Buscar

Fundamentos da gestão organizacional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 128 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONALUNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUÍ
VICE-REITORIA DE GRADUAÇÃO – VRG
COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – CEaD
Coleção Educação a Distância
Série Livro-Texto
Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil
2008
Lucinéia Felipin Woitchunas
Marivane da Silva
FUNDAMENTOS
DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
2
 2008, Editora Unijuí
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: editora@unijui.edu.br
www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Liane Dal Molin Wissmann
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
S586f Silva, Marivane da..
Fundamentos da gestão organizacional / Marivane da
Silva, Lucinéia Felipin Woitchunas. – Ijuí : Ed. Unijuí,
2008. – 128 p. – (Coleção educação a distância. Série li-
vro-texto).
ISBN 978-85-7429-662-3
1. Administração. 2. Processo administrativo. 3. Dinâ-
mica de grupo. 4. Motivação. 5. Cultura organizacional.
6. Comunicação. I. Woitchunas, Lucinéia Felipin. II.Título.
III. Série.
CDU : 658
 658.3
3
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
SumárioSumárioSumárioSumário
CONHECENDO AS PROFESSORAS ...........................................................................................5
UNIDADE 1 – CLÁSSICOS DA ADMINISTRAÇÃO: Os Pioneiros ........................................7
UNIDADE 2 – ADMINISTRAÇÃO, TEORIAS E ÁREAS FUNÇÕES ...................................15
Seção 1 – Administração: concepções ........................................................................................15
Seção 2 – Origens da Administração: diferentes teorias da administração ..........................23
Seção 3 – Áreas Funções da Organização ou Funções Organizacionais .............................23
UNIDADE 3 – PROCESSO ADMINISTRATIVO E SEUS ELEMENTOS ............................55
UNIDADE 4 – DINÂMICAS DE GRUPO ..................................................................................71
Seção 1 – Grupos: conceitos e dimensões ..................................................................................71
Seção 2 – Grupos: procedimentos individuais nos grupos sociais ..........................................73
Seção 3 – Comportamentos em Grupo Versus Metas Organizacionais .................................74
Seção 4 – Técnicas de Dinâmicas de Grupos: o que são e para que servem? .......................75
Seção 5 – Os Elementos de uma Dinâmica de Grupo: passo a passo ....................................77
UNIDADE 5 – MOTIVAÇÃO ........................................................................................................79
Seção 1 – O Que é Motivação? Conceitos e principais abordagens ......................................79
Seção 2 – Teorias da motivação humana ...................................................................................83
Seção 3 – Reconhecimento, Frustração e Mecanismos de Defesa .........................................87
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
4
UNIDADE 6 – COMUNICAÇÃO .................................................................................................91
Seção 1 – O Que é Comunicação –
 o subsistema de comunicação e seus componentes ...............................................91
Seção 2 – Integração do Subsistema de Comunicação
 Com os Demais Subsistemas de Gestão ...................................................................96
Seção 3 – Algumas Limitações na Prática da Comunicação nas Organizações .................97
Seção 4 – Melhorando a Comunicação Interpessoal e Organizacional ...............................99
UNIDADE 7 – CONFLITOS E PODER ................................................................................... 101
Seção 1 – Conflito: o que é? ...................................................................................................... 101
Seção 2 – Os Tipos Mais Comuns e as Fontes de Conflitos ................................................. 104
Seção 3 – Estratégias para Gerenciar os Conflitos Organizacionais .................................. 105
Seção 4 – O Uso do Poder na Solução dos Conflitos ............................................................ 107
UNIDADE 8 – OUTRAS TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ................................................ 111
Seção 1 – Escola Estruturalista ................................................................................................ 111
Seção 2 – Desenvolvimento Organizacional (DO) ................................................................ 113
Seção 3 – Escola Sistêmica ....................................................................................................... 116
Seção 4 – Administração Por Objetivos (APO) ....................................................................... 119
Seção 5 – Abordagem Contingencial ....................................................................................... 120
UNIDADE 9 – NOVOS PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO ........................................ 123
Seção 1 – Aprendizagem Organizacional ............................................................................... 123
Seção 2 – Cultura Organizacional ........................................................................................... 125
Seção 3 – Outras Teorias Emergentes ...................................................................................... 127
5
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
LUCINÉIA FELIPIN WOITCHUNAS
Nasci em Ijuí e, nesta cidade, cursei o Ensino Fundamental
(antigamente se dizia primeiro grau) em uma escola estadual. De-
pois concluí o Ensino Médio profissionalizante em um colégio
cenecista, no qual recebi o título de Técnica em Contabilidade.
