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1 Lara Mendonça FITS/P4 1- ENTENDER A NORMALIDADE DA MICROBIOTA, PH E SECREÇÃO VAGINAL; MICROBIOTA A microbiota vaginal é um ecossistema constituído por microrganismos, em que predomina o género Lactobacillus. O seu equilíbrio é frágil e mudanças na sua composição causam infeções. A microbiota vaginal, também conhecida como flora de Döderlein, tem sido descrita desde 1894. É um ecossistema muito complexo em equilíbrio dinâmico. A sua composição varia muito de uma pessoa para outra. O género predominante é o Lactobacillus, que produz ácido lático, permitindo manter um pH entre 3,8 e 4,4 em condições normais. Esse pH ácido cria um ambiente hostil para a proliferação de agentes patogénicos oportunistas. A microbiota vaginal é um fator chave na proteção do hospedeiro contra vários agentes patogénicos bacterianos, fúngicos ou virais. Também desempenha um papel essencial na colonização inicial de recém-nascidos, com consequências para o sistema imunitário e desenvolvimento neurológico. As espécies mais comumente encontradas são L. crispatus, L. iners, L. jensenii e L. gasseri. Elas oferecem propriedades antibacterianas, produzem biofilmes e promovem os mecanismos imunitários que protegem as membranas mucosas da vagina. Além dos microrganismos acima mencionados, foram descritas quase 250 espécies bacterianas, particularmente espécies anaeróbias como Prevotella, Gardnerella vaginalis e Atopobium vaginae, mas também Escherichia coli e a levedura Candida albicans. A sua natureza e concentração variam com base no pool genético, grupo étnico, fatores de medicação (antibióticos), ambiente e comportamento (atividade sexual, higiene pessoal, etc.), e também são influenciados pela flora oral e intestinal. A microbiota vaginal muda ao longo da vida (hormonas sexuais, menstruação, gravidez, menopausa, etc.) e estes fatores influenciam a composição desse ecossistema. Embora varie de mulher para mulher, a microbiota vaginal deve manter um certo equilíbrio para preservar a saúde do trato reprodutivo.4 Várias doenças ginecológicas podem resultar de, ou ser promovidas por um desequilíbrio da microbiota vaginal (disbiose), em particular a vaginose bacteriana (A. vaginae, Clostridiales e G. vaginalis) e vulvovaginite por Candida. A administração tópica ou oral de probióticos parece promover um equilíbrio nesta microbiota, e pode reduzir os sintomas no caso de infeção vaginal, bem como a probabilidade de recorrência. A vagina, uma estrutura fibromuscular vigorosa, também apresenta uma microbiota própria, localizada nas diversas camadas do epitélio escamoso da mucosa, que varia de indivíduo para indivíduo. Estes micro- organismos, bactérias aeróbias e anaeróbias, com predominância das espécies de lactobacilos (bactérias gram positivas), são fundamentais para um ambiente vaginal saudável. Isso porque eles são capazes de proteger a vagina de outros agentes que podem causar doença, tanto pela capacidade de se aderirem à mucosa quanto pela produção de ácido lático – o pH vaginal mais baixo é importante para essa proteção, por ter propriedade antimicrobiana. Nas diversas fases da vida da mulher, como puberdade, no período do ciclo menstrual, gestação e pós-menopausa, essa flora, de forma 2 Lara Mendonça FITS/P4 dinâmica pode ser modificada, pois também há a atuação dos estrogênios neste contexto. Quando há desequilíbrio na microbiota, há o que se chama de disbiose. No caso da mucosa vaginal, os principais fatores de risco associados à disbiose são: idade (especialmente na pós-menopausa, com a perda da produção de estrogênios), tabagismo, estresse, atividade sexual exagerada (pelo excesso de duchas vaginais e exposição a infecções sexualmente transmissíveis), uso de cosméticos locais (como sabonetes e lenços umedecidos), uso recorrente de antibióticos e estilo de vida (principalmente quanto aos hábitos alimentares). Em relação aos hábitos alimentares, alguns estudos mostram que deficiência de alguns elementos como ferro, cálcio, zinco, vitamina D, vitamina A, vitamina C e vitamina E aumenta o risco de vaginose bacteriana em mulheres. O consumo de alimentos ricos em gordura saturada, bem como a hiperglicemia, também parecem ser desfavoráveis para a microbiota vaginal. O PAPEL DOS PROBIÓTICOS Conceitualmente, probióticos são micro- organismos vivos de origem humana que apresentam características benéficas para o hospedeiro. No caso da mucosa vaginal, os das espécies de lactobacilos são os mais estudados. Alguns estudos mostram que o uso de produtos formulados com estes agentes pode ajudar a restabelecer a flora vaginal normal em algumas situações, como em mulheres na pós-menopausa (nestas especialmente também se houver a terapia hormonal associada) e naquelas com infecções como candidíase e vaginose bacteriana. Porém, ainda há grandes questões não esclarecidas: ainda não se sabe a cepa mais específica para cada caso, a quantidade a ser administrada, a duração do tratamento, bem como há a influência das condições de fabricação dos produtos para garantir a viabilidade. PH SECREÇÃO VAGINAL O QUE É CORRIMENTO VAGINAL? Corrimento vaginal é o nome que damos à secreção de fluidos pela vagina, que, dependendo das suas características, pode