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Bronfenbrenner - Unknown - bioecologia do desenvolvimento humano

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bioecologia do 
desenvolvimento 
humano 
tornando os seres humanos 
mais humanos
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B869b Bronfenbrenner, Urie.
 Bioecologia do desenvolvimento humano [recurso 
 eletrônico] : tornando os seres humanos mais humanos / 
 Urie Bronfenbrenner ; tradução: André de Carvalho- 
 Barreto ; revisão técnica: Sílvia H. Koller. – Dados 
 eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2012.
 Editado também como livro impresso em 2011.
 ISBN 978-85-363-2645-0
 1. Psicologia do desenvolvimento. I. Título. 
CDU 159.922
Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052
Tradução técnica:
André de Carvalho-Barreto
Consultoria, supervisão e revisão técnica desta edição:
Sílvia H. Koller
Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Professora no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 
2012
Versão impressa 
desta obra: 2011
bioecologia do
desenvolvimento
humano
tornando os seres 
humanos mais humanos
Urie Bronfenbrenner
Obra originalmente publicada sob o título Making Human Beings Human: Bioecological 
Perspectives on Human Development
ISBN 978-0-7619-2712-9
©2005 by Sage Publications, Inc.
Tradução autorizada por acordo firmado com SAGE Publications, Inc., Estados Unidos, 
Londres e Nova Delhi.
Capa: Paola Manica
Preparação do original: Cristine Henderson Severo
Editora sênior - Ciências Humanas: Mônica Ballejo Canto
Editora responsável por esta obra: Carla Rosa Araujo
Equipe de auxiliares de revisão técnica: 
Airi Macias Sacco
Carlos José Nieto Silva
Clarissa Pinto Pizarro de Freitas
Eva Diniz Bensaja dei Schirò
Jean Von Hohendorff
Jenny Amanda Ortiz Muñoz
Juliana das Neves Nóbrega
Susana Núñez Rodríguez
Editoração eletrônica: VS Digital
Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à
ARTMED® EDITORA S.A.
Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana
90040-340 Porto Alegre RS
Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070
É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, 
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, 
fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora.
SÃO PAULO
Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center
Vila Anastácio 05095-035 São Paulo SP
Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333
SAC 0800 703-3444 � www.grupoa.com.br
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Urie Bronfenbrenner foi Professor Emérito Jacob Gould Schurman de Desenvol-
vimento Humano e Psicologia da Universidade de Cornell. Sua longa carreira 
de devoção à teoria e à pesquisa nos campos da infância e da família deu-lhe 
reconhecimento internacional. É considerado um dos principais teóricos sobre a 
Psicologia do Desenvolvimento Humano, com especial atenção à criança e pela 
criação de um domínio interdisciplinar � a Ecologia do Desenvolvimento Hu-
mano. Suas várias contribuições publicadas lhe concederam distintas menções 
honrosas e prêmios tanto nos Estados Unidos, onde viveu grande parte de sua 
vida, quanto no estrangeiro. Possui seis menções honrosas, três de grandes uni-
versidades europeias: Universidade de Gotemburgo, Suécia, Universidade de 
Munster e Universidade Técnica de Berlim, ambas da Alemanha. Em 1996, ga-
nhou o prêmio da American Psychological Association, que passou desde então 
a ser concedido anualmente em seu nome pela �Contribuição ao longo de sua 
vida para Psicologia do Desenvolvimento ao serviço da Ciência e da Sociedade�. 
Em 1994, em reconhecimento ao saber e à liderança de Urie Bronfenbrenner na 
relação entre fundamentação científica e políticas sociais, o Bronfenbrenner Life 
Course Center foi criado na Universidade de Cornell.
Colaboradores
Richard M. Lerner é catedrático de Bergstrom em Ciência Aplicada do Desenvolvi-
mento Humano e diretor do Institute for Applied Research in Youth Development 
no Departamento Eliot-Pearson da Personalidade do Desenvolvimento Humano 
Infantil da Universidade de Tufts. Lerner recebeu da Universidade da Cidade de 
Nova York o título de Doutor em Psicologia do Desenvolvimento Humano. Ele é 
autor e organizador de 55 livros e mais de 400 artigos e capítulos. É o organiza-
dor do primeiro volume Theoretical Models of Human Development, para a quinta 
edição do Handbook of Child Psychology, o qual contém um dos mais importantes 
trabalhos do Professor Bronfenbrenner referente ao seu Modelo Bioecológico. Ele 
também é o organizador da sexta edição do Handbook of Child Psychology, que 
novamente terá um capítulo do Professor Bronfenbrenner sobre sua teoria.
Autores
vi Autores
Stephen J. Ceci, doutor, ocupa uma cadeira vitalícia em Psicologia do Desenvolvi-
mento Humano da Universidade de Cornell. É autor de aproximadamente 300 
artigos, livros e capítulos. Foi convidado a trabalhar nas principais universidades 
do mundo, também foi nomeado principal conferencista em numerosas reuniões 
internacionais de Psicologia. Entre as honras e os prêmios científicos de Ceci in-
cluem-se uma Bolsa Sênior da Fulbright-Hayes, um Prêmio do Institute of Health 
Research por sua Carreira Acadêmica, uma Menção Honrosa e um prêmio por 
Contribuições Notórias Vitalícias da American Academy of Forensic Psychology, 
outro Prêmio em 2002 por Contribuições Notórias Vitalícias para Ciência e Socie-
dade da American Psychological Association e o Prêmio por Contribuições Origi-
nais para as Políticas Públicas da Infância da Society for Research in Child Deve-
lopment. Ceci recebeu o IBM Supercomputing Prize, três Prêmios de Pesquisador 
Sênior da Fundação Mensa e o prêmio Arthur Rickter. Atualmente é membro de 
sete conselhos editoriais; do Conselho de Consultores das Diretorias Científicas 
Social, Comportamental e Econômica da National Science Foundation; é membro 
do Conselho Nacional Acadêmico Científico sobre Ciências Cognitivas, Sensoriais 
e Comportamentais e do Instituto Canadense para Programas de Desenvolvimen-
to Humano voltados para a Pesquisa Avançada. Ceci é fundador e coeditor da 
revista da American Psychological Society, a Psychological Science in the Public 
Interest, a qual é parceira da revista Scientific American. Hoje, atua no Grupo de 
Trabalho da Casa Branca sobre Pesquisas Federais Prioritárias à Infância. É mem-
bro de sete conselhos da American Psychological Association, American Psycholo-
gical Society e American Association for the Advancement of Science (AAAS). Em 
2003, recebeu a mais alta condecoração da American Psychological Association, 
o Prêmio por Contribuições Notórias para Psicologia Aplicada.
Stephen F. Hamilton é professor de Desenvolvimento Humano na Universidade de 
Cornell, codiretor do Family Life Development Center e Chanceler Associado 
para Divulgação Comunitária. Suas pesquisas no desenvolvimento e na edu-
cação de adolescentes investigam a interação na escola, na comunidade e no 
trabalho na transição da adolescência para a vida adulta. Com uma Bolsa de 
Pesquisador Sênior da Fulbright, passou um ano estudando o sistema de apren-
dizagem alemão, o que resultou no livro Apprenticeship for Adulthood: Preparing 
Youth for the Future, que serviu como guia de Ações de Oportunidade da Escola 
para o Trabalho de 1994 e dirigiu com Mary Agnes Hamilton o projeto Apren-
dendo Melhor no Trabalho: Escolhas para Qualidade. Juntos, Stephen e Mary 
Agnes, estudaram sobre como adultos tutoram jovens no trabalho e foram co-
autores de um capítulo sobre �Contextos para Tutoria� no próximo Handbook of 
Adolescent Psychology. Outro capítulo em coautoria, �Escola, Trabalho e Adultez 
Emergente�, será lançado em um livro sobre adultez emergente. Eles são orga-
nizadores do The Handbook of Youth Development: Coming of Age in American 
Communities.
A minha querida esposa, Liese, 
sem sua mente e seu coração 
este livro jamais teria sido escrito.
Esta página foi deixada em branco intencionalmente.
Este livro retrospectivo e integrado não teria sido compilado sem a utilização 
de produções de outrosautores e coautores. Particularmente, estou em dívida com 
Robert e Beverly Cairns e Stephen Ceci, e também com muitos outros colaboradores, 
colegas, professores, mentores e estudantes, cujo trabalho e ideias me influenciaram 
e inspiraram por mais de seis décadas.
Também agradeço a Kate Bronfenbrenner, Liese Bronfenbrenner, Kristen Ha-
milton, Clare Holmes, Gerri Jones, Holly Mistlebaum, Beth Soll e Chong Wang, cuja 
dedicada assistência, como críticos construtivos, bibliotecários, auxiliares técnicos 
em informática e revisores, permitiu que este manuscrito fosse concluído no prazo. 
Estou em débito especialmente com Gerri Jones por suas habilidades editoriais ba-
seadas na familiaridade com a evolução do modelo bioecológico.
Sou grato a Richard M. Lerner, por escrever o Prefácio da edição norte-ameri-
cana, e a Stephen F. Hamilton e Stephen J. Ceci, por assinarem o Posfácio desta pu-
blicação. Fico igualmente grato ao Conselho Editorial formado por vários revisores 
anônimos. Obrigado também a Jim Brace-Thompson, meu editor da Sage Publica-
tions, a Karen Ehrmann, assistente editorial, e aos seus colegas, pelas contribuições 
editoriais e técnicas durante toda a preparação e produção deste livro.
