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História da Avaliação em Psicologia 1 Histórico da Avaliação Psicológica Teste: latim testis (testemunho) Inglês test = prova Avaliar situações para tomar decisões China (200 a.c.) Exames pra avaliar candidatos para cargos do governo Idade Média (séc XIII) Provas para medir conhecimento de estudantes de universidades da Europa Psicologia Surgimento da ciência – tentativa de conhecer as pessoas e mensurar suas características 2 Histórico da Avaliação Psicológica Wilhelm Wundt (1832-1920) Médico, filósofo e psicólogo alemão 1873-1874: Os fundamentos da Psicologia Fisiológica: Cada fenômeno mental se relaciona com o seu substrato fisiológico 1879: Criação do 1º Laboratório de Psicologia (Universidade de Leipzig) Criação da 1ª Revista em Psicologia 3 Histórico da Avaliação Psicológica Francis Galton (1822-1911) Antropólogo, estatístico e matemático Funda o Laboratório Antropométrico University College of London Quanto maior a inteligência maior a discriminação sensorial Segue desenvolvendo medidas sensoriais Cria a Eugenia Estudos de correlação (pais e filhos) Transmissão hereditária de capacidades 4 Histórico da Avaliação Psicológica James Cattell (1860-1940) Influenciado por Galton fez uso de medidas sensoriais. Inaugura o termo “testes mentais” Associação entre discriminação sensorial e inteligência (tempo de reação; teste das diferenças mínimas; nomeação de cor; testes de memória e de atenção, etc.) Cria teoricamente o fator g de inteligência (habilidades cognitivas convergem para um fator geral). Conceito hipotético Segundo Cattell, a sua bateria de testes media inteligência 5 Modelo teórico e hipotético do fator g proposto por Cattel 6 Histórico da Avaliação Psicológica Clark Wissler (1901) Antropólogo Escores dos testes mentais de Cattell não se relacionavam com o desempenho acadêmico Uso dos procedimentos de correlação, desenvolvido por Pearson (1896) Diferentes baterias dos testes mentais de Cattell apresentavam baixas correlações entre si 7 Testes de Cattel não avaliavam Inteligência 8 Histórico da Avaliação Psicológica Grande nome no desenvolvimento Psicometria Desenvolve a análise fatorial (AF) Histórico da Avaliação Psicológica Spearman (Inglaterra, 1863-1945) 9 Análise Fatorial Item 2 Item 1 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 8 Item 9 Item 10 Item 11 10 Análise Fatorial Item 2 Item 1 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 9 Item 10 Item 11 Item 8 11 Análise Fatorial Item 2 Item 1 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 9 Item 10 Item 11 Item 8 12 Análise Fatorial Item 2 Item 1 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 9 Item 10 Item 11 Item 8 13 Análise Fatorial Item 2 Item 1 Item 3 Item 4 Item 5 Item 6 Item 7 Item 9 Item 10 Item 11 Item 8 14 Análise Fatorial Item Fator 1 Animais Fator 2 Frutas Fator 3 Flores 1 0.90 2 0.85 8 0.70 3 0.80 4 0.75 10 0.60 5 0.88 7 0.85 9 0.75 6 0.40 0.40 11 0.01 - 0.01 0.11 15 Histórico da Avaliação Psicológica Testa empiricamente o Fator g de Cattel por meio da Análise Fatorial Não encontrou resultados psicométricos significativos Histórico da Avaliação Psicológica Spearman (Inglaterra, 1863-1945) 16 Histórico da Avaliação Psicológica Alfred Binet (França, 1857-1911) Pedagogo e psicólogo francês Crítica aos trabalhos de Galton e Cattell: Testes sensoriais não tem relação com as habilidades intelectuais 1905 – Surge a escala Binet-Simon: 30 itens em ordem crescente de dificuldade para avaliar funções intelectuais e detectar o nível de inteligência de crianças das escolas de Paris 1908 e 1912 – Binet aperfeiçoa a escala. Cria o conceito de ‘Idade Mental’ 17 18 Escala Binet 19 Histórico da Avaliação Psicológica Lewis Terman (1916) Psicólogo americano, pioneiro da psicologia educacional Adapta a escala Binet-Simon para os Estados Unidos Populariza o Quociente Intelectual (QI): Idade mental dividida pela idade cronológica X 100 A partir disso, surgem outras escalas para avaliação cognitiva. Ex: Army Alpha e Army Beta – testes para avaliar recrutas do exército americano na 1ª Guerra Mundial 20 Thermometers are useful because They regulate temperature They tell us how