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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Contratos ComerCiais em espéCie
Elaboração
Leonardo Gomes de Aquino
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 7
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9
UNIDADE I
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO ...................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO ......................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
REDAÇÃO CONTRATUAL......................................................................................................... 39
CAPÍTULO 3
GARANTIA E SEGUROS ........................................................................................................... 59
CAPÍTULO 4
ADIMPLEMENTO E INADIMPLEMENTO ..................................................................................... 64
UNIDADE II
CONTRATOS EM ESPÉCIE .................................................................................................................... 75
CAPÍTULO 1
CONTRATOS AQUISITIVOS DE BENS ......................................................................................... 75
CAPÍTULO 2
CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO LATO SENSU .......................................................... 87
CAPÍTULO 3
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR INTERMEDIAÇÃO ....................................................... 102
CAPÍTULO 4
CONTRATOS DE COLABORAÇÃO POR APROXIMAÇÃO ......................................................... 113
CAPÍTULO 5
CONTRATOS DE USO E GOZO .............................................................................................. 130
CAPÍTULO 6
CONTRATOS ASSOCIATIVOS E DE GUARDA ........................................................................... 150
CAPÍTULO 7
CONTRATO DE GARANTIA .................................................................................................... 157
CAPÍTULO 8
CONTRATOS BANCÁRIOS ..................................................................................................... 163
CAPÍTULO 9
CONTRATOS ENVOLVENDO DIREITOS INTELECTUAIS .............................................................. 169
 PARA (NÃO) FINALIZAR .................................................................................................................. 177
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 178
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos 
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional 
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
7
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
8
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
9
Introdução
A evolução do comércio é uma constante desde sempre, integrando o mundo em 
termos econômicos. Assim, cada dia se vive mais contratualmente. O Prof. Iudica 
apud Theodoro Júnior (p. 97) afirma que o contrato “é antes de tudo um fenômeno 
econômico. Não é uma criação do direito”. O contrato é um o instrumento de circulação 
de riquezas de um patrimônio para outro (ROPPO, p. 10). A celebração de um contrato 
é rodeada de determinadas circunstâncias sociais, políticas, econômicas, tecnológicas 
e legislativas que devem ser pensadas pelas partes quando o efetivam; e decorre destas 
circunstâncias o risco. A vida contratual é cheia de percalços, onde a “conexão entre 
sociedade e direito e, portanto, a incidência da mudança da realidade social-econômica 
sobre a realidade normativa comporta, na verdade e inevitavelmente, a reelaboração 
das estruturas formais, com as quais o ordenamento, na sua unidade e dinamicidade, 
ordena real” (SERRAVALLE, p. 290). 
Um contrato elaborado conjuntamente pelos contratantes será sempre melhor do 
que aquele imposto pela parte mais forte. A elaboração cuidadosa do contrato evita 
problemas como o inadimplemento ou má execução. 
O fim e a função do contrato estão ligados na medida em que as partes visam um fim. A 
função do contrato é a de possibilitar, alcançar a utilidade que as partes tiveram como 
fim ao celebrá-lo. Os tipos contratuais têm uma função que corresponde a um típico das 
partes (VASCONCELOS, 1995, p. 127 e 144). 
O direito contratual destaca-se tanto em seu aspecto teórico quanto prático, na seara 
jurídica. Esse tema nãopode mais ser tratado de forma secundária. Se antigamente 
estava limitado ao campo dos interesses privados, isso já não ocorre mais, pois se 
expandiu para o direito público, por causa das interferências legais dentro da autonomia 
privada. Não há mais um limite específico, aliás, e percebe-se ainda que se trata de um 
campo em construção, tudo dependendo das inovações e criações do ser humano.
Assim, a dificuldade sobre esse tema encontra-se exatamente tanto em sua amplitude e 
sua relevância para o dia a dia, quanto na prática dos tribunais.
O Código Civil (CC) de 2002 trata os Contratos no Título V e VI do Livro I da Parte 
Especial, iniciando no artigo 421 e encerrando no artigo 853. Porém, o estudo não está 
limitado a esses artigos, já que analisando o Código Civil de 2002, encontramos diversas 
outras normas contratuais, como por exemplo, a Lei de Franquia, de Representação 
Comercial, de Concessão Mercantil e de Locação etc., além é claro, da possibilidade 
10
que contratante possuem de criar contratos atípicos, desde que respeitados os limites 
da função social do contrato. Dessa forma, se num primeiro momento parece que o 
tema Responsabilidade Civil está limitado a uma parte específica do Código Civil ao 
analisarmos o Código como um todo verificou que esse tema interage com diversos 
outros institutos perpassando assim por todo o Código Civil e por outros ramos do 
direito, como o direito comercial, direito administrativo, dentre outros, podemos 
visualizar a sua aplicação.
Objetivos
 » Promover o estudo lógico-sistemático e crítico-reflexivo do instituto da 
Responsabilidade Civil. 
 » Analisar os tipos contratuais mercantis e estimular a interconexão dos 
problemas centrais do direito contratual com os ramos e as disciplinas 
jurídicas em que estão inseridos, o Direito Privado e, especialmente, o 
Direito Civil e Empresarial, sem embargo do recurso a ciências auxiliares, 
como a Economia, a Ética e a hermenêutica. 
 » Compreender os conhecimentos específicos e técnicos atuais sobre 
o direito contratual, os aspectos da constituição, desenvolvimento e 
extinção do vínculo contratual à luz da doutrina e jurisprudência, que 
dão consistência científica.
11
UNIDADE IASPECTOS GERAIS DO 
CONTRATO 
CAPÍTULO 1
Aspectos Gerais do Contrato
A celebração de um contrato é rodeada de determinadas circunstâncias sociais, políticas, 
econômicas, tecnológicas e legislativas que devem ser pensadas pelas partes quando 
contratam, pois decorrem destas circunstâncias o risco. 
A vida contratual é cheia de percalços, onde a “conexão entre sociedade e direito e, 
portanto, a incidência da mudança da realidade social-econômica sobre a realidade 
normativa comporta, na verdade e inevitavelmente, a reelaboração das estruturas 
formais, com as quais o ordenamento, na sua unidade e dinamicidade, ordena real” 
(SERRAVALLE, 2006, p. 290). Logo, é necessário tratarmos da relação entre contrato 
e risco, procurando esclarecer a qualificação do contrato e dos riscos.
Contrato
O contrato é um meio dos quais as pessoas combinam seus interesses, constituindo, 
modificando ou extinguindo algum vínculo jurídico se faz necessário analisar os sentidos 
existentes para o termo contrato, dentro de duas perspectivas: a clássica ou moderna 
e a contemporânea ou pós-moderna, não se esquecendo de que os termos concepção, 
contrato e pacto são usados como sinônimos.
Na concepção clássica ou moderna o contrato é observado como “um negócio jurídico 
bilateral ou plurilateral que visa à criação, modificação ou extinção de direitos e deveres 
com conteúdo patrimonial” (TARTUCE, 2008, p. 28).
Aquino (2012, p. 743-744) conceitua o contrato como 
o acordo vinculativo, assente sobre duas ou mais declarações de vontade 
(oferta ou proposta de um lado e de outro a aceitação) contrapostas, 
mas perfeitamente harmonizáveis entre si, que visam estabelecer uma 
12
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
regulamentação unitária de interesses, desde que não alteradas as 
circunstâncias em que se deu a vinculação.
Na concepção contemporânea ou pós-moderna o contrato é analisado não apenas 
no momento de sua realização, mas também durante a execução e os efeitos gerados 
para toda a comunidade, isso porque nas palavras de Nalin (2005, p. 255) o contrato 
constitui “uma relação subjetiva, nucleada na solidariedade constitucional, destinada 
à produção de efeitos jurídicos existenciais e patrimoniais, não só entre os titulares 
subjetivos da relação, como também perante terceiros”, isso se dá em virtude da 
maior intervenção estatal nos negócios privados para conceber uma maior justiça 
social e a proteção dos juridicamente vulneráveis, exigentes de intervenção oficial na 
atividade econômica.
Aquino (2012, p. 745) acrescenta que 
a caracterização do contrato como uma relação isolada, sem um passado 
e sem futuro, acarreta consequências de grande repercussão no que 
respeita a forma de planificação da sua execução, acaba por se tornar 
uma relação rígida, sem qualquer ligação do contrato com o tempo. 
Entretanto, o reconhecimento do aspecto relacional do contrato implica 
a compreensão do caráter aberto da planificação da sua execução; logo, 
se acolhermos a ideia do contrato como sendo um processo dirigido 
a certo objetivo, que é a execução das prestações das partes, ele terá 
que se desenvolver de acordo com um programa, no qual teremos que 
admitir que possa, no transcorrer da execução, ocorrer em situações 
que impliquem mudanças ou adaptações.
