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1 Analise crítica do alongamento muscular associado a agentes térmicos no ganho de flexibilidade crônica Everton Nobre 1 Everton-nobre@hotmail.com Dayana Priscila Maia Mejia 2 Pós-graduação em Traumato-Ortopedia Com Ênfase Em Terapias Manuais - Faculdade Ávila Resumo O alongamento muscular é uma prática comum no tratamento fisioterápico. O uso de recursos analgésicos como termoterapia e crioterapia diminui o desconforto de estiramento provocado pelo alongamento. Objetivo: O estudo teve como objetivo fazer uma analise crítica literária do alongamento muscular associado a recursos analgésicos, crioterapia e termoterapia. Materiais e Método: A pesquisa foi realizada através de uma busca sistemática nas bases de dados PubMed, Medline, LILACS e SCIELO por artigos publicados no período de 2007 a 2012. As palavras-chave utilizadas são: alongamento, flexibilidade muscular, maleabilidade, crioterapia, gelo, resfriamento, hipotermia, termoterapia, hipertermia, aquecimento. Também se realizou uma busca com as mesmas palavras-chave na língua inglesa. Os artigos identificados pela estratégia de busca deveriam consistir em ensaios clínicos randomizados, experimental-transversal, de variável qualitativa ordinal, duplo cego. Resultados: Foram encontrados 07 artigos. Após passar pelo critério de exclusão, foram utilizados 04 artigos, incluindo 142 voluntários nas pesquisas. Conclusão: Nenhum dos artigos encontrados foi possível observar ganho significativo de flexibilidade muscular crônica entre os grupos de alongamento associado a termoterapia versus alongamento associado a crioterapia. Palavras-chaves: Crioterapia; Termoterapia; Alongamento. 1. Introdução Flexibilidade é a capacidade de uma ou mais articulações se movimentarem de forma livre sem restrição, rigidez ou contratura muscular, e não interferir na amplitude de movimento considerada normal (KISNER, 2005; MILAZZOTTO, 2009; GAMA, 2007). O alongamento muscular é a técnica mais utilizada pelos fisioterapeutas. É uma manobra terapêutica com intensão de aumentar a flexibilidade das estruturas moles, permitindo amelhora da amplitude de movimento (ADM) por meio do alongamento de estruturas que se tornaram encurtadas com o decorrer do tempo (KISNER, 2005; MACIEL, 2007; MILAZZOTTO, 2009). A prática de alongamento promove um incomodo doloroso ao paciente, aumentando a tensão muscular. Segundo a International Association for the Study of Pain – IASP (1993), a dor é definida como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou descrita em termos de lesão tecidual real ou potente (FERREIRA, 2007). __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 Pós-graduando em Traumato-Ortopedia Com Ênfase Em Terapias Manuais - Faculdade Ávila. 2 Fisioterapeuta, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. 2 A dor é considerada uma reação natural, usada como alerta e proteção contra uma agressão que pode vir a comprometer a integridade e a normalidade (AGNE, 2005). A termoterapia é a pratica mais antiga no conhecimento da reabilitação. Pode ser definida como qualquer técnica terapêutica com o intensão de elevar a temperatura superficial ou profunda do corpo (STARKEY, 2001; KITCHEN, 2003). O termo crioterapia refere-se à aplicação de frio sobre o organismo com fins terapêuticos, geralmente empregados para o tratamento da dor (SILVA, 2007). É definido como conjunto de procedimentos capazes de retirar o calor do organismo (KAHN, 2001; LOW, 2011; LEVENTHAL, 2010). Com a crioterapia a redução da velocidade de condução nervosa ocorre, e, como consequência, menor sensação de dor e menor atividade fusal fazendo suportar maior tensão de alongamento. O estudo teve como objetivo fazer uma análise crítica literária do alongamento muscular associado a dois recursos analgésicos, crioterapia e termoterapia. 