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MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS E O TRABALHADOR PORTUÁRIO Aurea Braz Rodrigues Acadêmica de Direito da Faculdade Multivix de Vitória; Estagiária da Caixa Econômica Federal. Técnica em Portos pelo Instituto Federal do Espírito Santo - IFES. Com orientação de Ricardo Matos de Souza Doutor em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória e Mestre em Sociologia Política pela Universidade de Vila Velha; Professor e Coordenador do Curso de Direito da Faculdade Multivix Vitória. 2021 1. INTRODUÇÃO Ao realizar uma breve visita aos tempos coloniais brasileiros, torna-se de fácil percepção a importância do modal marítimo em nossa história. Entendido como um dos mais relevantes setores da economia, o Sistema Portuário Brasileiro tem suas origens no início da colonização, ao passo que aqui aportaram muitas expedições em busca de riquezas naturais. Além disso, com o passar dos anos, a relevância só aumentou, posto que o transporte marítimo era o único meio de transporte possível para estabelecer relações comerciais e assegurar que os produtos da colônia alcançassem as terras portuguesas. Diante do consumo de massa e da crescente demanda mundial por uma produção a cada vez mais globalizada, surgem novos desafios aos portos mundiais, seja para escoar sua produção interna ou para movimentar com eficiência a carga de terceiros. Impulsionados pelas novas legislações, o desenvolvimento tecnológico e o crescente investimento na área portuária refletiram positivamente no que diz respeito à lucratividade, porém, influenciaram diretamente de maneira negativa em diversos aspectos da vida do trabalhador portuário. Conforme dito, para além dos aspectos positivos, tem sido comum a busca por produtividade em desfavor de um ambiente laboral digno ao trabalhador portuário. As privatizações norteadas pelas novas legislações têm sido o fator principal dessa nova realidade. O presente trabalho cientifico pretendeu analisar as repercussões provenientes da LEI Nº 12.815/2013 para o trabalhador portuário. Em seus objetivos específicos estiveram a contextualização do trabalho portuário no Brasil, percebendo os reflexos da Lei de Modernização dos Portos (LEI Nº 8.630/1993); o estabelecimento de um paralelo entre a LEI Nº 8.630/1993 e a LEI Nº 12.815/2013; a evidenciação dos impactos positivos e negativos proporcionados pela LEI Nº 12.815/2013; demonstrar, com base na LEI Nº 12.815/2013, as repercussões experimentadas pelos trabalhadores portuários. Perante as análises propostas, torna-se possível notar que os trabalhadores portuários sofreram mudanças abruptas em sua autonomia de trabalho, bem como na segurança de seu ambiente laboral. 1.1 JUSTIFICATIVA Modernização dos portos e a precarização de uma profissão: quais foram as repercussões provenientes da Lei nº 12.815/2013 para o trabalhador portuário? A análise em tela é de grande relevância para a percepção das repercussões oriundas da Lei nº 12.815/2013 para o trabalhador portuário. Por intermédio das reflexões trazidas por estudiosos e pesquisadores, os quais se debruçaram em reunir evidências que sustentam e oportunizam a demonstração acerca de algumas das principais transformações vivenciadas no cotidiano da operação portuária, bem como compreender os impactos exercidos sobre os trabalhadores dessa área. 1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA Modernização dos portos e a precarização de uma profissão: quais foram as repercussões provenientes da lei nº 12.815/2013 para o trabalhador portuário? 1.3 PROBLEMA DA PESQUISA Com a inserção da Lei nº 12.815/2013, surgiram repercussões negativas para o cotidiano do trabalhador portuário, tanto em portos privados quanto públicos. Sob o prisma da supracitada lei, a qual impulsionou profundas mudanças nas rotinas de trabalho portuário, a iniciativa de pesquisa ambiciona analisar as condições de trabalho, bem como elencar os relevantes riscos à saúde de operadores portuários. Em que medida a inserção da supramencionada norma foi capaz de alterar as condições de trabalho, bem como contribuir para a vulnerabilidade dos operadores portuários? 