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direito dos conjuges

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Núcleo de Educação a Distância
R. Maria Matos, nº 345 - Loja 05
Centro, Cel. Fabriciano - MG, 35170-111
www.graduacao.faculdadeunica.com.br | 0800 724 2300
GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO.
Material Didático: Ayeska Machado
Processo Criativo: Pedro Henrique Coelho Fernandes
Diagramação: Gildenor Silva Fonseca
PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira, Gerente Geral: Riane Lopes, 
Gerente de Expansão: Ribana Reis, Gerente Comercial e Marketing: João Victor Nogueira
O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para 
a formação de profi ssionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.
O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por 
fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.
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Prezado(a) Pós-Graduando(a),
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!
Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confi ança 
em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se 
decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as 
suas expectativas.
A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma 
nação soberana, democrática, crítica, refl exiva, acolhedora e integra-
dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a 
ascensão social e econômica da população de um país.
Durante o seu curso de graduação você teve a oportunidade 
de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.
Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas 
escolhas pessoais e profi ssionais.
Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são ou-
tros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmica, 
se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um 
novo perfi l profi ssional, objetivando o aprimoramento para sua atua-
ção no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo
importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-
rior e se qualifi car ainda mais para o magistério nos demais níveis de
ensino.
E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa 
jornada!
Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.
Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção 
de novos conhecimentos.
Um abraço,
Grupo Prominas - Educação e Tecnologia
Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! .
É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha 
é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-
sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é 
você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-
rança, disciplina e organização. 
Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como 
as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua 
preparação nessa jornada rumo ao sucesso profi ssional. Todo conteúdo 
foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de 
qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.
Estude bastante e um grande abraço!
Professor: Diêgo Henrique Tuschtler de Carvalho
O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao 
longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-
nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela
conhecimento.
Cada uma dessas tags, é focada especifi cadamente em partes 
importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-
formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao 
seu sucesso profi sisional.
Esta unidade analisará alguns dos postulados do Direito da Família (Pá-
trio Poder), relativamente ao casamento e seus desdobramentos fático-
-jurídicos, especifi camente quanto: a) à origem histórica do matrimônio, 
a signifi cação do casamento enquanto instituição ou fonte instituidora 
da família e suas formas admitidas de celebração; b) as correlações 
entre o referido instituto jurídico com a religião e a questões atuais, sub-
jacentes jurídicas ou afi ns, como o hodierno casamento homoafetivo; c) 
as práticas consuetudinárias e legais para validade, efi cácia e prova do 
casamento e os efeitos na esfera civil das celebrações promovidas em 
âmbito religioso; d) os direitos e deveres dos cônjuges; e) os diversos 
e possíveis regimes de bens no casamento conforme o Código Civil; f) 
a dissolução do vínculo conjugal e suas modalidades e g) as políticas 
atuais afeitas à proteção da família quando da dissolução da sociedade 
conjugal. Trata-se de módulo voltado para a construção de raciocínio 
técnico-jurídico para o pós-graduando nas searas privatista/civilista, es-
pecialmente para os atuantes nos ramos jurídicos familiar e sucessório, 
pois visa elencar, em análise sistemática (mas não exauriente) o contra-
to de casamento e os institutos incidentes sobre bens pertencentes aos 
cônjuges, adquiridos no curso da sociedade conjugal e suas principais 
implicações em caso de rompimento do vínculo matrimonial. Justifi ca-
-se em razão de sua relevância, dados os contextos socioeconômicos e 
políticos que a família brasileira vivenciou e vivencia.
Direito de Família. Casamento. Sociedade Conjugal. Religião. 
Direito Conjugal. Regime de Bens. Dissolução do Vínculo Conjugal.
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CAPÍTULO 01
CASAMENTO
Casamento: Conceitos, Origem, Finalidade e Outros Apontamen-
tos_______________________________________________________
Apresentação do módulo __________________________________
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Direitos e Deveres dos Cônjugues: Efi cácia do Casamento________ 33
CAPÍTULO 02
DIREITO CONJUGAL
CAPÍTULO 03
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
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91
21
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85
Casamento Religioso: Noções e Efeitos Civis____________________
Casamento Civil e Família: Instituição e Razoes_________________
Recapitulando_____________________________________________
Regime de Bens: Conceitos, Princípios, Regras Gerais e Alteração 
de Regime________________________________________________
Recapitulando_____________________________________________
Conceitos Introdutórios_____________________________________
Separação, Divórcio, Direitos da Mulher e Ritos no Código de Pro-
cesso Civil_________________________________________________
Recapitulando_____________________________________________
Considerações Finais________________________________________
Fechando a Unidade________________________________________
Referências_______________________________________________
76Constituição Federal e o Amparo à Família_____________________
90Glossário__________________________________________________
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O Direito de Família, agora sob a novel e moderna nomenclatu-
ra de “Direito das Famílias” ou “Direito da Família”, é um vetusto braço 
do Direito Civil/Direito Privado e, certamente, um dos ramos mais remo-
tos do Direito enquanto ciência e enquanto sistema de normas. 
Antes mesmo dos primórdios civilizatórios, sempre existiu a fi -
gura da família, construída, conforme pensadores gregos e medievais, 
sob a égide do Direito Natural, pois a natureza gregária humana adveio 
da formação de grupos familiares, aparentados pela consanguinidade 
ou afi nidade. Assim, a partir da família, como o primeiro grupo dotado de 
regramento interno e hierarquia, foram-se fundando os demais agrupa-mentos humanos, até chegar-se ao intrincado plexo grupal político-nor-
mativo dos tempos hodiernos. 
Assim, o Direito da Família exsurge como expressão da Ciên-
cia do Direito, que estuda as interações normativas entre indivíduos 
que, por relações de consanguinidade – ascendência, descendência ou 
colateralidade – ou por afi nidade vivenciam, permeiam e/ou permutam 
situações que vão da afetividade a questões econômico-fi nanceiras, de-
las se originando direitos e deveres juridicamente postos. 
Séculos se passaram e tanto o jusnaturalismo como o Direito 
Positivo encabeçaram ou provocaram as diversas alterações que de-
ram ao Direito de Família diferentes roupagens, consoante às épocas. 
Muitas dessas mudanças, frise-se, ocorreram no século XX, mormen-
te após a Revolução Industrial e no chamado período “Pós-Guerras”, 
diante dos eventos danosos e catastrófi cos perpassados pelos grupos 
familiares durante tais momentos políticos e econômicos. 
No Brasil não foi diferente. Antes uma nação rural até meados 
dos anos 1950 do século passado, o país viu, de forma paulatina e 
depois explosiva, a crescente debandada de famílias agrícolas para os 
centros urbanos, o que mudou drasticamente as relações familiares: a 
fi gura do “arrimo” de família já não se concentrava unicamente no ho-
mem/marido/pai, mas passou a ser representada cada vez mais pela 
fi gura feminina. 
 Logo, o capital intelectual e laboral originado das mulheres 
cresceu consideravelmente, afastando-se elas exponencialmente da 
fi gura de “mães e donas de casa”. Com base nessa mudança de com-
portamento pela sociedade no que tange às famílias, também se viu, 
em sentido oposto, uma revisão do papel do homem, não como man-
tenedor fi nanceiro da famílias, mas como ativo partícipe de todas as 
decisões e atividades que a envolvem, inclusive as domésticas, afetivas 
e emocionais, antes relegadas à mulher e tratadas como questões peri-
féricas ou subjacentes ao conceito antigo (e hoje antiquado) de família. 
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Dessas mudanças sociais, políticas, econômicas e comporta-
mentais surgiram também as mudanças jurídicas, com novas formas 
de direitos e obrigações, inclusive no que concerne à relação conjugal. 
Nesta senda, princípios jurídicos afeitos à matéria brotaram ou 
foram reformados pela doutrina civilista, como: Princípio da Isonomia 
Conjugal, Princípio da Dissolubilidade do Vínculo, Princípio da Função 
Social da família, Princípio da Afetividade, Princípio do Livre Planeja-
mento Familiar, Princípio da Monogamia, Princípio da Igualdade Jurí-
dica entre fi lhos, Princípio da Paternidade Responsável, entre outros. 
No que toca ao Casamento, frutifi caram-se novos direitos e de-
veres, tanto de cunho patrimonial como de cunho relacional (afetivo e 
sexual). Novos regimes patrimoniais foram inseridos no Direito Civil co-
difi cado, bem como novas obrigações frente à necessária consideração 
das características nucleares da sociafetividade e da busca da felicida-
de (eudemonismo). Ademais, a dissolubilidade da sociedade conjugal 
foi repensada, sendo novos institutos trazidos à baila.
Assim, o Direito Familiar não se presta a ser um engessamento 
ao trato e convivência parentais pelo Estado, mas possui um escopo: o 
Estado, enquanto ente que rege e orienta a sociedade, protegerá e en-
tidade familiar – e em especial, o casamento e seus direitos e deveres 
–, em conformidade com a vontade desta.
Ante a importância histórica atribuída a tal área do Direito, é 
imperiosa a compreensão acerca de seus institutos especifi camente no 
que concerne ao casamento e todos os desdobramentos jurídicos, so-
cioafetivos e patrimoniais envoltos a ele, objeto de estudo neste módulo. 
