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CELESC 
 
 
 
Meio Ambiente, Sustentabilidade e os Agrotóxicos. Política Nacional e Internacional. 
Economia Nacional e Internacional. Energia Alternativa. Ciência, Tecnologia e Inovação. Arte 
e Cultura ................................................................................................................................... 1 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
cinco dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
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Desenvolvimento sustentável1: é o modelo que prevê a integração entre economia, sociedade e 
meio ambiente. 
 
Responsabilidade Socioambiental2: Está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e a políticas 
que tenham como um dos principais objetivos a sustentabilidade. Todos são responsáveis pela 
preservação ambiental: governos, empresas e cada cidadão. 
 
Gestão do Lixo 
 O lixo ainda é um dos principais desafios dos governos na área de gestão sustentável. No entanto, na 
última década, o Brasil deu um salto importante no avanço para a gestão correta dos resíduos sólidos. 
Para regulamentar a coleta e tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, além de 
determinar o destino final correto do lixo, o Governo brasileiro criou a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (Lei n° 12.305/10), aprovada em agosto de 2010. 
 
Créditos de Carbono 
 No mercado de carbono, cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida é transformada em 
crédito, que pode ser negociado livremente entre países ou empresas. 
O sistema funciona como um mercado, só que ao invés das ações de compra e venda serem 
mensuradas em dinheiro, elas valem créditos de carbono. 
Para isso é usado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução certificada 
das emissões de gases de efeito estufa. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução 
dos gases poluentes tem direito a comercializar os créditos. 
Por exemplo, um país que reduziu suas emissões e acumulou muitos créditos pode vender este 
excedente para outro que esteja emitindo muitos poluentes e precise compensar suas emissões. 
O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca 
de 5% do total mundial e 268 projetos. 
 
Consumo racional3 
É um modo de consumir capaz de garantir não só a satisfação das necessidades das gerações atuais, 
como também das futuras gerações. Isso significa optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia 
e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o 
desperdício e o excesso e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem 
degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões insustentáveis de 
consumo e diminuir as desigualdades sociais. 
Adotar a prática dos três 'erres': 
Redução, que recomenda evitar o consumo de produtos desnecessários; 
Reutilização, que sugere que se reaproveite diversos materiais; e 
Reciclagem, que orienta reaproveitar materiais, transformando-os e lhes dando nova utilidade. 
 
1 Fonte: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20/desenvolvimento-sustentavel.html 
2 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental. 
3 Texto adaptado de http://www.wwf.org.br/natureza_ 
brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ 
 
Meio Ambiente, Sustentabilidade e os Agrotóxicos. Política Nacional e 
Internacional. Economia Nacional e Internacional. Energia Alternativa. Ciência, 
Tecnologia e Inovação. Arte e Cultura 
Meio Ambiente e Sustentabilidade 
saúde 
Olá candidato(a). No conteúdo a respeito de Meio Ambiente dentro dos tópicos de atualidades, 
teremos uma ordem um pouco diferente. Antes dos textos noticiados no período estipulado, traremos 
alguns conceitos e explicações que normalmente são cobrados independente de ser um conteúdo 
veiculado através de meios de comunicação ou não. Envolvem definições de desenvolvimento 
sustentável e créditos de carbono por exemplo. Caso tenha alguma dúvida, por favor entre em contato 
conosco. 
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Aquecimento Global 
É uma consequência das alterações climáticas ocorridas no planeta. Diversas pesquisas confirmam o 
aumento da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel Intergovernamental em Mudança 
do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos 
cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse aumento pode parecer 
insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de uma região e afetar profundamente a 
biodiversidade, desencadeando vários desastres ambientais. 
As causas do aquecimento global são muito pesquisadas. Existe uma parcela da comunidade científica 
que atribui esse fenômeno como um processo natural, afirmando que o planeta Terra está numa fase de 
transição natural, um processo longo e dinâmico, saindo da era glacial para a interglacial, sendo o 
aumento da temperatura consequência desse fenômeno. 
No entanto, as principais atribuições para o aquecimento global são relacionadas às atividades 
humanas, que intensificam o efeito de estufa através do aumento na queima de gases de combustíveis 
fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural. A queima dessas substâncias produz gases como 
o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que retêm o calor proveniente das 
radiações solares, como se funcionassem como o vidro de uma estufa de plantas, esse processo causa 
o aumento da temperatura. Outros fatores que contribuem de forma significativa para as alterações 
climáticas são os desmatamentos e a constante impermeabilização do solo. 
Atualmente os principais emissores dos gases do efeito de estufa são respectivamente: China, Estados 
Unidos, Rússia, Índia, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Coreia do Sul. Em busca de 
alternativas para minimizar o aquecimento global, 162 países assinaram o Protocolo de Kyoto em 1997. 
Conforme o documento, as nações desenvolvidas comprometem-se a reduzir sua emissão de gases que 
provocam o efeito de estufa, em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990. Essa meta teve que ser 
cumprida entre os anos de 2008 e 2012. Porém, vários países não fizeram nenhum esforço para que a 
meta fosse atingida, o principal é os Estados Unidos. 
 
Lixo Eletrônico 
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho, OIT, destaca que 40 milhões de toneladas de 
lixo eletrônico são produzidas todos os anos. O descarte envolve vários tipos de equipamentos,como 
geladeiras, máquinas de lavar roupa, televisões, celulares e computadores. Países desenvolvidos enviam 
80% do seu lixo eletrônico para ser reciclado em nações em desenvolvimento, como China, Índia, Gana 
e Nigéria. Segundo a OIT, muitas vezes, as remessas são ilegais e acabam sendo recicladas por 
trabalhadores informais. 
Saúde - O estudo Impacto Global do Lixo Eletrônico, publicado em dezembro, destaca a importância 
do manejo seguro do material, devido à exposição dos trabalhadores a substâncias tóxicas como chumbo, 
mercúrio e cianeto. A OIT cita vários riscos para a saúde, como dificuldades para respirar, asfixia 
pneumonia, problemas neurológicos, convulsões, coma e até a morte. 
Orientações - Segundo agência, simplesmente banir as remessas de lixo eletrônico enviadas à países 
em desenvolvimento não é solução, já que a reciclagem desse material promove emprego para milhares 
de pessoas que vivem na pobreza. A OIT sugere integrar sistemas informais de reciclagem ao setor formal 
e melhorar métodos e condições de trabalho. Outro passo indicado no estudo é a criação de leis e 
associações ou cooperativas de reciclagem. 
 
Textos Noticiados: 
 
Governo decide proibir queimadas em todo o Brasil no período da seca4 
 
Decreto foi editado nesta quarta-feira e publicado no 'Diário Oficial da União'. Medida foi anunciada em 
meio à crise ambiental envolvendo as queimadas na Amazônia. 
O governo federal decidiu proibir as queimadas em todo o país durante o período da seca. 
Um decreto sobre a proibição foi editado nesta quarta-feira (28/08) e publicado na edição desta quinta-
feira (29/08) do “Diário Oficial da União”. 
O decreto suspende a permissão do emprego do fogo por um período de 60 dias com o objetivo de 
proteção ao meio ambiente. 
O Código Florestal permite as queimadas somente em casos específicos e desde que autorizadas por 
órgão ambiental. No caso dos povos indígenas, a prática é permitida na agricultura de subsistência. 
 
4 Feliz Ortiz. Governo decide proibir queimadas em todo o Brasil no período da seca. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/08/28/governo-decide-
proibir-queimadas-em-todo-o-brasil-no-periodo-da-seca.ghtml. Acesso em 29 de agosto de 2019. 
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De acordo com o texto, a suspensão não será aplicada em casos de controle fitossanitário autorizado 
por órgão ambiental, em práticas de prevenção e combate a incêndios e na agricultura de subsistência 
de indígenas. 
A medida foi anunciada em meio à crise ambiental e diplomática provocada pela escalada do número 
de queimadas e do desmatamento na Amazônia. 
Na semana passada o presidente Jair Bolsonaro editou decreto autorizando o uso das Forças 
Armadas no apoio aos estados da Amazônia Legal no combate ao fogo. 
 
Queimadas aumentam 82% em relação ao mesmo período de 20185 
 
As queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação ao ano de 2018, se compararmos o mesmo 
período de janeiro a agosto – foram 71.497 focos neste ano, contra 39.194 no ano passado. Esta é a 
maior alta e também o maior número de registros em 7 anos no país. Os dados são do Programa 
Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), gerados com base em imagens de 
satélite. 
 
 
Nesta segunda-feira (19/02), o "dia virou noite" em São Paulo, no Mato Grosso do Sul e no norte do 
Paraná. Por volta das 15h, uma forte névoa escura cobriu a capital paulista, deixando a cidade no breu. 
Especialistas ouvidos pelo G1 explicaram que uma frente fria com ventos marítimos originada do Sul do 
Brasil trouxe uma nuvem do tipo stratus, mais baixa e carregada. Junto a isso, a fumaça originada das 
queimadas da floresta amazônica nos estados do Norte foi potencializada com focos em outros países 
da América Latina. 
Cinco estados tiveram um maior aumento no número de queimadas no Brasil desde o início do ano, 
em comparação com o mesmo período do ano passado: Mato Grosso do Sul, com uma alta de 260% em 
relação a 2018; Rondônia, com 198%; Pará, com 188%; Acre, com 176%; e Rio de Janeiro, com 173%. 
Se tomarmos como base apenas o número, Mato Grosso é líder, com 13.641 focos, o que representa 
19% do total nacional. 
 