ser algo completamente normal ou um sinal de doença ginecológica. As secreções vaginais naturais são produzidas por glândulas no canal vaginal e têm um importante papel na saúde feminina, pois ajudam na eliminação de células mortas e bactérias do sistema reprodutor. Isso mantém a vagina limpa e ajuda a prevenir infecções. Em geral, corrimentos claros, que não estão associados a outros sintomas, são benignos 3 Lara Mendonça FITS/P4 e não precisam de tratamento. Por outro lado, se o corrimento tiver coloração esverdeada ou amarelada, mau cheiro e estiver associado à dor ou coceira, ele provavelmente é um sinal de uma infecção ginecológica. CORRIMENTO VAGINAL NORMAL Antes de falarmos sobre o corrimento vaginal fisiológico, isto é, o corrimento vaginal normal, não relacionado a doenças, temos que fazer uma rápida revisão da anatomia ginecológica feminina. É muito comum a confusão entre vagina e vulva. Quando olhamos para a genitália externa feminina o que vemos é a vulva; da vagina só conseguimos ver o seu orifício externo, pois a vagina propriamente dita é um canal que fica no interior do corpo e termina no colo do útero, como pode ser visto na ilustração abaixo. O corrimento normalmente se origina na vagina e só se torna perceptível quando sai pelo orifício externo da mesma. Em alguns casos, o corrimento pode ter origem no colo do útero. Todas as mulheres em idade reprodutiva podem ter um corrimento vaginal normal, chamado corrimento vaginal fisiológico. Este corrimento é formado pela combinação de células mortas da vagina, bactérias naturais da flora vaginal e secreção de muco; costuma ter entre 1 e 4 ml de volume diário e sua função é umedecer, lubrificar e manter a vagina limpa, dificultando o surgimento de infecções. O corrimento vaginal fisiológico é estimulado pelo estrogênio e, portanto, pode ter seu volume aumentado em períodos nos quais há maior estimulação hormonal, como na gravidez, uso de anticoncepcionais à base de estrogênios, no meio do ciclo menstrual, perto da ovulação ou dias antes da menstruação. O corrimento vaginal normal geralmente tem as seguintes características: pode ser espesso, aquoso ou elástico; sua cor é branca, leitosa ou transparente; e tem odor muito suave ou nenhum odor. Uma das dicas mais importantes para identificar um corrimento fisiológico é a ausência de sinais ou sintomas de irritação, como dor, ardência, vermelhidão ou comichão na vaginae/ou vulva. Todavia, é importante salientar que uma discreta irritação na vulva pode ocorrer em algumas mulheres com corrimento fisiológico. CORRIMENTO VAGINAL ANORMAL Leucorreia ou corrimento vaginal patológico é aquele que está relacionado a alguma doença ginecológica. Esse tipo de corrimento pode ter várias causas. As mais comuns são as vaginites, também chamadas de colpites, que é a infecção da vagina, provocada normalmente por bactérias ou fungos. O corrimento também pode surgir por atrofia da mucosa da vagina após a menopausa, alergia a algumas substâncias – como espermicidas – ou pela presença de um corpo estranho na vagina. Vamos falar resumidamente sobre as principais causas de vaginite e corrimento vaginal. Mais detalhes podem ser lidos nos textos específicos para cada uma das doenças descritas abaixo. CANDIDÍASE A Candida é um fungo que faz parte da flora natural de germes da vagina, pele e intestinos. A Candida vive normalmente na nossa pele e não costuma causar sintomas. Entretanto, sempre que há algum https://www.mdsaude.com/ginecologia/menstruacao/ciclo-menstrual/ 4 Lara Mendonça FITS/P4 desarranjo nas condições habituais do nosso organismo, como uso excessivo de antibióticos, estresse, doenças como diabetes, imunossupressão, traumas, etc., a Candida pode começar a multiplicar-se excessivamente, passando a causar sintomas. A candidíase vaginal normalmente se manifesta com prurido (coceira) e/ou ardência na vulva, dor para urinar, dor durante o ato sexual e um corrimento espesso, sem odor forte e esbranquiçado, muitas vezes comparado com queijo cottage. Para mais sobre o corrimento provocado pela candidíase, leia: Candidíase – Sintomas e tratamento e Tratamento da Candidíase Vaginal. GONORREIA E CLAMÍDIA A gonorreia e a Clamídia são duas doenças sexualmente transmissíveis (DST) causadas respectivamente pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Ambas doenças causam uma cervicite (infecção do colo do útero) e podem cursar com corrimento vaginal, geralmente de aspecto mucopurulento (amarelo turvo). Outros sintomas associados incluem dor para urinar, dor durante o ato sexual, normalmente com sangramento pós-coito e irritação na vulva. Para mais informações sobre o corrimento provocado pela gonorreia ou clamídia, leia: Gonorreia – Sintomas e tratamento e Clamídia – Sintomas e tratamento. TRICOMONÍASE A tricomoníase é uma doença sexualmente transmissível causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis. A vaginite causada pelo tricomoníase normalmente se apresenta com um corrimento fino, amarelo-esverdeado, de odor desagradável, associado aos outros sinais clássicos de vulvovaginite, como dor ao urinar, irritação da vulva e sangramento/dor durante o coito. O Trichomonas vaginalis pode permanecer assintomático por muito tempo, tornando