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• SÃO CRIMES CONTRA A PESSOA: Crimes contra a vida Lesões corporais Periclitação da vida e da saúde Rixa Crimes contra a honra Crimes contra a liberdade individual • SÃO CRIMES CONTRA A VIDA 1. HOMICÍDIO 2. PARTICIPAÇÃO EM SUICÍDIO 3. INFANTICÍDIO 4. ABORTO FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL- O direito à vida está consagrado no art. 5º,caput, da CF/88 como direito fundamental do ser humano. O direito à vida é absoluto ou relativo? O STF em decisão afirmou que os direitos e garantias individuais não têm caráter absoluto. Ex.: O art. 5º, inc. XLVII, alínea a, da CF O art. 25 do CPB O art. 128, do CPB COMPETÊNCIA- Crimes dolosos contra a vida são julgados pelo TRIBUNAL DO JÚRI, por força do art. 5º, inc. XXXVIII, alínea “d” CF/88 e art. 74, § 1º, CPP. Procedimento bifásico – judicio causae e judicio acusationis - artigos 406 ao 497, CPP. Exceção: o homicídio culposo (art. 121, par. 3º CP – rito sumário – art. 394, par. 1º, inc. II, CPP) Ação penal é pública incondicionada. 1. HOMICÍDIO CONCEITO “Homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa” (Cleber Masson). “O núcleo matar diz respeito à ocisão da vida de um homem, por outro homem. Alguém deve ser entendido como o ser vivo, nascido de mulher” (Rogério Greco). PREVISÃO LEGAL ✓ No Código Penal: art. 121 e parágrafos CP. ✓ No Código de Trânsito Brasileiro: art. 302. ✓ No Código Penal Militar: art. 205. ✓ Na Lei de Segurança Nacional: art. 29, Lei nº 7170/83. ✓ Genocídio (crime contra a humanidade) na Lei nº 2889/56: art.1º, al. “a”. ✓ Genocídio no CPM: art. 208. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA O Homicídio é um crime: ✓ Simples ✓ Comum ✓ Material ✓ De dano ✓ Executado de forma livre ✓ Não transeunte ✓ Comissivo (regra) ou omissivo impróprio (exceção – art. 13, par.2º CP – garante – ver artigo). ✓ Instantâneo de efeitos permanentes ✓ Unissubjetivo (refere-se ao número de agentes) ✓ Plurissubsistente (refere-se ao número de atos) CARACTERÍSTICAS DO HOMICÍDIO ✓ Bem jurídico: proteção à vida humana extrauterina. ✓ Sujeitos: ativo (qualquer pessoa), passivo (qualquer pessoa). ✓ Tipo subjetivo: dolo (animus necandi ou occidendi), que pode ser direto ou eventual, ou culpa. ✓ Consumação: ocorrência da morte de pessoa. O art. 3º da Lei nº 9434/97 afirma que o momento da morte ocorre com a morte encefálica. MEIOS DE EXECUÇÃO ✓ Materiais (ex.: ferimentos com arma de fogo ou faca); ✓ Morais (ex.: morte produzida por trauma psíquico na vítima, agravando uma doença preexistente que a leva à morte, susto, medo); ✓ Diretos (tiros com arma de fogo); ✓ Indiretos (ataque de animais ou loucos). Observação ✓ Admite a tentativa (art. 14, inc. II CP), exceto o homicídio culposo. ✓ Objeto material: o ser humano. PROVAS DA MORTE ✓ Exame de corpo de delito (direto ou indireto): art. 158 CPP. OBS: 167 do CPP. ✓ Autópsia – feita pelo menos seis horas após o óbito, salvo se for evidente os sinais da morte (art. 162 CPP). ✓ Exumação: art.163 CPP (autorizada pelo delegado ou pelo juiz) ESPÉCIES DE HOMICÍDIO 1. DOLOSO ✓ SIMPLES – matar alguém (Art. 121, caput) PRIVILEGIADO (§1º) A) Relevante valor social; B) Relevante valor moral; C) Domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima ✓ QUALIFICADO (§ 2º) A) Motivo torpe ou fútil; B) Veneno, fogo, explosivo, asfixia, etc.; C) Traição, emboscada, etc.; D) Em conexão com outro crime; E) Contra mulher em razão do sexo; F) Contra agente da polícia ou cônjuge, companheiro, parente até 3º grau. 2. CULPOSO ✓ SIMPLES– (§ 3º) ✓ QUALIFICADO – (§ 4º) HOMICÍDIO SIMPLES ✓ Homicídio simples considerado hediondo: art. 1º, inc. I da Lei nº 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) – quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio. JURISPRUDÊNCIA DO STF HABEAS CORPUS Nº HC 124027 / MG - Julgamento: 16/12/2014 EMENTA HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO E OCULTAÇÃO DE CADÁVER. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO PROCESSUAL. DECISÃO FUNDAMENTADA. EXCESSO DE PRAZO. INOCORRÊNCIA. 1. As circunstâncias concretas da prática dos crimes indicam, pelo modus operandi, a periculosidade do agente e a sua pertinência a grupo de extermínio, a justificar a decretação ou a manutenção da prisão cautelar para resguardar a ordem pública, desde que igualmente presentes boas provas da materialidade e da autoria. Precedentes. 2. A razoável duração do processo não pode ser considerada de maneira isolada e descontextualizada das peculiaridades do caso concreto. Excesso de prazo não configurado na hipótese. 3. Ordem de habeas corpus denegada. JURISPRUDÊNCIA DO STJ HABEAS CORPUS Nº 436625 / PB – Julgamento: 21/06/2018 EMENTA: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. GRAVIDADE CONCRETA. MODUS OPERANDI. CARACTERÍSTICAS DE AÇÃO DE GRUPO DE EXTERMÍNIO. REITERAÇÃO DELITIVA. AUSÊNCIA DE CONTEMPORANEIDADE. FATOS NOVOS. MORTE DE TESTEMUNHAS. FATOS NOVOS. ORDEM DENEGADA. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO ✓ Previsão legal: art. 121, par. 1º CP. ✓ Redução: 1/6 a 1/3. ✓ Circunstâncias: relevante valor social (interesse coletivo) ou moral (interesse particular) ou sob o domínio da violenta emoção, logo após a injusta provocação da vítima (crime de ímpeto – reação imediata). Atenção: Emoção e a paixão não excluem a imputabilidade (art. 28, inc. I CP). ✓ Injusta provocação da vítima. Ex.: brincadeiras indesejadas e inoportunas, injúria real, flagrante de adultério, falar mal do agente etc ✓ Incomunicabilidade do privilégio - Caráter subjetivo –Art. 30 CP. ✓ Homicídio privilegiado é compatível com as qualificadoras objetivas do homicídio (art.121, par. 2º, incs. III, IV, VI e VII CP) – posição do STF e STJ. ✓ Porém é incompatível com a qualificadora objetiva quanto ao modo de execução “à traição” ou “emboscada” ( Posição de Guilherme Nucci). ✓ SURPRESA E PRIVILEGIADORA – INCOMPATIBILIDADE ? STJ RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO. INJUSTA PROVOCAÇÃO DA VÍTIMA. SURPRESA QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA. INCOMPATIBILIDADE. INEXISTÊNCIA. ILEGALIDADE FLAGRANTE. INEXISTÊNCIA. CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS DE OFÍCIO. DESCABIMENTO. Recurso especial não conhecido. STF EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSO PENAL. JÚRI. QUESITOS. OFENSA AO ART. 479 DO CPP. AUSÊNCIA DE EXPLICAÇÃO AOS JURADOS. VÍCIO NA REDAÇÃO. FALTA DE FORMULAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO JULGAMENTO. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO E QUALIFICADO. CUMPRIMENTO DA PENA EM REGIME SEMI-ABERTO. [...] 5. Coexistem em harmonia o privilégio e a qualificadora objetiva, no crime de homicídio. No caso, o Conselho de sentença admitiu a existência da privilegiadora da violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima. O quesito pertinente à forma de execução tem natureza objetiva. Através desse quesito, descobriu-se que meio utilizado para atingir a vítima foi um tiro pelas costas. Inexiste nulidade no julgamento. DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO X INFLUÊNCIA DE VIOLENTA EMOÇÃO DOMÍNIO é privilegiadora, ou seja, é causa especial de diminuição de pena – 3ª fase do critério trifásico da dosimetria da pena. Art. 121, par. 1º CP. INFLUÊNCIA é atenuante – 2ª fase do critério trifásico da dosimetria da pena. Art. 65, inc. III, al. “c” CP. Não se exige o requisito temporal “logo em seguida” HOMICÍDIO QUALIFICADO ✓ Previsão legal: art. 121, par. 2º, incisos I a VII, CP. ✓ Pena: reclusão, 12 a 30 anos. ✓ Homicídio qualificado e crimes hediondos: art. 1º, inc. I, parte final da Lei nº 8072/90. ESPÉCIES DE QUALIFICADORAS I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II – por motivo fútil; III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV – à traição, de emboscada,ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. ATENÇÃO!! ✓ As