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Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III VERMELHO BRILHANTE Objetivos: 1. Revisar as características morfológicas e os mecanismos de defesa da pele. 2. Conhecer a epidemiologia da erisipela. 3. Estudar a fisiopatologia da erisipela e suas manifestações clínicas. 4. Pesquisar o diagnóstico, o tratamento e a profilaxia da erisipela. 5. Relacionar erisipela e celulite. Histologia Cutânea A pele é o maior órgão do corpo; O padrão histológico da pele pode ser definido a partir das três camadas que a compõem: epiderme, derme e hipoderme. A epiderme é um epitélio de revestimento e encontra-se firmemente acoplada ao tecido conjuntivo subadjacente do qual recebe suporte, a derme. Abaixo da derme reside um tecido conjuntivo frouxo, a hipoderme, que contém gordura; A epiderme é formada por camadas de células diferenciadas pela morfologia, grau de maturação e profundidade; As mais superficiais são justapostas umas as outras e cobertas por queratina. Daí segue a sua denominação histológica: tecido epitelial pavimentoso (ou escamoso) estratificado queratinizado; As células da camada mais profunda da epiderme, a camada basal, dividem-se continuamente. Durante um período de 60 dias estas células sofrem mitose e seu conteúdo é modificado na medida em que atravessam as camadas superiores até chegarem a mais superficial, onde morrem; A camada queratinizada de células mortas varia desde as regiões mais delicadas como as pálpebras, até as mais espessas como as plantas dos pés. Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Erisipela É uma infecção bacteriana da pele que acomete predominantemente a derme e o tecido celular subcutâneo superior, um exemplo de infecção cutânea bastante comum; Quando ocorre uma solução de continuidade da pele, com ruptura da barreira de proteção cutânea, uma bactéria geralmente considerada não patogênica pode tornar-se um patógeno oportunista, levando à infecção cutânea; Alterações do estado imunológico do indivíduo também podem contribuir para que bactérias não patogênicas tornem-se causadoras de infecções cutâneas; A pele humana normal é colonizada por microrganismos, incluindo bactérias e fungos, que permanecem na superfície cutânea como comensais. Há variações da flora normal residente da pele, de indivíduo a indivíduo, de acordo com a idade, a raça e a topografia cutânea; A flora aeróbica residente da pele consiste de cocos Gram-positivos de Staphylococcus spp., Micrococcus spp., bastonetes Gram-positivos, Corynebacterium spp., Brevibacterium spp. e Gram-negativos Acinetobacter spp; No folículo piloso, há anaeróbicos Propionebacterium spp., além de fungos Pityrosporum spp. Eventualmente, estes organismos residentes podem causar uma infecção localizada na pele ou nos anexos; Outras bactérias não residentes da pele podem colonizar a epiderme, com o desenvolvimento também de infecções bacterianas cutâneas. Epidemiologia A erisipela pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, mas é mais comum nos diabéticos, obesos e nos portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores; Não é contagiosa e seus nomes populares são: esipra, mal-da-praia, mal-do- monte, maldita, febre-de-santo-antônio. Etiologia e Fisiopatologia A erisipela pode ser decorrente de traumas e soluções de continuidade da pele, causada por infecções fúngicas superficiais, como a tinha do pé (Tinea pedis), as úlceras de perna ou outros processos inflamatórios ou infecciosos locais; A pele mais favorável são as pernas inchadas, principalmente nos pacientes diabéticos, obesos e idosos; Os fatores predisponentes mais importantes para o desenvolvimento dessas infecções são o rompimento da barreira cutânea devido a trauma (mordida de inseto, abrasão, cortes), inflamação (eczema, radioterapia), infecção de pele preexistente (impetigo, tinea pedis), varicela ou insuficiência venosa; Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Obstruções linfáticas decorrentes de procedimentos cirúrgicos como safenectomia e dissecção de nódulos axilares e pélvicos, também são causas de infecção. O intertrigo é o principal sítio de infecção para entrada do patógeno. O fato de muitas vezes ele ser de pequeno tamanho dificulta o diagnóstico precoce e a prevenção do quadro infeccioso; A erisipela é causada por Streptococcus pyogenes do grupo A de Lancefield, e, raramente, pelos estreptococcus hemolíticos do ghupo B, C e D. Quadro Clínico Na erisipela o doente apresenta início abrupto de febre elevada, em geral 39 a 40°C, acompanhada de mal-estar e astenia; Após poucas horas, observa-se graus variáveis de sintomas sistêmicos e sinais como eritema, edema, calor e rubor no local afetado, habitualmente um membro ou a face. Na erisipela, a margem da lesão é bem delimitada e elevada; Marcando a borda da lesão com uma caneta, é possível observar a progressão ou regressão da lesão. Por vezes, é difícil esta diferenciação com um importante diagnóstico diferencial (celulite), pois a erisipela pode acometer o tecido celular subcutâneo mais profundo e a celulite pode comprometer a derme, além do tecido celular subcutâneo; É comum haver bolhas de conteúdo seroso e hemorrágico no local afetado; Linfangite e adenomegalia regional também podem estar pre-sentes. O local mais frequente de acometimento é a perna, sendo o braço e a face outros sítios comuns de acometimento. Erisipela também pode ocorrer no braço, especialmente nas doentes de câncer de mama, submetidas à mastectomia com esvaziamento ganglionar e que evoluem com linfedema no braço. Como descrever a lesão? Lesão definida por uma placa eritematosa, edemaciada, infiltrada e dolorosa, com bordas que crescem centrifugamente, bem delimitadas que avançam rapidamente sobre a pele circunvizinha. Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III Complicações Quando o paciente é tratado logo no início da doença, as complicações não são tão evidentes ou graves. No entanto, os casos não tratados a tempo podem progredir com abscessos, ulcerações (feridas) superficiais ou profundas e trombose de veias. O linfedema pode ocorrer como sequela, especialmente quando há erisipela de repetição (elefantíase nostra). Diagnóstico O diagnóstico da erisipela baseia-se nos achados clínicos, característicos. O diagnóstico definitivo só é confirmado pelo resultado das culturas. No entanto, isso não deve atrasar o início da terapia em pacientes com sinais e sintomas clássicos; Medidas auxiliares no diagnóstico como hemocultura, aspirados e biópsias não se mostram úteis em casos leves de infecções, mas mostram-se importantes ferramentas diagnósticas quando os pacientes apresentam toxicidade sistêmica, envolvimento extenso da pele ou comorbidades como linfedema, câncer, neutropenia, diabetes, esplenectomia, imunodeficiência, história de celulite recorrente ou persistente e em casos de exposição a mordeduras de animais: - Cultura para bactérias, coletada por meio de aspirado de fluido, após infiltração subcutânea de solução salina, pode resultar positivo; - A biópsia de lesão cutânea com cultura para bactérias pode dar resultado negativo; - O hemograma pode revelar leucocitose em 50% dos doentes, com desvio à esquerda. Hemoculturas apresentam positividade baixa nos doentes de erisipela e celulite; - Os exames de velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa (PCR) podem estar elevados em 85 e 97% dos doentes, respectivamente. Os níveis mais elevados desses exames são observados nos doentes mais graves.Diagnóstico Diferencial O diagnóstico diferencial entre as infecções cutâneas inclui patologias infecciosas e não infecciosas; Entre as infecciosas, doenças como a fasceíte necrosante, gangrena gasosa, síndrome do choque tóxico, osteomielite devem ser afastadas na avaliação inicial do paciente pelas suas importantes implicações terapêuticas. Quadros não infecciosos como dermatite de contato, trombose venosa profunda, gota, mordidas de insetos e reações a drogas, também podem confundir o diagnóstico; O principal diagnóstico diferencial é com a Celulite, infecção cutânea que compromete uma parte maior dos tecidos moles, estendendo-se profundamente através da derme e tecido subcutâneo, podendo-se iniciar com erisipela. Em geral a lesão é extremamente dolorosa e infiltrativa, com bordas mal delimitadas que se Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III estendem ao tecido subcutâneo. Sua demarcação com pele sã é indistinguível e não cresce centrifugamente. Tratamento Medidas de controle e tratamento da possível porta de entrada para erisipela ou celulite, como tratamento de tinha do pé e lesões ulceradas, devem ser tomadas para evitar a repetição destes quadros infecciosos bacterianos; O tratamento da erisipela inclui repouso e, quando pertinente, elevação do membro afetado. Deve ser estimulada movimentação do membro afetado, para evitar a possibilidade de TVP. Se houve tromboflebite associada, deve-se considerar a possibilidade de tratamento com anticoagulantes; Penicilina procaína 400.000 UI IM a cada 12 horas por 10 dias, cefalexina VO 500 a 1.000 mg a cada 6 horas ou eritromicina VO 500 mg a cada 6 horas por 10 dias são indicados para as formas leves da doença; A duração do tratamento deve ser individualizada de acordo com a resposta clínica do paciente, podendo se estender de 5 a 10 dias. Seguimento É esperada melhora do quadro cerca de 24-48 horas após início do antibiótico; Em caso de aumento da extensão do eritema e piora dos sintomas sistêmicos após esse período, deve-se pensar em resistência ou cogitar outro diagnóstico. Prevenção As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando adequadamente as “frieiras”, evitando e tratando os ferimentos das pernas e tentando manter as pernas desinchadas; Deve-se evitar o ganho de peso, bem como permanecer muito tempo sem se movimentar, em pé ou sentado. O uso constante de meia elástica é uma grande arma no combate ao edema, bem como fazer repouso com as pernas elevadas sempre que possível. Referências Bibliográficas 1. Erisipela - Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/do encas-e-problemas/erisipela/38/>. Acesso em: 15 jun. 2021. 2. GUILHERME, J.; GEIST, B. ERISIPELA E CELULITE Letícia de Salles Valiati Natália Corrêa de Corrêa. [s.l.] , [s.d.]. Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/03/88 1600/erisipela-e-celulite.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2021. Fernanda Jorge Martins – 3º Período @fernandamartins.med APG III
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