Desta forma, o contrato deve ser encarado como um acordo celebrado entre partes que 
se comprometem a cumprir com o pactuado e a manter a execução do mesmo de forma 
satisfatória para todos. Coelho (2010, p. 5) esclarece que o contrato será mercantil ou 
comercial se “as duas partes contratantes são exercentes de atividade empresarial”.
Contudo, afirma que a relação entre empresários pode atingir uma natureza híbrida 
entre os contratos cíveis e os provenientes das relações de consumo, que é distinguida 
por Coelho (2010, v. 3 p. 26) da seguinte forma. 
Se os empresários são iguais, sob o ponto de vista de sua condição econômica (quer 
dizer, ambos podem contratar advogados e outros profissionais antes de assinarem o 
instrumento contratual, de forma que, ao fazê-lo, estão plenamente informados sobre a 
extensão dos direitos e obrigações contratados), o contrato é cível; se desiguais (ou seja, 
um deles está em situação de vulnerabilidade econômica frente ao outro), o contrato 
será regido pelo CDC.
13
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Quando o banco contrata com a construtora a edificação de sua sede, o contrato é 
mercantil cível, porque ambos os empresários negociam em pé de igualdade. Mas, 
quando o mesmo banco concede empréstimo a microempresário, o contrato mercantil 
está sujeito à legislação consumerista, já que este último encontra-se em situação 
análoga a de consumidor.
O mais adequado seria uma reforma legislativa que disciplinasse especificamente os 
contratos mercantis (entre empresários), classificando-os de acordo com as condições 
dos contratantes (iguais e desiguais) e reservando a cada tipo disciplina compatível 
com a tutela dos interesses objeto de contrato.
Enquanto esta reforma não se realiza, aplica-se o Código Civil (ou legislação especial) 
aos contratos mercantis cíveis e o Código de Defesa do Consumidor aos mercantis 
sujeitos a este regime.
Para o contrato ser considerado como comercial deverá ter, pelo menos, um sujeito 
como empresário e a função econômica do negócio estiverem relacionados à exploração 
de atividade empresarial.
Bittar (2008, p. 3) afirma que o contrato para ser comercial deve reunir
de um lado, empresários entre si, em relações de cunho institucional 
ou associativo (criação de sociedades, formação de associações ou 
grupos econômicos ou jurídicos), ou organizacional (definição da 
estrutura da empresa, de participações contratuais ou societárias 
e outras) e, de outro, os empresárioscom os fornecedores ou 
utentes dos bens ou dos serviços oferecidos, em relações de caráter 
operacional (venda de bens ou prestações de serviços, financiamentos, 
locações e outros negócios jurídicos cabíveis, em razão do gênero 
de atividade)
Forgioni (2009, p. 55-150) destaca diversos vetores de funcionamento dos contratos 
comerciais, com ênfase nos seguintes: 
a. escopo de lucro, onde a ideia de economicidade lucrativa é padrão 
característico deste tipo de contrato; 
b. função econômica do contrato como norte do contrato, uma vez que as 
partes emitem as suas declarações de vontade com a intenção circular 
bens ou serviços, manter um cunho associativo ou organizacional; 
c. os custos da transação, pois os contratantes entendem que o negócio irá 
trazer-lhe mais vantagens do que desvantagens, em ponderação de custos; 
14
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
d. o egoísmo do agente econômico decorre do interesse único e exclusivo da 
empresa;
e. os agentes econômicos ativos e probos.
Uma questão importante é que se uma das partes envolvidas for hipossuficiente 
na relação jurídica e destinatária final do serviço ou produto não haverá contrato 
comercial ou empresarial, mas sim contrato regido pelo direito do consumidor. Da 
mesma forma, se um das partes for proprietária de um imóvel alugado pelo empresário 
para o exercício da atividade empresarial estaremos perante um contrato de locação 
empresarial.
Assim, o contrato será comercial ou empresarial aquele acordo de duas partes, onde 
pelo menos uma delas exercer atividade empresarial, para fornecimento de serviços ou 
produtos, associação ou organização e que se comprometem a cumprir com o pactuado 
e a manter a execução do mesmo de forma satisfatória para todos. 
O contrato será bancário ocorrerá quando em um dos polos estiver uma instituição 
financeira e de outro lado pessoa física ou jurídica. São exemplos de contrato bancário: 
conta-corrente, depósito bancário, desconto, empréstimo, antecipação de crédito e 
carta de crédito.
Devendo para tanto possuir as seguintes funções: 
a. Função Econômica nos contratos, num modo geral, representam formas 
de transferência de patrimônio; 
b. Função Regulatória é responsável pela criação das regras jurídicas para 
reger o próprio contrato e; 
c. A função social instrumentaliza-se pelos princípios do equilíbrio 
contratual e da boa-fé objetiva, ressaltando-se que o princípio do 
pacta sunt servanda não vigora mais em toda a sua intensidade. O 
princípio da função social do contrato revela-nos que o contrato não 
pode mais ser visto pela ótica meramente individualista, já que possui 
um sentido social para toda a comunidade. Considera-se violado o 
princípio da função social dos contratos quando os efeitos externos 
do pacto prejudicar injustamente os interesses da sociedade ou de 
terceiros não ligados ao contrato firmado. Dessa forma, a natureza 
jurídica dos contratos mercantis se delimitará face às condições 
de seus contratantes, em relação a (des)igualdade material entre 
os mesmos.
15
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
A celebração de um contrato é rodeada de determinadas circunstâncias sociais, 
políticas, econômicas, tecnológicas e legislativas que devem ser pensadas 
pelas partes quando contratam. Decorre destas circunstâncias o risco. A vida 
contratual é cheia de percalços, onde a “conexão entre sociedade e direito 
e, portanto, a incidência da mudança da realidade social-econômica sobre a 
realidade normativa comporta, na verdade e inevitavelmente, a reelaboração 
das estruturas formais, com as quais o ordenamento, na sua unidade e 
dinamicidade, ordena real” (SERRAVALLE, 2006, p. 290). Desta forma, o contrato 
é um instrumento estático para a realização do comércio?
O contrato é justamente o instrumento que, ao permitir vincularmo-nos hoje a 
certo padrão de conduta futuro, fomenta simultaneamente e por absurdo que 
pareça a nossa área de autonomia, pois permiti dispormos hoje desse mesmo 
futuro - obtendo uma vantagem presente em troca de um sacrifício futuro ou 
vice-versa. Assim, o que se entende por contrato mercantil? Qual a distinção 
com o contrato do consumidor?
Elementos
O contrato mercantil como negócio jurídico quanto à formação deve ser analisado em 
seus três planos: 
a. existência, no qual se afere os elementos essenciais para existência, sem 
os quais não há entrada no mundo jurídico;
b. validade em que se analisa se os elementos do plano da existência estão 
em conformidade com a legislação, ou seja, agente capaz, vontade, ou 
seja, agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e 
forma prescrita ou não defesa em lei e;
c. eficácia, no qual o observa se o contrato efetivamente gera efeitos 
esperados pelas partes, de maneira instantânea ou deferida no tempo, 
caso em que somente acontecerá caso os fatores de eficácia externa 
ocorrer (condição, termo e encargo).
Além dos elementos apontados o contrato mercantil possui dois elementos: 
a. as partes contratantes necessariamente devem ser empresário;
b. objeto do contrato deve ser relacionado à atividade empresarial e;
c. atividade voltada ao lucro.
16
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
São condições de validade do contrato: 
a. o aspecto subjetivo que se refere à Capacidade genérica (agente capaz) e 
a específica (legitimidade). Consentimento; 
b. o aspecto objetivo que envolve a Licitude, a possibilidade determinação 
do objeto do contrato e; 
c. a formal Verbal ou Escrita de exposição do contrato.
Assim, são elementos próprios dos contratos, em especial dos mercantis: capacidade 
das partes (capacidade genérica, especial e condição de empresário), consentimento 
(expresso ou tácito), objeto (lícito, possível, determinado ou determinável), forma 
prescrita ou não defesa na lei, atividade voltada ao lucro. 
Capacidade das partes
O grau de discernimento do sujeito contratante para a celebração do contrato é 
pressuposto de validade. Os contratantes não podem ser incapazes de maneira absoluta 
ou relativa, que resulta em uma capacidade genérica. 
Desta forma, o art. 3o Código Civil (CC) prevê que 
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida 
civil: 
I - os menores de dezesseis anos; 
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o 
necessário discernimento para a prática desses atos; 
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua 
vontade.
