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TESTAMENTO AERONÁUTICO O testamento é ato jurídico solene pelo qual o homem, ao longo da história, distribui seus bens para depois de sua morte. O artigo 1.857 do Código Civil dispõe acerca da capacidade para testar, prescrevendo que: “toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.” A abrangência do instituto é manifesta, havendo incapacidade para testar somente para os menores de 16 anos, os portadores de enfermidade mental e os impossibilitados de exprimirem sua vontade. Carlos Maximiliano (1943) nos ensina que: “Testamento é um ato unilateral, de última vontade, gratuito e solene, contendo disposições patrimoniais ou providências de caráter pessoal ou familiar, exequíveis depois da morte do prolator.” Assim, é o escopo do presente estudo analisar os requisitos e elementos necessários à elaboração e validade de testamento em uma das suas formas especiais, no caso, o aeronáutico. O Testamento Aeronáutico consiste em fazer o testamento a bordo de uma aeronave militar ou comercial. O testamento aeronáutico é mais uma forma brasileira de testar, pois teve sua origem em nosso ordenamento jurídico. É preceituado no art. 1.889 do Código Civil de 2002, é a declaração de última vontade da pessoa que se encontrava no interior de uma aeronave em trânsito, o qual será lavrado pelo comandante da aeronave e deixado em sua cabine. “Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antecedente”. COMO É FEITO? O testamento aeronáutico deve ser feito pelo testador, na presença de duas testemunhas e seguir as mesmas formalidades para a forma pública ou cerrada. O testador tem que estar em viagem para sua realização, como também precisa necessariamente ser figura integrante da aeronave (passageiro). Caso a aeronave pouse em aeroportos, faz-se necessário o uso do testamento na forma ordinária. Exceto para casos onde o testador não puder se ausentar do local por motivos de epidemias ou moléstias graves; nesse caso, faz testamento especial (aeronáutico) mesmo estando com a aeronave parada no aeroporto. Assim que chegar ao aeroporto, o comandante deve retirar o testamento da aeronave e entregar imediatamente para autoridade competente. Isso é assim para não correr o risco de perder o testamento caso venha a acontecer algum acidente durante o percurso. Após entregar para autoridade competente, o livro de bordo passa a conter informações importantes, como para quem foi entregue o testamento. Essa modalidade testamental é utilizada para que o cidadão não morra na viagem ab intestato. VALIDADE De acordo com o Artigo 1891 do Código Civil o testamento marítimo e aeronáutico perde sua eficácia se o testador não morrer em viagem ou nos noventa dias subsequentes após seu desembarque na terra. Não deve ser confundido com escala, pois tais noventa dias representam o fim da viagem. Após o prazo de noventa dias o testamento não é mais válido, devendo o testador fazer outro testamento na forma ordinária. CONCLUSÃO Diante do que restou exposto, verificamos que a excepcionalidade do testamento aeronáutico ocorre em razão de situações de risco de vida do testador, que durante a viagem não tem condições de se apresentar a um tabelião de notas para lavrar ou aprovar sua declaração de última vontade. Dada excepcionalidade vem a privilegiar o ministério do tabelião de notas, que, é profissional do direito, ou seja, detém conhecimento jurídico necessário a formalizar a vontade do testador, ademais é agente em colaboração com o Estado e goza de fé-pública, ou seja, a presunção legal de legalidade, legitimidade e veracidade daquilo que atesta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. BRASIL, Código Civil. (2002) CHAVES, Carlos Fernando Brasil e REZENDE, Afonso Celso F. Tabelionato de Notas e o Notário Perfeito. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, volume 6: Direito das Sucessões/Maria Helena Diniz. - 27. Ed. - São Paulo: Saraiva, 2013. MAXIMILIANO, Carlos. Direito das Sucessões. Rio de Janeiro. Freitas Bastos, v.1, 1943.