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José Carlos Zanelli Jairo Eduardo Borges-Andrade Antonio Virgílio Bittencourt Bastos Organizadores 2ª edição Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil NOVA EDIÇÃO DO LIVRO MAIS VENDIDO DA ÁREA NO BRASIL! P974 Psicologia, organizações e trabalho no Brasil [recurso eletrônico] / Organizadores, José Carlos Zanelli, Jairo Eduardo Borges-Andrade, Antonio Virgílio Bittencourt Bastos. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8271-085-2 1. Psicologia. 2. Psicologia organizacional. 3. I. Zanelli, José Carlos. II. Borges-Andrade, Jairo Eduardo. III. Bastos, Antonio Virgílio Bittencourt. CDU 159.9:005.32(81) Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 11 LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES Pedro F. Bendassolli, Mauro de Oliveira Magalhães e Sigmar Malvezzi Ao final deste capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de: Descrever os motivos de interesse histórico pelo tema da liderança Discutir os problemas relacionados ao estudo da liderança, explicando suas possíveis consequências para o estudo do tema Definir o conceito de liderança e explicar seus principais componentes Definir as teorias clássicas e emergentes sobre liderança, comparando-as entre si em termos de suas características, foco (líder, liderado, situação), conceitos e aplicações Explicar como a liderança pode ser desenvolvida Explicar como o atual ambiente cultural, econômico e social, incluindo o brasileiro, afeta a liderança e elaborar respostas aos desafios colocados sobre líderes e seguidores Integrar conceitos, teorias e resultados de pesquisa na análise de dois casos brasileiros sobre liderança Liderança é um instrumento milenar da so- ciedade, constantemente mencionado na análise de eventos coletivos, utilizado como ferramenta de influência sobre grupos diversos e documen- tado nos mais variados registros históricos. Con- tudo, como conceito, aparece, pela primeira vez, em um artigo de Lewis Terman, em 1904. A partir dos anos de 1920, o conceito de liderança atraiu a atenção de pesquisadores que buscavam a com- preensão da influência de pessoas sobre compor- tamentos desviantes dentro dos grupos e sua in- fluência nas instituições militares (Jenkins, 1947). Compreender a liderança era um caminho pro- missor para se aprender a criar influência sobre outros. Nas empresas, predominava a visão bu- rocrática, dentro da qual a interação e a sinergia no trabalho eram um objeto da engenharia. As- sim, os estudos pioneiros dedicados à compreen- são dos conflitos nas empresas eram conduzidos por engenheiros, sendo a convocação de sociólo- gos e psicólogos uma decisão inicialmente tímida, mas crescente ao longo dos anos de 1920 e 1930. O intenso desenvolvimento da psicologia social, nos anos de 1930, impulsionado pelas obras de cientistas sociais como Mead, Lewin, Homans e Bales, abriu a discussão para a ques- tão da interação social como um fato imanente à vida cotidiana dos grupos humanos. Nesse con- texto, a liderança tornou-se um elemento cru- cial para a compreensão dos comportamentos sociais, como aparece nas publicações dos expe- rimentos de Hawthorne (vide Capítulo 10 deste livro). O interesse pela liderança ainda era tími- do no campo da gestão de negócios, que seguia fortemente dominado pela mentalidade da en- genharia, como observado, no Brasil, nos estu- dos pioneiros de Roberto Mange, no início dos anos de 1930 (vide Capítulo 15 deste livro). A preocupação da gestão do trabalho era centra- da na relação entre o homem e a máquina, sen- do que os comportamentos eram considerados uma questão periférica a esse foco. Nesse perío- do anterior à Segunda Guerra, obras dedicadas integralmente ao estudo da liderança eram pra- 414 Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.) ticamente inexistentes, ao passo que havia diver- sas obras dedicadas à elaboração de explicações para o comportamento social. O impulso ao estudo sistemático da li- derança pela gestão veio, entre outros fatores históricos, dos problemas criados pelos movi- mentos sindicais no fim dos anos de 1950, bem como do desenvolvimento dos estudos de pe- quenos grupos, como foi o caso das pesquisas sobre o desempenho dos mineiros realizadas pe- los pesquisadores filiados ao Tavistock Institu- te, de Londres. As empresas começaram a traba- lhar internamente com técnicas de dinâmica de grupo como forma de construção de equipes e de desenvolvimento de lideranças no chamado “chão de fábrica”. Para as empresas, era neces- sário criar líderes entre seus supervisores e ge- rentes. Entendida dessa forma, a liderança era um instrumento de gestão com capacidade pa- ra lidar com as forças subjetivas dos trabalhado- res e as forças políticas que afetavam a integra- ção nas empresas. O movimento denominado “humanização do trabalho”, ou “qualidade de vida no trabalho”, concentrou as energias dos anos de 1970, tendo sido uma das primeiras ex- periências, em larga escala, de utilização da li- derança por parte