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Parasitoses Doença de Chagas → • Infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principal- mente através do inseto “barbeiro”; • É o agente etiológico da doença de Chagas, que recebe este nome em homenagem a Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, quando descobriu a doença em 1909. • Descreveu o primeiro caso humano (Bere- nice), estabelecendo a etiologia, ciclo para- sitário, identificação dos vetores, reservatórios domésticos e silvestres, des- crevendo a doença e o diagnóstico; • Dois hospedeiros obrigatórios. → • 18 países do continente americano; • 16-18 milhões de indivíduos infectados • 20%-35% desenvolvem lesões no coração, esôfago, cólon e sistema nervoso periférico; • 100-200 mil novos casos por ano; • 45 mil mortes por ano; • Brasil: 8 milhões de habitantes. → • O Trypanosoma cruzi é um protozoário que tem seu ciclo de vida em hospedeiros vertebrados (mamíferos) e invertebrados (triatomíneos); • O protozoário apresenta duas principais formas evolutivas diferentes, tanto no ho- mem quanto no vetor (bicho-barbeiro): amastigota e tripomastigota.; • Os reservatórios são os animais infectados, que apresentam o T. cruzi na circulação san- guínea e na musculatura dos órgãos; • Esses podem ser encontrados em área sil- vestre (região de mata), intradomicílio (den- tro da residência) e peridomicílio (próximo às residências); Marianne Barone (T5) DIP – Prof. Elisabeth Dotti Consolo Ex: gambá, tatu, cães, gatos, macaco, preguiça, rato, entre outros • Curiosidades: répteis e aves não são con- siderados reservatórios, uma vez que T. cruzi não sobrevive nesses animais. → • O vetor biológico do Trypanosoma cruzi é o “barbeiro”, em outras palavras, insetos triatomíneos hematófagos; • Os barbeiros podem ser encontrados na mata, escondidos em ninhos de pássaros, toca de animais, casca de tronco de árvore, montes de lenha e embaixo de pedras; • Nas casas escondem-se nas frestas, bura- cos das paredes, nas camas, colchões e baús, além de serem encontrados em galinheiro, chiqueiro, paiol, curral e depósitos; • Apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA) que pode ser sinto- mática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indetermi- nada (assintomática), cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. → • Vetorial: contato com fezes/urina de tria- tomíneos infectados. O Trypanosoma cruzi entra no sangue a partir do contato das fezes do inseto “barbeiro” com a pele ferida ou com a mucosa do olho. O parasita não é transmitido pela picada e sim pelas fezes do vetor (4 a 15 dias.); • Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitas provenientes de triatomíneos infectados ou suas excretas (3 a 22 dias); • Vertical: ocorre pela passagem de para- sitas de mulheres infectadas por T. cruzi durante a gravidez ou o parto (tempo in- determinado, a transmissão pode ocorrer em qualquer período da gestação ou durante o parto) ou por transfusão de sangue/trans- plante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios (30 a 40 dias ou mais); • Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado du- rante manipulação em laboratório ou na ma- nipulação de caça (até aproximadamente 20 dias); → Fase aguda: • Febre prolongada (mais de 7 dias), mal- estar, falta de apetite, dor de cabeça; • Edemas (inchaço) localizados na pálpebra ou em outras partes do corpo, aumento do baço e do fígado e distúrbios cardíacos; • Fraqueza intensa, inchaço no rosto e per- nas; • Em crianças, o quadro pode se agravar e levar à morte; • No local da picada do barbeiro, pode apa- recer uma lesão semelhante a um furúnculo no local relacionada à elevada parasitemia; • Sinal de Romaña: edema elástico das pál- pebras unilateral, indolor, com reação de linfonodo satélite (principalmente pré-auri- cular), com edema frequentemente se pro- pagando à hemiface correspondente; • Chagoma de inoculação: formação cutâ- nea pouco saliente, endurecida, averme- lhada, pouco dolorosa e circundada por edema elástico; • Edema (generalizado ou localizado em face ou membros inferiores), de consistên- cia elástica ou