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MARKETING DE RELACIONAMENTO Ana Maria Faria Editora Senac São Paulo – São Paulo – 2020 Sumário Capítulo 1 Marketing de relacionamento: definição 1 Marketing de relacionamento: definição 2 Componentes básicos do marketing de relacionamento 3 Fidelização de clientes 4 Interação no relacionamento 5 Alicerces do marketing de relacionamento 6 Exemplo e estudo de caso Considerações finais Referências Capítulo 2 Marketing tradicional, marketing de relacionamento e marketing de serviço 1 Conceituação de marketing e marketing de relacionamento 2 Comparações entre marketing tradicional e marketing de relacionamento 3 Novos desafios para as empresas 4 Estratégias competitivas de Porter 5 Mix de marketing – os 4 Ps 6 Marketing de serviços: conceituação 7 Definições e significado de serviço 8 Objetivos do marketing de serviços 9 Percepção da qualidade 10 Exemplo e estudo de caso Considerações finais Referências Capítulo 3 Criação de valor para o cliente 1 Definição de valor 2 Diferença entre custo, preço e valor 3 Como se dá a criação de valor para o cliente 4 Estudo de caso – a marca Granado e sua trajetória de posicionamento de marca Considerações finais Referências Capítulo 4 Principais canais de comunicação e relacionamento 1 Entendendo o cliente 2 Canais de comunicação e relacionamento 3 Elementos da cultura empresarial 4 Redes sociais como canais de relacionamento 5 Estudos de caso – J & J Considerações finais Referências Capítulo 5 O papel e a importância das redes sociais como canais de relacionamento 1 Redes sociais 2 Social e-commerce (CtoC) 3 Redes colaborativas 4 Case e exemplos de social e-commerce Considerações finais Referências Capítulo 6 Gestão do relacionamento com o cliente (CRM – customer relationship management) 1 Conceituação da gestão do relacionamento com o cliente 2 Objetivos do CRM 3 Processo de CRM 4 Importância do relacionamento com o cliente 5 Gerando informações: minerando dados 6 Fases da gestão do relacionamento com o cliente 7 Social CRM 8 Exemplos e estudos de caso Considerações finais Referências Capítulo 7 Aplicação da tecnologia em gestão do relacionamento com o cliente (CRM – customer relationship management) 1 O papel da tecnologia para o marketing de relacionamento 2 Mídias sociais 3 Tecnologia no marketing tradicional e no marketing de relacionamento 4 Exemplos e estudos de caso Considerações finais Referências Capítulo 8 Redução de perdas, retenção e recuperação de cliente 1 Cultivando o relacionamento 2 Identificando, diferenciando e interagindo com o cliente para fortalecer o relacionamento 3 Relacionamento: retenção e gestão da base de clientes 4 Redução das perdas dos clientes 5 Recuperação de clientes 6 Exemplos e estudos de caso Considerações finais Referências Capítulo 9 Fidelização do cliente e estratégias 1 Identificando o conceito de fidelização do cliente 2 Metodologias 3 Rentabilizando a recência e a frequência 4 Modelos de programas de fidelização 5 Programas de coalização 6 Exemplos Considerações finais Referências Capítulo 10 Banco de dados de clientes e database marketing 1 Conhecer e compreender a utilização de banco de dados de clientes e database marketing 2 Data warehouse 3 Data mining 4 Desvantagens do database marketing e do CRM 5 Exemplos e estudo de caso Considerações finais Referências Capítulo 11 Gestão de relacionamento do cliente B2B 1 Discorrendo um pouco sobre relacionamento 2 Uma abordagem sobre B2B e B2C 3 Mercados empresariais e mercados consumidores 4 A escolha dos clientes pela empresa 5 Estudo de caso Considerações finais Referências Capítulo 12 Mercados institucional e governamental no relacionamento com clientes 1 Conhecendo o comportamento de compra nos mercados institucional e governamental 2 Evolução da administração pública com foco no cidadão 3 Aplicabilidade do marketing de relacionamento no setor público 4 A tecnologia no mercado governamental e a integração multicanal 5 CzRM: a gestão do relacionamento com os cidadãos 6 O papel da ouvidoria na melhoria do relacionamento com o cidadão 7 A importância dos funcionários públicos no relacionamento com o cidadão 8 Transformação e agilização de processos para o relacionamento com o cidadão 9 Exemplos Considerações finais Referências Capítulo 13 Conhecer as cadeias de relacionamentos 1 Relação entre empresas e participantes 2 Relacionamento com os distribuidores 3 Relacionamento com os funcionários 4 Relacionamento com os fornecedores 5 Cadeia de valor 6 Exemplos Considerações finais Referências Capítulo 14 Os órgãos e entidades de defesa dos consumidores 1 Entender e conhecer os órgãos e entidades de defesa dos consumidores 2 Veículos de comunicação de defesa dos consumidores 3 É preciso preparo: um exemplo de atendimento de reclamação recebida de órgão de defesa do consumidor Considerações finais Referências Sites Capítulo 15 Ética no relacionamento com clientes 1 Conhecer a aplicação da ética no relacionamento com clientes 2 Código de ética do comércio 3 Código de ética do comércio eletrônico Considerações finais Referências Capítulo 16 Posicionamentos das marcas por meio do relacionamento 1 Compreender e conhecer os diversos posicionamentos das marcas por meio do relacionamento 2 Estudo de caso – sandálias Havaianas Considerações finais Referências Sobre a autora Capítulo 1 Marketing de relacionamento: definição Não é de hoje que se presencia uma economia dinâmica e de mão dupla, em que as organizações proporcionam serviços acoplados aos produtos que oferecem. Trata-se da economia de serviços. Em tempos anteriores à tecnologia de massa, as empresas faziam certa divisão entre as necessidades e os desejos dos clientes, ou seja, entregavam a seus clientes os produtos e/ou serviços de acordo com as necessidades que acreditavam que eles tinham. De certa forma, essa abordagem fazia com que as empresas acreditassem que seus clientes jamais migrariam para um concorrente, pois acreditavam que os “compreendiam” complemente e que personalizavam seus produtos e/ou serviços. Era possível às empresas conhecer seus clientes muitas vezes pelo nome, saber onde eles moravam, o que queriam e o que desejavam. Sabiam como efetuar a entrega do produto, conheciam a forma de pagamento que seria escolhida e, melhor ainda, quanto o cliente tinha disponível para “investir” na compra do produto ou serviço. Assim, o marketing de serviços tem grande relevância e importância em um mercado global, pois uma empresa pode se diferenciar de seus concorrentes e obter vantagem competitiva. Na atual economia, a demanda, as necessidades e os desejos dos consumidores cresceram. Estes, ao comprar bens e serviços, adquirem também os benefícios que eles proporcionam. Assim, cada vez mais as empresas percebem que é essencial conhecer o cliente, suas necessidades e seus desejos. Sem dúvida, este é um ativo valioso para que seja construído um relacionamento com o cliente. Neste cenário, insere-se o marketing de relacionamento. Embora exista há muito tempo, vem sendo muito utilizado nos últimos anos, e as empresas identificam a importância da fidelização de seus clientes, cada vez mais exigentes. O objetivo deste livro é situá-lo nesse contexto, já presente em muitas organizações. Compreende uma multiplicidade de situações para que a empresa busque competitividade, em médio e longo prazo. 1 Marketing de relacionamento: definição O conceito de marketing de relacionamento é muito vasto, e as definições encontradas para ele na literatura são muitas. Semanticamente, difere muito do marketing tradicional. De acordo com Grönroos, professor de marketing industrial e internacional da Escola Sueca de Economia e Administração de Empresas na Finlândia: um relacionamento não é apenas manifesto pelo comportamento de compra do cliente; seus corações e mentes também têm de estar dedicados ao relacionamento e ao parceiro do relacionamento. [...]Consequentemente, uma empresa deve criar processos de interação e comunicação que facilitem um relacionamento, mas é o cliente, e não a empresa, quem determina se um relacionamento foi desenvolvido ou não”. (GRÖNROOS, 2009, p. 33) Cabe aqui falarmos sobre características de serviço. Ainda sobre a óptica do autor: um serviço é um processo, consistindo em uma série de atividades mais ou menos intangíveis que, normalmente, mas não necessariamente sempre, ocorrem nas interações entre o cliente e os funcionários de serviço e/ou bens físicos e/ou sistemas do fornecedor de serviços e que são fornecidas como soluções para problemas do cliente. (GRÖNROOS, 2009, p. 46) Figura 1 – Características distintas dos serviços O objetivo do marketing de serviços é descobrir em quais características os clientes estão interessados e despertar neles uma necessidade de compra. Uma das maiores autoridades mundiais em marketing, Philip Kotler, diz que: Um dos principais objetivos do marketing é, cada vez mais, desenvolver relacionamentos profundos e duradouros com todas as pessoas ou organizações que podem, direta ou indiretamente, afetar o sucesso das atividades de marketing da empresa. O marketing de relacionamento tem como objetivo construir relacionamentos de longo prazo mutuamente satisfatórios com seus componentes-chave, a fim de conquistar ou manter negócios com eles. (KOTLER; KETLER, 2012, p. 18) Nota-se que o marketing de relacionamento necessita da cooperação entre os envolvidos para a criação mútua de valor. Assim, a perspectiva do marketing relacional é haver interdependência e cooperação mútuas, nas quais deverá estar presente o empenho dos envolvidos para a criação de valor tanto para o cliente quanto para o fornecedor. Para estabelecer uma estratégia de relacionamento, a empresa deverá ter, primeiramente, contato direto com o cliente e os demais parceiros de negócios. Deverá, então, desenvolver seus trabalhos orientados para o cliente, redefinindo seu negócio, se necessário. Ainda segundo Grönroos, é preciso haver outra concepção de relacionamento: Um relacionamento não é apenas manifesto pelo comportamento de compra do cliente; seus corações e mentes têm de estar dedicados ao relacionamento e parceiro de relacionamento. Consequentemente, uma empresa deve criar processos de interação e comunicação que facilitem um relacionamento, mas é o cliente, e não a empresa, que determina se um relacionamento foi desenvolvido ou não. (GRÖNROOS, 2009, p. 33) 2 Componentes básicos do marketing de relacionamento Há uma rede de marketing que compõe o marketing de relacionamento. É consenso entre os teóricos a importância dos clientes dentro do marketing de relacionamento. Funcionários engajados e treinados também, assim como a relação com os fornecedores. O papel dos acionistas não poderia faltar, visto que, sem seu envolvimento, não haverá relacionamento. Assim, são componentes do marketing de relacionamento: A relação sólida entre esses componentes exigirá a compreensão de suas competências, recursos, necessidades e desejos (KOTLER; KELLER, 2012). Figura 2 – Componentes básicos CLIENTES FUNCIONÁRIOS PARCEIROS ACIONISTAS O conjunto desses componentes apresentados na figura 2 retrata a sinergia entre os componentes básicos do marketing de relacionamento. 