warm it is They contain mercury A portion of the Army Alpha required examinees to solve analogies shoe — foot. hat — kitten, head, knife, penny eye — head. window — key, floor, room, door Army Alpha Test 21 Thermometers are useful because They regulate temperature They tell us how warm it is They contain mercury A portion of the Army Alpha required examinees to solve analogies. shoe — foot. hat — kitten, head, knife, penny eye — head. window — key, floor, room, door Army Alpha Test 22 Army Beta Test 23 Instead, he insisted that intelligence is influenced by a number of factors, changes over time and can only be compared among children with similar backgrounds (Siegler, 1992). 24 Explosão de Testes Psicológicos Joseph Jastrow (1892-1927): Desenvolvimento de + 15 testes para avaliação de diversos aspectos cognitivos Hugo Münsterberg (1863-1916): Dezenas de testes voltados para a Psicologia Industrial 1920 em diante Novos testes de desempenho escolar e de habilidades acadêmicas. Preocupação quanto à qualidade dos testes (padronização, validade e fidedignidade). Histórico da Avaliação Psicológica Instead, he insisted that intelligence is influenced by a number of factors, changes over time and can only be compared among children with similar backgrounds (Siegler, 1992). 25 Intelligence test, Chicago, United States (1915-1925) 26 Binet-Simon test 27 Pilot selection test 28 Reaction time test 29 Two hands coordination test 30 Histórico da Avaliação Psicológica E os conceitos foram evoluindo... 31 Histórico da Avaliação Psicológica Análise Fatorial A inteligência é composta por múltiplas habilidades e não por um fator único A inteligência é constituída por componentes (fatores) relativamente independentes A inteligência é influenciada pela cultura Thurstone (1938) Estudos com análise fatorial. Desenvolve as escalas psicológicas 32 Modelo Fator g 33 Histórico da Avaliação Psicológica Ampliando o corpo das pesquisas empíricas em Psicologia Meados de 1920 Declínio dos testes de inteligência 1) Uso indiscriminado dos testes; 2) AF não suportava a teoria do fator g de Spearman: ... As portas se abrem para a mensuração de outras características para além da inteligência ... 34 Thurstone (1928) Histórico da Avaliação Psicológica Instead, he insisted that intelligence is influenced by a number of factors, changes over time and can only be compared among children with similar backgrounds (Siegler, 1992). 35 Thurstone (1928): Apresenta uma forma para avaliar a atitude (opiniões/crenças pessoais) das pessoas por meio de simples respostas sim ou não: Histórico da AvaliaçãoPsicológica Instead, he insisted that intelligence is influenced by a number of factors, changes over time and can only be compared among children with similar backgrounds (Siegler, 1992). 36 Likert (1932) Histórico da Avaliação Psicológica Instead, he insisted that intelligence is influenced by a number of factors, changes over time and can only be compared among children with similar backgrounds (Siegler, 1992). 37 Exemplo de Escala de Concordância Likert 1. Eu entendo o sentido da minha vida 1 2 3 4 5 2. Minha vida tem um propósito claro. 1 2 3 4 5 3. Eu tenho uma clara noção do que faz a minha vida ser significativa. 1 2 3 4 5 4. Eu estou buscando um propósito ou uma missão para a minha vida. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Discordo Totalmente Discordo Nem discordo nem concordo Concordo Concordo totalmente Histórico da Avaliação Psicológica Instead, he insisted that intelligence is influenced by a number of factors, changes over time and can only be compared among children with similar backgrounds (Siegler, 1992). 