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Restaurações de Amálgama É um dos materiais restauradores mais antigos. Existem diversos fatores que contribuíram e contribuem para o material apresente um sucesso, como o seu baixo custo, técnica de uso simples e pouco sensível a determinadas variações no procedimento, apresenta alta resistência ao desgaste, suportando adequadamente os esforços mastigatórios, após o polimento sua lisura é satisfatória, apresentam ainda capacidade autosselamento da interface pelo depósito de produtos de corrosão e todos esses fatores proporcionam a longevidade da restauração. Porém devido a sua cor metálica, não é nada estética. Atualmente, as restaurações de amálgama são indicadas para dentes posteriores em cavidades de classe 1 e 11 com tamanho moderado a grande e V onde a estética não é fundamental. As ligas convencionais apresentam de 65% a 70% de prata, 25 a 30% de estanho e zero a 6% de cobre e zero a 2% de zinco. Inicialmente ocorre uma contração do material em virtude da dissolução, porém, a seguir, ocorre a crescimento dos cristais, correndo então uma expansão. Quanto maior o teor de cobre na liga, menor é o escoamento. Lista de instrumentais e Materiais necessários Equipamento de proteção individual básico Campo estéril para trabalho clínico ou plástico para bancada ( plástico azul) Liga para amálgama e mercúrio, de preferência pré- dosadas Espelhos clínico Pinça clínica Sonsa exploradora dupla n°5 Tesoura Iris reta Arco de Ostby Perfurador de Ainsworth ou de ivory Pinça porta grampo de Palmer Lençol de borracha Grampos n°s 200, 202, 205,207,209 e 14ª Fio dental Espátula n°1 para inserção Porta amálgama metálico modelo 10ª-PF Pote Dappen de borracha Porta matriz tipo toflemire Tira de matriz de aço de 5 e 7mm com espessura de 0,05mm Cureta para dentina n°17 e n°19 Lamparina a álcool Godiva de baixa fusão Cunhas de madeira pré acabadas de várias espessuras Pinça hemostática tipo mosquito para ponta curva Condensadores de Ward n°s 00, 1, 2 e 3 Esculpidores de hollenback n° 3 e 3S Esculpidores de Frahn n° 2, 6 e 10 Removedor de excessos interproximais IPC I Brunidor em forma de ovo n°29 Brunidor de Bennett n° 33 Brunidor de Hollenback n° 6 Pinça Muller para carbono Papel-carbono de pequena espessura (<10um) Técnica Restauradora Após o término do preparo da cavidade, deve-se realizar o isolamento absoluto, após é realizada a limpeza da cavidade, aplicando um detergente aniônico, seguido por lavagem e secagem com jato de ar. A seguir aplica-se a solução de flúor a 2% por 2 a 4min, seguida por secagem com jato de ar. Em cavidades muito profundas deve-se analisar a necessidade de proteção pulpar, com a aplicação de um material forrador, é importante que o material forrador não atinja o ângulo cavossuperficial. Restaurações de preparos classe 11 ( local 2) A técnica restauradora em classe 1 é exatamente a mesma da classe 11. Primeiro passo é a aplicação do sistema de matrizes e cunhas. Após é realizado a trituração e condensação do amálgama, em materiais subtriturados o amálgama irá ter um aspecto esfarelado, sem plasticidade e com aparência opaca, aumentando assim a expansão e a porosidade, predispondo a fraturas. Em relação a supertrituração, observa-se que o material apresenta-se muito brilhante, porém com pouca plasticidade e determinado aquecimento, aumentando o escoamento e diminuindo a expansão de presa O próximo passo é levar o material à cavidade e começar a condensação., que possui como objetivo diminuir a porosidade, remover os excessos de mercúrio e produzir uma massa de metal sólida que possa ser esculpida e polida. Deve-se iniciar a aplicação do amálgama pelas caixas proximais e também a condensação, condensando contra os ângulos diedros e triedros, retenções e contra a parede gengival. A condensação do material deve ser realizada antes do término do tempo de presa inicial que é em média 3 minutos., uma boa