2. Fundamentação Teórica Todas as disfunções osteomioarticulares que a fisioterapia trata, está relacionada com alteração da flexibilidade ou hipomobilidade que leva a contratura muscular e rigidez articular (GAMA, 2007; MILAZZOTTO, 2009). 2.1.Flexibilidade e Amplitude de Movimento A flexibilidade é a habilidade de mover uma única articulação ou uma série de articulações de maneira suave e confortável por meio da amplitude de movimento irrestrita e sem dor (KISNER, 2005). O comprimento do músculo junto com a integridade articular e a extensibilidade dos tecidos moles periarticulares determinam a flexibilidade (GAMA, 2007; KISNER, 2005). A perca de flexibilidade trás a hipomobilidade, restrição ou limitação da amplitude de movimento, muitos fatores podem contribuir para a hipomobilidade e rigidez dos tecidos moles, perda de potencial da amplitude de movimento e o desenvolvimento de contraturas, podemos citar algumas como mobilização prolongada causada por gesso, tração esquelética, dor, inflamação, distúrbios em músculos, tendões ou fáscia, distúrbios na pele, bloqueio ósseo, distúrbios vasculares, estilo de vida sedentário e posturas habituais inadequadas ou assimétricas, paralisia, anormalidades de tônus e desiquilíbrios musculares (MILAZZOTTO, 2009; KISNER, 2005; GAMA, 2007; AQUINO, 2006). 2.2. Alongamento 2.2.1. Componentes Contráteis do Músculo Os músculos individuais são compostos por varias fibras musculares que estão organizadas paralelas umas às outras. A fibra muscular por sua vez é constituída de muitas miofibrilas. Cada miofibrila é composta de estruturas ainda menores chamadas de sarcômeros, que ficam em série dentro de uma miofibrila. Sarcômero é a unidade contrátil da miofibrila composta de actina e miosina que se sobrepõem e formam as pontes transversas (D’ANGELO, 2001). O sarcômero dá ao músculo a capacidade de contrair e relaxar. Quando uma unidade motora estimula o músculo a se contrair, a actina e miosina deslizam juntas e o músculo encurta-se ativamente (contração muscular). Quando o músculo relaxa, as pontes transversas se separam suavemente e o músculo retorna ao seu comprimento natural (GUYTON, 2006). 2.2.2. Fuso Muscular 3 É o principal órgão sensorial (receptor de alongamento) do músculo, o fuso muscular é composto de pequenas fibras musculares intrafusais que são arranjadas em feixes e correm paralelas a uma fibra muscular extrafusal. Os receptores sensoriais do fuso estão localizados no saco nuclear e cadeia nuclear (D’ANGELO, 2001). Quando estimulados pela tensão do alongamento, as informações desses receptores sobre velocidade e duração do alongamento e mudanças no comprimento dos músculos são transmitidas através de fibras aferentes tipo Ia e tipo II para o sistema nervoso central. Essas fibras também fazem sinapse nos motoneurônios alfa ou gama e facilitam a contração de suas próprias fibras extrafusais e intrafusais, respectivamente, inibindo os antagonistas do músculo (Figura 1) (SMITH, 1997). Existem duas formas de estimular essas fibras sensoriais por meio do alongamento: aumento do comprimento muscular e estimular a contração das fibras intrafusais através de vias neurais eferentes gama (KISNER, 2005). Fonte: Kisner & Colby (2005) Figura 1 – Fuso muscular. A imagem ilustra fibras musculares intrafusais e extrasuais. O fuso muscular age com um receptor de alongamento 2.2.3. Orgão Tendinoso de Golgi (OTGs) Os OTGs localizam-se perto da junção musculotendínea, enrolados nas terminações das fibras extrafusais do músculo, e transmitem estímulos aferentes através de fibras II b (GUYTON, 2006). São sensíveis a tensão muscular causada no alongamento passivo ou na contração muscular ativa. Os OTGs são considerados como um mecanismo de proteção que inibe a tensão no músculo (inibição autogênica). Eles têm um limiar muito baixo de disparo após 4 uma contraçãomuscular ativa e um limiar alto de disparo para o alongamento passivo (KISNER, 2005). Quando se desenvolve tensão excessiva em um músculo, os OTGs disparam, inibem a atividade dos motoneurônios alfa que diminuem a tensão muscular (GUYTON, 2006). É no momento do alongamento que a tensão dentro do tendão determina se as fibras musculares individuais estão inibidas e, portanto, relaxadas e capazes de ser alongadas (KISNER, 2005). 