios desse processo para a aprendizagem e quais os principais entraves 
que o educador encontrará. Comente seu ponto de vista com colegas e 
com o seu Professor.
Licenciatura em GeografiaUAB 36
As questões para debate e reflexão não apresentam respostas acabadas por 
necessitar da opinião pessoal de cada estudante e incentivar discussões com 
base nos Textos 1 e 2.
Resumo
A presente aula abordou a relevância da Escola enquanto instituição social 
para atender as exigências da sociedade moderna. De modo que os suces-
sivos estudos no âmbito educacional, desde os primórdios, representam um 
importante lastro de experiências que contribuem para que a prática peda-
gógica se processe e se reconfigure ao longo dos anos. Isso porque o pro-
cesso de ensino-aprendizagem não se apresenta como um modelo único e 
estável. Pelo contrário, esse é eminentemente dinâmico.
Exatamente por essa concepção de dinâmica, pudemos perceber que estu-
dar a funcionalidade da escola é imprescindível que se compreendam os pro-
cedimentos didáticos inerentes ao ensino da Geografia. Para isso, deve-se 
considerar a estrutura física das unidades escolares. Uma vez que os espaços 
de aprendizagem devem adequar-se às necessidades gerais, bem como às 
peculiaridades regionais. Outro ponto que se deve considerar é a organiza-
ção pedagógica da escola: isso porque de nada adiantaria uma preocupação 
acerca da infra-estrutura predial em desarmonia com a equipe de funcioná-
rios, estudantes e comunidade.
Outro ponto debatido nessa aula focou os diversos estudos no âmbito edu-
cacional para compreender os fatores que proporcionaria o fracasso escolar. 
Já que existem correntes de estudiosos que defendem teorias distintas que 
buscam explicar as causas do fracasso escolar no Brasil. 
Há hipóteses que abordam a incipiência de vagas em determinado período 
da História recente do Brasil. Outros estudiosos explicam tal fracasso escolar 
pelo índice de repetência, dentre outros motivos. O mais importante nesse 
contexto é que se entenda que a situação atual da educação no Brasil é re-
sultado direto dos eventos históricos recentes, e que não há uma só causa, 
mas sim um conjunto de acontecimentos que convergem para um sistema 
complexo que ilustra a situação atual da educação no Brasil.
UABDidática no Ensino da Geografia 37
Referências
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9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e base da educação 
nacional
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Brasileira de Administração da Educação, Porto Alegre, jan./jun. 1985, vol. 3, nº 1, p.10-
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______; CASTRO, C.M. Os mitos, as estratégias e as prioridades para o ensino de 1º grau. 
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(Coletânea CBE).
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Aula 3 - Abordagem de Ensino 
e Aprendizagem: Planejamento 
e Avaliação
Objetivos da aula
Ao final da aula, o estudante será capaz de: 
•	 Conhecer	a	importância	do	planejamento	e	avaliação	enquanto	
processos integrantes de um sistema ainda maior: o de ensino e 
aprendizagem;
•	 Aprofundar	as	etapas	e	as	funções	da	avaliação	escolar	enquan-
to instrumento ativo presente em todas as etapas da prática peda-
gógica; 
•	 diferenciar	planejamento	de	plano;	
•	 compreender	a	necessidade	de	pensar	constantemente	a	práti-
ca pedagógica, 
•	 bem	como	redefinir	esse	processo.	
Assuntos
 – Planejamento e Avaliação: modelos, características e generalidades.
 – Planejamento escolar. 
 – Funções da Avaliação escolar 
 – Plano de Aula.
Introdução
A presente aula aborda uma necessidade inerente ao processo de ensino e 
aprendizagem: a avaliação. Ao contrário do que se pensa, a avaliação não 
serve apenas para refletir o estágio final da aprendizagem. Outra concepção 
errônea da avaliação é a sua utilização enquanto instrumento de repressão e 
controle da sala: a garantia de preservação da ‘ordem’ na classe. No entanto, 
perceberemos que a avaliação serve, sobretudo, para nortear primeiramente 
UABDidática no Ensino da Geografia 41
o papel do educador, no sentido de subsidiar o que realmente foi construído 
em termos de aprendizagem.
