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Resumo Medicalização da Educação

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medicalização da educação
Texto: COLLARES, C. A. L; MOYSES, MOYSES, M. A. A. Transformação do Espaço Pedagógico em Espaço Clínico (A
Patologização da Educação). In Cultura e Saúde na Escola. São Paulo: 
 Antes de falarmos sobre a medicalização da
educação, precisamos falar do processo de
Judicialização da educação. A judicialização
ocorre quando os conflitos educacionais que
acontecem na escola são mediados pela justiça; as
causas desse processo são as fragilidades no
diálogo dentro da escola, entre equipe gestora,
professores, alunos e suas famílias. 
 A alternativa para esse problema é que gestores
escolares conheçam a legislação e promovam a
formação de seu quadro docente a respeito do
assunto, objetivando que o ensino democrático
deve ser parte do projeto pedagógico.
 Medicalização
 O termo medicalização refere-se ao processo de
transformar questões não-médicas,
eminentemente de origem social e política, em
questões médicas, isto é, tentar encontrar no
campo médico as causas e soluções para
problemas dessa natureza.
 A medicalização ocorre segundo uma concepção
de ciência médica que discute o processo saúde-
doença como centrado no indivíduo, privilegiando
a abordagem biológica, organicista.
 É um processo por meio do qual as questões da
vida social – complexas, multifatoriais e marcadas
pela cultura e pelo tempo histórico – são reduzidas
a um tipo de racionalidade que vincula
artificialmente a dificuldade de adaptação às
normas sociais a determinismos orgânicos, que se
expressariam no adoecimento do indivíduo.
 Esse processo de medicalização ocorre em
escala crescente nas sociedades ocidentais e, na
maior parte das vezes, representa a pura
biologização de conflitos sociais. Como elemento
final comum recorre-se ao reducionismo biológico
, segundo o qual a situação de vida e o destino de
indivíduos e grupos poderiam ser explicados por -
e reduzidos a - características individuais. 
 Por essa visão de mundo, as circunstâncias
sociais, econômicas, históricas teriam mínima
influência sobre a vida das pessoas; daí decorre
que o indivíduo seria o maior responsável por seu
destino, por sua condição. 
 
 A biologização da sociedade só consegue se
difundir tão rapidamente, e ser tão facilmente
aceita, por trazerem si a mesma ideologia que
permeia todo o sistema de preconceitos que
opera na vida cotidiana de cada homem. 
 Efeitos colaterais da medicalização: alucinação,
depressão, náuseas, taquicardia, dependência
química e ideação suicida. 
 
 Medicalização na educação
 A Educação, assim como todas as áreas sociais,
vem sendo medicalizada em grande velocidade,
destacando-se o fracasso escolar. A aprendizagem
e a não-aprendizagem sempre são relatadas como
algo individual, inerente ao aluno, um elemento
meio mágico, ao qual o professor não tem acesso -
portanto, também não tem responsabilidade.
Aparentemente, o processo ensino-aprendizagem
iria muito bem, não fossem os problemas
existentes nos que aprendem. 
 Até alguns anos atrás, a biologização da
Educação era feita basicamente pela ciência
médica. Dessa circunstância advém o termo
medicalização para nomear essa prática.
 Entretanto, mais recentemente, com a
criação/ampliação de campos do conhecimento,
novas áreas, estão envolvidas nesse processo: são
psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros,
psicopedagogos que se vêm aliar aos médicos em
sua prática biologizante. Daí a substituição do
termo medicalização por um outro mais
abrangente - patologização -, uma vez que o
fenômeno se tem ampliado, fugindo dos limites da
prática médica. 
 
 O fracasso escolar seria o
resultado da existência de
disfunções neurológicas, incluindo-
se aqui a hiperatividade, a
disfunção cerebral mínima, os
distúrbios de aprendizagem, a
dislexia . 
Dislexia: falta de reconhecimento preciso e
fluente da língua/palavra; incapacidade de
decodificação.
TDHA: sintomas de desatenção, inquietude e
impulsividade; tem origem biológica. Há
evidencia de que a orientação aos pais tem
mais eficácia do que o uso de medicamentos. 
TOD: comportamento negativista,
desobediente, hostil. 
 A principal característica da medicalização da
educação é o ato índice de encaminhamentos de
crianças com queixas escolares. O aluno recebe
um diagnóstico que muitas vezes dentro da escola
serve de rótulo e não auxilia na superação das
dificuldades encontradas pelo aluno e também
pelo professor na sala de aula. 
 Nada mais é do que uma ideologia privilegiada de
explicação do fracasso escolar de um número
considerável de usuários da escola é precisamente
a patologização destes - ideologia porque localiza
no indivíduo a dificuldade que lhe é praticamente
imposta por uma política educacional que insiste
em não vê-lo como cidadão.
 O fracasso escolar seria resultado da existência
de disfunções neurológicas, como:
 Os pais das crianças reagem a seus resultados
como se a uma fatalidade. Para os professores,
representa um desviador de responsabilidades -
"Eu faço o que posso, mas eles não aprendem:'. A
instituição escolar, parte integrante do sistema
sociopolítico, legitima suas ações e suas não-ações,
pois o problema decorreria de doenças que
impedem a criança de aprender. 
 Projetos de lei
PL 321/2004 - Dispõe sobre a criação do
Programa Estadual para Identificação e
Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de
Educação.
PL 512/ 2005 - Dispõe sobre a criação do
programa integrado de saúde e higiene nas
escolas da rede estadual de educação, ensino
fundamental e médio e dá outras providências.
PL 172/2005 - Cria programa de
acompanhamento para alunos do ensino
fundamental da rede pública, com TDAH e com
transtorno no déficit de atenção sem
hiperatividade TDA, no Estado de São Paulo.
Esfera macro: 
 
Boletins; 
Invasão do discurso do especialista;
Individualização da queixa e encaminhamentos
Esfera micro: 
 
 A psicologia escolar entra aqui com o
compromisso com a luta por uma escola
democrática e com qualidade social. A psicologia
histórico cultural pressupõe a analise do processo
e não somente do produto, bem como dos
fenômenos em sua multideterminação. 
 São necessárias rodas de conversa com os
professores e equipe gestora para problematizar o
cotidiano escolar e construir estratégias para
superação da queixa. 
 É importante ouvir as percepções que as crianças
e os adolescentes têm sobre os espaços escolares
e incorporar tais ideias na construção de projetos.
 Devemos compreender que o processo de
aprendizado não ocorre apenas na sala de aula,
mas também nos espaços externos da escola. É
requalificar as rotinas escolares, criando um
equilíbrio entre as atividades dirigidas e o brincar
livre, de forma a possibilitar aos alunos
oportunidades de estar ao ar livre.

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