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COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Aline Poggi Lins de Lima Marketing de relacionamento Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as principais características do marketing de relacionamento. Identificar as principais estratégias de marketing de relacionamento. Desenvolver ações de relacionamento com os consumidores. Introdução Em um momento em que as relações interpessoais são de extrema im- portância, como se evidencia no mundo atual, para as empresas, esse tipo de relação também é relevante, principalmente quando se fala nos relacionamentos cliente-vendedor e cliente-empresa. Estamos na era do relacionamento, em que vender por vender não é mais suficiente — é preciso manter uma relação sadia com os clientes. Somente assim será possível criar uma relação de confiança entre as partes, e o cliente saberá que pode contar com a empresa quando precisar. Hoje em dia, relacionar-se com o cliente é a melhor forma de criar uma relação forte e duradoura. Neste capítulo, você vai aprender como o marketing de relaciona- mento pode auxiliar na relação com o cliente, quais são as melhores estratégias para desenvolver esse relacionamento e quais são as ações necessárias para aproximar ainda mais o cliente da empresa. Marketing de relacionamento: definições e características principais A partir do advento da internet e em meio à globalização, não só as pessoas, mas o próprio mercado passa por constantes mudanças. O comportamento dos consumidores mudou, bem como o seu poder de busca e entendimento sobre os produtos e serviços que as empresas oferecem. Diante desse cenário, as empresas precisam voltar seus olhares para essas mudanças e, cada dia mais, adequar-se às novas demandas, para que possam conquistar ou manter o seu lugar no mercado. Várias são as alternativas encontradas pelas empresas para se destacar no mercado atual. Uma delas é investir no relacionamento com os clientes, oferecendo atendimento de excelência, visto que ter um produto de qualidade e um preço competitivo não são mais fatores determinantes para o sucesso nos negócios. Entender o comportamento dos consumidores é vital para as empresas. Quando falamos de um bom atendimento ao cliente, não se trata simples- mente de ser cordial ao telefone, falar bem, responder prontamente o seu e-mail ou recepcioná-lo dentro do estabelecimento. Além de tudo isso, é preciso antecipar-se às necessidades e aos desejos do cliente, identificar quais são as suas expectativas, conseguir traduzir boa parte das suas exigências e oferecer para ele uma experiência positiva no ato do atendimento. Segundo Kotler (2003), os relacionamentos determinam o valor futuro do negócio. Qualquer deslize nesses relacionamentos prejudica o desempenho da empresa. Ainda segundo Kotler (2003, p. 25), “O cliente é nosso visitante mais importante. Ele não depende de nós — nós é que dependemos dele. Não é um estranho em nosso negócio — é parte dele. Não prestamos nenhum favor aos clientes quando os servimos […] ao contrário, ele é que nos presta um favor, ao dar-nos a oportunidade de servi-lo”. Pensando no hoje, oferecer produtos de qualidade com preço justo não pode ser considerado como um diferencial competitivo, visto que a concorrência é bastante acirrada. O que faz diferença entre as empresas disponíveis no mercado é justamente a competência em entender os fatores que determinam o valor de um produto ou serviço e a satisfação que esse produto ou serviço confere ao cliente. É no relacionamento cliente–empresa que o marketing de relacionamento se alicerça. Swift (2001) alerta que o marketing de relacionamentos exige não somente o conhecimento do cliente, mas também a capacidade de capturar informações, analisá-las rapidamente e reagir imediatamente às demandas do cliente. É necessário fazer um levantamento geral sobre o cliente. Eles são a base para que as empresas consigam evoluir. Leonard Berry foi o primeiro a utilizar o termo marketing de relaciona- mento, nos anos 1980, embora os conceitos de parcerias e contratos de longo prazo já fossem aplicados há muito tempo. Segundo Madruga (2010, p. 6): Marketing de relacionamento2 Assim como o marketing de massa foi a solução no século passado para levar o maior número