mole, geralmente se apresen- tando após a segunda semana, não estando relacionado a sinais de porta de entrada; • Exantemas e chagomas hematógenos, aco- metendo pele e tecido celular subcutâneo, sem alteração da cor, não aderentes a planos profundos, comumente indolores e com ta- manho variável; • Hepatomegalia e/ou esplenomegalia, pe- quena a moderada; • Miocardite; • Encefalite; • Meningoencefalite; • Alterações eletrocardiográficas: blo- queio atrioventricular de primeiro grau, al- teração primária da repolarização ventricu- lar e aumento da sístole. Fase crônica: • Forma indeterminada: embora infectada, a pessoa permanece assintomática por toda a vida; • Forma cardíaca: apresenta-se como in- suficiência cardíaca congestiva (principal achado); - Alta incidência de morte e desfechos car- diovasculares (morte, parada cardíaca rea- nimada, acidente vascular cerebral, trans- plante cardíaco, insuficiência cardíaca con- gestiva, implante de cardiodesfribilador im- plantável (CDI) ou marcapasso, taquicardia ventricular sustentada); - A patogênese das lesões cardíacas en- volve destruição tissular progressiva pela presença de um processo inflamatório contínuo associado à presença de material genético do parasita e ativação do sistema imune humoral, provocando miocardite crônica e substituição dos miócitos lesiona- dos por fibrose; - Evolui com diminuição da massa mus- cular que se encontra muito destruída de- vido à substituição por áreas de fibrose interrompendo fibras e fascículos devido ao retardamento da circulação e da hipóxia, são frequentes os fenômenos tromboembó- licos; • Forma digestiva: apresenta-se como me- gacólon e megaesôfago, em que a infecção promove destruição das células nervosas, possuem alterações nas funções motora, se- cretora e absortiva, devido à denervação au- tonômica dos órgãos; - Resulta em incoordenação motora e di- latação das vísceras (aperistalse, discine- sia); - Os sintomas principais são: disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose; - O diagnóstico é feito mais tardiamente porque a obstipação, que é o sintoma mais frequente do megacólon, encontrado em muitas outras patologias; - As complicações mais graves do mega- cólon são a obstrução intestinal e a perfura- ção, podendo levar a peritonite; • Forma mista: alterações clínicas, cardía- cas e digestivas. → • A suspeita diagnostica é feita pelos achados clínicos e epidemiológicos: - Ter residido ou residir em área com pre- sença do vetor, reservatórios animais e em habitação onde possa ter ocorrido o conví- vio com o barbeiro/T. cruzi (principalmente casas de estuque, taipa, sapê, pau-a-pique, madeira, entre outros modos de construção que permitam a colonização por triatomí- neos); - Residir ou ser procedente de área com re- gistro de transmissão ativa de T. cruzi ou com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença no passado; - Ter realizado transfusão de sangue ou he- mocomponentes antes de 1992; - Ter familiares ou pessoas do convívio ha- bitual ou rede social que tenham diagnós- tico de doença de Chagas, em especial mãe e irmão(s). Pesquisa direta: • Exame a fresco de tripanossomatídeos: a coleta deve ser realizada em paciente com síndrome febril e até 30 dias do início de sintomas. Caso a primeira coleta seja nega- tiva e a suspeita clínica persistir, reco- menda-se nova coleta entre 12 e 24 horas da primeira; • Métodos de concentração (Strout, mi- cro-hematócrito ou creme leucocitário):são recomendados nos casos em que o exame a fresco for negativo. Entretanto, vi- sando a otimização do diagnóstico, reco- menda-se que sejam realizados simultaneamente ao exame a fresco e, em suspeitos com mais de 30 dias de sintoma- tologia, os métodos de concentração são mais sensíveis; • Lâmina corada de gota espessa ou esfre- gaço sanguíneo: possui menor sensibili- dade que os métodos anteriores. Com rela- ção aos exames sorológicos, apesar de não serem os mais indicados na fase aguda, po- dem ser realizados quando a pesquisa direta permanecer negativa e a suspeita clínica persistir; - Considerar soro reagente para IgM≥ 1:40 e para IgG ≥ 1:80; - Para confirmação