Agradecimentos
Esta página foi deixada em branco intencionalmente.
Apresentação à edição brasileira ............................................................. 13
 Sílvia H. Koller
Prefácio .......................................................................................................... 19
 Richard M. Lerner
Introdução
Tornando os seres humanos mais humanos .......................................... 37
PARTE I 
Sobre a natureza da teoria e da pesquisa bioecológica ...................... 41
 1. A teoria bioecológica do desenvolvimento humano ................................. 43
 2. A ecologia social ao longo do tempo e do espaço ................................... 55
 R. B. Cairns e B. D. Cairns
 3. Status, estrutura e desenvolvimento social na sala de aula ...................... 61
 4. A ecologia social do desenvolvimento humano: uma retrospectiva ......... 65
 5. O espaço lewiniano e a substância ecológica ........................................... 78
 6. Perspectiva de futuro ............................................................................... 86
 7. Por uma história crítica do desenvolvimento humano: 
 uma discussão propedêutica .................................................................... 95
 8. Sistemas de interação no desenvolvimento humano. Paradigmas
 de pesquisa: presente e futuro ................................................................. 102
 9. A ecologia do desenvolvimento humano: 
 paradigma perdido ou recuperado .......................................................... 127
10. Teoria dos sistemas ecológicos ................................................................. 137
11. Hereditariedade, ambiente e a questão �como�?: Uma primeira 
 aproximação ............................................................................................ 199
Sumário
12 Sumário
12. O crescente caos na vida de crianças, jovens e famílias: 
 como podemos revertê-lo? ...................................................................... 209
PARTE II
 Usando a ecologia do desenvolvimento humano para promover 
a condição humana ..................................................................................... 221
13. A divisão de classe da família norte-americana ........................................ 223
14. O relatório das minorias do Fórum 15: conferência 
 na Casa Branca sobre a infância em 1970 ................................................ 231
15. Os dois mundos da infância: Estados Unidos e União Soviética ............... 235
16. Oitenta por cento da inteligência é geneticamente determinada? ........... 253
17. O futuro da infância ................................................................................. 264
18. Fortalecendo os sistemas da família ......................................................... 277
19. Cuidado com a infância no modelo anglo-saxão ...................................... 290
Posfácio ......................................................................................................... 299
 Stephen F. Hamilton e Stephen J. Ceci
Índice ............................................................................................................. 301
Faz tempo que me foi concedida a honra de revisar este livro tecnicamente e 
de escrever este prefácio. Mais de seis meses, talvez! Já perdi as contas! Abri inú-
meros arquivos em meu computador, iniciei textos, avancei um ou dois parágrafos 
e nada mais. Alguns deles ficaram sempre em branco, mas meu coração e minha 
mente não! Eram tantas ideias e tantos sentimentos que brotavam que mal conse-
guia eleger o que era mais relevante. Costumo dizer aos meus alunos que quando 
não conseguem escrever a primeira linha, escrevam a segunda. Mas é fácil dizer, 
difícil, fazer. Olhava pela janela da minha casa e dos diferentes hotéis pelo mundo 
por onde eu andava, buscando por inspiração. Imaginava tantas palavras bonitas e 
verdadeiras a serem escritas, mas, na verdade, quando concretizadas na tela, elas 
pareciam não fazer jus à honrosa tarefa que me fora designada. Às vezes, parecia 
piegas, às vezes distante, e deveria ser tão fácil escrever sobre Bronfenbrenner e por 
que não o fazia? Afinal, seria como escrever em reverência a quem melhor definiu 
o desenvolvimento humano entre os teóricos de nosso tempo. Desenvolvimento é 
mais do que mudança, é constância. Isto tem um valor intrínseco muito importante! 
E eu, que não sou dada a rezar para pedir, mas para agradecer, me peguei, uma vez 
e outra mais, constrita em busca de uma luz. E tal fato já era uma constância!
Bronfenbrenner não estava naqueles parágrafos teóricos, biográficos, vazios, 
distantes que eu vinha escrevendo. Eu sabia que só seriam autênticos se o expres-
sassem. Eu sabia quanto ele estava aqui dentro de mim. Foi na convivência com o 
ser humano que ele ainda é, que me tornei mais humana. Suas ideias ainda vibram 
intensamente nas memórias, nos escritos, e parece que ele está por ali quando co-
meço a contar as histórias de nossa breve e intensa convivência. Vejo, nos olhos 
vibrantes de meus alunos, quando relato estas histórias, as mesmas inquietudes que 
eu tinha quando era estudante de Psicologia. Quando conversava com ele, quando 
lia seus textos, minhas intrigantes dúvidas, perguntas, contestações faziam tanto 
mais sentido. E a minha maior admiração, que se revelava em suas obras, não era a 
falta de certezas, mas as possibilidades que sempre poderiam se apresentar. Afinal, 
ser humano não é ser alguém trivial. Tem que ser possível descobrir algo novo sobre 
ele sempre. 
Relia, também, o que já havia escrito sobre ele em outras obras, e não me sen-
tia satisfeita. Outros textos sobre Bronfenbrenner me traziam as lembranças maravi-
Apresentação à edição brasileira
Urie Bronfenbrenner14
lhosas de sua vida e de nossa convivência (Koller, 2004) ou a dor profunda pela sua 
perda (Koller, 2005). Inúmeras vezes estes textos foram mencionados por estudantes 
e colegas que me diziam o quanto passaram a admirá-lo pelo meu depoimento. Ele 
gostaria, certamente, de ter lido. Diante dessas recordações e constatações, comecei 
a me perguntar como eu poderia fazer diferente agora. Mais do que escrever sobre 
sua teoria, suas ideias ou sua biografia, queria, de novo, escrever sobre quem ele era 
para mim. Queria escrever o quão humano ele era e o quão semelhante nós todos 
somos em nossa imensa diversidade. Certamente, escrever sobre isso era também 
aprender e contribuir para a aprendizagem de sua teoria! 
Muitos estudantes de Psicologia gostariam de saber (e talvez precisassem sa-
ber) como eles são parecidos com Bronfenbrenner. Seus relatos sobre a necessidade 
de ir em busca dos estudos em Psicologia, ainda na juventude, para melhorcom-
preender a si mesmo, pareciam tão pouco originais e tão contemporâneos. E, assim 
como tantos estudantes de Psicologia, Bronfenbrenner também pensava que alguns 
assuntos que aprendia na universidade eram maçantes e absurdos (Bronfenbrenner, 
1995). 
Mesmo tendo aprendido, ao longo de seus anos escolares, que a Psicologia era 
uma ciência que, como qualquer outra, mensurava, observava e fazia experimentos, 
às vezes, desconfiava disso. Ele queria mais. Estava estudando seres humanos, e não 
podia se conformar com a redução de tão complexa realidade psicológica. Os livros 
escolares mostravam que não havia apenas uma Psicologia, mas dezenas delas, que 
os capítulos separados por faculdades psicológicas fragmentavam algo ou alguém 
que lhe parecia tão inteiro e natural e, portanto, não simples. Diante dessa visão tão 
fragmentada do ser humano, Bronfenbrenner ficava se perguntando onde mesmo 
é que deveria encontrar o homem ou a mulher, a criança ou o adolescente a quem 
estava tentando entender. Com o seguimento de seus estudos, e o aumento de suas 
preocupações com tais questões, Bronfenbrenner foi ficando mais convencido de 
que era necessária uma nova forma de conceber e analisar o desenvolvimento hu-
mano. Em seus estudos sobre as diferenças individuais, percebeu que a Psicologia do 
ser humano se integrava em capítulos sequenciais sobre as influências do ambiente 
e dos fatores genéticos ao longo do desenvolvimento. Mas novamente as dúvidas 
surgiram, aproximando-o de tantos estudantes que vão descobrindo as diferentes 
Psicologias durante seus anos na universidade. Em parte Bronfenbrenner estava 
fascinado com novos conhecimentos, mas temia que alguns deles não estivessem 
devida e experimentalmente testados. Ou quem sabe estivessem até muito experi-
mentalmente testados, mas distantes da ecologia do ser humano. A falta de men-
suração na ciência psicológica fugia da ideia de que a Psicologia seria uma ciência 
de verdade, mas algumas medições lhe pareciam alienígenas, ou avaliando, alguém 
que fosse. Mas sua persistência e o conhecimento acumulado, desde a convivência 
com o pai cientista, lhe mostraram que poderia ser possível agregar tais ideias. 
Talvez mais do que isso, Bronfenbrenner tomou para si o desafio de fazer uma Psi-
cologia que era definitivamente uma ciência, com uma atitude inovadora que é 
bioecologia do desenvolvimento humano 15
tão esperada contemporaneamente. A realidade psicológica não ocorria apenas em 
experimentos controlados. Bronfenbrenner enfatizou os experimentos naturais que 
a própria natureza humana experienciava em seu desenvolvimento, e que estes de-
veriam ser priorizados. A observação naturalística de seres humanos reais, nos seus 
ambientes reais, interagindo com outros seres humanos, objetos e símbolos também 
reais, ainda que fossem para eles, viria a ser o núcleo central da sua teoria. Fazer 
ciência, afinal, conforme Bronfenbrenner enfatizou �não é apenas verificar hipóteses, 
mas descobrir novas, e provar para si mesmo que é possível estar errado� (1995, p. 
