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Exames laboratoriais em reumatologia

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Envelhecimento e doenças do tecido conectivo Mayra Cleres de Souza, UFR
Exames laboratoriais em reumatologia
Exames complementares, autoanticorpos
Introdução
Os autoanticorpos são biomarcadores importantes para o diagnóstico de várias doenças autoimunes dentro e fora do âmbito reumatológico. Além da conotação diagnóstica, alguns autoanticorpos auxiliam também na definição prognóstica, subfenotipagem e monitoramento de atividade de doenças autoimunes.
Plataformas metodológicas
Imunofluorescência indireta (ifi)
Pode-se afirmar se há reatividade contra o autoantígeno em questão (positivo ou negativo), avaliar a intensidade da reatividade e determinar o padrão de distribuição morfológica do autoantígeno reconhecido (padrão de imunofluorescência). 
Testes específicos para pesquisa de autoanticorpos individuais
Na artrite reumatoide (AR), são de grande relevância o fator reumatoide e os anticorpos contra peptídeos citrulinados (ACPA). O fator reumatoide ocorre em 70 a 80% dos pacientes com AR, mas também ocorre em uma grande variedade de enfermidades autoimunes e não autoimunes, portanto tem especificidade clínica limitada, especialmente quando em baixos títulos. O outro importante sistema é o ACPA, cujos anticorpos reconhecem sequências peptídicas que tenham um aminoácido citrulina. ACPA são encontrados em 70-75% dos pacientes reumatoides e em baixa frequência em algumas outras condições clínicas, conferindo maior especificidade para o diagnóstico de AR. 
Os anticorpos anti-tRNA sintetase associam-se fortemente à síndrome antissintetase, enquanto o anticorpo anti-MDS-5 associa-se às formas amiopáticas da dermatomiosite. A ocorrência de câncer está associada aos anticorpos anti-TIF1γ e anti-NXP-2. Já os anticorpos anti-Mi-2 associam-se a dermatomiosite responsiva à terapêutica e com ausência de comprometimento pulmonar e neoplasias. Anticorpos anti-SRP (signal recognition particle) e anti-HMGCR (3-hydroxy-3methylglutaryl coenzyme A reductase) estão associados a formas miopáticas necrotizantes graves e com pouco infiltrado inflamatório. Anticorpos anti-cN1A estão associados a miosite por corpos de inclusão. Anticorpos associados, mas não específicos de MII, incluem o anti-PM/Scl, anti-Ku, anti-U1-RNP e anti-Ro52/TRIM21. 
Na esclerose sistêmica (ES), os autoanticorpos tradicionais são o anticentrômero e o anti-DNA topoisomerase 1 (Scl-70). Anticentrômero associa-se às formas limitadas da doença e também é observado na colangite biliar primária e na síndrome de Sjögren. Anti-Scl-70 é altamente específico e associa-se às formas difusas da doença. Anticorpos antifibrilarina ocorrem em formas difusas e com grave visceralização, enquanto os anticorpos anti-To/Th tendem a ocorrer em formas mais brandas. Os anticorpos anti-RNA polimerase I e anti-NOR-90 (nucleolar organizing region) estão associados à ES, porém sua especificidade clínica não está inteiramente definida. Anticorpos associados, mas não específicos de ES, incluem o anti-U1-RNP, anti-SS-A/Ro e fator reumatoide.
O LES é talvez a enfermidade com o maior número de autoanticorpos descritos. Também é aquela em que se observa a maior variedade de autoanticorpos em um mesmo paciente. Anti-DNA nativo e antinucleossomo são anticorpos específicos cujos níveis séricos tendem a se relacionar à atividade da doença. Os anticorpos antinucleossomo frequentemente precedem os anticorpos anti-DNA e têm a mesma especificidade diagnóstica.
A síndrome de Sjögren apresenta uma diversidade de autoanticorpos, porém nenhum autoanticorpo específico para essa síndrome está disponível em laboratórios clínicos. No entanto, os anticorpos anti-SS-A/Ro e anti-SS-B/La fazem parte dos critérios de classificação. 
Líquido sinovial
O fluido sinovial ou líquido sinovial (LS) normal é um transudato de plasma, acrescido de sacarídeos de alto peso molecular (destacando-se os hialuronatos), produzidos pelos sinoviócitos do tipo B. A análise do LS é útil na determinação da causa da artrite, em especial da artrite séptica e na artrite induzida por cristal. Citologia (total e diferencial), bacterioscopia (Gram) e cultura, além da pesquisa de cristal usando microscopia de luz polarizada, são particularmente úteis na definição da etiologia da artrite.
Características macroscópicas como volume, transparência, coloração e viscosidade do LS devem ser valorizadas:
Volume: o volume do LS no joelho é < 3,5 mL.
Transparência: líquidos mais opacos devem-se à presença de quantidade aumentada de células nucleadas (leucócitos) ou hemácias.
Cor: o LS normal é incolor. Aumento na quantidade de plasma e células nucleadas tornam o LS amarelo ou amarelo-esverdeado, encontrado nos quadros inflamatórios e/ou sépticos.
Viscosidade: o LS normal é viscoso, portanto, capaz de produzir um efeito do tipo “liga”. Líquidos inflamatórios, devido à presença de enzimas proteolíticas, possuem baixa viscosidade. Por outro lado, LS purulento (séptico) pode também ser viscoso.
O fluido sinovial normal é praticamente acelular. LS com < 2.000 leucócitos/mm3 são encontrados em desordens primariamente não inflamatórias, como osteoartrite, necrose avascular, artropatia de Charcot, hemocromatose e trauma.
Reagentes de fase aguda
A VHS é a medida de inflamação mais usada na prática clínica e depende de várias características físicas e químicas do sangue, muitas delas não relacionadas à inflamação. A VHS apresenta uma alta sensibilidade para processo inflamatório, porém uma baixa especificidade. Ela aumenta com a idade e varia com a raça, o que torna essa avaliação não exata. A despeito disso, a VHS permanece um método fácil, de baixo custo e, por isso, tem um importante papel na prática clínica.
A PCR é uma proteína de fase aguda cuja concentração sérica reflete uma inflamação em andamento. Diferenças populacionais nos níveis de PCR foram observadas entre os sexos e grupos raciais. A PCR é um pouco maior nas mulheres. A elevação de PCR em idosos pode representar desordens relacionadas à idade, cuja patogênese envolva inflamação de baixo grau, e isso é um complicador para a definição de níveis normais para essa faixa etária.
Referências
· Shinjo S K, Moreira C. Livro da Sociedade Brasileira de Reumatologia 2a ed.. 2020;

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