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Sistema Único de Saúde - SUS

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Sistema Único de Saúde
Contexto: 
• O movimento de reforma sanitária se intensificou na década de 70. Seus ideais serviram como base para o relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986. 
• Essa CNS foi um marco, visto que: trouxe a visão da saúde ligada às políticas sociais e econômicas, o conceito de Alma Ata – saúde ampliada, além de ser a primeira CNS que tinha participação popular. Propõe-se o sistema de saúde semelhante ao que seria o SUS. Serviu como base para a constituição de 88. 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
• Com a constituição se estabelece uma nova forma de saúde no Brasil. Ela passa a ser um dever constitucional e deixa de estar ligada apenas ao trabalho assegurado e a contribuição para a previdência. 
• Outro fator importante é a criação de um capítulo específico para a saúde, (art 196 a 200). Relata a criação do SUS e especifica a saúde como direito de todos. 
• Artigo 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
• Antes era um modelo excludente, curativo, com saúde como ausência de doença, sem prevenção e promoção. Com a constituição, muda essa visão. 
• A constituição também determina as diretrizes do SUS e como ele deve se organizar. 
Artigo 198: As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada (vai articular entre municípios, no estado e entre estados) e hierarquizada (vai aumentando a complexidade e de acordo com a necessidade da assistência à saúde do indivíduo – sempre da atenção primária até os serviços de média/alta complexidade) e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: 
I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; cada nível governamental atua de uma forma e é dirigido por um órgão – a nível federal a direção é pelo ministério da saúde, a nível estadual pela secretaria estadual de saúde e a nível municipal seria a secretaria municipal de saúde.
 II – Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; em todos os níveis de complexidade. 
III – participação da comunidade; é diretriz e princípio organizativo – trazer o usuário para participar de fóruns e conselhos de saúde, trazer demandas da comunidade; propor políticas de saúde à região que favoreçam o coletivo. Assim que efetiva o controle social, com essa participação da comunidade
(Diretrizes são diferentes dos princípios que guiam o sistema) 
Dica para decorar as diretrizes: sigla DIP – descentralização, integralidade e participação. 
• A iniciativa privada não foi proibida de participar na área de saúde, contudo, foram estabelecidos critérios para permitir essa participação. 
Segundo o artigo 199 elas podem complementar o SUS, quando ele não pode oferecer determinado serviço. A preferência para ofertar o serviço quando necessário, fica para as entidades filantrópicas e sem fins lucrativos. Não há mais um financiamento direto no setor privado. Qualquer contratação deve passar pelo conselho municipal de saúde, o qual tem como dever analisar o custo do serviço, os motivos. 
- Exemplo: antes de contratar uma grande marca, hospitais filantrópicos tem maior prioridade e devem ser escolhidos. Por conta desse artigo, aumentaram em grande número as organizações “supostamente” sem fins lucrativos. Além desses critérios, quando conveniados, as instituições devem atuar com as mesmas diretrizes e princípios do SUS, segundo a lei ¨mediante contrato de direito público ou convênio¨. 
Em alguns casos, complementar as demandas com o serviço privado é mais vantajoso do que investir em estruturas e serviços que não possuem tanta demanda na região ou que a verba não permitiria estabelecer. 
Para que os serviços de saúde recebam verbas do estado, eles precisam ser credenciados logo após sua criação e seguir os critérios para esse credenciamento. Caso contrário receberão verba municipal somente, o que muitas vezes faz com que o município não consiga manter esse serviço. O conselho de saúde que avalia os critérios de credenciamento e se eles estão sendo seguidos. 
-Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. (O serviço é credenciado, mas não há investimento nenhum)
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. (Depois houve uma alteração que permite a participação de capital estrangeiro no SUS. Isso abre oportunidade para a mercantilização da saúde)
• As atribuições do SUS estão no artigo 200:
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I – Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II – Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; 
III – Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; (Todos os hospitais e lugares gerenciados pelo SUS é um lugar de campo prático/ensino para estudantes)
IV – Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; responsabilidade da FUNASA. 
V – Incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;
VI – Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
VII – Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII – Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
Quase todos utilizam o SUS sem saber.
LEIS ORGÂNICAS DA SAÚDE 
Complementando a Constituição Federal de 88, temos mais 2 Leis que compõem as Leis Orgânicas da Saúde.