 
5 Carolina Dantas. Queimadas aumentam 82% em relação ao mesmo período de 2018. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/19/queimadas-aumentam-82percent-em-relacao-ao-mesmo-periodo-de-2018.ghtml. Acesso em 21 de agosto de 2019. 
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Nas últimas 48h (contadas até 19 de agosto), o Brasil teve 5.253 focos de queimadas detectados pelo 
sistema do Inpe. Bolívia, Peru e Paraguai seguem com 1.618, 1.166 e 465, respectivamente. No sábado 
(17/08), o aeroporto internacional de Viru Viru, na Bolívia, chegou a ser fechado devido à baixa 
visibilidade. 
Alberto Setzer, pesquisador do Programa Queimadas do Inpe, disse que apesar da alta no número de 
incêndios, a chegada da fumaça da região Norte ao Sudeste não é um fenômeno raro. Ele fala que o pôr 
do sol um pouco mais avermelhado é um dos sinais, mas em menor intensidade do que foi visto nesta 
segunda-feira. 
O pesquisador também explica que o El Niño tem um efeito que aumenta a estiagem, mas não causa 
o aumento das queimadas. O fenômeno ajuda a aumentar a "espalhar o fogo". 
"Elas [queimadas] são todas de origem humana, umas propositais e outras acidentais, mas sempre 
pela ação humana. Para você ter queimada natural você precisa da existência de raios. Só que toda essa 
região do Brasil central, sul da Amazônia, está uma seca muito prolongada, tem lugares com quase três 
meses sem uma gota d’água" - Alberto Setzer 
"Não é a toa que o aeroporto lá na Bolívia fechou, que os hospitais estão lotados de gente com 
problemas de respiração", disse Setzer. O pesquisador lembra um caso similar de descida da 
fumaça ocorreu em 9 de agosto deste ano, mas que não atingiu tanto a cidade de São Paulo. 
Os dados do Inpe também apontam o número de Unidades de Conservação e Terras Indígenas que 
sofrem com as queimadas: são 32 e 36, respectivamente. Os incêndios florestais também atingiram outras 
parte do mundo em julho: a agência espacial americana (Nasa) aponta mais de 2,7 milhões de hectares 
na Sibéria; na Espanha, o sistema de monitoramento Copernicus, apoiado pela agência espacial europeia 
(ESA), registrou a pior série de incêndios florestais em 20 anos. 
 
Fim do Fundo Amazônia pode afetar fiscalização do Ibama contra o desmatamento6 
 
Noruega, principal doadora do mecanismo, anunciou a suspensão de repasse de R$ 132,6 milhões 
que estava previsto para 2019. Entre 2016 e 2018, verbas do fundo financiaram 466 vistorias que geraram 
aplicação de mais de R$ 2,5 bilhões em multas. 
O eventual fim do Fundo Amazônia pode impactar diretamente na realização de fiscalizações contra o 
desmatamento ilegal na floresta. 
Nesta quinta-feira (15/08), a Noruega, que entre 2009 e 2018 repassou 93,8% dos R$ 3,4 bilhões 
doados para o fundo, anunciou a suspensão do repasse de R$ 132,6 milhões. A Alemanha também já 
anunciou que suspenderia R$ 155 milhões. As medidas foram anunciadas após o aumento do 
desmatamento na Amazônia e mudanças na gestão do fundo. 
O risco para as fiscalizações após as suspensões se dá porque as verbas financiam, por exemplo, 
meios de transporte especiais, como veículos 4x4 e helicópteros, que são necessários para a realização 
das vistorias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na 
região. 
O Fundo Amazônia contou, nos últimos 10 anos, com 93,8% de verba da Noruega e 5,7% da 
Alemanha, além de 0,5% de recursos da Petrobras, para ações de combate ao desmatamento e 
desenvolvimento sustentável. Quase 60% dos recursos são destinados a instituições do governo. 
 
6 Patrícia Figueiredo. Fim do Fundo Amazônia pode afetar fiscalização do Ibama contra o desmatamento. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/16/fim-do-fundo-amazonia-pode-afetar-fiscalizacao-do-ibama-contra-o-desmatamento.ghtml.Acesso em 16 de agosto 
de 2019. 
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Desde 2016 o Ibama recebe recursos do fundo para bancar o aluguel de veículos especiais em 
operações na Amazônia. De 2016 a 2018, pelo menos 466 missões de fiscalização do órgão foram 
bancadas pelo fundo. Ao todo, essas ações geraram aplicação de mais de R$ 2,5 bilhões em multas. 
“Simplesmente não vai ter viatura e helicópteros para fiscalização ano que vem. Toda essa estrutura 
é financiada pelo Fundo Amazônia”, diz um servidor do Ibama que atua com fiscalizações. Ele não quis 
se identificar por medo de represálias. 
“Toda a logística de viaturas, incluindo de prevenção ao fogo, vai ser afetada diretamente com o fim 
do fundo", diz. 
"Os recursos do Fundo Amazônia vêm de doações e, portanto, são extraorçamentários. Não haverá 
dinheiro ano que vem para o Ibama ir a campo", diz outro servidor do órgão. 
Procurado, o Ministério do Meio Ambiente, responsável pelo Ibama, disse que "já há planejamento de 
obtenção de recursos, inclusive internacionais, para suprir eventual falta de verba do Fundo Amazônia, 
se houver necessidade". 
 
Projetos do Ibama no Fundo Amazônia 
Em abril de 2018 o Ibama assinou um contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
e Social (BNDES) para receber R$ 140 milhões do fundo. A verba seria repassada ao longo de três anos: 
R$ 44 milhões em 2018, R$ 46 milhões em 2019 e R$ 48 milhões em 2020. 
Até o momento, o instituto recebeu R$ 42 milhões, o equivalente a 30% do total do projeto. O último 
repasse foi feito em março deste ano. 
O projeto do Ibama apoiado pelo fundo, segundo a descrição oficial, é para bancar “o pagamento dos 
meios de transporte adequados para as ações de fiscalização ambiental do Ibama”. Segundo o contrato, 
a operação será efetivada por meio do aluguel de caminhonetes e helicópteros usados nas ações de 
fiscalização em campo. 
O instituto diz, na contextualização do projeto, que sempre contou com recursos próprios para esse 
tipo de ação mas, com a crise, precisou recorrer às verbas do fundo. 
"Historicamente, o Ibama dispunha desses meios e executava suas ações fiscalizatórias [na Amazônia] 
com considerável sucesso. No entanto, nos últimos anos, o orçamento desse órgão ambiental vem sendo 
contingenciado, em decorrência da situação fiscal do país", explica o Ibama na descrição do projeto. 
Em 2016 um contrato semelhante entre Ibama e BNDES foi firmado. Com apoio de R$ 56 milhões, o 
projeto financiou 466 missões de fiscalização, empregando 92.276 dias de servidores, que foram 
responsáveis pela lavratura de 5.060 autos de infração contra a flora e aplicação de mais de R$ 2,5 
bilhões em multas. Ao todo, foram executadas 3.116 horas de voo de helicóptero e disponibilizadas 175 
viaturas para o instituto. 
 
Corte no orçamento do Ibama em 2019 
Em abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou um corte de 24% no orçamento do 
Ibama para 2019. O orçamento do Ibama, que seria de R$ 368,3 milhões, segundo a Lei Orçamentária 
(LOA), caiu para R$ 279,4 milhões. 
O corte de R$ 89,9 milhões equivale a cerca de três meses de gastos do Ibama. Só as despesas fixas 
do órgão estão estimadas em R$ 285 milhões para o ano de 2019. 
 
Fundo bilionário sem atividade 
Na prática, as atividades do Fundo Amazônia estão paralisadas neste ano após o Ministério do Meio 
Ambiente brasileiro decidir mudar a composição do comitê que integra o Fundo e o destino dos repasses. 
Nenhum projeto foi aprovado para financiamento neste ano. No mesmo período do ano passado, 
quatro haviam sido aprovados. Ao todo, 11 propostas foram apoiadas em 2018, com investimento total 
de R$ 191,19 milhões. 
O impasse sobre o futuro do Fundo se tornou público em maio, quando Ricardo Salles, titular do 
Ministério do Meio Ambiente, anunciou a intenção de alterar seu funcionamento e destinar recursos para 
indenizar proprietários de terras. Ele também disse haver indícios de irregularidades nos contratos 
firmados com ONGs. 
Os principais países doadores do fundo disseram, à época, que estavam satisfeitos com a gestão 
prévia do fundo, feita pelo BNDES, e também com os resultados obtidos pelos projetos, e ressaltaram 
que não foram encontradas irregularidades nas auditorias já realizadas. 
 
 
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Área da Amazônia com alerta de desmatamento sobe 278% em julho, comparada ao mesmo mês 
de 20187 
 
Em julho de 2018, houve alerta em 596,6 km² na Amazônia. Em julho de 2019, este número foi de 
2.254,9 km², de acordo com dados do Deter, do Inpe. Jair Bolsonaro disse nesta terça (06/08) que o novo 
diretor do Inpe vai apresentar os dados para a presidência antes de divulgá-los. 
As áreas com alerta de desmatamento na Amazônia Legal, que inclui 9 estados, tiveram um aumento 
de 278% em julho, em comparação ao mesmo mês de 2018. Os dados são do Deter, do Instituto de 
Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. 
Em junho, Jair Bolsonaro questionou a veracidade dos dados e foi rebatido pelo então diretor do Inpe, 
que acabou exonerado. Nesta terça (06/08), ele afirmou em Brasília que receberá com antecedência 
dados "alarmantes" de desmatamento, antes que sejam divulgados. Os números estão públicos e 
disponíveis na plataforma Terra Brasilis desde 2017. 
"Ele [diretor interino do Inpe] vai apresentar os números para mim. Se forem alarmantes, a gente vai 
tomar uma decisão. [...] Números, por exemplo, que tenha a ver, que saia do Inpe, tem que ser números 
precisos. Tem a ver com áreas. Não pode áreas superpostas serem computadas. Não pode áreas que 
podem ser desmatados, que podem, ao se desmatar entrar como desmatamento ilegal. Não é verdade 
isso aí", afirmou Bolsonaro. 
Os alertas servem para informar aos fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) onde há 
sinais de devastação, que podem ou não ser comprovados posteriormente. Os dados oficiais de 
desmatamento são feitos por outro sistema, o Prodes, que mede as taxas nos meses em que há seca, 
para evitar que as nuvens cubram as áreas. Os dois sistemas usam o mesmo satélite para gerar as 
imagens. 
 