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CASAMENTO: CONCEITOS, ORIGEM, FINALIDADE E OUTROS APON-
TAMENTOS 
O casamento perpassa desde eras quase imemoriais pela in-
tervenção social e estatal, seja por meio da lei positiva ou pelas normas 
das religiões. Sua origem remonta à antiguidade e ao início das civiliza-
ções humanas, emergidas nas tradições religiosas de que o casamento 
tem cunho sacro ou sacramental (como o é nas Igrejas Cristãs) e que a 
união de um casal deveria ser abençoada para ter validade diante dos 
demais membros da coletividade em que se inseriam. 
Note-se que, da antiguidade até meados do século XX (e em 
alguns países subdesenvolvidos ou extremamente fundamentalistas/
tradicionalistas, até hoje), os casamentos eram em regra contraídos e 
formalizados pela vontade dos pais – vontade essa social, econômica 
e até politicamente motivada – visando à estabilidade, ao aumento de 
status ou à infl uência junto aos estamentos tradicionais, civis e religio-
sos da época, conforme a motivação direta ou refl examente exposta.
No Ocidente, sobretudo nas nações de tradição judaico-cristã, 
em termos socioculturais, o casamento se traduz como a manifestação 
da união de duas pessoas (ou da concretização da intenção e desejo de 
CASAMENTO
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unirem-se) em um vínculo social que resulta na coabitação: a convivên-
cia estável e duradoura, sob uma habitação comum e sob a premissa 
da reciprocidade e auxílio (aff ectio maritalis) em anseios, votos e ações, 
com o fi m primordial de estruturar uma família, com a procriação e cria-
ção mútua da prole. 
Parte-se do pressuposto de que os nubentes (ou noivos, pes-
soas que manifestaram legal e socialmente a intenção de se casar) te-
nham um prévio contexto de relacionamento afetivo e íntimo, ao qual 
querem dar ares de legitimidade aos olhos da sociedade e do Estado 
por meio do enlace matrimonial solene e devidamente levado a efeito. 
Embora culturalmente basilar, a ideia de casar-se para obter-se 
com a (possivelmente) futura prole a formação de família não é a única 
fi nalidade ou escopo do casamento: as pessoas se casam (ou “se dão 
em casamento”, como rezavam os apóstolos bíblicos) para os mais va-
riados motivos. Motivações sociais, econômicas, fi nanceiras, psicológi-
cas/emocionais e até mesmo sexuais rodeiam as decisões das pessoas 
que decidiram ter uma vida em comum, compartilhando e fl exibilizando 
suas garantias constitucionais de liberdade, intimidade e privacidade.
Juridicamente, o casamento tem sido interpretado e considera-
do um contrato em nosso ordenamento, um contrato civil no âmbito do 
Direito de Família. Desse contrato advém uma sociedade, denominada 
Sociedade Conjugal, que estabelece o estado de casados entre as par-
te contraentes, que manifestaram livremente sua vontade de ingressar 
e permanecer no referido estado. 
Para muitos, é um negócio jurídico dotado de solenidade (ca-
ráter solene, formal, revestido na lei), por meio do qual duas pessoas de 
sexos opostos manifestam livremente a vontade de formar família pe-
rante a sociedade e as leis cogentes do Estado. Para outros, é o vínculo 
jurídico entre o homem e mulher que objetiva o auxílio mútuo material e 
espiritual, de modo que haja uma integração fi siopsíquica e a constitui-
ção de uma família. Alguns (DIAS, 2011) sintetizam simplesmente como 
a celebração do matrimônio e a relação jurídica que dele redundam (a 
relação ou vínculo matrimonial). 
Muitos conceitos elaborados pela doutrina clássica acabaram 
por se desatualizar diante das mudanças de cultura e comportamento 
na sociedade, as quais provocaram rupturas nas bases do que era con-
siderado como casamento tradicional. Soma-se a essa ruptura a mu-
dança paradigmática da jurisprudência dos Tribunais Superiores quanto 
à formação de entidades familiares e ao casamento.
 Com supedâneo nessas alterações jurídico-sociais, o casa-
mento pode ser conceituado como a união jurídica conjugal entre dois 
seres humanoscapazes com o objetivo (fi m, não requisito) de constituir 
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família, gerando responsabilidade e obrigações provenientes do negó-
cio jurídico bilateral (ASSIS NETO et al, 2015, p. 1530). 
O casamento é um negócio jurídico bilateral, em que as partes 
manifestam livremente seu interesse de ter uma vida em comum, com 
reponsabilidades e obrigações de um para com o outro e para com a 
manutenção do estado de casado e da família formada ou a formar, 
canalizando reciproca e proporcionalmente esforços para tanto. No en-
tanto, o casamento não é um fi m em si mesmo e suas fi nalidades típicas 
- ter relações sexuais, ter fi lhos e estruturar família - não são requisitos 
essenciais para a continuidade legal do matrimônio, não podendo o Es-
tado interferir nisso. 
Ainda quanto à natureza jurídica do casamento, alguns trata-
mentos são dados pela doutrina. Há correntes que o enxergam como 
ato administrativo ou contrato de adesão, dela se extraindo a nomencla-
tura de “Corrente Publicista”. 
Essa linha propõe que somente a solenidade (ato administra-
tivo) realizado pelo Estado – o casamento civil – é válida. Todavia, olvi-
da-se que a manifestação do celebrante é ato meramente declaratório, 
que exprime a vontade entabulada pelos contraentes, vontade que se 
converte em ato solene e pessoal não por desejo do Estado, mas das 
partes. Já na Corrente Privatista, o casamento é instituto de Direito Pri-
vado que sofre parcialmente derrogações do Direito Público.
Talvez a melhor teoria seja a de que o casamento é uma “Ins-
tituição Social”, pois como reza o caput do artigo 226 da Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988), a família é a 
base da sociedade – como base, alicerce, pedra fundamental, a ótica 
meramente jurídica tende a ser fria ao dispensar-lhe o tratamento de 
negócio jurídico bilateral, contratual. Melhor seria dizer se tratar de um 
contrato sui generis, fundado na afetividade, na reciprocidade e no con-
sentimento.
De acordo com a dogmática jurídica clássica, o casamento 
possui requisitos essenciais, sem os quais será considerado inexisten-
te. São eles: o consentimento, a celebração por autoridade competente 
na matéria e a diversidade de sexos.
O consentimento é manifestado quando ambas as partes ex-
planam de maneira hialina a intenção de contrair matrimônio. Os nuben-
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tes, entretanto, podem ser representados no ato, desde que outorguem 
mandatos para procuradores distintos.
O consentimento é manifestação indene de dúvidas: quaisquer 
resquícios de dúvida ou aparente discordância podem resultar na sus-
pensão da celebração, ainda que a dúvida seja suscitada indiretamente 
ou em tom jocoso. 
Destarte, mesmo que manifestado por meio de procurador, o 
consentimento não poderá ser suprimido ou substituído por outro ato 
muito menos suprido judicialmente, exceto, neste último caso, se o con-
sentimento – na verdade autorização – for denegada a menores de 18 
(dezoito) anos por seus representantes legais.
A celebração pela autoridade com competência material é com-
pulsória, vez que é ato minudentemente cuidado pela legislação pátria. 
Por corolário, resta óbvio que a realização por celebrante incompetente 
o ato será embebido de invalidez.
O último dos requisitos, a diversidade de sexos, é assunto ain-
da tabu e será discutido em tópico próprio e apartado neste estudo. 
No que pertence à capacidade para o casamento, temos que 
essa não equivale à capacidade civil. 
A idade legalmente mínima para casar é de 16 (dezesseis) 
anos, denominada “Idade Núbil”. Todavia, os menores de 18 (dezoito) 
anos necessitam de autorização dos genitores ou responsáveis legais 
para tanto. Vide disposições do CC/2002:
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-
-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquan-
to não atingida a maioridade civil.
 Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no 
parágrafo único do art. 1.631.
 Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar 
a autorização. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
 Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida 
pelo juiz.
 Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não 
atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código. (Re-
dação dada pela Lei nº 13.811, de 2019).
 A antiga redação do artigo 1520 do CC previa, excepcional-
mente, que seria permitido o casamento de quem ainda não alcançou a 
idade núbil para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou 
em caso de gravidez.
Assim, pela novel redação legislativa hoje, mesmo quando se 
tratar de adolescentes grávidas, a estas é defeso o casamento. Do mes-
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mo modo, o casamento de menores para afastar a punibilidade penal 
não mais pode ocorrer, e já era pacífi co na jurisprudência, antes mesmo 
do novo texto trazido pela Lei Federal n. 13.811/2019, pois o artigo 107 
do Código Penal foi revogado pela Lei 11.106/2005.
CASAMENTO RELIGIOSO: NOÇÕES E EFEITOS CIVIS 
No Direito Brasileiro, a Família e o Casamento se confundiram 
por muitos anos, pois aquela só era reconhecida se sobreviesse deste 
(ASSIS NETO et al, 2015, p. 1530). A assim denominada Família Matri-
monial norteou a sociedade brasileira desde os tempos coloniais, sendo 
o único modelo de família aceito pelo Estado. Tal família originava-se de 
um casamento constituído nos registros civis (casamento civil) e entre 
pessoas de sexos opostos. 
