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TRABALHO CONSTITUCIONAL

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A INCONSTITUCIONALIDADE DO MARCO TEMPORAL
RESUMO
O trabalho apresenta de fora sucinta a inconstitucionalidade do marco temporal demarcação das terras indígenas. O objetivo é abordar alguns dos aspectos acerca ao entendimento e aplicação do denominado “marco temporal” segundo a teoria do indigenato. No decorrer do trabalho relatamos também sobre a Carta Magna brasileira, preconiza sobre o assunto em tela, abordamos que o texto enfatiza e protege a pluralidade étnica e cultural.
Palavras chave: Marco Temporal. Inconstitucionalidade. Indígena 
INTRODUÇÃO (FUNDÃO)
O presente trabalho tem como objetivo abordar alguns dos aspectos acerca ao entendimento e aplicação do denominado “marco temporal”. Percebe-se que mesmo diante da existência de um arcabouço jurídico de proteção e promoção dos direitos dos indígenas (no âmbito nacional e internacional) o Estado brasileiro não tem conseguido atuar de forma significativa para alterar a realidade de muitas destas comunidades.
É importante destacar que o termo "marco temporal" não existe na Constituição, por isso é considerado apenas uma expressão jurídica. 
O Marco Temporal Indígena trata-se de uma interpretação que restringe o alcance do direito à demarcação das terras indígenas, já que vincula este direito à presença física das comunidades e povos indígenas na terra ao período de 05 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição Federal do país.
O artigo 231 da Constituição Federal consagrou no texto da Carta Magna a proteção à territorialidade indígena após intensa mobilização dos povos indígenas na Constituinte através da União das Nações Indígenas. Para entidades ruralistas, o artigo da Constituição necessitaria de regulamentação, sendo norma constitucional programática.
Indígenas são contrários ao chamado marco temporal, alegando que a medida pode acabar com os processos de demarcações em curso e até revogar o direito já adquirido sobre terras indígenas. 
Apresentamos de forma sucinta nesse artigo a aplicação do chamado marco temporal, lembrando que não recebe respaldo constitucional, ao contrário representa uma afronta. 
DESENVOLVIMENTO 
(FUNDAMENTO TEÓRICO) (SÂMELLA E MACIEL)
Para melhor entender a inconstitucionalidade do Marco Temporal, um ponto muito importante a ser compreendido é a teoria do indigenato. Essa teoria foi desenvolvida por João Mendes Júnior no início do século XX e influenciou na consolidação dos direitos dos índios.
A teoria surgiu para contrariar as políticas portuguesas e partem do pressuposto de que os indígenas são os legítimos donos das terras e não necessitam de tomar posse. De acordo com o autor Mendes Júnior, o direito dos indígenas sobre suas terras é inato, pois ele existe antes mesmo da criação do Estado brasileiro e somente a demarcação e declaração dos limites dessas terras que é dever do Estado.
Com essa teoria, entende-se que o direito à permanência dos indígenas em suas terras é um direito congênito, pertencente ao indivíduo mesmo antes de seu nascimento. Ela foi uma das bases para a consolidação da demarcação de terras indígenas na construção da Constituição Federal de 1988, que em seu Art. 231 esclarece que “direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”. (BRASIL, 1988)
Um dos pilares do Indigenato é baseado no conceito de posse permanente, visto que as terras brasileiras são pertencentes aos índios antes mesmo da formação do país. Segundo Silva (2014), essa posse não é como aquela amparada pelo direito civil nos moldes das leis do Estado democrático de direito, mas sim uma posse declaratória e inata.
Outro ponto que comprova a inconstitucionalidade no marco temporal para a demarcação das terras indígenas é o colonialismo interno no fato indígena. Segundo Casanova, o fenômeno se forma quando os povos nativos não são exterminados no processo de colonização e formam o Estado juntamente com seus colonizadores, que formam a classe dominante.