dos profissionais da psicolo- gia organizacional e do trabalho. Ao fim dessa década, a liderança era entendida como um ele- mento essencial e necessário à gestão. Os geren- tes e supervisores deveriam ser líderes. Inúme- ras publicações foram lançadas no mercado pa- ra subsidiar esse movimento. No Brasil, merece destaque o livro de Weil (1971). A partir dos anos de 1960, foi ficando cla- ra uma divisão territorial no estudo teórico da liderança. No território da psicologia organiza- cional e do trabalho, os estudos investiam em questão similar àquela colocada por Lewin na psicologia social (como ocorre o mecanismo da influência interpessoal?), ao passo que, no terri- tório da administração, a questão era mais prá- tica (como fazer um gerente tornar-se um líder em seu grupo?). Por força dessa divisão, duas li- nhas teóricas foram desenvolvidas sobre o con- ceito de liderança, afastadas originalmente entre si, mas posteriormente aproximadas e, na atua- lidade, interdependentes. A primeira configuração teórica da ques- tão da liderança na psicologia foi baseada na suposição de que a força da influência sobre os outros tinha origem nas características do indi- víduo, como será explicado mais adiante. A per- gunta recorrente nas pesquisas era: qual o per- fil psicológico do indivíduo líder? Da configu- ração teórica dos traços, a psicologia evoluiu para a suposição de que a influência tinha ori- gem nos comportamentos – outra longa histó- ria de experimentos com idênticos resultados, dos quais resultaram a mudança do foco da in- vestigação para as circunstâncias que formam o contexto no qual ocorre a influência. Nessa configuração, foram encontradas mais regula- ridades do que nas duas anteriores. Dessa con- figuração nasceu a expressão liderança situa- cional. Desse ponto, a configuração da questão da liderança deixou o foco no indivíduo, transfe- rindo-o para a relação. Desde então, a liderança deixou de ser entendida como uma característi- ca do indivíduo líder para ser reconhecida como propriedade da interação. Esse salto teórico foi importante, pois a liderança deixou de ser re- conhecida como competência portátil para ser trabalhada como uma competência construí- da e permanentemente reconstruída. Essa po- sição foi continuamente aprofundada e expan- dida com a inclusão de muitas teo rias nas di- versas áreas da psicologia, como será discutido adiante. Do lado da administração, as teorias de li- derança evoluíram a partir da configuração da influência situacional, com o foco mantido na pessoa do líder. Tal configuração fica clara na obra de Bennis e Thomas (2002), na qual eles entendem que a influência da liderança decorre de variáveis como a predisposição, a potencia- lidade, o lugar e o tempo, as quais o indivíduo deve manejar para poder criar sua influência. Dentro dessa configuração, foram desenvolvi- dos muitos estudos sobre diferentes estilos de li-derança; sobre o vetor da liderança para proces- sos transacionais, ou transformacionais; sobre a influência como carisma; e sobre a associação entre influência e os processos de inovação e de aprendizagem. O objetivo deste capítulo é fornecer subsí- dios para a compreensão das principais aborda- gens, conceitos e definições de liderança, com ênfase na articulação de perspectivas oriundas da psicologia e da administração, como também das ciências sociais. O capítulo está dividido em cinco seções, além desta introdução. Na próxima Psicologia, organizações e trabalho no Brasil 415 seção, discute-se a natureza da liderança, sinte- tizando-se as principais abordagens, definições e componentes centrais desse fenômeno. Na se- ção seguinte, discorre-se sobre três eixos clássi- cos de discussão da liderança, representados por abordagens centradas no líder, abordagens cen- tradas na situação e abordagens centradas nos seguidores. Na terceira seção, são descritas al- gumas perspectivas emergentes/alternativas de compreensão sobre a liderança. Segue-se, então, a quarta seção, na qual são desenvolvidas refle- xões sobre o processo de desenvolvimento de li- deranças, coerente com a definição de liderança adotada neste capítulo. Por fim, a quinta seção traz alguns dos principais desafios e tendências da liderança na atualidade, considerando fenô- menos socioeconômicos amplos e complexos, como é a globalização. A NATUREZA DA LIDERANÇA Alguns problemas envolvidos na defini- ção de liderança A tarefa de apresentar uma definição única de liderança esbarra em alguns problemas já sina- lizados na literatura da área (p. ex., Jex; Britt, 2008; Harding et al., 2011; Hughes; Ginnett; Curphy, 2012; Rumsey, 2013). Primeiro, esse conceito faz referência a um fenômeno comple- xo, influenciado por distintas classes de variáveis. Como dito anteriormente, por muito tempo se acreditou que a liderança poderia ser resumida à pessoa do líder. Com o passar do tempo, novas dimensões de análise foram sendo consideradas, tornando a liderança um fenômeno multideter- minado. Por exemplo, sabe-se que ela é um pro- cesso