Os pressupostos históricos da Didática destacam a avaliação enquanto alvo 
permanente de estudo exatamente pelo fato de ela ser a alternativa mais ob-
jetiva para evidenciar o aproveitamento da prática pedagógica, independen-
te da corrente de pensamento e teorias da educação. Será possível perceber, 
nesta aula, que o processo de avaliaçãoestá contido num processo maior: 
o da aprendizagem. Não existe um modelo de avaliação que se adeque a 
todas as realidades. É um evento que se interliga às várias etapas da apren-
dizagem. Esse fato justifica a importância de planejar, definir e recriar pro-
postas avaliativas que possam ilustrar novas possibilidades de acordo com a 
demanda existente.
A importância do planejamento
Inicialmente, convém destacarmos a importância do planejamento para a 
ação didática, uma vez que o processo de avaliação caminha paralelo ao pro-
cesso de aprendizagem. Para tanto, planejamento é fundamental. A prática 
pedagógica exige um trabalho prévio que possa ordenar os procedimentos, 
as ações a serem definidas. Podemos dizer que a ação didática não pode ga-
rantir o sucesso absoluto, mas podemos afirmar que uma ação didática sem 
planejamento tem mais probabilidade de não obter sucesso. O sucesso que 
nos referimos aqui está ligado diretamente à qualidade que a ação didática 
pode apresentar-se gerando exemplos concretos de aprendizagem.
Como já vimos, a condição de racionalidade e potencial intelectual do ho-
mem permite-nos afirmar que o planejamento está sempre presente em nos-
so cotidiano. A todo momento somos levado a compreender e analisar a 
realidade, a refletir sobre o contexto em que estamos inserido no sentido de 
alcançarmos sempre os objetivos desejados. Nesse contexto, Haydt (2008) 
define planejamento como um processo mental que envolve análise, refle-
xão e previsão. Logo, planejar é uma atividade tipicamente humana, e está 
presente na vida de todos os indivíduos, nos mais variados momentos. 
Assim, planejar é prever e decidir sobre: 
O que pretendemos realizar; o que vamos fazer; como vamos fazer; e como 
devemos analisar a situação, a fim de verificar se o que pretendemos foi 
atingido. (PARRA, 1972, p. 6)
Licenciatura em GeografiaUAB 42
Por conseguinte, convém distinguir o planejamento de plano, uma vez que 
o plano é o resultado, é a culminância do processo mental do planejamen-
to. Podemos afirmar, com isso, que o plano seria o esboço das conclusões 
resultantes do processo mental de planejar. Esse plano pode ou não assumir 
uma forma escrita.
A não obrigatoriedade de o plano assumir forma escrita deve ser alvo do 
educador, pois na medida em que temos oportunidade de escrever, pode-
mos aprimorar e ordenar melhor as ideias planejadas. Logo, podemos afir-
mar que enquanto o planejamento surge enquanto atividade intelectual, o 
educador deve estar atento a registrar a culminância desse processo mental 
no plano.
Naturalmente, existem vários modelos de planejamento no âmbito da edu-
cação. No entanto, enfoquemos nossos esforços em tecer considerações 
acerca do planejamento escolar, que se refere às atividades de uma escola 
quanto aos objetivos a serem atingidos e à previsão de ações, tanto pedagó-
gicas quanto administrativas que devem ser executadas por toda a equipe. 
Assim a escola, enquanto instituição social, não funcionará bem caso não 
haja a participação da coletividade que constitui a escola. (HAYDT, 2008).
Outro modelo de planejamento que devemos ressaltar é a alternativa que 
exige a participação efetiva do educador: o planejamento didático (ou de en-
sino). Tal planejamento diz respeito ao estabelecimento de ações e procedi-
mentos que o educador realizará junto ao corpo discente, à organização das 
atividades e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos 
educacionais estabelecidos. 