Alerta de desmatamento em julho 
 
 
 
Em julho de 2018, houve alerta em 596,6 km² na Amazônia. Em julho de 2019, este número foi de 
2.254,9 km² – quase quatro vezes mais. No mês anterior, a área com alerta de desmatamento foi de 931,6 
km². 
Os dados de julho de 2019 são os mais altos desde 2015, se considerados todos os meses de 
monitoramento disponíveis para análise. 
Antes, o recorde de área com alerta havia sido em agosto de 2016, com 1.025 km². 
 
 
7 G1. Área da Amazônia com alerta de desmatamento sobe 278% em julho, comparada ao mesmo mês de 2018. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/07/area-com-alertas-de-desmatamento-na-amazonia-sobem-278percent-em-julho-comparado-ao-mesmo-mes-de-
2018.ghtml. Acesso em 07 de agosto de 2019. 
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De acordo com um levantamento feito pelo Observatório do Clima no mesmo sistema, o desmatamento 
na Amazônia cresceu 49,5% na série histórica 2018/2019, se comparado ao mesmo período de 
2017/2018. Foram 6.833 km² com alerta de desmatamento, contra 4.532 km² no período anterior. 
O coordenador técnico do Observatório do Clima e coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, 
publicou uma imagem nesta terça (06/08) que mostra a degradação ambiental. 
Segundo Azevedo, trata-se de uma área de 35 km² em Altamira, no Pará, para onde foram emitidos 
20 alertas de desmatamento entre maio e julho de 2019. "Cerca de 1,5 milhão de árvores cortadas em 
pouco mais de 90 dias", afirmou 
A Amazônia Legal inclui o Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados de 
Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. 
 
Críticas aos dados de desmatamento 
Em julho, Jair Bolsonaro questionou os dados do Inpesobre o aumento do desmatamento na 
Amazônia. "Com toda a devastação que vocês nos acusam de estar fazendo e de ter feito no passado, a 
Amazônia já teria se extinguido", afirmou. Ele também disse suspeitar que o diretor do Inpe estaria "a 
serviço de alguma ONG". As declarações foram dadas durante uma entrevista a jornalistas estrangeiros. 
No dia seguinte, Ricardo Magnus Osório Galvão, então diretor do Inpe, negou as acusações de 
Bolsonaro, reafirmou os dados sobre desmatamento e disse que não deixará cargo. O Inpe disse em nota 
que sua política de transparência permite o acesso completo aos dados e acrescentou que a metodologia 
do instituto é reconhecida internacionalmente. 
Após a resposta de Galvão, Bolsonaro voltou a questionar os dados e disse que o então diretor deveria 
avisar o ministro da Ciência, ao qual o Inpe é subordinado, antes de divulgar as informações. Os dados 
do Deter estão públicos no portal Terra Brasilis desde 2017. 
No início de agosto, Galvão foi exonerado. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi 
anunciado como o novo diretor interino. 
Douglas Morton, diretor da Nasa, a agência espacial americana, disse que a demissão do diretor do 
Inpe é 'significativamente alarmante'. 
Um levantamento do G1 indica que mesmo as áreas da Amazônia que deveriam ter 'desmatamento 
zero' já perderam o equivalente a 6 cidades de SP em três décadas. Fora das áreas protegidas, a 
Amazônia perdeu 39,8 milhões de hectares em 30 anos, o que representa 19% sobre toda a floresta 
natural não demarcada que existia em 1985, uma perda equivalente ao tamanho de 262 cidades de São 
Paulo. Nas áreas protegidas, a perda acumulada foi de 0,5%. 
Em junho, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que queria contratar uma empresa 
privada para melhorar o monitoramento do desmatamento da Amazônia. Em matéria publicada no jornal 
Folha de S. Paulo, o ministro culpou o monitoramento Inpe pela ineficácia no combate ao desmate. Ao 
mesmo tempo, de acordo com a reportagem, "nos primeiros cinco meses do governo Jair Bolsonaro, o 
Ibama registrou a menor proporção de autuações por alerta de desmatamento na Amazônia dos últimos 
quatro anos". 
 
 
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Número de agrotóxicos que Anvisa considera "extremamente tóxicos" cai de 34% para 2%8 
 
Novo marco regulatório é "forma de enganar a sociedade", segundo pesquisador; mudança também 
impacta rótulo dos produtos. 
A nova classificação de agrotóxicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada 
esta semana no Diário Oficial da União, provocou uma redução drástica do número de produtos 
considerados "extremamente tóxicos" no Brasil. Nos últimos estudos divulgados antes da mudança no 
método de sistematização, 800 agrotóxicos, em média, pertenciam a essa categoria, em um universo de 
cerca de 2300 – aproximadamente 34,7%. A nova tabela, divulgada pela Agência nesta quinta (01/08), 
classifica apenas 43 como "extremamente tóxicos", o que equivale a 2,2% dos 1924 produtos analisados. 
A sistematização dos produtos, até então regulada por uma legislação de 1989 que previa a existência 
de quatro categorias segundo o nível de perigo oferecido pelos venenos, passou a ter cinco divisões, com 
novos critérios. 
As novas normas também permitem que produtos antes considerados “altamente tóxicos”, que 
provocam irritação severa na pele, passem para a categoria de toxicidade moderada, enquanto os “pouco 
tóxicos” – com risco de irritação leve na pele e nos olhos, por exemplo – fiquem liberados de classificação. 
Com isso, eles não apresentarão advertências no rótulo para o consumidor. 
Especialista no tema, o engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, membro da Campanha 
Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, criticou as novas regras em entrevista ao Brasil de Fato. 
Ele considera que a metodologia que a Anvisa passa a adotar impõe riscos à saúde humana. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em média, 193 mil mortes registradas ao ano no 
planeta podem ter relação com o uso de agrotóxicos e outros produtos químicos. 
“A informação de risco agora privilegia os casos de morte. Sobrevalorizar um veneno porque ele causa 
morte e deixar de lado preocupações de longo prazo, como câncer, cegueira, problemas de raciocínio e 
no sistema nervoso central, para nós, é uma forma de enganar a sociedade. Vai minimizar o cuidado que 
as pessoas vão ter com venenos que não causam a morte, mas que trazem dramas que, para uma família, 
são tão relevantes quanto a perda de um parente”, reflete o especialista. 
A Anvisa argumenta que o novo marco regulatório é orientado por um padrão internacional, o Sistema 
Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (Globally Harmonized 
System of Classification and Labelling of Chemicals – GHS), adotado na União Europeia e na Ásia, por 
exemplo. 
“Seria racional que nós tivéssemos um modelo semelhante, mas, na comunidade econômica europeia, 
pelo que sabemos, são proibidos vários dos produtos que são autorizados aqui. Seria de se esperar que 
uma reclassificação que compatibilizasse a realidade brasileira com a europeia retirasse do mercado 
esses produtos. No entanto, não há nenhuma sinalização nesse sentido”, pondera Melgarejo, 
acrescentando que mais de 30% dos venenos que circulam nacionalmente são rejeitados por esses 
países. 
 
Desmatamento dispara no Xingu, um dos últimos 'escudos' da Amazônia9 
 
Destruição em áreas protegidas da bacia – que abriga 26 povos indígenas e serve como corredor 
ecológico para espécies amazônicas – cresceu 44,7% em maio e junho em comparação com mesmo 
período de 2018; para zoólogo, preservação da região é crucial para que a ciência entenda como florestas 
brasileiras se tornaram tão biodiversas. 
O desmatamento em unidades de conservação na bacia do rio Xingu, nos estados do Pará e Mato 
Grosso, cresceu 44,7% em maio e junho de 2019 em comparação com o mesmo período do ano anterior, 
reforçando a tendência de alta no desflorestamento da Amazônia e ampliando as pressões sobre um dos 
principais corredores ecológicos do bioma. 
Os dados são do Sirad X, boletim publicado a cada dois meses pela Rede Xingu+, que agrega 24 
organizações ambientalistas e indígenas. Além de compilar imagens de satélite, o sistema usa radares 
que permitem detectar o desmatamento mesmo em períodos chuvosos do ano. 
O boletim diz que, entre janeiro e junho deste ano, a região perdeu 68.973 hectares de floresta – área 
equivalente à cidade de Salvador. A bacia do Xingu abriga 26 povos indígenas e centenas de 
comunidades ribeirinhas, que dependem do bom funcionamento dos ecossistemas locais para sobreviver. 
A região tem tamanho comparável ao do Rio Grande do Sul. 
 