38 Análise Fatorial Depressão (Baseado na Escala Beck de Depressão– Década 60) Itens Carga Fatorial 01. Eu perdi o interesse em tudo o que gostava de fazer 0,892 02. Tenho chorado mais do que o de costume 0,674 03. Eu não gosto de mim mesmo 0,538 .... ... Histórico da Avaliação Psicológica 39 Histórico da Avaliação Psicológica Testes de personalidade 1940 - Surge o MMPI - Interesse pelos testes de personalidade. Uso de análise fatorial Raymond Cattell (1957, 1973) - Início das teorias fatoriais de personalidade. Usa a análise fatorial para sistematizar correlações entre indicadores, de forma a inferir os traços unitários (fatores). Cattell (1957) encontrou mais de 23 traços (fatores) que seriam as forças causais dos comportamentos observados 40 Histórico da Avaliação Psicológica Em paralelo Surgem as técnicas projetivas (por influência dos estudos de associação livre e usados no contexto clínico por Kraepelin, Jung e Freud) Rorschach (Hermann Rorschach, 1921) Teste de Apercepção Temática (TAT) (Henry Murray, 1930) Desenho de uma pessoa (Florence Goodenough,1926) Casa, Árvore e Pessoa (HTP) (John Buck, 1948) Histórico da Avaliação Psicológica 41 42 43 44 45 46 47 mas voltando para a História... 49 Histórico da Avaliação Psicológica Lord e Novick (1968) - Critica à teoria clássica dos testes Somatório simples dos escores desconsidera a importância individual de cada item Lord (1980) - Teoria de Resposta ao Item (ex. Enem) Psicometria Moderna Teoria Clássica (TCT) X Teoria de Resposta ao Item (TRI) Pesquisas e estudos de sistematização 50 Quantas vezes você... 1. Chuta ou bate nos seus colegas ( ) nunca ( ) às vezes ( ) frequentemente ( ) sempre 2. Isola um colega do seu grupo de amigos ( ) nunca ( ) às vezes ( ) frequentemente ( ) sempre 3. Fala palavrões para seus colegas ( ) nunca ( ) às vezes ( ) frequentemente ( ) sempre 4. Pega ou estraga algum objeto de um colega ( ) nunca ( ) às vezes ( ) frequentemente ( ) sempre Questionário de Comportamentos Agressivos 51 Teoria de Resposta ao Item (TRI) B (dificuldade) 1,00 0,80 0,20 0,40 0,60 - 4 -3 -1 -2 0 +1 +2 +3 +4 C (chute) 0,50 Nível de Traço Latente / Habilidade Probabilidade de acerto A (discriminação) Histórico da Avaliação Psicológica 52 TRI: Teste de Inteligência Item 1 Item 3 53 TRI: Teste de Inteligência Item 3 Item 2 54 TRI: Teste de Inteligência Item 1 Item 2 55 Histórico da Avaliação Psicológica Método gráfico para apresentar relações de regressão Possibilidade de colocar várias VI’s e VD’s em uma única análise Possibilidade de estimar relações de predição e de covariação Modelagem de Equações Estruturais 56 TRI: Teste de Inteligência Item 1 Item 2 Item 3 57 Histórico da Avaliação Psicológica Modelagem de Equações Estruturais 58 Ampliação das Pesquisas e Métodos de Análise de Dados Testes sem cálculos Somatório dos escores (TCT) Análise Fatorial Exploratória Teoria de Resposta ao Item Modelagem de Equações Estruturais Cattell (1890) Binet-Simon (1906) Spearman (1904) Lord (1952) Wright (1921) Thurstone (1928) Thurstone (1938) Lord e Novick (1968) Jöreskog (1973) Likert (1932) 59 Histórico da Avaliação Psicológica Testes Neuropsicológicos Alexander Luria (neuropsicólogo russo) e Arthur Benton (neuropsicólogo americano) Avaliação de soldados de guerra lesionados por projéteis Diferenças entre soldados com lesões do hemisfério direito e com lesões no hemisfério esquerdo Testes avaliam a relação entre funcionamento cerebral, cognição, emoções e comportamento Área em expansão 60 Avaliação Psicológica no Brasil Surgimento dos testes psicológicos no Brasil: 5 fases 1) Produção médico-científica na academia (1836 – 1930) 2) Difusão da Avaliação Psicológica no âmbito das Universidades (30 - 1962) 3) Criação dos cursos de graduação em Psicologia (1962 – 1970) 4) Criação dos cursos de Pós-Graduação (1970 – 1987) 5) Surgimento dos laboratórios de pesquisa (1987 – ...) 61 61 E no Brasil? Como se deu a entrada e o movimento dos testes? Nas primeiras décadas do século XX (10/20/30) houve a expansão da psicologia experimental através de algumas práticas laboratoriais Avaliação Psicológica no Brasil À esq. W. Radecki, chefe do Laboratório de Psicologia Experimental do Hospital Engenho de Dentro São Paulo (Praça da República) – Anos de 1910/1920 Avaliação Psicológica no Brasil São Paulo (Praça da República) – Anos de 1910/1920 Avaliação Psicológica no Brasil Belo Horizonte – Anos 1930 Avaliação Psicológica no Brasil Nos anos 20, Medeiros e Albuquerque publica o primeiro livro dedicado aos testes, chamando a atenção dos brasileiros para a necessidade de aplicação de instrumentos objetivos na solução problemas educacionais, administrativos e comerciais Avaliação Psicológica no Brasil Em 1925, Ulisses