condensação pode quase sobrar a resistência à fratura do amálgama. Deve-se ter um excesso de material de 1mm sobre o ângulo cavosuperficial. Brunidura pré-escultura Após o término da condensação, é realizada a brunidura pré-escultura, que não deixa de ser um tipo de condensação. Para isso se utiliza instrumentos grandes em relação a cavidade: Ela deve ser realizada no sentido da restauração para a margem, com forte pressão. Escultura A escultura pode ser iniciada a partir do momento em que o amálgama já está duro o suficiente para resistir a pressão suave do instrumento. Uma escultura profunda pode resultar em fragilização da margem da restauração, predispondo a fraturas. Para realizar a escultura devemos utilizar materiais cortantes: A escultura de uma restauração que envolve a cavidade proximal deve ser iniciada pela crista marginal, refazendo sua vertente proximal. Deve-se posicionar a soda exploradora em uma angulação de 45° e o instrumento ser movimentado no sentindo vestíbulo lingual, para remover o excesso de amálgama e evitar sua fratura quando remover a tira matriz. A altura da crista deve ser semelhante a do dente adjacente. A seguir, é realizada a escultura das vertente triturantes, a ponta do instrumento deve ser posicionada na região do futuro sulco central. Uma escultura mais grosseira deve ser realizada rapidamente e a matriz, removida. Após a remoção da matriz é possível refinar mais a escultura, comparando com o dente adjacente a altura da crista marginal e outros detalhes. Brunidura pós escultura Consiste em esfregar os instrumentos brunidores com dimensões pequenas sobre a restauração com suave pressão, evitando deformá-la. Os objetivos desse procedimento são diminuir as porosidades superficiais e proporcionar uma superfície mais lisa, diminuir a corrosão superficial e consequentemente, reduzindo a microinfiltração marginal. Deve-se também fazer a checagem e o alisamento da superfície proximal através do fio dental, com cuidado para não eliminar o ponto de contato, pois o amálgama ainda não está completamente cristalizado., se o excesso existir e não for removido com o fio dental, pode ser usado o removedor de excessos interproximais IPC. Ajuste Oclusal Após todos os passos, é removido o isolamento e realizar a checagem dos pontos de contato utilizando o papel carbono. Primeiro deve-se voltar o lado vermelho do carbono para o dente restaurado, e o paciente é orientado a fazer movimentos de protusão e lateralidade. A seguir vira-se para o lado preto do carbono, e pede para o paciente fechar em oclusão central (OC). Os contatos em OC e aqueles que eventualmente ocorrerem durante os movimentos protusivos e de lateralidade, devem ser analisados e ajustados, removendo assim qualquer contato prematuro que possa levar ao desconforto e a futuras fraturas. Restauração de preparos de Classe 1 composta Em cavidades classe 1 composta, é necessário o recorte da matriz de Barton, que é uma tira de matriz, colocada entre a matriz universal e a superfície do dente Utiliza-se uma godiva de baixa fusão plastificada, afasta-se a matriz de Barton com uma sonda exploradora e insere-se a cunha em posição, promovendo a estabilização do conjunto A seguir faz se a brunidura pré escultura e inicia-se a escultura da região com sonda exploradora e da superfície oclusal. A seguir remove-se a matriz e completa-se a escultura e realiza-se a brunidura pós escultura. Restaurações de preparos classe V ( local 3 em superfícies livres) São indicadas para áreas em que a estética não estáenvolvida, onde o acesso e a visibilidade são limitados e onde o controle de umidade é difícil. Pode necessitar do afastamento da gengiva com um fio de afastamento ou dique de borracha e grampos para proporcionar acesso a margem gengival. O fio de afastamento deve ser colocado antes do preparo para evitar danos a gengiva A maioria dos preparos classe V, pode ser restaurada sem o uso de matriz. Devendo