possível de produtos para o maior número imaginável de clientes, o marketing de relacionamento na atualidade privilegia a interação com o seu cliente, com o objetivo de desenvolver, especialmente para ele, um conjunto de valores que levarão à satisfação e longevidade do seu relaciona- mento com a empresa. Segundo Swift (2001), o marketing de relacionamento deve: concentrar-se nos parceiros e clientes, em vez de nos produtos da em- presa, transferindo o foco interno para o externo; atribuir mais ênfase à retenção e satisfação dos clientes existentes do que à conquista de novos clientes; confiar mais no trabalho de equipes, fomentando o marketing coorde- nado, do que nas atividades de departamentos isolados. Focar nos clientes se faz necessário, mas não é suficiente, principalmente na chamada era da hipercompetição, na qual a concorrência, muitas vezes, se torna desleal. O marketing de relacionamento cria valores para os seus clientes. Quanto mais formas de atender e satisfazer o cliente, mais forte é o relacionamento entre empresa e cliente. O Quadro 1 aponta as diferenças entre o marketing tradicional e o marketing de relacionamento. Fonte: Adaptado de Gordon (1998). Marketing tradicional Marketing de relacionamento Preocupação com a venda Preocupação com o relacionamento Produtos/serviços padronizados Produtos/serviços personalizados Comunicação de massa Comunicação de transações Transação independente Histórico de transações Atenção com a participação de mercado Atenção com a participação do cliente Estratégia: atração de clientes Estratégia: retenção de clientes Quadro 1. Marketing tradicional versus marketing de relacionamento 3Marketing de relacionamento Colaborando com as informações já apresentadas neste capítulo, os autores Evans e Laskin (1994) apontam que, para que os objetivos do marketing de relacionamento sejam alcançados, deve-se: compreender as necessidades dos clientes; tratar os clientes como parceiros; assegurar que os empregados satisfaçam as necessidades dos consumidores; prover os consumidores com a melhor qualidade possível quanto às suas necessidades individuais. Para que se estabeleça esse relacionamento, é necessário um processo longo, que exige o comprometimento de toda a empresa, do operacional ao estratégico. Além disso, esse processo deve ser contínuo, garantindo o oferecimento de produtos e serviços de qualidade para obter clientes fiéis. Estratégias de marketing de relacionamento Quando usadas de forma adequada, as estratégias de marketing de relaciona- mento — isto é, todas as ações da empresa focadas em criar relacionamentos e trabalhar na retenção e fi delização de clientes — são responsáveis pela criação de valor para os clientes. Segundo Andrade et al. (2007, documento on-line), “Estratégias que focalizem a retenção de clientes podem ser caras, pois geralmente envolvem níveis crescentes de serviços de clientes e costuram o produto ou o serviço oferecido para vestir clientes individuais ou grupos de clientes”. As estratégias de marketing de relacionamento servem para romper limites e criar novos sentimentos junto aos clientes. Quando o cliente é inserido no “mundo” da empresa, as possibilidades são infinitas. E, para que isso ocorra, algumas estratégias são eficazes para manter o bom relacionamento entre ambas as partes. A primeira dessas estratégias é satisfazer o cliente. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2008, p. 6), é “[…] mais fácil desenvolver estratégias para influenciar os consumidores depois que entendemos por que as pessoas com- pram certos produtos ou marcas”. A satisfação dos clientes é um dos pontos mais estudadose debatidos na área do marketing, dada sua importância. Caso o cliente não se sinta satisfeito com o atendimento ou o produto ou serviço, o fato poderá implicar no fim do relacionamento com a empresa, gerando, Marketing de relacionamento4 com isso, algumas consequências. Dentre elas está o marketing boca a boca negativo, que é prejudicial pela sua propagação rápida e por, muitas vezes, ter o poder de destruir a imagem de uma marca. Kotler (2005, p. 42) afirma que a satisfação “[…] consiste na sensação de prazer ou desapontamento de uma pessoa resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um produto e suas expectativas”. As empresas