Graduei-me em Administração no ano de 2000, na Unijuí. Em 2003
concluí o curso de Pós-graduação em Marketing, também na Unijuí
e em 2005 recebi o título de mestre em Desenvolvimento, Gestão e
Cidadania, novamente pela Unijuí.
Desde jovem sempre conciliei meus estudos à noite com o
trabalho durante o dia. Assim, aprendi bastante e fui conquistan-
do meus espaços, acumulando experiências como: gerente de re-
cursos humanos, administradora hospitalar, consultora de empre-
sas (em especial de redes empresariais) e professora universitária.
Minha monografia de Pós-Graduação teve como título: Pla-
nejamento Estratégico em redes de pequenas empresas: o processo
participativo na Rede Agivest e, a dissertação de Mestrado levou
um longo título: Fatores críticos de sucesso no processo de forma-
ção, desenvolvimento e manutenção de redes horizontais de coope-
ração: um estudo multicaso.
Em 2003 comecei a atuar como professora universitária na
Unijuï e em outras instituições. Atuo com maior freqüência nas
áreas de teorias administrativas, planejamento, estratégias,
marketing e administração rural. Mais informações sobre publica-
ções, prêmio recebido e experiências acumuladas podem ser obti-
das no meu curriculum lat tes , acessando a página
www.lattes.cnpq.br
Casada desde 1994, em 2006 reduzi um pouco meu ritmo em
função do nascimento de meu primeiro filho, Carlos Arthur, mas
não abri mão de ministrar aulas na Unijuí. Em 2007, então, reto-
mando minhas atividades, criei também o meu próprio negócio.
Conhecendo as professorasConhecendo as professorasConhecendo as professorasConhecendo as professoras
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
6
Sempregostei muito de aprender, ler, investigar, escrever, mas
também aprecio muito as atividades práticas de gestão, em especi-
al consultoria empresarial. Embora não seja fácil, sempre que pos-
sível tento conciliar as duas coisas (aulas e gestão).
Espero que você goste do que preparamos para você e se sinta
muito motivado(a) para iniciarmos logo esta etapa. Desejo que você
seja um aluno(a) virtual e um profissional “nota 10”. Sucesso!
MARIVANE DA SILVA
Tenho 33 anos, moro em Ijuí desde 1989, quando conclui o
primeiro grau e cursei o segundo grau na Escola Estadual de 2º
Grau Ruy Barbosa, nesta cidade. Minha trajetória acadêmica na
Unijuí iniciou-se em 1993, quando ingressei na Graduação em Ad-
ministração de Empresas. Em 1994 fui contratada como técnico-
administrativo e de apoio no Departamento de Estudos da Admi-
nistração da Unijuí, com atuação na área administrativa. Em 1998
senti vontade de continuar meus estudos e conhecer uma propos-
ta diferenciada de Pós-Graduação. Decidida a conhecer outro Es-
tado do país, cursei uma especialização na modalidade a distân-
cia na Universidade Federal de Lavras – UFLA/MG –, na qual obti-
ve o título de especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas
Empresas. Considero-me uma apaixonada pela profissão e pela
academia. A partir de 2000, comecei a participar do Conselho Re-
gional de Administração – CRA/RS –, como forma de integrar a
academia ao mundo empresarial.