difícil saber exatamente quando houve a contaminação. Para mais informações sobre o corrimento provocado pelo Trichomonas, leia: Tricomoníase – Sintomas e tratamento. VAGINOSE BACTERIANA A vaginose bacteriana é a principal causa de corrimento vaginal anormal. É uma infecção causada por alterações na flora natural da vagina, que resultam em uma redução no número de lactobacillus (bactérias “boas”) e um excessivo crescimento de bactérias aeróbicas (bactérias “ruins”) como Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, Prevotella, Porphyromonas, Bacteroides, Peptostreptococcus, Fusobacterium e Atopobium vaginae. É muito comum se associar a vaginose bacteriana à bactéria Gardnerella vaginalis, porém, esta doença é causada pelo crescimento de múltiplas bactérias, e não só da Gardnerella. O termo vaginose é usado em vez de vaginite neste caso porque há pouca ou nenhuma inflamação da vagina, apenas proliferação bacteriana. O sintoma típico da vaginose é o corrimento vaginal fino e acinzentado, com odor muito forte, tipo peixe podre. Os outros sintomas de inflamação vulvovaginal, como dor ao urinar, coceira da vulva e dor ao coito são bem menos frequentes, estando na maioria dos casos ausentes. A proliferação de bactérias e a queda no número de lactobacillus faz com que haja um aumento significativo do pH da vagina, sendo esta uma das dicas para o diagnóstico. https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/candidiase/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/candidiase/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/tratamento-candidiase/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/tratamento-candidiase/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/gonorreia/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/gonorreia/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/clamidia/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/clamidia/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/tricomoniase-sintomas/ 5 Lara Mendonça FITS/P4 Para mais informações sobre o corrimento provocado pela vaginose, leia: Vaginose bacteriana – Gardnerella vaginalis. ATROFIA VAGINAL A atrofia da vagina ocorre geralmente após a menopausa. O estrogênio estimula o corrimento fisiológico, e a sua falta provoca ressecamento e afinamento da mucosa vaginal. Esta atrofia vaginal pode levar à inflamação com corrimento, dor para urinar e incômodo durante o ato sexual. ALERGIAS Alergia ao lubrificante da camisinha, a espermicidas, a perfumes, sabonetes ou produtos de higiene íntima, etc., podem causar uma reação alérgica na vagina/vulva, levando ao aparecimento de corrimento. CAUSAS MENOS COMUNS As causas citadas acima são as mais comuns, mas não são as únicas. Se a mulher tem um corrimento vaginal persistente, que não parece ser fisiológico, e nenhuma das causas comuns for identificada, o ginecologista precisa pensar também nas seguintes hipóteses: • Infecção pelo HPV. • Herpes genital. • Câncer do colo do útero. • Alergia ao sêmen (causa rara). • Vulvovaginite pela bactéria Streptococcus. • Corpo estranho retido dentro da vagina (absorvente interno ou camisinha “perdida”, por exemplo). • Infecção pelo verme oxiúrus. • Doença inflamatória pélvica. CORRIMENTO VAGINAL DE ACORDO COM SUAS CARACTERÍSTICAS MARROM Qualquer situação que provoque algum grau de sangramento vaginal ou uterino pode causar um corrimento acastanhado. As principais causas são: • Restos da menstruação misturados ao corrimento fisiológico. • Traumas na região vaginal ou uterina. • Infecções. • Corpo estranho na vagina. • Tumores ginecológicos. • Sangramento uterino provocado pela implantação do embrião no útero nos primeiros dias de gravidez. • Atrofia vaginal. • Gravidez ectópica. AMARELADO O corrimento vaginal amarelado é geralmente sinal de infecção ginecológica, principalmente se acompanhado de mau cheiro, ardência ou coceira vaginal. As principais causas são: • Tricomoníase. • Gonorreia. • Clamídia. O corrimento fisiológico costuma ser branco e claro, mas ao ser exposto ao ar após contato com a calcinha, ele pode ficar meio amarelado. Portanto, se a mulher não tiver sintoma algum e o corrimento não tiver cheiro, o fato dele ser meio amarelado não necessariamente indica alguma infecção em curso. Na dúvida, o melhor é procurar a sua ginecologista para ela poder avaliar o corrimento. BRANCO OU ACINZENTANDO O corrimento brancacento costuma ser normal, principalmente se for fino, em pequena quantidade e se ocorrer próximo do período ovulatório. Porém, se o corrimento for espesso, pastoso, leitoso, com grumos ou acinzentado, principalmente se estiver associado a sintomas irritativos, como coceira, dor https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/vaginose-bacteriana-gardnerella/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/vaginose-bacteriana-gardnerella/https://www.mdsaude.com/ginecologia/menstruacao/menopausa/ https://www.mdsaude.com/nefrologia/infeccao-urinaria/dor-urinar/ https://www.mdsaude.com/nefrologia/infeccao-urinaria/dor-urinar/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/vaginismo-dispareunia/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/anticoncepcionais/camisinha-masculina/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/hpv/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/herpes-genital/ https://www.mdsaude.com/alergoimunologia/alergia-ao-semen/ https://www.mdsaude.com/gravidez/estreptococos-b-gravidez/ https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/parasitoses/oxiurus-enterobius-vermicularis/ https://www.mdsaude.com/ginecologia/infeccao-ginecologica/doenca-inflamatoria-pelvica/ 6 Lara Mendonça FITS/P4 vaginal ou mau cheiro, infecções devem ser investigadas. As principais causas são: • Candidíase. • Vaginose bacteriana. COM MAU CHEIRO Corrimento com mau cheiro é típico de infecção ginecológica. As principais causas são: • Vaginose bacteriana (cheiro muito forte). • Tricomoníase. DIAGNÓSTICO Para se distinguir corretamente os tipos de corrimento vaginal, faz-se necessário uma consulta com o médico ginecologista. Através do exame ginecológico é possível notar se há vaginite, cervicite ou apenas corrimento sem sinais de inflamação. Também é possível colher amostras do corrimento para avaliação do pH vaginal, investigação microscópica e cultura. TRATAMENTO O tratamento do corrimento depende da causa, variando desde antifúngicos ou antibióticos para as infecções, até cremes de estrogênio para a vaginite atrófica. Não há um tratamento único que sirva para todos os tipos de corrimento. Se você tem corrimento vaginal, procure seu ginecologista para que a causa seja esclarecida e o tratamento adequado possa ser instituído. 2- CONHECER AS PRINCIPAIS VULVOVAGINITES – DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E TRANSMISSÃO, FATORES DE RISCO, SINAIS E SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO-. Vulvovaginite é um tipo de inflamação que afeta, ao mesmo tempo, a vagina e a vulva (a parte externa da região genital feminina), causando inchaço, corrimento e dor ao urinar. Apesar de não ser causada somente pela atividade sexual, a vulvovaginite é mais comum em pacientes que já têm vida sexual ativa, uma vez que a troca de fluídos sexuais aumenta as chances de contato com bactérias e fungos que podem causar inflamação e irritação no local. As vulvovaginites correspondem à inflamação do trato genital inferior e se manifestam, na maioria das vezes pelo corrimento vaginal, sendo suas características físico-químicas fundamentais para o diagnóstico clínico. As principais causas se dão por infecções do trato reprodutivo (ITR) endógenas, causando vaginose bacteriana e candidíase vulvovaginal; e exógena (infecção sexualmente transmissível) não viral, representada principalmente pela tricomoníase. A distinção dessas patologias é essencial para o diagnóstico e tratamento adequado. VAGINOSE BACTERIANA DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA É uma infecção endógena, ou seja, manifestada por bactérias que estão normalmente na mucosa vaginal e geram a patologia frente ao desequilíbrio da microbiota. É uma doença que acomete aproximadamente 50% das mulheres que apresentam sintomas de vulvovaginites, podendo acometer até 20% das grávidas. A Vaginose Bacteriana (VB) corresponde à maior causa de corrimento fétido. Os principais fatores de risco para esse desequilíbrio são: 1. uso prolongado de antibióticos de amplo espectro; 2. não uso de preservativo; 3. múltiplos ou novo parceiro sexual; 4. uso de ducha ginecológica. 7 Lara Mendonça FITS/P4 A perda da quantidade de lactobacilos produtores de H202 da microbiota vaginal é o principal fator predisponente para o super crescimento das bactérias causadoras da VB. Fatores como a troca de parceiros, uso de duchas vaginais, tabagismo e falta de preservativo podem levar ao desequilíbrio do ambiente normal da vagina. As bactérias que proliferam na ausência dos lactobacilos produtores de H202 são responsáveis pelo odor fétido, resultado das aminas voláteis putrescina, cadaverina e trimetilamina. Raramente ocorre inflamação das mucosas. A bactéria GARDINERELLA VAGINALIS é a mais comum causadora da vaginose bacteriana, no entanto bactérias UREAPLASMA UREALYTICUM, MYCOPLASMA HOMINIS e outras bactérias anaeróbias podem ser o agente etiológico. Ela produz ácidos orgânicos que, além de citotóxicos (que lesam a mucosa e geram o corrimento branco-acinzentado), estimulam a proliferação da microbiota anaeróbia promovendo aumento de aminas (cadaverina, putrescina e trimetilamina) que, em um pH básico, são volatilizadas, o que justifica a principal manifestação clínica: mau cheiro (relatado pelas pacientes como “peixe podre”), intensificado após a menstruação ou coito sem preservativo (devido à alcalinidade do sangue e do sêmen). QUADRO CLÍNICO • Corrimento branco-acinzentado homogêneo (principalmente pós-coito e pós-mesntrual); • Odor fétido (“peixe-podre”). DIAGNÓSTICO O diagnóstico é realizado por meio de microscopia por coloração de Gram (padrão ouro) ou por meio dos critérios de Amsel (1983). Para esse, é necessário para o diagnóstico a observação de três dos quatro ou apenas os dois últimos dos seguintes achados: • Corrimento vaginal homogêneo, abundante, cremoso, branco- acinzentado; • Identificação de células indicadoras (Sinal de Gardner), em exame microscópico de conteúdo vaginal; • pH vaginal maior que 4.5; • Teste do KOH a 10% positivo (liberação de odor fétido antes