2.2.4. A Resposta Neurofisiológica do Músculo ao Alongamento Quando um músculo é alongado rapidamente, acontece um fenômeno chamado de reflexo de estiramento monossináptica, as fibras aferentes primárias estimulam os motoneurônios alfa na medula espinal e facilitam a contração das fibras extrafusais, aumentando a tensão no músculo. Os procedimentos de alongamento realizados com rapidez podem na verdade aumentar a tensão deste músculo esticado. Mas quando uma força de alongamento é aplicada lentamente ao músculo, os OTGs disparam inibindo a tensão do músculo, permitindo que os sarcômeros permaneçam relaxados e se alonguem (KISNER, 2005). 2.2.5. Componentes Não-contráteis do Músculo O tecido mole não-contrátil existe dentro de todo o corpo e organiza-se em tipos diferentes de tecidos conjuntivo para dar suporte as estruturas do corpo. Ligamentos, tendões, cápsulas articulares, fáscias, o tecido não contrátil dentro do músculo e a pele têm características de tecido conjuntivo que podem levar ao desenvolvimento de aderências e contraturas e, assim, afetando a flexibilidade dos tecidos que cruzam a articulação. Quando esses tecidos limitam a amplitude de movimento e necessitam de alongamento, é importante compreender como respondem a intensidade e a duração da tensão de alongamento e reconhecer que o único modo de aumentar a extensibilidade do tecido conjuntivo é remodelando-o (GUYTON, 2006). 2.2.6. Tecido Conjuntivo O tecido conjuntivo é composto basicamente pelas fibras de colágeno, fibras de elastina, fibras reticulina e substância fundamental amorfa (GUYTON, 2006). 2.2.7. Fibras Colágenas Resistem à deformação provocada por tensão e são responsáveis pela forma e rigidez do tecido. São compostas por cristais de tropocolágeno que formam os “tijolos” das microfibrilas de colágeno. Cada nível adicional de composição das fibras é arranjado com uma relação e dimensão organizada; As fibras de tendões e ligamentos contêm colágeno do tipo I, que é altamente resistente à tensão. À medida que as fibras de colágeno se desenvolvem e amadurecem elas ligam-se entre si. Quanto mais forte as ligações, maior a estabilidade mecânica do tecido (GUYTON, 2006). 2.2.8. Fibras Elastinas Fornecem extensibilidade. Elas apresentam uma quantidade considerável de alongamento com pequenas cargas e falham rapidamente sem deformação com grandes cargas. Tecidos com grande número de elastina tem flexibilidade maiores (GUYTON, 2006). 2.2.9. Fibras de Reticulina São praticamente fibras de colágeno do tipo III. São fibras muito delicadas e finas, formadas por fibrilas frouxamente arranjadas, sendo que suas fibras formam rede e são unidas por 5 pontes de glicoproteínas. São fibras argirófilas, tendo afinidade pelos sais de prata tornando- se negras, por isso são chamadas de fibras negras. Devido a seu pequeno diâmetro e a disposição em rede serve de arcabouço estrutural de certos órgãos (sustentação) que possuem estruturas delicadas ou sofrem modificações fisiológicas (KISNER, 2005). 2.2.10. Substância Fundamental Amorfa É constituída de proteoglicanos e glicoproteínas. Os proteoglicanos servem para hidratar a matriz, estabilizar as redes de colágeno e resistir a forças compressivas, sendo muito importantes na cartilagem e discos intervertebrais. O tipo e a quantidade de proteoglicanos são proporcionais aos tipos de sobrecargas compressiva e tensiva a que o tecido é submetido. As glicoproteínas fornecem uma ligação entre os componentes da matriz e entre as células e os oponentes da matriz. A substância fundamental amorfa é basicamente um gel com água que reduz o atrito entre as fibras, transportam nutrientes e metabólitos e previne ligações transversas excessivas entre as fibras, mantendo o espaçamento entre elas (GUYTON, 2006). 