pelo marcador IgG, são necessárias duas coletas com intervalo mí- nimo de 15 dias entre uma e outra; • PCR: apresenta-se como uma técnica pro- missora para o diagnóstico de Chagas na fase aguda. Fase crônica: • O diagnóstico é realizado pela combinação de dois testes sorológicos com métodos di- ferentes, visto que a parasitemia é muito baixa nessa fase da doença; • Há anticorpos circulantes e a parasitemia não é mais detectável por microscopia di- reta; • Testes rápidos vêm sendo sugeridos como estratégia para avaliação diagnóstica; • Nessa fase, o diagnóstico é essencial- mente sorológico e deve ser realizado uti- lizando-se um teste com elevada sensibi- lidade em conjunto com outro de alta es- pecificidade: HAI, IFI, ELISA e quimilu- minescência (CMIA); • A confirmação do caso ocorre quando pelo menos dois testes (distintos) são reagentes, sendo o ELISA, preferencialmente, um des- tes; • Xenodiagnóstico: é o método de diagnós- tico indireto empregado quando se quer de- tectar o parasita na fase crônica da doença; • Hemocultura: este método, quando reali- zado em paralelo com o xenodiagnóstico, pode apresentar maior sensibilidade, depen- dendo da técnica utilizada; • Reação Cadeia da Polimerase (PCR): consiste na amplificação in vitro de frag- mentos de DNA de T. cruzi presentes em amostras de sangue, soro ou tecidos do pa- ciente infectado. Esta técnica é de alta sen- sibilidade. → • Para o tratamento etiológico da doença de Chagas em qualquer fase, há dois me- dicamentos principais: benznidazol e ni- furtimox; • Benznidazol: deve ser a primeira opção devido a maior experiência de uso em nosso meio, maior disponibilidade e menor perfil de eventos adversos; uso por 60 dias, 3x dia; • Nifurtimox: pode ser utilizado nos casos em que o Benznidazol não seja adequada- mente tolerado ou não esteja disponível tra- tamento empírico pode ser considerado. Uso por 60 dias, 3x dia. Fase aguda: • Na fase aguda, o tratamento deve ser rea- lizado em todos os casos e o mais rápido possível, independentemente da via de transmissão do parasito; • Pacientes diagnosticados como doença de Chagas congênita devem receber trata- mento antiparasitário independentemente de o diagnóstico ter sido realizado por mé- todos parasitológicos nas primeiras sema- nas ou por meio de testes sorológicos con- vencionais até nove meses após o nasci- mento. Fase crônica: • Devem ser tratadas todas as crianças com idade igual ou inferior a 12 anos portadoras da doença de Chagas independente da fase; • Adolescentes com idade entre 13 e 18 anos e adultos com infecção crônica, é usual- mente recomendado o tratamento antipara- sitário, indivíduos 19 a 50 anos, sem infec- ção recente documentada, o tratamento an- tiparasitário deve ser considerado de forma individualizada; • De forma específica, o tratamento de mu- lheres cronicamente infectadas em idade fértil, realizado antes de gravidez, tem o efeito de reduzir a transmissão congênita; • Apesar de recomendado, é considerada in- certa a eficácia do tratamento etiológico na fase crônica em indivíduos na faixa etária acima de 50 anos; • Indivíduos devem realizar avaliações pe- riódicas, com realização de exames comple- mentares, como eletrocardiograma, quando adequado; • Recomenda-se o tratamento: na imunos- supressão associada ao HIV por ser fator de risco importante para reativação da doença de Chagas (aumento da parasitemia, incapa- cidade do sistema imune em controlar a in- fecção) há alta morbimortalidade decor- rente de reativação da infecção em sistema nervoso central, miocardite e quadro diges- tivo, impactando também na qualidade de vida. Na imunossupressão em outras doenças associadas à do- ença de Chagas: • Situações clínicas como neoplasias, doen- ças do colágeno, entre outras, em portadores da doença de Chagas, podem estar associa- das à reativação. As recomendações são as mesmas para a reativação em transplante de órgãos e na coinfecção doença de Chagas e HIV; • Gestante apresentando quadro clínico grave de doença de Chagas aguda (por exemplo, miocardite ou meningoencefalite), tratamento deve ser realizado independente- mente da idade