ou após a alcalinização). Vale lembrar que o achado de Gardinerella vaginalis em pacientes assintomáticas não indica seu tratamento. TRATAMENTO O tratamento preconizado para as pacientes gestantes e não gestantes é o mesmo, e está resumido na tabela 1: Tabela 1: tratamento da vaginose bacteriana Existem tratamentos alternativos eficazes com o uso de Clindamicina e Tinidazol orais e os óvulos de Clindamicina, por via vaginal. O Ministério da Saúde recomenda o uso tópico no primeiro trimestre gestacional. Nos casos de Vaginose Bacteriana recorrente (ocorrência de quatro ou mais episódios em um ano) pode-se lançar mão do tratamento prolongado (esquema 1 por 10 a 14 dias ou o esquema 2 por 10 dias seguido de 2 aplicações semanais por 4 a 6 meses), além de tratar o parceiro em alguns casos. TRICOMONÍASE DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA É uma doença de transmissão essencialmente sexual, classificada como Infecção Sexualmente Transmissível, em que um parasita coloniza vagina e uretra. O parasita é o TRICHOMONAS VAGINALIS, protozoário anaeróbio facultativo e essencialmente parasita de seres humanos. É a terceira maior causa de corrimento vaginal, sendo responsável por até 20% dos casos de 8 Lara Mendonça FITS/P4 corrimento. No entanto, cerca de 50% dos casos de tricomoniase são assintomáticos. O pH ótimo para o protozoário é de 6,5 a 7,5 e ele pode provocar um forte desequilíbrio na flora vaginal normal podendo. Sua atividade provoca forte resposta inflamatória, causando os sintomas de edema inflamatório e hiperemia de vasos da mucosa. No colo do útero, podem ocorrer hemorragias puntiformes devido à dilatação dos vasos, caracterizando o específico achado do “colo em morango”. QUADRO CLÍNICO: Os sinais e sintomas característicos são: • Corrimento abundante, mal cheiroso ou amarelo-esverdeado; • Prurido, disúria, edema e/ou irritação vulvar; • Dispareunia e/ou sinusorragia; • Edema de lábios; • Colpite Focal Difusa (“colo em framboesa ou morango”). DIAGNÓSTICO 1. Microscopia de preparação a fresco; 2. Teste de amplificação de ácidos nucléicos (NAAT); 3. Detecção de antígenos (teste rápido); 4. Culturade secreção vaginal; 5. Teste de Whiff; 6. Teste de Schiller indicativo (iodo- negativo, “oncóide”). TRATAMENTO A base do tratamento é o uso de metronidazol ou tinidazol em dose oral única de 2 gramas (4 comprimidos de 500 mg de tinidazol ou 5 de 400 mg de metronidazol). A terceira opção de esquema de tratamento da tricomoníase, além de ser a primeira opção nos casos de recorrência, é o mesmo da primeira opção de tratamento da vaginose bacteriana, facilitando o manejo nos casos de dificuldade do diagnóstico diferencial. Tabela 2: tratamento da tricomoníase Nos casos de gestantes, deve-se priorizar o uso do metronidazol, por ser categoria B (sem risco em estudos controlados em animais) da FDA, enquanto o tinidazol é categoria C (risco não pode ser afastado). Os parceiros também devem ser tratados, dada a transmissão essencialmente sexual. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL DEFINIÇÃO, EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A candidíase vulvovaginal é uma infecção endógena causada por fungos comensais do gênero CANDIDA, sendo o CANDIDA ALBICANS responsável por 90% dos casos. É a segunda causa mais frequente das vulvovaginite, acometendo principalmente as mulheres entre a terceira e quarta década de vida. É uma doença de eventual transmissão sexual. Os fatores predisponentes incluem uso prolongado de antibióticos e corticosteroides, imunossupressão e maus hábitos de higiene. Agentes fúngicos possuem uma proteína ligante de estrogênio, portanto o aumento da concentração desse hormônio torna o ambiente propício à disseminação do fungo. Presentes na flora vaginal de muitas mulheres, os fungos do gênero CANDIDA podem se tornar patogênicos quando ocorre um desequilíbrio no microambiente vaginal, produzindo inclusive substâncias danosas ao tecido do hospedeiro, além de gerar resposta inflamatória nas mucosas. CLASSIFICAÇÃO: 1. Não complicada o Esporádica o Clínica leve ou moderada 9 Lara Mendonça FITS/P4 o Causada por CANDIDA ALBICANS o Imunocompetentes 2. Complicada o Recorrente (4 ou mais episódios em 1 ano) o Clínica severa o Causada por fungos “não- albicans” o Imunocomprometidos ou diabetes mellitus QUADRO CLÍNICO: • prurido vulvovaginal; • seguido por dispareunia; • disúria; • hiperemia e edema vulvar; • placas brancas aderidas à mucosa da vagina ou do colo do útero; • O corrimento é branco, inodoro e grumoso e se assemelha a leite coalhado. DIAGNÓSTICO 1. Clínico/Sinais e Sintomas: corrimento caseoso e esbranquiçado, placas esbranquiçadas, com prurido, ardência, inodoro, edema vulvar, dispareunia e disúria. 