2.3.Dor O método por meio do qual explicamos a origem da dor influencia grandemente o modo como racionalizamos e traçamos os planos de tratamento. Existem várias teorias explicando a dor, essas teorias surgiram à medida que os conhecimentos científicos em geral foram se desenvolvendo (O’SULLIVAN, 2004). 2.3.1. Teoria da Comporta de Controle da Dor A teoria originalmente foi apresentada em 1865, e modificada em 1982, continua sendo a teoria dominante influenciando a nossa abordagem no manejo da dor (O’SULLIVAN, 2004; TICIANELI, 2003). Propõe-se que os mecanismos neurais nos cornos posteriores da medula espinal agem como uma comporta que pode aumentar ou diminuir a passagem de impulsos nervosos das fibras periféricas para as células da medula espinal que se projetam para o cérebro. Os impulsos somáticos são, portanto sujeitos à influencia moduladora da comporta antes que se evoque a percepção e resposta à dor. Sugere-se que os impulsos das fibras largas tendem a fechar a comporta. Enquanto que os impulsos de fibras pequenas geralmente abrem a comporta (KITCHEN, 2003; O’SULLIVAN, 2004; LOW, 2001). 2.3.2. Dor Aguda A dor aguda, incômodo doloroso que se apresenta durante o estiramento do alongamento é de natureza física e é um sinal de dano tissular real ou que está prestes a acontecer; representa um sinal de disfunção biológica. Aparece com lesão ou sobrecarga tissular. A dor aguda é também uma experiência psicológica interpretada dentro do contexto da experiência, ambiente e contexto cultural de cada um (O’SULLIVAN, 2004). A associação dos recursos térmicos aos programas de alongamento tem sido utilizada com o intuito de proporcionar maiores ganhos de amplitude de movimento com intensão de atuar na dor, OTGs e fusos musculares. No entanto, não existe consenso na literatura a respeito de protocolos específicos para o uso de tais recursos associados ao exercício de alongamento (LOW, 2001; KISNER, 2005; AGNE, 2005; KITCHEN, 2004). 2.4. Efeitos fisiológicos do calor 6 O aquecimento prévio de estruturas como o músculo e tendões torna-se imprescindível tanto para a prática da cinesioterapia, manipulações e eletroestimulação excitomotora (AGNE, 2005). As Propriedades físicas dos tecidos fibrosos são alteradas após a exposição no calor. Os tendões, cápsula articulares e cicatrizes, cedem mais facilmente ao estiramento quando aquecidos. Porém, o calor sozinho sem o estiramento não produz aumento do comprimento destes tecidos (KISNER, 2005; AGNE, 2005; LOW, 2001). Esquentar os tecidos moles antes do alongamento aumenta a extensibilidade do tecido encurtado. À medida que a temperatura do músculo aumenta, o tecido conjuntivo cede mais facilmente ao alongamento passivo. Também existe uma diminuição na frequência de disparo dos eferentes do tipo II dos fusos musculares e um aumento na sensibilidade do órgão tendinoso de golgi, o que aumenta a sua probabilidade de disparar. Ambas as respostas inibem a tensão muscular (LOW, 2001). Na maioria das vezes o aquecimento é aplicado ao músculo antes do alongamento, porém, podendo ser aplicado durante também (KISNER, 2005). 