precisam entender que, quanto mais valor for gerado para o cliente, maior será seu nível de satisfação. Por isso, elas precisam analisar os comportamentos dos consumidores, para que a entrega seja feita conforme a expectativa do cliente ou, até mesmo, superando-a. Pensar em estratégias que beneficiem os clientes resulta na baixa probabilidade de perder o cliente para a concorrência, reduz a necessidade constante de alteração de preços para competição no próprio mercado e possibilita que os próprios colaboradores da empresa se sintam mais confiantes para desenvolver essa relação com o cliente, conforme apontam Hoffman e Bateson (2003). Ainda segundo esses autores, é a satisfação que proporciona a fidelização e a propaganda boca a boca positiva, e seu monitoramento pode ser capaz de evitar a perda de clientes, por meio de ações antecipadas para o melhor desempenho do serviço. Outras estratégias no marketing de relacionamento são utilizadas para a prospecção de clientes. E, para que isso aconteça, a segmentação e a definição do público-alvo são primordiais para o bom desenvolvimento das estratégias corretas. A segmentação acontece a partir das análises de diferenças demo- gráficas, psicológicas e comportamentais entre os consumidores, separando-os em grupos conforme preferências e distribuições. A partir disso, é necessário que a empresa identifique qual grupo apresenta maiores oportunidades frente ao serviço ou produto oferecido por ela, encontrando, assim, o público-alvo correto para sua prospecção, conforme apontam Kotler e Keller (2012). Os autores afirmam ainda que, para conseguir contato com potenciais clientes, também chamados prospects, faz-se necessário desenvolver propa- gandas e divulgá-las, de forma a alcançarem esses prospects. Pode-se enviar e-mails e malas diretas, possibilitar a participação da área de vendas em feiras, congressos e eventos sociais, comprar cadastros, entre outros recursos. Assim, abre-se um leque de opções para que a empresa seja vista e possíveis clientes se identifiquem com ela. As estratégias de marketing de relacionamento devem ser construídas com base no modelo de relacionamento que a empresa deseja manter com os seus clientes, para que seja implementada e orientada com foco nos clientes. Veja a seguir as etapas para a implementação da estratégia orientada ao cliente, conforme apontam Seybold e Marshak (2000). 5Marketing de relacionamento 1. Facilitar os negócios do cliente com a empresa. 2. Ter como foco o cliente final de seus serviços. 3. Estruturar seus negócios de acordo com o ponto de vista de seu cliente. 4. Buscar a lucratividade da empresa dentro de uma visão abrangente e progressiva. 5. Buscar constantemente a lealdade do cliente, que é a chave da renta- bilidade da empresa. Como já sabemos, a atração de novos clientes envolve custos altíssimos, e é de extrema importância que a empresa seja capaz de reter os clientes já conquistados e que estão gerando resultados positivos na organização. Para isto, são imprescindíveis as estratégias de retenção de clientes. Segundo Kotler (2005), uma boa estratégia para reter clientes é manter canais de fácil acesso para registro de reclamações. É comprovado que a maioria dos clientes insatisfeitos não reclama, e a empresa acaba não tendo acesso à informação que possibilita a resolução do problema. As empresas precisam ter em mente que, com a grande quantidade de oferta de serviços e produtos e a enorme semelhança entre as características dos concorrentes, o risco de o cliente mudar e aceitar os benefícios de outras empresas é grande. Assim, escutar o cliente também tem sua importância. Mas não basta apenas ouvir aqueles que desejam reclamar ou dar um feedback nos serviços de atendimento ao consumidor, por exemplo. É importante verificar os clientes que não se manifestam voluntariamente, que estão calados. Para tanto, deve-se realizar contatos de pesquisa, sejam telefônicos ou pessoalmente, por meio de questionários e formulários, além da criação de canais em que o cliente possa se sentir à vontade para expor sua opinião sem se sentir constrangido. Hoffman e Bateson (2003) defendem que, para definir uma estratégia de recuperação de serviço que não foi positivo, a empresa precisa estar aberta às reclamações. Isso porque os clientes