Cabe ao educador estabelecer detalhadamente todos os objetivos e trabalho 
com base nos conteúdos pedagógicos indicados para determinada turma e 
atuar de forma ativa de modo a elucidar as prováveis dúvidas existentes no 
sentido de garantir o sucesso escolar. Mais especificamente, Haydt (2008, p. 
99), afirma que, no que se refere ao aspecto didático, planejar é:
 – Analisar as características da clientela (aspirações, necessidades e pos-
sibilidades dos estudantes);
 – Refletir sobre os recursos disponíveis;
 – Definir os objetivos educacionais considerados mais adequados para 
a turma;
 – Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimilados, distribuin-
do-os ao longo do tempo disponível para seu desenvolvimento;
UABDidática no Ensino da Geografia 43
 – Prever e organizar os procedimentos do professor, bem como as ati-
vidades e experiências de construção do conhecimento consideradas 
mais adequadas para a consecução dos objetivos estabelecidos;
 – Prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para estimu-
lar a participação dos estudantes nas atividades de aprendizagem;
 – E definir os procedimentos de avaliação mais condizentes com os ob-
jetivos propostos.
Desse modo, podemos entender que quando se trata de planejamento de 
ensino, são muito comuns ações de verbos como: analisar, refletir, definir, 
selecionar, estruturar, distribuir ao longo do tempo, prever formas de agir 
e organizar. É valido também ressaltar que a junção dessas ações forma o 
plano didático de um educador. 
A mesma autora ainda afirma que, ao planejar uma aula, o educador:
 – Prevê os objetivos imediatos a serem alcançados (conhecimentos, ha-
bilidades, atitudes);
 – Especifica os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados du-
rante a aula;
 – Define os procedimentos de ensino e organiza as atividades de apren-
dizagem de seus estudantes (individuais e em grupo);
 – Indica os recursos (cartazes, mapas, jornais, livros, mídias digitais, etc.) 
que serão utilizados durante a aula para despertar o interesse, facilitar 
a compreensão e estimular a participação dos estudantes;
 – Estabelece como será realizada a avaliação das atividades.
 
Convém destacar que o planejamento didático deve ser compreendido como 
uma necessidade da prática pedagógica de todo educador e deve apresen-
tar-se em sintonia com a realidade de convivência de cada turma. Em hipó-
tese alguma, tal planejamento deve ser dissonante da realidade da turma. O 
educador tem que conceber a ideia de que planejamento didático só existe 
para atender a uma exigência burocrática. Mesmo que essa prática seja ado-
tada na escola, o educador tem o dever profissional e ético de repudiar tal 
conduta e combater o contexto com um trabalho efetivo de qualidade.
Licenciatura em GeografiaUAB 44
A Avaliação na Escola
A avaliação no ambiente escolar é um item que repercute com muita importân-
cia para o professor e também para o estudante. Em primeiro lugar, devemos 
justificar esse fato baseando-se no pressuposto do educador enquanto ponte e 
parte ativa do processo de ensino e, sobretudo, aprendizagem. Naturalmente, 
se o objetivo do educador é trazer algo novo e construir com sua classe, toda 
sua prática pedagógica estará pautada na busca pelo êxito. Sendo esse êxito 
refletido na avaliação proposta. 
Por outro lado, os estudantes são constantemente convidados a verificar seu 
aproveitamento, refletir sobre suas práticas no ambiente escolar e um dos prin-
cipais argumentos é a nota do estudante. Isso mesmo, a quantificação em dois 
ou mais algarismo que traduz a repercussão de sua conduta no ambiente esco-
lar. Esse interesse por nota, por parte do estudante, é alimentado, pelo menos 
por dois fatores: o primeiro elemento seria seus pais, que muitas vezes não se 
preocupam em de fato compreender os procedimentos docentes adotados na 
escola, mas apenas de cientificar-se de uma valoração, um somatório de pontos 
que ilustra o aproveitamento do estudante. O segundo fator pode ser eviden-
ciado pela figura do educador utilizando-se da valoração final da média do es-
tudante enquanto ‘ferramenta’ para direcionar e tentar convencer o estudante 
a aperfeiçoar constantemente seu aproveitamento em classe.