1.4 OBJETIVOS 1.4.1 Objetivo Geral Analisar as repercussões provenientes da LEI Nº 12.815/2013 para o trabalhador portuário. 1.4.2 Objetivos Específicos - Contextualizar o trabalho portuário no Brasil: Antes e depois da Lei de Modernização dos Portos (LEI Nº 8.630/1993) / Estabelecer paralelo entre a LEI Nº 8.630/1993 e a LEI Nº 12.815/2013; - Evidenciar os impactos positivos e negativos proporcionados pela LEI Nº 12.815/2013; - Demonstrar, com base na LEI Nº 12.815/2013, as repercussões experimentadas pelos trabalhadores portuários. 2. HIPÓTESES Tomando por base as alterações inseridas pela Lei nº 12.815/2013, o referido estudo indica, enquanto hipótese, o fato de que a promulgação da referida norma foi desfavorável ao trabalhador portuário, tendo em vista que flexibilizou muitos de seus direitos. 3. METOLOGIA A presente produção científica será construída a partir do método indutivo, posto que a pesquisa ambiciona chegar a uma conclusão previamente estabelecida, partindo de um determinado ponto, a observação. A teoria nela descrita resultará de premissas verdadeiras para alcançar conclusões que podem ou não serem confirmadas. Assim sendo, o método indutivo possibilita uma espécie de “antropofagia”, ao passo que soma novos conceitos às informações constituídas anteriormente. 4. EMBASAMENTO TEÓRICO 4.1. BREVE HISTÓRICO DA ATIVIDADE PORTUÁRIA BRASILEIRA 4.1.1. Séculos XIX e XX Considerado como um dos primeiros setores de grande relevância para a economia brasileira, o Sistema Portuário Brasileiro é oriundo do início da colonização, tendo em vista que o transporte marítimo era o único modal existente para estabelecer relações comerciais e, sobretudo, para garantir que os produtos advindos da colônia chegassem a Portugal. (FAUSTO, 2011) O papel do Reio Dom João VI foi crucial para o desenvolvimento portuário, tendo em vista que, com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, o ano de 1808 fora marcado pela decisão do monarca pela abertura dos portos brasileiros às nações amigas. Enquanto colônia portuguesa, o Brasil apenas estabelecia relações comerciais com Portugal, as quais, de acordo com Hipólito da Costa1, restringiam-se aos Portos de Lisboa e Porto. A supracitada abertura foi de grande relevância, ao passo que inseriu o país no contexto econômico mundial. (KAPPEL, 2019) No ano de 1846, Visconde de Mauá, patrono da Marinha Mercante brasileira, fundou a Companhia de Estabelecimento da Ponta de Areia, a qual viabilizava e trazia melhorias para a logística de navegação marítima internacional e, principalmente, impulsionava o transporte de cabotagem, ou seja, aquele que ocorre ao longo da costa brasileira. Esse investimento começou a intermediar a abertura para que a iniciativa privada pudesse também explorar a atividade portuária. O início dos anos de 1930, diante das transformações trazidas pelo Estado Novo e perante o entendimento de que a atividade portuária era fundamental para o crescimento do país, a detenção do total controle dos portos se tornou anseio importante do Estado. Alguns decretos foram publicados a fim de assegurar dominação. Ao longo do supracitado século, a gestão e exploração dos portos foram bastante discutidas; muitas legislações passaram a existir a fim de regulamentar as atividades, bem como de formalizar o domínio desses espaços. Houve incentivo para a constituição de empresas que pudessem administrar as atividades executadas nos portos. Nesse contexto, nascem as Companhias de Docas do Brasil. 1 Hipólito da Costa: patrono da imprensa e dos estudiososda realidade brasileira. (Academia Brasileira de Letras). As Companhias de Docas do Brasil são as Autoridades Portuárias brasileiras, ou seja, entidades responsáveis por gerir os portos de sua localidade, bem como supervisionar todas as atividades referentes ao uso e operação dos portos. Na década de 90, era bastante latente e preocupante a ausência de investimentos para o setor portuário. O cenário brasileiro era instabilidade política, tendo em vista que nesse contexto ocorreu o impeachment do então presidente Collor. Infelizmente, os recursos não chegavam. Os equipamentos portuários – tanto de embarque quanto da retro área portuária – estavam sucateados, além existir uma costa pouco aproveitada. O novo presidente, Itamar Franco, debruçou-se em discutir e propor uma nova lei que alcançasse positivamente as carências dos portos brasileiros. Nesse sentido, conseguiu aprovar a Lei nº 8.630 de 1993, a qual representou o primeiro marco na legislação portuária brasileira. 