8 Brasil de Fato. Número de agrotóxicos que Anvisa considera "extremamente tóxicos" cai de 34% para 2%. Redação Brasil de Fato. 
https://www.brasildefato.com.br/2019/08/02/numero-de-agrotoxicos-que-anvisa-considera-extremamente-toxicos-cai-de-34-para-2/. Acesso em 02 de agosto de 
2019. 
9 João Fellet, BBC. Desmatamento dispara no Xingu, um dos últimos 'escudos' da Amazônia. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/02/desmatamento-dispara-no-xingu-um-dos-ultimos-escudos-da-amazonia.ghtml. Acesso em 02 de agosto de 2019. 
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9 
 
Como mais da metade da bacia é composta por áreas protegidas, ela também serve como uma espécie 
de escudo da Amazônia em sua porção oriental, dificultando o avanço do agronegócio pela floresta. E ela 
é uma das últimas áreas do bioma amazônico em contato com o Cerrado, o que lhe confere papel central 
em estudos sobre biodiversidade. 
Quando se compara o desmatamento de maio e junho no Xingu com o do bimestre anterior, o aumento 
foi de 81% para toda a bacia e de 405% para unidades de conservação. 
 
Política ambiental de Bolsonaro 
É normal que o índice dedestruição cresça no meio do ano, quando o clima mais seco facilita as 
derrubadas, mas o tamanho do aumento foi considerado alarmante pelos autores do estudo. 
Para eles, o crescimento se explica por ações do governo Jair Bolsonaro que fragilizaram o combate 
a crimes ambientais e por declarações do próprio presidente que estariam encorajando atividades ilícitas, 
especialmente o garimpo. 
Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, têm pregado uma mudança na política 
ambiental que reduza a ênfase em punições e considere o impacto econômico de atividades nocivas à 
natureza. 
"O que acontece hoje no Brasil, infelizmente, é o resultado de anos e anos e anos de uma política 
pública da produção de leis, regras, de regulamentos que nem sempre guardam relação com o mundo 
real", disse Salles numa reunião com madeireiros em Rondônia, em julho. 
Há duas semanas, a BBC News Brasil publicou uma reportagem sobre o avanço do garimpo ilegal em 
terras indígenas da Amazônia em 2019. Uma das áreas mais impactadas pela atividade fica na bacia do 
Xingu, a Terra Indígena Kayapó. 
Bolsonaro defende liberar a mineração em terras indígenas e costuma dizer que "o índio não pode 
continuar sendo pobre em cima de terra rica". A medida depende de aval do Congresso. 
Várias das principais associações indígenas brasileiras são contrárias à atividade, temendo seus 
impactos sociais e ambientais. 
Segundo os autores do Sirad X, "o garimpo tem se destacado como o principal vetor do desmatamento" 
em áreas protegidas do Xingu. 
 
Quem desmatou mais 
Altamira (PA), onde fica a hidrelétrica de Belo Monte, foi o município da bacia que mais desmatou, com 
18 mil hectares de floresta destruídos em maio e junho. 
O Pará foi responsável por 82% do desmatamento ocorrido na bacia no bimestre, enquanto o Mato 
Grosso respondeu por 18%. 
A unidade de conservação mais impactada foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, 
no Pará, palco de 38% de todo o desmatamento ocorrido na bacia em maio e junho. 
Segundo o boletim, a reserva já perdeu 36% de suas florestas, o que os autores atribuem à "ausência 
de zoneamento que defina as áreas destinadas à conservação" e à "falta de operações de fiscalização e 
monitoramento ambiental in loco". 
A BBC questionou o Ibama e o ICMBio sobre o aumento nos índices de desmatamento no Xingu e 
sobre as críticas à postura do governo quanto a crimes ambientais. Não houve respostas. 
Questionada em 23 de julho sobre o aumento do garimpo em terras indígenas, a Funai respondeu oito 
dias depois. Em nota, o órgão diz ter apoiado 444 ações preventivas ou de fiscalização em 241 terras 
indígenas entre janeiro e julho de 2019 - e que tem buscado ampliar suas parcerias com órgãos 
ambientais e policiais estaduais. 
"Para tal, está sendo realizado um conjunto de reuniões junto ao Ibama, à Polícia Federal, às 
Secretarias Estaduais de Segurança Pública, entre outros. Tais esforços já foram realizados nos Estados 
de Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso", diz a Funai. 
 
Importância para zoologia 
Para Miguel Trefaut Rodrigues, professor de zoologia da USP e um dos maiores especialistas em 
répteis e anfíbios do mundo, a bacia do Xingu tem uma importância central nos estudos sobre a dispersão 
e diferenciação de espécies que habitam as florestas brasileiras. 
Isso porque a região engloba alguns dos últimos trechos preservados onde o bioma amazônico se 
encontra com o Cerrado – áreas que no passado provavelmente serviram como corredores para espécies 
que se deslocavam entre a Mata Atlântica e a Amazônia, tornando-as ambientes megadiversos. 
Trefaut diz que entender como se deu esse deslocamento é um dos maiores desafios da zoologia 
moderna - mas que os estudos, ainda incipientes, dependem da preservação da mata. 
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"Derrubar essa área vai acabar com os resquícios e evidências de contato (entre a Amazônia e a Mata 
Atlântica) que houve no passado", ele afirma à BBC. 
O zoólogo diz ainda que, quando um trecho da floresta é desmatado, há um impacto irreversível para 
a fauna daquele ponto, pois a grande maioria das espécies não tolera as temperaturas mais altas de 
ambientes sem cobertura vegetal. 
"A fauna vai embora: desaparecem todos os roedores, lagartos, sapos, cobras e a maior parte das 
aves. Um ou dois bichinhos podem tolerar ambientes abertos, mas a maior parte dos bichos amazônicos 
some para sempre." 
 
Sobrecarga da Terra 2019: Planeta atinge esgotamento de recursos naturais mais cedo em toda a 
série histórica10 
 
Índice é medido desde 1970. A partir desta segunda (29/07), humanidade entrará 'no vermelho' no uso 
de recursos naturais, ou seja, usará mais do que a Terra consegue repor. 
O Planeta Terra atinge nesta segunda-feira (29/07) o ponto máximo de uso de recursos naturais que 
poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente. Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três 
dias antes que em 2018 – e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970. 
Isso significa que, a partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, 
extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros 
pontos) entrarão em uma espécie de "crédito negativo" para a humanidade. 
Para manter o mesmo padrão de consumo atual, seria necessário 1,75 planeta Terra. 
A estimativa é da Global Footprint Network, organização internacional pioneira em calcular a pegada 
ecológica, que contabiliza o quanto de recurso natural é usado para as necessidades de um indivíduo ou 
população. 
De acordo com a organização, 60% da pegada ecológica da humanidade é causada pela emissão de 
carbono. 
"Sublinhar que não podemos usar 1,75 Terras por muito tempo quando só temos uma é simplesmente 
reconhecer o contexto da existência humana", disse Mathis Wackernagel, coinventor da Pegada 
Ecológica e fundador da Global Footprint Network. 
O planeta entrou em déficit de recursos naturais em 1970. Desde então, a humanidade tem consumido 
mais do que o planeta consegue se regenerar. Nos últimos 20 anos, a data-limite tem chegado mais cedo. 
"Os custos este excesso estão se tornando cada vez mais evidentes em todo o mundo, sob a forma 
de desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na 
atmosfera, levando a alterações climáticas e a secas, incêndios e furacões cada vez mais graves", diz a 
organização. 
 
Pesquisa estima que 17% dos animais marinhos podem desaparecer até 210011 
 
Segundo o consórcio FishMIP, se as emissões de gases estufa seguirem o ritmo atual, diferentes 
espécies de peixes, invertebrados e mamíferos serão extintas. 
Cerca de 17% dos animais marinhos (peixes, invertebrados, mamíferos) poderão desaparecer até 
2100, se as emissões de CO2 seguirem o ritmo atual - adverte uma avaliação internacional inédita 
publicada na terça-feira (11/06) na revista americana PNAS. 
A perda, que já começou, considera apenas os efeitos do clima, sem incluir outros fatores como a 
pesca predatória e a poluição, e teria grande impacto na biodiversidade e na segurança alimentar. 
Agrupados no consórcio "FishMIP" (Fisheries and Marine Ecosystem Model Intercomparison Project), 
35 pesquisadores de quatro continentes fizeram uma avaliação global dos efeitos do aquecimento global 
nos recursos pesqueiros. 
Se as emissões de gases causadores do efeito estufa mantiverem sua trajetória atual, a biomassa 
global de animais será reduzida em 17% até 2100, em relação à média dos anos 1990-99, apontam os 
cientistas. 
Se o mundo conseguir manter o aquecimento abaixo de 2°C, a queda pode ser limitar a 5%, acrescenta 
o estudo. 
 
1010 G1. Sobrecarga da Terra 2019: Planeta atinge esgotamento de recursos naturais mais cedo em toda a série histórica. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/07/29/sobrecarga-da-terra-2019-planeta-atinge-esgotamento-de-recursos-naturais-mais-cedo-em-toda-a-serie-historica.ghtml. Acesso em 29 de julho de 2019. 
11 France Presse. Pesquisa estima que 17% dos animais marinhos podem desaparecer até 2100. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/06/13/pesquisa-estima-que-17percent-dos-animais-marinhos-podem-desaparecer-ate-2100.ghtml. Acesso em 13 de 
junho de 2019. 
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"Seja qual for a hipótese das emissões, a biomassa global dos animais marinhos vai cair, devido ao 
aumento da temperatura e ao retrocesso da produção primária", diz a pesquisa. 
Para cada grau de aquecimento acumulado, o oceano perderá cerca de 5% adicional de biomassa 
animal. 
 