de via dupla, no qual a consideração dos seguidores é igualmente importante, de modo que, se, de um lado, líderes influenciam pes soas, estas também exercem influência sobre os líde- res, repercutindo na qualidade e na eficiência do processo (Messick, 2005). Isso significa que a li- derança ocorre entre pessoas, e não sobre pes soas (Daft, 2008). O segundo problema tem a ver com a plu- ralidade de abordagens e perspectivas teóri- cas presentes nesse campo. Para ficar com dois exemplos discrepantes, se se adota uma pers- pectiva estritamente psicológica, pode haver interesse nas características, nos traços, nos comportamentos, nos estilos e nas competên- cias dos líderes, tomados sem sentido indivi- dual. Em contrapartida, em uma perspectiva sociológica, também em sentido estrito, lide- rança seria um fenômeno social, vinculado à dinâmica de grupos e instituições (Bryman et al., 2011). Nesse caso, seria possível dizer que o líder é o resultado de uma confluência en- tre a pessoa que ocupa um lugar de destaque (formal ou informal), um grupo de pessoas e uma determinada situação. Portanto, sociolo- gicamente falando, estudar a liderança apenas considerando o líder seria como estudar uma família considerando-se apenas um dos mem- bros que a compõem – como, por exemplo, o marido. Estudar a família implica analisar to- dos os personagens que a constituem – o mari- do, a esposa, os filhos e o contexto em que essa família está imersa. Mas a situação não se resume a essas duas perspectivas (psicológica e sociológica). Para co- meçar, ambas não são mutuamente excludentes. Como já dito, em se considerando a liderança um fenômeno complexo, multideterminado e multinível, é de se esperar que tanto psicologia como sociologia, além de diversas outras pers- pectivas, somem-se na elaboração de definições mais abrangentes. De fato, em um estudo de re- visão feito por Rost (1993), esse autor identifi- cou, à época, 221 definições de liderança em 587 publicações especializadas. Algum tempo an- tes, Stogdill (1974) havia dito que “[...] existem tantas definições de liderança quanto pessoas que tentaram definir o conceito [...]” (Stogdill, 1974, p. 7). Comentando sobre essa variedade de definições, Yukl (2010) observa que elas não são apenas um caso de excentricidade acadêmi- ca, mas refletem discordâncias profundas sobre a identificação de líderes e de processos de lide- rança. Quer dizer, as muitas definições disponí- veis têm um valor normativo: elas dizem, por exemplo, quem são líderes e os que não podem ser assim classificados; falam sobre como desen- volvê-los; e estipulam consequências e efeitos da liderança, estabelecendo relações causais entre esta e resultados organizacionais relevantes. Ao mesmo tempo que tal diversidade mostra a cres- cente complexidade no estudo do tema, também pode levar a confusão. 416 Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.) Um terceiro problema em definir liderança é sua proximidade e, por vezes, sobreposição com conceitos similares ou correlatos. A mais citada na literatura é a distinção entre liderança e ges- tão, ou entre líder e gestor (gerente, chefe, su- pervisor, etc.). Amplamente falando, liderança é apontada como dizendo respeito aos aspectos interpessoais da gestão, enquanto planejar, or- ganizar e controlar são associados aos aspectos mais propriamente administrativos (DuBrin, 2013). Também se afirma que liderança toca em aspectos como mudança, inspiração, motivação e influência. Em outra comparação, gestão (e gestor, chefe, supervisor, etc.) é associada a ele- mentos como eficiência, planejamento, procedi- mentos, regulação e controle, ao passo que lide- rança é mais frequentemente associada a correr riscos, dinâmica, criatividade, visão e inspiração (Hughes; Ginnett; Curphy, 2012). Há autores que assumem haver diferen- ças de personalidade entre líder e gestor (p. ex., Zaleznik, 1977). De acordo com essa visão, am- bos os atores organizacionais seriam pessoas di- ferentes por natureza, embora nenhum seja me- lhor do que o outro. De acordo com Zaleznik, gestores seriam mais analíticos e suscetíveis a adaptar-se aos fatos, ao passo que líderes seriam mais criativos, não se conformando com o sta- tus quo e buscando continuamente a mudança e sendo imprevisíveis. Gestores tenderiam a ado- tar atitudes mais impessoais, ao passo que líde- res teriam atitude mais proativa. Gestores usam recompensas e punições, orientados a coorde- nar e equilibrar continuamente pontos de vis- ta opostos, de modo que as pessoas aceitem as decisões. Líderes desenvolvem novas abordagens para velhos problemas, projetando suas ideias e objetivos por meio de imagens que entusias- mam as pessoas. Em síntese, quando se distingue liderança e gestão, ora se põe ênfase em aspectos que se- param e desconciliam líder e gestor, ora em as- pectos que os fazem sinônimos. Alguns auto- res (p. ex., Bass, 1990; Hughes; Ginnett; Curphy, 2012; Kotter, 1990; Mintzberg, 1973) preferem tratá-los como intimamente relacionados, mas com funções