2. Laboratorial: o Exame a fresco com hidróxido de potássio 10% o pH vaginal menor que 4,5 o Citologia característica: Gram, Papanicolau, Giemsa ou Azul de Cresil o Cultura de Swab do fórnice anterior específicos TRATAMENTO Por se tratar de um fungo comensal não é necessário tratar pacientes assintomáticas. Os medicamentos utilizados podem ser tópicos ou orais, sendo mais indicado os tratamentos tópicos curto (3 dias de tratamento). Nas gestantes e lactantes deve-se evitar o tratamento oral. As principais formas de tratamento estão listadas na tabela 3 e 4: Tabela 3: tratamento de candidíase vulvovaginal Tabela 4: tratamento de candidíase vulvovaginal Nos casos de candidíase vulvovaginal complicada recorrente pode-se lançar mão do tratamento de forma prolongada associado à manutenção, a depender do caso. Sendo o tratamento prolongado o uso tópico por 7 a 14 dias ou três doses orais de 150mg de Fluconazol com intervalos de 3 dias entre eles. Já o tratamento de manutenção faz uso de 150mg de Fluconazol oral 1x por semana ou 200mg de Clotrimazol tópico 2x por semana durante 6 meses. Os parceiros assintomáticos não precisam ser tratados. VAGINOSE BACTERIANA A vaginose bacteriana é uma síndrome clínica caracterizada por ausência de lactobacilos, crescimento excessivo de anaeróbios facultativos e proliferação de microbiota mista composta por: • Peptostreptococcus; • Prevotella sp; • Bacterioides; • Mobiluncus; • Gardnerella vaginallis; • Mycoplasma hominis (alguns casos). 10 Lara Mendonça FITS/P4 É responsável por 40% dos casos de vulvovaginites em mulheres em idade reprodutiva e cerca de 70% são assintomáticas. A presença de vaginose bacteriana é fator de risco para salpingites, peritonites, infecções após procedimentos cirúrgicos ginecológicos e endometrites pós- parto ou cesariana. Está associada a multiplicidade de parceiros e pode facilitar a aquisição de DST, embora não seja uma DST. TRATAMENTO DA VULVOVAGINITES O tratamento deve ser feito para as sintomáticas e as assintomáticas só devem ser tratadas as que forem realizar procedimentos ginecológicos. • Metronidazol (cp 250 mg ou 400 mg) 400-500 mg 12/12 h 7 dias; • Metronidazol gel 0,75% 1 aplicador (5 g) à noite 5-7 dias; • Clindamicina creme 2% 1 aplicador (5 g) à noite 5-7 dias. OBS: regimes de dose única não são recomendados já que tem eficácia reduzida a não ser que haja risco de descontinuação do tratamento, nesses casos, optar por metronidazol ou secnidazol 2 g, VO. TRICOMONÍASE A tricomoníase é uma DST causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis com período de incubação entre 4 e 28 dias. Possui alto poder infectante e pode ser identificada em 30 a 40% dos parceiros masculinos de pacientes infectadas, embora a infecção nos homens seja autolimitada e transitória. Diagnóstico da Tricomaníase Sintomatologia: • Secreção vaginal abundante e bolhosa, de coloração amarelo- esverdeada; • Prurido vulvar intenso; • Hiperemia e edema de vulva e vagina; • Exame clínico: colo em aspecto de morango. Raramente a cultura de tricomonas é indicada. O teste mais utilizado é o exame a fresco, com gota do conteúdo vaginal e soro fisiológico, observando o parasita no microscópio. TRATAMENTO DA TRICOMANÍASE • Metronidazol 2 g, VO, em dose única (1ª escolha) • Tinidazol 2g, VO, em dose única • OBS: Tratamento tópico pode ter falha de até 50%, não sendo recomendado. RECOMENDAÇÕES DURANTE O TRATAMENTO DA TRICOMANÍASE • Abstinência sexual; • Bebidas alcoólicas deve ser evitada durante 24 horas nos regimes em dose única com metronidazol; • O(s) parceiro(s) deve(m) ser tratado(s), recebendo o mesmo esquema terapêutico, já que a tricomoníase é uma DST. DIAGNÓSTICO DA TRICOMANÍASE Sintomatologia: • Secreção vaginal abundante e bolhosa, de coloração amarelo- esverdeada; • Prurido vulvar intenso; • Hiperemia e edema de vulva e vagina; • Exame clínico: colo em aspecto de morango. Raramente a cultura de tricomonas é indicada. O teste mais utilizado é o exame a fresco, com gota do conteúdo vaginal e soro fisiológico, observando o parasita no microscópio. Tratamento da Tricomaníase 11 Lara Mendonça FITS/P4 • Metronidazol 2 g, VO, em dose única (1ª escolha) • Tinidazol 2g, VO, em dose única • OBS: Tratamento tópico pode ter falha de até 50%, não sendo recomendado. RECOMENDAÇÕES DURANTE O TRATAMENTO DA TRICOMANÍASE • Abstinência sexual; • Bebidas alcoólicas deve ser evitada durante 24 horas nos regimes em dose única com metronidazol; • O(s) parceiro(s) deve(m) ser tratado(s), recebendo o mesmo esquema terapêutico, já que a tricomoníase é uma DST. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL A candidíase vulvovaginal raramente ocorre antes da menarca e tem seu pico próximo aos 20 anos de idade. As manifestações variam desde uma colonização assintomática até sintomas muito severos. Cerca de 75% das mulheres irão apresentar pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal. Embora seja frequentemente diagnosticada em pacientes imunossuprimidas e portadoras de DST, a candidíase vulvovaginal não deve ser considerada uma DST. O principalagente etiológico é a CANDIDA ALBICANS, que corresponde a cerca de 90% dos casos e pode ser encontrada na microbiota normal sem causar sintomas. Alguns fatores de risco podem levar ao desequilíbrio desencadeando o quadro. FATORES DE RISCO DA CANDIDÍASE • Gestação; • Diabetes; • Contato oral-genital; • Uso de estrogênios em altas doses; • Anticoncepcionais orais; • Antibióticos; • Espermicidas; • DIU. DIAGNÓSTICO DA CANDIDÍASE Sintomatologia: • Prurido intenso; • Edema de vulva e/ou vagina; • Secreção esbranquiçada e grumosa; • Disúria terminal; Para o diagnóstico deve-se levar em consideração sintomatologia, exame físico e fatores de risco da paciente. A