Futuro dos ecossistemas 
Em 2015, em Paris, vários países se comprometeram a manter a temperatura abaixo de 2°C, em 
relação à era pré-industrial. Em 2018, porém, as emissões e concentrações de gases causadores do 
efeito estufa alcançaram um novo recorde mundial, antecipando um cenário futuro de +4°C. 
Segundo o estudo, o impacto na fauna marinha será maior nas zonas temperadas e tropicais, onde os 
homens dependem mais desses recursos, já muito debilitados. 
Em muitas regiões polares, contudo, a biomassa marinha poderá aumentar, especialmente na 
Antártica, onde haveria "até novas oportunidades de exploração", dizem os cientistas. 
"O futuro dos ecossistemas marinhos dependerá em grande parte da mudança climática", resume 
Yunne-Jai Shin, biólogo do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD). 
"Por isso, as medidas de preservação da biodiversidade e de gestão da pesca têm que ser 
reconsideradas", frisou. 
 
Um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, aponta ONU12 
 
Estudo envolveu 145 cientistas de 50 países e revisou mais de 15 mil pesquisas. 
Um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção, segundo o relatório da 
Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema 
(IPBES). A plataforma da Organização das Nações Unidas (ONU) contou com 145 cientistas de 50 países, 
no que é o considerado o relatório mais extenso sobre perdas do meio ambiente. 
O estudo, divulgado nesta segunda-feira (06/05), foi feito com base na revisão de mais de 15 mil 
pesquisas científicas e fontes governamentais. Os cientistas destacam cinco principais causas de 
mudanças de grande impacto na natureza nas últimas décadas: 
- perda da habitat natural 
- exploração das fontes naturais 
- mudanças climáticas 
- poluição 
- espécies invasoras 
 
Desde 1900, a média de espécies nativas na maioria dos principais habitats terrestres caiu em pelo 
menos 20%. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço de todos 
os mamíferos marinhos estão ameaçados. Pelo menos 680 espécies de vertebrados foram levadas à 
extinção desde o século 16. 
 “Ecossistemas, espécies, populações selvagens, variedades locais e raças de plantas e animais 
domesticados estão diminuindo, deteriorando-se ou desaparecendo. A rede essencial e interconectada 
da vida na Terra está ficando menor e cada vez mais desgastada ”, disse o Prof. Settele. 
“Esta perda é um resultado direto da atividade humana e constitui uma ameaça direta ao bem-estar 
humano em todas as regiões do mundo ”, disse o Prof. Settele, um dos participantes o estudo. 
O relatório diz ainda que desde 1980 as emissões de gás carbônico dobraram, levando a um aumento 
das temperaturas do mundo em pelo menos 0,7 ºC. 
Ainda de acordo com os cientistas, a perda de biodiversidade não é apenas uma questão ambiental, 
mas também uma questão de desenvolvimento, econômica, de segurança, social e moral. 
Segundo o relatório, as atuais tendências negativas impedirão em 80% o progresso das metas dos 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, relacionadas a pobreza, fome, saúde, água, cidades, clima, 
oceanos e terra. 
Três quartos do ambiente terrestre e cerca de 66% do ambiente marinho foram significativamente 
alterados por ações humanas. Em média, essas tendências foram menos severas ou evitadas em áreas 
mantidas ou gerenciadas por povos indígenas e comunidades locais. 
Além disso, um terço das áreas terrestres e 75% do uso de água limpa é para plantação e criação de 
animais para alimentação. O valor da produção agrícola aumentou cerca de 300% desde 1970, a 
 
12 G1. Um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, aponta ONU. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/05/06/um-milhao-de-especies-de-plantas-e-animais-estao-ameacadas-de-extincao-segundo-relatorio-da-onu.ghtml. 
Acesso em 06 de maio de 2019 
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derrubada de madeira aumentou 45% e aproximadamente 60 bilhões de toneladas de recursos 
renováveis e não renováveis são extraídos globalmente a cada ano. 
 
Veja outros pontos destacados pelo relatório: 
- A degradação da terra reduziu a produtividade de 23% da superfície terrestre global, até US$ 577 
bilhões em safras globais anuais estão em risco de perda de polinizadores 
- Entre 100-300 milhões de pessoas estão em risco aumentado de enchentes e furacões devido à 
perda de habitats e proteção da costa 
- Em 2015, 33% da vida marinha estava sendo pescada em níveis insustentáveis 
- Áreas urbanas dobraram desde 1992 
- A poluição plástica aumentou dez vezes desde 1980. De 300 a 400 milhões de toneladas de metais 
pesados, solventes, lamas tóxicas e outros resíduos de instalações industriais são despejados 
anualmente nas águas do mundo 
- Fertilizantes que entram nos ecossistemas costeiros produziram mais de 400 "zonas mortas" 
oceânicas, totalizando mais de 245.000 km² - uma área combinada maior que a do Reino Unido 
 
Ainda dá tempo 
Apesar das notícias não serem boas, o relatório aponta caminhos para uma mudança. Governos 
devem trabalhar em conjunto para a implementação de leis e produção mais sustentável. 
Segundo o relatório, é possível melhorar a sustentabilidade na agricultura, planejando áreas de 
plantação para que elas forneçam alimentos e ao mesmo tempo apoiem as espécies nativas. Outras 
sugestões incluem a reforma de cadeias de suprimento e a redução do desperdício de alimentos. 
Além disso, para preservar a vida marinha, o relatório sugere cotas de pesca efetivas, demarcação de 
áreas protegidas e redução da poluição que vai da terra para o mar. 
 
Mundo apaga suas luzes pela Hora do Planeta13 
 
Iniciativa busca reflexão sobre o impacto do gasto energético sobre as mudanças climáticas. 
A Torre Eiffel parisiense, a Acrópole de Atenas, o Kremlin em Moscou e a Ópera de Sydney apagaram 
suas luzes durante uma hora neste sábado, na chamada Hora do Planeta, para aumentar a 
conscientização sobre as mudanças climáticas e seu impacto na biodiversidade. Para a 13ª edição da 
Hora do Planeta, organizada pela ONG WWF, milhões de pessoas em 180 países vão apagar suas luzes 
para refletir o impacto do gasto energético sobre as mudanças climáticas e seu papel fundamental na 
natureza. "Somos a primeira geração a ter consciência que estamos destruindo o mundo. E podemos ser 
os últimos capazes de fazer algo a respeito", diz a chamada da WWF. "Nós temos as soluções, só 
precisamos que nossas vozes sejam ouvidas". 
O presidente da WWF-Austrália, Dermot O'Gorman, disse à AFP que "a Hora do Planeta continua a 
ser o maior movimento de base no mundo para que as pessoas adotem medidas contra as mudanças 
climáticas". "Trata-se de incitar os indivíduos a realizar ações pessoais e, desta forma, se unir a centenas 
de milhões de pessoas em todo o mundo para demonstrar que não precisamos apenas de ações urgentes 
em relação às mudanças climáticas, mas também devemos proteger nosso planeta", acrescentou. 
Dezenas de empresas em todo o mundo se comprometeram a aderir a essa iniciativa de desligar as 
luzes por uma hora. Inúmeros monumentos e edifícios emblemáticos vão permanecer às escuras entre 
20h30 e 21h30min, comoa Torre de Xangai, o Porto Victoria de Hong Kong, a Torre Burj Khalifa de Dubai, 
as pirâmides do Egito, a basílica de São Pedro de Roma, o Big Ben de Londres, o Corcovado do Rio de 
Janeiro e a sede da ONU em Nova Iorque. 
No ano passado, quase 7 mil cidades em 187 países apagaram as luzes de seus edifícios 
emblemáticos, segundo WWF. Este ano, o apelo ocorre após a divulgação de relatórios globais com 
advertências urgentes sobre o estado do habitat natural e das espécies na Terra. De acordo com o último 
relatório "Planeta Vivo" publicado pela WWF em 2018, entre 1970 e 2014, o número de espécimes de 
vertebrados - peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis -, caiu 60% em todo o mundo. 
Um declínio que atingiu 89% nos trópicos, na América do Sul e Central. Enquanto esta ação, realizada 
em várias cidades ao redor do mundo, é um gesto simbólico, a Hora do Planeta liderou campanhas bem-
sucedidas na última década para proibir, por exemplo, os plásticos nas Ilhas Galápagos e plantar 17 
milhões de árvores no Cazaquistão. 
 
 
 
13 AFP. Mundo apaga suas luzes pela Hora do Planeta. Correio do Povo. https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/mundo/mundo-apaga-suas-luzes-
pela-hora-do-planeta-1.329913. Acesso em 01 de abril de 2019 
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Poluição é responsável por 1 a cada 4 mortes prematuras no mundo14 
 
Relatório da ONU aponta que poluição do ar mata entre 6 e 7 milhões de pessoas por ano. Falta de 
acesso à água potável é responsável por 1,4 milhão de mortes nesse mesmo período. 
Um quarto das mortes prematuras e das doenças que proliferam atualmente no mundo estão 
relacionadas à poluição e a outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem. O alerta é feito pela 
ONU em um relatório sobre o estado do planeta, divulgado nesta quarta-feira (13/03) em Nairóbi, capital 
do Quênia. 
O relatório, chamado de GEO (Global Environement Outlook), é resultado do trabalho de 250 cientistas 
de 70 países, durante seis anos. O documento utiliza uma base de dados gigantesca para calcular o 
impacto da poluição sobre centenas de doenças, além de listar uma série de emergências sanitárias no 
mundo. 
Segundo o GEO, a poluição atmosférica, os produtos químicos que contaminam a água potável e a 
destruição acelerada dos ecossistemas vitais para bilhões de pessoas estão provocando uma espécie de 
epidemia mundial. 
As condições ambientais "medíocres" são responsáveis por cerca de 25% das mortes prematuras e 
doenças no planeta. A poluição do ar mata entre 6 e 7 milhões de pessoas por ano. Já a falta de acesso 
à água potável mata 1,4 milhão de pessoas a cada ano devido a doenças que poderiam ser evitadas, 
como diarreias. 
O relatório também indica que produtos químicos despejados no mar provocam efeitos negativos na 
saúde de várias gerações. Além disso, 3,2 bilhões de pessoas vivem em terras destruídas pela agricultura 
intensiva ou pelo desmatamento. 
Já a utilização desenfreada de antibióticos na produção alimentar pode resultar no surgimento de 
bactérias ultrarresistentes, que poderiam se tornar a primeira causa de mortes prematuras até a metade 
do século. 
 