606). Mais do que isso, deu-se conta de que a integração e o avanço da ciência psi-
cológica só ocorreriam porque os �psicólogos não fazem apenas experimentos, eles 
também pensam � rigorosa e sistematicamente � tanto antes quanto depois de cada 
experimento.� (1995, p. 606) Quantos estudantes ao longo de seus anos acadêmicos 
gritam vigorosamente a favor disso? Quantos realmente são ouvidos? Quantos são 
calados? E como são calados?
Tornar seres humanos mais humanos. Parece uma proposta desafiadora, com 
um quê de pretensão e utopia. Quem sabe? Apenas alguns poucos estudiosos em 
Psicologia poderiam fazer tal provocação. Apenas alguns poucos estudiosos também 
teriam a sensibilidade e o comprometimento de perceber que há muitos seres hu-
manos por aí vivendo em condições tais que em nada correspondem a sua condição 
de humanos, ou que, no mínimo subjugam a humanidade (no sentido de maior 
realização possível) que deveriam viver. Bronfenbrenner certamente é um deles e, 
por isto, merece nosso mais imenso respeito e admiração.
Bronfenbrenner viveu uma vida de diversidades e de adversidades. Nasceu em 
1917 durante a Revolução Russa, imigrou com seus pais, depois da morte de um ir-
mão pela fome, para os Estados Unidos. Viveu lá, como filho de um neuropatologista 
e pesquisador e uma professora de língua russa, em busca de uma melhor posição 
e sobrevivendo à marginalidade e à pobreza, como os estrangeiros da época. Foi 
bolsista em Cornell, depois da enfermidade do pai, graduou-se em Música e em Psi-
cologia. Depois de Harvard e Michigan, debutou como Doutor na Segunda Grande 
Guerra. Após, voltou para Cornell, como professor, e por ali ficou até o final de sua 
vida. Teve um casamento duradouro, com uma mulher de descendência alemã, seis 
filhos, treze netos e uma bisneta, até sua morte em 2005. Uma vida marcada de fa-
tores de risco e de proteção concomitantes que mostram em sua própria experiência 
o quanto custa e o quanto vale ser humano. 
Para Bronfenbrenner, os mundos dos seres humanos não eram apenas aqueles 
nos quais ele mesmo havia vivido. Seu legado é imortal, um exemplo de que mesmo 
vivendo tantas lutas alguém pode ser feliz e olhar em torno com esperança e con-
fiança em mundos melhores. Sua teoria bioecológica do desenvolvimento humano 
é a expressão disso. Bronfenbrenner tinha a convicção de que o mundo era imenso 
e cheio de oportunidades e de que os seres humanos poderiam estar nele para me-
lhorar as suas próprias vidas e as dos que estavam com eles naquela jornada. Das 
aprendizagens que teve com a Psicologia e dos ensinamentos que transmitiu, talvez 
Urie Bronfenbrenner16
estes tenham sido os mais fecundos. Estudar seres humanos, fazer ciência sobre eles, 
permite acreditar que há sempre possibilidades. Uma teoria � sua teoria � deveria 
ser capaz de encontrar uma razão de ser, sendo aplicada para melhorar a qualidade 
de vida de todos os seres humanos. Por que seria, então, pretensioso propor que se 
podem tornar seres humanos em seres ainda mais humanos?
Bronfenbrenner foi um menino imigrante fugido da guerra em um país estra-
nho, acompanhava seu pai em jornadas diárias por uma instituição para �deficientes 
mentais�, na qual sua casa se inseria. Os arames farpados passavam diante da porta 
de sua casa e cercavam toda a instituição para evitar que os residentes fugissem e 
causassem danos à sociedade. Neste cenário, ouvia diariamente como se fazia ciên-
cia e como se deveria duvidar das verdades que ela podia apresentar. Foi aprenden-
do em cada minúcia a ver com amplidão. Iniciar seus estudos em uma escola para 
meninos de diferentes etnias e idades, onde aprendeu inglês e muito sobre a cultura 
norte-americana, o fez transitar ecologicamente por diversos papéis e contextos. 
Coube a ele, em sua família, voltar à casa para �norte-americanizar� seus pais. 
Bronfenbrenner desempenhou um papel ativo na concepção de programas de 
intervenção em desenvolvimento humano, como o Head Start. Suas ideias e sua 
capacidade de transformá-las em possibilidades para entender e aperfeiçoar os am-
bientes naturais de desenvolvimento humano inspiraram políticas sociais eficazes e 
bem-sucedidas na detenção do ciclo de pobreza e exclusão de muitos seres huma-
nos. Educação integral, saúde, nutrição e o envolvimento das famílias em diversos 
contextos de participação e discussão mostravam sua atitude visionária de uma eco-
logia realmente saudável para o desenvolvimento humano.
Ao longo de sua vida e carreira, Bronfenbrenner perseguiu três temas que se 
reforçavam. Primeiro, buscava sempre uma boa teoria para o desenvolvimento hu-
mano. Segundo, que esta deveria estar implicada e ser aplicada em políticas e prá-
ticas para a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos em seus ambientes. 
Para ele, não havia nada mais prático do que uma boa teoria� (Bronfenbrenner, 
1978, p.48). E terceiro, que para efetivar a disseminação do conhecimento os pes-
quisadores precisavamsempre comunicar seus achados para diversas plateias, por 
meio de artigos, palestras e debates. Tinha como meta ensinar, disseminar, transfor-
mar. Estudantes universitários, colegas pesquisadores, famílias, público em geral, 
políticos eram seu alvo permanente na inquietude de passar adiante aquilo que 
aprendera sendo humano. Bronfenbrenner enfatizava o uso dos métodos naturalís-
ticos, de observação da vida real dos seres humanos. O argumento mais sofisticado 
em defesa da superioridade destes métodos em relação aos experimentais nos estu-
dos com seres humanos denunciava a impossibilidade prática e ética de manipular e 
controlar as variáveis mais significativas para o desenvolvimento psicológico. 
A preservação da boa espécie do querido tio Bronfy, como o chamamos em 
nosso Centro de Estudos, está garantida. Cheios de interesse e de dedicação os estu-
dantes Airi Macias Sacco, Carlos José Nieto Silva, Clarissa Pinto Pizarro de Freitas, 
Eva Diniz Bensaja dei Schirò, Jean Von Hohendorff, Jenny Amanda Ortiz Muñoz, 
bioecologia do desenvolvimento humano 17
Juliana das Neves Nóbrega e Susana Núñez Rodríguez se dedicaram durante horas 
à leitura atenta e competente deste livro. A dedicação à tarefa transcendeu a compe-
tência de cada um deles, mas veio carregada da preocupação de que as suas ideias 
fossem fielmente transmitidas. Agradeço a todos e a cada um deles pelo cuidado e 
responsabilidade com que revisaram comigo este livro.
Ser humano, substantivo ou predicado, é uma expressão rica e difícil de defi-
nir. Bronfenbrenner viveu uma vida longa, teve a capacidade de olhar para dentro 
de si mesmo e buscar se compreender. Essa foi a sua razão para ir em busca do es-
tudo da Psicologia. Não parece muito original; na verdade, parece trivial e comum, 
como tem sido repetidas vezes para muitos de nós estudantes de Psicologia. Esta 
humanidade em Bronfenbrenner é o que fascina ao longo de sua história e sua obra. 
Este livro é mais uma prova disso. E, terminando esta apresentação, talvez eu agora 
só tenha mesmo que olhar pela janela e agradecer...
Sílvia H. Koller
Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Professora no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Referências
Bronfenbrenner, U. (1978). Lewinian space and ecological substance. Journal of Social Issues, 
33(4), 199-212.
Bronfenbrenner, U. (1995).The bioecological model from a life course perspective: Reflections of 
a participant observer. In P. Moen, G. H. Elder, & K. Lüscher (Eds.), Examining lives in context: 
Perspectives on the ecology of human development (Vol. 1, pp. 599-618). Washington, DC: 
American Psychological Association.
Koller, S. H. (2004). Ecologia do desenvolvimento humano: Pesquisa e intervenção no Brasil. 2. 
ed. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Koller. S. H. (2005). Urie Bronfenbrenner - Obituário. Pensando Famílias, 7(9), 161-163.
Esta página foi deixada em branco intencionalmente.
O estudo científico contemporâneo do desenvolvimento humano é caracteri-
zado pelo compromisso de compreender a dinâmica das relações entre o indivíduo 
e os diversos e integrados níveis ecológicos do desenvolvimento humano. Este mo-
delo de ciência do desenvolvimento humano é marcado por uma teoria centrada na 
temporalidade histórica, inserida nos processos relacionais pessoa-contexto, pela 
inclusão de modelos de mudanças dinâmicos que perpassam o sistema ecológico e 
influenciam as pessoas e as instituições por métodos sensíveis à mudança e inter-
relacionais objetivados pela ideia que indivíduos influenciam pessoas e instituições 
de sua ecologia tanto quanto são influenciados por eles (Bronfenbrenner, 2001; 
Bronfenbrenner e Morris, 1998; Damon e Lerner, 1998; Lerner, 2002).
A plasticidade (potencial para mudança sistêmica) associada à inserção do 
indivíduo ativo com o contexto legitima uma perspectiva otimista para a possibili-
dade de que aplicações da ciência do desenvolvimento humano possam promover 
os percursos e os contextos da vida humana. A partir desta perspectiva, os processos 
básicos do desenvolvimento humano podem ser circunstanciados e refinados pela 
sua aplicação em políticas públicas e programas sociais destinados a promover o 
desenvolvimento saudável (Bronfenbrenner, 1974; Lerner, 2002).