gestacional. Porém prefe- rencialmente a partir do segundo trimestre de gestação, quando o risco de malforma- ções é menor; • Acidentes caracterizados como de risco elevado para transmissão da doença, como perfurocortantes, e contato com mucosas durante a manipulação de material bioló- gico com parasitas vivos (amostras para cul- tura de T. cruzi, líquidos de pacientes com elevada parasitemia e material de necropsia, vetores e animais de laboratório infectados), deve-se fazer a profilaxia primária, inici- ando-se o medicamento imediatamente após o acidente e mantendo-o por 10 dias. Faz-se a sorologia em 20, 40 e 60 dias para reavaliar necessidade de tratamento. Malária • A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários do gênero Plasmodium transmitidos pela picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles, também conhecido como mos- quito-prego; • São mais abundantes nos horários cre- pusculares, ao entardecer e ao amanhe- cer. Todavia, são encontrados picando du- rante todo o período noturno; • Os locais preferenciais escolhidos para co- locar seus ovos (criadouros) são coleções de água limpa, sombreada e de baixo fluxo, muito frequentes na Amazônia Brasileira; • O ciclo se inicia quando o mosquito pica um indivíduo com malária sugando o san- gue com parasitas (plasmódios); • No mosquito, os plasmódios se desenvol- vem e se multiplicam; • O ciclo se completa quando estes mosqui- tos infectados picam um novo indivíduo, infectando a pessoa com os parasitas; • A malária também é conhecida como im- paludismo, paludismo, febre palustre, febre intermitente, febre terçã benigna/febre terçã maligna, além de nomes populares como maleita, sezão, tremedeira, batedeira ou febre; • No Brasil, a maioria dos casos de malária se concentram na região amazônica, com- posta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocan- tins; • Período de incubação: varia de 7 a 14 dias, podendo, contudo, chegar a vários me- ses em condições especiais, no caso de P. vivax e P. malariae. → • Febre alta, calafrios, tremores, sudorese, dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. • Muitas pessoas, antes de apresentarem es- tas manifestações mais características, sen- tem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. Sintomas comuns: • Calafrios; • Febre (no caso da infecção por P. malariae, é mais baixa e repete de 3 em 3 dias); • Mal-estar; • Prostração; • Suor intenso. Malária grave: • Prostração; • Alteração da consciência; • Dispneia ou hiperventilação; • Convulsões; • Hipotensão arterial ou choque; • Hemorragias. → • No Brasil existem três espécies de para- sitas Plasmodium que afetam o ser hu- mano: P. falciparum, P. vivax, P. malariae. P. falciparum: • Febre terçã maligna: ciclo febril 36 a 48h; • Maior número de óbitos, mais agressivo, se multiplicarapidamente na corrente san- guínea, destruindo de 2% a 25% do total de hemácias (glóbulos vermelhos) provocando um quadro de anemia grave, além de pe- quenos coágulos que podem gerar proble- mas como tromboses e embolias em diver- sos órgãos do corpo; • Considerada uma emergência médica e o seu tratamento deve ser iniciado nas primei- ras 24h do início da febre; • Apresenta como sintomas: - Aumento do baço; - Calafrios; - Delírios (em alguns casos); - Dor de cabeça; - Dor muscular; - Febre alta; - Sudorese; - Taquicardia. - Convulsões; - Desorientação; - Excitação; - Rigidez na nuca; - Sonolência; - Vômitos; - Oliguria; - Icterícia. P. vivax: • Febre terçã benigna: ciclo da febre 48h; • Causa um tipo de malária mais branda, que não atinge mais do que 1% das hemácias, e é raramente mortal; • No entanto, seu tratamento pode ser mais complicado, já que se aloja por mais tempo no fígado, dificultando sua eliminação; • Além disso, pode haver diminuição do nú- mero de plaquetas. P. malariae: • Febre quartã: ciclo febril 72h; • Possui quadro clínico bem semelhante ao da malária causada pelo P. vivax; • É possível que a pessoa acometida por este parasita tenha recaídas a longo prazo, podendo desenvolver a doença novamente anos mais tarde. P. ovale: • Febre terçã benigna: ciclo febril 48h; • Maior incidência na