qualificadoras dos incisos I, II, VI, e VII (motivos determinantes) e V (conexão) não se comunicam aos coautores e partícipes – art. 30, CP. ✓ As qualificadoras dos incisos III e IV (modos ou meios de execução) comunicam-se aos coautores e partícipes, desde que conhecidas – art. 30, CP. Nesses incisos é possível o homicídio privilegiado-qualificado, exceto (traição e emboscada). • MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA ✓ Homicídio mercenário. ✓ A paga acontece com o recebimento anterior ao cometimento do crime. ✓ A promessa ocorre com a expectativa do recebimento da recompensa após a prática do delito. Crime bilateral (mandante e executor). • MOTIVO TORPE ✓ É o motivo vil, repugnante, abjeto, asqueroso, moralmente reprovável. ✓ Ex.: matar um parente para ficar com a herança. Questionamentos a) A vingança caracteriza automaticamente a torpeza? b) O ciúme é considerado motivo torpe? VINGANÇA: Divergências! CIÚME: Divergências! STJ AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. PRONÚNCIA. EXCLUSÃO DE QUALIFICADORA NÃO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE. NÃO CABIMENTO. VINGANÇA. QUALIFICADORA DO MOTIVO TORPE. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A decisão deve ser mantida por seus próprios fundamentos por estar em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior. 2. Na pronúncia, que não encerra juízo de procedência acerca da pretensão punitiva, somente se admite a exclusão de qualificadoras quando manifestamente improcedentes ou descabidas, sob pena de afrontar a soberania do Júri, o que não se verifica no caso concreto, mormente quando relatado na própria denúncia que o crime foi cometido por vingança, sendo considerada qualificadora do motivo torpe pela jurisprudência firme desta Corte. 3. Agravo regimental improvido. STF EMENTA: I. Pronúncia: fundamentação do acórdão que julgou o recurso em sentido estrito. O recurso em sentido estrito devolve ao Tribunal o mérito da decisão de pronúncia recorrida: por isso, o acórdão que o julga substitui a decisão de pronúncia de primeiro grau e a fundamentação dele é que há de ser considerada no habeas corpus que questiona a sua legalidade. II. Pronúncia: circunstância qualificadora do homicídio: suficiência do acertamento da plausibilidade de sua caracterização. III. Homicídio qualificado: motivo torpe, vingança e pronúncia. A vingança, por si só, não substantiva o motivo torpe; a sua afirmativa, contudo, não basta para elidir a imputação de torpeza do motivo do crime, que há de ser aferida à luz do contexto do fato. Não antecipar juízo a respeito, por entendê-lo sujeito à "análise aprofundada de toda a prova produzida", não traduz nulidade da pronúncia; na pronúncia, se a existência de crime doloso contra a vida se reputa inequívoca, a submissão ao Júri da sua qualificação - se entendida plausível - antes de violar a lei, é orientação que se amolda à reserva ao tribunal popular de julgamento dos crimes dolosos contra a vida. (STF. HC 83309 / MS. Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE. Julg.: 23/09/2003 Órgão Julgador: Primeira Turma. Publicação: DJ 06-02-2004) • MOTIVO FÚTIL ✓ É o motivo insignificante, de pouca importância, desarrazoado, completamente desproporcional à natureza do crime praticado. ✓ Conduta que reflete o egoísmo intolerante e prepotente, a mesquinhez. ✓ Ex.: age com motivo fútil o marido que mata a esposa por não passar adequadamente uma peça do seu vestuário. • EMBRIAGUEZ e MOTIVO FÚTIL ✓ Rogério Greco afirma “no que pese o estado de embriaguez possa, em tese, reduzir ou eliminar a capacidade do autor de entender o caráter ilícito do fato, tal circunstância não afasta o reconhecimento da eventual futilidade de sua conduta. Art. 28, inc. II CP). Precedentes do STJ (Resp 908396/MG, de 30/03/2009). ✓ Cleber Masson diz que “a embriaguez é incompatível com o motivo fútil. O embriagado não tem pleno controle do seu modo de agir, afastando assim a futilidade da força que o impele a transgredir a norma penal”. ✓ EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida no organismo humano. Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante detonação e estrondo. Ex.: explodir um carro matando a vítima. Asfixia é a supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. • EMPREGO DE VENENO, FOGO, EXPLOSIVO, ASFIXIA, TORTURA OU OUTRO MEIO INSIDIOSO OU CRUEL, OU DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM ✓ Veneno é a substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida no organismo humano. ✓ Fogo é o resultado da combustão de produtos inflamáveis, da qual decorrem calor e luz. ✓ Explosivo é o produto com capacidade de destruir objetos em geral, mediante detonação e estrondo. Ex.: explodir um carro matando a vítima. ✓ Asfixia é a supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. ✓ Tortura é qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa. ✓ O homicídio qualificado pela tortura caracteriza-se pela morte dolosa. O agente utiliza a tortura para provocar a morte da vítima (art. 121, par. 2º III, CP). A tortura com resultado morte é crime de tortura (preterdoloso) disposto no art. 1º, par. 3º da Lei nº 9455/97. ✓ Meio insidioso é o que consiste no uso de perfídia, de fraude para cometer um crime sem que a vítima o perceba. Ex.: retirar o óleo dos freios de um veículo para provocar um acidente fatal. ✓ Meio cruel é o que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico e mental. Meio bárbaro, martirizante e brutal. Ex.: matar alguém lentamente com inúmeros golpes de faca ✓ Meio que possa resultar perigo comum é aquele que expõe não somente a vítima, mas também um número indeterminado de pessoas a uma situação provável de dano. ✓ Ex.: Diversos tiros certeiros contra a vítima quando se encontrava em movimentada via pública. Conduzir veículo em via pública a 170 Km/h. Incendiar a casa em que a vítima está, expondo a perigo de dano outras pessoas. • À TRAIÇÃO, DE EMBOSCADA, OU MEDIANTE DISSIMULAÇÃO OU OUTRO RECURSO QUE DIFICULTE OU TORNE IMPOSSÍVEL A DEFESA DO OFENDIDO ✓ À traição (homicidium proditorium) ocorre com a agressão súbita e sorrateira, atingindo a vítima desprevenida. Relação de confiança preexistente e o agente dela se aproveita para praticar o crime. ✓ A traição pode ser física (atirar pelas costas) ou moral (atrair a vítima para um precipício). ✓ Atenção: atirar pelas costas (traição) # atirar nas costas (a vítima não sofre traição). ✓ Emboscada é a tocaia, a espreita. Ex.: o agente espera a vítima às escondidas para atacá- la. ✓ Dissimulação é a atuação disfarçada, que oculta a real intenção do agente. ✓ A dissimulação pode ser material (farda policial) ou moral (demonstração de falsa amizade). ✓ Outro recurso que dificulte (a vítima tem alguma possibilidade de defesa) ou torne impossível a defesa da vítima (não há possibilidade de defesa pela vítima). Ex.: matar a vítima com surpresa, enquantodorme, quando está embriagada, em caso de superioridade numérica de agentes (linchamentos). • PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME Segundo Rogério Greco “toda vez que for aplicada a qualificadora em estudo, o homicídio deverá ter relação com outro crime, havendo, portanto, a conexão” A CONEXÃO PODERÁ SER: a) Conexão Teleológica, na qual o homicídio é praticado para assegurar a execução de outro crime. Ex.: matar o segurança de um empresário para em seguida sequestrá-lo. Concurso material. b) Conexão Consequencial existirá quando o homicídio for cometido para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime ✓ Na ocultação o agente pretende impedir que se descubra a prática do crime anterior. Ex.: após furtar um estabelecimento, o ladrão, encapuzado, mata uma testemunha que presenciou o furto. ✓ Na impunidade o agente deseja evitar a punibilidade do crime anterior. Ex.: estuprar uma mulher e depois matá-la para que não se descubra a autoria do estupro. 