ACAO DE CONSIGNACAO DE PAGAMENTO COM CALCULOS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA -º VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE CAMPINAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
SOCIEDADE EMPRESÁRIA ÔMEGA S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº xxxx, residente e domiciliado na Rua Y, nº 20, Bento Ferreira, Campinas/SP, CEP 29.050-940, com endereço eletrônico omega@hotmail.com e telefone (67) 9xxxx-xxxx, por intermédio de seu advogado, inscrito na OAB/MS sob n° xxxx, com endereço profissional localizado na Rua Jony João de Deus, nº 31, Enseada do Suá, Campinas/SP, CEP 29050-350; a esse juízo propor:
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
JOÃO DA SILVA, brasileiro, casado, pedreiro, portador da carteira de identidade nº xxxx, expedida pelo órgão xxxx, inscrito no CPF/MF sob o nº xxxx, residente e domiciliado na Rua X, nº 87, Bento Ferreira, Campinas/SP, CEP 29.050-944, com endereço eletrônico joaodasilva@hotmail.com e telefone (82) 9xxxx-xxxx, pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
I – DOS FATOS
O CONSIGNATÁRIO foi admitido aos quadros de empregados da Consignante em 05/01/2018, para exercer a função de pedreiro, e dispensado sem justa causa em 10/10/2018, com aviso prévio indenizado. Foi previamente marcado pelo CONSIGNANTE o dia 15/10/18, no local de trabalho, para pagamentos das verbas rescisórias devidas, a entrega de todos os documentos concernentes a rescisão contratual, assim como os pertences deixados no armário da CONSIGNANTE. 
No entanto, na data combinada, o CONSIGNANTE, devido carência monetária em seu caixa, não conseguiu cumprir com suas obrigações rescisórias e quitar o devido, mas apenas anotou a dispensa na CPTS, e remarcou o encontro para 60 dias após o estipulado anteriormente. Entretanto, nesta data, o CONSIGNATÁRIO não compareceu para receber a quitação de suas verbas rescisórias e seus pertences pessoais.
Nesse sentido, o CONSIGNANTE entrou em contato com o CONSIGNATÁRIO através das informações cadastradas na base de dados dos empregados da empresa. Foram feitas diversas ligações, o envio de telegramas, na tentativa de conseguir localizá-lo, mas todas sem sucesso. Ainda, nesta incansável busca de conseguir localizar o CONSIGNATÁRIO, seus ex-colegas de trabalho também tentaram contatá-lo enviando mensagens pelo Facebook, mas, as tentativas foram infrutíferas. Em suma, não restou outra alternativa ao CONSIGNANTE a não ser propor a presente ação, a fim de que possa dar quitação ao contrato de trabalho.
II – DOS FUNDAMENTOS 
A ação de consignação em pagamento é um procedimento especial, por meio do qual o autor visa uma sentença declaratória de extinção de uma obrigação, aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho, nos termos do art. 769 da CLT. Nos termos do art. 335 do Código Civil brasileiro, a consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; 
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Dessa forma, comprovada a resistência ou dificuldade no recebimento do crédito, mostra-se cabível a ação de consignação em pagamento. Ademais, as hipóteses de ação de consignação em pagamento no processo do trabalho consistem na recusa do credor, na inércia do credor e, ainda, quando o credor se mostra ausente, não encontrado, ou em lugar ignorado ou inacessível, disputa pelo pagamento, credor desconhecido e, enfim, incapacidade do credor. No caso em questão, o CONSIGNATÁRIO encontrava-se ausente. A título de exemplificação, segue o seguinte julgado do TRT da 3ª Região:
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO - PROCESSO DO TRABALHO - ESCOPO LIMITADO - No Processo do Trabalho, o objeto da ação de consignação em pagamento restringe-se à quitação dos valores ou à entrega de objetos/documentos que o empregador entende devidos ao empregado, quando este se recusa ao recebimento ou não é encontrado, ou quando não se sabe a quem pagar. (TRT-3 - RO: 00105278920195030178 0010527-89.2019.5.03.0178, Relator: Paulo Roberto de Castro, Sétima Turma).
III – DAS VERBAS RESCISÓRIAS
Diante das tentativas infrutíferas efetuar o pagamento das verbas rescisórias e dar baixa na CTPS, não restou outra alternativa à consignante, senão aforar a presente ação para possibilitar ao consignado o recebimento dos haveres rescisórios, de acordo com o incluso TRCT. Informo ainda, que diante da ausência do CONSIGNATÁRIO em atender aos chamados extrajudiciais, não resta outra alternativa a CONSIGNANTE, senão, socorrer-se do que lhe faculta o artigo 539 e §§ do Código de Processo Civil concomitante o artigo 335 do Código Civil, ajuizando a presente demanda.
Vale ressaltar que do artigo 477, § 6º, alínea "a", da CLT, estabelece que o pagamento das verbas rescisórias deve ser efetuado até o primeiro dia útil imediato ao término do contrato. Ocorre que consignante foi impedida de efetuar o pagamento das parcelas constantes no termo de rescisão contratual, conforme ora mencionado. Diante disso, não resta outra alternativa, senão tempestivamente, buscar o judiciário, a fim de evitar a aplicação do artigo 477, § 8º da CLT, uma vez que as verbas rescisórias não foram quitadas por motivos alheios à vontade da consignante. Sendo assim, a presente ação tem fim de resguardar os legítimos interesses da requerente, amparada pelos dispositivos legais anteriormente invocados. 