África, muito raro no Brasil. → Pesquisa direta do parasita: • Microscopia da gota espessa de sangue, colhida por punção digital e corada pelo mé- todo de Walker padrão-ouro para a detecção e identificação dos parasitas da malária; • É possível detectar densidades baixas de parasitas (5-10 parasitas por µl de sangue) A técnica demanda cerca de 60 minutos, en- tre a coleta do sangue e o fornecimento do resultado. Testes rápidos imuno cromatográficos: • Detecção de antígenos dos parasitas por anticorpos monoclonais, que são revelados por método imuno cromatográfico; • Permitem diagnósticos rápidos, em cerca de 15 a 20 minutos. • A sensibilidade para P. falciparum é maior que 90%; • Desvantagens: - Não distinguem P. vivax, P. malariae e P. ovale; - Não medem o nível de parasitemia; - Não detectam infecções mistas que in- cluem o P. falciparum. → • A decisão de como tratar o paciente com malária depende dos seguintes aspectos: - Espécie de plasmódio infectante, pela es- pecificidade dos esquemas terapêuticos a serem utilizados; - Idade do paciente, pela maior toxicidade para crianças e idosos; - História de exposição anterior à infecção uma vez que indivíduos primoinfectados tendem a apresentar formas mais graves da doença; - Gravidez e outras imunossupressões; - Gravidade da doença, pela necessidade de hospitalização e de tratamento com es- quemas especiais de antimaláricos. • O tratamento visa atingir o parasita em pontos-chave de seu ciclo evolutivo, • O tempo varia entre 3 e 14 dias, a depender da espécie, com o uso de esquemas con- tendo Cloroquina, Primaquina, Artesunato, Artemether, Mefloquina, Lumefantrina, Doxiciclina, Quinina e Clindamicina. Malária por P. vivax ou por P. ovale: • Cloroquina por 3 dias em associação com a Primaquina por 7 dias; • Gestantes, puérperas com até um mês de aleitamento e crianças menores de 6 meses não podem usar a Primaquina; • Gestantes devem usar o tratamento con- vencional com Cloroquina por três dias e cloroquina profilática até o fim do primeiro mês de lactação, para prevenção de recaídas; • O tratamento com Artemisinina (ACT) por 3 dias e Primaquina por 14 dias está indi- cado para casos de recorrências de Plasmo- dium vivax. Malária por P. malariae: • O tratamento de P. malariae assemelha-se ao tratamento para malária vivax (apenas cloroquina por três dias), porém sem a ne- cessidade de uso da Primaquina. Malária por P. falciparum: • Utiliza-se o tratamento com combinações fixas de derivados de Artemisinina (ACT), Artemeter + Lumefantrina ou Artesunato + Mefloquina, por 3 dias para o tratamento clínico e a Primaquina em dose única; • Gestantes, puérperas com até um mês de lactação e crianças menores de 6 meses não podem usar Primaquina e são tratadas ape- nas com Artemisinina (ACT). Malária mista (P. falciparum e P. vivax ou P. ovale): • Para pacientes com infecção mista por P. falciparum e P. vivax (ou P. ovale), o tratamento deve in- cluir Artemeter + Lumefantrina ou Artesu- nato + Mefloquina, que são drogas eficazes para todas as espécies, associando-as à Primaquina por sete dias (para o tratamento radical de P. vivax), nas doses especificadas. → • Entre as principais medidas de preven- ção individual da malária estão: - Uso de mosquiteiros; - Roupas que protejam pernas e braços; - Telas em portas e janelas; - Uso de repelentes; Medidas de prevenção coletiva contra malária são: - Borrifação residual intradomiciliar; - Uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração; - Drenagem e aterro de criadouros; - Pequenas obras de saneamento para eli- minação de criadouros do vetor; - Limpeza das margens dos criadouros; - Modificação do fluxo da água; - Controle da vegetação aquática; - Melhoramento da moradia e das condi- ções de trabalho; - Uso racional da terra. Parasitoses intestinais → Modo de transmissão: • Ingestão de alimentos ou água contami- nados por fezes contendo cistos; • Ocorre mais raramente na transmissão se- xual devido a contato oral-anal; • Os portadores assintomáticos, que mani- pulam alimentos são importantes dissemi- nadores desta protozoose. • Período de incubação: entre 2-4 semanas, podendo