o amálgama ser condensado primeiro em direção às retenções com um condensador pequeno e depois contra as paredes mesial e distal, e depois a cavidade central é preenchida. Em caso de cavidades extensas é necessário colocar a matriz a universal e então é removida uma janela no local da cavidade com uma ponta diamantada cilíndrica com dimensões menores, para inserção do amálgama. Após colocar o material, é removida a matriz, faz-se a brunidura pré escultura, realiza a escultura com a adequação da bossa e por fim a brunidura pós escultura. Restaurações de preparos tipo slot horizontal A matriz escolhida é a em S, ela é posicionada no espaço interproximal, e uma cunha é inserida pela face oposta ao acesso do preparo, sendo estabilizada com godiva., é colocado o amálgama na cavidade, condensado e a escultura iniciada com a sonda exploradora, contra a tira matriz. A seguir usa-se a o esculpidor de hollemback. A matriz e a cunha são removidas e a escultura finalizada com um removedor de excesso oi explorador com ponta fina. Acabamento e polimento Materiais utilizados: EPI Micromotor e contra- ângulo Espelho clínico Pinça clínica Sonda exploradora dupla n°5 Pinça Muller para papel carbono Papel carbono Taça e cone de borracha Escova de Robinson Brocas multilaminadas com 12 ou 30 lâminas Kit de borrachas abrasivas de granulação decrescente para polimento de amálgama Álcool 96% Pedra Pomes Óxido de zinco ou óxido de estanho Discos de lixa de abrasividade decrescente Define como acabamento o processo de remoção grosseira do material, ajustar a oclusão, refinar a escultura e produzir uma superfície razoavelmente lisa. Por outro lado o polimento é o processo de remoção fina de material da restauração, resultando na produção de uma superfície muito lisa e altamente refletiva No caso da região proximal, caso não haja extravasamento, não será necessário polir, pois ela irá copiar a tira de matriz. Porém caso seja constatado, é necessário o polimento. Na superfície oclusal, vestibular e lingual, devem-se usar as brocas multilaminadas com spray de ar e água. A broca deve estar posicionada paralelo a superfície dental, deve ser usado o instrumento rotatório com muita suavidade, evitando a realização de pequenos poros, fossas ou sulcos indesejáveis. Após o acabamento ser realizado, a ponta de um explorador deve ser passada entre a superfície da restauração e do remanescente dentário e não deve pular e nem prender. Existem duas técnicas de polimento: Técnica das borrachas abrasivas: utiliza-se pontas de borrachas em forma de cone ou taça, aglutinadas com agentes abrasivos com granulações diferentes. Os cones são utilizados na superfície oclusal, nas vertentes e nos sulcos, enquanto as taças nas vertentes de cúspides, cristas marginais e ameias proximais. Sequência de cor dos abrasivos: marrom, verde e azul. Devem ser associadas com um jato de ar ou um gel lubrificante. Entre cada aplicação, a superfície deve ser lavada, para remoção do abrasivo anterior. Técnica das pastas abrasivas: Iniciar com uma pasta de pedra pomes e água, com escova de Robinson. Os instrumentos devem ser embebidos em pasta para evitar o aquecimento e garantir o polimento. A seguir faz-se uma lavagem com água, e aplica-se uma pasta de óxido de zinco ou óxido de estanho com álcool. Durabilidade das restaurações de Amálgama Restaurações de amálgama bem realizadas podem durar de 15 a 20 anos ou mais. O operador é o mais importante, o preparo cavitário adequada, a manipulação correta do material e o uso de uma técnica restauradora minuciosa é fundamental. Controvérsias sobre o Uso do Amálgama Embora seja muito eficaz como material restaurador, por usar mercúrio, torna-se perigoso a saúde humana. Um cuidado necessário, é nunca trabalhar com o amálgama quando houver algum ferimento na mucosa, assim como evitar feri-la durante o procedimento, pois o amálgama em contato pode resultar em tatuagem por amálgama.