Sou professora horista da Unijuí desde 2002, com atuação
nas áreas de Estágios e Teorias da Administração. Obtive recente-
mente o título de mestre em Desenvolvimento pela Unijuí (2007).
Além da docência, exerço função administrativa na Secretaria dos
Conselhos da Unijuí.
Sou “prata da casa na casa”, ou seja, nesta instituição de ensi-
no constituí minha formação acadêmica e profissional. Posso dizer
que sou feliz e realizada nas minhas escolhas. Espero poder contri-
buir para a construção do seu conhecimento nesta sua caminhada!
7
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Unidade 1Unidade 1Unidade 1Unidade 1
Clássicos da Administração – Os Pioneiros
Lucinéia Felipin Woitchunas
Os objetivos desta Unidade são:
– Conhecer os principais autores clássicos da teoria da Administração e suas contribuições
mais importantes.
Se perguntássemos a você sobre quando surgiu a Administração, o que você respon-
deria? Provavelmente diria que a Administração é tão antiga quanto a humanidade. Pois é,
mas a Administração é uma atividade antiga apenas na prática, pois na teoria, ou enquan-
to ciência, ela é muito recente.
Você sabe dizer quando surgiu a Administração enquanto ciência? Pesquise esse fato
(em livros, na Internet, etc.) e, com certeza, terá mais subsídios para compreender o que
vamos expor a você nesta Unidade.
Bem, a Teoria Clássica da Administração surgiu, enquanto ciência, no início do século
20. É isso mesmo, muito recentemente. O seu precursor foi Frederick Taylor, seguido por
Henry Ford, Henri Fayol, Max Weber, Elton Mayo e outros...
Vamos conhecer um pouco mais sobre esses autores?
Frederick W. Taylor Frederick W. Taylor Frederick W. Taylor Frederick W. Taylor (1856-1917)1
Principal contribuição: Administração Científica
Principal Obra: Princípios de administração científica
(The principles of scientific management).
Frederick Taylor era um engenheiro mecânico e inventor norte-americano. Teve gran-
de influência no mundo do trabalho no século 20 e marcou a sua época. Quer saber por
quê?
1
 Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Frederick_Winslow_Taylor>. Acesso em 18 jan. 2008.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
8
Conhecido como o inventor da Administração Científica, F.
T. destacou-se como defensor da produção em grande escala e do
comando, avaliação e controle.
Segundo Crainer (1999, p. 248), “Taylor, enquanto traba-
lhava e estudava, produziu uma série aparentemente interminá-
vel de invenções e inovações. Ele mudou as regras do beisebol,
alterando a forma de arremesso pelos jogadores, e obteve mais de
cem patentes para suas múltiplas e variadas idéias. Foi também
campeão de tênis”.
Taylor era um homem de personalidade obsessiva pelo con-
trole do ambiente, queria medir e avaliar tudo. Para ele, “o em-
pregado humilde era encarado como um robô automático”, afir-
ma Crainer (1999, p. 249). Não se importava com as iniciativas
dos homens, pelo contrário, acreditava que o operário era pago
para executar o trabalho da maneira ideal indicada para fazê-lo.
Pensar seria perda de tempo, sua função era simplesmente exe-
cutar o trabalho conforme exigido pelo gerente. Assim ele deli-
neou um roteiro visando a um melhor desempenho dos trabalha-
dores. Esse roteiro está no seu livro The principles of scientific
management, escrito em 1911 e, de forma resumida, trata do se-
guinte:
1. localizar os melhores homens especialmente aptos para reali-
zar determinado trabalho (em torno de 15 homens de empre-
sas e regiões diferentes);
2. estudar as séries de movimentos e operações de forma precisa e
os instrumentos que cada um utiliza;
3. cronometrar o tempo necessário para cada atividade e a ma-
neira mais rápida de realizá-las;
4. eliminar movimentos falsos, vagarosos e inúteis;
5. agrupar em uma série os movimentos mais rápidos e melhores
e também os melhores instrumentos utilizados.