Ante o exposto, requer a CONSIGNANTE promover a citação do CONSIGNATÁRIO no endereço acima mencionado, a fim de quitar as verbas rescisórias e a baixa em sua CTPS. Diante do exposto, requer o depósito das seguintes verbas recorrentes da extinção do contrato de trabalho sem justa causa:
- Depósito do saldo salarial;
- Depósito do aviso prévio;
- Depósito do 13º salário proporcional;
- Depósito das férias proporcionais, acrescidas de 1/3;
- Depósito das guias para saque do FGTS OU do TRCT; 
- Depósito da indenização de 40% sobre o FGTS; 
- Depósito dos formulários de seguro-desemprego;
- Depósito da multa pelo atraso na quitação da rescisão (Art. 477, § 8º, CLT);
Requer, ainda, a devolução das fotografias e da camisa do time de futebol do CONSIGNATÁRIO, que se encontram no armário da CONSIGNANTE e a entrega da CTPS, nos moldes do artigo 542, I do CPC. Em suma, postula a CONSIGNANTE o depósito das verbas rescisórias, das fotografias, da camisa e da CTPS, visando a extinção da obrigação.
IV – DA CONCLUSÃO E CÁLCULOS
Diante dos fatos expostos, tendo em base o salário-mínimo de R$ 954,00 referente ao ano de 2018, segue abaixo evolução salarial e resumo do valor devido pelo Réu:
	Data
	Salário
	Salário efetivo
	Total
	01/2018
	954,00
	830,90
	830,90
	02/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	03/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	04/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	05/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	06/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	07/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	08/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	09/2018
	954,00
	954,00
	954,00
	10/2018
	954,00
	307,74
	307,74
1 - Saldo salarial
vr. Ref: a 10/30 dias trabalhados no mês de outubro de 2018.
954,00 / 31 dias = 30,77
31,80 x 10 dias = 307,74
R$ 307,74
2 – Aviso prévio indenizado
vr. Ref: o aviso prévio indenizado não pago ao empregado.
954,00 / 30 dias = 31,80
31,80 x 39 dias = 1.240,20
R$ 1.240,20
3 - 13º salário proporcional
vr. Ref: a 39/12 avos de 13º não pago ao empregado.
945,00 / 12 = 79,50
79,50 x 10 meses = 795,00
R$ 795,00
4 - Férias proporcionais 
vr. Ref: a 10/12 avos das férias entre 05/01/2018 a 10/10/2018.
945,00 / 12 = 79,50
79,50 x 10 meses = 795,00
R$ 795,00
4.1 - Terço constitucional de férias proporcionais
vr. Ref: a 1/3 das férias proporcionais.
795,00 / 3 = 265,00
R$ 265,00
5 - Indenização de 40% sobre o FGTS
vr. Ref: a indenização de 40% do FGTS.
701,65 + 263,75 = 965,4
965,40 – 40% = 386,16
R$ 386,16
	
	
	
	Data
	FGTS
	01/2018
	66,4702/2018
	76,31
	03/2018
	76,31
	04/2018
	76,31
	05/2018
	76,31
	06/2018
	76,31
	07/2018
	76,31
	08/2018
	76,31
	09/2018
	76,31
	10/2018
	24,61
	TOTAL
	701,65
	Descrição
	Valor do FGTS
	Saldo salarial
	24,62
	Aviso prévio indenizado
	99,22
	13º salário proporcional
	00,00
	Férias proporcionais
	63,60
	1/3 das férias proporcionais
	00,00
	Multa do art. 477
	76,32
	TOTAL
	263,75
6 – Multa do artigo 477, § 8º/CLT
A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 btn, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do btn, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
R$ 954,00
7 - TOTAL 
	Descrição
	Valor
	Saldo salarial
	307,74
	Aviso prévio indenizado
	1.240,20
	13º salário proporcional
	795,00
	Férias proporcionais
	795,00
	1/3 das férias proporcionais
	265,00
	Multa de 40% do FGTS
	386,16
	Multa do art. 477
	954,00
	TOTAL
	4.356,94
V – DOS PEDIDOS 
Ante o exposto requer: 
a)	A procedência do pedido para se conferir quitação judicial;
b)	Que seja deferido o depósito do valor total referente às verbas contratuais, no prazo de 05 (cinco dias), exonerando a consignante de mora e riscos, conforme o artigo 542, I do CPC e a entrega das fotografias e da camisa do clube de futebol;
c)	Citação do consignado para que venha receber o valor ou requer que seja designada audiência, sendo o consignado notificado para vir levantá-lo ou oferecer defesa, sob pena de revelia e declaração da extinção da obrigação, conforme artigo 542, II do CPC; 
c)	Declaração da extinção das obrigações da consignante quanto ao pagamento de verbas rescisórias e fornecimento de guias; 
d)	A produção de todos os meios de provas em direito admitidos, em especial a prova documental;
d)	Condenação da consignada em custas e honorários advocatícios no importe de 15%, nos termos do artigo 791-A da CLT; 
Protesta por todos os meios de provas em direito admitidas, em especial testemunhal, documental e pelo depoimento pessoal do representante legal, inclusive a juntada dos documentos acostados, entre outras.
VI – DO VALOR DA CAUSA
	 Compreende-se ser o valor da causa, R$ 4.936,18 (quatro mil novecentos e trinta seis reais e dezoito centavos)
Termos em que,
Pede deferimento.
Campinas, 20 de novembro de 2018
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Pâmella Souza Coelho
0000 OAB/MF