Tal arquétipo de família preenche o maior quantitativo de enti-
dades familiares em nossa sociedade, e no seio de agrupamentos hu-
manos mais tradicionais e conservadores, a exemplo de municipalida-
des do interior e populações rurícolas, é o ainda considerado “aceito 
socialmente”. Já a aceitação do casamento heteroafetivo como base da 
sociedade (sociedade heteronormativa, frise-se) foi (e ainda é) infl uên-
cia do Cristianismo, sobretudo da vertente católica. 
O Catolicismo Romano foi secularmente a religião ofi cial do 
Brasil, enquanto ainda não se admitia ou se pensava a laicidade estatal. 
Por muitos anos, o direito pátrio reconheceu o casamento católico como 
o único revestido de validade jurídica.
Ao fi nal do século XIX, e com o limiar do século seguinte, toda-
via, foi iniciada a separação do Estado da Igreja pelas constituições e 
ordenamentos positivos internacionais, o que não foi diferente no Brasil. 
Os Estados Ocidentais passaram paulatinamente a abandonar a ideia 
de religião ofi cial, diante da propagação de novas correntes religiosas, 
provenientes de suas então religiões ofi ciais, e o surgimento e aceitação 
de novas religiões e cultos. 
Nesse quadro de mudanças orgânicas dos sistemas jurídicos, 
o Brasil, num primeiro momento, já sob o pálio da Primeira República, 
editou norma jurídica prevendo a instituição do casamento civil – o De-
creto n. 181, de 24 de janeiro de 1891, cujo autor foi o eminente jurista 
Ruy Barbosa.
Cerca de um ano depois, a primeira Constituição republicana 
(Constituição Federal de 24 de Fevereiro de 1891) trouxe, no paragrafo 
único de seu artigo 72, que somente seria reconhecido o casamento 
civil, cuja celebração detém gratuidade. Tal previsão no Primeiro Texto 
Magno foi um divisor de águas, um marco na separação do Estado Bra-
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sileiro da infl uência da Igreja Católica, enaltecendo que aquele deve ser 
laico e aceitar todas as formas religiosas possíveis, sem se prender aos 
dogmas de apenas uma. 
As disposições acima foram concretizadas pelo Código Civil de 
1916 e pela atual Constituição (CRFB/1988).
Entrementes, o matrimônio celebrado em sede religiosa conso-
lidou-se comocostume, reconhecido cultural e socialmente. Em razão 
disso, a celebração cultista foi legalmente admitida como válida, obser-
vando-se, em todo o caso, os regramentos estatuídos para o casamen-
to civil.
Noutras palavras, os ritos e requisitos de habilitação e certi-
fi cação desta junto às serventias cartoriais competentes (Registro Ci-
vil) deverão ser igualmente observados para que o casamento produza 
efeitos na seara civil. Para que o casamento religioso tenha efetividade 
civil (ou seja na esfera privada e de terceiros, incluindo o Estado), faz-se 
mister o exaurimento das formalidades previstas na lei. 
Com efeito, reza o artigo 1.516 do Código Civil de 2002 (atual 
Código Civil – CC/2002):
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requi-
sitos exigidos para o casamento civil.
 § 1º O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de 
noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao 
ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja 
sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o 
referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
 § 2º O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas 
neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, 
a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a 
autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
 § 3º Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer 
dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Tal comando legislativo veio procedimentalizar e concretizar 
disposição genérica análoga na atual Constituição Federal, em seu art. 
226, §2º, que preleciona que “o casamento religioso tem efeito civil, nos 
termos da lei” (CRFB/1988). 
O matrimônio religioso será celebrado por ministro da religião 
escolhida pelos nubentes (ASSIS NETO, 2015, p. 1544), que terá o 
encargo de recolher a assinatura dos noivos, das testemunhas e provi-
denciar o registro do enlace celebrado. 
Logo, vê-se que o tal modalidade de celebração matrimonial se 
sujeita aos mesmos critérios, solenidades e procedimentos de qualquer 
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casamento efetuado no registro civil: terminada a cerimônia religiosa, 
com a coleta e lançamento dos nomes de todos os signatários que com-
pulsoriamente devem assinar, o celebrante (padre, pastor ou qualquer 
outro cerimonialista encarregado da celebração religiosa, deverá reme-
ter à serventia civil competente no prazo de 90 (noventa) dias contados 
da realização do matrimônio. 
Para alguns doutrinadores, o casamento espírita não teria va-
lidade e não tem o condão de ter efeitos civis, por não ser o Espiritismo 
uma religião, mas uma fi losofi a que engloba dogmas majoritariamente 
cristãos. Em sentido contrário, o Tribunal de Justiça da Bahia decidiu 
que o casamento religioso realizado por ministro espírita tem efeitos 
civis (TJBA, MS 34739-8) Para saber mais sobre esse assunto, acesse: 
https://jus.com.br/pareceres/16 666/ministerio-publico-entende-que-ca-
samento-em-centro-espirita-pode-ter-efeitos-civis
Religião x Modernidade: diversidade de sexos e casamento ho-
moafetivo
Feitas essas considerações, será necessário tecer algumas 
ponderações sobre a conjuntura atual do casamento, principalmente 
sob a ótica religiosa hodierna.
 Como dito anteriormente, a aceitação do casamento heteroafe-
tivo como base da sociedade heteronormativa foi e ainda é infl uência de 
nossas tradições judaico-cristãs herdadas de nossos colonizadores eu-
ropeus, sobretudo da vertente católica do Cristianismo. Pode se frisar, 
assim, que a visão conservadora de grande parte da sociedade quanto 
ao padrão de relacionamentos afetivos tem por base o conteúdo de 
textos sagrados dessas religiões monoteístas abraâmicas, que vedam e 
rechaçam uniões de pessoas de sexos idênticos e as consideram como 
abominação e pecaminosas. 
Também foi dito em tópico alhures que, ao lado do consenti-
mento e da celebração por autoridade competente, a doutrina clássica 
tem a diversidade de sexos como um dos requisitos essenciais do ca-
samento enquanto instituto jurídico. 
Neste tocante, a legislação é enfática ao asseverar que o ca-
samento se realiza no momento em que o HOMEM e a MULHER ma-
nifestam, perante o juiz, sua vontade em estabelecer vínculo conjugal, 
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conforme se obtém do artigo 1.514 do Código Civil de 2002. 
Igualmente se vislumbra no artigo 1.517, que estatui que o HO-
MEM e a MULHER com dezesseis anos podem casar, exigindo-se auto-
rização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto 
não atingida a maioridade civil.
Lado outro, a Constituição Federal preceitua que reconhece a 
união estável entre HOMEM e MULHER como entidade familiar, deven-
do a lei facilitar sua conversão em casamento (art. 226, §3º). 
Ora, fazendo-se uma interpretação literal e sistemática des-
tas e de outras disposições normativas congêneres, percebe-se, num 
primeiro momento, que a oposição de sexos é impositiva para que o 
casamento se realize, o que denota que somente as relações heteros-
sexuais e heteroafetivas detêm legitimidade jurídica e social. 
Com advento da modernidade, o Estado Brasileiro passou a 
garantir como família toda união de caráter duradouro e estável, ao que 
a doutrina deu o nome de “Família Natural”. Do reconhecimento dessa 
família vieram as deliberações políticas e decisórios judiciais quanto ao 
reconhecimento dos relacionamentos estáveis entre pessoas do mes-
mo sexo – enlaces homossexuais e famílias homoafetivas –, até então 
desguarnecidas da proteção estatal de seus direitos.Com isso, a ques-
tão da diversidade sexual como requisito essencial ao casamento foi 
sendo escamoteada paulatinamente. 
Na 169ª Sessão Plenária no ano de 2013, o Conselho Nacional 
de Justiça (CNJ), por meio de ato normativo de sua alçada (Resolução 
n. 175, de 14 de maio de 2013), autorizou e determinou a promoção/
realização de casamento de pessoas de mesmo sexo por todos os car-
tórios extrajudiciais de registro civil do país. 
Tal resolução se embasou no acolhimento, pelo Supremo 
Tribunal Federal (STF), da existência e validade jurídicas das uniões 
homoafetivas em sede de controle de constitucionalidade na Ação de 
Direta de Inconstitucionalidade – ADI n. 4277/DF e Ação de Descumpri-
mento de Preceito Fundamental – ADPF n. 132/RJ, as quais reconhece-
ram a inconstitucionalidade de distinção de tratamento legal às uniões 
estáveis constituídas por pessoas de mesmo sexo. Também se lastreou 
o CNJ em decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento 
do Recurso Especial REsp n. 1.183.378/RS, que decidiu pela inexistên-
cia de empecilhos legais à celebração de casamento entre pessoas de 
mesmo sexo. 
Diante desse quadro, o elemento ou requisito diversidade de 
sexos tornou-se juridicamente inadequado, impróprio e obsoleto como 
exigência essencial para confi guração e realização do casamento. Os 
conceitos de família e casamento vêm sendo atualizados, ganhando 
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roupagens de modernização, vez que a CRFB/1988 estabeleceu uma 
nova etapa para esses institutos, fundados numa pluralidade de formas 
em que “arranjos multifacetados” são igualmente aptos a constituir os 
núcleos familiares, sendo todos eles dignos de atenção e proteção do 
Estado (REsp 1183378/RS). 