distinguíveis: embora possa haver áreas de sobreposição entre liderança e gestão, cada um deles preserva funções únicas. Em di- reção similar, Yukl e Lepsinger (2005) defendem que tanto a gestão como a liderança são essen- ciais nas organizações e devem ser integradas de maneira eficiente a fim de se alcançar desempe- nhos elevados. Entretanto, essas opções levam a definições distintas para o que seria, em tese, um mesmo fenômeno, contribuindo para a já men- cionada confusão diante da pluralidade de defi- nições de liderança. Um quarto problema está relacionado à confusão entre o processo e o resultado envol- vidos no fenômeno da liderança. Algumas defini- ções de liderança diferem em termos da ênfase que colocam, ou sobre os comportamentos de li- derança, ou entãosobre os resultados desses comportamentos. No primeiro caso, liderança é vista como um processo de influência e de ob- tenção de confiança e adesão por parte dos li- derados, independentemente de seus impac- tos ou consequências. No segundo caso, a eficá- cia da liderança, ou mesmo a razão de ser desta última, é avaliada com base nos resultados con- cretos obtidos por meio do processo de influen- ciar e direcionar pessoas no sentido do alcance de determinados objetivos. Yukl (2010) observa que atrelar liderança aos resultados do processo de influência é delicado, pois na avaliação des- ses resultados nem sempre é fácil estabelecer ne- xos causais, sendo tal avaliação suscetível a vie- ses subjetivos. Assim, para Yukl, a definição de li- derança não deveria se limitar aos processos que exclusivamente levariam a resultados bem-suce- didos, mas abranger os demais processos envol- vidos com o ato de influenciar o comportamen- to de outros. Entendimento similar é encon- trado em Rost (1993), que será retomado mais adiante neste capítulo. Por último, um quinto problema refere-se à distinção, observada em muitas definições de li- derança, entre liderança como um papel especia- lizado e como um processo de influência social mais amplo. Um papel surge a partir de uma es- pecialização de tarefas e responsabilidades den- tro de um grupo. Consiste em um conjunto mais ou menos estabilizado, embora continuamente negociado, de expectativas comportamentais e afetivas. O papel pode ser formal, e, nesse caso, existiria o líder instituído, pessoa designada pe- lo grupo para exercer essa função, ou informal, quando o líder emerge do conjunto dinâmico de relações e interações dentro de um determinado grupo, em um dado contexto ou situação. A li- derança informal implica uma distinção entre o líder como alguém cujo poder de influência de- riva do cargo ou papel formal e líder como al- Psicologia, organizações e trabalho no Brasil 417 guém cujo poder deriva de outras fontes que não as formais – por exemplo, as de natureza afetiva e cognitivas. Em ambos os casos, porém, o es- sencial é entender que a liderança não se resume à designação de um papel, mas implica um pro- cesso mais profundo pelo qual uma ou mais pes- soas exercem influência sobre outras, de modo a conseguir a adesão não coercitiva destas rumo à perseguição de objetivos coletivamente relevan- tes. Reafirma-se, nesse ponto, a ideia de lideran- ça como processo multidimensional, constituí- da de ações de liderar e seguir, bem como do po- der para definir elementos decisivos da situação compartilhada, fornecer orientação, permitir as trocas e construir relacionamentos. Liderança é um processo, não uma posição. O significado de liderança Os cinco problemas apresentados na seção ante- rior têm a finalidade de alertar o leitor para al- gumas questões importantes a serem levadas em conta antes de uma apreciação das abordagens e definições de liderança existentes na literatura acadêmica. Uma vez considerado esse pano de fundo, há dois propósitos nesta seção: Descrever, de modo sintético, algumas abor- dagens ao tema da liderança. Por abordagens entende-se um conjunto de definições que partilham certos pontos em comum acerca do que é a liderança, quem é o líder, como líder e seguidores interagem entre si para o alcance de certos propósitos e as consequências da liderança. Apresentar algumas definições específicas de liderança, extraídas do contexto mais amplo das abordagens citadas, buscando identificar dimensões-chave do estudo desse fenômeno. Síntese de abordagens sobre liderança O Quadro 11.1 apresenta uma síntese de abor- dagens descritas no clássico Handbook, de Bass (1990). Apesar de revelar uma variedade de to- madas de posição com respeito ao que consis- te liderança, elas delineiam um amplo repertó- rio de elementos que, de um modo ou de outro, influenciam as ideias existentes sobre o assun- to, seja no contexto acadêmico, seja no aplicado. As abordagens apresentadas no Quadro 11.1 podem ajudar a analisar as diversas face- tas que constituem o fenômeno da liderança. Por exemplo, para algumas dessas abordagens, liderança está envolvida com o estabelecimen- to e alcance de objetivos grupais ou organizacio- nais, sendo o líder percebido