2.1 Clientes Não é preciso ressaltar que o cliente é o alvo e a razão de existência das empresas. Sem ele, elas não existiriam. É o cliente que vai determinar quais serão os produtos ou serviços a serem ofertados. Os clientes são os ativos das organizações em curto, médio e longo prazos. As empresas devem buscar satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes, uma vez que, satisfeitos, eles disseminam informações positivas e atraem novos clientes. 2.2 Funcionários Todos os funcionários da empresa, em todas as esferas de atuação, deverão estar envolvidos, engajados e comprometidos. Sem o comprometimento de todos, o negócio está fadado ao fracasso e a empresa não estará preparada para a competitividade crescente no mercado. No entanto, não basta que os funcionários estejam envolvidos; eles também devem estar devidamente treinados e atentos às novas demandas e necessidades dos clientes. O pessoal da linha de frente, por estar em contato direto com o cliente, poderá e deverá participar das decisões, dando sugestões e possíveis soluções. A empresa que busca a excelência tem de estar atenta a isso e investir na capacitação de seus funcionários. 2.3 Parceiros Sem a parceria de fornecedores e distribuidores não podemos ir para as demais etapas do processo. Caso estes não estejam envolvidos, a cadeira de produção é iniviabilizada e, consequentemente, também a distribuição dos produtos ou serviços. Em suma, o marketing de relacionamento deverá não somente conduzir a gestão de relacionamento com o cliente, como também a gestão de relacionamento com os parceiros. Observamos que as empresas estão aprimorando e aprofundando a parceira com os fornecedores e os distribuidores na entrega de valor aos consumidores finais. O objetivo é que todos se beneficiem com isso. 2.4 Acionistas Não se pode negar o fato de que o acionista desenvolve seu negócio com o objetivo de lucrar. Para que o negócio seja mantido, ele precisa ter o controle sobre os custos de produção ou a prestação de serviços. Para que haja resultado financeiro positivo, os acionistas devem ter a consciência de que devem investir no relacionamento com os clientes para manter a fidelidade deles. 3 Fidelização de clientes Sabe-se que atrair um novo cliente pode custar mais do que fidelizar um já existente. Um cliente fiel funciona como uma espécie de “porta-voz” do produto ou serviço oferecido por uma empresa, disseminando a marca para futuros novos compradores. Para fidelizar um cliente, no entanto, não basta satisfazê-lo: é preciso ultrapassar esse limite. Fidelização é um trabalho de médio a longo prazo, e a empresa deverá cercar-se de estratégias para construir um vínculo eficaz com seus clientes. É pilar do marketing de relacionamento tentar garantir a retenção dos clientes. Para isso, é preciso intensificar os negócios (oferecendo variedade maior de produtos), além de treinar os funcionários em venda cruzada (cross-selling) e em venda incremental (up-selling) (KOTLER; KELLER, 2012). Um dos pontos essenciais nesse processo é o atendimento ao cliente, que deve ser um diferencial, tendo como base uma equipe de vendas bem treinada e atenta ao que o cliente tem a dizer. Além disso, a empresa deve manter esforços para se direcionar ao cliente certo, visto que não há produto ou serviço capaz de agradar a todos. Todos os clientes merecem tratamento especial. Assim, as empresas poderão valer-se de inúmeras ações para que eles tenham essa percepção: pesquisa de mercado, SAC, ouvidoria e ações de relacionamento, como o lançamento, por exemplo, de um clube de fidelidade. O mais importante é monitorar toda a ação de fidelização por meio de uma ferramenta de CRM (custumer relationship management), por exemplo. Será por meio da monitoração que a empresa poderá rever suas estratégias, executando os ajustes necessários no caminho constante da fidelização do cliente. 4 Interação no relacionamento Segundo Holley, Piercy e Nicolaud: A ênfase inicial será tornar o cliente potencial em um cliente efetivo. Para isso, o esforço do marketing concentra-se na captação. Todavia, assim que o comprador efetiva a transação, a ênfase desloca-se para a criação de uma relação duradoura, contínua... O foco do marketing de relacionamento é fazer com que os clientes subam a escada, descobrindo meios de intensificar o valor que ambas as partes obtêm do relacionamento. (2011, p. 280-281) Figura 3 – Interação no relacionamento Percebemos que passamos para outro patamar após a compra ser efetuada: uma esperada relação duradoura. Uma das ações necessárias após a venda é a medição da qualidade percebida pelo cliente. Sem dúvida, não é uma tarefa fácil, mas a empresa, mais do que nunca, deverá estaratenta aos indícios de que o cliente teve suas expectativas atendidas. Segundo Grönroos: as expectativas que os clientes têm de antemão talvez não sejam as expectativas com as quais compararão suas experiências. As experiências que o cliente tem do processo do serviço podem alterar suas expectativas, e expectativas alteradas são as expectativas com as quais as experiências devem ser comparadas para determinar a real percepção de qualidade de um cliente (2009, p. 79). A interação será maior à medida que todos os envolvidos (cliente, funcionários e parceiros) entendam a real importância e a interdependência na construção e na manutenção do relacionamento. IMPORTANTE O marketing de relacionamento deve conduzir a relação com os parceiros e com os clientes, para que todos possam se beneficiar. Para que ocorra o encantamento do cliente e a interação no relacionamento, a empresa tem que superar suas expectativas. Poderá fazer isso oferecendo um excelente serviço e gerenciando suas expectativas, assegurando que as promessas reflitam a realidade, valorizando a confiabilidade do cliente e, principalmente, estabelecendo comunicação com eles para entender suas expectativas. 5 Alicerces do marketing de relacionamento Para que o marketing de relacionamento seja eficaz, é necessário que exista consistência entre as partes envolvidas: é imperativo que os funcionários da empresa compreendam seus papéis no desenvolvimento do relacionamento com o cliente. Todos devem estar envolvidos, da equipe de produção ou prestação de serviço até o presidente. Para isso, é necessária a motivação e o comprometimento dos funcionários e respeito mútuos. Trata-se de um ciclo no qual é necessário cativar o cliente nas diversas fases de criação do valor, buscando meios cada vez mais inovadores para gerar benefícios novos e significados para o cliente. Figura 4 – Alicerces Fonte: adaptada de Hooley, Piercy e Nicoulaud (2011, p. 281). O cliente precisa ser “cativado” em todas as fases. Deve-se buscar incessantemente meios que gerem benefícios e novos significados para ele, ou seja, a empresa deve passar a se preocupar cada vez menos em vender o que já produz e se preocupar mais em produzir de acordo com as exigências dos clientes. Esse é o fluxo ideal e correto. Assim, apaga-se a linha onde começa o cliente e onde termina a empresa. 6 Exemplo e estudo de caso Grönroos (2009, p. 27) conta que, em uma aldeia na China antiga, um mercador de arroz de nome Ming Hua aguardava em seu armazém a chegada dos clientes. Seus negócios não iam bem. Certo dia, Ming Hua percebeu que tinha que pensar nas necessidades dos moradores da aldeia, e não somente em querer distribuir seu produto. Percebeu que deveria prover aos aldeões algo com mais valor e diferente do que outros mercadores ofereciam. Assim, resolveu registrar os hábitos alimentares da população da aldeia e quais eram os períodos em que os clientes faziam as compras. Primeiramente, ele bateu à porta dos aldeões e perguntou quantas pessoas havia na residência, quantas tigelas de arroz cozinhavam em determinado dia. Questionou também o tamanho do jarro de arroz. Com as respostas obtidas, ofereceu a cada cliente entrega gratuita e serviço de reabastecimento do jarro de arroz da residência em intervalos predeterminados. Ming Hua montou registros, desenvolveu novos serviços e, com isso, conseguiu criar relacionamentos mais profundos com os aldeões. Como consequência, seus negócios prosperaram e ele precisou contratar funcionários para manter o registro dos clientes e para efetuar as entregas regulares. Começou a visitar regularmente os aldeões, para ter a percepção da satisfação na prestação do serviço, bem como estreitar o relacionamento. Passou também a administrar os contatos com seus fornecedores e os plantadores de arroz. Ming Hua usou os elementos táticos do marketing de relacionamento: buscou contato direto com os clientes, desenvolveu um banco de dados, estabeleceu parcerias e networks. Ao criar um sistema de serviço