Desigualdades entre Norte e Sul 
O documento também revela outros problemas provocados pelas imensas desigualdades entre os 
países ricos e pobres. O consumo excessivo, a poluição e o desperdício alimentar no Hemisfério Norte 
resultam em fome, pobreza e doenças para o Sul. 
"Ações urgentes e de uma amplitude sem precedentes são necessárias para pausar e inverter essa 
situação", indica a conclusão do relatório. Para os autores do documento, sem uma reorganização da 
economia mundial em direção a uma economia sustentável, até mesmo o conceito de crescimento 
mundial pode ser questionado, diante da alta quantidade de mortes e custos dos tratamentos. 
"A principal mensagem é que se você tem um planeta saudável, isso vai ter impacto positivo não 
apenas no crescimento mundial, mas na vida dos pobres, que dependem do ar puro e da água limpa", 
afirma Joyeeta Gupta, vice-presidente do GEO. 
 
Apelo pela redução de CO2 
O relatório aponta, no entanto, que a situação não é irremediável e pede, sobretudo, a redução das 
emissões de CO2 e do uso de pesticidas. É o que prevê o Acordo de Paris de 2015, que aspira limitar o 
aquecimento global a +2 ºC até 2100, e se possível a +1,5 ºC, na comparação com a era pré-industrial. 
No entanto, os cientistas lembram que não existe nenhum acordo internacional equivalente sobre o 
meio ambiente e os impactos sobre a saúde da poluição, do desmatamento e de uma cadeia alimentar 
industrializada são menos conhecidos. 
Segundo eles, o desperdício de alimentos também precisa ser reduzido: o mundo joga no lixo um terço 
da comida produzida (56% nos países mais ricos). 
"Em 2050, teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas, mas isto não quer dizer que devemos dobrar 
a produção", insistiu Gupta, defendendo, por exemplo, a redução do gado. "Mas isto levaria a uma 
mudança do modo de vida", reconheceu. 
 
Licenciamento recorde de novos agrotóxicos15 
 
Enquanto no andar de cima a palavra de ordem é “libera geral”, multiplicam-se os fatores de risco à 
saúde e ao meio ambiente. 
 
14 RFI. Poluição é responsável por 1 a cada 4 mortes prematuras no mundo. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/13/poluicao-e-
responsavel-por-1-a-cada-4-mortes-prematuras-no-mundo.ghtml. Acesso em 13 de março de 2019. 
15 André Tigueiro. Licenciamento recorde de novos agrotóxicos. https://g1.globo.com/natureza/blog/andre-trigueiro/post/2019/02/21/licenciamento-recorde-de-
novos-agrotoxicos.ghtml. Acesso em 21 de fevereiro de 2019. 
1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES
 
14 
 
Sem estardalhaço, com os espaços mais nobres do noticiário tomados por sucessivas tragédias, 
passou despercebida a notícia de que o atual governo autorizou em seus primeiros 47 dias de existência, 
54 novos agrotóxicos no mercado, o que dá uma média superior a um novo produto licenciado por dia. O 
Ministério da Agricultura alega que todos os ingredientes já eram comercializados no Brasil, e que a 
novidade seria a aplicação desses produtos em novas culturas, o sinal verde para que novos fabricantes 
possam comercializá-los, e que novas combinações químicas entre eles sejam permitidas. A julgar pelas 
explicações dadas pelo ministério, ninguém deveria ficar preocupado. Acoberta-se assim - mais uma vez 
- a apreensão que acompanha já há algum tempo vários técnicos (alguns do próprio governo), em relação 
à forma como o Brasil vem se tornando o paraíso do setor químico com 2.123 (número válido até o 
fechamento desta edição) agrotóxicos licenciados. 
Sempre discreta, longe dos holofotes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cumpre aquilo que se 
espera de quem, no ano passado, no comando da Frente Parlamentar da Agropecuária, liderou o rolo 
compressor da bancada ruralista na aprovação do chamado “Pacote do Veneno”. A aprovação do PL 
6299/2002 em uma comissão especial do Congresso abriu caminho para a tramitação de um pacote que, 
na prática, reduz drasticamente as atribuições do Ibama (meio ambiente) e da Anvisa (saúde) no processo 
de licenciamento desses produtos. O texto aprovado confere ao Ministério da Agricultura poderes sem 
precedentes para autorizar a comercialização de agrotóxicos no Brasil. 
Em favor da flexibilização da lei - o “Pacote do Veneno” ainda não foi votado em plenário - os ruralistas 
dizem que o processo usual de licenciamento dessas “moléculas” (como a ministra prefere chamar) 
costuma levar anos, prejudicando a produção. O grande problema é a distância que separa o gabinete 
da ministra do Brasil real. Enquanto no andar de cima a palavra de ordem é “libera geral”, multiplicam-se 
os fatores de risco à saúde e ao meio ambiente. 
Um dos exemplos da farra na pulverização de veneno nas lavouras vem dos exames realizados em 
amostras de alimentos consumidos pela população.A Fundação Oswaldo Cruz abriga o mais importante 
laboratório federal de análises de substâncias químicas presentes nos alimentos, ligado à Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária. Mais de 30 alimentos costumam ser periodicamente analisados por lá. 
Para surpresa dos pesquisadores, em algumas amostras é possível encontrar até 15 princípios ativos de 
diferentes agrotóxicos, o que indica uma brutal desinformação do agricultor que está usando “bala de 
canhão para matar uma mosca”. 
“Quem determina quais produtos químicos os agricultores devem usar, e em quais dosagens, é o 
varejista”, afirma uma fonte da Embrapa. Além de não dispor do conhecimento técnico necessário para 
indicar a melhor resposta para todas as situações, o vendedor ainda recebe comissão pelas vendas 
desses produtos químicos. Curiosamente, o próprio relator do “Pacote do Veneno”, deputado Luís 
Nishimori (PR-Paraná), esteve à frente de duas empresas que vendiam agrotóxicos (Nishimori Agricultura 
e Mariagro Agrícola Ltda.), mas, segundo ele, à época da votação, as empresas estariam “desativadas”. 
Em tempo: o conflito de interesses no Congresso alcança de forma avassaladora vários parlamentares 
ligados ao agronegócio, mineração, indústria das armas, etc. 
Outro motivo de preocupação é a instrução normativa nº 40 da Secretaria de Defesa Agropecuária do 
Ministério da Agricultura (lançada no ano passado) que deu plenos poderes aos engenheiros agrônomos 
para determinarem livremente misturas de diferentes agrotóxicos para a produção de receitas de acordo 
com cada situação. Ou seja, deu-se carta branca para que estes profissionais inventem novas receitas 
químicas sem que os efeitos dessa mistura sobre a saúde ou o meio ambiente sejam devidamente 
conhecidos. “Empoderamos os engenheiros agrônomos”, disse então o ministro da Agricultura, Blairo 
Maggi. 
Uma tragédia silenciosa sobre a qual nem a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e muito menos o 
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se pronunciaram até agora é a elevada mortandade de 
abelhas no Brasil em eventos associados à pulverização de agrotóxicos. O registro mais recente de 
desastre vem do Rio Grande do Sul, onde a Associação dos Apicultores Gaúchos contabiliza a perda de 
6 mil colmeias nos últimos meses, inviabilizando a entrega de 150 toneladas de mel. “Claro que tem outras 
causas de mortes, mas em 80% das análises das abelhas mortas, foi constatado algum tipo de agrotóxico 
presente”, afirmou ao G1 o tenente Edelberto Ginder, da Patrulha Ambiental da Brigada Militar de Santa 
Rosa. 
O prejuízo dos apicultores é apenas a ponta do iceberg. O maior problema - já visível em vários países 
- é o impacto sobre a polinização de alimentos. Estima-se que o trabalho realizado de graça pelas abelhas 
tenha um valor econômico equivalente a 10% da produção agrícola mundial. No Brasil, mais de 50 milhões 
de toneladas de produtos agrícolas dependem diretamente da polinização. Alguns cálculos dão conta de 
que a morte contínua das abelhas pode significar quase 50 bilhões de reais de prejuízos para a agricultura 
brasileira. 
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O assunto é tão grave e urgente que para proteger as abelhas, a União Europeia decidiu no ano 
passado proibir o uso de agrotóxicos claramente associados a mortandade do inseto. No Brasil, nada 
sugere que algo parecido venha a acontecer. Alguns produtos proibidos na Europa - como os 
neonicotinoides, inseticidas derivados da nicotina - continuam sendo pulverizados em larga escala por 
aqui. 
Outro problema amplamente diagnosticado no Brasil é a pulverização de venenos por aviões, sem que 
se respeitem os protocolos básicos de segurança como evitar a dispersão dos agrotóxicos em sobrevoos 
muito altos ou quando haja vento forte. A chuva de veneno fora do perímetro das lavouras com impactos 
sobre a saúde das comunidades próximas e a biodiversidade vem sendo documentada há anos, sem a 
devida resposta do poder público. Há pouco mais de um ano, na maior operação de combate às práticas 
criminosas de pulverização irregular por aeronaves, nada menos que 48 aviões foram interditados nos 
Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná. A Operação Deriva II resultou na aplicação de 
R$ 8,2 milhões em multas que, como se sabe, resultam em processos intermináveis sem prejuízo efetivo 
para os infratores. Aeronaves não autorizadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e 
pulverização de agrotóxicos proibidos por lei no Brasil ou com prazos de validade vencidos são infrações 
comuns. Não se sabe quando será a próxima operação ou por que elas acontecem de forma tão 
espaçada. 
Uma cena da novela “Velho Chico”, de Benedito Ruy Barbosa, exibida em 2016 pela TV Globo, ilustra 
bem o que parece ser o pensamento de uma parcela dos produtores rurais que aplicam agrotóxicos de 
forma irresponsável em suas lavouras. Na fazenda de Afrânio (Antonio Fagundes), as plantações de 
manga recebem cargas monumentais de veneno. Maria Tereza (Camila Pitanga), filha de Afrânio, fica 
horrorizada com o que vê. E dá a ordem aos funcionários: “Podem parar com isso. Todos vocês”. Eles 
dizem que devem continuar, mas ela é taxativa: “Que pare o mundo se for preciso. Eu não quero mais 
uma só manga sendo colhida encharcada”. Maria Tereza colhe uma fruta do pé e segue irritada até o 
escritório do pai. Lá chegando, cobra dele uma explicação: “Pai, o que é isso? O senhor está encharcando 
a manga de veneno. Muito mais do que o necessário. Isso não está certo. Pode dar problema”. O pai olha 
com ar de desdém para a filha e responde sem afetação: “É daí? Eu não planto pra comer. Eu planto pra 
vender”. 
O Brasil merece comer o que se planta sem sustos, sem riscos, sem que o interesse privado se 
sobreponha ao interesse público. 
 