como alguém que pode potencializar, ser o instrumento para que isso ocorra. Para outras abordagens, a atividade do líder consiste no exercício de influência sobre um grupo, de modo a fazer seus membros ali- nharem-se e articularem-se na perseguição da- queles objetivos. Assim, tais abordagens se vol- tam sobre o referido processo de influên cia, ex- plorando como ele ocorre nas interações entre os diversos membros do grupo com o líder, por meio da qual este busca a concordância dos li- derados sem recorrer a dispositivos de coerção – baseados no exclusivo uso do poder formal. Aqui se abrem mais possibilidades de compreen- são, conforme a abordagem escolhida. Uma das formas de exercer a influência é por meio do pró- prio comportamento, quando o líder age como mo- delo de conduta para os outros. Também existe a possibilidade de a influência ocorrer por meio da gestão dos aspectos simbólicos que permeiam a situação grupal – por exemplo, a cultura do gru- po ou organização. A questão da influência será retomada adiante, quando da discussão de algu- mas definições específicas de liderança. No Ca- pítulo 12, há outros exemplos sobre o uso da influência nas organizações. Além disso, mais adiante, neste capítulo, serão apresentadas algu- mas dessas abordagens em detalhes, escolhidas conforme sua importância histórica para a com- preensão de liderança. Definições específicas e componentes-chave da liderança Enquanto, na seção anterior, foi apresentado um panorama de abordagens sobre liderança, esta se voltará à identificação de definições específicas sobre o tema. Embora tenham relação com as mencionadas abordagens, não necessariamente se esgotam em uma ou outra delas, uma vez que contêm autores que combinam elementos de várias daquelas abordagens, bem como de no- vas perspectivas sobre liderança. O Quadro 11.2 destaca oito definições, escolhidas com o intuito de apresentar um painel diversificado de formas 418 Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.) Quadro 11.1 Síntese de abordagens sobre liderança Abordagem Definição Liderança como foci dos processos grupais Liderança como personalidade e seus efeitos Liderança como um ato ou comportamento Liderança como um instrumento de alcance de objetivos Liderança como um efeito emergente da interação Liderança como um papel diferenciado Liderança como a iniciação de estrutura Liderança como construção de sentido Liderança como a arte de induzir a concor- dância Liderança como comportamento persuasivo Liderança como o exercício de influência Liderança como uma relação de poder Liderança como uma combinação de elementos Líder como o núcleo ou o pivô da atividade grupal. Liderança é definida em termos dos atributos de personalidade ou da força de caráter do próprio líder. Uma tradição na pesquisa de liderança centra-se nos atos ou nas ações da liderança, tentando responder à questão: o que os líderes fazem? Atribuição de valor instrumental ao ato de liderança. O líder é definido como uma pessoa que tem um programa e se move em direção ao alcance de um objetivo compartilhado, fazendo-o de maneira efetiva. Liderança emerge como resultado das interações dentro dos grupos e entre seus membros. Liderança é definida como um entre vários papéis bem definidos, necessários e diferenciados. Diferentes membros de um grupo contri- buem diferenciadamente com os alcances dos objetivos desse grupo. A liderança é vista como um papel que integra os outros papéis. Liderança é definida como a iniciação de uma estrutura de papéis. O líder deve oferecer estímulos aos quais os seguidores respondem de forma integrada. É esse estímulodo líder que inicia a estrutura de expectativas. Líder é entendido como alguém responsável por exercer uma função simbólica, servindo como representante de seu grupo para outros grupos. Líderes reforçam os significados associados aos eventos e às circunstân- cias grupais. Líderes são atores importantes na formação e manutenção da cultura da organização. Liderança é pensada em termos da capacidade de moldar o grupo em torno das intenções, desejos e vontades do líder. A influência é exercida em uma única direção: do líder para os liderados/seguidores, sem a consideração dos desejos destes últimos. Trata-se da arte de induzir os outros a fazer algo conforme comportamentos desejados pelo líder. Liderança como atividade de exercer a persuasão sem uso de coerção. Persuasão é compreendida como um instrumento para moldar as expectativas e crenças, sobretudo nas áreas política, social e religiosa. Liderança é entendida como uma relação entre líder e seguidor, na qual o primeiro se esforça, por meio de processos de influência, para alterar o comportamento do segundo com vistas a alguma finalidade específica. Liderança é definida nos termos de um relacionamento diferencial do poder entre os membros de um grupo (ver Capítulo 12 deste livro para mais informações sobre a questão do poder nas organizações). As abordagens aqui reunidas combinam elementos de várias outras definições de liderança. Por exemplo, a combinação entre poder e personalidade está na base da definição da liderança transformacional. Fonte: Com base em Bass (1990). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil 419 de entender a liderança, seus elementos consti- tutivos e a relação desses elementos entre si. A despeito das múltiplas formas de defi- nir liderança, pode-se observar que alguns ele- mentos parecem se repetir e demarcar o que se- ria o núcleo duro das definições apresentadas no Quadro 11.2. É possível dizer que liderança: é um processo; envolve influenciar outras pessoas; ocorre em grupos; envolve a busca, tanto da parte dos líderes como da parte dos liderados, de mudanças reais; envolve o estabelecimento e a realização de objetivos comuns. A definição de liderança como processo implica considerar que ela é passível de ser de- senvolvida (Northouse, 2013). Não se resume a Quadro 11.2 Algumas definições de liderança Definição Autor Liderança define-se como influência interpessoal, exercida em situação e direcionada para os processos de comunicação, rumo ao alcance de um objetivo específico ou vários objetivos. Liderança sempre envolve tentativas da parte do líder (influenciador) a fim de afetar (influência) o comportamento de um seguidor (influência), ou seguidores, em situação. Liderança sobre seres humanos é exercida quando pessoas com certos motivos e propósitos mobilizam, em competição ou conflito com outras pessoas, recursos institucionais, políticos e psicológicos, visando despertar, engajar e satisfazer os motivos dos seguidores. Liderança é uma interação entre dois ou mais membros de um grupo que frequentemente envolve uma estruturação e reestruturação da situação e das percepções e expectativas dos membros. Liderança é vista como um processo que inclui influência sobre: os objetivos de tarefa e estratégias de um grupo ou organização; as pessoas na organização, de modo que estas implementem as estratégias e alcancem objetivos; a manutenção e identificação do grupo; e sobre a cultura da organização. Liderança é um relacionamento de influência entre líderes e seguidores que têm a intenção de mudanças reais que reflitam seus propósitos mútuos. Liderança é um fenômeno complexo que toca em muitos outros processos organizacionais, sociais e pessoais importantes. Ela baseia-se em um processo de influência, por meio do qual as pessoas são inspiradas a trabalhar na direção dos objetivos grupais, não por meio de coerção, mas de motivação pessoal. Liderança é o processo de influenciar outros a compreender e concordar quanto ao que é necessário ser feito e sobre o modo de fazê-lo, e o processo de facilitação dos esforços individuais e coletivos voltados à realização de objetivos compartilhados. Liderança é um processo por meio do qual um indivíduo influencia um grupo de indivíduos a alcançar um objetivo comum. Tannenbaum, Weschler e Massarik (1961, p. 24) Burns (1978, p. 18) Bass (1990, p. 19) Yukl e Van Fleet (1990, p. 149) Rost (1993, p. 11) Bolden (2004, p. 5) Yukl (2010, p. 26) Northouse (2013, p. 5) 420 Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.) uma posição, a um cargo ou a um conjunto iso- lado de traços de personalidade ou estilos ina- tos de comportamentos. Envolve trocas, intera- ções face a face no interior de grupos e organiza- ções. O líder, portanto, não é, necessariamente, a pessoa designada em cargos formais, tampouco se concentra em um pequeno conjunto de pes- soas no topo da pirâmide organizacional: pode ser qualquer pessoa, desde que seja capaz de mo- bilizar as outras, por meio de processos de in- fluência. A influência diz respeito ao modo como os líderes afetam seus liderados e também ao pro- cesso pelo qual estes últimos se afetam mutua- mente. Rost (1993) observa que tal influência está assentada em comportamentos não coer- citivos, isto é, não está baseada no uso ditato- rial do poder ou autoridade, mas na capacidade de exercitar a persuasão. É por meio da persua- são que as pessoas respondem ou não à influên- cia do líder, sempre de modo livre. A Figura 11.1 ilustra os principais componentes da defi- nição de liderança para Rost. Como poder ser visto, outra característica do relacionamento de influên cia é sua multidirecionalidade, podendo ser vertical, horizontal, diagonal e circular – não há, portanto, um fluxo unilateral (de cima para baixo, por exemplo). De forma complementar, a Figura 11.2 ilustra a definição de liderança de Yukl e Van Fleet (1990), também apresentada no Quadro 11.2. Na figura, são discriminadas as dimensões sobre as quais o processo de influência incide: no esta- belecimento de objetivos de tarefa e estratégia, na sua implementação, nos comportamentos do grupo e na cultura da organização – esta últi- ma dimensão é também explorada, entre outros, por Schein (1996) e Smircich e Morgan (1982). Isso será abordado mais adiante no capítulo. Outro aspecto determinante da liderança é o fato de ela acontecer em grupos, nos quais exis- tem líderes e seguidores, processos vinculares entre