O art. 4o CC disciplina que 
São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência 
mental, tenham o discernimento reduzido; 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
IV - os pródigos. 
17
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação 
especial.
As partes além de serem capazes no sentido jurídico, devem possuir legitimidade para 
contratar (capacidade especial), que seria a autorização legal para celebrar o determinado 
contrato, ou seja, a legitimação dependerá da situação fática uma qual uma pessoa, embora 
capaz, vier a se encontrar. Além da capacidade genérica e da capacidade especial, as 
partes contratantes devem exercer a atividade econômica organizada profissionalmente 
para a produção ou a circulação de bens ou serviços, ou seja, deve ser qualificado 
como empresário.
Consentimento
Todo contrato necessita de um acordo de vontade ou consentimento recíproco. O 
acordo de vontade resulta do encontro da proposta de uma das partes e da aceitação 
da outra, cobrindo todos os pontos da negociação, que é o centro gravitacional onde 
a relação contratual é determinada pelas vontades das partes em conjunto – vontade 
comum – e não pela vontade de cada uma das partes. É a determinação conjunta na 
procura de um fim que é o contrato. De tal modo, “é essencial que as partes queiramum acordo vinculativo, um pacto colocado sob a alçada do direito” (VARELA, 1992, 
p. 219). Por conseguinte, não é suficiente um simples acordo de vontades amigável, 
de cortesia ou mesmo camaradagem “as vontades que integram o acordo contratual, 
embora concordantes ou ajustáveis entre si, têm de ser opostas, animadas de sinal 
contrário” (VARELA, 1992, p. 220), com a finalidade de um resultado unitário, sem 
perder de vista o contexto social.
Desta forma, a legislação permite que o consentimento seja expresso, onde a vontade 
é exteriorizada, seja por escrito, gesto ou mímica, de forma inequívoca ou tácita 
que decorre da conduta dos contratantes. O silêncio pode ser interpretado como 
manifestação tácita, pois o silêncio, em si, é uma omissão, mas se as circunstâncias 
que o acompanham são fatos positivos, aptos a conferir-lhe a natureza de um meio 
de expressão, haverá então, um silêncio qualificado que poderia ser colocado entre as 
manifestações da vontade, de natureza totalmente distinta daquela do silêncio simples 
(AQUINO, 2003, p. 27).
Para surtir os efeitos desejados, o consentimento deve abarcar três aspectos: 
a. acordo sobre a existência e natureza do contrato; 
b. consenso acerca do objeto do contrato e; 
c. ajuste em relação às cláusulas contratuais. 
18
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Objeto
Objeto no contrato divide em mediato e imediato, assim, a objeto mediato é a prestação 
em si e a prestação imediata é a coisa própria. Em ambos os caos deve se observa 
que é imprescindível que o objeto esteja relacionado ao contrato seja lícito, possível, 
determinado ou determinável e que tenha relação com atividade desenvolvida 
pelo empresário.
Quanto à licitude e possibilidade do objeto, existe o grande tronco de impossibilidades 
que as fazem nascer, isso porque, quando a impossibilidade é jurídica, o objeto é 
ilícito, pois contraria a lei, nulos, por isso, de pleno direito. Ou então a impossibilidade 
pode ser física, a contrariedade não se esboça na lei, mas contra a realidade 
dos fatos.
O objeto do contrato deve ser determinável ou determinado, pois é possível ocorrer um 
negócio com uma coisa incerta, mas indicada pelo menos no gênero e pela qualidade 
(art. 243 CC), que será determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja 
indeterminação cessa com a concentração.
O objeto dever ser suscetível de valoração econômica, ou seja, se o empresário compra o 
objeto para sua destinação final não estaremos diante de uma relação empresarial, mas 
sim numa relação consumerista.
O objeto da relação pode ser móvel, imóvel, fungível, infungível, consumível, inconsumível, 
durável ou não durável. 
Forma prescrita ou não defesa na lei
O contrato se perfaz com uma forma que pode ser: 
a. livre onde a manifestação de vontade dos contratantes não está vinculada 
a exigências legais predispostas, logo não qualquer tipo de solenidade;
b. solene onde a declaração da vontade tem que observar os requisitos 
legais previstos na lei, que podem possui uma única forma ou então 
possibilidade a formalidade múltipla; 
c. contratual onde os contratantes escolhem a forma de sua celebração, 
como no caso do art. 109 CC que estipula “no negócio jurídico celebrado 
com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância 
do ato”, portanto, as partes podem convencionar que a escritura pública 
torne necessário para a conclusão do negócio.
19
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Atividade voltada ao lucro
A concepção que o contrato deve trazer lucro para partes é um ponto fundamental 
para a distinção dos contratos mercantis, contratos civis ou consumeristas, pois “a 
economicidade final de todos os partícipes imprime-lhes características singulares, que 
refletirão nos negócios por eles engendrados” (FORGIONI, 2009, p. 56). 
O empresário exerce sua atividade profissional visando o lucro como forma de 
remuneração de seu trabalho e emprego de seu capital, assim, os contratos celebrados 
por ele tem a intenção de obter lucro, uma vez que a “ocupação mercantil sempre 
se caracterizou pelo intuito econômico e especulativo” (BERTOLDI, 2011, p. 37). 
Bulgarelli (1999, p 55) demonstra que nas atividades empresariais de transformação ou 
de circulação de riquezas há uma busca pelo lucro. 
Desta forma, os contratos mercantis devem ter como escopo a ideia de lucro em todas 
as suas atividades de forma poder manter a sua atividade em funcionamento.
O contrato deve apresentar a qualificação das partes envolvidas, de forma que 
possam ser individualizadas e encontradas em seus respectivos domicílios. 
Deve, também, especificar o objeto do acordo, que pode ser um serviço, uma 
coisa móvel ou imóvel, a entrega de algum valor etc. Além disso, o vínculo que 
une os contratantes também deve ser detalhado. Desta forma, como se deve 
compreender o elemento da atividade?
Caso o contrato gere prejuízo para as partes estaremos perante um contrato 
mercantil?
Normas regentes
No contrato mercantil pelo menos um dos contratantes é empresário, seja pessoa física 
ou jurídica. Contudo, nem sempre estaremos sob a normativa jurídica empresarial, pois 
há diversas leituras legais possíveis, de modo que se faz necessário analisar diversos 
fatores, tendo em vista a equalização adequada de problemas e as possíveis soluções. 
Isso se porque com a unificação das obrigações e contratos em um único corpo normativo 
(Código Civil) é primordial uma maior versatilidade para os negócios voltados para 
atividade empresarial.
Assim, o regime jurídico dos contratos comerciais compõe-se, de normas de ordem 
públicas e privadas, exposta no Código Civil e leis especiais, geradas a partir dos 
20
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
princípios, das regras postas no contrato, da jurisprudência e da doutrina que 
completam a complexa estrutura jurídica das atividades empresariais. Não se aplica 
aos contratos mercantis o Código de Defesa do Consumidor, por não existir uma 
relação de consumo nos contratos empresariais.
Caso o empresário contrate com um consumidor, o contrato estará subordinado ao 
Código de Defesa do Consumidor. Se o empresário contratar com a administração 
pública a regra a ser aplicada é a Lei de licitações (Lei no 8.666/1993). Se o empresário 
celebrar um contrato de trabalho com um empregado as regras que serão aplicadas é a 
Consolidação das leis trabalhistas (CLT).
Princípios
O contrato se vincula a princípios normativos, que, diante das modificações 
socioeconômicas, devem ser adaptadas à realidade atual. Tais princípios são diretrizes de 
criação jurisprudencial, doutrinaria e legislativa dos negócios jurídicos, denominados de 
contratos. Destaca-se entre os princípios informativos do contrato, que serão abordados 
a seguir: autonomia privada, liberdade contratual, força obrigatória do contrato e sua 
revisão, Supremacia da Ordem Pública e bons costumes, Consensualismo, Relatividade 
dos efeitos do contrato, Função social e Boa-fé.
Autonomia privada e liberdade contratual
A questão da autonomia da vontade “parte da vontade humana; é a potencialidade 
jurígena do comportamento humano livre. A autonomia privada parte da norma jurídica: 
é a permissão jurídica-privada de produção de efeitos jurídicos” (CORDEIRO, 1988, p. 
27). Assim, utilizaremos a expressão autonomia privada numa perspectiva material, 
uma vez que para celebrar contratos devemos ter agentes capazes. A dimensão material 
deve ser entendida como liberdade de criação e de modelação pelas partes dos direitos 
e obrigações emergentes do contrato (RIBEIRO, 1999, p. 21).