2.5.Efeitos fisiológicos do frio A aplicação do frio produz a primeira reação que se dá a nível dos vasos superficiais resultando uma rápida vasoconstrição e diminuição da circulação local na pele, que se manifesta por palidez. O propósito desta constrição é tratar de diminuir a ação em profundidade do frio e manter a temperatura corporal (CARVALHO, 2012; LEVENTHEL, 2010). A constrição se deve a alguns fatores, como a influência reflexa simpática e dos neurônios da pele (regulação medular e supramedular), pela diminuição da concentraçãode metabólitos. Existe uma ação direta sobre a capa muscular arteriolar promovida pela estimulação dos termorrecepetores, com uma possível liberação de bradicinina e serotonina e a diminuição da liberação de vasodilatadores tipo histamina e prostaglandinas, pois se trata principalmente de uma resposta vegetativa como mecanismo de proteção para limitar a perda de calor, que ocorre nos primeiros quinze minutos da aplicação do frio (KITCHEN, 2003). A vasoconstrição e diminuição da circulação local facilitam e resfriamento na área de aplicação do frio impedindo que o sangue resfriado se espalhe para áreas adjacentes (AGNE, 2005). Os vasos normais apresentam dilatação como reação secundária ao frio, ou seja, uma reação provocada que causa hiperemia ativa, a fim de proteger os tecidos de uma possível destruição provocada pela baixa temperatura. Isto acontece quando a aplicação do frio é prolongada ou abaixo de 10º C e se manifesta com rubor e calor com duração curta, em torno de cinco minutos, aparecendo novamente uma vasoconstrição. Esta oscilação cíclica entre vasoconstrição e vasodilatação se atribui a um reflexo axonico ou a inibição da contração da capa muscular lisa arteriolar (AGNE, 2005; LEVENTHEL, 2010). A vasodilatação não é constante, é moderada e produz vermelhidão cutânea que não tem relação com o aumento da circulação, que se deve a menor liberação de oxigênio e ao acumulo de oxi-hemoglobina nos vasos superficiais com risco de isquemia e congelamento. Este processo não tem finalidade terapêutica para aumentar a oxigenação tissular já que, inclusive ocorre diminuição da dissociação oxigênio-hemoglobina, fator que deve ser considerado nas aplicações com frio. Quando ocorre este processo, tem que ser considerado como sinal de alerta, com perigo de congelamento tissular, devendo ser interrompido o tratamento (AGNE, 2005; KITCHEM, 2003; LOW, 2001). 7 Quanto ao colágeno, como seria de esperar, ele tende a torna-se mais rígido quando resfriado. Demonstrando que isso ocorre tanto em condições experimentais, usando tecidos colagenosos extraídos, como em articulações (KITCHEN, 2003). Com a diminuição da temperatura pode ocorrer redução no tônus muscular e na dor. Embora a fisiologia de fundo não seja totalmente compreendida, o frio é com frequência usado para reduzir o tônus muscular (MOREIRA, 2011). Os efeitos podem ser devidos a mudanças na atividade dos fusos musculares, aferentes Ia e secundários, neurônios motores α, fibras γ, junções neuromusculares ou do próprio músculo (quando pode ocorrer aumento da contração e do intervalo de relaxamento) (KITCHEN, 2003). Os fusos musculares respondem mais rapidamente do que outras estruturas neurais e musculares à medida que a redução necessária na temperatura para produzir mudanças na atividade não é tão grande. Com temperaturas reduzidas, a sensibilidade do fuso muscular cai em proporção ao grau de resfriamento, possivelmente como resultado de um efeito direto sobre o terminal sensitivo, ou à medida que a frequência de disparos dos aferentes Ia é diminuída, ou pelos dois motivos (KITCHEN, 2003). 3. Metodologia O estudo foi realizado através de uma busca sistemática nas bases de dados PubMed, Medline, LILACS e SCIELO por artigos publicados no período de 2007 a 2012. As palavras- chave utilizadas são: ‘alongamento’, ‘flexibilidade muscular’, ‘maleabilidade’, ‘crioterapia’, ‘gelo’, ‘resfriamento’, ’hipotermia, ‘termoterapia’, ‘hipertermia’, ‘aquecimento’. Também se realizou uma busca com as mesmas palavras-chave na língua inglesa. Os artigos identificados pela estratégia de busca deveriam consistir em ensaios clínicos randomizados, experimental-transversal, de variável qualitativa ordinal, duplo cego. E usasse a crioterapia ou termoterapia associados ao alongamento. Foram excluídos estudos com amostra inferior a dez em cada grupo. Não houve restrições ao tipo de crioterapia ou termoterapia utilizados nos estudos pesquisados. Após o processo seletivo dos estudos aqui usados, foi observada a necessidade de fazer uma meta-análise. 