variar dias, meses ou anos. Complicações: • Granulomas amebianos (amebomas) na parede do intestino grosso; • Abcesso hepático, pulmonar ou cerebral; • Empiema; • Pericardite; • Colite fulminante com perfuração. Diagnóstico: • Presença do parasita encontrados nas fezes, em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia; • Aspirados de abcessos ou cortes de tecido. Tratamento • Secnidazol 2g, em dose única; • Metronidazol 500/750 3x dia por 5 dias; • Tinidazol, 2g, após uma das refeições, du- rante 2 dias → • Pode apresentar-se assintomática, em caso de infecções leves; • Em crianças com parasitismo intenso, pode ocorrer hipoproteinemia e atraso no desenvolvimento físico e mental; • Com frequência, dependendo da intensi- dade da infecção, acarreta anemia ferro- priva. • Sinonímia: amarelão, opilação, doença do Jeca Tatu; • Agente etiológico Nematóides da família Ancylostomidae: A. duodenale e Necator americanus. Modo de transmissão: • Os ovos que estão nas fezes são deposita- dos no solo onde se tornam larvas. A infec- ção se dá quando essas larvas infectantes penetram na pele, geralmente pelos pés, causando uma dermatite característica; • As larvas dos ancilóstomos, após penetra- rem através da pele, passam pelos vasos lin- fáticos, ganham a corrente sanguínea e nos pulmões penetram nos alvéolos; • Migram para a traqueia e faringe, são deglutidas e chegam ao intestino delgado, onde se fixam, atingindo a maturidade ao fi- nal de 6 a 7 semanas, passando a produzir milhares de ovos por dia. Complicações: • Anemia; • Hipoproteinemia, podendo ocorrer insufi- ciência cardíaca e anasarca; • A migração da larva através dos pulmões pode causar hemorragia e pneumonite. Diagnóstico clínico: • Prurido característico. Diagnóstico laboratorial: • Achado de ovos no exame parasitológico de fezes. Tratamento: • Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, du- rante 3 dias consecutivos. → • Manifesta-se por dor abdominal, diar- reia, náuseas e anorexia. Quando há grande número de vermes,pode ocorrer quadro de obstrução intestinal; • Em virtude do ciclo pulmonar da larva, alguns pacientes apresentam manifestações pulmonares com broncoespasmo, hemop- tise e pneumonite, caracterizando a síndrome de Löefler, que cursa com eosi- nofilia importante; • Quando há grande número de vermes, pode ocorrer quadro de obstrução intesti- nal; • Agente etiológico: Ascaris lumbricoides, ou lombriga. Modo de transmissão: • Ingestão dos ovos infectantes do para- sita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. Complicações: • Obstrução intestinal; • Volvo; • Perfuração intestinal; • Colecistite; • Colelitíase; • Pancreatite aguda; • Abscesso hepático. Diagnóstico: • Achado de ovos nos exames parasitológi- cos de fezes. Tratamento: • Albendazol (400mg/dia, em dose única para adultos); • Mebendazol, 100mg, 2vezes ao dia, du- rante 3 dias consecutivos. → • Pode cursar assintomática ou apresentar, como característica principal, o prurido re- tal, frequentemente noturno, que causa irri- tabilidade, desassossego, desconforto e sono intranquilo; • As escoriações provocadas pelo ato de coçar podem resultar em infecções secun- dárias em torno do ânus, com congestão na região anal, ocasionando inflamação com pontos hemorrágicos; • Sintomas inespecíficos do aparelho di- gestivo são registrados: como vômitos, do- res abdominais, tenesmo, puxo e, raramente, fezes sanguinolentas. • Outras manifestações, como vulvovagini- tes, salpingites, ooforite e granulomas pelvianos ou hepáticos, têm sido registra- das esporadicamente; • Sinonímia: Oxiuríase; • Agente etiológico: Enterobius vermicula- ris, nematódeo intestinal. Modo de transmissão: • Autoinfecção externa ou direta: do ânus para a cavidade oral, através dos dedos, principalmente nas crianças, e adultos com precários hábitos de higiene; • Indireta: ovos presentes na poeira ou ali- mentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou; • Heteroinfecção: os ovos presentes na po- eira ou alimentos atingem um novo hospe- deiro; • Retroinfestação: migração das larvas da região anal para as regiões superiores do in- testino grosso chegando