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HABEAS CORPUS - PRÁTICA CONSTITUCIONAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO...
Nome e qualificação completos, advogada inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil sob o n. de inscrição..., com endereço profissional..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar 
HABEAS CORPUS
Com fulcro no art. 5.°, inciso LXVIII, da Constituição Federal de 1988, combinado com os arts. 647 e ss do Código de Processo Penal, contra ato do Ilustríssimo Juízo de Direito da Vara Cível da Comarca..., Estado..., em favor de Maria, nacionalidade, estado civil, profissão, RG..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I – DOS FATOS
Maria adquiriu um veículo popular por meio de contrato de arrendamento mercantil (leasing), em 60 prestações de R$ 800,00. A partir da 24° prestação, a paciente começou a ter dificuldades financeiras e resolveu vender o veículo a Pedro, o qual se comprometeu a pagar as prestações vincendas e vencidas. A venda não foi comunicada ao agente financeiro, já que havia risco de o valor da prestação ser majorado. O comprador deixou de pagar mais de cinco prestações, o que suscitaria rescisão contratual. O agente financeiro decidiu propor ação de busca e apreensão do veículo, tentativa essa que restou frustrada em decorrência do fato da paciente não possuir o veículo em seu poder, já que o alienara a Pedro. O agente financeiro pediu a transformação, nos mesmos autos, da ação de busca e apreensão em ação de depósito, requerendo a prisão de Maria, por esta ser depositária infiel do referido bem.
O juiz competente determinou a prisão civil da paciente até que ela devolvesse o supramencionado veículo ou pagasse as prestações em atraso. Maria não tem mais o veículo em seu poder e perdeu o seu emprego em virtude da prisão civil. Dois dias após a efetivação da prisão, o advogado ora contratado interpôs, inicialmente, recurso de agravo de instrumento contra aquela decisão judicial, o qual não foi conhecido pelo tribunal, diante da ausência de documento imprescindível ao seu processamento.
Ingressou com ação de rito ordinário contra Pedro, com pedido de tutela antecipada, visando receber as prestações em atraso, ação essa que foi extinta sem julgamento do mérito. Ingressou, ainda, com ação de rito ordinário contra o arrendador discutindo algumas cláusulas do contrato de arrendamento, ação essa que continua em curso, sem sentença. A paciente continua presa.
II – DO FUNDAMENTO JURÍDICO
	A paciente encontra-se presa em decorrência de uma dívida civil, tal situação encontra-se em conflito com o que preceitua o ordenamento jurídico pátrio em seu art. 5°, LIV, da Constituição Federal de 1988, quando afirma que: “ninguém será privado de sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.”
	Por sua vez, o art. 5°, LXVII, da Constituição Federal de 1988, dispões que: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;”. Diante do caso em análise, a autoridade coatora determinou a prisão civil da Paciente, fundamentada na previsão constitucional de depositária infiel. No entanto, a jurisprudência majoritária dos Tribunais Superiores Pátrios, sedimentaram o entendimento de ser ilícita a prisão civil de depositário infiel, sendo irrelevante a espécie de depósito, consoante disposição na Súmula Vinculante n. 25 e na súmula 419 do STJ, ambas reforçam e introduzem na legislação o entendimento jurisprudencial adotado.
	Diante da situação, é nítida a ilegalidade prisão perpetrada contra a paciente por parte da autoridade coatora, demostrando a conveniência e juridicidade do presente remédio constitucional, visando cessar a limitação ao direito de liberdade da paciente.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, o impetrante requer a concessão da ordem de “HABEAS CORPUS”, para o fim de:
a) a notificação da autoridade coatora para que preste as informações por escrito a cerca da decretação da prisão civil.
b) a procedência dos pedidos, concedendo a ordem para declarar a ilegalidade do ato de prisão, expedindo-se o devido alvará de soltura em favor da paciente;
c) a juntada dos documentos em anexos.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local..., data...
Advogada. OAB n. ...

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