aceitam que falhas podem acontecer, mas ficam extremamente insatisfeitos quando notam não haver um esforço por parte da empresa para recuperar o serviço. Furlong (1994) estabeleceu algumas etapas para a retenção de clientes, que são vitais até os dias atuais. Veja-as a seguir. Marketing de relacionamento6 Trabalho em equipe: para que seja possível solucionar os problemas existentes, necessita-se trabalhar como um time único, unido e forte, em que todas as pessoas envolvidas saibam a importância da retenção de um cliente e se sintam valorizadas ao dedicar esforços para esse fim. Conhecer os clientes: deve-se criar a prática de buscar entender o que o cliente deseja e anseia, podendo perguntar diretamente ao mesmo, a fim de entender melhor o que o cliente procura. Foco na resolução de problemas, e não na identificação de resultados: o cliente, geralmente, sente-se mais seguro e se torna leal quando percebe que a empresa tem capacidade de resolução de eventuais problemas, e não quando apenas percebe um bom serviço. Manter contato com os clientes: eles necessitam se sentir valorizados. Estreitar relacionamento: isso pode ser feito por meio do oferecimento de diversos serviços essenciais e adicionais, prendendo e cativando o cliente. Sabemos, contudo, que, além de estratégias voltadas à prospecção e à retenção de clientes, as empresas precisam evitar a evasão deles, agindo antecipadamente com ações que gerem um vínculo mais forte com os consu- midores, tornando-os fiéis e defensores da marca. Diante disso, a organização deve estabelecer estratégias para envolver muito bem o cliente com o produto ou serviço oferecido, conquistando, assim, a sua fidelização. As estratégias de fidelização são ferramentas que objetivam conquistar lealdade na relação entre o consumidor e o fornecedor, impedindo a perda de clientes, pois conquistar um novo cliente é muito mais dispendioso do que manter um cliente atual, conforme lecionam Cobra e Ribeiro (2000). As empresas precisam buscar constantemente ações que aumentem o nível de fidelização dos clientes. Normalmente, os programas de fidelidade estão voltados a recompensar os clientes que adquirem o serviço ou produto com recorrência, aumentando o vínculo cliente–empresa. Geralmente, essas ações acontecem por meio de descontos ou bônus no serviço. Os vínculos entre empresa e cliente se formam com base na facilidade que o cliente tem de acessar os serviços oferecidos, na atualização da empresa quanto às demandas desse cliente, nas formas de contato disponibilizadas pela empresa, entre outros aspectos. 7Marketing de relacionamento Cliente fiel compra de novo. Esse cliente não precisa mais ser convencido: ela já com- provou a qualidade do seu produto ou serviço, adquiriu confiança no atendimento e tem conhecimento sobre a marca. Além de comprar novamente, ele indica a empresa e os produtos. Ele não recomenda seu produto favorito pensando em receber algo em troca — faz isso simplesmentecomo um hábito, uma forma de compartilhar algo de valor que encontrou e pode ajudar outras pessoas. Principais ações de relacionamento com os consumidores Quando se trata de marketing de relacionamento, as empresas não podem pensar em simples ações ou atividades isoladas do marketing propriamente dito, em que o cliente apenas recebe um bombardeio de ações direcionadas à área comercial. É necessária uma coordenação de todas as áreas da empresa que mantêm contato com o cliente, para que as ações sejam sincronizadas e atendam ao mesmo propósito. Bogmann (2000, p. 26) afi rma que “[…] marketing de relacionamento é tudo, desde que dirigido ao seu cliente em tempo real”. São ações focadas no público-alvo. O marketing de relacionamento acontece a partir da vinculação de várias atividades, recursos e atores participantes das ações, conforme mostra a Figura 1. Las Casas (2008) afirma que é bastante difícil fazer alguma ação de marketing de relacionamento sem que se conheça o cliente. Assim, para essas ações, o mais coerente é que se construa um banco de dados, com informações detalhadas e aspectos qualitativos e que esteja em constante atualização. O objetivo desse banco de dados é reconhecer o comportamento dos clientes a partir do cruzamento e da análise dos dados sociodemográficos e das características