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Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período APG 26 – O PODER DA GULA 1) COMPREENDER A FISIOLOGIA DO FÍGADO E DA VESÍCULA BILIAR FUNÇÕES DO FÍGADO: dividida em três grupos METABOLIZAÇÃO HEPÁTICA: vai estar relacionada com os substratos alimentícios (carboidratos, lipídios e proteínas): Carboidratos: - Quando a glicose no sangue está baixa, o fígado cliva o glicogênio em glicose e libera glicose para a corrente sanguínea. - Quando a glicemia está elevada, como ocorre logo depois de uma refeição, o fígado converte a glicose em glicogênio e triglicerídeos para armazenamento. Lipídios: - oxidação energética dos ácidos graxos; - conversão de carboidratos em lipídios lipoproteínas, colesterol e fosfolipídios; - conversão de colesterol em ácidos biliares. Proteínas: - Os hepatócitos removem o grupo amino dos aminoácidos, de modo que eles possam ser utilizados para a produção de ATP ou ser convertidos em carboidratos ou gorduras. A amônia (NH3) resultante é então convertida em ureia. Os hepatócitos também sintetizam a maior parte das proteínas plasmáticas, como a alfaglobulina e betaglobulina, a albumina, a protrombina e o fibrinogênio: - As imunoglobulinas (anticorpo = defesa) vão ser sintetizadas no parênquima hepático, sendo assim, paciente com doença hepática terá mais infecções. - Albumina: é responsável pela pressão oncótica (pressão que garante que o conteúdo que esteja nos vasos continue dentro do vaso), se não há albumina (doença hepática) edema periférico (extravasamento do líquido). - Fatores de coagulação: doença hepática sangramentos. - Remoção da amônia: a amônia vai ser produzida durante o metabolismo proteico. Porém, ela passa livremente por várias membranas celulares, o que pode ser tóxico para o SNC, precisando remove-la. *ciclo da ureia Doença hepática Encefalopatia hepática. DESTOXIFICAÇÃO: tudo que entra no corpo tem que passar pelo fígado (pit-stop obrigatório) *METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM*. Isso acontece pela localização do fígado ser ligado ao sistema porta. (No sistema porta, todas as veias vão drenar pra ele, e da veia porta vão entrar diretamente no parênquima hepático). Então, vai chegar no parênquima hepáticos todos os nutrientes, toxinas, fármacos, etc. Tudo passa pelo fígado, se for desejado: circulação sistêmica. Se não, excretado pela bile ou é devolvido na circulação para ser excretado pelos rins. EXCREÇÃO DE SUBSTÂNCIAS: o que o fígado não quer, vai ser excretado através da bile: catabólitos maiores, xenobióticos lipofílicos, hormônios esteroides, metais pesados, etc. VISTA ANTERIOR VISTA POSTERIOR VISTA INFERIOR Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período FORMAÇÃO DA BILE A bile é somente armazenada na vesícula biliar, o fígado que a produz! Os hepatócitos (células que constituem o parênquima do fígado, são organizados em unidades hexagonais irregulares, denominadas lóbulos) secretam diariamente de 800 a 1.000 mℓ de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde-oliva. Possui um pH entre 7,6 e 8,6 e é constituída principalmente por água, sais biliares (são produzidos a partir dos ácidos biliares), colesterol, fosfatidilcolina, bilirrubina e eletrólitos. Ácidos biliares (principais componentes): formados a partir do metabolismo do colesterol. Ácidos biliares primários: ÁCIDO CÓLICO e ÁCIDO QUENODESOXICÓLICO = eles vão ser secretados no intestino. Ácidos biliares secundários: quando os ácidos biliares primários chegam no intestino vão sofrer ação das enzimas bacterianas, e tornam-se os ácidos biliares secundários: ÁCIDO URSO-DESOXICÓLICO E ÁCIDO DESOXICÓLICO Esses ácidos vão ser conjugados pela glicina e taurina, tornando-se ainda mais ácidos, garantindo que as funções deles aconteçam de forma efetiva. Porém, quando ficam mais