até o ceco, onde se tornam adultas; • Autoinfecção interna: processo raro no qual as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migrariam até o ceco, transfor- mando-se em vermes adultos. Complicações: • Salpingites; • Vulvovaginites; • Granulomas pelvianos; • Infecções secundárias às escoriações. Diagnóstico: • Em geral, clínico, devido ao prurido carac- terístico; • Diagnóstico laboratorial: é feito pelo en- contro do parasita e de seus ovos; - Como dificilmente é conseguido nos pa- rasitológicos de fezes de rotina, sendo achado casual quando o parasitismo é muito intenso, deve-se pesquisar diretamente na região perianal, cuja colheita é feita na re- gião anal, seguida de leitura em microscó- pio; - Também podem ser pesquisados em ma- terial retirado de unhas de crianças infecta- das, que oferecem alto índice de positivi- dade. Tratamento: • Pamoato de pirvínio, VO, dose única; • Mebendazol, 100mg, 2 vezes ao dia, du- rante 3 dias consecutivos; • Albendazol, 10mg/kg, VO, dose única, até no máximo de 400mg. → • A maioria das infecções é assintomática e ocorre tanto em adultos quanto em crian- ças; • A infecção sintomática pode apresentar-se através de diarreia, acompanhada de dor abdominal; • Esse quadro pode ser de natureza crônica, caracterizado por fezes amolecidas, com as- pecto gorduroso, acompanhadas de fadiga, anorexia, flatulência e distensão abdominal; • Anorexia, associada com má absorção, pode ocasionar perda de peso e anemia; • Não há invasão intestinal; • Agente etiológico: Giardia lamblia. Modo de transmissão: • Fecal-oral; • Direta: pela contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em fezes de pessoa infectada; ou indireta, através de ingestão de água ou alimento contaminado. Complicações: • Síndrome de má absorção. Diagnóstico: • Pesquisa direto nas fezes ou identificação no fluido duodenal, obtido através aspiração; • A detecção de antígenos pode ser realizada através do ELISA, com confirmação diag- nóstica. Em raras ocasiões, poderá ser reali- zada biópsia duodenal. Tratamento: • Secnidazol 2g, VO, dose única, tomada após uma refeição • Tinidazol 2g, VO, dose única; • Metronidazol 250mg, VO, 2 vezes ao dia, por 5 dia. → • A teníase é provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Ta- enia saginata, no intestino delgado do ho- mem; • A cisticercose é causada pela larva da Taenia solium nos tecidos, ou seja, é uma enfermidade somática; • A teníase é uma parasitose intestinal que pode causar dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, di- arreia ou constipação. • Quando o parasita permanece na luz intes- tinal, o parasitismo pode ser considerado benigno e só, excepcionalmente, requer in- tervenção cirúrgica por penetração em apêndice, colédoco, ducto pancreático, de- vido ao crescimento exagerado do parasita; • A infestação pode ser percebida pela eli- minação espontânea nas fezes de proglo- tes do verme; • Em alguns casos, podem causar retardo no crescimento e no desenvolvimento das crianças, e baixa produtividade no adulto; • As manifestações clínicas da cisticercose (larvas da Taenia solium) graves estão lo- calizadas no sistema nervoso central e apresentam sintomas neuropsiquiátricos (convulsões, distúrbio de comportamento, hipertensão intracraniana) e oftálmicos. Agente etiológico: • Taenia solium é a tênia da carne de porco e a Taenia saginata é a da carne bovina; • Esses dois cestódeos causam doença intes- tinal (teníase) e os ovos da Taenia solium desenvolvem infecções somáticas (cisticer- cose). Modo de transmissão: • A teníase é adquirida através da ingesta de carne de boi ou de porco mal-cozida, que contém as larvas; • Quando o homem ingere, acidentalmente, os ovos de T. solium, adquire a cisticercose; • A cisticercose humana por ingestão de ovos de T. saginata não ocorre ou é extre- mamente rara. Complicações: • Da teníase: obstrução do apêndice, colé- doco, ducto pancreático; • Da cisticercose: deficiência visual, lou- cura, epilepsia, entre outros. Diagnóstico: • É clínico, epidemiológico e laboratorial. • Os proglotes são eliminados espontanea- mente e, nem sempre, são detectados nos exames