Todas essas ideias, que representam a vanguarda da ciência do desenvolvimen-
to humano contemporânea, devem sua origem, articulação persuasiva e refinamen-
to às contribuições singularmente criativas, teoricamente elegantes, empiricamente 
rigorosas e sabiamente humanas e democráticas de Urie Bronfenbrenner. Por mais 
de 60 anos, Urie Bronfenbrenner tem sido referência tanto de excelência quanto 
de consciência profissional no campo do desenvolvimento humano, terreno este 
que, em virtude da sua visão competente e abrangente, se tornou produtivamente 
multidisciplinar e multiprofissional. Hoje, o conhecimento sobre o desenvolvimento 
humano deve ser integrado tanto a História, políticas públicas, Medicina, Econo-
mia, Ciência Política, Economia Doméstica (ciência do consumidor e da família), 
Educação, direitos da criança e do adolescente, desenvolvimento da comunidade 
Prefácio
Urie Bronfenbrenner 
Contribuições da carreira de um cientista 
do desenvolvimento humano pleno
Richard M. Lerner
Urie Bronfenbrenner20
juvenil, Enfermagem e Direito quanto à Psicologia, à Sociologia e à Biologia. Essa 
ampla aliança de cientistas e de profissionais trabalhando juntos para o avanço e 
a promoção da compreensão sobre o desenvolvimento humano ao longo do ciclo 
de vida humano encontra legitimação nas contribuições social e intelectual de Urie 
Bronfenbrenner.
A abrangência da visão científica e social de Bronfenbrenner
Na primeira metade do século XX, a ciência do desenvolvimento humano 
era amplamente voltada ao campo descritivo, tanto por catalogar mudanças ma-
turacionais do ser humano quanto por descrever a covariação entre estímulos e 
respostas, o que Bronfenbrenner (1977) caracterizava como condições �experi-
mentais� artificiais. Bronfenbrenner argumentava que �grande parte da Psicologia 
do Desenvolvimento Humano, conforme existe atualmente, é a ciência do com-
portamento estranho da criança em situações estranhas com adultos estranhos 
pelos períodos de tempo mais breves possíveis�. Consequentemente, ele garantiu 
que apenas �experimentos criados em um ambiente natural são reais em suas 
consequências� e ressaltou que uma investigação deve iniciar focando na maneira 
como as crianças se desenvolvem em ambientes representativos de seu mundo 
real e natural, ou seja, em contextos ecologicamente válidos. Em vez de estudar 
as crianças apenas no laboratório, por exemplo, deve-se estudá-las em seus lares, 
escolas e áreas de lazer.
Além disso, e anunciando o que viria a ser uma crescente contribuição para o 
estudo dos processos de desenvolvimento humano e a explicação dessas transfor-
mações, Bronfenbrenner (1963), em uma revisão da história da ciência do Desen-
volvimento Humano, observou que, dos anos de 1930 aos de 1960, ocorreu uma 
mudança progressiva de pesquisas, que envolviam uma simples coleção de informa-
ções, para estudos voltados para os processos e os constructos no desenvolvimento 
humano. Consequentemente, descrevendo como estava o campo das pesquisas em 
1963, Bronfenbrenner afirmou que, �em primeiro lugar, a reunião de dados por da-
dos parece ter perdido o benefício que possuía. A principal preocupação da pesquisa 
do desenvolvimento humano nos dias atuais está claramente na inferência sobre 
processos e construtos� (p. 257).
A ênfase sobre o processo do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner foi 
profética. Nos 40 anos seguintes, a ciência do desenvolvimento humano presenciou 
a ênfase na teoria que ele previu. Uma década após sua publicação de 1963, Looft 
(1972) demonstrou a continuação da tendência percebida por Bronfenbrenner. A 
revisão de Looft, como a de Bronfenbrenner, foi fundamentada em uma análise 
dosprincipais manuais de Psicologia do Desenvolvimento publicados desde 1930. 
Cada manual representava uma reflexão do conteúdo da época, das ênfases e das 
preocupações da área. Looft mostrou que o primeiro manual de Psicologia do Desen-
volvimento (Murchison, 1931) foi consideravelmente descritivo. Consistentemente 
bioecologia do desenvolvimento humano 21
com nossa análise e com as conclusões de Bronfenbrenner, Looft viu os estudiosos 
da época devotando-se essencialmente a coletar normas para o desenvolvimento. 
No entanto, a mudança em direção ao desenvolvimento integrado foi observada em 
1946, e continuou de 1963 (Bronfenbrenner, 1963) a 1972 (Looft, 1972). Notada-
mente, o organizador da edição de 1970 do Handbook of Child Psychology, Paul H. 
Mussen, assinalou que �a maioria das ênfases empíricas e teóricas contemporâneas 
na área do desenvolvimento psicológico [...] parece constituir explicações das mu-
danças psicológicas que acontecem, dos mecanismos e dos processos relacionados 
com o crescimento e o desenvolvimento humanos� (p. vii).
Em um comentário sobre a edição de 1970 de Mussen, Willian Damon, editor 
da edição de 1998 do Handbook of Child Psychology, sublinhou a consistência entre 
a história da ciência do desenvolvimento humano e a articulação de Bronfenbrenner 
(1963) feita 35 anos antes sobre a importância da teoria:
O Handbook of Child Psychology, de Mussen, foi amplamente permeado por teo-
rias do desenvolvimento humano. Muitas delas foram organizadas em torno de 
modelos que eram conhecidos em 1970 como os �três grandes sistemas�: (a) a 
Teoria do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget; (b) a Teoria Psicanalítica e (c) 
a Teoria da Aprendizagem. À Teoria de Piaget foi oferecido o mais extensivo 
tratamento. Esta reapareceu no Handbook, desta vez como autor de um compre-
ensivo (e talvez definitivo) capítulo sobre sua própria teoria, com menor ênfase 
aos exemplos de 1931/1933 e expressões verbais das crianças. Além disso, os 
capítulos escritos por John Flavell, David Berlyne, Martin Hoffman, Willian Kes-
sen, Marshall Haith e Philip Salapatek também incluiam um ou outro aspecto da 
teoria de Piaget. Outros modelos também foram representados nesse Handbook. 
Hebert e Ann Pick explicaram a Teoria Gibsoniana em um capítulo sobre sensa-
ção e percepção; Jonas Langer escreveu um capítulo sobre a Teoria Organísmica 
de Werner; David McNeill descreveu o desenvolvimento da linguagem segundo 
Chomsky; e Robert LeVine escreveu uma versão prévia do que logo se tornaria a 
�Teoria Cultural�. (p. xv)
Em resumo, a visão preliminar de Bronfenbrenner sobre a importância da teo-
ria na ciência do desenvolvimento humano foi feita na edição do Handbook of Child 
Psychology de 1970, como também em edições posteriores (Damon, 1998). 
O conhecimento transformador de Bronfenbrenner
Bronfenbrenner não apenas testemunhou a crescente ênfase sobre as teorias 
dos processos do desenvolvimento, mas ele mesmo também foi o principal teórico 
dessa ênfase na metade do século XX. Realmente, apesar de haver outros grandes 
colaboradores para a Teoria do Desenvolvimento Humano em sua época � Jean 
Piaget, Erik H. Erikson, Paul B. Baltes, David Magnusson, Glen H. Elder Jr. e Gilbert 
Urie Bronfenbrenner22
Gottlieb, para identificar alguns dos maiores membros desse seleto grupo � Urie 
Bronfenbrenner colocou-se como o mais importante entre seus colegas. Suas ideias 
têm sido as que resistiram ao teste do tempo para representar os conceitos funda-
mentais usados em todas as teorias do desenvolvimento humano que constituem a 
vanguarda da área (Damon e Lerner, 1998). Seu papel singular nesta história foi 
liderar o caminho que marcou o necessário vínculo entre teoria e aplicação, e pes-
quisa e prática.
Bronfenbrenner, em 1974, por exemplo, argumentou que o engajamento com 
as políticas públicas não somente promove a pesquisa do desenvolvimento humano, 
mas também aumenta a compreensão das questões teóricas pertinentes à natureza 
das relações pessoa-contexto:
Em discussões da relação entre ciência e políticas públicas, o primeiro axioma 
entre os cientistas sociais é de que as políticas públicas devem ser fundamenta-
das na ciência. Essa proposição não apenas tem lógica, por um aspecto, mas, o 
mais relevante, ela reconhece a importância fundamental e própria da ciência no 
planejamento dessas políticas. Aqueles que fazem as normas devem olhar para 
nós, não como se fossemos a verdade, mas como uma fonte de sabedoria. Em 
poucas palavras, as políticas públicas e sociais necessitam da ciência.
