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1 CELESC Meio Ambiente, Sustentabilidade e os Agrotóxicos. Política Nacional e Internacional. Economia Nacional e Internacional. Energia Alternativa. Ciência, Tecnologia e Inovação. Arte e Cultura ................................................................................................................................... 1 Olá Concurseiro, tudo bem? Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 01. Apostila (concurso e cargo); 02. Disciplina (matéria); 03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 04. Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até cinco dias úteis para respondê-lo (a). Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! Bons estudos e conte sempre conosco! 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 1 Desenvolvimento sustentável1: é o modelo que prevê a integração entre economia, sociedade e meio ambiente. Responsabilidade Socioambiental2: Está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e a políticas que tenham como um dos principais objetivos a sustentabilidade. Todos são responsáveis pela preservação ambiental: governos, empresas e cada cidadão. Gestão do Lixo O lixo ainda é um dos principais desafios dos governos na área de gestão sustentável. No entanto, na última década, o Brasil deu um salto importante no avanço para a gestão correta dos resíduos sólidos. Para regulamentar a coleta e tratamento de resíduos urbanos, perigosos e industriais, além de determinar o destino final correto do lixo, o Governo brasileiro criou a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10), aprovada em agosto de 2010. Créditos de Carbono No mercado de carbono, cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida é transformada em crédito, que pode ser negociado livremente entre países ou empresas. O sistema funciona como um mercado, só que ao invés das ações de compra e venda serem mensuradas em dinheiro, elas valem créditos de carbono. Para isso é usado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que prevê a redução certificada das emissões de gases de efeito estufa. Uma vez conquistada essa certificação, quem promove a redução dos gases poluentes tem direito a comercializar os créditos. Por exemplo, um país que reduziu suas emissões e acumulou muitos créditos pode vender este excedente para outro que esteja emitindo muitos poluentes e precise compensar suas emissões. O Brasil ocupa a terceira posição mundial entre os países que participam desse mercado, com cerca de 5% do total mundial e 268 projetos. Consumo racional3 É um modo de consumir capaz de garantir não só a satisfação das necessidades das gerações atuais, como também das futuras gerações. Isso significa optar pelo consumo de bens produzidos com tecnologia e materiais menos ofensivos ao meio ambiente, utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o desperdício e o excesso e ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões insustentáveis de consumo e diminuir as desigualdades sociais. Adotar a prática dos três 'erres': Redução, que recomenda evitar o consumo de produtos desnecessários; Reutilização, que sugere que se reaproveite diversos materiais; e Reciclagem, que orienta reaproveitar materiais, transformando-os e lhes dando nova utilidade. 1 Fonte: http://www.rio20.gov.br/sobre_a_rio_mais_20/desenvolvimento-sustentavel.html 2 RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental. 3 Texto adaptado de http://www.wwf.org.br/natureza_ brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/ Meio Ambiente, Sustentabilidade e os Agrotóxicos. Política Nacional e Internacional. Economia Nacional e Internacional. Energia Alternativa. Ciência, Tecnologia e Inovação. Arte e Cultura Meio Ambiente e Sustentabilidade saúde Olá candidato(a). No conteúdo a respeito de Meio Ambiente dentro dos tópicos de atualidades, teremos uma ordem um pouco diferente. Antes dos textos noticiados no período estipulado, traremos alguns conceitos e explicações que normalmente são cobrados independente de ser um conteúdo veiculado através de meios de comunicação ou não. Envolvem definições de desenvolvimento sustentável e créditos de carbono por exemplo. Caso tenha alguma dúvida, por favor entre em contato conosco. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 2 Aquecimento Global É uma consequência das alterações climáticas ocorridas no planeta. Diversas pesquisas confirmam o aumento da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse aumento pode parecer insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de uma região e afetar profundamente a biodiversidade, desencadeando vários desastres ambientais. As causas do aquecimento global são muito pesquisadas. Existe uma parcela da comunidade científica que atribui esse fenômeno como um processo natural, afirmando que o planeta Terra está numa fase de transição natural, um processo longo e dinâmico, saindo da era glacial para a interglacial, sendo o aumento da temperatura consequência desse fenômeno. No entanto, as principais atribuições para o aquecimento global são relacionadas às atividades humanas, que intensificam o efeito de estufa através do aumento na queima de gases de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral e gás natural. A queima dessas substâncias produz gases como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que retêm o calor proveniente das radiações solares, como se funcionassem como o vidro de uma estufa de plantas, esse processo causa o aumento da temperatura. Outros fatores que contribuem de forma significativa para as alterações climáticas são os desmatamentos e a constante impermeabilização do solo. Atualmente os principais emissores dos gases do efeito de estufa são respectivamente: China, Estados Unidos, Rússia, Índia, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Coreia do Sul. Em busca de alternativas para minimizar o aquecimento global, 162 países assinaram o Protocolo de Kyoto em 1997. Conforme o documento, as nações desenvolvidas comprometem-se a reduzir sua emissão de gases que provocam o efeito de estufa, em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990. Essa meta teve que ser cumprida entre os anos de 2008 e 2012. Porém, vários países não fizeram nenhum esforço para que a meta fosse atingida, o principal é os Estados Unidos. Lixo Eletrônico Um estudo da Organização Internacional do Trabalho, OIT, destaca que 40 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas todos os anos. O descarte envolve vários tipos de equipamentos,como geladeiras, máquinas de lavar roupa, televisões, celulares e computadores. Países desenvolvidos enviam 80% do seu lixo eletrônico para ser reciclado em nações em desenvolvimento, como China, Índia, Gana e Nigéria. Segundo a OIT, muitas vezes, as remessas são ilegais e acabam sendo recicladas por trabalhadores informais. Saúde - O estudo Impacto Global do Lixo Eletrônico, publicado em dezembro, destaca a importância do manejo seguro do material, devido à exposição dos trabalhadores a substâncias tóxicas como chumbo, mercúrio e cianeto. A OIT cita vários riscos para a saúde, como dificuldades para respirar, asfixia pneumonia, problemas neurológicos, convulsões, coma e até a morte. Orientações - Segundo agência, simplesmente banir as remessas de lixo eletrônico enviadas à países em desenvolvimento não é solução, já que a reciclagem desse material promove emprego para milhares de pessoas que vivem na pobreza. A OIT sugere integrar sistemas informais de reciclagem ao setor formal e melhorar métodos e condições de trabalho. Outro passo indicado no estudo é a criação de leis e associações ou cooperativas de reciclagem. Textos Noticiados: Governo decide proibir queimadas em todo o Brasil no período da seca4 Decreto foi editado nesta quarta-feira e publicado no 'Diário Oficial da União'. Medida foi anunciada em meio à crise ambiental envolvendo as queimadas na Amazônia. O governo federal decidiu proibir as queimadas em todo o país durante o período da seca. Um decreto sobre a proibição foi editado nesta quarta-feira (28/08) e publicado na edição desta quinta- feira (29/08) do “Diário Oficial da União”. O decreto suspende a permissão do emprego do fogo por um período de 60 dias com o objetivo de proteção ao meio ambiente. O Código Florestal permite as queimadas somente em casos específicos e desde que autorizadas por órgão ambiental. No caso dos povos indígenas, a prática é permitida na agricultura de subsistência. 4 Feliz Ortiz. Governo decide proibir queimadas em todo o Brasil no período da seca. G1 Política. https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/08/28/governo-decide- proibir-queimadas-em-todo-o-brasil-no-periodo-da-seca.ghtml. Acesso em 29 de agosto de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 3 De acordo com o texto, a suspensão não será aplicada em casos de controle fitossanitário autorizado por órgão ambiental, em práticas de prevenção e combate a incêndios e na agricultura de subsistência de indígenas. A medida foi anunciada em meio à crise ambiental e diplomática provocada pela escalada do número de queimadas e do desmatamento na Amazônia. Na semana passada o presidente Jair Bolsonaro editou decreto autorizando o uso das Forças Armadas no apoio aos estados da Amazônia Legal no combate ao fogo. Queimadas aumentam 82% em relação ao mesmo período de 20185 As queimadas no Brasil aumentaram 82% em relação ao ano de 2018, se compararmos o mesmo período de janeiro a agosto – foram 71.497 focos neste ano, contra 39.194 no ano passado. Esta é a maior alta e também o maior número de registros em 7 anos no país. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), gerados com base em imagens de satélite. Nesta segunda-feira (19/02), o "dia virou noite" em São Paulo, no Mato Grosso do Sul e no norte do Paraná. Por volta das 15h, uma forte névoa escura cobriu a capital paulista, deixando a cidade no breu. Especialistas ouvidos pelo G1 explicaram que uma frente fria com ventos marítimos originada do Sul do Brasil trouxe uma nuvem do tipo stratus, mais baixa e carregada. Junto a isso, a fumaça originada das queimadas da floresta amazônica nos estados do Norte foi potencializada com focos em outros países da América Latina. Cinco estados tiveram um maior aumento no número de queimadas no Brasil desde o início do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado: Mato Grosso do Sul, com uma alta de 260% em relação a 2018; Rondônia, com 198%; Pará, com 188%; Acre, com 176%; e Rio de Janeiro, com 173%. Se tomarmos como base apenas o número, Mato Grosso é líder, com 13.641 focos, o que representa 19% do total nacional. 5 Carolina Dantas. Queimadas aumentam 82% em relação ao mesmo período de 2018. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/19/queimadas-aumentam-82percent-em-relacao-ao-mesmo-periodo-de-2018.ghtml. Acesso em 21 de agosto de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 4 Nas últimas 48h (contadas até 19 de agosto), o Brasil teve 5.253 focos de queimadas detectados pelo sistema do Inpe. Bolívia, Peru e Paraguai seguem com 1.618, 1.166 e 465, respectivamente. No sábado (17/08), o aeroporto internacional de Viru Viru, na Bolívia, chegou a ser fechado devido à baixa visibilidade. Alberto Setzer, pesquisador do Programa Queimadas do Inpe, disse que apesar da alta no número de incêndios, a chegada da fumaça da região Norte ao Sudeste não é um fenômeno raro. Ele fala que o pôr do sol um pouco mais avermelhado é um dos sinais, mas em menor intensidade do que foi visto nesta segunda-feira. O pesquisador também explica que o El Niño tem um efeito que aumenta a estiagem, mas não causa o aumento das queimadas. O fenômeno ajuda a aumentar a "espalhar o fogo". "Elas [queimadas] são todas de origem humana, umas propositais e outras acidentais, mas sempre pela ação humana. Para você ter queimada natural você precisa da existência de raios. Só que toda essa região do Brasil central, sul da Amazônia, está uma seca muito prolongada, tem lugares com quase três meses sem uma gota d’água" - Alberto Setzer "Não é a toa que o aeroporto lá na Bolívia fechou, que os hospitais estão lotados de gente com problemas de respiração", disse Setzer. O pesquisador lembra um caso similar de descida da fumaça ocorreu em 9 de agosto deste ano, mas que não atingiu tanto a cidade de São Paulo. Os dados do Inpe também apontam o número de Unidades de Conservação e Terras Indígenas que sofrem com as queimadas: são 32 e 36, respectivamente. Os incêndios florestais também atingiram outras parte do mundo em julho: a agência espacial americana (Nasa) aponta mais de 2,7 milhões de hectares na Sibéria; na Espanha, o sistema de monitoramento Copernicus, apoiado pela agência espacial europeia (ESA), registrou a pior série de incêndios florestais em 20 anos. Fim do Fundo Amazônia pode afetar fiscalização do Ibama contra o desmatamento6 Noruega, principal doadora do mecanismo, anunciou a suspensão de repasse de R$ 132,6 milhões que estava previsto para 2019. Entre 2016 e 2018, verbas do fundo financiaram 466 vistorias que geraram aplicação de mais de R$ 2,5 bilhões em multas. O eventual fim do Fundo Amazônia pode impactar diretamente na realização de fiscalizações contra o desmatamento ilegal na floresta. Nesta quinta-feira (15/08), a Noruega, que entre 2009 e 2018 repassou 93,8% dos R$ 3,4 bilhões doados para o fundo, anunciou a suspensão do repasse de R$ 132,6 milhões. A Alemanha também já anunciou que suspenderia R$ 155 milhões. As medidas foram anunciadas após o aumento do desmatamento na Amazônia e mudanças na gestão do fundo. O risco para as fiscalizações após as suspensões se dá porque as verbas financiam, por exemplo, meios de transporte especiais, como veículos 4x4 e helicópteros, que são necessários para a realização das vistorias do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na região. O Fundo Amazônia contou, nos últimos 10 anos, com 93,8% de verba da Noruega e 5,7% da Alemanha, além de 0,5% de recursos da Petrobras, para ações de combate ao desmatamento e desenvolvimento sustentável. Quase 60% dos recursos são destinados a instituições do governo. 6 Patrícia Figueiredo. Fim do Fundo Amazônia pode afetar fiscalização do Ibama contra o desmatamento. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/16/fim-do-fundo-amazonia-pode-afetar-fiscalizacao-do-ibama-contra-o-desmatamento.ghtml.Acesso em 16 de agosto de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 5 Desde 2016 o Ibama recebe recursos do fundo para bancar o aluguel de veículos especiais em operações na Amazônia. De 2016 a 2018, pelo menos 466 missões de fiscalização do órgão foram bancadas pelo fundo. Ao todo, essas ações geraram aplicação de mais de R$ 2,5 bilhões em multas. “Simplesmente não vai ter viatura e helicópteros para fiscalização ano que vem. Toda essa estrutura é financiada pelo Fundo Amazônia”, diz um servidor do Ibama que atua com fiscalizações. Ele não quis se identificar por medo de represálias. “Toda a logística de viaturas, incluindo de prevenção ao fogo, vai ser afetada diretamente com o fim do fundo", diz. "Os recursos do Fundo Amazônia vêm de doações e, portanto, são extraorçamentários. Não haverá dinheiro ano que vem para o Ibama ir a campo", diz outro servidor do órgão. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente, responsável pelo Ibama, disse que "já há planejamento de obtenção de recursos, inclusive internacionais, para suprir eventual falta de verba do Fundo Amazônia, se houver necessidade". Projetos do Ibama no Fundo Amazônia Em abril de 2018 o Ibama assinou um contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para receber R$ 140 milhões do fundo. A verba seria repassada ao longo de três anos: R$ 44 milhões em 2018, R$ 46 milhões em 2019 e R$ 48 milhões em 2020. Até o momento, o instituto recebeu R$ 42 milhões, o equivalente a 30% do total do projeto. O último repasse foi feito em março deste ano. O projeto do Ibama apoiado pelo fundo, segundo a descrição oficial, é para bancar “o pagamento dos meios de transporte adequados para as ações de fiscalização ambiental do Ibama”. Segundo o contrato, a operação será efetivada por meio do aluguel de caminhonetes e helicópteros usados nas ações de fiscalização em campo. O instituto diz, na contextualização do projeto, que sempre contou com recursos próprios para esse tipo de ação mas, com a crise, precisou recorrer às verbas do fundo. "Historicamente, o Ibama dispunha desses meios e executava suas ações fiscalizatórias [na Amazônia] com considerável sucesso. No entanto, nos últimos anos, o orçamento desse órgão ambiental vem sendo contingenciado, em decorrência da situação fiscal do país", explica o Ibama na descrição do projeto. Em 2016 um contrato semelhante entre Ibama e BNDES foi firmado. Com apoio de R$ 56 milhões, o projeto financiou 466 missões de fiscalização, empregando 92.276 dias de servidores, que foram responsáveis pela lavratura de 5.060 autos de infração contra a flora e aplicação de mais de R$ 2,5 bilhões em multas. Ao todo, foram executadas 3.116 horas de voo de helicóptero e disponibilizadas 175 viaturas para o instituto. Corte no orçamento do Ibama em 2019 Em abril, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciou um corte de 24% no orçamento do Ibama para 2019. O orçamento do Ibama, que seria de R$ 368,3 milhões, segundo a Lei Orçamentária (LOA), caiu para R$ 279,4 milhões. O corte de R$ 89,9 milhões equivale a cerca de três meses de gastos do Ibama. Só as despesas fixas do órgão estão estimadas em R$ 285 milhões para o ano de 2019. Fundo bilionário sem atividade Na prática, as atividades do Fundo Amazônia estão paralisadas neste ano após o Ministério do Meio Ambiente brasileiro decidir mudar a composição do comitê que integra o Fundo e o destino dos repasses. Nenhum projeto foi aprovado para financiamento neste ano. No mesmo período do ano passado, quatro haviam sido aprovados. Ao todo, 11 propostas foram apoiadas em 2018, com investimento total de R$ 191,19 milhões. O impasse sobre o futuro do Fundo se tornou público em maio, quando Ricardo Salles, titular do Ministério do Meio Ambiente, anunciou a intenção de alterar seu funcionamento e destinar recursos para indenizar proprietários de terras. Ele também disse haver indícios de irregularidades nos contratos firmados com ONGs. Os principais países doadores do fundo disseram, à época, que estavam satisfeitos com a gestão prévia do fundo, feita pelo BNDES, e também com os resultados obtidos pelos projetos, e ressaltaram que não foram encontradas irregularidades nas auditorias já realizadas. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 6 Área da Amazônia com alerta de desmatamento sobe 278% em julho, comparada ao mesmo mês de 20187 Em julho de 2018, houve alerta em 596,6 km² na Amazônia. Em julho de 2019, este número foi de 2.254,9 km², de acordo com dados do Deter, do Inpe. Jair Bolsonaro disse nesta terça (06/08) que o novo diretor do Inpe vai apresentar os dados para a presidência antes de divulgá-los. As áreas com alerta de desmatamento na Amazônia Legal, que inclui 9 estados, tiveram um aumento de 278% em julho, em comparação ao mesmo mês de 2018. Os dados são do Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. Em junho, Jair Bolsonaro questionou a veracidade dos dados e foi rebatido pelo então diretor do Inpe, que acabou exonerado. Nesta terça (06/08), ele afirmou em Brasília que receberá com antecedência dados "alarmantes" de desmatamento, antes que sejam divulgados. Os números estão públicos e disponíveis na plataforma Terra Brasilis desde 2017. "Ele [diretor interino do Inpe] vai apresentar os números para mim. Se forem alarmantes, a gente vai tomar uma decisão. [...] Números, por exemplo, que tenha a ver, que saia do Inpe, tem que ser números precisos. Tem a ver com áreas. Não pode áreas superpostas serem computadas. Não pode áreas que podem ser desmatados, que podem, ao se desmatar entrar como desmatamento ilegal. Não é verdade isso aí", afirmou Bolsonaro. Os alertas servem para informar aos fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) onde há sinais de devastação, que podem ou não ser comprovados posteriormente. Os dados oficiais de desmatamento são feitos por outro sistema, o Prodes, que mede as taxas nos meses em que há seca, para evitar que as nuvens cubram as áreas. Os dois sistemas usam o mesmo satélite para gerar as imagens. Alerta de desmatamento em julho Em julho de 2018, houve alerta em 596,6 km² na Amazônia. Em julho de 2019, este número foi de 2.254,9 km² – quase quatro vezes mais. No mês anterior, a área com alerta de desmatamento foi de 931,6 km². Os dados de julho de 2019 são os mais altos desde 2015, se considerados todos os meses de monitoramento disponíveis para análise. Antes, o recorde de área com alerta havia sido em agosto de 2016, com 1.025 km². 7 G1. Área da Amazônia com alerta de desmatamento sobe 278% em julho, comparada ao mesmo mês de 2018. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/07/area-com-alertas-de-desmatamento-na-amazonia-sobem-278percent-em-julho-comparado-ao-mesmo-mes-de- 2018.ghtml. Acesso em 07 de agosto de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 7 De acordo com um levantamento feito pelo Observatório do Clima no mesmo sistema, o desmatamento na Amazônia cresceu 49,5% na série histórica 2018/2019, se comparado ao mesmo período de 2017/2018. Foram 6.833 km² com alerta de desmatamento, contra 4.532 km² no período anterior. O coordenador técnico do Observatório do Clima e coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo, publicou uma imagem nesta terça (06/08) que mostra a degradação ambiental. Segundo Azevedo, trata-se de uma área de 35 km² em Altamira, no Pará, para onde foram emitidos 20 alertas de desmatamento entre maio e julho de 2019. "Cerca de 1,5 milhão de árvores cortadas em pouco mais de 90 dias", afirmou A Amazônia Legal inclui o Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Críticas aos dados de desmatamento Em julho, Jair Bolsonaro questionou os dados do Inpesobre o aumento do desmatamento na Amazônia. "Com toda a devastação que vocês nos acusam de estar fazendo e de ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido", afirmou. Ele também disse suspeitar que o diretor do Inpe estaria "a serviço de alguma ONG". As declarações foram dadas durante uma entrevista a jornalistas estrangeiros. No dia seguinte, Ricardo Magnus Osório Galvão, então diretor do Inpe, negou as acusações de Bolsonaro, reafirmou os dados sobre desmatamento e disse que não deixará cargo. O Inpe disse em nota que sua política de transparência permite o acesso completo aos dados e acrescentou que a metodologia do instituto é reconhecida internacionalmente. Após a resposta de Galvão, Bolsonaro voltou a questionar os dados e disse que o então diretor deveria avisar o ministro da Ciência, ao qual o Inpe é subordinado, antes de divulgar as informações. Os dados do Deter estão públicos no portal Terra Brasilis desde 2017. No início de agosto, Galvão foi exonerado. O oficial da Força Aérea Darcton Policarpo Damião foi anunciado como o novo diretor interino. Douglas Morton, diretor da Nasa, a agência espacial americana, disse que a demissão do diretor do Inpe é 'significativamente alarmante'. Um levantamento do G1 indica que mesmo as áreas da Amazônia que deveriam ter 'desmatamento zero' já perderam o equivalente a 6 cidades de SP em três décadas. Fora das áreas protegidas, a Amazônia perdeu 39,8 milhões de hectares em 30 anos, o que representa 19% sobre toda a floresta natural não demarcada que existia em 1985, uma perda equivalente ao tamanho de 262 cidades de São Paulo. Nas áreas protegidas, a perda acumulada foi de 0,5%. Em junho, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que queria contratar uma empresa privada para melhorar o monitoramento do desmatamento da Amazônia. Em matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, o ministro culpou o monitoramento Inpe pela ineficácia no combate ao desmate. Ao mesmo tempo, de acordo com a reportagem, "nos primeiros cinco meses do governo Jair Bolsonaro, o Ibama registrou a menor proporção de autuações por alerta de desmatamento na Amazônia dos últimos quatro anos". 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 8 Número de agrotóxicos que Anvisa considera "extremamente tóxicos" cai de 34% para 2%8 Novo marco regulatório é "forma de enganar a sociedade", segundo pesquisador; mudança também impacta rótulo dos produtos. A nova classificação de agrotóxicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada esta semana no Diário Oficial da União, provocou uma redução drástica do número de produtos considerados "extremamente tóxicos" no Brasil. Nos últimos estudos divulgados antes da mudança no método de sistematização, 800 agrotóxicos, em média, pertenciam a essa categoria, em um universo de cerca de 2300 – aproximadamente 34,7%. A nova tabela, divulgada pela Agência nesta quinta (01/08), classifica apenas 43 como "extremamente tóxicos", o que equivale a 2,2% dos 1924 produtos analisados. A sistematização dos produtos, até então regulada por uma legislação de 1989 que previa a existência de quatro categorias segundo o nível de perigo oferecido pelos venenos, passou a ter cinco divisões, com novos critérios. As novas normas também permitem que produtos antes considerados “altamente tóxicos”, que provocam irritação severa na pele, passem para a categoria de toxicidade moderada, enquanto os “pouco tóxicos” – com risco de irritação leve na pele e nos olhos, por exemplo – fiquem liberados de classificação. Com isso, eles não apresentarão advertências no rótulo para o consumidor. Especialista no tema, o engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, membro da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, criticou as novas regras em entrevista ao Brasil de Fato. Ele considera que a metodologia que a Anvisa passa a adotar impõe riscos à saúde humana. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em média, 193 mil mortes registradas ao ano no planeta podem ter relação com o uso de agrotóxicos e outros produtos químicos. “A informação de risco agora privilegia os casos de morte. Sobrevalorizar um veneno porque ele causa morte e deixar de lado preocupações de longo prazo, como câncer, cegueira, problemas de raciocínio e no sistema nervoso central, para nós, é uma forma de enganar a sociedade. Vai minimizar o cuidado que as pessoas vão ter com venenos que não causam a morte, mas que trazem dramas que, para uma família, são tão relevantes quanto a perda de um parente”, reflete o especialista. A Anvisa argumenta que o novo marco regulatório é orientado por um padrão internacional, o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (Globally Harmonized System of Classification and Labelling of Chemicals – GHS), adotado na União Europeia e na Ásia, por exemplo. “Seria racional que nós tivéssemos um modelo semelhante, mas, na comunidade econômica europeia, pelo que sabemos, são proibidos vários dos produtos que são autorizados aqui. Seria de se esperar que uma reclassificação que compatibilizasse a realidade brasileira com a europeia retirasse do mercado esses produtos. No entanto, não há nenhuma sinalização nesse sentido”, pondera Melgarejo, acrescentando que mais de 30% dos venenos que circulam nacionalmente são rejeitados por esses países. Desmatamento dispara no Xingu, um dos últimos 'escudos' da Amazônia9 Destruição em áreas protegidas da bacia – que abriga 26 povos indígenas e serve como corredor ecológico para espécies amazônicas – cresceu 44,7% em maio e junho em comparação com mesmo período de 2018; para zoólogo, preservação da região é crucial para que a ciência entenda como florestas brasileiras se tornaram tão biodiversas. O desmatamento em unidades de conservação na bacia do rio Xingu, nos estados do Pará e Mato Grosso, cresceu 44,7% em maio e junho de 2019 em comparação com o mesmo período do ano anterior, reforçando a tendência de alta no desflorestamento da Amazônia e ampliando as pressões sobre um dos principais corredores ecológicos do bioma. Os dados são do Sirad X, boletim publicado a cada dois meses pela Rede Xingu+, que agrega 24 organizações ambientalistas e indígenas. Além de compilar imagens de satélite, o sistema usa radares que permitem detectar o desmatamento mesmo em períodos chuvosos do ano. O boletim diz que, entre janeiro e junho deste ano, a região perdeu 68.973 hectares de floresta – área equivalente à cidade de Salvador. A bacia do Xingu abriga 26 povos indígenas e centenas de comunidades ribeirinhas, que dependem do bom funcionamento dos ecossistemas locais para sobreviver. A região tem tamanho comparável ao do Rio Grande do Sul. 8 Brasil de Fato. Número de agrotóxicos que Anvisa considera "extremamente tóxicos" cai de 34% para 2%. Redação Brasil de Fato. https://www.brasildefato.com.br/2019/08/02/numero-de-agrotoxicos-que-anvisa-considera-extremamente-toxicos-cai-de-34-para-2/. Acesso em 02 de agosto de 2019. 