4.2. LEI DE MODERNIZAÇÃO DOS PORTOS (LEI Nº 8.630/1993) Uma importante evolução se deu no Sistema Portuário Brasileiro nas últimas décadas por intermédio de uma completa reorganização da gestão portuária nacional. Desde o início dos anos 90, com a nova estruturação do setor portuário, o Brasil tem evidenciado a busca por potencializar a operação portuária, bem como por torná- la mais competitiva, tendo em vista que a costa brasileira é um ponto logístico estratégico para a navegação mundial. Com o advento da Lei de Modernização dos Portos, implementada no ano de 1993, o país viu seus portos se modernizarem em vários aspectos da atividade portuária, principalmente em sua estrutura, procedimentos de operação e administração. A distribuição dos papéis nos portos brasileiros também foi alterada. A responsabilidade do governo brasileiro passou ser restrita em realizar investimentos e administrar os Portos Organizados por meio de dois novos atores: o Conselho de Autoridade Portuária (CAP) e a Autoridade Portuária (AP), sendo o primeiro hierarquicamente superior ao segundo. Tendo em vista que o CAP fora constituído por quatro blocos, sabe-se que cada bloco diz respeito a um seguimento, são eles: os usuários, os trabalhadores, os operadores portuários e o poder público. Apesar de representarem interesses distintos, cabe ao poder público interferir como defensor do interesse público. É de extrema importância dispor que nos terminais privados não há CAP (PIERDOMENICO, 2020). Nesse sentido, com as concessões, a iniciativa privada passa a se responsabilizar tanto pela atividade/operação, quanto por assegurar investimentos estruturais e de gestão, bem como por promover o melhor aproveitamento dos portos e induzir a alta na produtividade. Além do afirmado, a supracitada lei também objetivou assegurar a exploração de terminais de uso privados por terceiros, tendo em vista que, antes, estavam limitados à movimentação de cargas próprias (GOLDBERG, 2009). Também chamada de Lei dos Portos ou Lei de Modernização dos Portos, a referida lei trouxe uma nova abordagem à atividade portuária brasileira, no sentido de que possibilitou a existência de órgãos que passariam a dar suporte ao setor. Ambicionou melhorar a produtividade, reduzir a burocracia e ausência de investimentos, além impulsionar privatizações no setor portuário, através de arrendamentos. A fim de melhor estruturar o setor portuário, a Lei dos Portos iluminou e conceituou termos fundamentais. Em seu Art. 1º, dispondo: I - Porto Organizado: o construído e aparelhado para atender às necessidades da navegação, da movimentação de passageiros ou da movimentação e armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela União, cujo tráfego e operações portuárias estejam sob a jurisdição de uma autoridade portuária; II - Operação portuária: a de movimentação e armazenagem de mercadorias destinadas ou provenientes de transporte aquaviário, realizada no porto organizado por operadores portuários; III - Operador portuário: a pessoa jurídica pré-qualificada para a execução de operação portuária na área do porto organizado; IV - Área do porto organizado: a compreendida pelas instalações portuárias, quais sejam, ancoradouros, docas, cais, pontes e piers de atracação e acostagem, terrenos, armazéns, edificações e vias de circulação interna, bem como pela infra-estrutura de proteção e acesso aquaviário ao porto, tais como guias-correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de evolução e áreas de fundeio que devam ser mantidas pela Administração do Porto, referida na Seção II do Capítulo VI desta Lei. V - Instalação Portuária de Uso Privativo: a explorada por pessoa jurídica de direito público ou privado, dentro ou fora da área