Pernambucano funda o Instituto de Psicologia de Recife e traz para o contexto brasileiro a escala Binet-Simon e as pranchas paralelas ao Rorschach Avaliação Psicológica no Brasil No contexto brasileiro também é possível perceber um aumento no interesse pelos testes psicológicos Os testes mostraram sua utilidade principalmente na educação e na indústria Após a Revolução de 30, os temas da educação, infância, trabalho e indústria eram principais na política brasileira Avaliação Psicológica no Brasil Publicado em 1933 Avaliava nível de maturidade psicobiológica de escolares Auxiliava na constituição de classes homogêneas Fracasso escolar diretamente associado ao nível de maturidade Avaliação Psicológica no Brasil Apresentado em 1943 Publicado pela ed. CEPA em 1960 Instrumento de psicodiagnóstico que buscava avaliar: Personalidade Aptidões Interesses Avaliação Psicológica no BrasilAvaliação Psicológica no Brasil Dos anos de 1920 até 1950 houve uma expansão do movimento dos testes e a defesa de uma psicologia científica Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP) Departamento de Administração do Serviço Público (DASP) Instituições e órgãos relevantes nesse processo de irradiação de uma psicologia científica no Brasil Avaliação Psicológica no Brasil Através do ISOP foi criada a “Associação Brasileira de Psicotécnica” e o periódico “Arquivos Brasileiros de Psicotécnica” (1949) Emilio Mira y López Avaliação Psicológica no Brasil Década de 60, 70 e 80: Críticas decorrentes dos efeitos da expansão na aplicação de testes: Baixa qualidade da formação dos alunos; Poucos professores especializados; Falta de fiscalização e controle adequados quanto à aquisição de manuais de testes; Críticas de profissionais de outras abordagens da psicologia sobre o uso dos testes psicológicos; Utilização de testes importados e inapropriados à realidade brasileira; Formação deficiente dos profissionais envolvidos com a aplicação de instrumentos. Avaliação Psicológica no Brasil Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) Revista Avaliação Psicológica Eventos científicos (Congressos anuais em AP) Linhas de pesquisa em programas de pós-graduação (em AP) Resolução CFP n° 9-2018 – Normas sobre AP e SATEPSI Atualização do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) Institui critérios claros de qualidade para se considerar um teste psicológico apto para o uso profissional. Fundamentação teórica Evidências empíricas Sistemas de correção e interpretação dos resultados - Manual Avaliação Psicológica no Brasil Avaliação Psicológica no Brasil Avaliação Psicológica no Brasil O Conselho Federal de Psicologia instituiu que 2011 seria o Ano Temático da Avaliação Psicológica, marco que promoveu importantes debates para a melhoria da área Avaliação Psicológica no Brasil Avaliação Psicológica no Brasil Futuro da AP no Brasil Aprimoramento metodológico na construção e adaptação de instrumentos por meio de procedimentos estatísticos robustos; Aprimoramento tecnológico (correções informatizadas, testes computacionais e estímulos multimídia); Novas evidências de validade para as técnicas projetivas; Repensar a qualidade do currículo em AP na graduação; Capacitação do psicólogo – formação básica ou especialidade? Criação da especialidade em avaliação psicológica; Certificação dos testes psicológicos. 79 Avaliação Psicológica no Brasil Para leitura: BUENO, José Maurício Haas; PEIXOTO, Evandro Morais. Avaliação Psicológica no Brasil e no Mundo. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 38, n. spe, p. 108-121, 2018 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141498932018000400108&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 mar. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703000208878. PRIMI, Ricardo. Avaliação Psicológica no Século XXI: de Onde Viemos e para Onde Vamos. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 38,n. spe,p. 87-97, 2018 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141498932018000400087&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 mar. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1982-3703000209814. 80
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