orientado para o cliente, seu negócio prosperou. IMPORTANTE O marketing de relacionamento resulta em uma rede de marketing formada por: clientes + funcionários + fornecedores + distribuidores. O planejamento das preferências e uma comunicação eficaz são capazes de oferecer um atendimento mais dinâmico de acordo com o desejo dos clientes. Considerações finais Para adaptar-se a um cenário cada vez mais competitivo, é essencial que empresas se adéquem ao novo ambiente econômico. Devem trocar seu foco: de gestão de produção para gestão de clientes. O marketing de serviços e o de relacionamento são as matrizes e proporcionam soluções inovadoras, fazendo com que as empresas adquiram posição preferencial com os melhores clientes, assim como com aqueles que podem vir a se tornar clientes. Além disso, as empresas devem procurar cativar o cliente em diversos momentos de criação de valor, investir em meios inovadores que gerem novos benefícios e significados. Dessa maneira, é necessário que descubram o que os clientes procuram e que todos estejam envolvidos nessa descoberta. Com a utilização do marketing de relacionamento, as empresas são capazes de obter posição preferencial e de destaque em relação a seus concorrentes. As vantagens são inúmeras, por exemplo, o desenvolvimento da fidelização com os clientes, que valorizam o que a empresa oferece. Podemos chegar a uma máxima: o marketing de relacionamento não é somente um conjunto de ações, e sim algo imprescindível para a sobrevivência da empresa e de seu negócio. Referências GRAHAM, Hooley; PIERCY, Nigel F.; NICOLAUD, Brigitte. Estratégia de marketing e posicionamento competitivo. 4. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2011. GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Person Prentice Hall, 2012. LOVELOCK, Christopher; WRIGHT, Lauren. Serviços: marketing e gestão. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Capítulo 2 Marketing tradicional, marketing de relacionamento e marketing de serviço No passado, era comum às empresas restringirem-se a oferecer apenas produtos e serviços. Não havia preocupação com as exigências dos clientes consumidores. Os produtos e serviços eram disponibilizados e consumidos. Vieram as inovações tecnológicas e, com elas, novos produtos e serviços no mercado. No entanto, a demanda não absorvia mais tanta oferta, havendo a necessidade de criar e conquistar novo espaço em um mercado crescente e competitivo. Como o processo era longo, adquiria clientes quem apresentasse mais vantagens. Para atrair novos clientes, surgiu a necessidade de criação de estratégias de marketing. Primeiro, o marketing tradicional, fundamentado na propaganda e na publicidade. A meta a ser alcançada seria maior participação no mercado já competitivo e consequente aumento nas vendas de produtos e serviços. A estratégia utilizada era a atração de novos clientes, e não havia preocupação com um possível relacionamento pós-venda. O mercado competitivo fez com que as empresas modificassem sua forma de agir. Houve a inclusão do cliente como variável. As estratégias de marketing até então adotadas também teriam que mudar, visto que se passou a considerar a importância do relacionamento com o cliente. Descobriremos, a seguir, que o foco do marketing tradicional e o do marketing de relacionamento são diferentes e discorreremos sobre suas diferenças conceituais. 1 Conceituação de marketing e marketing de relacionamento O objetivo do marketing tradicional e do marketing de relacionamento é distinto. Segundo Kotler e Keller: O marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Uma das mais sucintas e melhores definições de marketing são de ‘suprir necessidades gerando lucro’ [...] Podemos estabelecer definições diferentes de marketing sob as perspectivas social e gerencial. Uma definição social mostra o papel do marketing na sociedade[...]. Do ponto de vista gerencial, muitas vezes o marketing é descrito como ‘a arte de vender produtos’, mas muitos se surpreendem ao ouvir que a parte mais importante do marketing não é vender! As vendas são a ponta do iceberg do marketing. (2012, p. 3-4) Kotler e Keller (2012, p. 18) conceituam da seguinte maneira o marketing de relacionamento: “O marketing de relacionamento tem como objetivo construir relacionamentos de longo prazo mutuamente satisfatórios com seus componentes chave, a fim de conquistar ou manter negócios com eles”. 2 Comparações entre marketing tradicional e marketing de relacionamento Dadas as conceituações básicas do marketing tradicional e de relacionamento, podemos dizer que, de maneira geral, o marketing tradicional não diferencia ou desenvolve negócios duráveis e superiores. Assim, estratégias de marketing tradicional nem sempre conseguem atender ao mercado e às novas demandas existentes e, ao contrapormos suas práticas e as necessidades das empresas no desenvolvimento de relações de longo prazo, constatamos um grande abismo, visto que existem novos desafios em jogo. Para se adaptar ao novo cenário de competitividade, as empresas devem mudar seu foco de atuação: de gestão focada em produtos para uma focada em clientes. Muitas vezes, algumas organizações não se adaptam a esse novo cenário e, por conseguinte, ao marketing de relacionamento, exatamente porque não mudaram o foco e não enxergam – ainda – o poder da concorrência. A estratégia do marketing tradicional está focada na venda isolada, sem ênfase ao serviço e orientada nas características do produto. Não há, de certa forma, contato com o cliente, o que reduz seu compromisso. O marketing tradicional seleciona primeiramente os segmentos de mercado para, depois, alocar seus recursos de acordo com as ações traçadas para atender a esses segmentos. Quando lidamos somente com segmentos, esse conceito se aplica, mas, a partir do momento que queremos criar valor para um cliente ou empresa durante todo um relacionamento, é preciso mudar as práticas de marketing, exatamente porque os objetivos são diferentes (como citamos anteriormente, os objetivos do marketing tradicional e os do marketing de relacionamento são diferentes). Empresas que se utilizam do marketing tradicional identificam grupos/clientes que partilham necessidades parecidas ou similares e a partir daí desenvolvem conceitos de produtos alternativos, diferenciados e distintos. Efetuam pesquisa de preferência de produtos e avaliam como atingir esses grupos ou clientes por meio da comunicação e da distribuição dos produtos, mensurando os custos e os lucros potenciais. Assim, aprimoram o que necessita ser mudado. Por outro lado, empresas que focam sua estratégia no marketing de relacionamento têm objetivos únicos e específicos para cada cliente, visando construir a percepção de valor de seus produtos ou serviços. Essas organizações definem o nível de investimento a ser aplicado para cada cliente. Programam e implementam, a partir daí, a tecnologia, os processos e os recursos humanos necessários e específicos para que cada cliente seja alcançado. IMPORTANTE O marketing tradicional se concentra na distribuição (praça) como mecanismo de transferência de produto ou serviço. Já o marketing de relacionamento considera e determina a distribuição com base na perspectiva do cliente, que vai decidir como e quando quer comprar. Dessa forma, a distribuição não é um canal. É um processo que permite ao cliente escolher onde e de que forma obterá o produto ou serviço que deseja. Mais um contraponto existente entre essas estratégias ocorre quando se trata de promoção de um produto ou serviço. No marketing tradicional é utilizada uma propaganda única, veiculada em mídia escolhida para atingir determinado público-alvo. Já no marketing de relacionamento é adotado outro ponto de vista por parte da empresa: as promoções são personalizadas e veiculadas em várias mídias, as estratégias de comunicação são específicas para um relacionamento de longo prazo. 3 Novos desafios para as empresas O mercado é dinâmico, globalizado e está em constante mudança. O tempo ficou mais curto para atingir os resultados, implicando a necessidade de utilização de uma série de forças mercadológicas. Além disso – e mais importante ainda –, o cliente quer um relacionamento de longo prazo com os fornecedores, e não somente para uma abordagem transacional. Os novos desafios precisam ser superados pelas organizações, e o marketing tradicional vem recebendo pressões sobre os resultados apresentados e suas práticas. Os clientes não são iguais. Eles têm necessidades e desejos específicos em cada momento. Assim, a lucratividade de cada produto ou serviço diminui, exatamente para atender a essas necessidades em diversos momentos. Os tempos atuais, de grande competitividade, não permitem que as empresas despendam muito tempo na realização de pesquisas de marketing. Fora isso, os resultados obtidos ao final podem ser coisa do passado. Dessa forma, é necessário e conveniente que as empresas invistam em conhecer o cliente em tempo real e, obviamente, só se consegue e se conquista isso com a filosofia do marketing de relacionamento, sempre aliada à tecnologia. Quanto à comunicação, esta deve ser customizada, haja vista que é o cliente quem escolhe como e quando quer se comunicar. Utilizando os avanços da tecnologia, há oportunidades de se aplicar comunicações diversas, havendo a possibilidade de levar o cliente para dentro da organização, o que fortalece esse relacionamento. Visto que o mercado é competitivo e a concorrência é grande, os clientes querem participar das decisões relacionadas ao produto ou serviço que adquirem. De acordo com Gordon (2002, p. 35), “o market-ing de relacionamento, quando apropriadamente implementado, resulta em produtos que são cooperativamente projetados, desenvolvidos, testados, orientados, fornecidos, instalados e aprimorados”. Segundo o mesmo autor (2002, p. 36), o “marketing de relacionamento convida os clientes para o processo de preços e todos os demais processos