A liberdade no contrato deve ser analisada, pois ela se apresenta em duas faces: 
a. a liberdade de contratar e 
b. a liberdade contratual. 
Wald (2009, p. 210) lembra-nos que 
a liberdade de contratar é a faculdade de realizar ou não determinado 
contrato, enquanto a liberdade contratual é a possibilidade de 
estabelecer o conteúdo do contrato. A primeira se refere à possibilidade 
21
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO│ UNIDADE I
de realizar ou não um negócio, enquanto a segunda importa na fixação 
das modalidades de sua realização.
A decisão de contratar representa o estado de espírito da pessoa, o seu interesse e a 
sua pretensão em contratar e, relaciona-se com a consciência existente no interior 
do sujeito, que é revelada naquele momento da celebração do contrato. Reflete a 
aglomeração de fatores e elementos incorporados ao contrato e suficientes para a 
caracterização da vontade das partes. Tais elementos e fatores afirmam a motivação 
predominante e as normas inseridas no contrato, por meio da decisão tomada 
pelas partes, em consonância com os seus próprios interesses. Significando, assim, 
a expressão da vontade individual das partes, resultante de uma conduta externa, 
que produz os efeitos jurídicos pretendidos, consubstanciados nas circunstâncias 
presentes ao ato da celebração contratual. A ordem jurídica atribui os devidos efeitos 
jurídicos à declaração da vontade. Assim sendo, ao emitir a sua vontade, como forma 
de alcançar o que foi efetivamente suposto, o sujeito fixa a base determinante do 
contrato criado.
Esta decisão de contratar representa a vontade das partes, tem caráter subjetivo e está 
diretamente ligada à autonomia privada, uma vez que praticada de forma voluntária, 
atendendo aos interesses manifestados pelas partes, às normas e condições por elas 
estipuladas, bem como às circunstâncias existentes naquele momento negocial 
(MACHADO 1991, p. 457-622).
Na liberdade de contratar os sujeitos possui ampla possibilidade de elaboração do 
contrato, ou seja, todos são livres para realizar os contratos, desde que preenchidos 
os requisitos de validade dos negócios jurídicos que são agente capaz, objeto lícito, 
possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104, 
CC) e demais limitadores previsto na norma jurídica, em especial na função social do 
contrato e nos princípios da boa-fé e da probidade (arts. 421 e 422 CC).
Isso se ocorrer no domínio da liberdade contratual, pois na discussão das cláusulas e 
condições contratuais, há, na prática, o prevalecimento da vontade do economicamente 
forte, isso porque no mais das vezes, o mais forte reduz no pactuado, a área de 
autuação do direito do mais fraco, que fica desprotegido, juridicamente, no momento 
que o contrato surge, bem como nas possíveis revisões contratuais. É claro que se 
as partes ao estipularem cláusulas com direitos só para uma delas e obrigações só 
outra, estaremos perante um contrato leonino, o que não tem guarita na lei, devendo 
a norma criar parâmetros para revitalizar o contrato. Desta forma, estaremos perante 
uma liberdade relativa do conteúdo do contrato. Assim, “a liberdade de contratar 
será exercida em razão e nos limites da função social do contrato” (GOMES, 1995, 
p. 39).
22
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Contudo, autonomia possui limitações, pois tudo é permitido nas relações privadas, 
até os limites legais, isto porque a liberdade possui um caráter negativo, visto que estão 
voltadas a impedir a intervenção do Estado legislador ou juiz. Isso significa que o Estado 
legitima a sua própria intervenção da seguinte forma: 
a. a liberdade de conclusão do outro contratante quando estamos perante 
setores que necessitam de autorização do setor público ou quando o setor 
público é o único que pode prestar o serviço (água, luz, telefone etc.);
b. a limitação quanto ao tipo contratual, quando a própria lei estipula o tipo 
contratual para aquele tipo de relação jurídica, como nos contratos de 
licença de patente, contrato de arrendamento no setor agrário; 
c. a limitação de conteúdo quando a lei define o que deve conter de forma 
cogente, como nos contratos de alugueis de imóveis, contrato de seguro 
etc. Por essa razão, não há que se mencionar em liberdade plena na 
contratação, pois o direito possui limitações.
Fonte: Autor
Força Obrigatória do Contrato e sua Revisão
A força obrigatória dos contratos surgiu expressa no Código de Napoleão, cujo artigo é 
o 1.134, e dispõe “as convenções, legalmente formadas, tem força de lei, àqueles que a 
fizerem” (trad. livre).
A força obrigatória do contrato (pacta sunt servanda) traduz a natural convergência 
que deve eclodir do contrato, a fim que lhe possa reconhecer a sua utilidade social e 
econômica, isso por que todo contrato nasce de um choque de vontades que depois da 
guerra fazem a paz (TELLES, 1951, p. 44), gerando uma obrigatoriedade no pactuado, 
como se essa obrigação defluísse de um preceito normativo legal (LOPES, 1961, p. 110).
Nota-se que este dispositivo legal traduz o princípio da liberdade contratual, pois é 
totalmente inegável o fato, já que ele encerra um comando radicalmente voluntarista. 
Eis que a vontade humana surge como a inabalável fonte criadora de obrigações, 
ocasionando uma segurança jurídica nas relações negociais. Nesse espectro, Lobo 
(2011, p. 63) dispõe que a força obrigatória também afeta o legislador na elaboração 
23
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
das leis, pois não se pode criar uma lei que atinja os requisitos de validade, ou seja, do 
ato jurídico perfeito, por se trata de previsão constitucional. 
Fonte: Autor
No entanto, a paz gerada pela formalização contrato não é eterna, principalmente 
nos contratos de longa duração, isso porque se, de um lado, a noção de contrato 
conduz à segurança das relações entre as partes, por outro, a execução das obrigações, 
forçosamente, conduz à renegociações ou mesmo revisões automáticas, corroboradas 
pelo princípio Rebus Sic Stantibus (revisão contratual) que exprime o princípio da 
condicionalidade do vínculo contratual à manutenção contratual de um determinado 
estado de coisas. 
Isso porque durante a execução do contrato a base contratual inicialmente convencionada 
por sofrer incidentes que acarretem uma mudança substancial capaz de gerar a revisão 
do contrato, que nesse especial, no âmbito do direito brasileiro se apresenta com a 
teoria da imprevisão ou teoria da onerosidade excessiva que reside na ideia de evitar o 
empobrecimento da parte contratante. 
A obrigatoriedade dos contratos constitui, por sua vez, uma projeção no tempo 
da liberdade contratual (WALD, 1995, p. 211). As partes são obrigadas a realizar as 
prestações pactuadas. O direito contemporâneo limitou também tal obrigatoriedade, 
interpretando a Rebus Sic Stantibus, ou seja, enquanto as situações das partes não 
sofrerem modificações perdurará a obrigatoriedade.
Assim, surgindo um desequilíbrio no pactuado durante a sua existência podem as partes 
solicitar que a força obrigatória do contrato perca espaço para a revisão, de forma a 
alterá-lo ou adaptá-lo às novas circunstâncias de maneira a torná-lo equilibrado, 
havendo vinculação ao fato extracontratual ocorrido e a previsão determinada pelo 
respectivo contrato. 
24
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Desta forma, ocorrendo uma desorganização da economia inicial do negócio (mudanças 
bruscas) durante a execução do contrato poderão ocasionar a revisão contratual a fim 
de reequilibrá-lo.
Consequentemente, é de concluir que os princípios da obrigatoriedade e da revisão não 
colidem. Antes, se completam, isto é, se harmonizam perfeitamente, quando realmente 
se tem em vista a estabilidade do comércio jurídico. Um não pode existir sem o outro. 
A obrigatoriedade refere-se ao contrato em espécie e a revisão à situação do contrato 
(AQUINO, 2003, p. 23). 
Podemos facilmente perceber que atualmente a obrigatoriedade (pacta sunt servanda) 
do contrato é relativa em virtude do princípio da Rebus Sic Stantibus. 
Supremacia da Ordem Pública e bons costumes
A liberdade contratual possui limites e um deles é o interesse da sociedade, em manter 
uma ordem pública (além da moral e dos bons costumes) nas relações contratuais, de 
forma a evitar a sobreposição do da parte mais forte em cima da mais fraca. 