4. Resultados Foram encontrados no total 7 artigos científicos, sendo 01 na Medline, 02 na LILACS e 04 SCIELO. De acordo com os critérios utilizados para inclusão e exclusão dos artigos, foram descartados 03 estudos. Autor Alongamento + Crioterapia Alongamento + Termoterapia Brasileiro et al. 2007 14,4º 14,4º Busarello et al. 2011 - - Silva et al. 2010 9,87º 11,4º Signori et al. 2008 6,9º 8,8º Tabela 2 - Média do ganho de amplitude de movimento encontrada nos trabalhos pesquisados 8 Figura 2 – Média do ganho de amplitude de movimento encontrada nos trabalhos pesquisados Brasileiro et al. 2007, quando associou o alongamento com a crioterapia obteve a mesma média de ganho de amplitude crônica com os sujeitos submetidos ao alongamento junto a termoterapia de 14,4º. No trabalho de Silva et al. 2010, encontrou valores médios diferentes, sendo o grupo de alongamento mais termoterapia com maior ganho de amplitude (Média: 11,4º). Signore et al. 2008, corroborou os dados, conseguiu ter maior ganho de amplitude nos sujeitos que fizeram alongamento associado a termoterapia (Média: 8,8º). Busarello et al. 2011, não entra na tabela e no gráfico por ter estudado apenas crioterapia junto ao alongamento (Gráfico 1 e Tabela 2). Pesquisador Amostra Nª de grupos ** Brasileiro et al. 2007 40 4 p>0,5 Busarello et al. 2011 20 2 ▲▲ Silva et al. 2010 40 4 p>0,5 Signore et al. 2008 42 4 p>0,5 Tabela 2. Análise dos resultados crônicos dos estudos pesquisados *Diferença estatisticamente significante entre os grupos de alongamento associado a crioterapia versus alongamento associado a termoterapia no efeito agudo **Diferença estatisticamente significante entre os grupos de alongamento associado a crioterapia versus alongamento associado a termoterapia no efeito crônico ▲▲ A pesquisa comparava apenas o resfriamento associado ao alongamento contra outro grupo aplicado somente o alongamento. Quatro dos trabalhos encontrados conseguiram passar nos critérios de exclusão, Brasileiro et al. 2007, Silva et al. 2011, Signore et al. 2008 encontraram p>0,5 quando analisavam alongamento e crioterapia versus alongamento e termoterapia (Tabela 2). Busarello et al. 2011 conseguiu resultados crônicos significativos, porém fez uma analise apenas do alongamento associado a crioterapia versus alongamento (Tabela 2). 0 2 4 6 8 10 12 14 16 Signori et al. 2008 Brasileiro et al. 2007 Silva et al. 2010 Alongamento + Crioterapia Alongamento + Termoterapia 9 Discussão Brasileiro et al. 2007, pesquisou 40 sujeitos divididos igualmente em quatro grupos, fez análise do aumento da flexibilidade dos músculos isquiotibiais na fase aguda e crônica após os alongamentos aplicados diariamente. O grupo submetido ao alongamento associado ao resfriamento obteve ganho significativo relacionado aos grupos de alongamento e alongamento associado ao aquecimento por ondas curtas. A análise da flexibilidade crônica, não houve aumento significativo quando comparado entre os grupos que foram associados com resfriamento e aquecimento da musculatura. Busarello et al. 2011, separou 20 pessoas em 2 grupos igualmente, onde pesquisou a aplicação do alongamento estático dos músculos isquiotibiais, e em outro grupo usando o recurso de crioterapia. O alongamento durou 30 segundos, e aplicação da crioterapia foi através de uma bolsa térmica repousada na região posterior da coxa por 15 minutos. A pesquisa analisou a flexibilidade crônica, sendo avaliados no dia seguinte, apesar de haver o aumento da extensibilidade dos dois grupos, os dados corroboraram em não haver diferença