Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Bioquímica Experimental PROF. DR. ARTHUR H.C. DE OLIVEIRA Cinética enzimática: Efeito de inibidores sobre a velocidade de reação Daniela Brunelli Teada – n° USP 11014416 Suzane Ap. Alves Pires– n° USP 10408201 Ribeirão Preto – SP 2021 André Nota 9,0/9,0 1. OBJETIVO Estudar a influência de inibidores da atividade da enzima, pelo inibidor fosfato de sódio em diferentes concentrações, no reação de catálise da fosfatase ácida. Observar o efeito do inibidor fosfato de sódio na velocidade da reação com a enzima fosfatase ácida, bem como determinar o tipo de inibição e calcular a constante de dissociação (Ki). 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para a análise, foi utilizado o inibidor fosfato de sódio com as concentrações 0,5; 1,5 e 3,0 mmol/L, utilizando os volumes de tampão, água, pNFF, fosfato e enzima. Os dados do protocolo estão descritos na tabela a seguir. Tabela 1. Absorbância em diferentes concentrações de substrato e inibidor. Nº Tubo [pNFF] A410nmsem inibidor A410nm 0,5 mM A410nm 1,5 mM A410nm 3,0 mM 1 0,05 0,105 0,051 0,021 0,009 2 0,07 0,132 0,056 0,028 0,015 3 0,1 0,171 0,064 0,039 0,021 4 0,15 0,233 0,081 0,058 0,024 5 0,2 0,280 0,111 0,068 0,036 6 0,4 0,387 0,211 0,109 0,060 7 0,5 0,445 0,256 0,164 0,073 8 1,0 0,515 0,308 0,180 0,139 9 2,0 0,571 0,427 0,301 0,192 10 5,0 0,615 0,583 0,357 0,378 André Nota 2,0/2,0 Para a determinação da atividade da enzima é necessário saber a concentração de p-nitrofenolato formado, utilizamos a Lei de Lambert-Beer, o cálculo é feito para o tubo 1 sem inibidor. Sendo assim, teremos: 0,105 = 17600.1.C C = 5,966.10-6 mol/L Transformando para μmol (÷10-6): C = 5,966 μmol/L O volume final em que a absorbância foi lida foi de 2 mL, refere-se a 1 mL do experimento e 1 mL de NaOH. Portanto, para calcular o número de mols de pNF-, temos: n = C.V n = 5,966 μmol/L. 2.10-3 L n = 0,0119 μmol Para a determinação da velocidade da reação, em que a velocidade é igual a quantidade de produto formado dividido pelo tempo de reação (30 min.). v = n/t v = 0,0119 μmol / 30min v = 3,967.10-4 μmol/min Assim, a atividade enzimática em U/mg é calculada, onde a atividade da enzima é a razão da velocidade no tubo e massa da enzima que foi adicionada em miligramas. Atividade = v / m Atividade = (3,967.10-4 μmol/min) / 1.10-6 mg Atividade = 39,67 U/mg André Realce 10 ⇒ n = Cμmol x 2,0 mL x𝐶 = 𝐴 17600 𝑀−1𝑐𝑚−1 𝑥 1 𝑐𝑚 1 𝐿 1000 𝑚𝐿 v = ⇒ ( ) =𝑛30 𝑈 𝑚𝑔 𝑣 10.10−6 𝑚𝑔 A partir do exemplo apresentado acima, calculou-se a atividade da enzima em U/mg para cada um dos tubos, apresentados os dados abaixo: Tabela 2. Atividade enzimática nos tubos sem adição de inibidor. Tubo [pNFF](mmol/L) A410 C (μmol/L) n (μmol) em 2 mL v (μmol/min) (U/mg) 1 0,05 0,105 5,97 0,0119 3,98.10-4 39,7 2 0,07 0,132 7,50 0,0150 5,00.10-4 50,0 3 0,1 0,171 9,72 0,0194 6,48.10-4 64,8 4 0,15 0,233 13,2 0,0265 8,83.10-4 88,3 5 0,2 0,280 15,9 0,0318 