A ordem pública promete um maior equilíbrio econômico, social e político nas relaçõescontratuais e dessa forma começaram a editar leis destinadas a garantir, em setores 
importantes como a lei de locação, lei da Usura, lei da Economia Popular, o Código 
de Defesa do Consumidor entre outras, gerando um dirigismo contratual. As normas 
consideradas como de ordem pública não podem ser modificadas pela vontade dos 
contratantes, porque representam um pensamento coletivo irremovível. Sendo que a 
ideia da supremacia é encaminhar as partes para princípios equitativos, com preocupação 
estreita de proteger a parte economicamente mais fraca da relação contratual. 
Já a ideia dos bons costumes reside na observância das normas de boa “convivência, 
sendo um padrão de conduta social estabelecido pelos sentimentos morais da época. 
Serve para definir o comportamento das pessoas” (GONÇALVES, 2011, p. 45).
Assim, tanto a supremacia da ordem pública quanto os bens costumes constituem 
limites ao direito de contratar.
Fonte: Autor
25
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Consensualismo 
O princípio do consenso é o fator gerador de todos os contratos sem a sua existência 
não há celebração do contrato em regra, pois basta o acordo de vontade para o seu 
aperfeiçoamento, salvo restrições legais como o contrato depósito que necessita de 
uma solenidade, que pode ser a entrega da coisa para a sua formulação ou a forma 
do contrato. Assim, na constituição das sociedades se faz necessário que o contrato 
contenha cláusulas mínimas previstas no art. 997 CC.
Diniz (2005a, p. 38) prescreve que “segundo esse princípio, o simples acordo de duas 
ou mais vontades basta para gerar um contrato válido, pois a maioria dos negócios 
jurídicos bilaterais é consensual, embora alguns, por serem solenes, tenham sua 
validade condicionada à observância de certas formalidades legais”. Ribeiro (1999, p. 
15) observa que o consenso das partes, de uma maneira geral deve ser observado em 
conjunto com o contexto social em que se manifesta a relação contratual.
Um simples pacto já é capaz de fazer surgir um contrato, porém, em alguns casos deve 
atender certas formalidades por um motivo de interesse social.
Relatividade dos efeitos do contrato
Os efeitos dos contratos em geral é que devem atingir apenas as partes contratantes, 
isso acarretar informar que o contrato pode produzir efeitos internos e externos. Os 
internos atingem apenas as partes contratantes, mas os externos atingem a terceiros 
identificados ou não, nesse caso se trata dos interesses difusos e coletivos. Os externos 
envolvem terceiros.
Lobo (2011, p. 63) expõe o seguinte exemplo:
Determinado artista conclui contrato para divulgação publicitária de 
produto de certa empresa, tendo sido seduzido pela empresa concorrente 
a desligar-se do vínculo originário e assumir a publicidade do produto do 
segundo. O fato do terceiro não configura inadimplemento contratual, 
mas este foi provocado por aquele. Assim, o inadimplemento contratual 
pelo devedor e a lesão do direito do credor pelo terceiro são dimensões 
do mesmo fato ilícito.
Outro exemplo é o caso do contrato de trespasse (transferência do estabelecimento) 
onde o adquirente se sub-rogasse nos contratos estipulados para a exploração do 
estabelecimento, salvo de caráter pessoal e nesse caso podendo se opor a transferência 
do estabelecimento (art. 1.146, CC).
26
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Assim, esse princípio impõe a impossibilidade de questionamento dos contratos por 
terceiros, salvo quando a legislação permitir tal questionamento ou sub-rogação.
Função social 
O princípio da função social do contrato é uma norma geral do ordenamento jurídico 
de ordem pública, pelo qual o contrato deve ser necessariamente visualizado e 
interpretado de acordo com o contexto da sociedade. Diante disso, para se analisar 
a função social do contrato, há de se partir da relação do contrato com o seu meio 
social externo. 
O direito contratual, abarcando como um dos seus alicerces o princípio da função social, 
significa dizer que o contrato deixou de ser somente coisa dos contratantes, e passou 
a interferir negativa e positivamente, também, em relação aos terceiros (THEODORO 
JÚNIOR, 2004, p. 31).
Desta forma, a função social não pode ser confundida com a função econômica do 
contrato e nem é plus desta, pois são categorias distintas. A função econômica vincula-
se estritamente aos interesses particulares das partes contratantes, enquanto a função 
é algo exterior ao contrato que a ele se integra, independentemente da vontade das 
partes. O Código Civil estipula que o contrato deve obedecer à função social, como 
meio de realizar os fins sociais, pois determinou que a liberdade de contratual deve ser 
“exercida em razão e nos limites da função social” (art. 421, CC).
Boa-fé
O princípio da boa-fé desempenha três funções importantes: 
a. interpretativa;
b. criadora de deveres jurídicos anexos e de proteção e; 
c. delimitadora do exercício de direitos subjetivos (GAGLIANO, 2010, p. 105).
A boa-fé pode ser subjetiva ou objetiva. A boa-fé subjetiva é também conhecida como 
boa-fé crença, isto porque, diz respeito a substâncias psicológicas internas do agente. 
A boa-fé objetiva se apresenta como um princípio geral que estabelece um roteiro a ser 
seguido nos negócios jurídicos, incluindo normas de condutas que devem ser seguidas 
pelas partes, ou, por outro lado, restringindo o exercício de direitos subjetivos, ou, 
ainda, como um modo hermenêutico das declarações de vontades das partes de um 
negócio, em cada caso concreto.
27
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Assim, na interpretação do contrato, deve-se ter em conta o princípio da boa-fé dos 
contratantes, ou seja, devem ser examinadas as condições em que o contrato foi firmado, 
o nível sociocultural dos contratantes, o momento histórico e econômico. 
O Código Civil (art. 422) e o CDC (art. 4o, III) estipulam como fator norteador a 
aplicação do princípio da boa-fé, uma vez que permite ao aplicador ou intérprete o teste 
de compatibilidade das cláusulas ou condições gerais dos contratos. 
Logo a boa-fé pode se desdobrar em subprincípios como a proibição do veneri contra 
factum proprium (proibição de comportamento contraditório), suppressio (a inércia 
de um direito gera a sua perda), surrectio (decorre da suprressio, ou seja, nasce 
o direito em decorrência da prática reiterada de um comportamento) e tu quoque 
(representa as situações nas quais a parte vem a exigir algo que também foi por ela 
descumprido ou negligenciado).
Isso ocorrer porque a boa-fé impõe a observância de deveres jurídicos anexos ou de 
proteção, não menos relevantes, como os da confiança, lealdade, assistência sigilo, 
informação e etc (GONTIJO, 2010, p. 127). 
Gontijo (2010, p.142) pondera que a
boa-fé possibilita o equilíbrio das relações a partir de uma concepção 
fundada em padrões sociais que visa a controlar condutas das partes 
contratantes, classificando como ilícitos certos comportamentos não 
previstos na relação negocial. 
A boa-fé objetiva está relacionada com o inadimplemento absoluto do contrato. Logo, se 
um dos contratantes não vier a cumprir seu dever, estará ofendendo a boa-fé objetiva, 
caracterizando o inadimplemento do negócio, independente da culpa (Enunciado no 24 
da I Jornada de Direito Civil). 
A boa-fé é um princípio cuja concretização reclama o constante balanceamento dos 
dados peculiares de cada caso concreto.
Fonte: Autor
28
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Segundo Grau (2008, p. 70) “os princípios jurídicos, princípios e direito, não são 
resgatados fora do ordenamento jurídico, porém descobertos no seu interior”. O 
princípio da boa-fé objetiva tem positivação em nossas leis civis?
Efeitos
O primordial efeito dos contratos é gerar obrigações, criando um vinculando jurídico 
entre os contratantes. Segundo Gomes (1995, 193) tais efeitos se manifestam tanto na 
força obrigatória como também na relatividade do contrato.
Efeitos decorrentes da obrigatoriedade
São efeitos destanatureza: 
a. os contratantes ficam ligados ao contrato, uma vez que o contrato faz lei 
entre as partes; 
b. o contrato é irretratável e inalterado, e somente pode ser desfeito o 
vínculo por ambas os contratantes, por meio dos distrato, salvo cláusula 
contratual permitindo o desligamento;
c. Em uma possível demanda judicial ou arbitral o julgador deverá ficar 
adstrito ao conteúdo contrato, salvo casos de alteração contratual, 
fortuito ou força maior.
Efeitos decorrentes da relatividade
A regra geral é que o contrato atinge apenas as partes, mas do ponto de vista subjetivo 
o contrato poderá atingir os sucessores a título universal e a título singular.
No caso a título universal os herdeiros podem ser atingidos na obrigação contratual, 
seja no crédito ou no débito, salvo no caso da obrigação ser personalíssima, previsão 
contratual ou se o direito for vitalício. No caso da sucessão a título singular no caso 
cessionário ou legatário podem atingi-los. 