9 João Fellet, BBC. Desmatamento dispara no Xingu, um dos últimos 'escudos' da Amazônia. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/08/02/desmatamento-dispara-no-xingu-um-dos-ultimos-escudos-da-amazonia.ghtml. Acesso em 02 de agosto de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 9 Como mais da metade da bacia é composta por áreas protegidas, ela também serve como uma espécie de escudo da Amazônia em sua porção oriental, dificultando o avanço do agronegócio pela floresta. E ela é uma das últimas áreas do bioma amazônico em contato com o Cerrado, o que lhe confere papel central em estudos sobre biodiversidade. Quando se compara o desmatamento de maio e junho no Xingu com o do bimestre anterior, o aumento foi de 81% para toda a bacia e de 405% para unidades de conservação. Política ambiental de Bolsonaro É normal que o índice dedestruição cresça no meio do ano, quando o clima mais seco facilita as derrubadas, mas o tamanho do aumento foi considerado alarmante pelos autores do estudo. Para eles, o crescimento se explica por ações do governo Jair Bolsonaro que fragilizaram o combate a crimes ambientais e por declarações do próprio presidente que estariam encorajando atividades ilícitas, especialmente o garimpo. Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, têm pregado uma mudança na política ambiental que reduza a ênfase em punições e considere o impacto econômico de atividades nocivas à natureza. "O que acontece hoje no Brasil, infelizmente, é o resultado de anos e anos e anos de uma política pública da produção de leis, regras, de regulamentos que nem sempre guardam relação com o mundo real", disse Salles numa reunião com madeireiros em Rondônia, em julho. Há duas semanas, a BBC News Brasil publicou uma reportagem sobre o avanço do garimpo ilegal em terras indígenas da Amazônia em 2019. Uma das áreas mais impactadas pela atividade fica na bacia do Xingu, a Terra Indígena Kayapó. Bolsonaro defende liberar a mineração em terras indígenas e costuma dizer que "o índio não pode continuar sendo pobre em cima de terra rica". A medida depende de aval do Congresso. Várias das principais associações indígenas brasileiras são contrárias à atividade, temendo seus impactos sociais e ambientais. Segundo os autores do Sirad X, "o garimpo tem se destacado como o principal vetor do desmatamento" em áreas protegidas do Xingu. Quem desmatou mais Altamira (PA), onde fica a hidrelétrica de Belo Monte, foi o município da bacia que mais desmatou, com 18 mil hectares de floresta destruídos em maio e junho. O Pará foi responsável por 82% do desmatamento ocorrido na bacia no bimestre, enquanto o Mato Grosso respondeu por 18%. A unidade de conservação mais impactada foi a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, palco de 38% de todo o desmatamento ocorrido na bacia em maio e junho. Segundo o boletim, a reserva já perdeu 36% de suas florestas, o que os autores atribuem à "ausência de zoneamento que defina as áreas destinadas à conservação" e à "falta de operações de fiscalização e monitoramento ambiental in loco". A BBC questionou o Ibama e o ICMBio sobre o aumento nos índices de desmatamento no Xingu e sobre as críticas à postura do governo quanto a crimes ambientais. Não houve respostas. Questionada em 23 de julho sobre o aumento do garimpo em terras indígenas, a Funai respondeu oito dias depois. Em nota, o órgão diz ter apoiado 444 ações preventivas ou de fiscalização em 241 terras indígenas entre janeiro e julho de 2019 - e que tem buscado ampliar suas parcerias com órgãos ambientais e policiais estaduais. "Para tal, está sendo realizado um conjunto de reuniões junto ao Ibama, à Polícia Federal, às Secretarias Estaduais de Segurança Pública, entre outros. Tais esforços já foram realizados nos Estados de Rondônia, Roraima, Pará e Mato Grosso", diz a Funai. Importância para zoologia Para Miguel Trefaut Rodrigues, professor de zoologia da USP e um dos maiores especialistas em répteis e anfíbios do mundo, a bacia do Xingu tem uma importância central nos estudos sobre a dispersão e diferenciação de espécies que habitam as florestas brasileiras. Isso porque a região engloba alguns dos últimos trechos preservados onde o bioma amazônico se encontra com o Cerrado – áreas que no passado provavelmente serviram como corredores para espécies que se deslocavam entre a Mata Atlântica e a Amazônia, tornando-as ambientes megadiversos. Trefaut diz que entender como se deu esse deslocamento é um dos maiores desafios da zoologia moderna - mas que os estudos, ainda incipientes, dependem da preservação da mata. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 10 "Derrubar essa área vai acabar com os resquícios e evidências de contato (entre a Amazônia e a Mata Atlântica) que houve no passado", ele afirma à BBC. O zoólogo diz ainda que, quando um trecho da floresta é desmatado, há um impacto irreversível para a fauna daquele ponto, pois a grande maioria das espécies não tolera as temperaturas mais altas de ambientes sem cobertura vegetal. "A fauna vai embora: desaparecem todos os roedores, lagartos, sapos, cobras e a maior parte das aves. Um ou dois bichinhos podem tolerar ambientes abertos, mas a maior parte dos bichos amazônicos some para sempre." Sobrecarga da Terra 2019: Planeta atinge esgotamento de recursos naturais mais cedo em toda a série histórica10 Índice é medido desde 1970. A partir desta segunda (29/07), humanidade entrará 'no vermelho' no uso de recursos naturais, ou seja, usará mais do que a Terra consegue repor. O Planeta Terra atinge nesta segunda-feira (29/07) o ponto máximo de uso de recursos naturais que poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente. Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três dias antes que em 2018 – e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970. Isso significa que, a partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros pontos) entrarão em uma espécie de "crédito negativo" para a humanidade. Para manter o mesmo padrão de consumo atual, seria necessário 1,75 planeta Terra. A estimativa é da Global Footprint Network, organização internacional pioneira em calcular a pegada ecológica, que contabiliza o quanto de recurso natural é usado para as necessidades de um indivíduo ou população. De acordo com a organização, 60% da pegada ecológica da humanidade é causada pela emissão de carbono. "Sublinhar que não podemos usar 1,75 Terras por muito tempo quando só temos uma é simplesmente reconhecer o contexto da existência humana", disse Mathis Wackernagel, coinventor da Pegada Ecológica e fundador da Global Footprint Network. O planeta entrou em déficit de recursos naturais em 1970. Desde então, a humanidade tem consumido mais do que o planeta consegue se regenerar. Nos últimos 20 anos, a data-limite tem chegado mais cedo. "Os custos este excesso estão se tornando cada vez mais evidentes em todo o mundo, sob a forma de desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, levando a alterações climáticas e a secas, incêndios e furacões cada vez mais graves", diz a organização. Pesquisa estima que 17% dos animais marinhos podem desaparecer até 210011 Segundo o consórcio FishMIP, se as emissões de gases estufa seguirem o ritmo atual, diferentes espécies de peixes, invertebrados e mamíferos serão extintas. Cerca de 17% dos animais marinhos (peixes, invertebrados, mamíferos) poderão desaparecer até 2100, se as emissões de CO2 seguirem o ritmo atual - adverte uma avaliação internacional inédita publicada na terça-feira (11/06) na revista americana PNAS. A perda, que já começou, considera apenas os efeitos do clima, sem incluir outros fatores como a pesca predatória e a poluição, e teria grande impacto na biodiversidade e na segurança alimentar. Agrupados no consórcio "FishMIP" (Fisheries and Marine Ecosystem Model Intercomparison Project), 35 pesquisadores de quatro continentes fizeram uma avaliação global dos efeitos do aquecimento global nos recursos pesqueiros. Se as emissões de gases causadores do efeito estufa mantiverem sua trajetória atual, a biomassa global de animais será reduzida em 17% até 2100, em relação à média dos anos 1990-99, apontam os cientistas. Se o mundo conseguir manter o aquecimento abaixo de 2°C, a queda pode ser limitar a 5%, acrescenta o estudo. 1010 G1. Sobrecarga da Terra 2019: Planeta atinge esgotamento de recursos naturais mais cedo em toda a série histórica. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/07/29/sobrecarga-da-terra-2019-planeta-atinge-esgotamento-de-recursos-naturais-mais-cedo-em-toda-a-serie-historica.ghtml. Acesso em 29 de julho de 2019. 11 France Presse. Pesquisa estima que 17% dos animais marinhos podem desaparecer até 2100. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/06/13/pesquisa-estima-que-17percent-dos-animais-marinhos-podem-desaparecer-ate-2100.ghtml. Acesso em 13 de junho de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 11 "Seja qual for a hipótese das emissões, a biomassa global dos animais marinhos vai cair, devido ao aumento da temperatura e ao retrocesso da produção primária", diz a pesquisa. Para cada grau de aquecimento acumulado, o oceano perderá cerca de 5% adicional de biomassa animal. Futuro dos ecossistemas Em 2015, em Paris, vários países se comprometeram a manter a temperatura abaixo de 2°C, em relação à era pré-industrial. Em 2018, porém, as emissões e concentrações de gases causadores do efeito estufa alcançaram um novo recorde mundial, antecipando um cenário futuro de +4°C. Segundo o estudo, o impacto na fauna marinha será maior nas zonas temperadas e tropicais, onde os homens dependem mais desses recursos, já muito debilitados. Em muitas regiões polares, contudo, a biomassa marinha poderá aumentar, especialmente na Antártica, onde haveria "até novas oportunidades de exploração", dizem os cientistas. "O futuro dos ecossistemas marinhos dependerá em grande parte da mudança climática", resume Yunne-Jai Shin, biólogo do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD). "Por isso, as medidas de preservação da biodiversidade e de gestão da pesca têm que ser reconsideradas", frisou. Um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, aponta ONU12 Estudo envolveu 145 cientistas de 50 países e revisou mais de 15 mil pesquisas. Um milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção, segundo o relatório da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistema (IPBES). A plataforma da Organização das Nações Unidas (ONU) contou com 145 cientistas de 50 países, no que é o considerado o relatório mais extenso sobre perdas do meio ambiente. O estudo, divulgado nesta segunda-feira (06/05), foi feito com base na revisão de mais de 15 mil pesquisas científicas e fontes governamentais. Os cientistas destacam cinco principais causas de mudanças de grande impacto na natureza nas últimas décadas: - perda da habitat natural - exploração das fontes naturais - mudanças climáticas - poluição - espécies invasoras Desde 1900, a média de espécies nativas na maioria dos principais habitats terrestres caiu em pelo menos 20%. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos estão ameaçados. Pelo menos 680 espécies de vertebrados foram levadas à extinção desde o século 16. “Ecossistemas, espécies, populações selvagens, variedades locais e raças de plantas e animais domesticados estão diminuindo, deteriorando-se ou desaparecendo. A rede essencial e interconectada da vida na Terra está ficando menor e cada vez mais desgastada ”, disse o Prof. Settele. “Esta perda é um resultado direto da atividade humana e constitui uma ameaça direta ao bem-estar humano em todas as regiões do mundo ”, disse o Prof. Settele, um dos participantes o estudo. O relatório diz ainda que desde 1980 as emissões de gás carbônico dobraram, levando a um aumento das temperaturas do mundo em pelo menos 0,7 ºC. Ainda de acordo com os cientistas, a perda de biodiversidade não é apenas uma questão ambiental, mas também uma questão de desenvolvimento, econômica, de segurança, social e moral. Segundo o relatório, as atuais tendências negativas impedirão em 80% o progresso das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, relacionadas a pobreza, fome, saúde, água, cidades, clima, oceanos e terra. Três quartos do ambiente terrestre e cerca de 66% do ambiente marinho foram significativamente alterados por ações humanas. Em média, essas tendências foram menos severas ou evitadas em áreas mantidas ou gerenciadas por povos indígenas e comunidades locais. Além disso, um terço das áreas terrestres e 75% do uso de água limpa é para plantação e criação de animais para alimentação. O valor da produção agrícola aumentou cerca de 300% desde 1970, a 12 G1. Um milhão de espécies de plantas e animais estão ameaçadas de extinção, aponta ONU. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/05/06/um-milhao-de-especies-de-plantas-e-animais-estao-ameacadas-de-extincao-segundo-relatorio-da-onu.ghtml. Acesso em 06 de maio de 2019 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 12 derrubada de madeira aumentou 45% e aproximadamente 60 bilhões de toneladas de recursos renováveis e não renováveis são extraídos globalmente a cada ano. Veja outros pontos destacados pelo relatório: - A degradação da terra reduziu a produtividade de 23% da superfície terrestre global, até US$ 577 bilhões em safras globais anuais estão em risco de perda de polinizadores - Entre 100-300 milhões de pessoas estão em risco aumentado de enchentes e furacões devido à perda de habitats e proteção da costa - Em 2015, 33% da vida marinha estava sendo pescada em níveis insustentáveis - Áreas urbanas dobraram desde 1992 - A poluição plástica aumentou dez vezes desde 1980. De 300 a 400 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, lamas tóxicas e outros resíduos de instalações industriais são despejados anualmente nas águas do mundo - Fertilizantes que entram nos ecossistemas costeiros produziram mais de 400 "zonas mortas" oceânicas, totalizando mais de 245.000 km² - uma área combinada maior que a do Reino Unido Ainda dá tempo Apesar das notícias não serem boas, o relatório aponta caminhos para uma mudança. Governos devem trabalhar em conjunto para a implementação de leis e produção mais sustentável. Segundo o relatório, é possível melhorar a sustentabilidade na agricultura, planejando áreas de plantação para que elas forneçam alimentos e ao mesmo tempo apoiem as espécies nativas. Outras sugestões incluem a reforma de cadeias de suprimento e a redução do desperdício de alimentos. Além disso, para preservar a vida marinha, o relatório sugere cotas de pesca efetivas, demarcação de áreas protegidas e redução da poluição que vai da terra para o mar. Mundo apaga suas luzes pela Hora do Planeta13 Iniciativa busca reflexão sobre o impacto do gasto energético sobre as mudanças climáticas. A Torre Eiffel parisiense, a Acrópole de Atenas, o Kremlin em Moscou e a Ópera de Sydney apagaram suas luzes durante uma hora neste sábado, na chamada Hora do Planeta, para aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas e seu impacto na biodiversidade. Para a 13ª edição da Hora do Planeta, organizada pela ONG WWF, milhões de pessoas em 180 países vão apagar suas luzes para refletir o impacto do gasto energético sobre as mudanças climáticas e seu papel fundamental na natureza. "Somos a primeira geração a ter consciência que estamos destruindo o mundo. E podemos ser os últimos capazes de fazer algo a respeito", diz a chamada da WWF. "Nós temos as soluções, só precisamos que nossas vozes sejam ouvidas". O presidente da WWF-Austrália, Dermot O'Gorman, disse à AFP que "a Hora do Planeta continua a ser o maior movimento de base no mundo para que as pessoas adotem medidas contra as mudanças climáticas". "Trata-se de incitar os indivíduos a realizar ações pessoais e, desta forma, se unir a centenas de milhões de pessoas em todo o mundo para demonstrar que não precisamos apenas de ações urgentes em relação às mudanças climáticas, mas também devemos proteger nosso planeta", acrescentou. Dezenas de empresas em todo o mundo se comprometeram a aderir a essa iniciativa de desligar as luzes por uma hora. Inúmeros monumentos e edifícios emblemáticos vão permanecer às escuras entre 20h30 e 21h30min, comoa Torre de Xangai, o Porto Victoria de Hong Kong, a Torre Burj Khalifa de Dubai, as pirâmides do Egito, a basílica de São Pedro de Roma, o Big Ben de Londres, o Corcovado do Rio de Janeiro e a sede da ONU em Nova Iorque. No ano passado, quase 7 mil cidades em 187 países apagaram as luzes de seus edifícios emblemáticos, segundo WWF. Este ano, o apelo ocorre após a divulgação de relatórios globais com advertências urgentes sobre o estado do habitat natural e das espécies na Terra. De acordo com o último relatório "Planeta Vivo" publicado pela WWF em 2018, entre 1970 e 2014, o número de espécimes de vertebrados - peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis -, caiu 60% em todo o mundo. Um declínio que atingiu 89% nos trópicos, na América do Sul e Central. Enquanto esta ação, realizada em várias cidades ao redor do mundo, é um gesto simbólico, a Hora do Planeta liderou campanhas bem- sucedidas na última década para proibir, por exemplo, os plásticos nas Ilhas Galápagos e plantar 17 milhões de árvores no Cazaquistão. 13 AFP. Mundo apaga suas luzes pela Hora do Planeta. Correio do Povo. https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/mundo/mundo-apaga-suas-luzes- pela-hora-do-planeta-1.329913. Acesso em 01 de abril de 2019 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 13 Poluição é responsável por 1 a cada 4 mortes prematuras no mundo14 Relatório da ONU aponta que poluição do ar mata entre 6 e 7 milhões de pessoas por ano. Falta de acesso à água potável é responsável por 1,4 milhão de mortes nesse mesmo período. Um quarto das mortes prematuras e das doenças que proliferam atualmente no mundo estão relacionadas à poluição e a outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem. O alerta é feito pela ONU em um relatório sobre o estado do planeta, divulgado nesta quarta-feira (13/03) em Nairóbi, capital do Quênia. O relatório, chamado de GEO (Global Environement Outlook), é resultado do trabalho de 250 cientistas de 70 países, durante seis anos. O documento utiliza uma base de dados gigantesca para calcular o impacto da poluição sobre centenas de doenças, além de listar uma série de emergências sanitárias no mundo. Segundo o GEO, a poluição atmosférica, os produtos químicos que contaminam a água potável e a destruição acelerada dos ecossistemas vitais para bilhões de pessoas estão provocando uma espécie de epidemia mundial. As condições ambientais "medíocres" são responsáveis por cerca de 25% das mortes prematuras e doenças no planeta. A poluição do ar mata entre 6 e 7 milhões de pessoas por ano. Já a falta de acesso à água potável mata 1,4 milhão de pessoas a cada ano devido a doenças