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Subjetividade É uma construção contínua do sujeito na sua interação social. Na interação social é definido a maneira de perceber o mundo e as condutas decorrentes (processos psíquicos), sempre a partir da ordem biológica e histórico social. Várias teorias tentam de alguma forma explicar a subjetividade, como a Psicanálise (questiona a primazia da razão consciente, apontando um inconsciente que age em nós e através de nós). Não deve ser entendida como uma estrutura, e sim como um lócus inevitável de encontros e transformações incessantes. Processos de Subjetivação: Deluze e Guattari. A subjetividade é fruto de um processo individual, mas também grupais e individuais. Grupos O homem como um ser gregário, participa ao longo da vida de vários grupos. Ele só existe, ou subsiste, em função de seus inter-relacionamentos grupais. Zimmerman afirma que todo indivíduo é um grupo, na medida em que dentro de si interagem e convivem muitos personagens introjetados do mundo externo tais como pais, irmãos, professores, entre outros. Todo grupo pode comportar-se como uma individualidade, com traços específicos e típicos. GRUPO AGRUPAMENTO Não é um mero somatório de pessoas Inter-relacionamento É uma unidade de leis dinâmicas, as pessoas que o constituem estão reunidas em torno de um objetivo em comum, como por exemplo, música e orquestra Convivem compartilhando o mesmo espaço e guardam entre si certa proximidade de inter-relacionamento e uma potencialidade em se constituir como um grupo Possui uma organização interna Não há vínculo emocional É fundamental a presença de necessidades, objetivos e tarefas (necessário para o vínculo) Um incidente pode modificar a configuração grupal Necessidade de um vínculo → A passagem de um agrupamento para um grupo consiste na transformação de “interesses comuns” para a de “interesses em comum”. Interação/objetivos em comum de um grupo Estabelece um processo de comunicação, uma troca de signos (código), em que se expressam emoções e percepções. Ocorre quando as pessoas são incluídas e há uma antecipação na conduta dos sujeitos que compõe o grupo. Envolve expectativas recíprocas, intercambio de mensagens, fenômenos de aprendizagens, processos de comunicação, modificação que emerge do reconhecimento do outro, de sua incorporação, o que leva a um ajuste em maior ou menor grau do comportamento de ambos a essa realidade que significa a presença concreta do outro. Condições necessárias para se caracterizar como um grupo Reunião de pessoas com objetivos em comum. Transcendem a somatória dos membros individualmente e forma uma unidade e uma totalidade com uma dinâmica própria, caracterizando a própria identidade grupal. Todos se reúnem em torno de uma tarefa. Possuem enquadre, normas e regras. Funciona como totalidade, com dinâmica instauradas que delineia uma identidade grupal. É formado por sujeitos com características individuais, porém forma uma nova entidade (entidade grupal). É inerente à conceituação de um grupo a existência de uma interação afetiva, de natureza múltipla e variada. Coexistem forças opostas: a coesão e a desintegração. Coexistem dois interesses contraditórios: os individuais e os do grupo. Coexistem duas dinâmicas: consciente e inconsciente. Há sempre a formação de papéis e hierarquias. Há formação de um campo dinâmico no qual gravitam fantasias, ansiedades, resistências, transferências, projeções e mecanismos defensores. Formação de um campo grupal. Dinâmica do campo grupal Quando as pessoas estão num grupo forma-se o que Zimerman chama de campo grupal, que constitui numa estrutura que vai além da soma dos componentes. Formada por inúmeros fenômenos do psiquismo, que se processa em dois planos, o consciente e o inconsciente. Embate entre a necessidade de cumprir a tarefa (grupo de trabalho) e a presença de mecanismos primitivos (negação, projeção, dissociação, idealização, entre outros) – supostos básicos. Jogo ativo de identificações – tanto projetivas quanto introjetivas. É um elemento formador do senso de identificação. Comunicação verbal e não verbal. Desempenho de papéis. Vínculos manifestam-se e articulam-se entre si, seja no plano intra, inter ou transpessoal. Fenômeno da ressonância: como a comunicação ressoa no outro membro do grupo. Esse fenômeno se equivale a “livre associação de ideias”. Galeria de espelhos: onde cada um pode refletir e se refletido nos e pelos outros. Le Bon é considerado o percursor de Freud, por causa das suas teses sobre o inconsciente, e de Einstein, por considerar a matéria como uma forma condensada de energia. O poder das multidões É o único que se ergue e parece destinado a absorver rapidamente os outros. A ação das multidões é uma força que não está ameaçada, cujo prestígio vai sempre aumentando. A época em que estamos a entrar será a era das multidões. Le Bon e as multidões Ele reconhece as multidões, porém se opunha a ela. Para ele, as multidões têm somente o poder de destruir e