psicográficas. Marketing de relacionamento8 Figura 1. Fundamentos de marketing de relacionamento. Fonte: Adaptada de Campos (2009). Tecnologia (a informação flui bilateralmente e facilita a venda consultiva) Experiência (enfatiza a interatividade, a conectividade e a criatividade) Conhecimento (noção do macroambiente, do microambiente e do cliente-alvo) Flexibilidade (estrutura operacional que aproveita o feedback) Sensibilidade (diversificação de modos e canais para ler o comportamento do cliente e atendê-lo em tempo real) Elasticidade (aprender com os erros, escutar e responder) Segmentação (foco em ganhar mercado, e não em vender produto) Híbrido produto-serviço (componente de retenção) Marketing de relacionamento Feedback (conexão entre empresa e cliente) O cruzamento de informações para formar o perfil do consumidor utiliza algumas ferramentas que servem como recurso estratégico e auxiliam nas ações propostas pelas empresas, como o customer relationship management (CRM). Segundo Peppers e Rogers (2004, p. 68): CRM é uma estratégia de negócio voltada ao entendimento e à antecipação das necessidades dos clientes atuais e potenciais de uma empresa. Do ponto de vista tecnológico, consolida todos os dados captados interna e externamente em um banco de dados central, analisa os dados consolidados, distribui os resultados dessa análise aos vários pontos de contato com o cliente e usa essa informação ao interagir com o cliente através de qualquer ponto de contato com a empresa. Trata-se de uma ferramenta de extrema importância para que a empresa possa conhecer bem cada tipo de cliente e direcionar suas forças para o pú- blico certo. Essa ferramenta tem o foco no contato direto com o cliente e, normalmente, é utilizada para gerenciar todos os contatos com os clientes e extrair de cada um deles o máximo de informações possível. Lembrando que o pensamento de marketing e as ações propostas devem focar em reter clientes, e não meramente adquiri-los, o que é crucial para as empresas de serviços. As empresas possuem diversos tipos de clientes: os confusos, os decididos, os indecisos, os agressivos, os críticos, entre outros. Outros conceitos de tipos de consumidores são apresentados por McKenna (1993) na obra Marketing de 9Marketing de relacionamento Relacionamento, que traz os consumidores como sendo: rentáveis, formadores de opiniões, advogados ou defensores e parceiros da empresa. Consumidor rentável: alguns consumidores podem realizar trocas com a organização que sejam desfavoráveis a ele em algum momento; tal consumidor deve ser analisado ao longo de seu relacionamento com a empresa, e deve ser verificada sua rentabilidade nesse sentido. Formador de opinião: alguns consumidores não são rentáveis para a organização, porém, sua reputação e suas opiniões no mercado onde a empresa atua alavancam a venda de seus produtos e/ou serviços. Advogado ou defensor: o cliente “vende” a empresa a outros consumi- dores, por meio do boca a boca. O efeito resultante é enorme, visto que a propagação positiva da empresa é bastante efetiva. Parceiro: alguns consumidores são elevados pela empresa à condição de parceiro. Tais consumidores contribuem por meio de sugestões para o aprimoramento, o desenvolvimento e a criação de novos produtos e serviços. O grande desafio para as empresas é criar interações amigáveis com os clientes e saber lidar com seus diferentes tipos. Isso impede que se elabore uma fórmula única para atender bem os clientes, pois as características individuais de cada ser humano impossibilitam que isso aconteça de uma forma generalizada. Para os autores Berry e Parasuraman (1995), o marketing de relacionamento está subdividido em três níveis, descritos abaixo. 1. No primeiro nível, a ênfase é em estimular e cativar os clientes por meio do preço e de descontos, fazendo com que eles voltem a fazer negócio com a empresa. Ferramenta muito utilizada por todos os concorrentes no mercado. Esse tipo de atividade é conhecido também como marketing de frequência. Exemplo: os programas de ofertas para viajantes assíduos, em que pode haver acúmulo de quilometragem e trocas por viagens gratuitas ou melhores acomodações; são os chamados programas de milhas. 