significativa. Silva et al. 2010, dividiu aleatoriamente 40 pessoas em 4 grupos igualmente, o principal objetivo foi analisar a crioterapiae a termoterapia associada ao alongamento estático dos isquiotibiais. O alongamento foi mantido por 3 minutos, e os recursos adicionais foram aplicados em um tempo de 20 minutos, no período de 5 dias. Pode observar no ultimo dia, todos os grupos submetidos ao alongamento tiveram aumento significativo ao primeiro dia, porém quando analisado estatisticamente entre os grupos, não houve significância numérica (p>0,05). Concluiu que todos os grupos independentes de recursos adicionais obtiveram resultados satisfatórios no aumento da flexibilidade da musculatura testada. Signori et al. 2008, pesquisou 42 sujeitos. Em grupos diferentes foi montado protocolo de pesquisa do alongamento com crioterapia ou termoterapia, como também um grupo controle, e outro grupo sendo aplicada somente a técnica do alongamento estático. As 13 sessões de alongamento duraram 15 minutos cada em um período de 21 dias. Foi monitorada a temperatura dos dois grupos com os recursos adicionais. Hipotermia manteve-se em 1ºC a 4ºC, e a hipertermia entre 41ºC a 45ºC, todos aplicados durante 15 minutos por uma bolsa de borracha. Os dados corroboram, não houve diferença significativa entre os grupos de alongamento associados aos recursos de hipo/hipertermia. 5. Conclusão As maiorias das disfunções que a fisioterapia trata estão relacionadas com alterações da flexibilidade, ligada a hipomobilidade articular causadas pela rigidez do sistema musculoesquelético. No momento do tencionamento da musculatura durante o alongamento promove incômodo doloroso ao paciente, comprometendo a aplicação da técnica. Utilizando recursos analgésicos fisioterápicos, termoterapia e crioterapia, associados ao alongamento têm resultados no ganho da flexibilidade muscular reduzindo o desconforto causado pela tensão. A termoterapia promove um efeito físico de dilatação aos tecidos, fazendo com que cedessem facilmente ao tenciona-los, diminui a atividade do fuso muscular e deixa a OTG mais sensível ativação. Diferentemente, a crioterapia promove rigidez aos tecidos, porém, a sensibilidade do fuso muscular diminui junto com o quadro álgico. Apesar de estarmos falando de técnicas que alteram a temperatura para lados opostos nas escalas termométricas, possuem características similares ao diminuir o desconforto do alongamento. O intrigante é a alteração na propriedade física dos tecidos, propondo rigidez causada pelo resfriamento, e o oposto causado 10 pelo aquecimento. Após a busca sistemática nos bancos de dados, seguindo os critérios de inclusões dos artigos na pesquisa, foi possível fazer análise em apenas quatro artigos nos últimos cinco anos publicados. Dois artigos mostraram que a termoterapia junto ao alongamento facilitou o ganho de flexibilidade, porém, não foi estatisticamente satisfatório. Com os dados encontrados nos estudos, entende-se que a utilização de agentes térmicos associados ao alongamento não potencializa o ganho de flexibilidade crônica do músculo quando comparado alongamento e crioterapia versus alongamento e termoterapia. Foi possível reunir poucas pesquisas. Sugiro mais estudos sejam feitos para realizar uma nova meta-análise. 6. Bibliografia AGNE, J. E. Eletrotermoterapia: Teoria e Prática. Santa Maria: Orium, 2005. ALENCAR, T. A. M.; MATIAS, K. F. S. Principios fisiológicos do aquecimento e alongamento muscular na atividade esportiva. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 16, n. 3, p. 230-234, Mai./Jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922010000300015> - Consultado em 21/08/2012. AQUINO, C. F.; GONÇALVES, G. G. P.; FONSECA, S. T; MANCINI, M. C.. Análise da relação entre flexibilidade e rigidez passiva dos isquitibiais. 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