parasitológicos de fezes; • Coleta-se material da região anal e, através do microscópio, diferencia-se morfologica- mente os ovos da tênia dos demais parasitas; • Os estudos sorológicos específicos (fixa- ção do complemento, imunofluorescência e hemaglutinação) no soro e líquido cefalor- raquiano confirmam o diagnóstico da neu- rocisticercose, cuja suspeita é feita através de exames de imagem (raio-X tomo- grafia computadorizada e ressonância nu- clear magnética de cisticercos calcificados); • A biópsia de tecidos, quando realizada, possibilita a identificação microscópica da larva. Tratamento: • Teníase: - Mebendazol 200mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias, VO; • Niclosamida ou clorossalicilamida, 2g, VO, dividido em duas tomadas; - Praziquantel, VO, dose única, 5 a 10mg/kg; - Albendazol, 400mg/dia, durante 3 dias. Neurocisticercose - Praziquantel, na dose de 50mg/kg/dia, durante 21 dias, associado à Dexametasona para reduzir a resposta inflamatória, conse- quente à morte dos cisticercos; - Albendazol, 15 mg/dia, durante 30 dias, dividido em 3 tomadas diárias, associado a 100mg de metilpredinisolona, no primeiro dia de tratamento, a partir do qual se man- tém 20mg/dia, durante os 30 dias; - O uso de anticonvulsivantes, às vezes,se impõe, pois cerca de 62% dos pacientessão portadores de epilepsia associada. → • Causada por um parasita que vive nos vasos linfáticos dos indivíduos infectados, apresentando diversas manifestações clíni- cas; • Existem indivíduos que nunca desenvol- vem sintomas; • Podem apresentar: febre recorrente aguda, astenia, mialgias, fotofobia, quadros urticariformes, pericardite e cefaleia, linfa- denite e linfangite retrograda, com ou sem microfilaremia; • Os casos crônicos mais graves são de indi- víduos que apresentam hidrocele, quilúria e elefantíase de membros, mamas e ór- gãos genitais. Nesses casos, em geral, a densidade de microfilária no sangue é muito pequena ou mesmo não detectável; • Podem ocorrer casos de eosinofilia pul- monar tropical, que se manifesta por cri- ses paroxísticas de asma, com pneumonia intersticial crônica, ligeira febre recor- rente; • Agente etiológico: Wuchereria bancrofti. Modo de transmissão: • Picada dos mosquitos transmissores com larvas infectantes; • O Culex quinquefasciatus é o principal transmissor no Brasil. • Em geral, as microfilárias têm periodici- dade para circular no sangue periférico, sendo mais detectadas à noite, entre as 23 h e 1 dia. Complicações: • Hidrocele; • Linfoscroto; • Elefantíase; • Hematoquilúria. Diagnóstico clínico-epidemiológico: • Quando há manifestações sugestivas e o indivíduo é oriundo de área endêmica; • Diagnóstico específico: o teste de rotina é feito através da pesquisa da microfilária no sangue periférico pelo método da gota es- pessa (periodicidade noturna – das 23:00 a 05:00h). Pode-se ainda pesquisar microfilá- ria no líquido ascítico, pleural, sinovial, ce- falorraquidiano, urina, expectoração, pus, gânglios, sendo, entretanto, restrito a casos específicos; • Pela presença do verme adulto no sistema linfático, genitália ou em outras lesões (essa forma de diagnóstico não é realizada de ro- tina); • Sorologias: podem ser realizados os testes de ELISA ou testes imunocromatográficos para pesquisa de antígenos circulantes; • Diagnóstico por imagem: nos homens é indicada a ultrassonografia da bolsa escrotal. Em mulheres a ultrassonografia da mama ou região inguinal e axilar devem ser avali- adas. Tratamento: • Dietilcarbamazina (DEC), com vários esquemas preconizados: - 6 mg/kg/dia, VO, com periodicidade se- mestral ou anual; - 6 mg/kg/dia, VO, por 12 dias; - 6 mg/kg/dia, VO, por 2 a 4 semanas; • Ivermectina (IVM), na dose de 200 µg/kg, 1 vez ao ano, VO. • Associação da IVM + DEC nas doses: IVM, 200 µg /kg + DEC, 6mg/Kg, VO, 1 vez ao ano; • O regime em combinação aparenta ser me- lhor do que ambas as drogas usadas isolada- mente, para obtenção a longo prazo a redu- ção da densidade e da prevalência da micro- filaremia; • O período estima-se que se deve adminis- trar dose única por 5 a 10 anos.
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