confirmação pode ser feita através do exame microscópico a fresco ou a coloração de Gram demonstrando a presença de hifas e pseudo-hifas. TRATAMENTO DA CANDIDÍASE • Fluconazol 150 mg, VO dose única ou • Itraconazol 200 mg, VO 12/12h, 1 dia, ou • Cetoconazol 200mg, VO 12/12h, 5 dias. OBS: o tratamento do parceiro deve ser feito somente nos sintomáticos (balanite: áreas eritematosas na glande associadas a prurido). VULVOVAGINITES E SUAS CARACTERÍSTICAS 3- COMPREENDER A DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA – DIP. O que é 12 Lara Mendonça FITS/P4 É uma síndrome clínica causada por vários microrganismos, que ocorre devido à entrada de agentes infecciosos pela vagina em direção aos órgãos sexuais internos, atingindo útero, trompas e ovários e causando inflamações. Esse quadro acontece principalmente quando a gonorreia e a infecção por clamídia não são tratadas. Formas de contágio Essa infecção pode ocorrer por meio de contato com as bactérias após a relação sexual desprotegida. A maioria dos casos se dá em mulheres que têm outra Infecção Sexualmente Transmissível (IST), como a cervicite, causada principalmente gonorreia e infecção por clamídia não tratadas. Entretanto, também pode ocorrer após algum procedimento médico local – como inserção de Dispositivo Intrauterino (DIU), biópsia na parte interna do útero ou curetagem. O uso da camisinha masculina ou feminina é a melhor forma de prevenção. Sinais e sintomas • Dor na parte baixa do abdômen (no “pé da barriga” ou baixo ventre) e/ou durante a relação sexual. • Dor abdominal e nas costas. • Febre, fadiga e vômitos. • Corrimento vaginal, sangramento vaginal, dor ao urinar. Diagnóstico e tratamento Na presença de qualquer sinal ou sintoma de DIP, recomenda-se procurar imediatamente um profissional de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento adequado. Em casos mais graves, é necessária a internação hospitalar para uso de antibiótico por via venosa. CAUSAS DA DIP A doença inflamatória pélvica é geralmente causada por bactérias da vagina. Mais comumente, as bactérias são transmitidas durante a relação sexual com um parceiro que tem uma doença sexualmente transmissível. As bactérias sexualmente transmissíveis mais comuns são • Neisseria gonorrhoeae, que causa a gonorreia • Chlamydia trachomatis, que causa a infecção por clamídia • Mycoplasma genitalium Essas bactérias geralmente se disseminam da vagina para o colo do útero (a parte inferior do útero que se abre para a vagina), onde elas causam infecção (cervicite ). Essas infecções podem permanecer no colo do útero ou se espalhar para cima, causando a doença inflamatória pélvica. A doença inflamatória pélvica também ocorre comumente em mulheres que têm vaginose bacteriana . As bactérias que causam a vaginose bacteriana normalmente residem na vagina. Elas causam sintomas e se espalham para outros órgãos somente se aumentam em número (supercrescimento). Não se sabe se a vaginose bacteriana é sexualmente transmissível. Com menos frequência, a mulher é infectada durante um parto normal, um aborto ou um procedimento médico, como uma dilatação e curetagem (D e C) ou cirurgia ginecológica, quando ocorre a introdução de bactérias na vagina ou quando as bactérias que normalmente residem na vagina são movidas para dentro do útero. A ducha aumenta o risco de infecção. SINTOMAS DA DIP Os sintomas da doença inflamatória pélvica geralmente ocorrem no final da menstruação ou durante alguns dias depois dela. Para muitas mulheres, o primeiro sintoma é uma dor leve a moderada (muitas vezes profunda) na parte inferior do abdômen, que talvez seja pior em um lado. https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/gonorreia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/infec%C3%A7%C3%B5es-por-clam%C3%ADdia-e-outras-infec%C3%A7%C3%B5es-n%C3%A3o-gonoc%C3%B3cicas https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/doen%C3%A7as-sexualmente-transmiss%C3%ADveis-dsts/infec%C3%A7%C3%B5es-por-clam%C3%ADdia-e-outras-infec%C3%A7%C3%B5es-n%C3%A3o-gonoc%C3%B3cicas https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/infec%C3%A7%C3%B5es-vaginais-e-doen%C3%A7a-inflamat%C3%B3ria-p%C3%A9lvica/cervicite https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/infec%C3%A7%C3%B5es-vaginais-e-doen%C3%A7a-inflamat%C3%B3ria-p%C3%A9lvica/vaginose-bacteriana-vb https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/diagn%C3%B3stico-de-dist%C3%BArbios-ginecol%C3%B3gicos/exames-para-dist%C3%BArbios-ginecol%C3%B3gicos#v1157218_pt 13 Lara Mendonça FITS/P4 Outros sintomas incluem o sangramento vaginal irregular e um corrimento vaginal, às vezes com odor ruim. À medida que a infecção se espalha, a dor no abdômen inferior torna-se cada vez mais intensa e pode vir acompanhada por uma febre baixa (geralmente inferior a 38,9 °C), náuseas ou vômitos. Posteriormente, a febre pode subir e o corrimento muitas vezes se torna purulento de cor verde-amarelada. A mulher pode ter dor durante a relação sexual ou a micção. A infecção talvez seja grave, mas cause sintomas leves ou nenhum sintoma. Os sintomas da gonorreia tendem a ser mais graves que os de uma infecção por clamídia ou infecção por Mycoplasma genitalium, que às vezes não causam corrimento ou