relacionados ao valor, o que dá a eles uma oportunidade de participar da negociação e desenvolver ainda mais confiança no relacionamento”. Dessa forma, a empresa que faz uso do marketing de relacionamento envolve o cliente de forma profunda no desenvolvimento de produtos ou serviços, reunindo um pacote de vantagens tangíveis e intangíveis, entregando o produto ou serviço porque acredita que é isso que o cliente quer. 4 Estratégias competitivas de Porter As estratégias genéricas de Porter, renomado professor da Harvard Business School, visam combater forças que ameaçam as empresas, qual seja: os concorrentes. As empresas, para atingirem as metas estipuladas, devem preparar estratégias e um plano de ação coerente para alcançar resultados superiores aos da concorrência. Kotler e Keller (2012, p. 53) propuseram três estratégias genéricas para que uma empresa supere seus concorrentes: Liderança total em custos: a empresa se esforça para produzir e distribuir a custos menores, de modo que possa oferecer preços mais baixos que os dos concorrentes e conquistar uma grande participação de mercado. As empresas que seguem essa estratégia não precisam de muita habilidade em marketing. O problema é que outros concorrentes surgirão com custos menores e prejudicarão aquele que fundamentou todo o seu futuro em baixos custos. Diferenciação: consiste em diferenciar o produto e/ou serviço oferecido pela empresa, criando, assim, algo que seja considerado único. Esse diferencial pode ser um desempenho superior em uma área importante de benefícios ao cliente e valorizada por grande parte do mercado. A empresa que busca liderança em qualidade, por exemplo, deve utilizar os melhores componentes, montá-los com habilidade, inspecioná-los com cuidado e comunicar efetivamente sua qualidade. Foco: a empresa se concentra em um ou mais segmentos estreitos de mercado, passa a conhecê-los intimamente e busca ou a liderançaem custos ou a diferenciação dentro do segmento- alvo. 5 Mix de marketing – os 4 Ps São ferramentas do mix de marketing: produto, praça, promoção e preço (product, place, promotion e price). Quadro 1 – Ferramentas do mix de marketing Produto É tudo que pode ser oferecido ao cliente. Inclui não só bens, mas também serviços. Engloba: variedade, qualidade, design, características, nome da marca, embalagem, tamanho, serviços, garantias, devoluções. Praça Também é conhecida como canal de distribuição. Significa disponibilizar o produto ou serviço ao cliente da forma mais fácil e conveniente para ser adquirido no momento em que o cliente desejar. Podemos citar: anais, cobertura, sortimentos, locais, estoque e transporte. Promoção Inclui propaganda, promoção de vendas, relações públicas ou publicidade, força de vendas e marketing direto. Preço É o volume de dinheiro cobrado por um produto e/ou serviço. É o único componente do mix de marketing que gera receita e um dos principais elementos na determinação da participação de mercado de uma empresa e de sua rentabilidade. Abrange: preço de lista, desconto, bonificações, prazo de pagamento, condições de financiamento. Fonte: adaptado de Kotler e Keller (2012, p. 24). O mix de marketing apresentado não representa a complexidade e a amplitude do cenário da administração moderna. Atualizando esse cenário, obteremos um grupo mais completo, que representa a nova realidade do marketing: pessoas, processos, programa e performance. Quadro 2 – Atualização dos 4 Ps FERRAMENTA DESCRIÇÃO Pessoas São os funcionários, que são fundamentais dentro do novo conceito de marketing, e os clientes, que também precisam ser vistos como pessoas, e não como meros compradores e consumidores de produtos e serviços. Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 24). FERRAMENTA DESCRIÇÃO Processos Refletem a estrutura, a criatividade e a disciplina incorporada à administração de marketing. Apenas com a implantação de processos corretos é que a empresa poderá desenvolver um relacionamento de longo prazo. Programas Refletem as atividades efetuadas e que são direcionadas aos clientes. Englobam os 4 Ps citados anteriormente, além de outras atividades que podem ser acrescentadas à antiga visão de marketing. Performance Captura o leque de possíveis indicadores de resultados que tenham implicações financeiras e não financeiras que transcendem a própria empresa (responsabilidade social, no contexto jurídico e comunitário). Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 24). Assim, esta é a evolução da administração de marketing: Quadro 3 – Mix de marketing tradicional × mix de marketing de relacionamento 4 PS DO MIX DE MARKETING 4 PS DA MODERNA ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Produto Pessoas Praça Processos Promoção Programas Preço Performance Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 24). Os novos 4 Ps – pessoas, processos, programas e performance – se aplicam a todos os setores da empresa e, sem dúvida, ampliam o papel do marketing. 6 Marketing de serviços: conceituação De acordo com Lovelock e Wright: serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte a outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores da produção. Serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem benefícios para clientes em tempos e lugares específicos, como decorrência da realização de uma mudança desejada no – ou em nome do – destinatário do serviço (2001, p. 5). Já Grönroos diz que: serviços são processos que consistem em atividades ou uma série de atividades; serviços são, no mínimo, até certo ponto, produzidos e consumidos simultaneamente; o cliente participa como coprodutor no processo de produção, pelo menos até certo ponto. (2009, p. 47) Ainda, de acordo com Kotler e Keller (2012, p. 382), serviço “é ato ou desempenho que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada”. 7 Definições e significado de serviço Podemos entender por serviço uma determinada ação executada por alguém que proporciona uma experiência intangível, pois seu armazenamento não é possível. Sua intenção é a geração de valor para quem o recebe. Sendo intangível, não pode ser avaliado por evidências físicas (não pode ser tocado, por exemplo). É indivisível, ou seja, a produção e o consumo do serviço são inseparáveis. Estando vinculados, fundamentam-se na interação entre a empresa e o cliente (presente ou a distância). Não é passível de padronização, pois precisa da participação do cliente em seu processo, mesmo que sejam utilizados meios para tentar reduzir o nível de variação. É perecível, não podendo ser armazenado ou devolvido. Exemplo: uma consulta medica é cobrada, mesmo que o paciente se ausente, pois o valor para o cliente, ou seja, a consulta, já existia no momento em que seria prestado. Assim, o que difere produto de serviço é, portanto, sua intangibilidade, indivisibilidade, variabilidade e perecibilidade. Sob a perspectiva de serviço, um conjunto de recursos da empresa interage com os clientes, com o objetivo de criar valor para suas atividades e processos. Visto que os serviços criam valor para o cliente, sua lógica visa facilitar processos que apoiem a criação de valor dos clientes em suas atividades e processos diários (GRÖNROOS, 2009, p. 49). Assim, clientes e empresas são coprodutores dos processos de serviço e também cocriadores de valor. 8 Objetivos do marketing de serviços Considerando que clientes e empresas estão envolvidos na criação de valor, o objetivo do marketing de serviços é “fazer os clientes usarem os processos de serviço e implementar esses processos de um modo que faça os clientes perceberem que o valor está sendo criado em seus processos” (GRÖNROOS, 2009, p. 50). Assim, observamos um conjunto de recursos que interagem com o cliente, como podemos observar no quadro 4, a seguir. Quadro 4 – Lógica de serviços × lógica de produtos LÓGICA DE SERVIÇOS LÓGICA DE PRODUTOS Natureza da oferta Processo que apoia o valor. Recurso que apoia o valor. Perspectiva Processo no qual um conjunto de recursos interage com os clientes, almejando um apoio a seus processos, de modo a criar valor. Recurso que os clientes usam, possivelmente em conjunto com outros recursos, com o objetivo de criar valor para si mesmos. Lógica dos negócios Facilitar processos que apoiam a criação de valor dos clientes. Produzir bens como recursos disponíveis para o uso dos clientes. Papel do cliente Coprodutor e cocriador de valor. Criador único de valor. Papel da empresa Oferecer um processo de serviço e coproduzir e cocriar valor no processo de consumo do cliente. Oferecer aos clientes produtos como um recurso e como produtor único desse recurso. Fonte: adaptado de Grönroos (2009, p. 50). Quanto à divisão, podemos dizer que os serviços são assim classificados: high-touch × high-tech e prestados continuadamente e em transações intermitentes. Em relação aos primeiros, dizemos que um produto high-touch dependerá muito das pessoas no processo de serviço produzindo o serviço, sendo que os high-tech (compras pela internet, por exemplo) normalmente utilizam tecnologia e sistemas de informação, e interações humanas raramente ocorrem. Tanto os serviços prestados de forma contínua como aqueles em transações intermitentes envolvem interações entre o cliente e o prestador de serviços, criando possibilidades de relacionamento. Em ambos os casos, é necessário desenvolver estratégias. Mesmo havendo distinção entre tipos de serviço deve ficar bem claro que todos eles são singulares e as estratégias desenvolvidas para cada um deles devem ser levadas em consideração pela empresa. Os objetivos de empresas que utilizam o marketing de serviços é conseguir vantagem competitiva em relação aos concorrentes, garantindo importantes diferenciais competitivos, sendo vital para qualquer empresa do segmento. Enfim, podemos dizer, corroborando as palavras de Grönroos: a essência do marketingpara serviços é como o processo (de produção) de serviços e o processo de consumo de