No entanto, a ideia principal do contrato é não beneficiar ou prejudicar terceiros, mas 
o direito permite que os contratos possam ser redigidos com estipulação em favor de 
terceiros, promessa de fato de terceiro e com pessoa a declarar.
No caso da estipulação em favor de terceiro, o terceiro pode exigir o cumprimento da 
obrigação, obedecendo às regras previstas no contrato. No entanto, se o terceiro não 
exigir a execução do contrato o estipulante não poderá exonerar o devedor. 
29
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
O art. 438 CC prevê que “o estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro 
designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante”, 
que poderá ser realizada por ato entre vivos ou por disposição de última vontade.
No caso da promessa de fato de terceiro um sujeito promete que terceiro realizará a 
obrigação caso, o terceiro não faça o estipulante responderá por perdas e danos, salvo 
se o “se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a 
ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, 
venha a recair sobre os seus bens”. 
Assim, se o terceiro assumir a obrigação, liberado estará o promitente. Nenhuma 
obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter 
obrigado, faltar à prestação (art. 440, CC).
As partes contratantes podem no “momento da conclusão do contrato, pode uma das 
partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir 
as obrigações dele decorrentes” (art. 467, CC). 
O terceiro indicado deve ser capaz, solvente e será informado no prazo máximo de cinco 
dias da conclusão do contrato, salvo previsão contratual em contrário. A confirmação 
da aceitação de obedecer à forma usada no contrato para produzir os efeitos desejados, 
que irá retroagir a data da celebração do contrato. 
O art. 470 CC prevê que o contrato produzirá efeitos entre os contratantes originários 
se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la ou se a pessoa 
nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação.
Fonte: Autor
30
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Efeitos particulares do contrato
São considerados efeitos: o direito de retenção, os vícios redibitórios e a evicção.
Direito de retenção
O contrato gera o direito de retenção que é quando credor conserva em seu poder a coisa 
alheia que já detém legitimamente, além do momento em que a deveria restituir, se o 
seu crédito não existisse e, normalmente, até a extinção deste. Para sua configuração 
será necessário segundo Diniz (2005a, p. 123) que haja 
a. detenção da coisa alheia; 
b. detenção dessa detenção;
c. crédito liquido certo e exigível do retentor, em relação de conexidade com 
a coisa retida e;
d. inexistência de exclusão legal ou convencional do direito de retenção.
Vícios redibitórios 
São os defeitos ocultos existentes à época da contratação que ignorados por aquele que 
obteve a coisa, proporcionam a sua impropriedade ao uso ou a diminuição do valor. A 
coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente ou pode optar pelo abatimento do 
preço (art. 441 e 442 CC), não se aplica aos bens vendidos em hasta pública. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu 
com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as 
despesas do contrato.
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa 
pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente 
ao tempo da tradição.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou 
abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de 
um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, 
o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais 
tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o 
prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e 
de um ano, para os imóveis.
31
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios 
ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos 
usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não 
houver regras disciplinando a matéria.
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância 
de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito 
ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena 
de decadência.
Fonte: Autor
É certo que o vício redibitório não está ligado a expectativa ou percepção inicial do 
adquirente na época da celebração, mas com a existência de uma disfunção econômica 
ou de utilidade do objeto o contrato.
Fonte: Autor
Evicção
A evicção é a perda do bem em virtude de uma decisão judicial, que atribui à propriedade 
do bem a terceiro. Por causa jurídica comutativa onerosa preexistente. Há três sujeitos 
envolvidos: 
a. o alienante que responde pelos riscos da evicção; 
b. o evicto que é o adquirente vencido na demanda movida pelo terceiro e;
c. o evictor que o terceiro reivindicante e vencedor da ação. 
32
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
A Evicção pode ser exemplificada da seguinte maneira: Antônio vendeu um imóvel a 
non domino, ou seja, móvel de outra pessoa, como se fosse seu, ao Beto. Beto vai morar 
na sua mais nova morada, quando é citado em uma ação reivindicatória em face de 
Carlos que afirma ser sua a propriedade. Ao final do processo, o juízo sentencia em 
favor de Carlos, comprovando que a documentação fornecida por Antônio era falsa, e 
que não seria válida a venda feita a Beto, que sofre a Evicção a partir desse momento.
O Código Civil prevê que:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, 
se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela 
coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não 
o assumiu.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da 
restituição integral do preço ou das quantias que pagou:
I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que 
diretamente resultarem da evicção;
III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor 
da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque 
sofrido, no caso de evicção parcial.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa 
alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, 
e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será 
deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Art.453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que 
sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem 
sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na 
restituição devida.
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto 
optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço 
correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá 
somente direito a indenização.
33
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o 
adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos 
anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da lide, e 
sendo manifesta a procedência da evicção, pode o adquirente deixar de 
oferecer contestação, ou usar de recursos.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a 
coisa era alheia ou litigiosa.
A evicção gera responsabilidade legal pelo fato, independente de previsão contratual.
São requisitos para aplicação do instituto: 
a. perda total ou parcial da propriedade, posse ou uso da coisa alienada; 
b. onerosidade da aquisição;
c. ignorância, pelo adquirente, litigiosidade;
d. anterioridade do direito evictor;
e. perda decorrente de sentença judicial;
f. a garantia da evicção subsiste, mesmo que tenha sido adquirido em hasta 
pública;
g. Os contratantes podem, por meio de cláusula c, excluir, diminuir ou 
reforçar a responsabilidade pela evicção;
h. a cláusula não valerá se o evicto não soube da evicção, mas se sabe não 
assumiu o risco;
i. O evicto tem direito a restituição integral do preço ou de indenização na 
forma da lei;
j. a interpretação do art. 456 do Código Civil permite ao evicto a denunciação 
direta de qualquer dos responsáveis pelo vício (Enunciado no 29 da I 
Jornada de Direito Civil) e;
k. o preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na 
época em que se venceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso 
de evicção parcial.
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Fonte: Autor
Muitos empresários já depararam com a seguinte situação: adquiriram um 
serviço ou produto por meio de contrato, por exemplo, um contrato de compra 
e venda, e depois de algum tempo descobriram que o objeto desse contrato 
possuía defeito ou vício – oculto no momento da compra – que o tornou 
impróprio para uso ou diminuiu o valor. Assim, é possível a devolução do bem 
ou ressarcimento?
O primordial efeito dos contratos é gerar obrigações, criando um vinculando 
jurídico entre os contratantes. Segundo Gomes (1995, 193) tais efeitos se 
manifestam tanto na força obrigatória como também na relatividade do 
contrato. Assim, o contrato poderá atingir terceiros?
Formação do contrato
É indispensável à constituição do contrato o acordo de vontades das partes contratantes, 
tácito ou expresso, que se manifesta de um lado pela proposta (oferta) e de outro 
a aceitação. 
A proposta (oferta, policitação ou oblação) e aceitação são elementos indispensáveis 
à formação do contrato, e entre elas gira toda a controvérsia sobre a força obrigatória 
do contrato, sobre o momento exato em que ambas se fundem para produzir a relação 
contratual, e sobre o lugar em que se reputará celebrado o negócio jurídico. 
Desta forma, a manifestação de vontade expressa ou tácita (oferta). A tácita é aquela que 
decorre de certos atos positivos, induvidosos e inequívocos, ou até mesmo, o silêncio 
que se traduz em um assentimento.
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não 
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias 
do caso.
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. 
Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou 
por meio de comunicação semelhante;
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ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente 
para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro 
do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da 
outra parte a retratação do proponente.
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os 
requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das 
circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua 
divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.
É característica a declaração unilateral de vontade, a força vinculante e negócio 
receptível.
A proposta gera obrigatoriedade dentro de prazo razoável e a possível morte ou a 
incapacidade do proponente supervenientemente não põe fim à proposta, exceto se a 
intenção for outra.
Aceitação é o ato de aderência à proposta feita. Aceitação com condições ou novos 
elementos equivale a uma nova proposta (contraproposta – art. 431 CC). Pode ser 
expressa ou tácita. Será tácita quando se reputa concluído o contrato, não chegando a 
tempo a recusa: 
a. quando o negócio for daqueles em se consumo a aceitação expressa e 
b. quando o proponente a tiver dispensado (art. 432, CC). 
Se “a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do 
proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por 
perdas e danos (art. 430 CC). 
Pode ocorrer a previsibilidade contratual do direito de arrependimento.