do porto, utilizada na movimentação de passageiros ou na movimentação ou armazenagem de mercadorias, destinados ou provenientes de transporte aquaviário. (BRASIL, 1993) Além de impulsionar a criação de outras normas que buscaram disciplinar os trabalhos nos portos, a área trabalhista também sentiu os impactos diretos das inovações advindas da Lei Nº 8.630/1993, como já mencionado, fora criado o OGMO – Órgão Gestor de Mão de Obra (OLIVEIRA e FERNANDES), o qual passou a ser responsável por gerir a mão de obra do trabalhador portuário e do trabalhador avulso nos portos organizados. O Art. 26 da referida lei esclarece que: Art. 26. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício a prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos. (LEI Nº 8.630/1993) Conforme disposto, o Art. 26 distingue duas maneiras de trabalho portuário, sendo: O trabalho portuário avulso e o trabalho portuário com vínculo empregatício. Anteriormente a essa lei, não era oportunizada existência de vínculo empregatício ao trabalhador portuário (com exceção da capatazia). Então, tem-se uma mesma expressão “trabalhador portuário” para fazer menção aquele que simplesmente trabalha nos portos, bem como ao que possui registro no OGMO e tem sua mão de obra cedida – permanentemente e com vínculo empregatício indeterminado – ao operador portuário. Já o trabalhador portuário avulso (TPA) é entendido como aquele que está inscrito no OGMO e que labora no porto organizado, porém, não possui vínculo de emprego e atende a mais de um tomador de mão-de-obra. Cabe salientar que Lei de Modernização dos Portos trouxe importantes mudanças para a operação e desenvolvimento dos portos brasileiros. Entretanto, ainda que sendo mais precisa acerca do trabalho desempenhado nos portos, ainda existia uma lacuna considerável de legislação trabalhista específica. 4.3. IMPACTOS DA LEI Nº 12.815/2013 NO SETOR PORTUÁRIO Muito esperada pelo setor portuário, a Lei Nº 12.815/2013, ou Nova Lei dos Portos, intensificou ainda mais o desenvolvimento da atividade portuária. Estabeleceu novas regras para o uso e para a concessão para a iniciativa privada, no que tange à operação de cargas nos portos, além de novas medidas que facilitam o estabelecimento de Terminais de Uso Privado (TUPs) (BRITO ET AL., 2015). Essa nova legislação objetiva aumentar, modernizar e aperfeiçoar a infraestrutura e os serviços portuários brasileiro (REGO, 2014). A lei em tela é de grande importância para posicionar o Brasil no seguimento logístico internacional, posto que, ao tornar seus portos mais produtivos, o país passa a ter competitividade no cenário mundial. Com seu posicionamento privilegiado e por possui uma vasta costa, dispõe de grande capacidade de escoamento de seus produtos, bem como de ser parceiro na logístico para outros países em seus mais diversos produtos. A busca por produtividade tem sido palavra de ordem nos portos brasileiros. A cadavez mais, busca-se movimentar mais cargas no menor tempo e custo possível. Para além dos portos que operam carga geral, o país conta com portos especializados, a exemplo do Porto de Tubarão, o qual conta com a descarga de minério mais eficiente do mundo. Muitos países já percebem o setor portuário como uma aposta vantajosa, principalmente, depois da inovação legislativa voltada para a exploração da área. Por motivos inevitáveis, também ocorreram muitas mudanças para os trabalhadores portuários com vigência dessa lei. Sendo uma das mais importantes o reconhecimento dos trabalhadores portuários como categoria diferenciada. A lei anterior, a conhecida Lei de Modernização dos Portos (Lei nº 8.630/93), afirmava: Art. 56. É facultado aos titulares de instalações portuárias de uso privativo a contratação de trabalhadores a prazo indeterminado, observado o disposto no contrato, convenção ou acordo coletivo de trabalho das respectivas categorias econômicas preponderantes. Já a Nova Lei de Modernização dos Portos prevê em seu artigo 40: Art. 40. O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício por prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos. (...) § 4o As categorias previstas no caput constituem categorias profissionais diferenciadas. Entretanto, tal reconhecimento confrontou com a Convenção 137 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a qual indica como importante a busca pela unificação profissional. 