O SUS é criado pela Constituição de 88 e regulamentado pela Lei 8.080.
• A Lei 8.080 (vem para REGULAMENTAR o SUS) e aborda: 
- A organização e gestão do SUS; 
- As competências e atribuições das 3 esferas de governo; (Governo federal, estadual e municipal)
- O funcionamento e a participação complementar do setor privado; 
- A política de recursos humanos; dá prioridade a que os funcionários sejam de dedicação exclusiva, o que lhes dá acréscimo salarial, para não precisar acumular cargo (ocupação, vários empregos). No SUS pode acumular até 60h. Vários empregos sobrecarregam os profissionais e diminuem a qualidade do serviço. 
- Recursos financeiros, planejamento e orçamentos; há várias outras portarias que abordam isso depois também. (Sempre está modificando de acordo com o PIB, se mantem o mesmo porém corrigido pela inflação do ano anterior)
• A Lei 8.142: saiu depois, porque o presidente que estabeleceu a 8.080 vetou alguns artigos nela. Será uma Lei complementar, pois algumas coisas ficaram faltando. Define a participação social e transferências intergovernamentais de recursos de financiamento – basicamente trata dos pontos vetados na 8.080. 
LEI Nº 8.080/1990 – 19 de Setembro de 1990
• Traz igual ao artigo 96 da constituição federal e ao relatório da CNS: 
Art. 2º - A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º - O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos no estabelecimento de condições que assegurem acesso universale igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 
§ 2º- O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. (O que ficou muito claro na pandemia de COVID-19, onde o Estado tinha o dever de formular e executar essas políticas – tanto sociais e econômicas, com o auxílio que teve, compra de vacina, ampliação da rede hospitalar. Mas esse dever do estado não excluía o das pessoas que deveriam ter feito o isolamento social, para segurança delas mesmas e dos outros).
O papel do estado é na formulação e execução dessas políticas, basicamente, garantir que todas as pessoas possam ter acesso aos serviços, em todos os níveis de complexidade. Além de exaltar que a população também é responsável pela saúde uns dos outros.
• Segundo a lei, a saúde depende de vários fatores: 
Art. 3º - Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do país, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
Com um IDH baixo, o país demonstra níveis de saúde baixo. É essencial que o governo valorize todas as áreas das quais a saúde depende. Não é simples ter saúde, pois é necessário uma gama de áreas. Por isso a saúde deve se comunicar e ter relação com outros setores – intersetorialidade na saúde.
• Modelo conceitual dos determinantes sociais da saúde: Existem determinantes sociais que vão influenciar na saúde – comunidade, condições de vida e trabalho, assim como socioeconômicas, culturais e ambientais. Todos interferem de alguma maneira na saúde, segundo a situação do indivíduo – não há um padrão de interferência. 
• Definição do SUS pela Lei 8.080: 
Art. 4º -¨O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder público, constitui o Sistema Único de Saúde (SUS)¨ 
Também fazem parte do SUS os hospitais universitários, hospitais do exército, hemocentros, além de instituições de controle de qualidade, pesquisa (FIOCRUZ) e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. 
• Por que o termo ¨Sistema Único¨? 
Sistema - Ele é um conjunto de várias instituições dos 3 níveis de governo e conveniado (a parte filantrópica), que se interagem para fins comuns que é prestar assistência à saúde a população. 
Esfera federal + esfera estadual + esfera municipal + convênios = SUS. 
Único - Isso porque segue a mesma doutrina e princípios organizativos em todo o país. 
Isso é a descentralização do sistema, coloca como responsável da ação aquele que está mais perto dela. Existe um plano nacional a seguir, uma linha, porém a execução quem for executar fará da melhor forma de acordo com o local que está. (Ex. locais que na vacinação fizeram Drive Thru, outros foram a domicílio inicialmente, separaram pela faixa etária mais conveniente)
• O setor privado faz parte do SUS? 
Segundo o artigo 4º § 2º - A iniciativa privada poderá participar do SUS, em caráter complementar. 
Quando?
Artigo 24: Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área, o SUS poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada. (Deverá ser provado que é necessário esse convenio com uma iniciativa privada, pois você pode fazer convenio com outro município – intergovernamentais/intermunicipais. E ai possui um repasse de verbas entre fundos de um município e outro para que ele possa prestar essa assistência.) 