Sendo assim, as práticas aplicadas durante o processo de colonização persistem no sistema, o etnocentrismo, por exemplo, continua presente em todos os institutos do Estado. Dessa forma, as minorias (os povos colonizados) sofrem com a dominação da maioria (colonizadores e burguesia), visto que, a administração pertence à classe dominante, ou seja, os direitos destes povos são determinados pelo governo central do Estado. Quando há participação da minoria em uma das três esferas (legislativa, judiciária e administrativa), devem seguir os padrões estabelecidos baseados no colonialismo.
Portanto, ao analisar a teoria do indigenato observa-se uma resistência contra as políticas públicas estatais, estas que são feitas pela classe dominante que predominantemente se encontra no poder. A questão é que as políticas públicas de inclusão dos índios no Estado democrático de direito são muito importantes, com isso, compreende-se que os séculos de exploração e o genocídio dos povos indígenas não podem ser esquecidos. 
A utilização do marco temporal para a demarcação das terras indígenas, parte de um pressuposto de igualdade entre povos e não leva em consideração os anos de exploração e exclusão sofridos pelos índios. A base que sustenta a teoria do Marco temporal é um retrocesso no avanço dos direitos humanos pois centraliza o direito à terra dos povos indígenas nas mãos da elite, moldada com resquícios bem fortes do colonialismo.
O objetivo da teoria do fato indígena (marco temporal) é simplesmente proteger a propriedade privada da elite, terras estas que foram tomadas séculos atrás dos indígenas no período colonial. A teoria desconsidera toda apropriação e deslocamento forçado de seu território que impediram os índios de ocupar suas terras tradicionais quando a Constituição de 1988 foi promulgada.
(FUNDAMENTO JURÍDICO) (ARTUR E FILIPYN)
Nesse contexto, observa-se que a Constituição Federal Brasileira de 1988, artigo 231, caput, defende o ideal apresentado anteriormente como indigenato, o qual consiste em uma tradição que reconhece o direito dos povos indígenas sobre suas terras como poder originário, ou seja, anterior ao próprio Estado. 
 “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”
O texto constitucional determina que o Estado brasileiro deve promover a 
demarcação das terras, reconhecendo os direitos originários e imprescritíveis dos 
índios à posse permanente e ao usufruto exclusivo das riquezas naturais existentes 
no solo, nos rios e lagos das áreas caracterizadas como sendo de ocupação 
tradicional.No mesmo sentido, conforme o Procurador Geral da República, Augusto Aras, em depoimento para o STF no dia 8 de Setembro de 2021, dia do julgamento acerca da tese do marco temporal, disse:
 "O Brasil não foi descoberto, o Brasil não tem 520 anos. Não se pode invisibilizar nossos ancestrais que nos legaram este país. A nossa Constituição Federal, no caput do artigo 231, reconheceu direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Adotou-se o instituto do indigenato, cujo a origem radica-se nas ordenações portuguesas, nas quais, os índios seriam senhores naturais de suas terras e titulares da posse sobre elas.”
Além disso, desconsidera-se a série de atrocidades que os índios têm sofrido com os povos que se dizem mais “avançados” em termos de cultura, organização social e tecnologia até hoje. Muitos deles foram violentamente expulsos de seus territórios sem possibilidade de resistência, e hoje vivem às margens das estradas.
O jurista José Afonso da Silva costuma criticar o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) utilizar o Direito Civil como mecanismo de regulação dos conflitos envolvendo terras indígenas. Segundo Silva, estes povos não detém posses no sentido do Direito Privado propriamente dito. 
Partindo desse pressuposto, a posse civilé individual e material, enquanto a posse dos índios é totalmente coletiva e exercida a partir de usos, costumes e tradições de seu povo. Percebe-se que possuem natureza e regime jurídico diferentes da posse civil.
Ora, o direito dito originário sobre as terras, afirmado pela teoria do indigenato, é um direito comunitário. Ou seja, as comunidades indígenas como um todo é que são as titulares desses direitos sobre os territórios, e não apenas um ou outro integrante.
Não obstante, o mesmo José Afonso da Silva, já destacava que a indicação da data da promulgação da Constituição de 88 como uma espécie de termo ad quem para a configuração da posse indígena, ferramenta utilizada para legitimar o exercício do marco temporal, não está escrita, nem implícita, nem explicitamente, em nenhum dispositivo constitucional.