Frederick Winslow Taylor
cresceu na Filadélfia. Sua
família possuía recursos.
Quando adolescente, fez a
tradicional viagem pela Europa.
Não se tratava de uma mera
viagem rápida pelo continente
– sua permanência durou três
anos. Aos 18 anos, após
retornar aos Estados Unidos,
trabalhou como aprendiz em
uma indústria na Filadélfia que
fabricava bombas a vapor, a
Enterprise Hydraulic Works
(ele não estudou em Harvard
devido a problemas na vista,
embora tenha sido aprovado
no exame de admissão). O
próximo passo em sua carreira
ocorreu na Midvale Steel
Company, onde se tornou
engenheiro chefe. Depois, foi
trabalhar nas fábricas de papel
da Manufacturing Investiment
Company, no Maine. Em 1893,
mudou-se para Nova York e
começou a atuar como
engenheiro consultor (o cargo
que antecedeu o de consultor
gerencial).
Taylor freqüentou o Stevens
Institute of Technology, em
Hoboken, nova Jersey
(Crainer, 1999, p. 248).
9
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
E assim surgiu o “estudo dos tempos e movimentos” que marcaria para sempre a teo-
ria da Administração. Amado por uns e odiado por outros, Taylor desenvolveu uma visão
mecanicista do trabalho, na qual considerava que a única motivação humana era o dinhei-
ro, enfatizando a visão do homos economicus. O sistema viria em primeiro lugar e a atuação
dos trabalhadores era negada. Não permitia qualquer idéia ou senso de responsabilidade
por parte dos empregados. A racionalização era levada ao extremo.
Henry Ford (1863-1947)Henry Ford (1863-1947)Henry Ford (1863-1947)Henry Ford (1863-1947) 2
Principal contribuição: Produção em grande escala
Principal Obra: My life and my work
Você já ouviu falar de Ford? Pois é, todo mundo conhece esta “marca” não é mesmo?
Mas quem foi Ford, mesmo?
Ford foi um fabricante de carros norte-americano e consagrou sua imagem como o
primeiro a utilizar a produção em grande escala.
Segundo Crainer (1999, p. 68):
Ford fez de tudo. Após passar algum tempo como aprendiz de torneiro mecânico, relojoeiro e
mecânico, construiu seu primeiro carro, em 1896. Convencido do potencial comercial desse
veículo, fundou sua própria empresa em 1903 (não havia nada de diferente nisso – entre 1900 e
1908, mais de 500 empresas norte-americanas foram criadas para produzir carros). O primeiro
automóvel de Ford foi o modelo A. Um ano depois, vendia 600 veículos por mês. Em 1908, nasceuo Modelo T da Ford. Pelo uso pioneiro de técnicas de produção em larga escala, ele produziu 15
milhões de carros Modelo T entre 1908 e 1927. A fábrica da Ford em Highland Park, Michigan,
era então a maior do mundo – mais de 14 mil pessoas trabalhavam em uma área de 23 hectares.
Ford havia almejado filiais internacionais – a primeira foi inaugurada na França, em 1908; em
1911, a empresa começou a produzir carros no Reino Unido.
Em 1919, produzia um carro por minuto. Em 1923 vendeu 2.120.898 unidades e sua
participação no mercado ultrapassava os 57%. Renunciou ao cargo de presidente em 1919,
passando-o para o seu filho. Ford ainda desenvolveu a produção em larga escala e acredita-
va na produção em massa. Por isso, defendia preço acessível e bons salários para que as
pessoas pudessem adquiri-los.