que poderiam ser evitadas, como diarreias. O relatório também indica que produtos químicos despejados no mar provocam efeitos negativos na saúde de várias gerações. Além disso, 3,2 bilhões de pessoas vivem em terras destruídas pela agricultura intensiva ou pelo desmatamento. Já a utilização desenfreada de antibióticos na produção alimentar pode resultar no surgimento de bactérias ultrarresistentes, que poderiam se tornar a primeira causa de mortes prematuras até a metade do século. Desigualdades entre Norte e Sul O documento também revela outros problemas provocados pelas imensas desigualdades entre os países ricos e pobres. O consumo excessivo, a poluição e o desperdício alimentar no Hemisfério Norte resultam em fome, pobreza e doenças para o Sul. "Ações urgentes e de uma amplitude sem precedentes são necessárias para pausar e inverter essa situação", indica a conclusão do relatório. Para os autores do documento, sem uma reorganização da economia mundial em direção a uma economia sustentável, até mesmo o conceito de crescimento mundial pode ser questionado, diante da alta quantidade de mortes e custos dos tratamentos. "A principal mensagem é que se você tem um planeta saudável, isso vai ter impacto positivo não apenas no crescimento mundial, mas na vida dos pobres, que dependem do ar puro e da água limpa", afirma Joyeeta Gupta, vice-presidente do GEO. Apelo pela redução de CO2 O relatório aponta, no entanto, que a situação não é irremediável e pede, sobretudo, a redução das emissões de CO2 e do uso de pesticidas. É o que prevê o Acordo de Paris de 2015, que aspira limitar o aquecimento global a +2 ºC até 2100, e se possível a +1,5 ºC, na comparação com a era pré-industrial. No entanto, os cientistas lembram que não existe nenhum acordo internacional equivalente sobre o meio ambiente e os impactos sobre a saúde da poluição, do desmatamento e de uma cadeia alimentar industrializada são menos conhecidos. Segundo eles, o desperdício de alimentos também precisa ser reduzido: o mundo joga no lixo um terço da comida produzida (56% nos países mais ricos). "Em 2050, teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas, mas isto não quer dizer que devemos dobrar a produção", insistiu Gupta, defendendo, por exemplo, a redução do gado. "Mas isto levaria a uma mudança do modo de vida", reconheceu. Licenciamento recorde de novos agrotóxicos15 Enquanto no andar de cima a palavra de ordem é “libera geral”, multiplicam-se os fatores de risco à saúde e ao meio ambiente. 14 RFI. Poluição é responsável por 1 a cada 4 mortes prematuras no mundo. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/03/13/poluicao-e- responsavel-por-1-a-cada-4-mortes-prematuras-no-mundo.ghtml. Acesso em 13 de março de 2019. 15 André Tigueiro. Licenciamento recorde de novos agrotóxicos. https://g1.globo.com/natureza/blog/andre-trigueiro/post/2019/02/21/licenciamento-recorde-de- novos-agrotoxicos.ghtml. Acesso em 21 de fevereiro de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 14 Sem estardalhaço, com os espaços mais nobres do noticiário tomados por sucessivas tragédias, passou despercebida a notícia de que o atual governo autorizou em seus primeiros 47 dias de existência, 54 novos agrotóxicos no mercado, o que dá uma média superior a um novo produto licenciado por dia. O Ministério da Agricultura alega que todos os ingredientes já eram comercializados no Brasil, e que a novidade seria a aplicação desses produtos em novas culturas, o sinal verde para que novos fabricantes possam comercializá-los, e que novas combinações químicas entre eles sejam permitidas. A julgar pelas explicações dadas pelo ministério, ninguém deveria ficar preocupado. Acoberta-se assim - mais uma vez - a apreensão que acompanha já há algum tempo vários técnicos (alguns do próprio governo), em relação à forma como o Brasil vem se tornando o paraíso do setor químico com 2.123 (número válido até o fechamento desta edição) agrotóxicos licenciados. Sempre discreta, longe dos holofotes, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cumpre aquilo que se espera de quem, no ano passado, no comando da Frente Parlamentar da Agropecuária, liderou o rolo compressor da bancada ruralista na aprovação do chamado “Pacote do Veneno”. A aprovação do PL 6299/2002 em uma comissão especial do Congresso abriu caminho para a tramitação de um pacote que, na prática, reduz drasticamente as atribuições do Ibama (meio ambiente) e da Anvisa (saúde) no processo de licenciamento desses produtos. O texto aprovado confere ao Ministério da Agricultura poderes sem precedentes para autorizar a comercialização de agrotóxicos no Brasil. Em favor da flexibilização da lei - o “Pacote do Veneno” ainda não foi votado em plenário - os ruralistas dizem que o processo usual de licenciamento dessas “moléculas” (como a ministra prefere chamar) costuma levar anos, prejudicando a produção. O grande problema é a distância que separa o gabinete da ministra do Brasil real. Enquanto no andar de cima a palavra de ordem é “libera geral”, multiplicam-se os fatores de risco à saúde e ao meio ambiente. Um dos exemplos da farra na pulverização de veneno nas lavouras vem dos exames realizados em amostras de alimentos consumidos pela população.A Fundação Oswaldo Cruz abriga o mais importante laboratório federal de análises de substâncias químicas presentes nos alimentos, ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Mais de 30 alimentos costumam ser periodicamente analisados por lá. Para surpresa dos pesquisadores, em algumas amostras é possível encontrar até 15 princípios ativos de diferentes agrotóxicos, o que indica uma brutal desinformação do agricultor que está usando “bala de canhão para matar uma mosca”. “Quem determina quais produtos químicos os agricultores devem usar, e em quais dosagens, é o varejista”, afirma uma fonte da Embrapa. Além de não dispor do conhecimento técnico necessário para indicar a melhor resposta para todas as situações, o vendedor ainda recebe comissão pelas vendas desses produtos químicos. Curiosamente, o próprio relator do “Pacote do Veneno”, deputado Luís Nishimori (PR-Paraná), esteve à frente de duas empresas que vendiam agrotóxicos (Nishimori Agricultura e Mariagro Agrícola Ltda.), mas, segundo ele, à época da votação, as empresas estariam “desativadas”. Em tempo: o conflito de interesses no Congresso alcança de forma avassaladora vários parlamentares ligados ao agronegócio, mineração, indústria das armas, etc. Outro motivo de preocupação é a instrução normativa nº 40 da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura (lançada no ano passado) que deu plenos poderes aos engenheiros agrônomos para determinarem livremente misturas de diferentes agrotóxicos para a produção de receitas de acordo com cada situação. Ou seja, deu-se carta branca para que estes profissionais inventem novas receitas químicas sem que os efeitos dessa mistura sobre a saúde ou o meio ambiente sejam devidamente conhecidos. “Empoderamos os engenheiros agrônomos”, disse então o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Uma tragédia silenciosa sobre a qual nem a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e muito menos o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se pronunciaram até agora é a elevada mortandade de abelhas no Brasil em eventos associados à pulverização de agrotóxicos. O registro mais recente de desastre vem do Rio Grande do Sul, onde a Associação dos Apicultores Gaúchos contabiliza a perda de 6 mil colmeias nos últimos meses, inviabilizando a entrega de 150 toneladas de mel. “Claro que tem outras causas de mortes, mas em 80% das análises das abelhas mortas, foi constatado algum tipo de agrotóxico presente”, afirmou ao G1 o tenente Edelberto Ginder, da Patrulha Ambiental da Brigada Militar de Santa Rosa. O prejuízo dos apicultores é apenas a ponta do iceberg. O maior problema - já visível em vários países - é o impacto sobre a polinização de alimentos. Estima-se que o trabalho realizado de graça pelas abelhas tenha um valor econômico equivalente a 10% da produção agrícola mundial. No Brasil, mais de 50 milhões de toneladas de produtos agrícolas dependem diretamente da polinização. Alguns cálculos dão conta de que a morte contínua das abelhas pode significar quase 50 bilhões de reais de prejuízos para a agricultura brasileira. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 15 O assunto é tão grave e urgente que para proteger as abelhas, a União Europeia decidiu no ano passado proibir o uso de agrotóxicos claramente associados a mortandade do inseto. No Brasil, nada sugere que algo parecido venha a acontecer. Alguns produtos proibidos na Europa - como os neonicotinoides, inseticidas derivados da nicotina - continuam sendo pulverizados em larga escala por aqui. Outro problema amplamente diagnosticado no Brasil é a pulverização de venenos por aviões, sem que se respeitem os protocolos básicos de segurança como evitar a dispersão dos agrotóxicos em sobrevoos muito altos ou quando haja vento forte. A chuva de veneno fora do perímetro das lavouras com impactos sobre a saúde das comunidades próximas e a biodiversidade vem sendo documentada há anos, sem a devida resposta do poder público. Há pouco mais de um ano, na maior operação de combate às práticas criminosas de pulverização irregular por aeronaves, nada menos que 48 aviões foram interditados nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná. A Operação Deriva II resultou na aplicação de R$ 8,2 milhões em multas que, como se sabe, resultam em processos intermináveis sem prejuízo efetivo para os infratores. Aeronaves não autorizadas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e pulverização de agrotóxicos proibidos por lei no Brasil ou com prazos de validade vencidos são infrações comuns. Não se sabe quando será a próxima operação ou por que elas acontecem de forma tão espaçada. Uma cena da novela “Velho Chico”, de Benedito Ruy Barbosa, exibida em 2016 pela TV Globo, ilustra bem o que parece ser o pensamento de uma parcela dos produtores rurais que aplicam agrotóxicos de forma irresponsável em suas lavouras. Na fazenda de Afrânio (Antonio Fagundes), as plantações de manga recebem cargas monumentais de veneno. Maria Tereza (Camila Pitanga), filha de Afrânio, fica horrorizada com o que vê. E dá a ordem aos funcionários: “Podem parar com isso. Todos vocês”. Eles dizem que devem continuar, mas ela é taxativa: “Que pare o mundo se for preciso. Eu não quero mais uma só manga sendo colhida encharcada”. Maria Tereza colhe uma fruta do pé e segue irritada até o escritório do pai. Lá chegando, cobra dele uma explicação: “Pai, o que é isso? O senhor está encharcando a manga de veneno. Muito mais do que o necessário. Isso não está certo. Pode dar problema”. O pai olha com ar de desdém para a filha e responde sem afetação: “É daí? Eu não planto pra comer. Eu planto pra vender”. O Brasil merece comer o que se planta sem sustos, sem riscos, sem que o interesse privado se sobreponha ao interesse público. Aquecimento global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica16 O mundo está no meio do que pode ser a década mais quente já registrada, de acordo com um estudo do Met Office — o serviço meteorológico do governo britânico. O serviço, cujos registros remontam a 1850, projeta que as temperaturas nos próximos cinco anos estarão até 1°C mais altas do que aquelas observadas no período pré-revolução industrial. Há também uma pequena chance de que um destes anos registre temperaturas até 1,5°C maiores. Este patamar é visto como um limite crítico para o aquecimento global. Se os dados realmente corresponderem às projeções do Met Office, o período de 2014 até 2023 será a década mais quente nos 150 anos de dados da agência. Como as projeções do Met Office podem impactar o Acordo de Paris? Segundo o Met Office, o ano de 2015 foi o primeiro no qual a temperatura média global da superfície da Terra atingiu 1°C acima dos níveis pré-revolução industrial — geralmente, este nível é calculado levando em conta as temperaturas entre os anos de 1850 e 1900. Em todos os anos desde 2015, a temperatura média global ficou próxima ou ligeiramente acima desta marca de 1°C a mais. Agora, o Met Office afirma que esta tendência deve se manter ou até se fortalecer nos próximos cinco anos. "Acabamos de fazer as previsões deste ano e elas vão até 2023 e o que sugerem é um rápido aquecimento global", disse o professor Adam Scaife, chefe de previsão de longo prazo do Met Office. "Olhando individualmente para cada ano nessa previsão, podemos ver agora, pela primeira vez, que há o risco de uma superação temporária, e repito, temporária, do limiar de 1,5°C estabelecido no acordo climático de Paris." Em outubro passado, cientistas da ONU publicaram um relatório sobre os impactos de longo prazo de um aumento de temperatura de 1,5°C. 16 BBC. Aquecimento Global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica. G1 Natureza. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/02/07/aquecimento-global-decada-pode-ser-a-mais-quente-da-historia-diz-agencia-britanica.ghtml. Acesso em 07 de fevereiro de 2019. 1597503 E-bookgerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 16 Eles concluíram que seria necessário um grande esforço de corte de carbono para impedir que o mundo ultrapassasse esse limite até 2030. Agora, a análise do Met Office diz que há 10% de chance de isso acontecer nos próximos cinco anos. "É a primeira vez que as previsões mostram um risco significativo de superação - que é apenas temporária. Estamos falando de anos individuais variando acima do nível de 1,5 grau", disse o professor Scaife. "Mas o fato de que isso possa acontecer nos próximos anos devido a uma combinação de aquecimento geral e flutuações devido a eventos como os do El Niño significa que estamos chegando perto desse limiar". Quão confiante está o Met Office sobre sua previsão? O serviço diz que tem um patamar de confiança de 90% nas previsões para os próximos anos. Segundo o Met Office, de 2019 a 2023, veremos temperaturas variando de 1,03°C a 1,57°C acima do nível de 1850-1900, com aumento do aquecimento em grande parte do globo, especialmente em áreas como o Ártico. A equipe de pesquisadores diz que está bastante segura de suas previsões por causa de experiências passadas. Sua previsão anterior, feita em 2013, já havia mencionado a rápida taxa de aquecimento que foi observada nos últimos cinco anos. Previu também alguns dos detalhes menos conhecidos, como a mancha de resfriamento observada no Atlântico Norte e os pontos mais frios do Oceano Antártico. Se as observações do Met Office para os próximos cinco anos corresponderem às expectativas, a década entre 2014 e 2023 será a mais quente em mais de 150 anos de registros. E o que disseram outras agências climáticas? A previsão do Met Office vem ao mesmo tempo que várias agências publicam suas análises sobre as temperaturas observadas em 2018, mostrando que o ano foi o quarto mais quente desde que os registros começaram. Dados divulgados nesta quarta pela Nasa e pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (Noaa, na sigla em inglês), instituição governamental dos Estados Unidos, ressaltam esse panorama e informam que 2015, 2016 e 2017 foram os outros três anos mais quentes. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicou uma análise de cinco grandes conjuntos de dados internacionais, mostrando que os 20 anos mais quentes já documentos aconteceram nos últimos 22 anos. "As temperaturas são apenas parte da história. O clima extremo e de alto impacto afetou muitos países e milhões de pessoas, com repercussões devastadoras para economias e ecossistemas em 2018", disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas. "Muitos dos eventos climáticos extremos são consistentes com o que esperamos de um clima em transformação. Essa é uma realidade que precisamos encarar. A redução de emissões de gases do efeito estufa e as medidas de adaptação ao clima devem ser uma prioridade global", afirmou. Outros pesquisadores da área disseram que a nova previsão para os próximos cinco anos está alinhada com as expectativas, dado o nível recorde de CO2 bombeado para a atmosfera em 2018. "A previsão do Met Office, infelizmente, não é uma surpresa", disse Anna Jones, química do British Antarctic Survey, órgão responsável pelos interesses do Reino Unido na Antártica. "Temperaturas médias em todo o mundo estão em um recorde de alta, e tem sido assim por vários anos. Elas são impulsionadas predominantemente pelo aumento das concentrações de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, que resultam do nosso uso contínuo de combustíveis fósseis", disse. "Até reduzirmos as emissões de gases do efeito estufa, podemos esperar tendências de alta nas temperaturas médias globais". Brumadinho: O que se sabe sobre o rompimento de barragem que matou ao menos 60 pessoas em MG17 Até a noite de domingo, 60 corpos foram resgatados da região atingida pelo rompimento da barragem da Vale na Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, município na zona metropolitana de Belo Horizonte. Entre as 60 mortes confirmadas até o momento, 19 corpos foram identificados, de acordo com a Defesa Civil de Minas Gerais. Pelo menos 292 pessoas continuam desaparecidas. Desde sexta, 192 pessoas foram localizadas e resgatadas pelos bombeiros. 17 BBC. Brumadinho: O que se sabe sobre o rompimento de barragem que matou ao menos 60 pessoas em MG. BBC Brasil. https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47002609. Acesso em 28 de janeiro de 2019. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 17 Em coletiva de imprensa na noite de domingo, o porta-voz da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente- coronel Flávio Godinho, disse que um ônibus foi localizado próximo à área administrativa da Vale e que haveria mais corpos dentro dele. Dessa forma, o trabalho do Corpo de Bombeiros continuará noite adentro e o número de vítimas deve subir. As buscas haviam sido interrompidas na madrugada de domingo, quando técnicos da mineradora informaram que havia "risco iminente de rompimento" da barragem B6, e foram retomadas por volta de 15 horas. Ainda de acordo com o tenente-coronel, boa parte do material da represa, que acumulava entre 3 milhões e 4 milhões de metros cúbicos de água, já foi drenado e a estrutura não corre mais risco de rompimento. Restariam apenas 140 mil metros cúbicos de água, que serão drenados nos próximos 10 a 15 dias. Cerca de 3 mil pessoas chegaram a ser acionadas pelas autoridades para que deixassem suas casas, que estariam em áreas de risco, segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros. A Defesa Civil já as liberou, contudo, para que elas voltassem para suas casas. O juiz do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) Renan Chaves Carreira Machado, a pedido da Advocacia Geral do Estado (AGE), determinou ainda na sexta-feira o bloqueio de R$ 1 bilhão das contas da Vale. A medida, proposta pelo Estado de Minas Gerais e decidida pela Justiça em caráter liminar, buscava oferecer "imediato e efetivo amparo às vítimas e redução das consequências (...) e na redução do prejuízo