Aquecimento global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica16 
 
O mundo está no meio do que pode ser a década mais quente já registrada, de acordo com um estudo 
do Met Office — o serviço meteorológico do governo britânico. 
O serviço, cujos registros remontam a 1850, projeta que as temperaturas nos próximos cinco anos 
estarão até 1°C mais altas do que aquelas observadas no período pré-revolução industrial. 
Há também uma pequena chance de que um destes anos registre temperaturas até 1,5°C maiores. 
Este patamar é visto como um limite crítico para o aquecimento global. 
Se os dados realmente corresponderem às projeções do Met Office, o período de 2014 até 2023 será 
a década mais quente nos 150 anos de dados da agência. 
 
Como as projeções do Met Office podem impactar o Acordo de Paris? 
Segundo o Met Office, o ano de 2015 foi o primeiro no qual a temperatura média global da superfície 
da Terra atingiu 1°C acima dos níveis pré-revolução industrial — geralmente, este nível é calculado 
levando em conta as temperaturas entre os anos de 1850 e 1900. 
Em todos os anos desde 2015, a temperatura média global ficou próxima ou ligeiramente acima desta 
marca de 1°C a mais. Agora, o Met Office afirma que esta tendência deve se manter ou até se fortalecer 
nos próximos cinco anos. 
"Acabamos de fazer as previsões deste ano e elas vão até 2023 e o que sugerem é um rápido 
aquecimento global", disse o professor Adam Scaife, chefe de previsão de longo prazo do Met Office. 
"Olhando individualmente para cada ano nessa previsão, podemos ver agora, pela primeira vez, que 
há o risco de uma superação temporária, e repito, temporária, do limiar de 1,5°C estabelecido no acordo 
climático de Paris." 
Em outubro passado, cientistas da ONU publicaram um relatório sobre os impactos de longo prazo de 
um aumento de temperatura de 1,5°C. 
 
16 BBC. Aquecimento Global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica. G1 Natureza. 
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/02/07/aquecimento-global-decada-pode-ser-a-mais-quente-da-historia-diz-agencia-britanica.ghtml. Acesso em 07 de 
fevereiro de 2019. 
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Eles concluíram que seria necessário um grande esforço de corte de carbono para impedir que o 
mundo ultrapassasse esse limite até 2030. Agora, a análise do Met Office diz que há 10% de chance de 
isso acontecer nos próximos cinco anos. 
"É a primeira vez que as previsões mostram um risco significativo de superação - que é apenas 
temporária. Estamos falando de anos individuais variando acima do nível de 1,5 grau", disse o professor 
Scaife. 
"Mas o fato de que isso possa acontecer nos próximos anos devido a uma combinação de aquecimento 
geral e flutuações devido a eventos como os do El Niño significa que estamos chegando perto desse 
limiar". 
 
Quão confiante está o Met Office sobre sua previsão? 
O serviço diz que tem um patamar de confiança de 90% nas previsões para os próximos anos. 
Segundo o Met Office, de 2019 a 2023, veremos temperaturas variando de 1,03°C a 1,57°C acima do 
nível de 1850-1900, com aumento do aquecimento em grande parte do globo, especialmente em áreas 
como o Ártico. 
A equipe de pesquisadores diz que está bastante segura de suas previsões por causa de experiências 
passadas. Sua previsão anterior, feita em 2013, já havia mencionado a rápida taxa de aquecimento que 
foi observada nos últimos cinco anos. Previu também alguns dos detalhes menos conhecidos, como a 
mancha de resfriamento observada no Atlântico Norte e os pontos mais frios do Oceano Antártico. 
Se as observações do Met Office para os próximos cinco anos corresponderem às expectativas, a 
década entre 2014 e 2023 será a mais quente em mais de 150 anos de registros. 
 
E o que disseram outras agências climáticas? 
A previsão do Met Office vem ao mesmo tempo que várias agências publicam suas análises sobre as 
temperaturas observadas em 2018, mostrando que o ano foi o quarto mais quente desde que os registros 
começaram. 
Dados divulgados nesta quarta pela Nasa e pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional 
(Noaa, na sigla em inglês), instituição governamental dos Estados Unidos, ressaltam esse panorama e 
informam que 2015, 2016 e 2017 foram os outros três anos mais quentes. 
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou uma análise de cinco grandes conjuntos de 
dados internacionais, mostrando que os 20 anos mais quentes já documentos aconteceram nos últimos 
22 anos. 
"As temperaturas são apenas parte da história. O clima extremo e de alto impacto afetou muitos países 
e milhões de pessoas, com repercussões devastadoras para economias e ecossistemas em 2018", disse 
o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. 
"Muitos dos eventos climáticos extremos são consistentes com o que esperamos de um clima em 
transformação. Essa é uma realidade que precisamos encarar. A redução de emissões de gases do efeito 
estufa e as medidas de adaptação ao clima devem ser uma prioridade global", afirmou. 
Outros pesquisadores da área disseram que a nova previsão para os próximos cinco anos está 
alinhada com as expectativas, dado o nível recorde de CO2 bombeado para a atmosfera em 2018. 
"A previsão do Met Office, infelizmente, não é uma surpresa", disse Anna Jones, química do British 
Antarctic Survey, órgão responsável pelos interesses do Reino Unido na Antártica. 
"Temperaturas médias em todo o mundo estão em um recorde de alta, e tem sido assim por vários 
anos. Elas são impulsionadas predominantemente pelo aumento das concentrações de gases do efeito 
estufa, como o dióxido de carbono, que resultam do nosso uso contínuo de combustíveis fósseis", disse. 
"Até reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa, podemos esperar tendências de alta nas 
temperaturas médias globais". 
 
Brumadinho: O que se sabe sobre o rompimento de barragem que matou ao menos 60 
pessoas em MG17 
 
Até a noite de domingo, 60 corpos foram resgatados da região atingida pelo rompimento 
da barragem da Vale na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, município na zona metropolitana de 
Belo Horizonte. 
Entre as 60 mortes confirmadas até o momento, 19 corpos foram identificados, de acordo com a Defesa 
Civil de Minas Gerais. Pelo menos 292 pessoas continuam desaparecidas. 
Desde sexta, 192 pessoas foram localizadas e resgatadas pelos bombeiros. 
 
17 BBC. Brumadinho: O que se sabe sobre o rompimento de barragem que matou ao menos 60 pessoas em MG. BBC Brasil. 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47002609. Acesso em 28 de janeiro de 2019. 
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Em coletiva de imprensa na noite de domingo, o porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-
coronel Flávio Godinho, disse que um ônibus foi localizado próximo à área administrativa da Vale e que 
haveria mais corpos dentro dele. Dessa forma, o trabalho do Corpo de Bombeiros continuará noite adentro 
e o número de vítimas deve subir. 
As buscas haviam sido interrompidas na madrugada de domingo, quando técnicos da mineradora 
informaram que havia "risco iminente de rompimento" da barragem B6, e foram retomadas por volta de 
15 horas. 
Ainda de acordo com o tenente-coronel, boa parte do material da represa, que acumulava entre 3 
milhões e 4 milhões de metros cúbicos de água, já foi drenado e a estrutura não corre mais risco de 
rompimento. Restariam apenas 140 mil metros cúbicos de água, que serão drenados nos próximos 10 a 
15 dias. 
Cerca de 3 mil pessoas chegaram a ser acionadas pelas autoridades para que deixassem suas casas, 
que estariam em áreas de risco, segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros. A 
Defesa Civil já as liberou, contudo, para que elas voltassem para suas casas. 
O juiz do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Renan Chaves Carreira Machado, a pedido da 
Advocacia Geral do Estado (AGE), determinou ainda na sexta-feira o bloqueio de R$ 1 bilhão das contas 
da Vale. 
A medida, proposta pelo Estado de Minas Gerais e decidida pela Justiça em caráter liminar, buscava 
oferecer "imediato e efetivo amparo às vítimas e redução das consequências (...) e na redução do prejuízo 
ambiental". A decisão determina, ainda, que a empresa apresente, em até 48 horas, "um relatório sobre 
as ações de amparo às vítimas, adote medidas para evitar a contaminação de nascentes hidrográficas, 
faça um planejamento de recomposição da área afetada e elabore, de imediato, um plano de controle 
contra a proliferação de pragas e vetores de doenças diversas". 
Desde então, outras duas liminares foram concedidas pela Justiça de Minas Gerais para que outros 
R$ 10 bilhões da mineradora fossem bloqueados para mitigar os dados ambientais e prestar auxílio às 
vítimas. 
 