Minha tese neste trabalho é dialogar sobre a proposta que, particularmente no 
campo da ciência do desenvolvimento humano, a ciência das políticas públicas 
� necessidade esta não para comandar nossas atividades organizacionais, mas 
para nos prover de dois elementos essenciais para qualquer desafio científico: a 
vitalidade e a validade dos nossos achados. (p. 1)
Bronfenbrenner enfatizou que �o exercício das questões [em políticas públi-
cas] são essenciais para se ir além da produção de conhecimentos e de teorias sobre 
o processo de desenvolvimento humano� (p. 2), porque �questões de políticas pú-
blicas [servem] como ponto de partida para a identificação de significativos temas 
teóricos e científicos sobre o desenvolvimento do organismo humano como uma 
função da sua interação com seu ambiente, tanto real como potencial�. (p. 4)
A visão de Bronfenbrenner sobre o poder do vínculo entre teoria e prática 
qualificou a plasticidade dos sistemas do desenvolvimento humano retratada em 
sua teoria de forma bastante eloquente e criativa. Bronfenbrenner mudou o campo 
de estudo do ser humano de uma área que descrevia o que �é� no desenvolvimento 
humano para uma ciência que, mediante suas colaborações com aqueles que faziam 
políticas públicas, profissionais e outros agentes de transformação social, previu o 
que �poderia ser� sobre o desenvolvimento humano. Sua teoria e as pesquisas que 
seus estudantes e colegas conduziram no âmbito do seu modelo mudaram a ciência 
do desenvolvimento humano, indo além da explicação e da descrição. Sua visão 
inclui otimização � valorizou o ciclo vital � e a produção, por intermédio das rela-
ções da pessoa dentro do sistema de desenvolvimento, ressaltou o desenvolvimento 
bioecologia do desenvolvimento humano 23
positivo e saudável. Suas ideias focalizaram a área da ciência do desenvolvimento 
humano sobre o que foi e o que poderia ser o melhor do ser humano.
A visão teórica de Bronfenbrenner está incorporada em sua Teoria Bioecoló-
gica do Desenvolvimento Humano. Desde a década de 1970 até o presente, essa 
teoria envolveu uma compreensão ampla e robusta da importância da dinâmica e 
da multiplicidade ecológica do desenvolvimento humano.
A bioecologia do desenvolvimento humano
No seu artigo de 1977, �Toward an Experimental Ecology of Human Develop-
ment�, e em seu clássico livro de 1979, The Ecology of Human Development,* considera-
do por todos os estudiosos como um marco nas contribuições para compreensão da on-
togenia, Bronfenbrenner mostrou a importância, para o desenvolvimento humano, da 
inter-relação dos níveis ecológicos, concebidos como sistemas entrelaçados. Ele descre-
veu o microssistema como o ambiente dentro do qual o indivíduo está em atividade em 
um determinado momento de sua vida. Ele é �o complexo de relações entre a pessoa 
em desenvolvimento e o ambiente imediato no qual ela está contida� (Bronfenbrenner, 
1977, p. 515). O mesossistema é o conjunto de microssistemas, constituindo o nicho do 
desenvolvimento da pessoa em determinado período, isto é, �as inter-relações de vários 
ambientes nos quais a pessoa em desenvolvimento está inserida em um determinado 
período de sua vida�. (p. 515)
Somado a esses sistemas, o exossistema é formado pelos ambientes nos quais a 
pessoa em desenvolvimento não está inserida diretamente (p. ex., o local de trabalho 
dos pais da criança), influenciando sobre o comportamento e o desenvolvimento da 
pessoa, como podeocorrer quando o pai ou a mãe de uma criança tem um dia estres-
sante no trabalho e como resultado ele ou ela está menos capaz de prestar cuidados 
de qualidade à criança. Bronfenbrenner definiu esse sistema como �uma extensão do 
mesossistema, abraçando [...] estruturas sociais específicas formais e informais que 
não contêm a pessoa em desenvolvimento, mas que influencia ou acompanha os am-
bientes imediatos no qual a pessoa se encontra e, portanto, delimita, afeta ou mesmo 
determina o que lá ocorre�. (p. 515)
Finalmente, o macrossistema é o nível que engloba todos os outros da ecologia 
do desenvolvimento humano; este nível envolve a cultura, as macroinstituições, como 
o governo federal, e as políticas públicas. O macrossistema influencia a natureza das 
interações de todos os outros níveis da ecologia do desenvolvimento humano.
As formulações de Bronfenbrenner (1977, 1979/1996) tiveram amplo impac-
to sobre o campo do desenvolvimento humano, promovendo considerável interesse, 
durante a década de 1980, nos efeitos do sistema ecológico no curso da vida do 
indivíduo. Ainda no fim da década de 1980 e início da seguinte, Bronfenbrenner 
mostrou estar insatisfeito com a natureza de suas contribuições para a teoria, a 
* N. de T.: Livro traduzido pela Artmed Editora sob o título A ecologia do desenvolvimento humano.
Urie Bronfenbrenner24
pesquisa ou as aplicações políticas pertinentes para ressaltar a ecologia da vida da 
criança, promovendo seu desenvolvimento positivo. Em 1989, por exemplo, Bron-
fenbrenner assinalou que: 
 
Estudos da ciência do desenvolvimento humano que contribuíram para um mo-
delo ecológico forneceram mais conhecimentos sobre a natureza dos ambientes 
relevantes para o desenvolvimento, próximos e distantes, do que sobre as carac-
terísticas do desenvolvimento individual do aqui e agora. [...] A crítica que fiz 
também se aplica aos meus escritos [...] Em nenhuma parte de meu estudo de 
1979/1996, como em nenhum outro trabalho até hoje, se achou um conjunto 
paralelo de estruturas que conceitualizam as características do desenvolvimento 
da pessoa. (p. 188)
Bronfenbrenner acreditava, assim como outros teóricos que escreveram sobre 
as noções dos sistemas do desenvolvimento humano (p. ex., Baltes, 1997; Baltes, 
Lindenberg e Staudinger, 1998; Brandtstädter, 1998; Elder, 1998; Gottlieb, 1997; 
Magnusson, 1999a, 1999b; Sameroff, 1983; Thelen e Smith, 1998), que todos os 
níveis de organização envolvidos na vida humana são integralmente ligados à cons-
tituição do trajeto da ontogenia individual. Enquanto o livro de 1979/1996 de Bron-
fenbrenner fez enormes contribuições para essas concepções de desenvolvimento 
humano, oferecendo aos estudiosos ferramentas conceituais para a compreensão e 
o estudo dos diferenciados, mas integrados, níveis do contexto de desenvolvimento 
humano, Bronfenbrenner reconheceu que sua teoria poderia estar incompleta até 
que ele incluísse os níveis estrutural e funcional do indivíduo (aspectos biológicos, 
psicológicos e comportamentais), unindo-os dinamicamente com os sistemas ecoló-
gicos criados anteriormente por ele. 
Consequentemente, Bronfenbrenner e seus colegas (p. ex., Bronfenbrenner, 
2001; Bronfenbrenner e Ceci, 1993, 1994; Bronfenbrenner e Crouter, 1983; Bron-
fenbrenner e Morris, 1998), por mais de uma década, trabalharam para integrar 
os outros níveis do sistema do desenvolvimento humano, a Biologia, a Psicologia e 
o comportamento, dentro do modelo do desenvolvimento humano que ele mesmo 
formulou. A amplitude dos níveis, os quais ele procurou sintetizar em seu mode-
lo � desde a Biologia até o mais amplo da ecologia do desenvolvimento humano 
� explica a denominação bioecológico que ele uniu ao seu modelo. Resumidamen-
te, Bronfenbrenner procurou, por mais de uma década, levar as características da 
pessoa em desenvolvimento para dentro do seu sistema ecológico (Bronfenbrenner, 
2001; Bronfenbrenner e Morris, 1998).
Modelo processo-pessoa-contexto-tempo (PPCT)
Segundo a descrição de Bronfenbrenner (1977), o modelo que surgiu deste 
estudo tinha quatro componentes interligados: (a) o processo de desenvolvimento, 
bioecologia do desenvolvimento humano 25
envolvendo a fusão e a dinâmica de relação entre o indivíduo e o contexto; (b) a 
pessoa, com seu repertório individual de características biológicas, cognitivas, emo-
cionais e comportamentais; (c) o contexto do desenvolvimento humano, definido 
como níveis ou sistemas entrelaçados da ecologia do desenvolvimento humano já 
descritos (Bronfenbrenner, 1977, 1979/1996); e (d) o tempo, conceituado como 
envolvendo as dimensões múltiplas da temporalidade (p. ex., tempo ontogênico, 
tempo familiar e tempo histórico), constituindo o cronossistema que modera as mu-
danças ao longo do ciclo de vida (p. ex., Elder, 1998).
Juntos, esses quatro elementos constituem a Teoria Bioecológica de Bronfen-
brenner, pelo modelo processo-pessoa-contexto-tempo (PPCT) para conceitualizar o 
sistema de desenvolvimento integrado e delinear pesquisas que estudem o curso do 
desenvolvimento humano. Bronfenbrenner acreditava que, da mesma forma que 
todos os componentes desse modelo deviam ser incluídos em qualquer especifica-
ção conceitual do dinâmico sistema do desenvolvimento humano, também deviam 
investigar o papel de todos eles para prover informações adequadas à compreensão 
do desenvolvimento humano.
Conforme Bronfenbrenner e Morris (1998), o primeiro componente do mode-
lo, o processo,
abrange formas particulares de interação do organismo com o ambiente, chama-
das processo proximal, que operam ao longo do tempo e são situadas como os 
mecanismos primários que produzem o desenvolvimento humano. Contudo, a 
força desses processos para influenciar o desenvolvimento humano é presumida, 
e mostrada, por variar substancialmente como função das características da Pes-
soa em desenvolvimento, do Contexto tanto imediato quanto mais remoto e dos 
períodos de Tempo nos quais o processo proximal ocorre. (p. 994)
Das três propriedades remanescentes definidas do modelo � pessoa, contexto e 
tempo � Bronfenbrenner e Morris (1998, p. 994) indicaram que deram prioridade à 
definição das características biopsicossociais da pessoa, visto que, como observado por 
Bronfenbrenner em 1989, em suas formulações prévias do modelo (p. ex., Bronfenbren-
ner, 1979/1996), existia uma lacuna com relação a este elemento-chave da teoria.