A Carta Magna brasileira em todo o seu texto enfatiza e protege a pluralidade étnica e cultural, enfatizando o valor da diversidade para a identidade da nação instituindo mecanismos jurídicos que devem ser utilizados para proteger esses coletivos presentes em nosso território, exemplo dessa afirmação clara são o artigo 5º e o próprio artigo 231º.
No entanto, ao tornar possível a utilização da tese do marco temporal para decisões acerca da delimitação das terras indígenas, nosso sistema judiciário passa a contradizer o ordenamento jurídico mais importante da nação. Em suma, a tese do marco temporal tende a facilitar a usurpação das terras legitimamente indígenas pelos grandes agricultores, mineradores e latifundiários brasileiros. Latifundiários que, segundo pesquisas do Censo Agropecuário de 1996 do IBGE e da FAO, já possuíam cerca de 45,1% dos 250 milhões de hectares cultiváveis do país.
Dessa maneira, caso seja adotado pelo Supremo Tribunal Federal, o marco temporal, seria a materialização dessa contradição e limitação do pluralismo e diversidade da nação brasileira celebrados em nossa Constituição Federal de 1988. Assim, reduzindo o alcance do direito previsto em seu artigo 231 e dificultando o acesso à terra por parte dos índios, beneficiando ainda mais seus invasores.
O termo “marco” tem sentido preciso. Em sentido espacial, marca 
limite territorial. Em sentido temporal, como é o caso, marca limites 
históricos, ou seja, marca quando se inicia algum fato evolutivo. O 
documento que marcou o início do reconhecimento jurídico-formal 
dos direitos dos índios foi a Carta Régia de 30 de junho de 1611, 
promulgada por Fellipe III, que firmou o princípio de que os índios são senhores de suas terras, “sem lhes poderem ser tomadas, nem sobre 
elas se lhes fazer moléstias ou injustiça alguma.
Sendo assim, positivar a instituição dessa tese, seria minimamente trazer mais um drástico descaso de nosso país com os seus povos nativos. Destruindo ainda mais sua cultura, tradições e acabando com a sua forma social, ora, os indígenas se veem como integrantes de sua terra, um corpo só.
CONCLUSÃO (TAYNARA)
REFERÊNCIAS
CASANOVA, Pablo González. Colonialismo Interno (uma redefinição). In: A teoria marxista hoje, problemas e perspectivas. Buenos Aires: Clacso, 2007. Disponível em: < http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/formacion-virtual/20100715084802/cap19.pdf
>. Acesso em 10 de novembro de 2021.
OLIVEIRA, Tânia Maria Saraiva. O “marco temporal” da usurpação dos direitos indígenas. Brasília: Brasil de Fato, 2021. Disponível em: 
https://www.brasildefato.com.br/2021/08/25/o-marco-temporal-da-usurpacao-dos-direitos-indigenas. Acesso em 07 de novembro de 2021.
MOÇO, Vinicius Rocha. Marco temporal, uma teoria inconstitucional. 2021. Disponível em: 
https://jus.com.br/artigos/59816/o-marco-temporal-so-beneficia-os-ruralistas
https://www.conjur.com.br/2021-out-10/vinicius-moco-marco-temporal-teoria-inconstitucional. Acesso em 07 de novembro de 2021.
SILVA, José Afonso da. Parecer sobre Marco Temporal e Renitente Esbulho. São Paulo, 2016. Disponível em: <https://mobilizacaonacionalindigena.files.wordpress.com/2016/05/parecer-josc3a9-
afonso-marco-temporal_.pdf> . Acesso em 13 de novembro de 2021. 
VEZZALI, Fernando. Especial Latifúndio - Concentração de terra na mão de poucos custa caro ao brasil. Repórter Brasil, 2006. Disponível em: 
https://reporterbrasil.org.br/2006/07/especial-latifundio-concentracao-de-terra-na-mao-de-poucos-custa-caro-ao-brasil/. Acesso em 09 de novembro de 2021.

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