1,06.10-3 106 6 0,4 0,387 22,0 0,0440 1,47.10-3 147 7 0,5 0,445 25,3 0,0506 1,69.10-3 169 8 1,0 0,515 29,7 0,0585 1,95.10-3 195 9 2,0 0,571 32,4 0,0649 2,16.10-3 216 10 5,0 0,615 34,9 0,0699 2,33.10-3 233 Tabela 3. Atividade enzimática nos tubos com adição de inibidor (0,5 mM). Tubo [pNFF](mmol/L) A410 C (μmol/L) n (μmol) em 2 mL v (μmol/min) (U/mg) 1 0,05 0,051 2,90 0,00579 1,93.10-4 19,3 2 0,07 0,056 3,18 0,00636 2,12.10-4 21,2 3 0,1 0,064 3,64 0,00727 2,42.10-4 24,2 André Nota 2,0/2,0 4 0,15 0,081 4,60 0,00920 3,07.10-4 30,7 5 0,2 0,111 6,31 0,0126 4,20.10-4 42,0 6 0,4 0,211 12,0 0,0240 7,99.10-4 79,9 7 0,5 0,256 14,5 0,0291 9,70.10-4 97 8 1,0 0,308 17,5 0,0350 1,17.10-3 117 9 2,0 0,427 24,3 0,0485 1,62.10-3 162 10 5,0 0,583 30,6 0,0611 2,04.10-3 204 Tabela 4. Atividade enzimática nos tubos com adição de inibidor (1,5 mM). Tubo [pNFF](mmol/L) A410 C (μmol/L) n (μmol) em 2 mL v (μmol/min) (U/mg) 1 0,05 0,021 1,19 0,00239 7,95.10-5 7,95 2 0,07 0,028 1,59 0,00318 1,06.10-4 10,6 3 0,1 0,039 2,22 0,00443 1,48.10-4 14,8 4 0,15 0,058 3,30 0,00659 2,20.10-4 22,0 5 0,2 0,068 3,86 0,00773 2,58.10-4 25,8 6 0,4 0,109 6,19 0,0124 4,13.10-4 41,3 7 0,5 0,164 9,32 0,0186 6,21.10-4 62,1 8 1,0 0,180 10,2 0,0204 6,82.10-4 68,2 9 2,0 0,301 17,1 0,0342 1,14.10-3 114 10 5,0 0,357 20,3 0,0406 1,35.10-3 135 Tabela 5. –Atividade enzimática nos tubos com adição de inibidor (3,0 mM). Tubo [pNFF](mmol/L) A410 C (μmol/L) n (μmol) em 2 mL v (μmol/min) (U/mg) 1 0,05 0,009 0,51 0,00102 3,41.10-5 3,41 2 0,07 0,015 0,85 0,00171 5,68.10-5 5,68 3 0,1 0,021 1,2 0,00239 7,95.10-5 7,95 4 0,15 0,024 1,4 0,00273 9,09.10-5 9,09 5 0,2 0,036 2,04 0,00409 1,36.10-4 13,64 6 0,4 0,060 3,4 0,00682 2,27.10-4 22,73 7 0,5 0,073 4,1 0,00829 2,76.10-4 27,65 8 1,0 0,139 7,9 0,0158 5,26.10-4 52,65 9 2,0 0,192 10,9 0,0218 7,27.10-4 72,73 10 5,0 0,378 21,5 0,0429 1,43.10-3 143,18 Assim, pode-se construir o gráfico com os duplos inversos pelo tipo de inibição, para essa construção foi feito o cálculo do inverso dos valores das velocidades e da concentração de [pNFF]. Gráfico 1. Gráfico de duplos inversos. Legenda: série 1 - sem inibidor, série 2 - inibidor a 0,5 mM, série 3 - inibidor a 1,5 mM e série 4 inibidor a 3,0 mM. A partir do gráfico 1 concluímos que a inibição que ocorre é competitiva, devido ao aumento da concentração do inibidor que resulta em linhas com um intercepto no eixo 1/Vmáx, com inclinações diferentes, vmáx, constante, e com o valor de KM aumentando conforme se aumenta a concentração de inibidor. Segundo a literatura, era para ser possível notar que o fosfato (inibidor) e o pNFF competem pelo mesmo sítio ativo da fosfatase ácida, sendo então uma questão de inibição competitiva, em que se aumentasse a concentração do inibidor, seria transformada uma menor quantidade de substrato em produto. Utilizando e relacionando André Nota 2,0/2,0 a equação de Michaelis-Menten, com a representação de Lineweaver-Burk, temos a seguinte equação: Podemos relacionar essa equação com as equações da reta, sendo que o termo Kmapp/Vmáx é o coeficiente angular, e o 1/Vmáx é o coeficiente linear. Desse modo com essa relação pode-se calcular: Equação da reta obtida para a cada uma das bateria de tubos. Sem inibidor: y = 107975x + 409,77 1𝑉 𝑚á𝑥 = 409, 77 ⇒ 𝑣 𝑚á𝑥 = 0, 00244 𝜇𝑚𝑜𝑙. 