Três tipos de características da Pessoa são distinguidos como os mais influentes 
para moldar o sentido do desenvolvimento futuro, em razão da sua capacidade 
de influenciar a direção e a força do processo proximal durante o ciclo de vida. 
O primeiro deles é denominado como disposições* que podem ativar os proces-
sos proximais em um domínio particular do desenvolvimento, continuando a 
sustentar sua operação. O seguinte são recursos bioecológicos de capacidade, 
experiência, conhecimento e habilidade necessários para o funcionamento efe-
* N. de T.: Grifos do tradutor.
Urie Bronfenbrenner26
tivo dos processos proximais em um determinado estágio do desenvolvimento 
humano. Finalmente, existem características de demanda que convidam ou de-
sencorajam reações do contexto social que podem fomentar ou interromper a 
operação dos processos proximais. A diferenciação dessas três formas leva suas 
combinações a padrões da estrutura da Pessoa, que podem explicar as diferenças 
na direção e na força dos processos proximais resultantes como seus efeitos no 
desenvolvimento. (Bronfenbrenner e Morris, 1998, p. 995)
 Consistente com o caráter integrativo da teoria dos sistemas do desenvol-
vimento humano, Bronfenbrenner e Morris indicaram que, quando o componente 
Pessoa do modelo bioecológico é expandido desta forma, o resultado é uma rica 
compreensão do sistema ecológico (contexto) no qual o desenvolvimento da pessoa 
é consolidado (p. 995):
Essas novas formulações de qualidade da pessoa que moldam seu desenvolvimen-
to futuro tiveram o efeito não previsto de promover maior diferenciação,expansão 
e integração do conceito original de 1974 sobre o ambiente em termos do entre-
laçamento do microssistema com o macrossistema. [...] Os três tipos de caracte-
rísticas da Pessoa, por exemplo, são também incorporados na definição de micros-
sistema, como as características dos pais, parentes, melhores amigos, professores, 
mentores, colegas, cônjuge ou outras pessoas que participam da vida da pessoa em 
desenvolvimento com regularidade e durante longos períodos de tempo.
Definitivamente, Bronfenbrenner redefiniu o que caracterizava o microssiste-
ma, ligando-o, centralmente, para o que era descrito como o �centro de gravidade� 
(Bronfenbrenner e Morris, 1998, p. 1013) � a pessoa como biopsicossocial � para a 
teoria atualmente elaborada. Apesar de Bronfenbrenner ainda perceber a Ecologia do 
Desenvolvimento Humano como �o ambiente ecológico... concebido como uma série 
de estruturas encaixadas, uma dentro da outra, como um conjunto de bonecas rus-
sas�, como descreveu anteriormente (Bronfenbrenner, 1979/1996, p. 5), ele ampliou 
sua definição do que era privado � a estrutura do microssistema dentro desta ecologia 
pela incorporação de atividades, relacionamentos e papéis da pessoa em desenvolvi-
mento dentro desse sistema. Em 1994, ele definiu microssistema como,
um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais experienciados pela 
pessoa em desenvolvimento em um dado ambiente onde estabelece relações face 
a face com características físicas, sociais e simbólicas específicas que convidam, 
permitam ou inibam seu engajamento, sustentando atividades progressivamente 
mais complexas em um contexto imediato. (p. 1645)
O que pode ser particularmente significantivo para Bronfenbrenner nessa ex-
pansão da definição de microssistema é a inclusão das interações da pessoa não 
bioecologia do desenvolvimento humano 27
somente com outras pessoas neste nível do sistema ecológico, mas também com o 
mundo dos símbolos e da linguagem (o sistema semiótico). Esse é um componente 
das relações ecológicas que os teóricos da atividade também acreditam ser especial-
mente importante no entendimento da formulação de intenções, objetivos e ações 
(cf. Brandtstädter, 1998, 1999).
São introduzidos conceitos e critérios mais amplos sobre as diferenças entre as 
características ambientais que favorecem ou afetam o desenvolvimento do pro-
cesso proximal. Particularmente significativos neste âmbito são o aumento de 
atividade, a instabilidade e o caos nos ambientes nos quais a competência e o 
caráter humano são formados, por exemplo, na família, nas escolas, nos arranjos 
para o cuidado das crianças, nos grupos de amigos e na vizinhança. (p. 995)
A ênfase sobre uma redefinição e ampliação do conceito de microssistema con-
duziu para a última definição da formulação atual de sua Teoria do Desenvolvimento 
Humano. De acordo com Bronfenbrenner e Morris (1998, p. 995),
a quarta e última propriedade definida do modelo bioecológico, a que vai além 
da antecessora (Contexto) é a dimensão do Tempo. O livro de 1979/1996 pou-
co o mencionou, enquanto, na formulação atual, ele teve um lugar notório em 
três níveis sucessivos: microtempo, mesotempo e macrotempo. O microtempo 
refere-se à continuidade versus descontinuidade dentro de episódios contínuos 
do processo proximal. O mesotempo reporta-se à periodicidade desses episódios 
por amplos intervalos, como dias e semanas. Finalmente, o macrotempo focaliza 
nas expectativas e eventos em mudança no âmbito da ampla sociedade, tanto 
dentro como através das gerações, como influenciam e são influenciados pelos 
processos e resultados do desenvolvimento humano ao longo do ciclo de vida.
Proposições do modelo bioecológico
O modelo bioecológico de Bronfenbrenner é, pelo menos em dois sentidos, 
um sistema vivo (Ford e Lerner, 1992). Inicialmente, a teoria em si representa a 
dinâmica das relações do desenvolvimento humano entre um indivíduo que está em 
atividade e seu ambiente complexo, integrado e mutável. Somado a isso, a teoria 
está em si mesma em desenvolvimento (p. ex., como em Bronfenbrenner, 2001), o 
próprio autor procurou fazer suas definições cada vez mais precisas como um guia 
mais operacional para pesquisas relevantes como o modelo PPCT sobre o caráter 
dinâmico do processo de desenvolvimento humano.
Assim, o modelo bioecológico evoluiu para incluir várias proposições. Esses 
conjuntos de ideias promovem uma visão dinâmica da relação contexto-pessoa ao 
processo de desenvolvimento humano. Como explicado por Bronfenbrenner e Mor-
ris (1998, p. 996), uma proposição-chave de modelo bioecológico afirma que:
Urie Bronfenbrenner28
Especialmente em suas fases iniciais, mas também durante o ciclo de vida, o 
desenvolvimento humano toma lugar nos processos de interação recíproca, pro-
gressivamente mais complexos entre um organismo biopsicossocial em atividade 
e as pessoas, objetos e símbolos existentes no seu ambiente imediato. Para ser 
efetiva, a interação deve ocorrer em uma base estável em estendidos períodos de 
tempo. Esses padrões duradouros de interação no contexto imediato são deno-
minados como processo proximal. Exemplos de padrões duradouros de processo 
proximal são encontrados na amamentação ou conforto do bebê, nas brincadei-
ras com uma criança pequena, nas atividades entre crianças, no grupo ou na 
ação solitária, na leitura, na aprendizagem de novas habilidades, nas atividades 
físicas, na solução de problemas, no cuidado de pessoas doentes, na elaboração 
de planos, na execução de tarefas complexas e na aquisição de um conhecimento 
ou experiência.
A segunda proposição da Teoria Bioecológica afirma que:
A forma, a força, o conteúdo e a direção dos processos proximais influenciam o 
desenvolvimento, variando sistematicamente como uma função articulada das ca-
racterísticas da pessoa em desenvolvimento; o contexto � tanto imediato como o 
mais remoto � no qual o processo está fazendo parte; a natureza dos resultados 
do desenvolvimento considerados; e as continuidades sociais e de mudanças que 
ocorrem ao longo do tempo durante o ciclo de vida e o período histórico no qual a 
pessoa tem vivido. (Bronfenbrenner e Morris, 1998, p. 996)
As duas proposições enfatizam um tema encontrado em outros casos da teoria 
dos sistemas do desenvolvimento humano (Lerner, 2002) � que o indivíduo dentro 
do sistema bioecológico é imerso temporalmente na sua dimensão relacional e que 
o multinível ecológico é um agente ativo no seu desenvolvimento. Realmente, Bron-
fenbrenner e Morris (1998, p. 996) chamam a atenção de seus leitores para:
as características da pessoa aparecem atualmente duas vezes no modelo bioeco-
lógico. A primeira como um dos quatro elementos influenciadores �da forma, da 
força, do conteúdo e da direção do processo proximal� e a seguinte como �re-
sultados do desenvolvimento�; isto é, qualidades da pessoa que surgem depois 
de um determinado tempo, como o resultado da combinação conjunta e intera-
tiva, reforçando mutuamente os efeitos dos quatro componentes antecedentes 
do modelo bioecológico. Em suma, no modelo bioecológico, as características 
da pessoa funcionam como um produtor indireto e como um produto do desen-
volvimento.
bioecologia do desenvolvimento humano 29
Sintetizando, a contribuição do indivíduo para o processo do desenvolvimento 
é realizada por uma síntese, uma integração, entre a pessoa em atividade com o seu 
contexto também ativo.
Dentro da Teoria Bioecológica, como em outros modelos do desenvolvimento 
humano sistêmicos, as relações entre o indivíduo ativo constitui-se em um contexto 
também ativo no processo básico do desenvolvimento humano. Realmente, Bron-
fenbrenner (2001) apresenta proposições adicionais que ressaltam o papel relacio-
nal do desenvolvimento humano. De acordo com a proposição a seguir,
Ao longo do ciclo da vida, o desenvolvimento humano toma lugar mediante 
processos de interação recíproca, progressivamente, mais complexos de um or-
ganismo humano ativo, biopsicologicamente emevolução, com as pessoas, os 
objetos e os símbolos presentes no seu ambiente imediato. Para ser efetiva, a 
interação deve ocorrer em uma base regular, em períodos estendidos de tempo. 