Então, o que se vê é que o ordenamento jurídico brasileiro, em 
mudanças paradigmáticas, vem aplicando o Princípio da Dignidade da 
Pessoa Humana, positivado nos artigos 1º, inciso III e 226, §7º, ambos 
da atual Constituição da República em todas as relações humanas que 
possuem desdobramentos ou ligações com familiares, observando-se 
as peculiaridades de cada caso. Também os Tribunais vêm aplicando 
conjuntamentecom a premissa da dignidade humana em comento o 
Princípio da Igualdade, reservando a casais ou famílias tidas por “não 
habituais” o mesmo tratamento dispensando às antiquadamente con-
sideradas “famílias-padrão” e/ou “uniões-padrão”, recebendo estatal-
mente a mesma proteção e mesmos direitos, sem que seja permitido 
quaisquer tipos de preconceitos ou ações (e reações) discriminatórias 
por parte de órgãos e serviços públicos ou privados de caráter público.
Apesar desse posicionamento do nosso sistema jurídico, não 
é unanimidade na doutrina que o casamento homoafetivo detenha per-
missão legal para ocorrer. Muitos ainda enxergam a diversidade sexual 
como requisito intrínseco à realização do matrimônio, embora reconhe-
çam como entidade familiar (ASSIS NETO, 2015, p. 1532). 
Se o casamento homoafetivo foi aceito pelos Tribunais Supe-
riores, a união estável entre homossexuais, já aceita pelo ordenamento, 
obviamente pode ser convertida em casamento nos moldes do artigo 
226, §3º da CRFB/1988, mesmo que tal disposição se refi ra a homem 
e mulher. Em verdade, tudo o que os tribunais fi zeram foi dar uma in-
terpretação conforme a Lei Maior, resultando numa “Mutação Constitu-
cional” ou “Poder Constituinte Difuso”. Para saber mais, acesse: http://
www.editoramagister.com/doutrina_27728615_O_PAPEL_DO_PO-
DER_CONSTITUINTE_DIFUSO_PARA_A_MAXIMA_EFETIVIDADE_
DOS_DIREITOS_FUNDAMENTAIS.aspx
Analisada brevemente toda essa questão, pode-se inferir que o 
reconhecimento, autorização e proteção dos casamentos realizados en-
tre pessoas do mesmo sexo é situação jurídica que não permite o cha-
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mado “Efeito Cliquet”, a retroação na defesa de direitos já reconhecidos 
para deixá-los desguarnecidos, como preceitua o Princípio da vedação 
ou proibição ao retrocesso dos Direitos Fundamentais, do festejado au-
tor português José Joaquim Gomes Canotilho. 
 O Princípio da Vedação ao Retrocesso (Efeito Cliquet) impede 
que situações já legitimadas e consolidadas pela jurisprudência, alçadas 
ao patamar de direitos fundamentais sociais, tornem a se deslegitimar 
em razão de alguma mudança interpretativa ou legislativa, principal-
mente diante de ondas ideológicas de conservadorismo, muito comuns 
no meio político, num patente retrocesso social e insegurança jurídica. 
Para saber mais sobre esse princípio, acesse: https://joaoamerico.jus-
brasil.com.br/artigos/614642783/o-que-e-efeito-cliquet
CASAMENTO CIVIL E FAMÍLIA: INSTITUIÇÃO E RAZÕES
Consoante leitura do Código Civil de 2002, o casamento, res-
salvada a escolha pela celebração religiosa, é pura e originariamente 
civil, ou seja, o reconhecimento e validez jurídica de um matrimônio só 
se efetivarão se todas as normas legais e procedimentos ritualísticos 
(solenidades) forem observados e cumpridos.
 A instituição e a razão do casamento civil se dão por corolário 
constitucional: a CRFB/1988: no já estudado artigo 226, §1º, a Carta 
Política estabelece que a família é a base da sociedade e tem proteção 
especial do Estado. 
A Família é instituição social de extrema relevância e, por con-
sequência, possui tratamento jurídico particular. De outro lado, o casa-
mento (também a união estável, a seu turno) é tido como fundamental 
na constituição e organização da família, uma vez que a partir do enlace 
matrimonial, vínculos familiares são criados, os quais são verdadeiros 
institutos jurídicos: sociedade conjugal/vínculo conjugal, fi liação, paren-
tesco, afi nidade etc. 
Todo um arcabouço de direitos, garantias, deveres e obriga-
ções nascem da instituição da sociedade conjugal, e quando esta de-
semboca na constituição de uma família, mais direitos e deveres devem 
ser estabelecidos pelo Estado. Logo, interessa ao Estado manter as ré-
deas da regulação de todos os institutos e conseguintes atinentes à for-
mação e manutenção de uma entidade familiar, pois um emaranhado de 
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políticas públicas são formatadas com base nas famílias, e até mesmo 
imposições e isenções de ordem tributária são idealizadas e efetuadas 
com fundamento em vínculos conjugais e familiares.
Validade e Prova do Casamento
A validade do casamento direciona-se intimamente com a pre-
sença dos requisitos autorizativos ou de circunstâncias impeditivas ou 
que invalidem o casamento. Primeiramente, faz-se imprescindível dife-
rençar os institutos da incapacidade e do impedimento.
A incapacidade tem um caráter restritivo geral, sendo defeso 
à pessoa casar-se com qualquer outra, independentemente de quem 
seja: é o que ocorre, por exemplo, quando um dos pretensos nubentes 
não possui ainda a idade núbil. Por sua vez, o impedimento confi gura 
uma proibição casuística, circunstancial (ASSIS NETO, 2015, p. 1537), 
consistente em não poder casar-se com determinada(s) pessoas(s).
As causas impeditivas ou impedimentos matrimoniais (ou im-
pedimentos dirimentes públicos ou absolutos previstos no CC/1916) são 
taxativas, lastreadas em motivos éticos, genéticos, morais e sociais, ca-
pitaneados pelo interesse público. A desobediência a elas resulta em 
nulidade do casamento. São situações especiais em que a violação ao 
sistema civil e social, revestindo-se de potencial gravidade: relações 
incestuosas entre membros do núcleo familiar e a famigerada bigamia. 
Os impedimentos podem ser opostos por qualquer pessoa civilmente 
capaz, mesmo no momento da celebração, ou ainda serem detectadas 
de ofício pelo registrador ou pelo juiz. Havendo a oposição de impedi-
mentos, a certidão de habilitação não será expedida (artigo 1.528 do 
CC/2002).
Os impedimentos matrimoniais estão dispostos no artigo 1.521 
do Código Civil, enfeixando-se categoricamente que, diante das cir-
cunstâncias nele elencadas, as pessoas que alguma delas forem in-
sertas NÃO poderão se casar. A interpretação é literal e taxativa, e o 
descumprimento (ou cometimento) de alguma das hipóteses ensejará 
a nulidade do casamento, conforme estabelecido no artigo 1548, inciso 
III do Código Civil.
Cite-se o capítulo em específi co:
Dos Impedimentos
 Art. 1.521. Não podem casar:
 I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
 II - os afi ns em linha reta;
 III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o 
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foi do adotante;
 IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro 
grau inclusive;
 V - o adotado com o fi lho do adotante;
 VI - as pessoas casadas;
 VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte.
 Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebra-
ção do casamento, por qualquer pessoa capaz.
 Parágrafo único. Se o juiz, ou o ofi cial de registro, tiver conhecimento da 
existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
De maneira sintética, pode-se asseverar que a lei impede (proí-
be, veda, não possibilita) o casamento entre pais e fi lhos e entre avós 
e netos (inciso I), mesmo em caso de adoção, por questões éticas e 
genéticas e evitar o degringolar das relações familiares e a propagação 
de distúrbios de saúde de ordem genética; entre sogro e nora ou genro 
e sogra (inciso II), também por razões morais além de se ter em con-
sideração que o parentesco por afi nidade é perene (artigo 1.595, §2º); 
entre o (a) adotante com a ex-esposa ou ex-marido do adotado(a), ou 
deste(a) com ex-consorte do adotante (inciso III); entre irmãos, ainda 
que um deles seja adotado, e entre tios(as) e sobrinhas(os) (incisos IV 
e V); entre o(a) homicida doloso(a) condenado(a) pelo cometimento ou 
tentativa de homicídio contra o cônjuge da pessoa com que pretende se 
casar (inciso VII). 
Como reza o artigo 1.522, os impedimentos podem ser opostos 
por qualquer pessoa capaz – incluindo o representante do Ministério 
Público –, cabendoao registrador celebrante e o juiz opô-las ex offi cio
caso conheçam alguma causa impeditiva. 
No tocante às causas suspensivas (também chamadas “impe-
dimentos proibitivos” ou “causas impedientes”), tem-se que essas, ao 
contrário das impeditivas, são relativas, ou seja, não detêm a taxativida-
de proibitiva destas, pois o núcleo legal se insere na oração “não devem 
se casar”.