4.4. LEI Nº 12.815/2013 E A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO PORTUÁRIO Muitas foram as inovações impulsionadas pela Lei Nº 12.815/2013. As transformações propostas impactaram diretamente as zonas de hinterlândia – áreas que envolvem o porto e que estabelecem algum tipo de relação (comercial ou não), como as comunidades próximas, ao passo que, à medida em que os portos se desenvolvem, as regiões próximas também usufruem desse crescimento. Com o advento da presente lei, o país passou a atrair a atenção do mundo para a eficiência de seus portos e posicionamento logístico estratégico. Para além de todo o “deslumbre e frescor” trazido pela Nova Lei dos Portos, as condições do trabalho portuário também sofreram importantes reflexos. E nem todos foram positivos. A nova estruturação da produção exigida pela lei culminou num grande número de privatizações e investimentos em tecnologia a fim de aumentar a eficiência portuária. Com foco na qualidade da execução dos serviços e na redução de custos, as chamadas prestadoras e operadoras (empresas especializadas em logística portuária) admitiram um entendimento de que quanto mais a movimentação de cargas ocorrer por intermédio de equipamentos, menor será o custo com a mão de obra humana, tornando o processo menos custoso (TORRES, 2008) e menos passível de perdas. A substituição da mão de obra pela automatização do processo, obviamente, reduziu os postos de trabalho, reduziu a gama de funções na operação portuária, exigiu que o trabalhador se adaptasse a realização de múltiplas tarefas, aumentou a duração da jornada, acelerou o ritmo de trabalho, além aumentar o nível de cobrança, estipulando metas diárias altas. Percebe-se que há uma supervalorização da técnica em detrimento da desumanização do trabalho. Os trabalhadores portuários passaram a ser mais expostos a riscos, tendo em vista a complexidade das novas formas operação. Não restam dúvidas de que pela ótica desses trabalhadores ocorreram significativas perdas em sua rotina, posto que perderam parte da liberdade natural de sua profissão. Como todo processo de automatização, não seria diferente para o setor portuário: A tecnologia “engoliu” mais uma profissão. Outro aspecto importante a ser apresentado é a escassez de oportunidade de trabalho. Obviamente, a tecnologia concede as ferramentas e potencializa esse processo, todavia, ressalta-se que o principal motivo das dificuldades experimentadas pelos trabalhadores portuários são as privatizações, ao passo que, com elas chega toda essa busca desenfreada por resultados. No pertine aos acidentes de trabalho, a alta gestão tende a ter uma visão distorcida acerca deles. Facilmente, as motivações são atreladas aos trabalhadores, vinculando os fatos a falha humana, excesso de confiança, negligência, não cumprimento das regras de segurança e ato inseguro. Porém, como afirmado no início, essa visão é distorcida, tendo em vista que tende a não considera indicadores relevantes como o excesso de sobrecarga, intensa cobrança por produtividade, exaustão, e etc., e nem analisa sistematicamente as condições ambientais que favoreceram o acidente (JACKSON-FILHO, VILELA, GARCIA, & ALMEIDA, 2013; VILELA, IGUTI, & ALMEIDA, 2004). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS É perceptível que o contexto global de consumo, bem como a demanda comercial mundial influenciam positiva e negativamente a competição entre as economias. Conforme observado na construção teórica apresentada, o investimento tecnológico para a operação portuária surtiu efeitos bastante desejados, como o melhor escoamento da produção interna, o aumento da busca pelos portos brasileiros como pontos logísticos estratégicos para o comércio internacional. Porém, para além dos aspectos positivos, tem-se visto uma série de atos que apenas ambicionam o lucro, ou seja, a prevalência do capital sobre limitação humana. As referidas mudanças também se desdobram na realidade laboral do portuário, pois ocorreram várias flexibilizações nas relações de trabalho (por efeito das privatizações) sem que exista, proporcionalmente, a proteção dos direitos dos trabalhadores. A redução de pessoas nas equipes e a pressão diária por produtividade resultam no aumento significativo de acidentes de trabalho. De mãos dadas com Gomes e Junqueira (2008), a decisão de dar mais valor à técnica do que às condições de trabalho não é novidade nos portos. 