causar desordem. Multidão do ponto de vista psicológico Multidão psicológica: quando um agrupamento de indivíduos adquire caracteres novos, bem diversos dos caracteres de cada um dos indivíduos que o compõe. A personalidade consciente desvanece-se e os elementos e as ideias de todas as unidades são orientadas em uma direção única. Alma coletiva: quando o grupo começa a agir em uma mesma direção, sendo levado a ações grupais, fazendo, por exemplo, coisas que não faria sozinho. Os grupos são normalmente transitórios e temporários. A alma coletiva é capaz de criar manifestações comuns ao seu grupo como língua, cultura, folclore, tradições, entre outros. A observação fenomenológica de Le Bon às mentes coletivas retrata como há uma alteração da mente individual e o grande papel que exerce o inconsciente coletivo nas ações dos indivíduos que são totalmente direcionados por meio da sugestão do líder e do contágio rápido. Freud crítica essas ideias, principalmente a noção de inconsciente, contágio e sugestão. Características das multidões Autoritarismo. Impulsividade. Irritabilidade. Sentimento de poder invencível. Abandono da personalidade individual pela coletiva. Fim da vida cerebral (faz com o que apareça a sensação de que é pertencente a algo maior). Contágio mental. Poder de sugestão (o contágio mental é um efeito dele). Diminuição da inteligência. Sempre haverá um agente por trás da massa. As opiniões e as crenças nas multidões São capazes de transformar a sociedade. Crenças fixas: mesmo a favor ou contrárias aos pensamentos das multidões não sofrem mudanças, podendo ser ou não de verdade. Crenças variáveis: temporárias. São determinados por dois fatores: remotos e imediatos. FATORES REMOTOS FATORES IMEDIATOS Tornam as multidões capazes de adotarem certas convicções e incapazes de se deixarem penetrar por outras São sobrepostos aos fatores remotos, sem o qual não poderiam agir, provocam a persuasão ativa nas multidões Preparam o terreno onde se veem germinar repentinamente ideias novas Surgem as resoluções que abalam as coletividades A explosão e o desenvolvimento de certas ideias nas multidões configuram-se por vezes fulminante repentinos É através deles que se declara um motim ou se decide uma determinada greve Caráter geral: raça, tradição, tempo, instituição e educação “Ponta do iceberg” → Raça: é o mais importante. O meio, as circunstâncias e os acontecimentos representam as sugestões sociais do momento. Podem exercer uma ação importante, mas sempre momentânea se for contrária as sugestões da raça. Para Le Bon, as instituiçõessão produtos da raça. → Tradição: representam as ideias, necessidades e sentimentos do passado. São a síntese da raça e exercem sobre nós todo o seu peso. Sem tradições estáveis não há civilização. → Tempo: possui grande influência na gênese das multidões. É um dos fatores mais energéticos. Faz evoluir e morrer todas as crenças que, por meio dele, adquirem o poder e, também por meio dele, o perdem. Público Pode ser definido como uma multidão virtual. É uma relação social e espiritual, bem mais avançado do que a formação de uma multidão. Pode-se pertencer simultaneamente a vários públicos. A sugestibilidade e o contágio só pode surgir após muitos séculos de vida social mais grosseira e elementar. É uma espécie de clientela comercial (estabelece entre as pessoas um vínculo social e supõe entre elas afinidades que esse vínculo estreita e acentua). A transformação de grupos em públicos exprime-se por uma necessidade de sociabilidade que torna imperiosa a comunicação regular dos associados através de uma corrente contínua de informações e excitações comuns. Portanto, é inevitável. A formação de um público supõe uma evolução social e mental mais avançada que a formação da multidão. O agrupamento social em públicos é aquele que oferece aos caracteres individuais marcantes as maiores facilidades de se impor e às opiniões individuais originais as maiores facilidades de se expandir. Multidão Se assemelham por traços. Pode-se pertencer a uma multidão de cada vez. É um agrupamento mais natural, submetida às forças da natureza. É menos homogênea que o público. Existe uma intolerância maior com as multidões e, por conseguinte, para com as nações onde domina o espírito das multidões, porque nelas o indivíduo é tomado por inteiro, arrastado por uma força sem contrapeso. É ela que conduz o líder e, às vezes, seu criador. Diferenças entre as concepções teóricas sobre os grupos Le Bon: impulsividade, incapacidade de raciocínio e ausência de senso crítico. Gabriel Tarde: propõe teorias para explicar como o comportamento de um indivíduo se manifesta negativamente na presenta de grandes grupos. Freud: reconheceu as contribuições de Le Bon. Porém, ele usou de referência a ideia de libido. As ligações afetivas (amor) não correm com qualquer grupo, ocorrem em relação ao líder, que ocupa lugar de protetor e amparo (recorre ao mito da horda primeva).
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