Os contratos entre ausentes (por correspondência) consideram-se formados, desde que 
a aceitação é expedida, salvo se retratação chegar antes ou simultaneamente com a 
aceitação, se o proponente se houver comprometido a esperar resposta ou se ela não 
chegar no prazo convencionado (art. 434, CC). Aceitação nos Contratos entre ausentes: 
Se o contrato for entre ausentes, existindo prazo, este deverá ser observado, mas se 
a aceitação se atrasar, sem culpa do oblato, o proponente deverá dar ciência do fato 
ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Se o ofertante não estipulou 
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
qualquer prazo, a aceitação deverá ser manifestada dentro de tempo suficiente para 
chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
Aceitação nos Contratos entre presentes: Se o negócio for entre presentes, a oferta 
poderá estipular ou não o prazo para a aceitação. Se não contiver prazo, a aceitação 
deverá ser manifestada imediatamente, e, se houver prazo, deverá ser pronunciada no 
termo concedido. 
O contrato será celebrado no lugar em que foi proposto.
O Banco X enviou ao cliente Y um cartão de crédito, sem a sua solicitação. O 
simples fato de não responder implica aceitação de cartão de crédito enviado 
pelo correio?
Contrato eletrônico é todo “aquele celebrado por meio de programas de 
computador ou aparelhos com tais programas, que dispensam assinatura 
ou exigem assinatura codificada ou senha” (LUCCA, 2001, p. 45). A proposta 
celebrada via internet faz com que o contrato seja formado entre presentes?
Negociação preliminar e contrato preliminar
A negociação preliminar consiste no modo eficiente de conseguir o que se almeja. E 
para existir se faz necessário observar a existência de alternativas a serem escolhidas, 
e a quem essas alternativas envolvem. Assim, as alternativas se apresentam como 
os interesses comuns e conflitantes, o que gera da paz a guerra com a finalização do 
contrato. Desta forma, a negociação preliminar consiste nas conversações prévias, 
sondagens e estudos sobre os interesses de cada contraente, tendo em vista o contrato 
futuro, sem que haja qualquer vinculação jurídica entre os participantes, embora 
excepcionalmente apareça responsabilidade no campo da culpa extracontratual. 
Fase pré-contratual, não cria obrigações contratuais,mas, podem gerar o direito de 
indenização conforme o caso concreto.
O contrato preliminar as partes assinam o instrumento e assumem a obrigação de 
no futuro celebrarem o contrato definitivo. Deve obedecer as formalidades legais 
do contrato definitivo, caso não seja cumprido gera direito à indenização, podendo 
conter cláusula penal compensatória pelo inadimplemento, que terá efeito jurídico de 
liquidação a forfait de perdas e danos.
O CC prevê que
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, 
suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter 
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ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza 
da obrigação.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de 
ficar a mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, 
ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
Assim, pacto preliminar pode ser assumido unilateral ou de forma bilateral, mas em 
ambos os casos é irrevogável, salvo ajuste em contrário.
Fonte: Autor
Há diferença entre contrato preliminar e negociação preliminar?
Na fase final das tratativas, o proponente desiste de prosseguir nas negociações. 
Tem o outro contratante direito à indenização pelas despesas que realizou? 
Ocorrendo ou não o direito, qual seria a espécie de responsabilidade?
A gestão de contratos e a estrutura 
de governança
A estrutura de governança nos contratos é necessária quando da sua execução 
continuada ou de trato sucessivo, ou seja, os contratos demandam um gerenciamento 
especial, desde o início de sua vigência até a sua data final, com acompanhamento 
rigoroso. Os atos do gestor devem ser sempre escritos. O objetivo da governança é a 
integral satisfação do objeto contratado, devem ser considerados os direitos e deveres 
das partes, bem como os procedimentos a serem seguidos pelos gestores do contrato.
Não se deve confundir gestão com simples fiscalização de contrato, pois a gestão exige 
a prática de ações já na época das negociações até a execução do contrato e gestor 
possui responsabilidade por todos os atos de gestão. A simples fiscalização poderá 
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
ser exercida por qualquer sujeito interessado na relação jurídica, não possuindo 
nenhuma responsabilidade pelo andamento do contrato. A gestão é o serviço geral de 
gerenciamento de todos os contratos; a fiscalização é pontual.
A governança contratual é executada por um gestor que é um preposto da parte para 
representá-la em todas as ações relativas a um contrato, devendo gerir, controlar, 
fiscalizar, administrar, enfim, promover todos os atos necessários à gestão do contrato.
Assim, cabe ao gestor do contrato observar, entre outros atos, os seguintes: 
a. o acompanhamento de fatos relacionados a execução contratual; 
b. controle dos prazos de realização do contrato; 
c. recebimento do objeto do contrato; 
d. controle da documentação conexo;
e. encaminhamento de duplicatas para pagamento e; 
f. proposição de modificações ou reajuste contratuais.
Gestão de contrato é o conjunto das técnicas, procedimentos, medidas e controles 
que visam à administração correta e eficaz de todas as variáveis envolvidas na 
contratação. Assim, a gestão do contrato se aplicação na fase de execução?
O comportamento é fator prescindível na efetividade na realização do contrato?
“A capacidade de direito ou de gozo é aquela que não pode ser recusada ao 
indivíduo, pois é ínsita a quem possui personalidade jurídica, já que se define 
como sendo a aptidão genérica para aquisição de direitos e deveres. A capacidade 
de direito se inicia com o nascimento com vida. Já a capacidade de fato ou 
de exercício é a aptidão para exercer por si os atos da vida civil, dependendo, 
portanto, do discernimento, cujo critério será aferido, sob o prisma jurídico, 
pela aptidão que tem a pessoa de distinguir o lícito do ilícito, o conveniente do 
prejudicial” (CASSETARI, 2011).
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CAPÍTULO 2
Redação contratual
Não existe contrato perfeito e completo, mas sim contrato bem escrito e claro, isso 
porque redação confusa, capaz de se ser incompreensível ou mesmo contraditória, 
contrária o dever de boa-fé dos contratantes, conforme decisão da apelação civil no 
1.0261.03.021349-8/2001 do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). 
O texto simples, que respeita a técnica jurídica, mas que proclama os conceitos jurídicos 
por meio de frases curtas, diretas, limpas e leves, ou seja, os contratos e instrumentos 
de contratos devem ser redigidos com clareza, precisão e ordem lógica tendo por grande 
mérito deixar claro o que as partes ajustaram e se obrigaram. 
Mamede (2013, p. 10) disciplina que o contrato deve manter o uso de expressões usadas 
na linguagem técnica, tais como leasing, arrendamento mercantil, factoring (faturação), 
evicção, vícios redibitórios entre outros termos, pois geram maior facilidade no dialogo 
jurídico. O uso e o domínio dos termos jurídicos não é fator de excelência, mas atributo 
essencial para um bom contrato, uma vez que se usado de forma equivocada pode gerar 
prejuízo para os contratantes. 
O desafio da redação contratual faz surgir a necessidade de distinguir o contrato com 
o instrumento de contrato. Mamede (2013, p. 12) dispõe que o “contrato é o acordo de 
vontade” e o instrumento de contrato é o documento que registra esse acordo, dando 
forma ao contrato. O que faz surgir os modelos contratuais, para todos os tipos de 
ajustes, há textos pré-formulados que são repetidos indistintamente, o que acaba por 
gerar outro problema é que a falta do acordo de vontades na formulação do pactuado. 
Dessa maneira, os modelos contratuais acabam funcionando como contratos-tipos (as 
cláusulas não são impostas por uma parte, mas apenas pré-redigidas).
O contrato deve conter: 
a. considerada;
b. qualificação das partes;
c. análise prévia da situação legal dos contratantes;
d. definições contratuais;
e. anexos e;
f. parte dispositiva. 
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
Não se pode esquecer que o contrato deve ser assinado pelas partes para ter valor e 
a existência da assinatura de duas testemunhas torna o contrato um título executivo 
extrajudicial.
a. A considerada que tem por objetivo justificar e apontar qual o 
tipo contratual, bem como apresentar as intenções, o contexto, as 
preocupações etc. Segundo Mamede (2013, p. 492), os considerandos 
serve para “oferecer ao intérprete/aplicador do ajuste, referências para 
construir uma adequada hermenêutica das cláusulas estabelecidas”. 