2
 Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Ford>. Acesso em: 18 jan. 2008.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
10
Ford pensava primeiro
no consumidor e depois na
produção. O modelo T3 con-
sistia em um automóvel de
cor preta, de linhas simples
e preço razoável. O “preti-
nho básico”, como diziam
alguns, por algum tempo foi
um sucesso, um produto altamente padronizado. Enquanto ou-
tras empresas, no entanto, investiam em acessórios, Ford se recu-
sava a fazê-lo para não encarecer seu produto. Como resultado
do excesso de rigidez da empresa no padrão estabelecido para o
automóvel Modelo T, a empresa quase foi à falência.
Ford impedia a comunicação entre setores e não queria que
ninguém tomasse decisões sem sua permissão. Dono de métodos
inflexíveis e rígidos, dizia: “Por que quando necessito de mão-de-
obra, vem junto um ser humano?” Também introduziu o salário
de cinco dólares para seus empregados, o que, na época, era apro-
ximadamente o dobro no setor industrial. Dizem as “más línguas”
que ele só agiu assim para possibilitar que os seus funcionários
pudessem também comprar o Modelo T.
Segundo Witzel (2005, p. 128), Ford dava, de um lado, aten-
ção à qualidade, ao produto e às necessidades do mercado. De
outro, ignorava a concorrência e concentrava as responsabilida-
des em apenas uma pessoa: o administrador.
Henri FayolHenri FayolHenri FayolHenri Fayol (1841-1925)4
Principal contribuição: Estudo das fun-
ções, dos processos e dos princípios de Admi-
nistração.
Principal obra: General and industrial
management (Administração industrial e geral).
Henry Ford foi o homem mais
associado à aplicação da
Administração Científica,
embora essa seja uma
interpretação simplista da
contribuição de Ford (...). Ford
forneceu, em seu livro My life
and work, um discernimento
frio sobre a lógica imperdoável
da Administração Científica. Ele
calculava que a produção de
um modelo T exigia 7.882
operações diferentes. Dessas,
949 requeriam “homens fortes
e em condições físicas
praticamente perfeitas” e
outras 3.338 requeriam “força
física comum”. As demais,
disse Ford, poderiam ser
executadas por “mulheres ou
crianças mais velhas” e “670
poderiam ser realizadas por
homens com as duas pernas
amputadas, 2.637 por homens
que possuíam somente uma
perna, duas por homens sem
braços, 715 por homens com
apenas um braço e dez por
cegos”. Embora isso rebaixas-
se o ser humano, era a
conclusão lógica da Adminis-
tração Científica (Crainer, 1999,
p. 250).
3
 Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Ford#Modelo_T>. Acesso em: 17 jan. 2008.
4
 Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Henri_Fayol>. Acesso em: 17 jan. 2008.
11
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Fayol foi um engenheiro e administrador francês. Afirma Crainer (1999, p. 60) que
“...Ele estudou em Lyon, na França, e na Escola Nacional de Minas, em St. Etienne. Em
1860, formou-se engenheiro de minas e associou-se à empresa de mineração francesa
Commentry-Fourchamboult-Décazeville. Desenvolveu ali toda sua carreira e foi CEO5 da
empresa entre 1888 e 1918”.
Paralelamente, Fayol (apud Crainer, 1999) desenvolveu sua carreira como teórico.
Colocou a Administração no centro das atenções e dizia que essa ciência era crítica e uni-
versal. Escreveu ele: “A administração desempenha uma parte muito importante no controle
dos empreendimentos; de todos, sejam grandes, pequenos, industriais, comerciais, políticos,
religiosos ou de qualquer outra natureza”.
Outra contribuição de Fayol foi propor qual seria a melhor maneira de organizar uma
empresa, e, então, indentificou seis funções necessárias a toda e qualquer organização:
técnicas, comerciais, financeiras, contábeis, de segurança e administrativas. Criava-se as-
sim, os primeiros elementos para formatar uma estrutura organizacional que, em boa medi-
da, permanecem até hoje, sendo enriquecidas por outras funções, na medida em que outros
estudos foram avançando. Para complementar a proposta, trabalhou também os processos e
os princípios da Administração científica.