eles e uma dinâmica de legitimação e reco- nhecimento mútuos. É importante esclarecer que, à primeira vista, a palavra seguidor pode indu- zir a ideia de uma pessoa passiva, à espera de que Liderança Relacionamento baseado em influência Líderes e seguidores são pessoas nesse relacionamento Líderes e seguidores visam mudanças reais Líderes e seguidores desenvolvem propósitos mútuos Influência multidirecional Comportamentos não coercitivos Os seguidores são ativos Deve haver mais de um seguidor, e há, em geral, mais de um líder no relacionamento O relacionamento é inerentemente desigual, pois os padrões de influên- cia são desiguais Visar significa que líderes e seguidores desejam, de forma propositiva, certas mudanças Mudanças reais significam que são substanciais e transformadoras Líderes e seguidores não precisam produzir mudanças para que a lide- rança ocorra; essas mudanças podem ocorrer no futuro (se ocorrerem) Líderes e seguidores visam diversas mudanças de uma vez A mutualidade dos propósitos é obtida em relacionamentos não coerci- tivos Líderes e seguidores desenvolvem propósitos [purposes], não objetivos [goals] As mudanças visadas refletem, em vez de realizarem, tais propósitos Os propósitos mútuos tornam-se propósitos comuns Figura 11.1 Componentes da definição de liderança. Fonte: Com base em Rost (1993). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil 421 o líder mostre o caminho e osmeios de alçar os objetivos. Porém, como adverte Rost (1993), se- guidores são pessoas ativas, não necessariamen- te sinônimo de subordinados. Como liderança envolve influência, e como qualquer um pode exercê-la, então não há uma linha divisória rí- gida entre quem é líder e quem é seguidor. Da mesma forma como qualquer um pode ser líder, os seguidores também o podem. Contudo, não se trata, prossegue Rost (1993), de nivelar líderes e seguidores; de fato, essa distinção é crucial pa- ra o conceito de liderança. Em geral, são os líderes que iniciam os rela- cionamentos de liderança, criam os elos de comu- nicação e se responsabilizam para que a relação se mantenha. Além disso, outro ponto que diferencia líderes e seguidores é que os padrões de influência não são iguais (Fig. 11.1). Conforme observa Rost (1993), líderes têm mais influência porque estão mais dispostos a investir parcela maior dos recur- sos de poder de que dispõem, além de serem mais habilidosos em fazer tais recursos funcionarem co- mo fonte de influência sobre os outros. Por fim, se todos fossem líderes, simplesmente o conceito de liderança não faria sentido. Além disso, con- siderando que liderança não é sinônimo de ges- tão (ou gestor), seria empiricamente difícil as pessoas ocuparem posições de liderança em to- dos os seus relacionamentos sociais. Assim, ora as pessoas são líderes, ora são seguidores. Ade- mais, mesmo quando se encontram nesta última condição, não deixam de ser ativas (embora em graus variados): questionam o líder, contribuem com visões alternativas, posicionam-se, enga- jam-se, e assim por diante. A mera possibili dade de se pensar em relacionamentos de liderança nos quais os seguidores são passivos contraria o próprio conceito de liderança como exercício negociado, multidirecional, situacional, de in- fluência. Para Rost, “[...] tanto líderes como se- guidores fazem liderança.” (Rost, 1993, p. 109). A promoção de mudanças reais é outra característica determinante da liderança (Fig. 11.1). De acordo com Rost (1993), tal intenção deve ocorrer no “aqui e agora” e manifestar-se na forma de palavras, ações e de comportamen- tos propositivos – isto é, o desejo de mudança não é algo acidental ou provocado por acaso. As consequências dessas palavras e ações ocorrem no futuro, e tais consequências não são apenas resultado do relacionamento de liderança, mas estão sujeitas a outras variáveis – por exemplo, variáveis ligadas ao mercado, à situação da or- ganização, a aspectos conjunturais, entre outras. Já o qualificativo “reais” associado às mudanças significa que é preciso haver algo de substanti- vo e transformador naquilo que pretendem lí- deres e liderados. Como será visto mais adiante, a questão da mudança, da transformação, é um aspecto-chave da abordagem transformacio- nal da liderança (Burns, 1978). Mesmo que se- ja difícil, em cada caso concreto, avaliar se uma mudança foi “real” ou efetiva, ainda assim esse qualificativo, sugere Rost, deve ser incluído em uma definição de liderança. O qualificativo de mudança “real” remete a um compromisso com a seriedade dessas mudanças, evitando classifi- car de mudanças substanciais/reais o que seriam mera retórica, hipocrisia, simulação, mascara- mento e outros comportamentos antiéticos da parte de líderes e seguidores – quando então se poderia aplicar o ditado popular que diz: “mu- dar para que nada mude”. Nesse ponto, é importante retomar e re- forçar um aspecto, já mencionado anteriormen- te, que diz respeito à relação entre liderança e re- sultados. Concretamente, na medida em que li- derança é definida como