ácidos, eles não passam de forma passiva pelas membranas celulares, então, vão precisar de um transportador específico: TRANSPORTADOR APICAL DE SAIS BILIARES DEPENDENTE DE SÓDIO (ASBT), localizado no íleo terminal, o transportador pega os ácidos biliares secundários e absorve. Os que não são absorvidos são desconjugados (deixando menos ácido) pelas bactérias colônicas, sendo assim, a absorção passiva. *OS ÁCIDOS BILIARES TÊM QUE VOLTAR PARA O FÍGADO = CIRCULAÇÃO ÊNTER0-HEPÁTICA DA BILE = o ácido biliar é excretado no ambiente intestinal, processado pelas enzimas bacterianas, conjugado, reabsorvido e volta para o fígado* O principal pigmento biliar é a bilirrubina. A fagocitose dos eritrócitos envelhecidos libera ferro, globina e bilirrubina (derivada do heme). O ferro e a globina são reciclados; o componente heme vai ser oxidado (ação da heme oxidase), que vai produzir a biliverdina, que por sua vez vai sofrer uma redução dando origem a bilirrubina não conjugada (indireta). Como ela está no baço, tem que passar para o fígado: por meio do sinusoide esplênico com a albumina. Chegando no fígado, ela vai ser conjugada, pela glucurunil transferase. A bilirrubina conjugada é secretada na bile. Quando chega no intestino, ela é desconjugada novamente em: UROBILINA (vai ser filtrada nos rins = urina) e ESTERCOBILINA (dá às fezes a sua coloração marrom normal). SECREÇÃO DA BILE Quando for necessário o uso dessa bile no processo digestivo, a vesícula biliar contrai e libera a bile. A bile passa pelo ducto cístico, depois pelo ducto colédoco, que une ao ducto pancreático e desemboca na segunda porção do duodeno. O estímulo da contração da bile: quando começa chegar alimentos no duodeno, a presença, principalmente, de lipídios vai ser percebida pelas células I, produzindo e liberando COLECISTOCININA (CCK). A colecistocinina além de induzir a secreção de suco pancreático, retardar o esvaziamento gástrico, vai estimular a vesícula biliar a contrair e liberar bile armazenada no intestino, relaxando o esfíncter de Oddi (controla a liberação de bile e de secreções pancreáticas no duodeno). FUNÇÃO DA BILE A principal função da bile é a emulsificação de gordura = quebra! A bile vai atuar sobre os lipídios quebrando em partículas menores, facilitando, assim, que ocorra a digestão e absorção deles. Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período Facilita a atuação da enzima LIPASE, que vai fazer o processo digestivo sobre essas moléculas de lipídios. Papel importante na digestão de lipídios = formação de micelas (substância anfipática = moléculas que apresentam características hidrofílicas e hidrofóbicas). Cálculos biliares ou pedra na vesícula: o colesterol e os sais biliares tem grande influência (concentração elevada) na formação desses cálculos, podendo ocorrer processo de inflamação, e possivelmente a necessidade de cirurgia. Ictéricia: elevação da concentração de bilirrubina: Obstrução das vias biliares: Extravasamento da bilirrubina conjugada para a corrente sanguínea = colestase; Então, terá icterícia; Acolia fecal = ausência de estercobilina; E com muita bilirrubina no sangue, muita bilirruibina no rim = urina mais escura = colúria. Muita hemólise: (destruição das hemácias exagerada = bilirrubina indireta). Sinusoide fibrosado (cirrose): conseguiu conjugar a bilirrubina, porém na excreção não consegue, pois o sinusoide está fibrosado e o parênquima hepático não está fluindo bem. Então, a bilirrubina extravasa (bilirrubina conjugada), esse aumento leva à icterícia. 