serviços, ambos combinam-se com o outro de modo que consumidores e usuários percebam boa qualidade e valor de serviço e estejam dispostos a continuar o relacionamento com o provedor de serviços. (2009, p. 53) 9 Percepção da qualidade Os clientes interagem até certo ponto com os funcionários e tecnologias, por exemplo. Assim, para que um cliente tenha a percepção da qualidade de um serviço, é preciso que este tenha também a percepção do processo, exatamente devido à característica de serviço, ou seja, sua inseparabilidade. Dessa forma, o consumo e a produção do serviço apresentam interfaces fundamentais para que ocorra a percepção da qualidade do serviço, o que será determinante para que experiências de compra de longo prazo ocorram e é decisivo para que o cliente continue consumindo os serviços de determinada empresa. Fora isso, antes de realizar a compra de um serviço, o cliente tem uma expectativa, baseada em necessidades, desejos, experiências anteriores, propaganda de fornecedores e também em recomendações. Após consumirem o serviço, usualmente os clientes comparam a qualidade esperada com o que receberam. Os serviços que encantam os clientes serão aqueles que ficaram acima dos níveis desejados e são percebidos como serviços de qualidade superior. Na figura 1, poderemos compreender um pouco mais como funciona a relação entre as expectativas, a satisfação do cliente e a qualidade percebida por ele quando da compra ou consumo de um serviço. Figura 1 – Relação entre expectativa, satisfação e qualidade percebida Fonte: adaptada de Lovelock (2001, p. 107). Os clientes ainda poderão ter a percepção da qualidade de um serviço avaliada por lacunas. Essa avaliação pode detectar insatisfação, que pode estar no conhecimento das suas necessidades, nos padrões estabelecidos, na entrega das comunicações internas, nas percepções, na interpretação e propriamente no serviço. A presença de quaisquer umas dessas lacunas poderá prejudicar a relação do cliente com a empresa. Assim, as empresas devem evitar essas lacunas para melhorar sua reputação de qualidade. Se, por um lado, as lacunas prejudicam a percepção da qualidade, podemos dizer que há cinco dimensões da percepção da qualidade, quais sejam: confiabilidade, tangibilidade, sensibilidade, segurança e empatia. De todas elas, podemos dizer que a confiabilidade é a mais importante na avaliação da qualidade do serviço, visto que um serviço não confiável é um serviço deficiente (LOVELOCK, 2001, p. 109). É natural pensar que as empresas almejam a satisfação do cliente. No entanto, nas diversas experiências de compra ou consumo de determinado serviço, os clientes experimentam vários níveis, podendo ser de descontentamento ou mesmo vários níveis de satisfação. Levando-se em conta que a satisfação é, de certa forma, um estado emocional, a reação poderá envolver desde irritação e indiferença a alegria por parte do cliente. 10 Exemplo e estudo de caso Segundo Kotler e Keller (2012, p. 405-406), um exemplo de excelência em serviços é o Hotel Ritz-Carlton. Ritz-Carlton é considerado um hotel de luxo, com elevado padrão em serviço ao cliente, presente nos Estados Unidos desde o início do século XX. Atualmente, suas unidades estão distribuídas em mais de 24 países e contam com aproximadamente 38 mil funcionários. Foi o primeiro hotel a oferecer banheiro privativo e pessoal vestido com fraque. Além de instalações impecáveis, leva muito a sério o atendimento ao cliente. Seu lema é: “Somos damas e cavalheiros servindo damas e cavalheiros”. Um de seus maiores atributos é o treinamento dado aos seus funcionários, os quais adotam alguns lemas, como “3 etapas e 12 valores de serviço”. Esse lema consiste em pregar que todo hóspede deve ser tratado de modo caloroso e ser sempre chamado pelo nome. Além disso, os funcionários tentam sempre antecipar-se às necessidades de cada hóspede, para atendê-las da melhor forma possível. Além do excelente treinamento para a equipe de funcionários, a missão e os valores do estabelecimento são sempre reforçados. Para isso, diariamente despendem-se 15 minutos com orientações. Nesses encontros, costumam discutir casos reais chamados “histórias uau”, nas quais reconhecem funcionários pelo excelente atendimento. Por meio dessas histórias, a empresa comunica o que se espera de todos, reforçando ações que buscam e demonstrando como todos são responsáveis pela prestação de um excelente serviço. Para mensurar a satisfação dos hóspedes/clientes, são realizadas entrevistas por meio de um renomado centro de pesquisas (Gallup[1]), com perguntas funcionais e emocionais. Por adotar essa postura de excelência na prestação de serviços, essa rede de hotéis recebeu diversas premiações. Considerações finais Estamos já há algum tempo em uma era em que pessoas não somente contratam serviços ou compram produtos. Elas, agora, compram benefícios, atendimento excelente e exclusividade. O marketing de relacionamento, por se distinguir das abordagens tradicionais, oferece esses itens e convida o cliente a adentrar na empresa por meio da cadeia de valor. A cadeia de valor é uma ferramenta utilizada pelo marketing para identificar maneiras de criar mais valores para o cliente. Ela identifica atividades que criam valor e custo em determinado negócio. Empresas que implementaram o marketing de relacionamento cativam o cliente interativamente nas diversas fases de criação de valor, com o objetivo de buscar meios cada vez mais inovadores para gerar benefícios significativos para ele. Por dimensionarem sua produção na escala exigida pelo cliente, essas empresas preocupam- se cada vez menos em apenas vender o que produzem. Organizando-se de maneira diferente, as empresas que utilizam o marketing de relacionamento apagam a linha limítrofe – onde começa o cliente e onde termina a empresa. Referências GORDON, Ian. Marketing de relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologias para conquistar clientes e mantê-los para sempre. 5. ed. São Paulo: Futura, 2002. GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. LOVELOCK, Christopher H.; WRIGHT, Lauren. Serviços: marketing e gestão. São Paulo: Saraiva, 2001. [1] A Gallup é uma empresa de pesquisa de opinião. Capítulo 3 Criação de valor para o cliente As empresas que oferecem produtos e/ou serviços atendem a necessidades por meio de uma proposta de valor. Do outro lado, os clientes escolhem entre esses produtos ou serviços aquele que aparentemente pode proporcionar o maior valor. Mas, afinal, o que é valor? Por que as empresas de sucesso buscam tanto oferecer algo com valor aos clientes? Vamos ver ao longo deste capítulo as definições de valor, bem como entender quais são as diferenças entre custo, preço e valor. Também abordaremos como se dá a criação de valor para o cliente: por segmentação de mercado, seleção de mercado-alvo, processo de diferenciação e posicionamento de marca. 1 Definição de valor O valor não pode ser produzido em uma fábrica ou em alguma área administrativa das empresas. A palavra "valor" é utilizada na sociologia, na antropologia, na economia, bem como em outras áreas do conhecimento, com significados diferentes. Em se tratando de teoria e prática de marketing, observamos que o conceito de valor figura como elemento central. Na literatura de marketing, as conceituações de valor surgem com diferentes interpretações. Embora possam divergir em alguns pontos, convergem em dois aspectos: o valor diz respeito a algo percebido pelo cliente; o valor percebido pelo cliente depende de uma multiplicidade de elementos atrelados a benefícios funcionais, emocionais ou contingenciais. Assim, podemos entender, de acordo com Grönroos, que: [o] valor é percebido pelos clientes em suas atividades diárias e seus processos internos e em interaçõescom fornecedores ou prestadores de serviços ao consumirem ou fazerem de serviços, bens, informações, contatos pessoais, devoluções e outros elementos de relacionamentos contínuos. (2009, p. 136) De acordo com essa visão, não há valor antes que um consumidor possa fazer uso de um serviço ou produto. O valor está embutido nos produtos ou serviços entregues ao cliente. O valor percebido pelo cliente poderá ser aprimorado com a adição de benefícios (técnicos, econômicos ou sociais). Pode-se citar como exemplo uma empresa que, para melhorar a percepção de valor, oferece serviços de consultoria aos clientes. Assim, podemos afirmar que os clientes agem com base em uma expectativa de valor e dão preferência a empresas que, de acordo com sua percepção, oferecem o maior valor – que não está no produto ou serviço adquirido nem na marca escolhida, mas na experiência derivada da compra. Além disso, os clientes podem considerar o valor em diferentes tempos, dependendo de seu julgamento. Existem categorias de valor que podem ser fornecidas por um produto ou serviço. Elas estão apresentadas no quadro a seguir. Quadro 1 – Categorias de valor que podem ser fornecidas por um produto/serviço CATEGORIAS DESCRIÇÃO Funcional Quando o produto ou serviço satisfaz um propósito físico ou funcional. Exemplo: remédio para aliviar dor ou detergente para limpeza. Social Quando o produto ou serviço satisfaz uma necessidade social por meio de associação a determinados segmentos socioeconômicos. Exemplo: camisa de marca famosa para se identificar com pessoas de alta renda. Emocional Quando o produto ou serviço satisfaz uma necessidade emocional, criando sentimentos. Exemplo: alegria que uma pessoa sente ao receber um presente. Epistemológica Quando o produto ou serviço satisfaz a necessidade de conhecer ou aprender algo novo. Exemplo: comprar e ler um jornal ou assistir a um noticiário de tv. Situacional Quando o produto ou serviço satisfaz necessidades contingentes em determinado local e tempo. Exemplo: quando contratamos um conserto de emergência do carro durante uma viagem. Fonte: adaptado de Ikeda e Oliveira (2005, p. 9). O valor pode, ainda, ser definido como extrínseco ou intrínseco. Será extrínseco quando estiver associado a utilidade e funcionalidade de um produto ou serviço; e será intrínseco quando tiver um fim em si mesmo e se relacionar a experiências pessoais. Para Kotler e Keller, o significado de valor é o seguinte: a relação entre a somatória dos benefícios tangíveis e intangíveis proporcionados pelo produto e a somatória dos custos financeiros e emocionais envolvidos na aquisição desse produto. Do ponto de vista primário, o valor pode ser considerado como uma combinação de qualidade, serviço e preço, denominada tríade do valor para o cliente (2012, p. 9). Os clientes estão bem informados e têm ferramentas que possibilitam a verificação dos argumentos das empresas, por isso, sabem como encontrar as melhores alternativas para suas compras. Mas como eles fazem essas escolhas? Segundo Kotler e Keller: eles buscam sempre maximizar o valor, dentro dos limites impostos pelos custos envolvidos na sua procura e pelas limitações de conhecimento, mobilidade e renda. Os clientes estimam qual oferta eles acreditam que – seja lá por qual razão – entregará o maior valor percebido e agem com base nisso. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende de a oferta atender ou não a essa expectativa de valor (2012, p. 131). Figuras 1 – Determinante do valor percebido pelo cliente Fonte: adaptada de Kotler e Keller (2012, p. 131). As empresas podem efetuar uma análise de valor de seus produtos ou serviços, a fim de detectar seus pontos fortes e fracos em relação aos concorrentes, utilizando-se das seguintes etapas: Quadro 2 – Análise de valor para o cliente ANÁLISE DESCRIÇÃO Identificando os principais atributos e benefícios valorizados pelos clientes. Cliente é questionado em relação a atributos e benefícios que geralmente busca ao escolher um produto ou serviço. Avaliando a importância (quantitativa) dos diferentes atributos e benefícios. Cliente é solicitado a classificar a importância dos atributos e benefícios. Avaliando seu desempenho e dos concorrentes nos diferentes valores para os clientes. Cliente descreve como enxerga o desempenho da empresa e dos concorrentes em cada atributo e benefício. Examinando como os clientes avaliam o desempenho de uma empresa em relação a um concorrente específico. Caso a oferta da empresa ultrapasse a dos concorrentes em todos os atributos e benefícios considerados importantes pelo cliente, a empresa poderá cobrar um preço mais elevado ou o mesmo preço e obter maior participação no mercado. Monitorando os valores para o cliente ao longo do tempo. A empresa deverá refazer seus estudos sobre os valores para os clientes com periodicidade e também a classificação dos concorrentes, na medida em que a tecnologia e os demais recursos se modifiquem. Fonte: adaptado de Kotler e Keller (2012, p. 132). IMPORTANTE Valor percebido pelo cliente = diferença entre a avaliação que o cliente faz de todos os benefícios e custos relativos à aquisição de um produto e/ou serviço e as alternativas percebidas. 2 Diferença entre custo, preço e valor Vimos que o valor de determinado produto ou serviço varia de pessoa para pessoa, visto que depende do grau de necessidade, satisfação e utilidade para cada um. Vamos agora abordar o que é preço e o que é custo. De maneira geral, podemos dizer que preço é a quantidade de recursos empregados pelos clientes para adquirir produtos ou serviços. É a quantidade de dinheiro que deve ser paga por determinado produto ou serviço, sem levar em conta quais são os atributos ou benefícios que traz ao cliente. O preço, certamente, é influenciado pelo valor, pela novidade, pela ação da concorrência, pela oferta e pela procura dos produtos ou serviços. Para Kotler e Keller: o preço é o único elemento do mix de marketing que gera receita; os outros elementos geram custos. Os preços talvez sejam o elemento mais fácil de ajustar do plano de marketing; características do produto, canais de distribuição e até mesmo as ações de comunicação demandam tempo. O preço também informa ao mercado o posicionamento de valor pretendido pela empresa para seu produto ou marca. Um produto bem desenvolvido e comercializado pode cobrar um preço superior e colher altos lucros. (2012, p. 411) Normalmente, os clientes escolhem produtos ou serviços que tenham preços similares, levando em consideração a escala de valor atribuído, mas a realidade econômica nacional continua levando muitos consumidores a economizar e até trocar os produtos e serviços por outros. Assim, as empresas devem rever com muito cuidado suas estratégias de determinação de preços. As empresas devem atentar para o fato de que a introdução ou a alteração do preço pode provocar reação por parte dos clientes e concorrentes. É muito provável que a concorrência reaja, o que pode ser um problema, especialmente, quando existe uma forte proposta de valor. Caso o concorrente tenha uma meta de participação no mercado, é muito provável que elimine as diferenças ou que altere seus preços. Para determinar uma estratégia de preços, a empresa precisa saber que o custo varia. Mas o que é custo? Podemos dizer que custo é a quantidade de recursos que as empresas empregam para produzir, entregar e garantir os produtos ou serviços adquiridos pelos clientes. A demanda por determinado produto ou serviço normalmente estabelece um teto para o preço, mas são os custos que vão determinar o piso. Assim, as empresas desejam cobrar um preço que cubra os custos de produção, distribuição e venda do produto ou prestação do serviço, incluindo um retorno justo por seu risco e esforço de produção ou prestação de serviço. Os custos poderão ser fixos (ou indiretos) e variáveis. Os primeiros não variam de acordo com a produção ou a receita de vendas. Já os variáveis oscilam em proporção direta ao nível de produçãoou prestação de serviço. Cada elemento do custo (desde o projeto, passando pela engenharia e pela fabricação, até as vendas) deve ser examinado e, muitas vezes, a empresa deverá procurar reduzir seus custos, o que será possível de diversas maneiras. É fundamental que as empresas saibam administrar os recursos com eficácia e eficiência, para que possam gerar produtos ou serviços com preços competitivos, e, assim, obter uma diferença positiva entre valor, preço e custo. 3 Como se dá a criação de valor para o cliente Como vimos, um dos pontos mais importantes para as empresas é a criação de valor para o cliente por meio da criação de produtos ou serviços que causem um impacto positivo, e cujos benefícios sejam real mente percebidos pelo cliente. A criação de valor para o cliente poderá ocorrer de diversas formas: segmentação de mercado, seleção de mercado-alvo, processo de diferenciação ou posicionamento de marca. Vamos a cada uma delas. Estratégias de marketing se baseiam em segmentação, seleção de mercado-alvo e posicionamento – em inglês, segmentation, targeting e positioning (STP). De acordo com Kotler e Keller: uma empresa identifica diferentes necessidades e grupos de mercado. Estabelece como alvo aqueles que são capazes de atender melhor e, então, posiciona seus produtos de modo que o mercado-alvo reconheça as ofertas e as imagens diferenciadas da empresa. (2012, p. 294) 3.1 Por segmentação de mercado O objetivo da segmentação (segmentation) de mercado é poder viabilizar melhores propostas de entrega de valor ao cliente. Consumidores podem ser segmentados de acordo com as variáveis geográfica, demográficas e também de comportamento. Estudos de segmentação de mercado têm como objetivo identificar grupos de clientes que tem características em comum e bem definidas em termos demográficos, de estilo de vida e de área geográfica, por exemplo. Nessa situação, é possível identificar pessoas com orientações de valores semelhantes ou iguais. Com base em perfis de valor, é possível identificar segmentos de mercado consideráveis e conhecer os valores mais importantes dos clientes que deles fazem parte. O processo de segmentação de mercado é composto por duas etapas. Na primeira (chamada segmentação), são escolhidas as variáveis que serão a base para definição dos perfis de clientes. Na segunda etapa (chamada priorização), são avaliados os graus de atratividade dos segmentos escolhidos, os quais, comparados e confrontados com os recursos, as competências e a posição competitiva da empresa, permitirão finalmente a seleção dos segmentos de mercado que representam oportunidades reais de obtenção de vantagem competitiva para a empresa. 3.2 Por seleção de mercado-alvo Depois de identificados os segmentos existentes, é possível selecionar os que são mais atrativos e que poderão ser atendidos pela empresa, para então definir seu posicionamento (targeting). Deve-se observar se o segmento escolhido possui características que o tornam promissor, como crescimento, possibilidades de lucratividade e de crescimento. A empresa deverá considerar se os investimentos com o segmento potencial e escolhido condizem com seus objetivos, competências e recursos. Muito embora, a princípio, um segmento possa parecer atraente para a empresa, se, por algum motivo, não puder ser atingido por ações da empresa, ele não será um segmento adequado, devendo, assim, ser descartado. Mercados-alvo podem ser selecionados com base em quatro níveis principais: massa, segmentos múltiplos, segmentos únicos (ou nichos) e indivíduos, conforme podemos verificar na figura 2. Figura 2 – Possíveis níveis de segmentação Fonte: adaptada de Kotler e Keller (2012, p. 248). É importante ressaltar a importância de escolha ética dos mercados- alvo para evitar reações negativas de potenciais consumidores, pois alguns resistem a ser rotulados. Como exemplo, podemos citar alimentos para solteiros. Algumas pessoas podem rejeitar uma comida em porção única, pois não querem ser lembrados de que comem sozinhos. 