Para tanto, cite-se o artigo 1.523 e 1.524 do Código Civil:
Art. 1.523. Não devem casar:
 I - o viúvo ou a viúva que tiver fi lho do cônjuge falecido, enquanto não 
fi zer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
 II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou 
ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da 
dissolução da sociedade conjugal;
 III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida 
a partilha dos bens do casal;
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 IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, ir-
mãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, 
enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas 
as respectivas contas.
 Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não 
lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, 
III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respecti-
vamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada 
ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nasci-
mento de fi lho, ou inexistência de gravidez, na fl uência do prazo.
 Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento po-
dem ser arguidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, 
sejam consanguíneos ou afi ns, e pelos colaterais em segundo grau, 
sejam também consanguíneos ou afi ns.
Em verdade, tais disposições do diploma civilista estatuem uma 
proteção à possível confusão de patrimônios ou quanto à paternidade 
ou fi liação, afastando-se ou minorando-se a possibilidade e probabilida-
de de judicialização de longas e estafantes querelas judiciais.
Em outras palavras, pelas causas suspensivas as pessoas po-
dem se casar, não estando impedidas de contrair matrimônio, embora 
não devessem em razão das circunstâncias fático-jurídicas elencadas 
na lei. Seu casamento terá validez, mas o regime de bens não poderá 
ser escolhido pelos nubentes, que fi carão sob o regime de separação 
obrigatória de bens previsto no artigo 1.641 do CC/2002, o qual será 
estudado à frente.
Exposta a aferição da validade, será necessário falar sobre o 
seu oposto, a invalidade. A invalidade, invalidez ou nulidade do casa-
mento está prevista no CC/2002, artigos 1.548 a 1.564. A invalidade do 
casamento pode ser absoluta (casamento nulo - nulidade absoluta) ou 
relativa (casamento anulável - nulidade relativa), e tais acepções distin-
tas são importantes no que tange à produção de efeitos após o enlace 
matrimonial indevidamente celebrado.
O casamento nulo não produz nenhum efeito e, quando decla-
rada a nulidade, esta será ex tunc (retrospectiva), sendo a nulidade ab 
ovo ou ab initio. Conforme a lei (artigo 1.548, inciso II do CC), é nulo 
casamento contraído por quem não podia se casar, ou seja, por quem 
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infringiu as causas de impedimento anteriormente estudadas. A ação 
declaratória de nulidade do casamento é imprescritível e pode ser ajui-
zada por qualquer interessado e pelo Ministério Público. 
Importante aduzir que o casamento inexistente é conceito dis-
tinto de casamento nulo. O casamento é inexistente quando não houver 
o sujeito de direito (pessoa apta para casar), sendo inexistente o casa-
mento com pessoa morta, não nascida ou com animais (ASSIS NETO, 
2015). 
Quanto à anulabilidade (nulidade relativa) do casamento, a lei 
prevê que são anuláveis determinados casamentos, verbis:
Art. 1.550. É anulável o casamento:
 I - de quem não completou a idade mínima para casar;
 II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante 
legal;
 III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
 IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consen-
timento;
 V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse 
da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
 VI - por incompetência da autoridade celebrante.
No que concerne ao inciso III, tem-se que o casamento pode 
ser anulado quando presente e comprovada uma vontade viciada por 
parte de um dos nubentes, quando consentiu desconhecendo a presen-
ça de circunstância errática (erro essencial quanto ao outro). O erro é 
uma falsa representação da realidade, induzindo alguém a emitir sua 
declaração de vontade de maneira objetivamente contrária ao que faria 
se conhecesse a verdade. 
Para provocar a anulabilidade do casamento, o erro essen-
cial ocorrerá quando (i) a pessoa desconhecer a honra, boa-fama e ou 
identidade do outro, tornando-se a vida em comum insuportável quan-
do descoberto o erro; (ii) quando o cônjuge desconhecer a prática de 
crime pelo outro, anterior ao casamento, e tal fato torne insuportável a 
vida conjugal; (iii) a ocultação, por um dos cônjuges, de doença grave 
e transmissível hereditariamente ou por contágio, que ponha em risco a 
vida do outro cônjuge e de sua prole e descendência, como tuberculose, 
AIDS, hemofi lia, ou a ocultação de defeito físico irremediável e que não 
caracterize defi ciência, a exemplo da impotência sexual gravitacional 
(impotência coeundi), anterior ao casamento e absoluta, sem possibili-
dade de correção, e a impotência de gerar (generandi) ou infertilidade, 
também anterior ao casamento e quando houver ocultação desta pelo 
cônjuge. 
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As ações de anulabilidade são prescritíveis, diferentemente 
das de nulidade, como se vê no artigo 1.560 do CC/2002, com prazos 
para cada situação. O casamento nulo ou anulável, quando operado de 
boa-fé subjetiva por ambos os cônjuges, preservará todos os seus efei-
tos para aqueles e seus fi lhos até o dia da sentença anulatória (artigo 
1.561). Se apenas um dos cônjuges estava de boa-fé, somente a ele e 
seus fi lhos estarão preservados os efeitos do casamento (§1º), mas se 
ambos agiram de má-fé, só aos fi lhos serão preservados os efeitos civis 
do matrimônio nulifi cado ou anulado (§2º). 
Por fi m, tem-se que o cônjuge responsável pela causa enseja-
dora da nulidade ou anulação perderá todos os direitos que porventura 
tiver sobre o patrimônio do cônjuge inocente, devendo ainda cumprir 
tudo o que prometera na ocasião da lavratura do pacto antenupcial. Os 
terceiros de boa-fé terão seus direitos preservados caso algum bem 
ou direito que tenham adquirido dos cônjuges venha a ser questionado 
judicialmente (artigo 1.563).
Feitas essas considerações quanto à validade, passemos à 
prova do casamento, disposta no artigo 1.543 e seguinte de nosso es-
tatuto civil:
Das Provas do Casamento
 Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do re-
gistro.
 Parágrafo único. Justifi cada a falta ou perda do registro civil, é admissível 
qualquer outra espécie de prova.
 Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as 
respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em 
cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao 
Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da 
Capital do Estado em que passarem a residir.
 Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, 
não possam manifestar vontade, ou tenham falecido, não se pode contestar 
em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil que 
prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impug-
nado.
 Art. 1.546. Quando a prova da celebração legaldo casamento resul-
tar de processo judicial, o registro da sentença no livro do Registro 
Civil produzirá, tanto no que toca aos cônjuges como no que respeita 
aos fi lhos, todos os efeitos civis desde a data do casamento.
 Art. 1.547. Na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias, julgar-
-se-á pelo casamento, se os cônjuges, cujo casamento se impugna, 
viverem ou tiverem vivido na posse do estado de casados.
De acordo com o artigo 1.543, o casamento celebrado em terri-
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tório brasileiro será comprovado pela Certidão de casamento, expedida 
pelo registro civil competente e comumente lavrada após a realização 
da celebração e lançamento em livro (registro) próprio. 
Todavia, o referido preceptivo traz em seu parágrafo único a fi -
gura doutrinária conhecida por “prova supletória ou supletiva”. Tal fi gura 
consiste na admissibilidade de se comprovar a realização e existência 
do matrimônio por qualquer meio probante juridicamente válido quando 
ocorrer perda da certidão ou em quando a posse desta for faltosa por 
motivos diversos. 
O artigo 1.545 do CC/2002, por sua vez, admite a comprova-
ção do casamento por meio daquilo que a doutrina nomeia como “pro-
vas indiretas”, as quais se confi guram comprovando-se, entre outras, a 
“posse do estado de casado”, a utilização do nome do outro cônjuge, o 
tratamento dispensado mutuamente pelos consortes (tratando-se como 
casados entre si) e a fama social, que é o tratamento e reconhecimento 
pela como casados. 
ASSIS NETO (2015, p. 1548) adverte quanto ao postulado do 
in dubio pro matrimonio, na hipótese de subsistir dúvidas quanto à exis-
tência ou inexistência do vínculo conjugal: havendo essa dúvida, even-
tual pronunciamento judicial deverá ser proferido favoravelmente pela 
existência.
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MONTEIRO, Washington de Barros; PINTO, Ana Cristina de Barros 
Monteiro França. Curso de direito civil: direito de família. 41ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2011. 
TARTUCE, Flávio; SIMÃO, José Fernando. Direito Civil: direito de fa-
mília. 6ª. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2011. 
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QUESTÕES DE CONCURSOS
QUESTÃO 1
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão MP-RJ Prova: Analista Processual 
Nível: Superior.
Eudora e Janice, primas, namoram há três anos e decidiram levar 
o relacionamento para um nível mais sério. Por isso, no dia dos na-
morados, noivaram e iniciaram o procedimento de habilitação para 
o casamento civil. No ano de 2019, o casamento civil foi celebrado. 
De acordo com o atual sistema jurídico brasileiro, o casamento é:
a) nulo.
b) inexistente. 
c) válido.
d) anulável.
e) inefi caz. 
QUESTÃO 2
Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unifi -
cado Nível: Superior.
Alberto, adolescente, obteve autorização de seus pais para casar-
-se aos dezesseis anos de idade com sua namorada Gabriela. O ca-
sal viveu feliz nos primeiros meses de casamento, mas, após certo 
tempo de convivência, começaram a ter constantes desavenças. 