Enquanto Taylor e Ford preocupavam-se com os processos de trabalho em âmbito
operacional, buscando sucessivos aumentos de produção e produtividade, Fayol focalizou a
estrutura organizacional, o papel da gerência e as aptidões necessárias para o desempenho
da função.
Max Weber Max Weber Max Weber Max Weber (1864-1920)6
Principal contribuição: Modelo burocrático de organização
Principal obra: The theory of social and economic organization
Max Weber foi um sociólogo alemão que descreveu a burocracia,
defendendo uma estrutura e cultura corporativa rígida. Weber tornou-se
“o rei da racionalidade científica”, segundo Crainer (1999, p. 284). Para Peters e Watermann
(apud Crainer, 1999), “ele desprezava a liderança carismática e tinha uma idéia fixa pela
burocracia; afirmava que sua forma impessoal, baseada em regras, constituía o único meio
de assegurar a existência das organizações a longo prazo”.
5
 CEO – Chief Executive Officer. É o cargo mais alto da empresa. É chamado também de presidente, principal executivo, diretor
geral, entre outros...
6
 Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber>. Acesso em: 17 jan. 2008.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
12
Weber argumentava que a forma mais eficiente de organização parecia uma máquina, caracte-
rizada por regras, controles e hierarquias rígidos e impulsionada pela burocracia. Denominou
esse esquema “modelo racional-legal”. No extremo oposto, havia o modelo “carismático” e o
“modelo tradicional”. No modelo carismático, uma única figura dominante dirigia a organiza-
ção. Weber não aceitava esse esquema como solução de longo prazo – mais uma vez, ele foi o
primeiro a discutir esse fenômeno e a examinar suas ramificações. Independente do que dizem
Peters e Waterman, a História confirmou a visão de Weber – uma organização estruturada em
torno de um único líder carismático é insustentável a longo prazo. (.. .) A última forma
organizacional identificada por Weber era o modelo tradicional em que as coisas eram feitas
sempre da mesma forma, do passado até hoje – tal como ocorre nas empresas familiares, onde o
poder é transferido de uma geração à próxima (Crainer, 1999, p. 285).
Para Weber, por meio de uma administração burocrática, em que o comando está
centrado em uma única pessoa, obtém-se condições, de um ponto de vista técnico, de al-
cançar um grau mais elevado de eficiência, constituindo o meio racional mais conhecido
para exercitar o controle imperativo sobre os seres humanos. Ele escreveu: “Ela é superior a
qualquer outra forma em termos de precisão, estabilidade, agilidade, rigor de sua disciplina
e em sua confiabilidade”. Assim, era possível maior previsibilidade dos resultados, tanto
para os dirigentes quanto para aqueles que possuíam relacionamento com ela.
Elton Mayo Elton Mayo Elton Mayo EltonMayo (1880 – 1949)7
Principal contribuição: Motivação e trabalho em equipe.
Principal obra: The human problems of na industrial civilization
Mayo ficou conhecido por ter contribuído com os experimentos de
Hawthorne sobre a motivação humana na empresa. Esses estudos foram
realizados na fábrica de Chicago (cidade nos EUA) da Western Eletric, entre 1927 e 1932, e
forneceram importantes explicações sobre a motivação dos operários.
Mayo foi um médico australiano que teve uma carreira diversificada. Segundo Crainer:
(...) Ele estudou medicina em Londres e Edimburgo, passou um tempo na África, trabalhou em
uma gráfica em Adelaide e lecionou na Universidade de Queensland. Atuou também, após a
Primeira Guerra Mundial, na psicanálise de vítimas de bombas e chegou aos Estados Unidos em
1923, tendo ainda lecionado na Universidade da Pensilvânia antes de ir para Harvard. Foi nessa
universidade que Mayo consolidou sua contribuição de longo prazo para o pensamento empre-
sarial (1999, p. 159).
7
 Imagem disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Elton_Mayo>. Acesso em: 18 jan. 2008.