3.3 Por processo de diferenciação Uma empresa poderá obter vantagem competitiva por meio de um processo de diferenciação. Na maioria das vezes, essa diferenciação relaciona-se a aspectos do bem ou serviço oferecido. Por exemplo, a Swatch, que oferece relógios com estilo e na moda, e a Porto Seguro, que oferece seguro com preço baixo e confiável. Segundo Falcão et al. (2016), mais do que vantagem competitiva: a diferenciação deve ser capaz de posicionar o produto (seja ele um bem ou serviço) na mente do consumidor como uma proposta única, uma entrega de valor superior àquela dos concorrentes. Caso contrário, não faz sentido a empresa direcionar recursos para tal estratégia. (p. 33) Para Kotler e Keller (2012, p. 307), em mercados altamente competitivos, as empresas podem ter que dar um passo além, tendo que apresentar outras dimensões que visam à diferenciação baseada: nos funcionários; no canal de distribuição; na imagem; em serviços. 3.4 Por posicionamento de marca Passamos agora ao posicionamento de marca (positioning). O posicionamento é fruto e consequência de todo o processo de segmentação. Segundo Kotler e Keller, é: a ação de projetar a oferta e a imagem da empresa para que ela ocupe um lugar diferenciado na mente do público-alvo. O objetivo é posicionar a marca na mente dos consumidores a fim de maximizar a vantagem potencial da empresa. Um posicionamento eficaz de marca ajuda a orientar a estratégia de marketing, esclarecendo a essência da marca, identificando os objetivos que ela ajuda o consumidor a alcançar e mostrando como isso é feito de maneira inigualável. (2012, p. 294) Assim, além de ser uma vantagem competitiva, o posicionamento de marca funciona como uma proposta do valor que a empresa procura entregar com seu produto/marca. O objetivo é que o mercado escolhido perceba a marca de forma diferenciada e distinta. Para Kotler e Keller (2012), podemos dizer que um posicionamento de marca eficaz deve ter um “pé no presente” e também um “pé no futuro”, ou seja, deve querer crescer, além de querer alcançar o equilíbrio entre o que a marca é e o que ela poderia ser. 4 Estudo de caso – a marca Granado e sua trajetória de posicionamento de marca Falando de posicionamento de marca dentro do setor de higiene pessoal, que é um dos que mais crescem no mundo, tendo o Brasil no terceiro lugar do ranking mundial, perdendo somente para os Estados Unidos e o Japão, destacamos a empresa brasileira Granado, que iniciou seus trabalhos em 1836, fundada pelo português José Antonio Coxito Granado, no Rio de Janeiro. O sabonete de glicerina, criado em 1915, tornou-se o carro-chefe da empresa. Em 1930, foi inaugurada a primeira filial no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. De certa forma, a empresa manteve-se estagnada e sua história recomeçou em 1994, quando o neto do fundador vendeu a empresa para o inglês Christopher Freeman. A partir daquele ano, a empresa iniciou um processo de reposicionamento de mercado, aumentando seu portfólio de produtos e modernizando a gestão. Em 2004, Freeman adquiriu também a Phebo, marca nacional antiga, de grande valor afetivo na memória dos brasileiros. Para se tornar competitiva, a Granado partiu para um conjunto de ações com o objetivo de resgatar o diferencial da marca. Repaginou sua identidade visual, pegando carona na tendência retrô do mercado. Além da repaginação da identidade visual, foram lançadas novas linhas de produtos, especialmente voltadas para mulheres. Uma delas é inspirada em terapias naturais. Criou, também, uma linha mais sofisticada, com o objetivo de alcançar o mercado externo. A sustentabilidade é outro ponto para o qual a empresa se voltou. Desde 1998, seus sabonetes utilizam quantidade de gordura animal limitada em suas fórmulas. Os cosméticos têm sido desenvolvidos para serem biodegradáveis. A marca também evita corantes e fragrâncias artificias em seus produtos. Não realiza testes em animais e utiliza madeira sustentável nas embalagens. Todos os elementosdo mix de marketing foram alterados. Houve investimento no desenvolvimento de produtos que se aproximam da cosmética industrial e afastamento das linhas de medicamentos e fórmulas manipuladas. Em 2012, havia 250 produtos em 12 linhas, aproximadamente. Seus pontos de venda também aumentaram. Hoje, há várias lojas próprias e presença em aproximadamente 50 mil pontos de venda em quase todo o Brasil, como farmácias, drogarias, supermercados, lojas de departamento, além de hotéis de luxo e da loja virtual. Nas lojas físicas, há a intenção de transmitir o charme de uma época passada, preservando a identidade da tradição da marca, remetendo a um ambiente do século XIX, com a utilização de objetos antigos em sua decoração. Os preços são bem variados – alguns mais acessíveis, como o polvilho para os pés e o sabonete de glicerina, mas há também produtos mais caros. Há preocupação com a comunicação visual e o mix de promoção inclui ações de merchandising (disposição de displays nas lojas e em grandes hotéis). No ambiente virtual, a marca, além de manter seu website, está presente em redes sociais, nas quais realiza enquetes, sorteios e divulgação de eventos e promoções de vendas. Adquirida por 8 milhões de reais em 2010, a marca teve faturamento de 180 milhões de reais, aumentando seu conglomerado. Sem dúvida, um excelente exemplo de posicionamento de marca. Considerações finais Pudemos observar, ao longo deste capítulo, que a criação do valor para o cliente é de extrema importância para que as empresas venham a obter resultados positivos e alcancem vantagem competitiva em relação a seus concorrentes. Além disso, os resultados para as empresas que criam valor para o cliente vêm a médio e longo prazos, o que garante a sobrevivência da empresa no futuro. Uma das melhores formas de oferecer valor para o cliente é estabelecer um processo de segmentação de mercado sólido, bem como de posicionamento da marca. Os objetivos dessas estratégias de marketing são, além de sustentar o crescimento da empresa e sua sobrevivência econômico- financeira, proporcionar e apoiar o desenvolvimento de um relacionamento duradouro com os clientes. Referências FALCÃO, Roberto R. et al. A criação de valor para o cliente com base nos processos estratégicos de segmentação e posicionamento. RIMAR – Revista Interdisciplinar de Marketing, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-41, jul./dez. 2016. GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. IKEDA, Ana Akemi; OLIVEIRA, Tânia Modesto V. O conceito de valor para o cliente: definições e implicações gerenciais em marketing. REAd – Revista Eletrônica de Administração, v. 11, n. 44, mar./abr. 2005. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. Capítulo 4 Principais canais de comunicação e relacionamento Muitas transformações aconteceram nas últimas décadas – revolução tecnológica, mudança no foco do mercado e, principalmente, no comportamento do cliente, que se tornou mais exigente na escolha de produtos e serviços. Tudo gira ao redor do cliente. Ele é o centro das atenções. Ao perceber que está sendo disputado pelas empresas, busca e exige excelência no atendimento, atenção e serviços de qualidade. Essas transformações colaboraram para o processo de transição dos conceitos do marketing tradicional para os do marketing de relacionamento. Assim, o marketing de relacionamento tornou-se alvo de grande interesse por parte dos gestores, graças à sua capacidade potencial de conduzir as empresas a melhores resultados por meio de desenvolvimento de relacionamentos de longo prazo com clientes e parceiros. As empresas, mais do que criar ações promocionais com base em um banco de dados ou realizar ações para reter clientes, podem se utilizar da tecnologia e dos canais de comunicação para atender satisfatoriamente às demandas desse novo perfil de cliente. O marketing de relacionamento constitui um esforço integrado das empresas para identificar, construir, manter e aprimorar relacionamentos individuais com clientes a longo prazo, e as empresas podem obter sucesso e lucro por meio de estratégias desse novo conceito e filosofia de marketing. 1 Entendendo o cliente Para que seja estabelecida uma relação, a empresa necessita, primeiramente, identificar o cliente. Conhecer a clientela é importante para oferecer o que ela deseja e precisa. A empresa deve se envolver na tarefa incessante de conhecer e entender seu cliente, e deverá responder aos seguintes questionamentos: 1) quais são as necessidades e expectativas de seus clientes e quais dessas necessidades e expectativas importam mais para eles? 2) quão bem estamos satisfazendo essas necessidades e expectativas? 3) quão bem os nossos competidores as estão satisfazendo? 4) como fazer para ultrapassar o mínimo que satisfará nossos clientes para realmente empolgá-los? O passo básico é simples: pergunte a eles quão bem você os está atualmente servindo. Dê-lhes uma chance de lhe dizer o que desejam, onde você está falhando, onde você está obtendo sucesso. (WHITELEY, 1992, p. 24) É fundamental que a empresa trate seu cliente individualmente. Conhecer cada um como indivíduo é o primeiro passo para um relacionamento eficaz e é indispensável para a satisfação do cliente. Após identificar seus clientes, a empresa deve classificá-los, ou seja, diferenciá-los, priorizando esforços para os clientes de maior valor e de maior potencial, personalizando o comportamento da empresa com base nas necessidades individuais deles. O relacionamento deve ser tornar mais eficaz e eficiente, pois, agora é a hora de interagir com os clientes. Esse vínculo pode ser fortalecido por meio da tecnologia e das informações colhidas e analisadas. O objetivo é desenvolver uma relação de aprendizado na qual cada vez mais se individualizam e se particularizam serviços e produtos para que o cliente veja conveniência em continuar com a empresa. O próximo e último passo é personalizar serviços e produtos para que a experiência de fazer negócios com a empresa seja única. A personalização agrega mais valor à empresa; e o cliente vê conveniência em continuar com a parceria. 