6. CRONOGRAMA ATIVIDADE Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Levantamento das bibliografias x x x Leituras das bibliografias x x x Redação do 1o capítulo x Entrega do 1º capítulo ao orientador x Redação do 2o capítulo x Redação do 3o capítulo x x Entrega dos capítulos 2 e 3 ao orientador x Revisão dos capítulos 1, 2 e 3 x x Entrega dos capítulos 1,2 e 3 para o orientador x Redação da introdução e conclusão x x Entrega final para o orientador x Depósito do Projeto x 7. REFERÊNCIAS - FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. 2 ed. São Paulo: Edusp, 2011. - GOLDBERG, David J. K. Regulação do Setor Portuário no Brasil: Análise do Novo Modelo de Concessão e Portos Organizados, 2009. - KAPPEL, Raimundo F. Portos Brasileiros Novo Desafio para a Sociedade. Disponível em:<http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/CONF_SIMP/textos/raimundoka ppe>. Acesso em: 05 de abril de 2021. - PIERDOMENICO, Fabrizio. Audiência Pública Senado Federal Comissão de Agricultura e Reforma Agrária Comissão de Serviços de Infraestrutura. 2010. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/comissoes/ci/ap/AP20100629_Fabrizio_Pierdomenico.pdf >. Acesso em: 10 de abril 2021. - BRASIL, Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei n° 8.630, de 25 fevereiro de 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8630.htm>. Acesso em: 28 de março de 2021. - FERNANDES, B, C, A & OLIVEIRA, M, M, F. A Nova Lei dos Portos: Uma busca por capacidade e eficiência no comércio exterior brasileiro. In: Anais 2013. Congresso de Iniciação Cientifica do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Rio Grandedo Norte. - BRITTO, P. A. P. D., LUCAS, V. M., COUTINHO, P. C., CARVALHO, A. X. Y. D., OLIVEIRA, A. L. R. D., LUSTOSA, P. R. B., ... & FONSECA, A. P. (2015). Promoção da concorrência no setor portuário: Uma análise a partir dos modelos mundiais e aplicação ao caso brasileiro. Revista de Administração Pública, 49(1), 47-72. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/0034-76121690>. Acesso em: 14 de abril de 2021. - TORRES, L. F. R. (2008). Um estudo analítico da supervia eletrônica de dados: Um modelo de gestão eletrônica para os portos brasileiros (Dissertação de mestrado). Recuperado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3143/tde-02042008- 101200/en.php. - GOMES, J. C., & JUNQUEIRA, L. A. P. (2008). Cultura e transformação do trabalho no porto de Santos. Revista de Administração Pública, 42(6),1095-1119. - JACKSON-FILHO, J. M., VILELA, R. A. G., GARCIA, E. G., & ALMEID A, I. M. (2013). Sobre a “aceitabilidade social” dos acidentes do trabalho e o inaceitável conceito de ato inseguro. Editorial. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 38(127), 6-8. doi:10.1590/S0303-76572013000200019. - REGO, C, E, R, F. O novo marco regulatório do setor portuário brasileiro: os diferentes instrumentos jurídicos de transferências da atividade portuária e iniciativa privada. Direito e Democracia, v.a5, n.2, 2014. Disponível em: <http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/direito/article/view/1354/1037>. Acesso em: 02 de abril de 2021. - BRASIL. Lei nº 12.815/13, de 5 de junho de 2013. Dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas. Presidência da República Casa Civil, Brasília, DF. - CARVALHO, F. E. Trabalho portuário e nova lei dos portos. Revista Jus Navigandi. Teresina, ano 18, n. 3712, 30 ago.2013. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/25182>. Acesso em: 22 de abril de 2021. - ARAUJO, F, C, B. Sistema Portuário Brasileiro: Evolução e Desafios. 2013. 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