49 10/02/2020 50 ✓ Vantagem é tudo o que se auferiu com o outro crime: seu produto, seu preço, seu proveito. Ex.: matar o coautor de extorsão mediante sequestro para ficar com todo o valor recebido a título de resgate. FEMINICÍDIO ✓ contra a mulher por razões da condição de sexo feminino ✓ Qualificadora viola o Princípio da Igualdade? ✓ Posição do STF: ✓ Voto da Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha: “O princípio jurídico da igualdade refaz-se na sociedade e rebaliza conceitos, reelaborase ativamente, para igualar iguais desigualados por ato ou com a permissão da lei. O que se pretende, então, é que a 'igualdade perante a lei' signifique 'igualdade por meio da lei', vale dizer, que seja a lei o instrumento criador das igualdades possíveis e necessárias ao florescimento das relações justas e equilibradas entre as pessoas. (…) O que se pretende, pois, é que a lei desiguale iguais, assim tidos sob um enfoque que, todavia, traz consequências desigualadoras mais fundas e perversas. Enquanto antes buscava-se que a lei não criasse ou permitisse desigualdades, agora pretende-se que a lei cumpra a função de promover igualações onde seja possível e com os instrumentos de que ela disponha, inclusive desigualando em alguns aspectos para que o resultado seja o equilíbrio justo e a igualdade material e não meramente formal. (…)”. “Ao comportamento negativo do Estado, passa-se, então, a reivindicar um comportamento positivo. O Estado não pode criar legalidades discriminatórias e desigualadoras, nem pode deixar de criar situações de igualação para depurar as desigualdades que se estabeleceram na realidade social em detrimento das condições iguais de dignidade humana que impeçam o exercício livre e igual das oportunidades, as quais, se não existirem legalmente, deverão ser criadas pelo Direito. Somente então se terá a efetividade do princípio jurídico da igualdade materialmente assegurado.” ✓ Pluralidade de qualificadoras: o juiz deverá utilizar uma delas para qualificar o crime e as demais serão agravantes genéricas. Posição majoritária da doutrina e posição pacífica do STF e do STJ (precedente STJ, HC 185436/CE, Dj 15/06/2011). ✓ Homicídio e parentesco: agravante genérica (art. 61, inc. II, al. “e”, CP). ✓ Qualificadoras e crime tentado: compatibilidade. QUALIFICADORAS E DOLO EVENTUAL ✓ Para a doutrina algumas qualificadoras (motivo torpe, motivo fútil e emboscada) são incompatíveis. ✓ O STF e o STJ concluíram pela possibilidade de coexistência do dolo eventual com as qualificadoras do motivo torpe e do motivo fútil no homicídio. Precedente STF, HC 95136/PR, j.01/03/2011. ✓ Entretanto, o STF entende que o dolo eventual é incompatível com a qualificadora do art. 121, par. 2º, inc. IV (traição ou emboscada). Precedente STF , RHC 92571/DF, j. 30/06/2009. ✓ A premeditação no homicídio: circunstância judicial para a dosimetria da pena-base (art. 59, CP). CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO HOMICÍDIO DOLOSO ✓ Previsão legal: art. 121, par. 4º, 2ª parte, CP. ✓ Aumento: 1/3. ✓ São circunstâncias legais especiais de aplicação obrigatória aplicáveis a qualquer tipo de homicídio doloso. ✓ Idade da vítima ao tempo do crime (art. 4º, CP – teoria da atividade): pessoa menor de 14 anos (ECA) ou pessoa maior de 60 anos (Lei nº 10741/2003). HOMICÍDIO CULPOSO ✓ Previsão legal: art. 121, par. 3º CP. ✓ Pena: detenção de 1 a 3 anos. ✓ Ocorre quando o agente realiza uma conduta voluntária, com violação ao dever objetivo de cuidado por imprudência (ação), negligência (omissão) e imperícia, produzindo resultado naturalístico (morte) involuntário, não previsto nem querido, mas previsível, que devia com a devida atenção ter evitado. ✓ Não admite a tentativa. ✓ Imprudência, ou culpa positiva, consiste na prática de um ato perigoso. Ex.: manusear arma de fogo carregada em local de grande concentração de pessoas. ✓ Negligência, ou culpa negativa, é deixar de fazer aquilo que a cautela recomendava. Ex.: deixar uma arma de fogo carregada ao alcance de uma criança. A mãe que deixa de amamentar o filho de forma negligente. ✓ Imperícia, ou culpa profissional, é a falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício para o qual o agente, mesmo quando autorizado a exercê-la, não possui conhecimentos teóricos e práticos para tanto. Ex.: cirurgião plástico que mata sua paciente por falta de habilidade para realizar o procedimento médico. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA NO HOMICÍDIO CULPOSO ✓ Previsão legal: art. 121, par. 4º, 1ª parte, CP. ✓ Aumento: 1/3. ✓ Causas: a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. b) Deixar de prestar imediato socorro à vítima. c) Não procurar diminuir as consequências do seu ato. d) Fugir para evitar a prisão em flagrante. INOBSERVÂNCIA DE REGRA TÉCNICA DE PROFISSÃO, ARTE OU OFÍCIO ✓ O agente é dotado das habilidades necessárias para o desempenho da atividade, mas por desídia não as observa. ✓ Ex.: cardiologista que não segue as regras básicas de uma cirurgia do coração. ✓ DEIXAR DE PRESTAR IMEDIATO SOCORRO À VÍTIMA ✓ Causa de aumento fundada na falta de solidariedade humana. ✓ Ex.: José deixa uma arma de fogo municiada em local acessível a uma criança, que dela se apodera e efetua disparo contra a própria cabeça. José não conduz a criança ao hospital e ela vem a morrer. ✓ Não tem cabimento a causa de aumento de pena quando ocorrer a morte instantânea da vítima ou quando o sujeito não teve condições de socorrer a vítima, seja por questões físicas (também foi ferido pela conduta que matou a vítima), seja porque o comportamento exigido em lei a ele representava risco pessoal. Ex.: ameaça de linchamento. É a posição do STJ Resp 277.403/MG, j.04/06/2002. ✓ A doutrina sustenta ser inadmissível, exceto se o responsável da conduta deixou voluntariamente de socorrer a vítima. ✓ Ex.: fugiu depois de atingir acidentalmente o ofendido. ✓ Quando o responsável pelo homicídio culposo presta socorro à vítima não se aplica a atenuante genérica do art. 65, inc. III, al. “b”, CP. Na mesma esteira o STJ – precedente HC 65.971/PR, j.13/09/2007. NÃO PROCURA DIMINUIR AS CONSEQUÊNCIAS DO SEU ATO ✓ Trata-se de desdobramento normal da causa de aumento de pena anterior. ✓ Ex.: O agente, ameaçado de linchamento, não prestou imediato socorro ao ofendido, o que era justificável. Entretanto, afastou-se do local do crime e não pediu auxílio da autoridade pública. HOMICÍDIO CULPOSO E PERDÃO JUDICIAL ✓ Previsão legal: art. 121, par. 5º, CP. ✓ Efeito: o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. ✓ Direito subjetivo do réu e ato unilateral do juiz. ✓ Admissível ao homicídio culposo. ✓ Súmula 18 do STJ: a sentença que concede o perdão judicial tem natureza declaratória,não subsistindo qualquer efeito condenatório. ✓ Lei nº 9099/95 – o homicídio culposo comporta a suspensão condicional do processo (art. 89). JURISPRUDÊNCIA ✓ TJ/SP APELAÇÃO 318488120058260114. ✓ Ementa: HOMICÍDIO CULPOSO EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PERDÃO JUDICIAL Elementos nos autos que demonstram a afinidade entre apelante e vítima a justificar a aplicação do perdão judicial Além da perda da companheira, apelante sofreu graves consequências físicas. Concedido provimento ao apelo. HOMICÍDIO CULPOSO E DOLO EVENTUAL ✓ REsp 1279458/MG, j. 04/09/2012. ✓ HOMICÍDIO NO TRÂNSITO. ANÁLISE DOS ELEMENTOS CONSTANTES NO ACÓRDÃO RECORRIDO. REEXAME DE MATERIAL FÁTICO/PROBATÓRIO. AUSÊNCIA. DOLO EVENTUAL x CULPA CONSCIENTE. COMPETÊNCIA. TRIBUNAL DO JÚRI. RESTABELECIMENTO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA...... ✓ Na hipótese, tendo a provisional indicado a existência de crime doloso contra a vida - embriaguez ao volante, excesso de velocidade e condução do veículo na contramão de direção, sem proceder à qualquer juízo de valor acerca da sua motivação, é caso de submeter o Réu ao Tribunal do Júri.
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