Essas formas duradoras de interação no ambiente imediato são denominadas 
como processo proximal. (p. 6965)
Em resumo, as relações entre um indivíduo em atividade com o contexto no 
qual ele a realiza e o multinível ecológico constituem a direção da força do desen-
volvimento humano. Essas relações são também o centro da visão de Bronfenbren-
ner para promover o curso da vida humana. A regulação adaptativa das relações 
pessoa-contexto � trocas entre a pessoa e seu ambiente ecológico que funcionam 
para beneficiar a ambos � de acordo com a perspectiva do modelo bioecológico, 
deve ser o centro do estudo do desenvolvimento humano e do esforço para melho-
rar o curso da vida humana nos níveis tanto individual quanto no seu mundo social. 
A plasticidade dessas relações e a habilidade para maximizar a possibilidade para 
regular adaptações no desenvolvimento definem a essência do ser humano dentro 
do sistema de Bronfenbrenner.
Quer escrevendo Two Worlds of Childhood (1940), no qual procurou ampliar a 
compreensão científica e cultural do desenvolvimento humano nos Estados Unidos 
e na sua terra natal, Rússia (ele nasceu em Moscou em 1917 e imigrou para os Esta-
dos Unidos aos 6 anos*); quer trabalhando como um dos fundadores do Head Start;** 
quer esforçando-se para influenciar a ciência e as políticas públicas por meio de 
conferências, artigos e livros; ou quer formando outras pessoas, uma a uma ou em 
pequenos grupos, por meio sempre de seu estilo convencional dedicado e incisivo, 
Urie Bronfenbrenner defendeu a ideia de que podemos, como estudiosos e cidadãos, 
agir para �tornar o ser humano mais humano�, com apoio na promoção da dinâmica 
* N. de T.: A biografia completa de Urie Bronfenbrenner encontra-se disponível em http://www.human.
cornell.edu.
** N. de T.: Criado em 1965, o programa Head Start foi um dos pioneiros na atenção a crianças pré-escolares 
e familiares em situação de risco, oferecendo-lhes apoio social e afetivo.
Urie Bronfenbrenner30
das relações dos indivíduos e seus ambientes naturais planejados. Ao mesmo tempo, 
ele foi a bússola moral para o campo do desenvolvimento humano. Sua voz foi clara 
e firme, como, por exemplo, em The State of Americans: This Generation and the Next 
(Bronfenbrenner et al., 1996), no qual alerta estudiosos e políticos influentes para a 
existência de ameaças macrossistêmicas para a humanidade e lembra da capacidade 
de continuarmos humanos, justos e democratas. Os eventos do 11 de setembro de 
2002 motivaram o Professor Bronfenbrenner a elaborar este livro para uma vez mais 
formar o seu grande e único intelecto criativo, explicando que, individual e coletiva-
mente, temos a capacidade para promover o melhor do desenvolvimento humano.
Organização deste livro
Este livro é dividido em duas partes: �Sobre a natureza da teoria e da pesquisa 
bioecológica� e �Usando a ecologia do desenvolvimento humano para promover a 
condição humana�. A primeira parte apresenta versões editadas dos principais artigos 
e capítulos de livros publicados pelo Professor Bronfenbrenner durante seus mais de 
60 anos de carreira que refletem as bases e o desenvolvimento de sua Teoria Bioeco-
lógica. Essas produções manifestam sua convicção contínua de que pesquisas rigo-
rosas destinadas a elucidar interdependências do sistema bioecológico, podem pro-
mover aplicações teóricas e práticas pertinentes sobre o papel das crianças, famílias 
e comunidades na promoção do desenvolvimento humano positivo. As produções da 
primeira parte iniciam com os escritos mais recentes do Professor Bronfenbrenner so-
bre a Bioecologia do Desenvolvimento Humano. No Capítulo 1, ele revê suas primei-
ras preocupações sobre as deficiências do modelo como fundamento para uma área 
científica de estudo. Em resposta a essas preocupações, descreve uma conceituação 
atualizada da Bioecologia do Desenvolvimento Humano, definindo suas prioridades. 
Na maioria de seus escritos sobre a Bioecologia do Desenvolvimento Humano, ele 
descreve de forma detalhada sobre um ou dois estudos que mostram a promessa de 
um modelo completo, como no estudo de Small e Luster (1990) sobre juventude de 
risco no Estado de Wisconsin, EUA. Bronfenbrenner mostra como o modelo completo 
(pessoa ↔ processo ↔ contexto ↔ tempo) pode ser aplicado para revelar proces-
sos com consequências tanto benéficas quanto funestas. Estudiosos mostram como o 
acompanhamento parental, por exemplo, dependendo de suas variações sistemáticas 
nos componentes do modelo, pode funcionar a favor ou contra os melhores interesses 
da criança.
No Capítulo 2, Robert Cairns e Beverly Cairns discutem as produções do Pro-
fessor Bronfenbrenner realizadas durante mais de 50 anos. O objetivo deles é ex-
plicar as principais ideias utilizadas na atual ciência do desenvolvimento humano 
para compreender a Ecologia Social no Desenvolvimento Humano. Cairns e Cairns 
situam seu trabalho no contexto de um apelo que existe há mais de um século 
para o uso de uma ciência do desenvolvimento integrada que melhor compreenda 
a ontogenia social. Eles esboçam a evolução do entendimento moderno do papel 
bioecologia do desenvolvimento humano 31
da Ecologia Social que advém dos resultados da tese de Bronfenbrenner publicados 
em 1943 e 1944 na revista Sociometry. Cairns e Cairns explicam que a ideia por ele 
apresentada sobre o caráter integrado do desenvolvimento social manteve-se como 
ênfase em seus escritos, tornando-se um ponto convergente na ciência do desen-
volvimento humano. Essas ideias envolvidas no contexto da elaboração de novos 
métodos de pesquisa e de técnicas de análises de dados forneceram um modelo útil 
para promoção da saúde e prevenção do caos social.
O Capítulo 3 é um trecho da tese de 1942 do Professor Bronfenbrenner, que 
apresenta uma percepção inicial de sua Teoria Ecológica do Desenvolvimento Hu-
mano. Os resultados das análises sociométricas de toda uma população de estudan-
tes de uma escola primária vinculada à Universidade de Michigan sugerem que a 
avaliação do status e da estrutura social exige a concepção do individual e do grupal 
como unidades em desenvolvimento. Os elementos do status e da estrutura social 
são interdependentes e organizados em modelos complexos. São análises, feitas 
pontualmente, de aspectos e atributos isolados insuficientes e até deturpados.
Os psicólogos do desenvolvimento humano têm trabalhado com pesquisas 
experimentais tradicionais que colocam consideráveis limitações teóricas e práti-
cas para a compreensão das forças que influenciam o desenvolvimento humano. 
O ambiente de laboratório não reflete as situações reais sobre as quais as crianças 
se desenvolvem. Assim, o conhecimento usado no delineamento de programas que 
pretendam promover o desenvolvimento de crianças e de famílias é limitado. O Ca-
pítulo 4 faz uma revisão de estudos que acidental ou intencionalmente registraram 
o papel do contexto social sobre processos específicos do desenvolvimento humano. 
A dinâmica, a evolução e os efeitos interativos da �Ecologia Social� com a �Ecologia 
do Desenvolvimento Humano� são mostrados, variando em função do nível de de-
senvolvimento da criança.
No Capítulo 5, o Professor Bronfenbrenner explica suas consideráveis dívidas 
conceituais a Kurt Lewin. Ele enfatiza a importância intelectual de Lewin, especial-
mente no que se refere ao desenvolvimento da ligação entre a ciência fundamen-
tal e as políticas públicas, uma ligação que se torna cada vez mais proeminente 
na sociedade contemporânea. A riqueza do conjunto das ideias de Lewin, como 
sua preocupação nas conexões entre as pessoas e os ambientes, e seu conceito de 
pesquisa-ação, proporcionaram uma visão científica convincente para integração da 
teoria e da prática para melhor elaborar o conhecimento e ensejar sociedades mais 
saudáveis.
O modelo ecológicodiscutido no Capítulo 6 mostra a relação entre ciência e 
políticas públicas. Segundo este modelo, o indivíduo existe em um nível mais ínti-
mo de relações formado por um conjunto de estruturas entrelaçadas que, juntas, 
compõem seu contexto ecológico. A ênfase é posta nas interconexões e significado 
de desenvolvimento dessas estruturas, que variam no seu grau de proximidade, 
influenciando o desenvolvimento da pessoa. Essa complexa teoria permite a identi-
ficação científica das influências sistêmicas no desenvolvimento humano.