13
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
O homem que até então era visto como máquina, passa a ser visto de outra forma, com
emoções e sentimentos, embora existam críticas de que o estudo da motivação também ti-
nha o fim de aumentar a produtividade e não o de apenas satisfazer os trabalhadores. A
contribuição de Mayo, junto com outros pesquisadores, foi importante e traçou um novo
rumo na teoria administrativa, ou seja, a visão de homos economicus dos tempos de Taylor,
passa a ser questionada.
Mayo defendeu também a importância do trabalho em grupo e da comunicação entre
os níveis hierárquicos, especialmente entre a gerência e os operários.
Agora que já foram apresentados os autores pioneiros da Teoria Clássica da Adminis-
tração, vamos estudar um pouco mais sobre a trajetória da Administração clássica, na Uni-
dade II? Vamos lá! Temos muito o que aprender e tantos outros autores para conhecer.
REFERÊNCIAS
CRAINER, Stuart. Os revolucionários da administração: um guia indispensável dos pensa-
dores e suas idéias que criaram e revolucionaram a administração e o mundo dos negócios.
São Paulo: Negócio Editora, 1999.
WITZEL, Morgen. 50 grandes estrategistas de administração. São Paulo: Contexto, 2005.
<www.wikipedia.org>. Clássicos da Administração. Acesso em: 17 jan. 2008.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
14
15
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Unidade 2Unidade 2Unidade 2Unidade 2
Administração, Teorias e Áreas Funções
Marivane da Silva
Na Unidade 1 conhecemos alguns autores clássicos da teoria da Administração e quais
foram suas principais contribuições. Nesta Unidade nossos objetivos são:
a) entender como surgiu e o que é Administração.
b) compreender a importância da teoria e da prática na Administração.
c) compreender a diferença entre teoria administrativa e teoria organizacional.
d) conhecer as teorias da Administração de um modo geral e aprofundar especificamente,
até o estudo da escola burocrática (1940).
Para tanto, esta Unidade será subdividida em seções:
Seção 1 – Administração: concepções
Seção 2 – Origens da Administração: diferentes teorias da Administração
Seção 3 – Áreas funções da organização ou funções organizacionais
Em seguida vamos resgatar fatos que levam você a compreender as concepções de
Administração, a serem discutida na seção 2.1.
– Seção 1 –
Administração: Concepções
A Administração e as atividades organizadas existem há milhares de anos.
Você concorda com esta afirmação? Vamos fornecer algumas informações que permiti-
rão a reflexão sobre essa questão, bem como sobre a história da Administração.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
16
Apesar de termos vários exemplos que mostram a existên-
cia da Administração desde a Antiguidade, “apenas nos últimos
cem anos que a Administração passou a ser objeto de investiga-
ção sistemática, adquirindo corpo comum de conhecimento que
a tornou uma disciplina de estudo formal” (Robbins, 2005, p. 488).
Você saberia dizer qual o fato histórico que influenciou na
origem da Administração? Vamos ajudar você a realizar essa des-
coberta!
Ora, a Revolução Industrial foi o grande marco histórico do
fim do século 18, que substituiu a força humana pela energia da
máquina, e esta revolução tornou o trabalho artesanal quase que
substituível pelo trabalho industrial. Sendo assim, percebe-se que
houve uma mudança significativa na forma de organização do
trabalho: a divisão do trabalho, a preocupação com a eficiência e
as habilidades gerenciais.
Foi esse fato que “lançou a base de um novo tempo, trans-
formando profundamente não só o mundo das organizações, mas
toda a sociedade” (Ferreira; Reis; Pereira, 2002, p. 13).
As contribuições do advento da industrialização e da pro-
dução em massa levaram ao desenvolvimento das grandes em-
presas, que exigiam práticas de administração formalizada. Nes-
te sentido, tornou-se necessário uma teoria formal para orientar
os gerentes a administrar as organizações.
– Afinal, o que é uma teoria?
– Administração é arte, ciência ou profissão?