Assim, a despeito dos esforços de ambos para que o relaciona-
mento progredisse, os dois se divorciaram pouco mais de um ano 
após o casamento. Muito frustrado, Alberto decidiu reunir algumas 
economias e adquiriu um pacote turístico para viajar pelo mundo e 
tentar esquecer o ocorrido. Considerando que Alberto tinha dezes-
sete anos quando celebrou o contrato com a agência de turismo 
e que o fez sem qualquer participação de seus pais, o contrato é.
a) válido, pois Alberto é plenamente capaz. 
b) nulo, pois Alberto é absolutamente incapaz.
c) anulável, pois Alberto é relativamente incapaz. 
d) inefi caz, pois Alberto não pediu a anuência de Gabriela. 
QUESTÃO 3
Ano: 2019 Banca: QUADRIX Órgão: CRA-PR Prova: Advogado. 
Nível: Superior.
No que tange ao direito de família, julgue o item. De acordo com 
a teoria eclética, o casamento é um negócio jurídico bilateral sui 
generis, sendo um contrato quanto aos aspectos de sua formação 
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e uma instituição no que toca a seu conteúdo:
a) Errado
b) Certo
QUESTÃO 4
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PB Prova: Promotor de Justiça 
Substituto Nível: Superior.
O Ministério Público pode, mediante ação direta, promover a de-
cretação de nulidade de casamento.
a) por incompetência da autoridade celebrante.
b) realizado entre madrasta, que novamente viuvar-se, e seu enteado.
c) realizado entre primos.
d) do incapaz de consentir ou manifestar de modo inequívoco o consen-
timento.
e) de quem não completou a idade mínima para casar.
QUESTÃO 5
Ano: 2018 Banca: CONSULPLAN Órgão: TJMG Prova: Titular Re-
gistros Notas e Registros Nível: Superior.
São impedidos de casar
a) os parentes colaterais até o quarto grau.
b) os afi ns em linha reta e em linha colateral.
c) o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem 
o foi do adotante.
d) o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a 
partilha dos bens do casal.
QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE
A partir dos conceitos doutrinários, comente acerca da signifi cação ho-
dierna do instituto do casamento.
TREINO INÉDITO
O princípio jurídico do atual Direito da Família que permite ao casal a 
opção de não ter fi lhos:
a) o princípio da paternidade responsável.
b) o princípio do maior interesse da criança.
c) o princípio do livre planejamento familiar.
d) o princípio da liberdade.
e) o princípio da afetividade.
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NA MÍDIA
Na contramão das demais capitais, promotoria em Florianópolis se opõe 
a casamentos homoafetivos
Garantido por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e por 
uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o direito de 
casais homossexuais de se casarem no civil tem sido barrado pela 13ª 
Promotoria de Justiça de Florianópolis, responsável pela fi scalização 
das habilitações de casamentos. O titular da unidade, promotor Henri-
que Limongi, se opõe às solicitações, usando como justifi cativa a Cons-
tituição Federal de 1988 (CF/88).
Levantamento do G1 Santa Catarina com os Ministérios Públicos de 
todos os estados e do Distrito Federal aponta que a maioria das promo-
torias das capitais não faz distinção entre casamentos homoafetivos e 
heterossexuais. Em Florianópolis, do total de 46 habilitações de uniões 
entre casais do mesmo sexo em 2019, todas foram impugnadas, mas 
autorizadas judicialmente. Em São Luis (MA), o MP local confi rmou que 
houve pelo menos um caso no ano passado. Os MPs do Acre e de Ser-
gipe não responderam as perguntas da reportagem.
Os casais, sejam heterossexuais ou homossexuais, que querem se ca-
sar devem procurar um cartório para dar início ao processo de habilita-
ção. Após publicação na imprensa local com o pedido, cabe ao Ministé-
rio Público, em até 15 dias, fi scalizar se existe algum impedimento legal 
para a união. O MP pode impugnar o casamento, mas a decisão fi nal é 
da justiça.
Limongi faz parte dos quadros do MPSC desde 1981. O G1 procurou 
o servidor público para falar sobre o assunto, mas, por meio de nota 
enviada pela assessoria de imprensa, ele disse que não concede 
entrevista, que se manifesta somente nos autos, que é «devoto do 
Estado de Direito» e que a Resolução do CNJ sobre o tema não pode 
se sobrepor à CF/88.
O promotor se refere ao parágrafo 3º do artigo 226 da Constituição Fe-
deral, cuja redação é: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhe-
cida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, 
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.
“No caso em tela, a Carta da República (...) é de solar clareza: no Brasil, 
casamento somente existe entre homem e mulher. E Resolução – nº 175 
do CNJ, que autorizou o enlace entre pessoas do mesmo sexo não pode, 
jamais, se sobrepor à Lei, notadamente à Lex Maxima.Daí, e somente daí, 
as impugnações que oferta. Daí os recursos que interpõe”, diz a nota. Ele 
já afi rmou em outras ocasiões não agir por preconceito ou homofobia.
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Fonte: Jornal Eletrônico G1
Data: 24 jan. 2020.
Leia a notícia na íntegra: 
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/01/24/na-contra-
mao-das-demais-capitais-promotoria-em-fl orianopolis-se-opoe-a-casa-
mentos-homoafetivos.ghtml
NA PRÁTICA
Atendo-se ao princípio da monogamia, é indene de dúvidas que o Di-
reito da Família no Estado brasileiro, por seu sistema jurídico, se funda-
menta nas relações amorosas monogâmicas, na formação de um casal, 
independentemente hoje da orientação sexual, por duas pessoas que 
assim desejam.
Tramitam no Judiciário pátrio várias ações questionando a legitimidade 
e viabilidade da monogamia nos tempos modernos, haja vista a plu-
ralidade de relações afetivas e enlaces amorosos que a modernidade 
trouxe, principalmente após a chamada “liberdade sexual”, proclamada 
nos anos 1960.
Todavia, mais do que um postulado judaico-cristão, o princípio da mo-
nogamia é interpretado com uma tentativa do Estado de assegurar as 
relações, ao largo do dever de fi delidade: noutras palavras, pela preser-
vação da monogamia o Estado evita a existência de relações parale-
las, embora não combata a possibilidade (ou probabilidade) de relações 
adúlteras e outras formas de infi delidade. 
Logo, o que se objetiva é interpretar o fundamento das relações matri-
moniais brasileiras, dando o norte necessário a conceituações. Malgra-
do essa posição, tem crescido os pedidos judiciais de reconhecimento 
de uniões estáveis e até mesmo de casamentos entre mais de duas 
pessoas, no que se denomina vulgarmente de “poliamor” ou, ainda, “po-
lirrelacionamento”. 
PARA SABER MAIS
Filme sobre o assunto: História de um Casamento (2019)
Material complementar (Acesse o link):
Portal Grupo TOMANIK – Saiba Tudo Sobre a História do Casamento 
https://www.musicascasamentobh.com.br/historia-do-casamento/
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DIREITOS E DEVERES DOS CÔNJUGES: EFICÁCIA DO CASAMEN-
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Não há como abordar as implicações jurídicas da sociedade 
conjugal, sem antes discorrer sobre os direitos e deveres dela advindos, 
no que o Código Civil intitulou como “Efi cácia do Casamento”. Sendo 
válido o casamento, por corolário, dele serão produzidos efeitos civis, 
previstos na legislação que rege a matéria.
Dessume-se que esta se traduz nos efeitos produzidos pelo 
casamento nos planos fático e jurídico, consoante se vislumbra nos ar-
tigos abaixo citados: 
Da Efi cácia do Casamento
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a con-
dição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
§ 1 o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome 
do outro.
§ 2 o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao 
DIREITO 
CONJUGAL
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Estado propiciar recursos educacionais e fi nanceiros para o exercício desse 
direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas 
ou públicas.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fi delidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos fi lhos;
V - respeito e consideração mútuos.
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, 
pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos fi lhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recor-
rer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus 
bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação 
dos fi lhos, qualquer que seja o regime patrimonial.
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas 
um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos 
públicos, ao exercício de sua profi ssão, ou a interesses particulares relevan-
tes.
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido, 
encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou 
privado, episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de 
acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção da família, cabendo-
-lhe a administração dos bens.
Destaca-se entre os efeitos a faculdade (direito subjetivo) de 
acréscimo recíproco dos apelidos de família (sobrenomes) de cada 
cônjuge, o que antes só ocorria para a mulher, que acrescia ao seu o 
sobrenome do marido ou mesmo suprimia todo seu patronímico para 
incluir somente o do cônjuge varão – supressão essa que é vedada 
atualmente pelo CC/2002. 
Também têm-se os deveres comuns a ambos, como o dever de 
fi delidade conjugal – afetiva ou sexual – recíproca, lembrando-se que 
infi delidade e adultério não possuem a mesma conceituação; dever de 
convivência mútua, afetiva participativa e sexual, o que não quer dizer 
obrigatoriedade de coabitação, pois esta pode e vem sendo relativizada 
pelas famílias modernas; dever de mútua assistência e sustento, educa-
ção e guarda aos fi lhos, nos aspectos material e moral, bem como dever 
de tratamento respeitoso e honrado entre si. 