Art. 25: ... as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do SUS. 
Repete a constituição: pode participar, quando o município não tiver condições de ofertar os serviços assistenciais. Exemplo: municípios pequenos que não têm verba suficiente para um hospital, mas que podem contratar os serviços de um privado. A contratação do serviço deve ser justificava nos conselhos de saúde e às instancias estaduais.
Há brechas na legislação que permitem más distribuições. 
• Objetivos do SUS: 
I – A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde (através dos indicadores de saúde); 
II – A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social a redução de riscos e agravos; (Políticas formadas pelo Ministério da Saúde)
III – A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. 
• Inclui-se no campo de atuação do SUS, segundo o artigo 6: 
I – Execução de ações: de vigilância sanitária, de vigilância epidemiológica, de saúde do trabalhador, de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica; (Por isso tem gente que entra na justiça para pedir aquele medicamento da doença AME, é o medicamento mais caro que existe, custa milhões. Para que o governo federal financie a importação desse medicamento para que as crianças possam ter uma melhor qualidade de vida. Algumas pessoas conseguem, mas é um processo complicado)
II – Formulação da política e na execução de ações de saneamento básico; 
III – Ordenação da formação de recursos humanos a área de saúde; 
IV – A vigilância nutricional e a orientação alimentar; 
V – A colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; 
VI – A formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;
VII – O controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde; 
VIII – A fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano; 
IX – A participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
X – O incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico; 
XI – A formulação e execução da política de sangue e seus derivados; 
• Resumo das Competências das três instâncias do SUS, escritos na Lei 8.080: 
- Município: é o que executa, a união só normatiza. 
Prover os serviços; 
Executar serviços de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, de alimentação e nutrição, de saneamento básico e saúde ocupacional, em nível municipal, excetuando portos e fronteiras. 
Controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde no âmbito municipal; 
- Estados: Ser responsável pelas ações de saúde do estado; 
Planejar e controlar o SUS na sua esfera de atuação. 
Participa complementando/coparticipando caso seja necessário, com os municípios. 
- União: Normatizar o conjunto de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, identificando riscos e necessidades nas diferentes regiões – formulação das políticas de saúde. Propõe as políticas e diretrizes que serão aplicadas em municípios e estados. 
Única e exclusiva a fazer a fiscalização de portos e fronteiras – pode haver parceria com o município e estado, mas a responsabilidade de fiscalizar é dela. 
• Princípios doutrinários – UEI (sigla para não esquecer): três principais e fundamentais que regem o SUS – a “espinha dorsal”: 
- Universalidade: é a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. Independente de contribuir ou não para a previdência social. 
- Equidade: é assegurar ações e serviços de todos os níveis de acordo com a complexidade que cada caso requeira. Todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades até o limite do que o sistema puder oferecer para todos. Diferente de igualdade, defende que o paciente seja atendido de acordo com a sua necessidade, seja qual dor o nível de complexidade – atende cada um de forma diferente, para que todos se encontrem no mesmo nível. (Ex. Uma pessoa acamada,é preciso que uma ambulância vá até a casa dela para levar a assistência à saúde, coisa que pessoas normais conseguem ter indo a uma unidade de saúde – levando o atendimento conforme a necessidade de cada caso).
“Equidade é tratar diferente pessoas diferentes, para que tenham direitos iguais.”
- Integralidade: conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema (para que alcance essa integralidade é necessário migrar pelos níveis de atenção à saúde, sai da atenção básica e vai para um serviço médico especializado até chegar no hospital para uma possível internação ou cirurgia – de “maior complexidade”. Atenção básica não deixa de ser complexa – pelo contrário, é extremamente complexa, mas se refere aos níveis de tecnologias utilizadas, nível de aporte tecnológico). 
Consta no Art 7º da Lei 8.080/90
• Princípios organizativos: 
- Descentralização: entendida como uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Dá maior autonomia aos estados e municípios na decisão e implementação das ações de saúde. 
- Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis de complexidade (tecnológica) crescente, dispostos numa área geográfica delimitada e com a definição da população a ser atendida (ou seja, a pessoa deve entrar por meio de uma unidade básica (primária) ou através de um acidente (pronto-socorro), e havendo necessidade o paciente vai migrando/encaminhado pelos níveis). Organizados de forma eficiente evitando duplicidade de meios para fins idênticos. Estabelecimento de mecanismos de referência e contra-referência. 