Urie Bronfenbrenner32
O Capítulo 7 é a versão de um debate envolvendo o Professor Frank Kessel, 
William Kessen, Sheldon White e o Professor Bronfenbrenner no encontro bianual 
de 1983 da Society for Resarch in Child Development; esse capítulo é editado ape-
nas com a parte do Professor Bronfenbrenner. No segmento, o Professor Bronfen-
brenner amplia a discussão que ele e Ann Crouter apresentaram no Handbook of 
Child Psychology de 1983 sobre a evolução dos modelos de pesquisa na ciência do 
desenvolvimento humano durante o século XX. Ele sugere que precisamos especi-
ficar e integrar na pesquisa dois tipos de sistemas empíricos � o biopsicológico e o 
socioeconômico-político � a fim de entender como a complementaridade entre esses 
sistemas pode possibilitar a melhor compreensão do florescer do desenvolvimento 
humano. Ele sugere também que esses sistemas se tornam progressivamente desor-
ganizados e fragmentados em virtude da escassez de investigações que os integrem, 
podendo essa integração favorecer a Psicologia do Desenvolvimento Humano como 
ciência. Ele discute, entretanto, a noção de que podemos estar na iminência de supe-
rar a desorganização e a fragmentação da ciência do desenvolvimento humano por 
termos finalmente tomado como nosso laboratório a sociedade na qual as crianças 
crescem. Consequentemente, a pesquisa no desenvolvimento humano pode se tor-
nar mais capaz de contribuir para a integração positiva entre esses sistemas e para 
promover seres humanos e sociedades mais saudáveis.
O Capítulo 8 esboça as limitações do modelo social tradicional e dos modelos 
atribuídos ao desenvolvimento humano para explicar os esforços da integração entre 
Biologia e Ecologia. Utilizando a tese de Tulkin (1970) como abertura, ele conduz os 
leitores por meio de cada componente de seu emergente modelo pessoa-processo-
contexto, mostrando como a união de cada componente fornece uma explicação 
poderosa. Finalmente, ele adiciona ao modelo o quarto componente, �tempo�, argu-
mentando que as dimensões, pessoal e histórica, precisam ser levadas em conside-
ração. Apesar de o modelo completo ser cientificamente convincente e bastante pro-
missor, sugere que ele ainda é raramente empregado, de modo que pouca evidência 
foi encontrada para sua validação científica. É este o futuro expresso no título do 
capítulo: a validação completa do modelo pessoa-processo-contexto-tempo.
O Capítulo 9 questiona se suas ideias foram uma vítima de seu próprio su-
cesso. Ele repete uma de suas célebres frases que consta no livro A Ecologia do 
Desenvolvimento Humano, sobre a triste condição da crescente pesquisa na ciência 
do desenvolvimento, referindo-se às principais pesquisas como �a ciência do com-
portamento estranho da criança em situações estranhas com adultos estranhos pelos 
períodos de tempo mais breves possíveis�. Neste volume, ele pede maior atenção aos 
estudos do desenvolvimento humano no contexto. Um dos aspectos deste capítulo é 
o lamento do Professor Bronfenbrenner de que seus colegas desenvolvimentalistas 
foram bem-sucedidos: �agora temos um excesso de estudos sobre �contexto sem 
desenvolvimento��.
No Capítulo 10, o Professor Bronfenbrenner discute o que para ele tem sido 
um desafio ao longo de sua vida, por ser tanto criador quanto crítico de seu próprio 
bioecologia do desenvolvimento humano 33
trabalho. Grande parte deste capítulo é dedicado a estabelecer maneiras específicas 
de intercessão dos processos de desenvolvimento ambientais, fundamentados nos 
resultados de pesquisas transculturais como em um trabalho realizado por Stephen 
Ceci sobre crianças e adultos dos Estados Unidos. Falando de sua perspectiva, com 
base na Teoria de Campo, de K. Lewin, o Professor Bronfenbrenner mostrou que fal-
ta aos modelos teóricos clássicos o dinamismo necessário para desalinhar processos 
entrelaçados. Ele usou como exemplo, dentro desta questão, estudos sobre gravidez 
na adolescência e bebês que nascem abaixo do peso, expondo como o processo 
influencia variáveis demográficas pelas mudanças contextuais. Ele repete esse tipo 
de análise na exploração de outras questões, como os efeitos da modernidade e do 
temperamento.
No Capítulo 11, o Professor Bronfenbrenner e o Professor Stephen J. Ceci pro-
põem uma versão do modelo bioecológico. Eles estruturam esta apresentação pela re-
conceitualização da controvérsia entre o que é inato e aprendido (nature x nurture).
Na segunda parte, �Usando a Ecologia do Desenvolvimento Humano para me-
lhorar a condição humana�, especifica as formas diversas nas quais as ideias do 
Professor Bronfenbrenner podem melhor estruturar programas e políticas públicas, 
promovendo o desenvolvimento humano positivo. Neste módulo, o Professor Bron-
fenbrenner enfatiza a necessidade crucial de que as comunidades trabalhem apoian-
do os esforços das famílias em criar crianças saudáveis.
De acordo com a primeira produção desta seção, o Capítulo 12, explica a im-
portância da ligação entre a condução da pesquisa dentro dos moldes do modelo 
bioecológico e as aplicações de políticas públicas e de programas sociais que pode-
riam diminuir o caos contemporâneo que atinge crianças e famílias. O Capítulo 13 
descreve características do contexto atual da vida da criança e dos familiares, in-
cluindo o papel dos pares na moderação do desenvolvimento da criança. O Capítulo 
14 explica os importantes desafios para o desenvolvimento positivo de crianças, que 
existem no amplo escopo dos ambientes socioeconômicos onde vivem. O Professor 
Bronfenbrenner enfatiza nesse trabalho os estresses que todos os pais experimentam 
na criação de crianças saudáveis.
O Capítulo 15 é extraído do estudo comparativo Bronfenbrenner sobre a infân-
cia nos Estados Unidos e na antiga União Soviética. Ele demonstra a utilidade singu-
lar da perspectiva bioecológica na compreensão das discrepâncias entre os objetivos 
sociais para as crianças e as práticas atuais associadas à educação infantil.
No Capítulo 16, o Professor Bronfenbrenner usa novamente a Teoria Bioecoló-
gica para compreender a relação entre o que é aprendido com o que é inato, na qual 
a questão proposta é a hereditariedade do escore de QI. Sua apresentação explica 
as falhas conceituais e empíricas importantes na reivindicação de que os genes e o 
meio contribuem separadamente para a variação da inteligência.
No Capítulo 17, estende a discussão sobre a estreita relação entre o desenvol-
vimento humano saudável dos pais e a capacidade de promover o desenvolvimento 
Urie Bronfenbrenner34
positivo dos filhos. Ele oferece várias ideias provocativas para promover o desenvol-
vimento dos pais e das crianças.
O aspecto principal do modelo conceitual do Professor Bronfenbrenner é a ên-
fase na importância do desenvolvimento infantil saudável, sustentado pela relação 
entre o cuidado do adulto e do jovem. No Capítulo 18, ele explica a importância do 
cuidado no desenvolvimento humano, incitando seus colegas a prosseguir funda-
mentando interações na promoção do cuidado da criança. Na sua última produção, 
Capítulo 19, ele amplia o modelo bioecológico para avaliar transnacionalmente as 
práticas de cuidado da criança. Ele usa essa abordagem comparativa para formular 
propostas importantes que promovem as políticas públicas de cuidado da infância 
nos Estados Unidos.
Conclusão
Finalmente, Urie Bronfenbrenner, em mais de seis décadas de uma carreira 
produtiva e significativa, oferece ao mundo um presente de esperançae de poder. 
Podemos continuar esperançosos de que, por intermédio de nossas próprias energias 
e contribuições ativas para com nosso mundo, seremos capazes de otimizar nossas 
vidas e as vidas de outros com quem compartilhamos a frágil ecologia de nossa exis-
tência. Se prosseguirmos o trajeto das aplicações da ciência e dos programas e polí-
ticas públicas, para as quais a visão de Bronfenbrenner nos direcionou, poderemos 
também sustentar uma ecologia humana e promoção de saúde às gerações futuras. 
Tal contribuição certamente é um grande legado de Urie Bronfenbrenner, sendo 
uma garantia de que a dignidade humana e a justiça social podem prosperar.
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A tese principal deste livro é a de que, em maior medida do que para muitas 
outras espécies, o ser humano cria o ambiente que dá forma ao seu desenvolvimento 
humano. Suas ações influenciam os diversos aspectos físicos e culturais que mode-
lam sua ecologia, sendo este esforço o que faz os seres humanos � para melhor ou 
para pior � produtores ativos de seu próprio desenvolvimento.
O desenvolvimento humano é uma área de investigação em que grandes avan-
ços científicos ocorreram nas últimas duas décadas, avanços que expandem signifi-
cativamente o conhecimento, abrindo outras áreas de investigação científica não re-
conhecidas anteriormente. Os achados produzidos pelas novas perspectivas teóricas 
e estratégias de pesquisa indicam que as grandes mudanças sociais que ocorreram 
recentemente nas modernas sociedades industrializadas, especialmente nos Esta-
dos Unidos, podem ter modificado tão drasticamente as condições ambientais que 
conduzem o desenvolvimento humano a tal ponto que o processo de tornar os seres 
humanos mais humanos pode estar em perigo.
Os novos avanços e implicações científicas são costumeiramente desconheci-
dos, não somente pelo público em geral, mas também pela maioria dos grandes po-
líticos, profissionais e até para muitos pesquisadores do desenvolvimento humano. 
A razão para essa falta de consciência é que o avanço simultaneamente ocorre em 
disciplinas díspares e sem conexão com outras áreas do conhecimento. Os achados 
reunidos neste livro, por exemplo, vêm de áreas diversas, como Genética Huma-
na, Levantamento Demográfico, Biologia Humana, Psicologia Cognitiva, Sociologia 
Estrutural, Estatística, Educação e Políticas Públicas. Especialmente

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