Não se pode olvidar, também, do efeito que é um direito e, ao 
mesmo tempo, um dever: o planejamento familiar, decorrente do prin-
cípio da Isonomia Conjugal, pelo qual devem concorrer ambos os côn-
juges na condução de seus projetos particulares de moldura de família, 
devendo o Estado primar pela defesa e garantia desse direito – ainda 
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que, na realidade, o estado seja falho ou omisso no cumprimento dessa 
obrigação. 
Aliás, como dito no introito deste trabalho, hoje, a mulher tem 
posições de destaque na família e na sociedade, conquistando espaços 
que outrora eram do homem enquanto pai, marido e chefe de família. A 
fi gura jurídica do “pátrio poder” foi transformada, dizendo a lei agora a 
expressão “poder familiar”, comum a ambos os cônjuges/pais. 
Cabe aos cônjuges, conjuntamente, decidir livremente como 
farão e como será sua formação fi lial, número de fi lhos e até mesmo 
a ausência destes, o que tem ocorrido exponencialmente nas últimas 
duas décadas.
Em recente apuração promovida no ano de 2015 pelo Instituto 
Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), a taxa média de fecundida-
de (estimativa de quantitativo de fi lhos que uma mulher teria até o fi m de 
sua vida reprodutiva) no Brasil é de 1,72 fi lho por mulher, assemelhando 
à taxa de países de “primeiro mundo”, além de estar menor que o índice 
de reposição populacional, que é de 2,1 fi lhos por mulher. Para mais 
informações, acesse: https://mundoe ducacao.bol.uol.com.br/geografi a/
taxa-fecundidade-no-brasil.htm
Paralelamente ao direito à liberdade de planejamento familiar, 
tem-se, de outra banda, o dever de sustento, guarda e educação dos 
fi lhos. Tal dever obrigacional é irrenunciável, incumbindo a ambos os 
cônjuges/pais, na proporção de seus bens ou dos rendimentos laborais, 
para o sustento da família e a educação da prole, qualquer que seja o 
regime de bens escolhido (artigo 1.568 do CC/2002). 
A obrigação material dos cônjuges, como dito retro, dar-se-á 
proporcionalmente, na medida dos bens e renda individualmente con-
siderados de cada um, sendo despicienda a modalidade de adminis-
tração patrimonial (regime de bens) escolhida quando do contrato an-
tenupcial e a celebração matrimonial. Ou seja, quem tiver mais bens 
ou tiver maior renda, concorrerá com mais recursos fi nanceiros para 
manutenção da família e da vida doméstica. 
Embora seja tema de tópico ulterior, impede destacar a que a 
dissolução do casamento não importa no fi m da dependênciafi nancei-
ra. Se demonstrada a necessidade e o decréscimo do padrão de vida 
em razão da diminuição do rendimento comum (pela saída da renda de 
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um dos cônjuges), a assistência material poderá ser pleiteada e con-
cedida em juízo em favor do cônjuge que comprovar a necessidade, 
na forma de prestação de alimentos (a vulgarmente chamada “pensão 
alimentícia), que também será devida aos fi lhos menores ou que estão 
em situações peculiares (em estudo de curso superior, por exemplo), 
entre outras medidas de cunho material. 
Não é demais expor, entretanto, que o deferimento da obriga-
ção alimentar/assistência material observa o binômio possibilidade-ne-
cessidade: a necessidade daquele que postula tem que ser comprova-
da, mas a possibilidade fi nanceira daquele que é demandado também 
deve estar demonstrada. 
Por fi m, voltando-se ao dever de fi delidade recíproca, foi expla-
nado supra que o descumprimento de tal dever – a infi delidade – não 
signifi ca exatamente a perpetração de relações libidinosas extraconju-
gais. Mais que uma imposição religiosa, social e ou moral, a fi delidade é 
uma obrigação legal: a infi delidade, embora refl examente, é repudiada 
pelo ordenamento, ainda que o adultério não mais seja crime em nosso 
sistema jurídico. Todavia, a inobservância desse dever não se dá so-
mente pela prática de relação extramatrimonial adúltera, que tem como 
pressuposto a conjunção carnal de um dos cônjuges com outra pessoa. 
Outras formas de relação extramatrimonial também caracte-
rizam a infi delidade, como a troca de carícias íntimas, afagos, mensa-
gens românticas ou libidinosas, ainda que em sede virtual (pela Internet
e por redes sociais) confi guram traição, não importando, para confi gu-
rá-la, a prática de ato sexual com pessoa alheia à sociedade conjugal. 
Some-se a essas hipóteses o dito “adultério casto”, o qual é defi nido 
como a ação em que o cônjuge virago (mulher) realiza inseminação 
artifi cial heteróloga (com o sêmen de outra pessoa que não o marido) 
sem o consentimento do cônjuge varão, alcunhando-se de “casto” por 
não ter havido relação sexual fora do casamento. 
Após essas breves digressões sobre os direitos e obrigações 
legalmente previstas para as pessoas casadas, passa-se ao estudo do 
regime de bens, assunto especifi camente afeto aos direitos patrimoniais 
dos cônjuges e que recebeu regulamentação especial pelo Direito Bra-
sileiro.
REGIME DE BENS: CONCEITOS, PRINCÍPIOS, REGRAS GERAIS E 
ALTERAÇÃO DE REGIME
O direito patrimonial das uniões ou sistema de regimes patri-
moniais das uniões recebe esta nomenclatura por alcançar tanto o ins-
tituto do casamento como o instituto da união estável, no que se refere 
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à administração e compartilhamento de bens do casal. 
Pertinentemente ao casamento, temos que os nubentes, du-
rante a fase de habilitação do casamento, poderão fazer a opção pelo 
regime patrimonial (regime matrimonial de bens ou, simplesmente, regi-
me de bens) que vigerá e regerá o patrimônio do casal durante a cons-
tância do casamento. A espécie escolhida de regime resultará na pro-
dução de efeitos para ambos os cônjuges, conjuntamente e de maneira 
isonômica. 
No entanto, em situações casuísticas selecionadas pelo legis-
lador, o regime patrimonial a ser adotado está coativamente predefi nido, 
não havendo possibilidade de escolha pelo casal, o que se pode dizer 
se tratam de casos verdadeiramente excepcionais, assim elencados em 
razão de uma especial necessidade de proteção ou cuidado. 
Em apertada síntese, pode-se dizer que o regime de bens é o 
tratamento legal para regular e normatizar a gestão, aquisição e dispo-
sição de bens patrimoniais pelos cônjuges durante a vida conjugal, con-
tando-se a vigência desse regime da data da celebração matrimonial e 
vigorando na constância da sociedade conjugal. 
Tudo isso se dá porque, como apresentado neste estudo, o ca-
samento é considerado doutrinariamente uma espécie de contrato, da 
qual exsurge uma sociedade entre duas pessoas, com direitos, deveres 
e concessões recíprocas, sobretudo na esfera patrimonial. 
Logo, sendo um contrato e havendo uma sociedade, haverá, 
também, por consequência um patrimônio preexistente ou a existir, a 
ser compartilhado e administrado conjuntamente, assumindo uma for-
ma de condomínio – o condomínio matrimonial –, pois os bens, ressal-
vadas as exceções trazidas pela própria lei e conforme o tipo e momen-
to do compartilhamento previsto pelo regime adotado, serão de domínio 
comum até prova em contrário. 
O regime de bens, então, é o estatuto/instituto jurídico que visa 
a disciplinar as relações patrimoniais entre os cônjuges ou companhei-
ros. Inicialmente era previsto apenas para o casamento, mas com a 
edição da Lei nº 9.278/96 foi também estendido à união estável.
Possui princípios regentes, informadores de sua aplicabilidade: 
Princípio da Variabilidade, Princípio da Liberdade de Escolha e Princípio 
da Mutabilidade, cujas análises levam à compreensão do instituto, com 
o devido acréscimo dos dispositivos legais (artigos 1.639 a 1.688 do 
CC/2002). Passemos a estudá-los.
I - Princípio da Variabilidade
O Código Civil oferece um cardápio de regimes de bens, a 
saber: comunhão parcial; comunhão universal; separação de bens e 
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participação fi nal nos aquestos. Nesse sentido, admite-se a eleição de 
qualquer deles. Caso não haja opção, aplica-se a regra do artigo 1.640 
do Código Civil:
Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou inefi caz, vigorará, 
quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por 
qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á 
a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por 
escritura pública, nas demais escolhas.
Como se extrai da redação do parágrafo único acima, caso 
haja a intenção de eleger qualquer dos regimes previstos no Código Ci-
vil, deverá a opção ser feita por meio de pacto antenupcial por escritura 
pública, cuja efi cácia se dará com a celebração do casamento, não obs-
tante sua existência e validade sejam reconhecidas desde a lavratura 
da escritura pública.
 II - Princípio da liberdade de escolha
Consoante se extrai da dicção do artigo 1.639 do Código Ci-
vil, “É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, 
quanto aos seus bens, o que lhes aprouver”. Essa regra, acrescida da 
disposição do artigo 1.640 acima transcrito, demonstra ser livre aos nu-
bentes a eleição de qualquer regime predeterminado pelo Código Civil. 
Além disso, hoje permite-se que as partes regulamentem suas relações 
econômicas fazendo combinações entre os regimes, criando um regime 
misto, bem como elegendo um novo e distinto, salvo nas hipóteses da 
separação obrigatória.