Em suma, são as razões apontadas pelas partes como fundamento 
do contrato.
b. O contrato deve conter a qualificação dos contratantes de forma escrita 
e por extenso, procuradores, representantes e administradores, a 
nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência, documento 
de identificação, seu número e órgão expedidor e número de inscrição 
no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF, dispensada a indicação desse 
último no caso de brasileiro ou estrangeiro domiciliado no exterior, 
e para a pessoa jurídica o nome empresarial, endereço completo e, se 
sediada no País, o Número de Identificação do Registro de Empresas - 
NIRE ou do Cartório competente e o número de inscrição no Cadastro 
Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) (art. 53, III, d, do Decreto 
no 1.800/1996). 
c. A análise prévia da situação legal dos contratantes visa observar eventuais 
impedimentos contratuais legais.
d. A definição dos termos nos contratos facilita a interpretação contratual.
e. Os anexos são elementos que comprovam as indicações e projeções 
citadas no contrato e no instrumento de contrato. Os anexos devem vir 
ao final após as cláusulas específicas do contrato.
f. As cláusulas específicas dependerão do tipo contratual contratado, mas 
em regra deve conter as seguintes projeções: O objeto da contratação; 
A descrição detalhada das atividades a serem desenvolvidas pelos 
contratantes;Os relatórios a serem entregues e os respectivos prazos; 
A duração do contrato; as condições de sigilo e de propriedade das 
informações; as sanções para o descumprimento de prazos na prestação 
de informações; indicação dos gestores do contrato; O relacionamento 
entre as partes contratantes. 
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ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Cláusulas contratuais
As cláusulas contratuais são as disposições inseridas pelas partes no contrato para gerar 
direitos e obrigações. As cláusulas referem-se: 
a. as obrigações principais e acessórias das partes, de esforços e de níveis de 
serviços (SLA);
b. cláusulas concorrenciais de melhor preço, limitação de mercado e 
exclusividade (no compete); 
c. cláusulas de limitação de responsabilidade;
d. cláusulas acerca da fiscalização e gestão do contrato;
e. cláusula de vigência, eficácia e revogação;
f. cláusula de reequilíbrio contratual;
g. cláusula de revisão contratual;
h. desempenho contratual;
i. cláusula de mitigação dos riscos;
j. aumento de performance vs. redução de riscos. 
k. término do vínculo;
l. vencimento antecipado;
m. saída antecipada;
n. cláusula resolutiva;
o. regulação das obrigações pós-contratuais: validade e limites e;
p. cláusula de eleição de Foro. 
As cláusulas contratuais: obrigação principal, 
acessória, de melhores esforços (best efforts) e 
níveis de serviços (SLA)
É condição de existência do contrato que haja uma cláusula descrevendo e identificando 
o objeto do contrato e para a sua validade o objeto deve ser lícito, possível e determinado. 
O contrato deve conter as obrigações acessórias dos contratantes, de maneira a facilitar 
a compreensão do contrato.
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
A inserção da cláusula de melhores esforços (Best efforts) procura fazer com que as 
partes procedam com os melhores esforços na execução do contrato ou para solucionar 
as possíveis controvérsias acerca da interpretação contratual.
A cláusula de Service Level Agreement (SLA) ou níveis de serviços é aquele que traz 
como parte do contrato as regras minuciosas e claras acerca do tempo de entregas de um 
serviço, de desempenho específico ou mesmo o tempo de resposta para algum incidente 
contratual. Assim, uma cláusula bem escrita deverá conter a definição dos serviços, 
o gerenciamento de problemas, relatórios de monitoramento, segurança na execução 
do contrato, questões de sigilo, os indicadores e níveis de qualidade sejam definidos, 
de forma clara, em conjunto, pela contratante e contratada e a responsabilidade dos 
envolvidos pela não observância da cláusula.
Cláusulas concorrenciais: melhor preço, limitação 
de mercado e exclusividade (no compete).
De acordo com Barbosa (2002, p. 24) “a cláusula de exclusividade, pela qual um 
comprador, vendedor, locador ou locatário se compromete a só receber de ou só dar a 
uma determinada pessoa, com exclusão de seus concorrentes”.
Essa cláusula também pode se referir a proibição de que o alienante de um 
estabelecimento comercial venha a fazer concorrência abrindo novas instalações na 
proximidade de onde foi vendido o fundo de comércio.
Barbosa (2002, p. 24) propõe que tanto para as cláusulas de limitação à concorrência, 
quanto as de não permitir concorrência, os seguintes princípios comuns: 
a. devem ser limitadas no tempo, na extensão, no espaço e no objeto, na 
proporção necessária para proteger o interesse do beneficiário; 
b. devem ser subsidiárias a outro negócio jurídico, cujo propósito principal 
não é a limitação da concorrência;
c. devem ser examinadas à luz dos benefícios que dela eventualmente 
decorram para a comunidade e;
d. não podem ser contrárias à lei, nem ferir o legítimo interesse de terceiros.
A cláusula concorrências pode se referir ao preço pactuado no contrato como limitador 
de preço mínimo, no aspecto espacial e temporal. 
A inserção da cláusula de exclusividade gera para as partes a obrigação indissolúvel 
de cumprir a regra, sob pena de incorrer na responsabilidade pelo inadimplemento da 
regra contratual.
43
ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO │ UNIDADE I
Cláusulas de limitação de responsabilidade: 
importância e limites
A cláusula de limitação de responsabilidade visa regular a responsabilidade dos 
contratantes em caso “de danos emergentes do contrato, seu inadimplemento total ou 
parcial” (VENOSA, 2010, p. 73). Assim, a inserção da cláusula é estipulação contratual 
na qual uma das partes declara, com a concordância da outra, que não será responsável 
pelo dano por esta experimentada, resultante da inexecução ou da execução imprópria 
de um contrato, dano este, que sem a cláusula, deveria ser ressarcido pelo estipulante.
Para Gonçalves (2011, p. 877), a cláusula de não indenizar consiste em “acordo de 
vontades pelo qual se convenciona que determinada parte não será responsável por 
eventuais danos decorrentes de inexecução ou execução inadequada do contrato”.
Venosa (2010, p. 76) demonstra que “nessa cláusula, limita-se, antecipadamente, a 
soma que o devedor pagará a título de perdas e danos”.
Para a cláusula ter validade é necessária a bilateralidade do consentimento de forma 
expressa no contrato, igualdade das partes, inexistência de eximir do dolo ou culpa 
grave do estipulante, ausência de intenção de afastar obrigação inerente à função e que 
o dispositivo não seja contrário a norma imperativa, ordem pública e os bons costumes.
Não pode a cláusula excluir indenização em relação a obrigação essencial ao contrato, 
mas apenas as obrigações acessórias. Assim, a cláusula não exime o contratante de 
cumprir o pactuado. Desta forma, caso o contrato não seja cumprido o credor poder 
exigir o adimplemento.
Cláusulas de fiscalização das obrigações 
contratuais: validade e limites
Para melhor desenvolvimento da execução do contrato é primordial que haja no 
contrato cláusula de fiscalização, demonstrando quais os limites de aplicação. Isso 
porque a cláusula elaborada é proposta para melhor realizar os interesses contratados, 
pois parte do pressuposto que a fiscalização induz os contratantes a executar de modo 
mais perfeito os deveres impostos.
Essa cláusula é obrigatória nos contratos subordinados às regras licitatórias, pois art. 
67 da Lei de Licitações no 8.666/1993, que dispõe:
Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada 
por um representante da Administração especialmente designado, 
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de 
informações pertinentes a essa atribuição.
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DO CONTRATO
§ 1o O representante da Administração anotará em registro próprio todas 
as ocorrências relacionadas com a execução do contrato, determinando 
o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados.
§ 2o As decisões e providências que ultrapassarem a competência do 
representante deverão ser solicitadas a seus superiores em tempo hábil 
para a adoção das medidas convenientes.
A regra exposta deve ser estritamente aplicada nos casos em que o andamento da 
execução da prestação provoca o efeito de ocultar eventuais defeitos da atuação do 
contratante, pois os defeitos poderão causar problemas em momento posterior. 
Desta forma, a cláusula é desnecessária quando a fiscalização poderá ser realizada de 
maneira satisfatória no momento da entrega da obrigação contratual finalizada.
Para que a cláusula seja aplicada de forma satisfatória é necessária a nomeação 
de um responsável (fiscal), que pode ser inclusive o gestor de contrato, que poderá, 
conforme a situação, efetuar a contratação de terceiros para auxiliá-lo nos serviços. 
Assim, enquanto a gestão é o serviço geral de gerenciamento de todos os contratos; a 
fiscalização é pontual.
Vigência do vínculo obrigacional: condicional, 
suspensiva, indeterminada e renovação
A vigência do vínculo obrigacional é cláusula obrigatória e deve constar de todo contrato, 
que só terá validade e eficácia após assinado pelas partes contratantes. A vigência é o 
período em que os

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