ambiental". A decisão determina, ainda, que a empresa apresente, em até 48 horas, "um relatório sobre as ações de amparo às vítimas, adote medidas para evitar a contaminação de nascentes hidrográficas, faça um planejamento de recomposição da área afetada e elabore, de imediato, um plano de controle contra a proliferação de pragas e vetores de doenças diversas". Desde então, outras duas liminares foram concedidas pela Justiça de Minas Gerais para que outros R$ 10 bilhões da mineradora fossem bloqueados para mitigar os dados ambientais e prestar auxílio às vítimas. Ajuda externa Ainda neste domingo, chega a Minas Gerais uma equipe de 136 soldados do Exército israelense, especializada em operações de resgate em situações extremas, para auxiliar na busca por sobreviventes. A informação, antecipada no sábado pelo presidente Jair Bolsonaro, foi confirmada pelo governo de Minas Gerais. Na segunda-feira, a equipe fará um reconhecimento da área e iniciará em seguida os trabalhos. Além de especialistas em salvamento, a equipe israelense conta com cães farejadores e 16 toneladas de equipamentos, incluindo radares terrestres. Bloqueio de bens da Vale Até a tarde de domingo, a Justiça havia determinado o bloqueio de um total de R$ 11 bilhões da mineradora Vale. Foram três decisões diferentes: uma ainda na noite do rompimento da barragem, no valor de R$ 1 bilhão, e outras duas no valor de R$ 5 bilhões, em liminares deferidas pela juíza Perla Saliba Brito. Os recursos deverão ser usados para reparação dos danos ambientais e auxílio às vítimas. A Vale foi multada pelo Ibama em R$ 250 milhões devido aos danos ao meio ambiente causados pelo rompimento das barragens da mina do córrego do Feijão. Foram cinco infrações no valor de R$ 50 milhões cada, o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais. A empresa também foi multada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente em R$ 99 milhões,pelos danos causados. O valor seria usado para reparos na região. Em entrevista coletiva, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que funcionários da empresa compõem a maioria dos atingidos pelo rompimento da barragem. Em nota divulgada logo após o rompimento, a mineradora informou que os rejeitos liberados pela barragem atingiram a área administrativa da empresa no local, conhecido como Mina Córrego do Feijão. A lama também atingiu parte da comunidade da Vila Ferteco, nas proximidades. Ambos ficam a 18 km do centro de Brumadinho. "O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente", disse a empresa. "A Vale acionou o Corpo de Bombeiros e ativou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e integrantes da comunidade", continuou o comunicado. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 18 À BBC News Brasil o secretário adjunto de Saúde de Brumadinho, Geraldo Rodrigues do Carmo, disse que funcionários da mineradora relataram ter visto a lama atingir a portaria e o refeitório da empresa no horário do almoço. Ainda acordo com Carmo, além de concentrar a administração da Vale, a Vila Ferteco abrigaria casas e sítios, mas não seria muito populosa. Resposta do governo Na manhã deste sábado, o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou a área atingida pelo rompimento da barragem. Bolsonaro não chegou a pousar na região e, portanto, não deu declarações no local. Ele já está de volta a Brasília. Pelo Twitter, o presidente disse que é "difícil ficar diante de todo esse cenário e não se emocionar" e acrescentou que o governo fará o que estiver ao seu alcance para atender as vítimas, minimizar danos, apurar os fatos e prevenir novas tragédias, citando o desastre de Mariana, há três anos. Horas depois, na noite de sábado, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, disse que o governo pretende realizar vistorias em todas as barragens do país que "ofereçam maior risco". Heleno falou à imprensa depois de participar de uma reunião do gabinete de crise criado por Bolsonaro para monitorar as consequências da tragédia. "É importante e urgente que aquelas barragens, no Brasil inteiro, que ofereçam maior risco sejam submetidas a uma nova vistoria, para que nós possamos nos antecipar, na medida do possível, a novos desastres", declarou. O ministro também afirmou que há a intenção de mudar o protocolo de licenciamento de barragens. Ainda de acordo com o general, o governo deve oferecer ajuda financeira para as vítimas do desastre, como adiatamentos de benefícios, mas ele disse que os valores ainda não estão definidos. A ajuda, acrescentou o ministro, também deve vir de Israel, que enviará um avião com equipes e equipamentos para reforçar as buscas. A barragem No cadastro nacional da Agência Nacional de Mineração, a barragem do Córrego do Feijão é classificada como uma estrutura de pequeno porte com baixo risco e alto dano potencial. A lei 12.334/10 explica que o risco é calculado "em função das características técnicas, do estado de conservação do empreendimento e do atendimento ao Plano de Segurança da Barragem". Já o dano potencial se refere ao "potencial de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos, sociais e ambientais decorrentes da ruptura da barragem". Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável informa que o empreendimento e a barragem em Brumadinho estão devidamente licenciados. Em dezembro de 2018, a Vale obteve licença para o reaproveitamento dos rejeitos dispostos na barragem e encerramento de atividades. "A barragem não recebia rejeitos desde 2014 e tinha estabilidade garantida pelo auditor, conforme laudo elaborado em agosto de 2018. As causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo governo de Minas." Em nota, a Vale afirmou que a barragem foi construída em 1976, pela Ferteco Mineração (adquirida pela mineradora em 2001). Segundo a empresa, os rejeitos dispostos ocupavam um volume de 11,7 milhões de metros cúbicos. A Vale disse ainda que a barragem possuía Declarações de Condição de Estabilidade emitidas pela empresa TUV SUD do Brasil em junho e setembro de 2018. "A barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da Norma Brasileira. Ambas as declarações de estabilidade mencionadas atestam a segurança física e hidráulica da barragem." Segundo a companhia, a barragem passava por inspeções de campo quinzenais. "Todas estas inspeções não detectaram nenhuma alteração no estado de conservação da estrutura." Aquecimento dos oceanos bateu recorde em 2018, dizem cientistas18 Em estudo publicado nesta quarta (16/01), pesquisadores chineses e americanos afirmam que as águas do planeta atingiram as temperaturas mais altas nos últimos 60 anos. Pesquisadores chineses e americanos constataram que a temperatura dos oceanos em 2018 foi a mais quente já registrada nos últimos 60 anos. O estudo, com base nos dados mais recentes do Instituto 18 Lara Pinheiro. Aquecimento dos oceanos bateu recorde em 2018, dizem cientistas. https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/01/16/aquecimento-dos- oceanos-bateu-recorde-em-2018-dizem-cientistas.ghtml. Acesso em 17 de janeiro de 2018. 1597503 E-book gerado especialmente para CRISTIANE SELL DOS SANTOS DE MORAES 19 de Física Atmosférica, na China, foi publicado nesta quarta (16/01) na revista científica "Advances in Atmospheric Sciences". A conclusão está de acordo com a tendência de aquecimento dos oceanos registrada nos últimos cinco anos — que já eram os cinco mais quentes desde a década de 1950, dizem os cientistas. O aumento na temperatura oceânica acontece desde então e se acelerou a partir da década de 1990. “A tendência de longo prazo de aquecimento do oceano é uma grande preocupação tanto para a comunidade científica quanto para o público em geral. As temperaturas mais altas causam a expansão térmica da água e um aumento do nível do mar — o que expõe a água doce costeira à intrusão de água salgada e torna comunidades mais suscetíveis ao aparecimento de tempestades”, dizem os pesquisadores no estudo. Além do Instituto de Física Atmosférica, ligado à Academia de Ciências da China, a pesquisa envolveu especialistas do Ministério de Recursos Naturais e da Universidade Hohai, também no país asiático, e do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica e da Universidade St. Thomas, nos Estados Unidos. O aquecimento visto nos oceanos em 2018 resultou em um aumento médio de 1,4 mm no nível do mar ao redor do globo em comparação à média de nível registrada em 2017. Os padrões associados ao nível do mar atual devem continuar no futuro, segundo a pesquisa. O aumento de calor no oceano também eleva as temperaturas e a umidade do ar — o que, por sua vez, intensifica as tempestades e as chuvas fortes. Em 2018, foram registradas várias tempestades tropicais no mundo, como os furacões Florence e Michael e os tufões Jebi, Maria, Mangkhut e Trami. Entre outras consequências listadas pelos cientistas como decorrentes do aquecimento dos oceanos, estão a diminuição no nível de oxigênio presente neles, o branqueamento e a morte de corais e o derretimento de geleiras. Há também efeitos indiretos, como a intensidade de secas, ondas de calor, e risco de incêndios. “O aquecimento global é consequência do aprisionamento de gases de efeito estufa — que mantêm a radiação do calor dentro do sistema terrestre. Devido à longevidade do dióxido de carbono e outros gases desse tipo, mitigar as mudanças e os riscos de consequências socioeconômicas causadas pelo aquecimento global e dos oceanos depende de adotar medidas para reduzir imediatamente as emissões de gases estufa”,
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