2. No segundo nível, além de valorizar o preço, a empresa enxerga a importância de valorizar os serviços prestados como reflexo para se obter clientes fiéis. Considera-se aqui o aspecto financeiro e, também, o aspecto social do cliente. Ênfase no processo de personalização dos serviços e no relacionamento, o qual é possível a partir da interação cliente-empresa e do conhecimento das suas necessidades. Exemplo: Marketing de relacionamento10 atendimento diferenciado nos bancos entre pessoas físicas e jurídicas; porém, a empresa entende a necessidade de chamar cada cliente pelo seu próprio nome, trazendo referência no acolhimento e atendimento. 3. No terceiro nível, começa a se consolidar nas empresas o relacionamento como elo estrutural, além de social e financeiro. Geralmente são ofe- recidos serviços que ajudam os clientes a se tornarem mais eficientes e produtivos; muitas vezes, esses serviços são baseados na tecnologia da informação e não são oferecidos de prontidão pelos concorrentes. Exemplo: uma infraestrutura oferecida pelas empresas para que seus clientes tenham acesso a computadores, internet e tecnologias especí- ficas que facilitarão suas atividades no dia a dia. Algumas ações, de fato, fazem a diferença no relacionamento entre cliente e empresa. Pensar em estratégias para divulgar uma empresa não é uma tarefa fácil. É necessário pensar no tamanho da ação proposta, no orçamento e em diversas outras questões antes de investir em qualquer divulgação de uma marca. Ações voltadas ao uso de e-mail marketing, por exemplo, trazem ótimos retornos às empresas e estão entre as ferramentas mais poderosas utilizadas atualmente. Diversas ações de e-mail marketing podem surtir efeitos, como: criar uma relação de proximidade com o público-alvo; parabenizar o cliente em datas importantes da sua vida, como aniver- sário, casamento, etc., fazendo com que o cliente se sinta lembrado e especial; oferecer conteúdos relevantes, que realmente gerem valor para seu cliente nas suas áreas de interesse; enviar campanhas de construção e consolidação de marca, mostrando como a empresa tem um papel relevante na vida do cliente; oferecer promoções especiais, descontos, bônus, brindes e outros cupons de vantagens, ressaltando o benefício em ser cliente da empresa. realizar ações de pós-venda, como pesquisas de satisfação, para sabera opinião e as sugestões dos clientes para a empresa, se houve algo errado, etc.; oferecer novos produtos. Trabalhar com ações de programas de fidelidade também é uma forma de cativar os clientes. Trata-se de um dos formatos mais comuns de marketing de relacionamento e é muito utilizado por empresas aéreas, administradoras de 11Marketing de relacionamento cartões de crédito, bancos e até hotéis e restaurantes, pois incentiva o retorno do cliente à empresa. Conforme visto anteriormente, esses programas consistem em oferecer benefícios para que o cliente consuma preferencialmente o seu produto ou serviço em vez de ceder às tentações da concorrência. As ações voltadas para esse tipo de estratégia podem ser as mais variadas possíveis, como: parcelas do próprio serviço ou produto ofertado, como no caso de hotéis, restaurantes e empresas aéreas, que oferecem hospedagens, refeições e milhas depois de um número específico de consumos ou tempo de uso do produto da empresa. Podem ser oferecidas também outras vantagens não relacionadas direta- mente ao produto ou serviço prestado — como no caso de administradoras de cartão de crédito e seus programas de geração de pontos e benefícios, que os clientes podem trocar por outros produtos de parceiros ou descontos progressivos em produtos de uma mesma marca. Para implementar esses pro- gramas, é necessário que a empresa analise os dados de seus clientes, para que as vantagens sejam atrativas para todos e, ao mesmo tempo, surpreendentes, proporcionando um agrado para esses clientes, para que enxerguem vantagens na relação com a empresa e continuem a comprar dela. Para um aprofundamento maior acerca da temática abordada neste capítulo, temos como sugestão o livro Marketing de Relacionamento Total, de Evert Gummesson. O livro tem o objetivo de contribuir para uma abordagem mais realista da gestão de marketing, além de abordar o marketing de relacionamento e os temas principais da CRM e do marketing um a um. 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