Ajuda externa 
Ainda neste domingo, chega a Minas Gerais uma equipe de 136 soldados do Exército israelense, 
especializada em operações de resgate em situações extremas, para auxiliar na busca por sobreviventes. 
A informação, antecipada no sábado pelo presidente Jair Bolsonaro, foi confirmada pelo governo de 
Minas Gerais. 
Na segunda-feira, a equipe fará um reconhecimento da área e iniciará em seguida os trabalhos. Além 
de especialistas em salvamento, a equipe israelense conta com cães farejadores e 16 toneladas de 
equipamentos, incluindo radares terrestres. 
 
Bloqueio de bens da Vale 
Até a tarde de domingo, a Justiça havia determinado o bloqueio de um total de R$ 11 bilhões da 
mineradora Vale. Foram três decisões diferentes: uma ainda na noite do rompimento da barragem, no 
valor de R$ 1 bilhão, e outras duas no valor de R$ 5 bilhões, em liminares deferidas pela juíza Perla Saliba 
Brito. 
Os recursos deverão ser usados para reparação dos danos ambientais e auxílio às vítimas. 
A Vale foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões devido aos danos ao meio ambiente causados pelo 
rompimento das barragens da mina do córrego do Feijão. Foram cinco infrações no valor de R$ 50 milhões 
cada, o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais. A empresa também foi multada pela Secretaria 
Estadual do Meio Ambiente em R$ 99 milhões,pelos danos causados. O valor seria usado para reparos 
na região. 
Em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que funcionários da empresa 
compõem a maioria dos atingidos pelo rompimento da barragem. 
Em nota divulgada logo após o rompimento, a mineradora informou que os rejeitos liberados pela 
barragem atingiram a área administrativa da empresa no local, conhecido como Mina Córrego do Feijão. 
A lama também atingiu parte da comunidade da Vila Ferteco, nas proximidades. Ambos ficam a 18 km do 
centro de Brumadinho. 
"O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e 
Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente", disse a empresa. 
"A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para 
Barragens. A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e 
integrantes da comunidade", continuou o comunicado. 
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À BBC News Brasil o secretário adjunto de Saúde de Brumadinho, Geraldo Rodrigues do Carmo, disse 
que funcionários da mineradora relataram ter visto a lama atingir a portaria e o refeitório da empresa no 
horário do almoço. Ainda acordo com Carmo, além de concentrar a administração da Vale, a Vila Ferteco 
abrigaria casas e sítios, mas não seria muito populosa. 
 
Resposta do governo 
Na manhã deste sábado, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a área atingida pelo rompimento da 
barragem. 
Bolsonaro não chegou a pousar na região e, portanto, não deu declarações no local. Ele já está de 
volta a Brasília. Pelo Twitter, o presidente disse que é "difícil ficar diante de todo esse cenário e não se 
emocionar" e acrescentou que o governo fará o que estiver ao seu alcance para atender as vítimas, 
minimizar danos, apurar os fatos e prevenir novas tragédias, citando o desastre de Mariana, há três anos. 
Horas depois, na noite de sábado, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), 
general Augusto Heleno, disse que o governo pretende realizar vistorias em todas as barragens do país 
que "ofereçam maior risco". Heleno falou à imprensa depois de participar de uma reunião do gabinete de 
crise criado por Bolsonaro para monitorar as consequências da tragédia. 
"É importante e urgente que aquelas barragens, no Brasil inteiro, que ofereçam maior risco sejam 
submetidas a uma nova vistoria, para que nós possamos nos antecipar, na medida do possível, a novos 
desastres", declarou. 
O ministro também afirmou que há a intenção de mudar o protocolo de licenciamento de barragens. 
Ainda de acordo com o general, o governo deve oferecer ajuda financeira para as vítimas do desastre, 
como adiatamentos de benefícios, mas ele disse que os valores ainda não estão definidos. 
A ajuda, acrescentou o ministro, também deve vir de Israel, que enviará um avião com equipes e 
equipamentos para reforçar as buscas. 
 
A barragem 
No cadastro nacional da Agência Nacional de Mineração, a barragem do Córrego do Feijão é 
classificada como uma estrutura de pequeno porte com baixo risco e alto dano potencial. 
A lei 12.334/10 explica que o risco é calculado "em função das características técnicas, do estado de 
conservação do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem". Já o dano 
potencial se refere ao "potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e 
ambientais decorrentes da ruptura da barragem". 
Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que o 
empreendimento e a barragem em Brumadinho estão devidamente licenciados. 
Em dezembro de 2018, a Vale obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na 
barragem e encerramento de atividades. 
"A barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida pelo auditor, conforme 
laudo elaborado em agosto de 2018. As causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo 
governo de Minas." 
Em nota, a Vale afirmou que a barragem foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração (adquirida 
pela mineradora em 2001). Segundo a empresa, os rejeitos dispostos ocupavam um volume de 11,7 
milhões de metros cúbicos. 
A Vale disse ainda que a barragem possuía Declarações de Condição de Estabilidade emitidas pela 
empresa TUV SUD do Brasil em junho e setembro de 2018. 
"A barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da 
referência da Norma Brasileira. Ambas as declarações de estabilidade mencionadas atestam a segurança 
física e hidráulica da barragem." 
Segundo a companhia, a barragem passava por inspeções de campo quinzenais. "Todas estas 
inspeções não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura." 
 
Aquecimento dos oceanos bateu recorde em 2018, dizem cientistas18 
Em estudo publicado nesta quarta (16/01), pesquisadores chineses e americanos afirmam que as 
águas do planeta atingiram as temperaturas mais altas nos últimos 60 anos. 
Pesquisadores chineses e americanos constataram que a temperatura dos oceanos em 2018 foi a 
mais quente já registrada nos últimos 60 anos. O estudo, com base nos dados mais recentes do Instituto 
 
18 Lara Pinheiro. Aquecimento dos oceanos bateu recorde em 2018, dizem cientistas. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/01/16/aquecimento-dos-
oceanos-bateu-recorde-em-2018-dizem-cientistas.ghtml. Acesso em 17 de janeiro de 2018. 
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de Física Atmosférica, na China, foi publicado nesta quarta (16/01) na revista científica "Advances in 
Atmospheric Sciences". 
A conclusão está de acordo com a tendência de aquecimento dos oceanos registrada nos últimos cinco 
anos — que já eram os cinco mais quentes desde a década de 1950, dizem os cientistas. O aumento na 
temperatura oceânica acontece desde então e se acelerou a partir da década de 1990. 
“A tendência de longo prazo de aquecimento do oceano é uma grande preocupação tanto para a 
comunidade científica quanto para o público em geral. As temperaturas mais altas causam a expansão 
térmica da água e um aumento do nível do mar — o que expõe a água doce costeira à intrusão de água 
salgada e torna comunidades mais suscetíveis ao aparecimento de tempestades”, dizem os 
pesquisadores no estudo. 
 
Além do Instituto de Física Atmosférica, ligado à Academia de Ciências da China, a pesquisa envolveu 
especialistas do Ministério de Recursos Naturais e da Universidade Hohai, também no país asiático, e do 
Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica e da Universidade St. Thomas, nos Estados Unidos. 
O aquecimento visto nos oceanos em 2018 resultou em um aumento médio de 1,4 mm no nível do mar 
ao redor do globo em comparação à média de nível registrada em 2017. Os padrões associados ao nível 
do mar atual devem continuar no futuro, segundo a pesquisa. 
O aumento de calor no oceano também eleva as temperaturas e a umidade do ar — o que, por sua 
vez, intensifica as tempestades e as chuvas fortes. Em 2018, foram registradas várias tempestades 
tropicais no mundo, como os furacões Florence e Michael e os tufões Jebi, Maria, Mangkhut e Trami. 
Entre outras consequências listadas pelos cientistas como decorrentes do aquecimento dos oceanos, 
estão a diminuição no nível de oxigênio presente neles, o branqueamento e a morte de corais e o 
derretimento de geleiras. Há também efeitos indiretos, como a intensidade de secas, ondas de calor, e 
risco de incêndios. 
“O aquecimento global é consequência do aprisionamento de gases de efeito estufa — que mantêm a 
radiação do calor dentro do sistema terrestre. Devido à longevidade do dióxido de carbono e outros gases 
desse tipo, mitigar as mudanças e os riscos de consequências socioeconômicas causadas pelo 
aquecimento global e dos oceanos depende de adotar medidas para reduzir imediatamente as emissões 
de gases estufa”,

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