2 Canais de comunicação e relacionamento Podemos dizer que canal de comunicação é o meio físico e virtual utilizado para a transmissão de mensagens entre emissor e receptor. Para Kotler e Keller, esses canais podem ser pessoais: Quando envolvem duas ou mais pessoas que se comunicam diretamente uma com a outra ou com uma plateia por telefone, correio ou e-mails. A eficácia dos canais de comunicação pessoais provém das oportunidades de individualizar a apresentação e o feedback(2012, p. 522-523). Para esses autores, canais de comunicação poderão ser, ainda, não pessoais quando “são direcionados para mais de uma pessoa e abrangem a mídia, as promoções de vendas, os eventos e as relações públicas” (2012, p. 523). 2.1 Database marketing É extremamente importante para o marketing de relacionamento a utilização de um banco de dados eficaz e também de um programa de CRM.[1] É possível formar grandes bancos de dados com informações relevantes sobre os clientes, agrupando-os por dados de similaridade e, posteriormente, usando-os para tomar medidas. Esse recurso trazido pelo avanço tecnológico permite o contato direto do cliente com a empresa, independentemente da presença física. As empresas fazem utilização de banco de dados nas seguintes situações: Quadro 1 – Situações para utilização do banco de dados Identificar clientes potenciais. Decidir que clientes devem receber uma oferta em particular. Intensificar a fidelidade do cliente. Reativar as compras do cliente. Evitar erros sérios que envolvam o cliente. Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 151-152). Os principais avanços nos sistemas de informação utilizados no marketing de relacionamento são os sistemas sobre clientes, em particular os sistemas de banco de dados de clientes, que é um conjunto de dados abrangentes sobre clientes atuais oupotenciais atualizado, acessível e prático para fins de geração e qualificação de leads (listas de contatos de clientes potenciais), venda de produtos ou manutenção do relacionamento com os clientes. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 150) O database marketing, termo amplamente utilizado, é um sistema dinâmico de base de dados inteligíveis, atualizados com informações relevantes sobre os clientes atuais e potenciais. De acordo com Kotler e Keller (2012, p. 150), database marketing é “o processo de construir, manter e usar os bancos de dados de clientes e outros cadastros (produtos, fornecedores, revendedores) para efetuar contatos e transações, além de desenvolver relacionamentos com o cliente”. É importante que o banco de dados contenha informações sobre compras anteriores, idade do cliente, renda, data de aniversário, interesse e atividades, além de outras informações úteis e relevantes. Há algumas prioridades que devem ser observadas na criação e na composição do banco de dados: informações sobre os clientes devem ser automatizadas, segundo a importância dos clientes para a empresa, pois não vale a pena ter informações sobre clientes com os quais a empresa tem pouco contato; clientes da empresa ligados a locais especiais, como filiais, devem ter suas informações descentralizadas para esses locais; a fidelidade e a qualidade dos dados precisam ser totalmente testadas, permitindo a integridade e uma perfeita utilidade dos sistemas. As empresas podem capturar e coletar informações sobre seus clientes sempre que eles entrarem em contato com qualquer departamento (quer para comprar, quer para solicitar alguma assistência, por exemplo), devendo organizá-las em forma de data warehouse (ou armazém de dados), isso para que os profissionais de marketing da empresa possam consultar e analisar as informações armazenadas e inferir um score (ou pontuação) das necessidades individuais dos clientes. Será por meio do data mining (ou mineração de dados) que analistas de marketing poderão extrair informações úteis de uma ampla massa de dados sobre indivíduos e tendências. Para Kotler e Keller (2012, p. 151), “fazer data mining significa usar técnicas estatísticas e matemáticas sofisticadas”. O marketing de relacionamento integrado a um database marketing de clientes atuais e potenciais que disponibiliza um grande volume de informações também aumenta a vantagem competitiva da empresa. 2.2 CRM O CRM é uma sigla que quer dizer: customer relationship management, ou seja, gerenciamento de relacionamento com clientes (ou consumidores). De acordo com Kotler e Keller (2012, p. 142), “a gestão do relacionamento com o cliente trata do gerenciamento cuidadoso de informações detalhadas sobre cada cliente e de todos os ‘pontos de contato’ com ele, a fim de maximizar sua fidelidade”. O CRM é uma estratégia voltada ao atendimento e à antecipação das necessidades dos clientes atuais e potenciais em uma empresa. É um sistema que possibilita o estabelecimento de um relacionamento íntimo com cada cliente, pois informações coletadas e registradas são usadas para tratar clientes diferentes de maneira personalizada. Esse intercâmbio traz benefícios para ambos, visto que os clientes oferecem informações e recebem serviços personalizados, que atenderão a suas necessidades e seus desejos. Do ponto de vista tecnológico, a intenção do CRM é “capturar” os dados dos clientes ao longo de todo o relacionamento com a empresa, consolidando todos os dados capturados interna e externamente, em um banco de dados central, no qual os dados são analisados e consolidados e, posteriormente, distribuídos aos vários pontos de contato com o cliente, a fim de serem usados em qualquer interação do cliente com a empresa. A decisão por um programa específico de CRM passa pela seleção do software. A escolha acontece em função do modelo de relacionamento que a empresa quer estabelecer. O software, por sua vez, vai determinar qual é o melhor hardware para compor o programa. O hardware inclui os computadores, o equipamento de telefonia e vários outros equipamentos, inclusive para call center (receptivo e ativo) e informatização da força de vendas, se for o caso. IMPORTANTE O CRM é uma filosofia de trabalho. Muitas empresas que decidiram implantar um programa como esse erraram por achar que adquirindo um software de CRM (e existe uma infinidade deles) teria seu problema resolvido. Esse pensamento trouxe como consequência o descrédito do CRM, isso porque existem aplicações rotuladas como CRM que não cumprem o que é essencial para caracterizar esse tipo de filosofia ou orientação da organização para relacionamentos duradouros com clientes. O CRM possibilita a personalização. Para Gordon (2002, p. 207) “a personalização é o processo que permite que a comunicação, o produto e os serviços portem o nome do cliente, ao acrescentar valor para ele à medida que eles se posicionam com os outros”. Cabe ressaltar que, quando uma empresa busca uma solução mais sofisticada, o CRM pode ser uma alternativa inviável do ponto de vista do retorno proporcionado pelo investimento financeiro necessário. Estudos de viabilidade devem ser conduzidos anteriormente à contratação de uma empresa desenvolvedora de CRM, assim como é preciso ter em mente que apenas o software não é suficiente para que as práticas relacionais sejam desenvolvidas. 2.3 Call center O call center apresenta-se como canal de comunicação essencial. É um local onde se prioriza e se estabelece o relacionamento com os clientes. A comodidade e o conforto que o call center proporciona aos clientes são os elementos essenciais que fazem da central de atendimento um instrumento de fácil acesso para as pessoas. É por intermédio das centrais de atendimento que são obtidas informações sobre os clientes, as quais servem de referência para a elaboração de estratégias. Para que consiga atender de forma eficaz, o call center deve dispor de tecnologia de informação para a administração de seus processos, com o objetivo de atender uma grande demanda de ligações simultaneamente. Embora a tecnologia e seus recursos sejam importantes para a central de atendimento ao consumidor, o grande diferencial concentra-se no relacionamento. O atendente de call center deve ser qualificado para a realização dos serviços, atender os clientes com agilidade, porém sem pressa. Ressalta-se que cada cliente se considera único – quer ser tratado com atenção e ter o seu problema ou dúvida resolvidos. As empresas devem elaborar métodos que motivem os funcionários envolvidos no relacionamento com os clientes. Um fator primordial para o sucesso da organização é a boa atuação dos funcionários das centrais de atendimento, pois no momento do contato o atendente representa a empresa. Ocorrência comum é muitos clientes se irritarem ao ter que entrar em contato com uma central de atendimento, em razão da demora ou porque o funcionário que está do outro lado da linha não o trata de forma adequada e única. É importante, também, que a empresa disponibilize no call center um canal específico para atendimento de reclamações (anti-atriction), pois o cliente quer ser ouvido. O relacionamento é a chave de sucesso para as organizações, e o call center tem como objetivo estabelecer e aumentar a longevidade do relacionamento com os clientes, tornando-se fundamental para que a empresa se mantenha no mercado. Além dos canais de comunicação e relacionamento citados anteriormente, as empresas poderão também contar com chat on- line, e-mail, sites externos de reclamação (por exemplo, o site Reclame Aqui), bem como páginas de dúvidas frequentes (FAQ). 2.4 SAC O serviço de atendimento ao cliente (SAC) é, na grande maioria das vezes, o primeiro suporte que um consumidor procura quando quer estabelecer uma comunicação com a empresa. O SAC é, de modo geral, responsável por atender demandas como informações sobre produtos e serviços, reclamações, elogios e críticas. É considerado uma forma direta de comunicação entre empresas e clientes. Utiliza-se de linha
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