nenhum outro sintoma perceptível. COMPLICAÇÕES A doença inflamatória pélvica pode causar outros problemas, incluindo: • Bloqueio das trompas de Falópio • Peritonite (uma infecção abdominal séria) • Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (uma infecção séria dos tecidos ao redor do fígado) • Abscesso (um acúmulo de pus) • Adesões (faixas de tecido cicatricial) • Uma gravidez em uma das trompas de Falópio (gravidez ectópica) Às vezes, as trompas de Falópio infectadas ficam bloqueadas. Um bloqueio das trompas pode fazer com que elas fiquem inchadas porque o líquido fica preso. A mulher pode sentir pressão ou dor crônica na parte inferior do abdômen. A peritonite surge se a infecção se disseminar para a membrana que reveste a cavidade abdominal e recobre os órgãos abdominais. A peritonite pode causar dor intensa súbita ou gradual em todo o abdômen. A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis surge se a infecção das trompas de Falópio ocorrer devido à gonorreia ou a uma infecção por clamídia e se disseminar para os tecidos ao redor do fígado. Essa infecção pode causar dor no lado superior direito do abdômen. A dor se assemelha à de uma doença da vesícula biliar ou cálculos biliares. Um abscesso se forma nas trompas de Falópio ou ovários de aproximadamente 15% das mulheres com trompas de Falópio infectadas, especialmente se elas tiveram a infecção por muito tempo. Um abscesso às vezes se rompe e ocorre vazamento de pus na cavidade pélvica (causando peritonite). A ruptura provoca dor intensa na parte inferior do abdômen, rapidamente seguida de náusea, vômito e pressão arterial muito baixa (choque ). A infecção pode se espalhar para a correntesanguínea (um quadro clínico chamado sepse ) e pode ser fatal. Ela representa uma emergência médica. Adesões são faixas anômalas de tecido cicatricial. Elas podem surgir quando a doença inflamatória pélvica produz um líquido purulento. Este líquido irrita os tecidos e causa a formação de faixas de tecido cicatricial nos órgãos reprodutores ou entre os órgãos no abdômen. Isso pode causar infertilidade e dor pélvica crônica. Quanto mais tempo e mais grave a inflamação e quanto mais frequentemente se repetir, maior o risco de infertilidade e outras complicações. O risco aumenta a cada vez que a mulher tiver a infecção. A mulher que teve doença inflamatória pélvica tem uma chance seis a dez vezes https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/sintomas-de-dist%C3%BArbios-digestivos/dor-abdominal-aguda#v14496269_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipotens%C3%A3o-arterial-e-choque/choque https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/bacteremia-sepse-e-choque-s%C3%A9ptico/sepse-e-choque-s%C3%A9ptico 14 Lara Mendonça FITS/P4 maior de ter uma gravidez tubária (um tipo de gravidez ectópica ). Em uma gravidez tubária, o feto cresce em uma trompa de Falópio em vez de no útero. Este tipo de gravidez ameaça a vida da mulher e o feto não consegue sobreviver. TRATAMENTO DA DIP • Antibióticos • Drenagem do abscesso, se necessário Assim que possível, antibióticos para gonorreia e infecção por clamídia são geralmente administrados por via oral ou por injeção no músculo. O tratamento imediato é necessário para evitar complicações graves. Se necessário, os antibióticos são alterados depois que os resultados estiverem prontos. A maioria das mulheres é tratada em casa com antibióticos tomados por via oral. No entanto, a internação hospitalizar é geralmente necessária nas seguintes situações: • A infecção não diminui dentro de 72 horas. • A mulher tem sintomas graves ou febre alta. • Talvez a mulher esteja grávida. • Há suspeita de um abscesso. • A mulher está vomitando e, portanto, não pode tomar antibióticos por via oral em casa. • O médico não consegue confirmar o diagnóstico da doença inflamatória pélvica e não consegue descartar doenças que exigem cirurgia (como a apendicite) como possíveis causas. No hospital, os antibióticos são administrados por via intravenosa. Abscessos que persistem, apesar do tratamento com antibióticos, possivelmente serão drenados. Muitas vezes, uma agulha pode ser usada. Ela é inserida através de uma pequena incisão na pele, e um exame de imagem, como a ultrassonografia ou a tomografia computadorizada (TC), é usado para guiar a agulha até o abscesso. A ruptura do abscesso exige cirurgia de emergência. A mulher deve abster-se de ter relações sexuais até que a terapia antibiótica seja concluída e um médico confirme que a infecção está completamente eliminada, mesmo que os sintomas desapareçam. Todos os parceiros sexuais recentes devem ser examinados quanto à presença de gonorreia e infecção por clamídia e, caso necessário, tratados. Se a doença inflamatória pélvica for diagnosticada e tratada precocemente, uma recuperação completa é mais provável. 4- CARACTERIZAR A PROPEDÊUTICA GINECOLÓGICA (RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE); 5- RELACIONAR OS RISCOS DA FALTA DE ACOMPANHAMENTO GINECOLÓGICO COM O ACOMETIMENTO DE IST’S E AS MEDIDAS PREVENTIVAS PARA TAIS; https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/complica%C3%A7%C3%B5es-da-gravidez/gravidez-ect%C3%B3pica
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