As situações descritas aqui não ilustram apenas estudo de casos fictícios. Ao 
longo de nossa carreira escolar, pudemos nos deparar com esse contexto, que 
até bem pouco tempo era visto como um modelo a ser seguido. Comojá sabe-
mos, não existe um modelo perfeito quando se trata de aprendizagem. Pode-
mos, então, concluir que os fatos descritos acima ainda estão arraigados a um 
sistema de ensino que faz parte da história recente do País. Obviamente, não 
cabe aqui demonstrar o que é certo e o que não é, o presente texto procura 
motivar sua reflexão acerca dos procedimentos mais adequados.
Isso mesmo, o próprio Libâneo (2009, p. 195) afirma que:
A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho 
docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e 
aprendizagem. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no 
decorrer do trabalho conjunto do educador e dos estudantes são com-
parados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, difi-
culdades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias.
UABDidática no Ensino da Geografia 45
De acordo com a afirmação, podemos perceber que o processo avaliativo 
não é concebido como pontual (e sim constante) e que o referido processo 
permite realizar uma reflexão acerca da qualidade do trabalho desenvolvido 
tanto pelo educador quanto pelo estudante. Este último fato é de suma im-
portância, pois o estudante e o educador devem entender a avaliação como 
um feedback para viabilizar um aprofundamento ou mesmo uma reordena-
ção das ações pedagógicas.
O autor continua em sua análise enfatizando que a avaliação não se resume 
apenas à realização e atribuição de notas, e sim num processo mais com-
plexo. Mensurar valores deve ser apenas a primeira etapa, seguida de uma 
posterior fundamentando-se muito mais numa análise qualitativa do que 
quantitativa. 
Por outro lado, não se deve interpretar que conceitos e pontuação merecem 
abandono. A responsabilidade do educador e do estudante deve ser sempre 
focada na aprendizagem e sua margem de aproveitamento frente aos entra-
ves e possibilidades. Quando se defende uma análise qualitativa não implica 
dizer que não se deve mensurar pontuação. Mas focar no aproveitamento 
do estudante e tal aproveitamento pode ser quantificado numa escala pa-
drão. 
De acordo com Luckesi (1986 apud LIBÂNEO, 2009, p. 196), podemos dizer 
que a avaliação escolar é: 
Uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino 
e aprendizagem que auxilia o educador a tomar decisões sobre o seu tra-
balho. A apreciação qualitativa desses dados, através da análise de provas, 
exercícios, respostas dos estudantes, realização de atividades, etc permite 
uma tomada de decisão para o que deve ser feito em seguida (...)
Nesse contexto, podemos perceber que o processo avaliativo está direciona-
do muito mais ao educador do que ao próprio estudante. Através do proces-
so avaliativo, a prática pedagógica vai assumindo uma postura que mais se 
adeque às demandas dos integrantes da comunidade escolar. Diante disso, 
pode-se definir a avaliação escolar como um componente do processo de 
ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, 
a determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, 
orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes. 
(LIBÂNEO, 2009).
Licenciatura em GeografiaUAB 46
Pode-se então perceber claramente três estágios do processo avaliativo, sen-
do o primeiro a necessidade de acompanhar o que foi produzido, coletado 
pelos estudantes. Posteriormente, deve-se realizar uma reflexão, momento 
em que se compara os resultados obtidos com o que foi planejado inicial-
mente. O terceiro estágio baseia-se no desempenho final, quando se analisa 
os aspectos qualitativos de cada estudante, bem como em sua coletividade.
Ainda no contexto evidenciado, Albuquerque (2007, p. 223) enfatiza o cará-
ter permanente do processo avaliativo ao ensino quando afirma: 
O processo avaliativo, sob qualquer forma de ensino, deve começar assim 
que se iniciam as atividades educativas, posto ser parte integrante dele. 