um relacionamento de Figura 11.2 Componentes da definição de liderança. Fonte: Com base em Yukl e Van Fleet (1990). Objetivos de tarefa e estratégias de um grupo Implementar as estratégias e alcançar objetivos Manutenção e identificação do grupo Cultura organizacional Comportamento de influência 422 Zanelli, Borges-Andrade & Bastos (Orgs.) influência (Quadro 11.2 e Fig. 11.1), haverá lide- rança sempre que líderes e liderados partilharem um relacionamento no qual se intencionem mu- danças reais. Para Rost (1993, p. 116), “[...] eficá- cia ou qualquer sinônimo que seja usado – reali- zação, resultados, excelência, produtos, sucesso, alto desempenho – não é um elemento essen- cial da liderança.” Portanto, um relacionamen- to em que líderes e liderados tenham a intenção de alcançar mudanças reais, mas que se revele malsucedido, ineficaz ou que tenha trazido mu- danças mínimas, ainda assim consiste em um re- lacionamento de liderança. Isso porque, na defi- nição de Rost, a intenção de mudança é priori- zada como elemento essencial, sendo situa da no presente – ao passo que as mudanças que podem ser dela decorrentes ocorrem no futuro, este úl- timo entendido como qualquer momento além do momento presente. Isso, contudo, não esgota a questão, uma vez que podem ser encontrados na literatura muitos estudos destinados a com- preender a liderança do ponto de vista do resul- tado/eficácia, cada um deles adotando um crité- rio específico de eficácia (para uma revisão des- ses critérios, conferir Avolio; Walumbwa; Weber, 2009; Jex; Britt, 2008; Yukl, 2010). A liderança também inclui atenção a obje- tivos ou propósitos comuns. Esse é outro com- ponente-chave das definições apresentadas no Quadro 11.2, levando Burns (1978) a dizer que o fracasso no estabelecimento de objetivos por parte do líder é sinal de falta de liderança. “Co- mum” refere-se a algo que emerge no processo de interação entre líderes e liderados, não sen- do exclusividade nem de um, nem de outro. Por- tanto, a liderança não envolve a perseguição de objetivos que são apenas dos líderes (ou da or- ganização), em um caminho unilateral, utilizando os seguidores meramente como “instrumentos” de implementação. A liderança é cotidianamen- te construída, compartilhada, tecida em uma rede de interdependências, visando o alcance de obje- tivos interpretados como comuns. Objetivos co- muns são a essência das trocas entre líderes-li- derados. Assim, o líder é visto como alguém que facilita o alcance das metas por meio de direção, apoio, participação e orientação para o êxito. Mais adiante neste capítulo, será visto que esse papel da liderança se incorpora na teoria deno- minada “trilha-meta”. Uma distinção final se coloca aqui, con- forme se observa na descrição de liderança pro- posta por Rost (1993) e ilustrada na Figura 11.1. Esse autor sugere a distinção entre propósitos e objetivos. Enquanto os primeiros são mais am- plos, holísticos e abstratos, os objetivos são mais específicos, segmentados e operacionalizáveis em termos quantitativos. Com isso, Rost suge- re que a liderança está envolvida com um mapa de ações mais amplo, tendo mais a ver com “o que as pessoas são” (propósitos, missão, iden- tidade) do que com “aquilo que as pessoas fa- zem” (as metas de curto prazo, quantificáveis, focais/pontuais). Além disso, Rost sugere que as mudanças intentadas por líderes e liderados re- fletem, em vez de realizarem, os propósitos co- muns de ambos. Há aqui uma sutileza no uso das palavras. Para esse autor, realizar, nesse con- texto, tem a ver com posições fixas, definitivas, ao passo que refletir remete a certa ambiguidade e fluidez nas intenções de líderes e liderados. Ao fazer essa distinção, Rost espera desconstruir a ideia de que líderes têm as respostas prontas pa- ra a maioria das questões que afetam os grupos e que liderados simplesmente se deixam levar por seus líderes. A liderança, para ele, não é um ca- minho linear, no qual líderes realizam objetivos pontuais e situacionais por meio de seus segui- dores. A liderança envolve negociação contínua e a formulação de posições e respostas em con- textos instáveis e dinâmicos; refletir objetivos, para além de um mero jogo de palavras, sugere um desencontro entre aquilo que foi prescrito e imaginado e aquilo que efetivamente acontece. APROFUNDANDO ASABORDAGENS CLÁSSICAS SOBRE LIDERANÇA Se o Quadro 11.1 mostra a floresta (macro), agora serão abordadas as árvores que a com- põem (micro). Assim, o Quadro 11.1 apresen- ta uma síntese das principais abordagens sobre liderança, tomando como base a sistematização oferecida por Bass (1990). Historicamente, essas abordagens podem ser classificadas conforme: 1. a ênfase que colocam sobre os líderes; 2. a ênfase que colocam sobre a situação; 3. a ênfase que colocam sobre os liderados ou seguidores; e 4. a ênfase que colocam nos aspectos relacio- nais e transformacionais envolvidos na li- derança. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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