Terá um decreto que trabalhará apenas com a regionalização das redes de atenção à saúde – próximas aulas. Vai dizer que a regionalização é a forma de organização e funcionamento do SUS. Onde as ações e serviços de saúde sejam organizadas de forma integrada entre municípios vizinhos e até mesmo estados, que se identifiquem culturalmente e geograficamente por meio de uma rede de atenção a saúde. (Ex. paciente oncológico em Macaé é tratado também em Itaperuna, Campos e Rio, para fazer continuidade do tratamento, isso porque existe uma rede de atenção à saúde específica a esse grupo que é pactuada nas comissões)
- Resolubilidade: é a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrentá-lo e resolvê-lo até o nível da sua competência. Se o serviço não pode resolver, pode migrar pelo sistema até que seja resolvido (níveis de complexidade; redes de serviço). Pode migrar de municípios inclusive, sendo referenciado para setores de referência. 
- Participação popular: é a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas, participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. 
A lei 8.080 está sendo atualizada constantemente. 
LEI N 8.142/1990 – 28 de Dezembro de 1990
• A participação social se dá por meio dos conselhos e conferências de saúde, estabelecido no artigo 1: 
“O SUS, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: 
I – A Conferência de saúde; e 
II – O Conselho de Saúde.”
Ocorrem de 4 em 4 anos as conferências: Primeiro ocorre a conferência municipal, com pontos importantes para o plano municipal de saúde, asseguram-se essas políticas, elege os delegados do município que vão à conferência estadual de saúde, para que possa garantir que essas propostas importantes para o município (eleitas e aprovadas) também entrem no plano estadual de saúde; depois, na conferência estadual de saúde se elegem alguns delegados do estado (municipais ou do conselho estadual) para que participem da conferência nacional de saúde, a qual ocorre em Brasília, para que sejam aprovadas propostas do estado e sejam incluídas no plano nacional de saúde. Quem fiscaliza a inclusão ou não das propostas no plano nacional é o conselho nacional de saúde. 
Existem também conselhos de saúde locais (que são mensais/periódicas), como associações de bairro, dentro de unidades de saúde... uma vez estruturados, podem participar do conselho municipal de saúde, representando seu bairro. Todas as reuniões de conselho de saúde são abertas a participação.
• Composição dos conselhos de saúde: são colegiados de caráter permanente e deliberativo (as reuniões ocorrem sempre), em cada esfera do governo – conselho municipal de saúde, conselho estadual de saúde e conselho nacional de saúde. Devem ser paritários – metade representam os usuários (diversas organizações sociais que podem participar – não é usuário CPF/pessoa e sim entidades sociais regulamentadas, como associação de moradores, associação de portadores de câncer...) e a outra metade dividida em governo (as secretarias de saúde), profissionais de saúde (representantes de cada classe profissional) e prestadores de serviço. 
Atuam na formulação de estratégias e controle da execução da política de saúde na instância correspondente. Todos os contratos, balancetes, gastos, plano municipal de saúde, tudo isso passa pela avaliação e aprovação do conselho de saúde.
- Nos usuários participam: associações de moradores, sindicatos, movimentos sociais e ONGs. 50%; 
- Profissionais: Não são profissionais enquanto pessoas físicas, mas a categoria que representa os profissionais de saúde, conselho regional de enfermagem, sindicato dos médicos, sindicato dos trabalhadores em estabelecimentos de saúde. 25%; 
- Governos e prestadores: todo secretário de saúde participa, mais os hospitais, ambulatórios e farmácias. 25%; 
• Conferências de saúde: tem por finalidade avaliar a situação de saúde (do local) e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde dos níveis correspondentes. Convocada pelo poder executivo (Ministro da saúde, secretário estadual de saúde e secretário municipal de saúde). Acontece a cada 4 anos, antes da formulação do plano de saúde. 
• Financiamento do SUS: na Lei fala sobre os critérios para repasse: 
Sempre foi algo muito discutido mas nunca chega a um ponto comum. Desde a sua criação é subfinanciado, pois a verba que vem para o SUS é dividindo com a verba da previdência social. Infelizmente também virou hábito desviar essas verbas para outros locais.