Este primeiro momento serve para equalizar as condições iniciais do aluno, 
sendo ele próprio referência para sua avaliação. A importância desta posi-
ção é também considerada sob a perspectiva da positividade na avaliação, 
pois, ao final do curso, ficam evidenciados os saberes desenvolvidos e não 
a ausência deles.
Ao mesmo tempo, o último autor ressalta que a observação da avaliação 
deve focar o que foi construído. Fato que motiva o educador a redefinir suas 
práticas para o atendimento do que não foi apreendido por parte do estu-
dante numa perspectiva positivista.
Desse modo, podemos afirmar que o termo avaliação deve-se despir de 
associações como: prova, nota, trabalho, exame. Sendo a avaliação muito 
mais que isso: um processo. A avaliação que quantificava a capacidade de 
memorização já não se assemelha em nenhum aspecto com uma proposta 
de construção de conhecimento, tampouco com a responsabilidade da for-
mação do cidadão, da necessidade de preparar o indivíduo para as necessi-
dades que o mundo moderno nos apresenta. 
As teorias contemporâneas educacionais apresentam uma proposta de 
aprendizagem que identificam a necessidade do estudante conhecer, atra-
vés da perspectiva transdisciplinar: fugindo do olhar compartimentado para 
uma visão mais holística. Para tanto, a contextualização do saber com as ex-
periências do estudante e a preocupação de entender as possibilidades com 
vistas à resiliência devem ser o marco norteador para as práticas pedagógicas 
deste novo século. Nesse ‘turbilhão’ de novidades, a avaliação renasce com a 
responsabilidade de se adequar a essas novas demandas e se adaptar a elas.
UABDidática no Ensino da Geografia 47
Diante do que foi aqui exposto, a avaliação deve ser concebida pelo estu-
dante não apenas como uma atividade que servirá para prejudicar ou trazer 
sérias consequências ao seu andamento escolar. Não deve ser vista como 
um acontecimento pontual. A proposta avaliativa deve ser um processo que 
corre paralelamente ao andamento do estudante, contemplando várias di-
mensões da racionalidade humana. Nesse âmbito, o resultado da avaliação 
deve servir como um ânimo para o estudante, de modo a permitir que todos 
possam checar o aproveitamento e identificar as principais dificuldades, para 
que esses entraves sejam ultrapassados. 
Atividades
TEXTO 01: O QUE É AVALIAR: PRINCÍPIOS BÁSICOS1.
Em termos gerais, a avaliação é um processo de coleta e análise de dados, tendo em 
vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos. No âmbito escolar, a avalia-
ção se realiza em vários níveis: do processo de ensino e aprendizagem, do currículo, 
do funcionamento da escola como um todo.
A avaliação da aprendizagem do estudante está diretamente ligada à avaliação do 
próprio trabalho docente. Ao avaliar o que o estudante conseguiu aprender, o pro-
fessor está avaliando o que ele próprio conseguiu ensinar. Assim, a avaliação dos 
avanços e dificuldades dos estudantes na aprendizagem fornece ao educador indi-
cações de como deve encaminhar e reorientar a sua prática pedagógica, visando 
aperfeiçoá-la. É por isso que se diz que a avaliação contribui para a melhoria da 
qualidade do ensino. 
A partir do que foi exposto acima, podemos tirar algumas conclusões sobre os pres-
supostos e princípios da avaliação:
a) A avaliação é um processo contínuo e sistemático. Faz parte de um sistema mais 
amplo, que é o processo de ensino e aprendizagem, nele se integrando. Por isso, 
ela não tem um fim em si mesma, é sempre um meio, um recurso, e como tal 
deve ser usada. Não pode ser esporádica ou improvisada. Deve ser constante e 
planejada, ocorrendo normalmente ao longo de todo o processo, para reorien-
tá-lo e aperfeiçoá-lo.
b) A avaliação é funcional, porque se realiza em função dos objetivos previstos. Os 
objetivos são o elemento norteador da avaliação. Por isso, avaliar o aproveita-
mento do estudante consiste em verificar se ele está alcançando os objetivos 
estabelecidos.
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