Ao fazer uso dessa liberdade de estipulação, não podem os 
nubentes, no entanto, prever cláusulas que atentem contra os princípios 
da ordem pública ou contrariem a natureza e os fi ns do casamento. 
Afi nal, não obstante a disposição do artigo 1.639 do CC, aduz o artigo 
1.655 do Código Civil que “É nula a convenção ou cláusula dela que 
contravenha disposição absoluta de lei”. Ademais, vale destacar que as 
disposições estão adstritas às relações patrimoniais.
A exceção à liberdade de escolha do regime de bens é en-
contrada no artigo 1.641 do Código Civil, ao impor a obrigatoriedade 
de separação de bens no casamento para aqueles que o contraírem 
sem observar as causas suspensivas (impedimentos proibitivos ou im-
pedientes) do artigo 1.523 do Codex, quando um dos nubentes tiver 
mais que 70 (setenta) anos e, ainda, de todos os que dependerem, para 
casar, de suprimento judicial. Nesse caso, há que se alertar para o teor 
da súmula 377 doSupremo Tribunal Federal (STF): 
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Súmula 377. No regime de separação legal de bens, comunicam-se os ad-
quiridos na constância do casamento. 
Esta interpretação jurisprudencial indica que no regime da se-
paração obrigatória, ou seja, a imposta por lei, a separação é relativa, 
haja vista poder haver formação de aquestos, com a comunicação de 
bens adquiridos na constância do casamento. De maneira diversa, no 
regime da separação legal de bens eleito pelos nubentes, não haverá a 
formação de patrimônio comum.
Nesse sentido, traz-se o julgado divulgado no Informativo 192 
do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
REGIME. SEPARAÇÃO LEGAL. BENS. COMUNICAÇÃO. AQUES-
TOS. A viúva foi casada com o de cujus por 40 anos pelo regime de 
separação legal de bens, que não se deu pela vontade dos cônjuges, 
mas por determinação legal (arts. 258, parágrafo único, I, e 183, XIII, 
ambos do CC/1916). A controvérsia surgiu porque a viúva arrolou-se 
como meeira tão-somente sobre os aquestos, questionando também 
a higidez da Súm. n. 377-STF. A Turma não conheceu do recurso 
na medida em que o acórdão reitera a prevalência da citada Súmula 
do STF e apoia-se em precedentes deste Superior Tribunal no sen-
tido de que, resultando a separação apenas por imposição legal, os 
aquestos se comunicam, independentemente da prova do esforço 
comum. Precedentes citados: REsp 1.615-GO, DJ 12/3/1990, e REsp 
442.165-RS, DJ 28/10/2002. REsp 154.896-RJ, Rel. Min. Fernando 
Gonçalves, julgado em 20/11/2003.
Ainda com relação à separação obrigatória, merece destaque 
o enunciado 261, da III Jornada de Direito Civil do Conselho de Justiça 
Federal (CJF): “A obrigatoriedade do regime da separação de bens não 
se aplica a pessoa maior de sessenta anos, quando o casamento for 
precedido de união estável iniciada antes dessa idade”. Ressalte-se 
que a partir de dezembro de 2010, a idade foi alterada para 70 (setenta) 
anos, porém o fundamento do enunciado permanece hígido. No mesmo 
sentido, segue o julgado divulgado no informativo 459 do STJ:
UNIÃO ESTÁVEL. SEXAGENÁRIOS. REGIME. BENS. Trata o caso de defi -
nir se há necessidade da comprovação do esforço comum para a aquisição 
do patrimônio a ser partilhado, com a peculiaridade de que, no início da união 
estável reconhecida pelo tribunal a quo pelo período de 12 anos, um dos 
companheiros era sexagenário. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por 
maioria, entendeu, entre outras questões, que, embora prevalecendo o en-
tendimento do STJ de que o regime aplicável na união estável entre sexage-
nários é o da separação obrigatória de bens, segue esse regime temperado 
pela Súm. n.377-STF, com a comunicação dos bens adquiridos onerosamen-
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te na constância da união, sendo presumido o esforço comum, o que equiva-
le à aplicação do regime da comunhão parcial. Assim, consignou-se que, na 
hipótese, se o acórdão recorrido classifi cou como frutos dos bens particula-
res do ex-companheiro aqueles adquiridos ao longo da união estável, e não 
como produto de bens eventualmente adquiridos antes do início da união, 
opera-se a comunicação desses frutos para fi ns de partilha. Observou-se 
que, nos dias de hoje, a restrição aos atos praticados por pessoas com idade 
igual ou superior a 60 anos representa ofensa ao princípio da dignidade da 
pessoa humana (...). REsp 1.171.820-PR, Rel. originário Min. Sidnei Beneti, 
Rel. para o acórdão, Min. Nancy Andrighi, julgado em 7/12/2010.
Nos casos de casamento no exterior, o regime de bens segue a 
mesma regra do lugar do domicílio dos nubentes, conforme estabelece 
o artigo 7º, §4º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – 
LINDB:
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre 
o começo e o fi m da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família.
(...)
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que 
tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio 
conjugal.
Sobre esse assunto, confi ra-se julgado divulgado no Informati-
vo 206 do STJ:
CASAMENTO NO ESTRANGEIRO. REGIME. BENS. Trata-se de ação de 
conhecimento ajuizada por ex-esposa, objetivando a declaração de que o 
regime de bens a orientar a partilha do patrimônio do casal, separado desde 
1990, é o de comunhão parcial. A autora casou sem pacto pré-nupcial com 
o réu, em Nevada-EUA, em 1975, onde o regime de bens assemelha-se ao 
da comunhão parcial atualmente adotado pelo Direito brasileiro, e possuíam 
domicílios diferentes, pois a esposa morava na Flórida-EUA. Entretanto é 
fato incontroverso que o primeiro domicílio do casal foi no Brasil. Note-se 
que a pretensão da autora foi lançada com base em um pacto “pós-nupcial”, 
bem como em suposto regime de separação total de bens propalado pelo 
varão em diversas ocasiões, em negócios jurídicos, junto a terceiros e agora 
ele declara que o regime seria o universal de bens, após dilapidar o enorme 
patrimônio que possuía. Renovado o julgamento, após empate, a Turma, por 
maioria, proveu o REsp, restabelecendo a sentença que reconhecia o regime 
da comunhão universal. Apesar de o casamento ter sido realizado nos EUA, 
defi ne o regime o fato de o primeiro domicílio conjugal ter sido estabelecido 
no Brasil, tendo em vista, ainda, que os cônjuges tinham, antes do casamen-
to, domicílios diversos, conforme o disposto no art. 7º, § 4º, da Lei de Intro-
dução ao Código Civil/1942. Outrossim, na época, era esse o regime legal de 
bens no Brasil, já que não foi celebrado pacto antenupcial. REsp 134.246-SP, 
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Rel. originário Min. Ari Pargendler, Rel. para acórdão Min. Carlos Alberto Me-
nezes Direito, julgado em 20/4/2004. Terceira Turma.
 III - Princípio da Mutabilidade
O Código Civil de 1916 estabelecia a irrevogabilidade ou inal-
terabilidade do regime de bens entre os cônjuges, que deveria perdurar 
enquanto subsistisse a sociedade conjugal. Celebrado o casamento, 
pois, tornava-se imutável o regime.
Posteriormente, foi editada a Lei n. 6.515/77 (Lei do Divórcio), 
na qual se possibilitava a dissolução da sociedade conjugal, mas não 
permitia a alteração do regime de bens. Mesmo que voltassem a con-
trair núpcias, o regime deveria voltar ao mesmo que vigia.
O princípio da mutabilidade visa solucionar o problema surgido 
a partir da referida Lei do Divórcio, na qual se permitia a dissolução da 
sociedade conjugal, porém não admitia a alteração do regime de bens.
Assim, no Código Civil de 2002, o artigo 1.639, §2º, admite a 
ação de alteração do regime de bens “mediante autorização judicial em 
pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das ra-
zões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros”. Observe-se que 
a dita alteração não pode ser obtida unilateralmente, ou por iniciativa de 
um dos cônjuges em processo litigioso, pois o dispositivo citado exige 
pedido motivado “de ambos”.
Contudo, ainda existem críticas quanto a exigência de uma 
sentença para se operar a mudança, uma vez que após a edição da Lei 
n. 11.441/2007 passou-se a permitir o divórcio extrajudicial (o mais) e, 
ainda sim, perdura a necessidade de sentença para alteração do regime 
de bens (o menos), mesmo havendo consenso. E, conforme enunciado 
260, da III Jornada de Direito Civil do CJF “A alteração do regime de 
bens prevista no § 2º do artigo 1.639 do Código Civil também é permiti-
da nos casamentos realizados na vigência da legislação anterior”.
Soma-se a esse entendimento a conclusão vertida no enuncia-
do 262, da III Jornada de Direito Civil do CJF, ao afi rmar que “A obriga-
toriedade da separação de bens nas hipóteses previstas nos incisos I 
e III do artigo 1.641 do Código Civil não impede a alteração do regime, 
desde que superada a causa que o impôs”.
Quanto à ação de alteração,

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