𝑚𝑖𝑛−1 𝐾 𝑀 𝑉 𝑚á𝑥 = 107975 µ𝑚𝑜𝑙.𝑚𝑖𝑛𝐿.µ𝑚𝑜𝑙 𝑥 0,001 𝑚 µ 𝑥 0, 00244 µ𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑖𝑛 ⇒ 𝐾𝑀 = 0, 264 𝑚 Com inibidor 0,5 mM: y = 260245x + 773,87 1𝑉 𝑚á𝑥 = 773, 87 ⇒ 𝑣 𝑚á𝑥 = 0, 00129 𝜇𝑚𝑜𝑙. 𝑚𝑖𝑛−1 𝐾 𝑀 𝑉 𝑚á𝑥 = 260245 µ𝑚𝑜𝑙.𝑚𝑖𝑛𝐿.µ𝑚𝑜𝑙 𝑥 0,001 𝑚 µ 𝑥 0, 00129 µ𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑖𝑛 ⇒ 𝐾𝑀 = 0, 336 𝑚 Com inibidor 1,5 mM: y = 600702x + 697,15 1𝑉 𝑚á𝑥 = 697, 15 ⇒ 𝑣 𝑚á𝑥 = 0, 00144 𝜇𝑚𝑜𝑙. 𝑚𝑖𝑛−1 𝐾 𝑀 𝑉 𝑚á𝑥 = 600702 µ𝑚𝑜𝑙.𝑚𝑖𝑛𝐿.µ𝑚𝑜𝑙 𝑥 0,001 𝑚 µ 𝑥 0, 00144 µ𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑖𝑛 ⇒ 𝐾𝑀 = 0, 865 𝑚 Com inibidor 3,0 mM: y = 1345016,14x + 626,9 1𝑉 𝑚á𝑥 = 626, 9 ⇒ 𝑣 𝑚á𝑥 = 0, 00160 𝜇𝑚𝑜𝑙. 𝑚𝑖𝑛−1 𝐾 𝑀 𝑉 𝑚á𝑥 = 1345016, 14 µ𝑚𝑜𝑙.𝑚𝑖𝑛𝐿.µ𝑚𝑜𝑙 𝑥 0,001 𝑚 µ 𝑥0, 00160 µ𝑚𝑜𝑙 𝑚𝑖𝑛 ⇒ 𝐾𝑀 = 2, 152 𝑚𝑚𝑜 Os valores de KM aparente KMapp encontrados para cada bateria de tubos foram reunidos na tabela 6. Em seguida, preparou-se uma curva dos valores de KMapp em função da concentração de inibidor, que está registrada no gráfico 2. Tabela 6. Valores de vmáx e KMapp encontrados em cada método. Concentração do inibidor KMapp (mmol/L) Sem inibidor 0, 264 0,5mM 0, 336 1,5 mm 0, 865 3,0 mM 2,152 Dos dados apresentados acima foi plotado o gráfico abaixo: Gráfico 2. Kmapp x [fosfato]. Com os dados do gráfico acima de Kmapp x concentração de fosfato, obtemos a seguinte equação de reta dos pontos que é y = 0,6477x + 0,0947 Sabendo que o valor da constante de dissociação do complexo enzima-inibidor (Ki) pode ser determinado por: Ki = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 Ki = = 0,1460,09470,6477 Ki = 0,146 𝑚𝑚𝑜𝑙/𝐿 André Nota 2,0/2,0 3. CONCLUSÃO A prática realizada permitiu observar o efeito do inibidor fosfato de sódio nas reações enzimáticas realizadas, diante da interferência observada podemos validar a ideia de que a inibição sofrida pela enzima fosfatase ácida tem o caráter competitivo, isto é, o inibidor possui uma estrutura semelhante ao do substrato, e consequentemente consegue substituir o substrato no sítio catalítico da enzima, formando um complexo enzima-inibidor, interferindo na atividade enzimática. Conclui-se que conforme se aumenta a concentração do inibidor, ocorre aumento no valor de KM, porém o vmáx permanece constante, indicando que a inibição é do tipo competitiva. 4. BIBLIOGRAFIA LEHNINGER, T. M., NELSON, D. L. & COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª Edição, 2014. Ed. Artmed. SKOOG; WEST; HOLLER; CROUCH. Fundamentos de Química Analítica. Trad. 8ª Edição Norte-Americana. Editora Thomson. VOET, D. Bioquímica. Porto Alegre: Artmed, 2013. 4 a ed. André Nota 0,5/0,5
Compartilhar