- Esse financiamento está previsto na Constituição Federal de 88, nas Leis Orgânicas da Saúde (8.080 e 8.142), na Lei Constitucional 141 e na Emenda Constitucional de 86. E agora influenciada grandemente pela PEC 95. 
- A responsabilidade pelo financiamento do SUS é das três esferas do governo (Art.195º). O repasse acontece a nível municipal, estadual e nacional. O município contribui com uma parte das suas arrecadações para o fundo municipal de saúde, as secretarias estaduais vão contribuir com uma parte das suas arrecadações para o fundo estadual de saúde e o fundo nacional de saúde recebe um percentual do PIB (atualmente só corrigido pela inflação) e ai repassa.
- Todo recurso da saúde provém do orçamento da seguridade social – vai para assistência à saúde e previdência social. 
Ao longo dos anos teve as notificações da LC 141 e EC 86, até a PEC da morte e do congelamento dos gastos que é a EC 95. A Lei 141 de 2011 diz que o governo federal deveria aplicar anualmente uma verba para ações e serviços públicos de saúde, sempre no valor empenhado no ano anterior, sempre corrigido pelo PIB. Ai veio a EC 86 que define quanto seria esse percentual.
- Existe um percentual mínimo para municípios e estados, 15% das receitas líquidas no município vão para a saúde, 12% nos estados, e a união deveria repassar um montante não inferior ao PIB do ano anterior, que seria a sua receita corrente. Só que isso era uma transição, essa PEC era de 2015 e começaria esse aumento gradualjá em 2016, passaria a 13,2% do PIB; em 2017 13,7%; em 2018 14,1%. Só que em 2016 teve logo em seguida a ementa constitucional, um no governo da Dilma e outro no do Temer, em que congela esses investimentos. E fizeram um acordo que isso iria iniciar a partir de 2018. Então a gente tem somente o piso dos 14,1% de 2018, e ai a gente recebe 14,1% do PIB só corrigido pela inflação.
- EC–95 /2016 – Investimentos congelados por 20 anos. De 2018 em diante, o valor mínimo a ser aplicado pela União na saúde será equivalente ao piso do ano anterior corrigido apenas pela inflação, impossibilitando qualquer aumento real; ao contrário, podendo provocar uma diminuição nos valores investidos ao longo dos 20 anos.
- A Lei 8.080 também define os critérios para o estabelecimento de valores a serem transferidos aos estados e municípios, artigo 35º: 
I – Perfil demográfico da região – tamanho da população, envelhecimento; 
II – Perfil epidemiológico da população a ser coberta – população mais acometida por doenças ou não; 
III – Características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área (o tamanho da rede);
IV – Desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior; 
V – Níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais; 
VI – Previsão do plano quinquenal de investimentos da rede; 
VII – Ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo. 
• Repasse de verbas: Fica estabelecido que o repasse deverá ser feito por meio dos fundos de saúde – Fundo nacional de saúde, fundo estadual de saúde e fundo municipal de saúde. A transferência da verba deve ser através do fundo específico da saúde. A fiscalização da movimentação desses fundos é responsabilidade dos conselhos de saúde, através de suas comissões específicas – a comissão de finanças, juntamente com a participação popular, tendo o controle social. Caso a fiscalização e prestação de contas não seja realizada, o município pode perder verbas. 
O repasse acontece de forma regular e automática, tem um período do ano que eles depositam o valor, geralmente no início, na metade do ano. Do fundo nacional repassa para o fundo estadual que repassa para o fundo municipal. E as vezes quando tem algum convenio, algum contrato entre municípios, vai passando do fundo de um município para o outro, ou de um município para o estado, ou alguma coisa assim.
O SUS está sempre em construção, enquanto tem uns amparando e tentando construir tem outros querendo destruir, isso não é de agora, ocorre desde o início. Mas se resgatarmos o passado veremos como era sem ele. Mas infelizmente a manutenção e sobrevivência desse sistema ainda é uma luta diária que depende um pouco de todos nós.
O SUS vai desde as vacinas até o transplante de órgãos, lute pelo SUS, ele é importante.
Citações feitas das fontes: 
Evolução das Políticas e do Sistema de Saúde no Brasil em: Caminhos da Saúde Pública no Brasil 
Lei 8080/ 
Lei 8142/90 
Constituição Federal de 1988 - SEÇÃO II DA SAÚDE

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