2) EXPLICAR A DIGESTÃO, ABSORÇÃO O TRANSPORTE DOS LIPÍDIOS Os lipídios podem ser adquiridos através da dieta, onde serão absorvidos no intestino, ou podem ser produzidos de forma endógena, ou seja, pelo próprio organismo. Em determinadas situações, o tecido adiposo retira lipídios da circulação sanguínea e os armazena na forma de gordura, os triacilgliceróis, para seremutilizados como fonte de energia. Assim, quando necessário, os triacilgliceróis são hidrolisados, formando glicerol e ácidos graxos, que caem na corrente sanguínea e são utilizados pelos tecidos, como o fígado e os músculos. O fígado é o principal sintetizador de lipídios endógenos. Para que possam ser absorvidos, os lipídios precisam sofrer a digestão. Os lipídios provenientes da dieta estimulam a secreção de enzimas presentes em glândulas situadas na base da língua, conhecidas como lipase lingual. A hidrólise dos lipídios na boca não ocorre, então são dirigidos até o estômago. Uma vez no estômago, a lipase gástrica promove a continuidade do processo, contudo, o pH altamente ácido dificulta a ação enzimática, onde a maior parcela da digestão acontece no intestino delgado. Uma vez no duodeno, o bolo alimentar com o pH ácido acaba por induzir a liberação do hormônio digestivo colecistocinina (CCK). O CCK faz com que a vesícula biliar sofra contração e liberação da bile para o duodeno, também estimulando a secreção pancreática. Os lipídios são emulsificados pela ação dos sais biliares, formando micelas mistas de triacilgliceróis, que sofrem a digestão pela ação da lipase pancreática, liberando ácidos graxos. Desta forma, os ácidos graxos podem ser absorvidos pelas células que compõem o intestino, os enterócitos, e reconvertidos em triacilgliceróis, onde juntamente com o colesterol e apoliproteínas, irão formar o quilomícron. Os quilomícrons (QM) são então secretados nos vasos linfáticos e corrente sanguínea, sofrendo ação de lipases lipoprotéicas e gerando ácidos graxos e glicerol. Esses ácidos graxos serão oxidados e utilizados como fonte de energia, ou formar ésteres, para serem armazenados nos adipócitos ou células musculares, principalmente. No fígado, os triacilgliceróis que compõem os QM são reagrupados, sendo enriquecidos por proteínas, ocorrendo a síntese da lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL), que contém entre 80 a 90% de lipídios. O VLDL também sofrerá hidrólise pela lipase lipoprotéica, promovendo a liberação de ácidos graxos. Ao sair do fígado, o VLDL terá como objetivo levar Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina 1º Período triglicerídeos para os tecidos e, ao absorver os triglicerídeos, acaba por aumentar sua densidade, resultando na LDL. Assim, os QM que são reagrupados também podem formar: LDL (low density lipoprotein): lipoproteína de baixa densidade, contendo aproximadamente 70% de lipídios. HDL (high density lipoprotein): lipoproteína de alta densidade, com 45% de lipídios. Podemos concluir que o tamanho da lipoproteína está diretamente relacionado à quantidade de proteína e lipídio que as compõem, sendo que a VLDL é a que possui mais lipídios e menor concentração de proteínas. O HDL acaba por apresentar mais proteínas e menor quantidade de lipídios. A função do LDL está em transportar triglicerídeos para os tecidos. Por esta razão, é designado como o mau colesterol. O HDL promove nos tecidos a troca do colesterol por triglicerídeos, transportando-os de volta ao fígado, onde será metabolizado. Também, capta o colesterol dos quilomícrons, que é excretado na forma de sais biliares. Devido à esta ação, é tido como o bom colesterol. Para a adequada saúde, deve-se manter bons níveis de lipídios circulantes. REFERÊNCIAS TORTORA, Gerard J.. Principios de anatomia e fisiologia. 14 ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019. 1201 p. GUYTON, Arthur Clifton; HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017. Nelson, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Porto Alegre: Artmed, 2011. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. https://www.infoescola.com/ciencias/bioquimica/
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