O que a teoria tem a ver com os gestores, que supostamente
são práticos, pragmáticos e voltados à ação? (Caravantes et al,
2005).
Para descobrir as contribuições da teoria ao gestor, vamos ini-
cialmente compreender o conceito de teoria, e posteriormente, por-
que a administração é entendida como arte, ciência e profissão.
Para quem deseja conhecer
mais sobre o que é teoria,
indicamos as seguintes obras:
MOTTA, P. R. A Ciência e a arte
de ser dirigente. In: ______.
Gestão contemporânea: a
ciência e a arte de ser dirigen-
te. 12. ed. Rio de Janeiro:
Record.
CARAVANTES, G. R.; PANNO,
C. C.; KLOECKNER, M. C.
Administração: teorias e
processo. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2005.
17
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
A existência de dados isolados a respeito de um determina-
do fato ou fenômeno é pouco significativo. Eles só começam a
fazer sentido quando você estabelece relações e conexões entre
eles. Nesse sentido, nos apoiamos em Caravantes et al (2005, p.
9) para conceituar teoria como “a tentativa de associar e inte-
grar dados coletados através da experimentação e observação em
um sistema explanatório compreensível”.
Assim, a formulação de uma teoria inicia-se com observa-
ções da realidade (prática), com graus diferentes de complexida-
de. Quando fazemos essas observações adotamos uma postura
científica; nós o fazemos de maneira ordenada, sistemática, com
pesquisa e, possivelmente, mensurações. Além disso, também
podemos utilizar as abordagens – indutivas e dedutivas – no cam-
po da teoria administrativa.
Sempre que decidimos ou agimos, lá no fundo existe uma
teoria, muitas vezes precária, até sem fundamentação, mas exis-
tem pressupostos de uma teoria presente. “Teoria e prática são
sempre inseparáveis” (Caravantes et al, 2005, p. 40).
Após entender o que é teoria, vamos estudar uma aborda-
gem específica de teoria – a teoria organizacional.
A teoria organizacional trata do estudo/observação de um
objeto específico – as organizações. Bem, vários autores, por meio
de seus pressupostos teóricos, valorizam a compreensão da orga-
nização como um todo. É o que nós administradores também cha-
mamos de uma visão sistêmica (você compreenderá melhor esta
abordagem ao estudar a Unidade 8, na qual buscamos ter uma
visão das partes de uma estrutura social mais ampla, que tem cau-
sa, inter-relações e significados distintos, capazes de formar uma
coerência sobre este objeto de análise – as organizações.
Pergunto: Você tem uma concepção formada do que seja
uma organização?
Para poder conceituarorganização, precisamos delimitá-la
a um adjetivo formal, complexo ou burocrático.
Complexidade
Pode ser compreendida como
qualidade que abrange ou
encerra muitos elementos ou
partes; observável sob
diferentes aspectos.
Indutiva
Começa com a análise de
observações específicas e a
seguir procura generalizar para
situações mais amplas.
Dedutiva
Inicia com uma infinidade de
conceitos inter-relacionados e
só então procura chegar a
conclusões específicas sobre a
realidade observada.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
18
Os autores clássicos da Administração, que melhor explicam o conceito de organiza-
ção, são: a) Max Weber (que você conheceu na Unidade 1 e mais adiante esse estudo será
aprofundado com as contribuições de Weber à escola burocrática); e b) Chester Barnard
(que também abordaremos mais adiante em detalhes).
Para Weber, organização é:
Uma relação social que, ou é fechada ou limita à admissão de forasteiros através de regras, na
medida em que essas normas ou regras são colocadas em prática pela ação de determinadas
pessoas que ocupam posições de mando ou de chefia ou por staff administrativo (Caravantes et
al, 2005, p. 42).
Neste conceito Weber não entende que uma família seja uma organização. Já Chester
Barnard tem uma percepção diferente, dado que para ele as organizações são “subsistemas
de atividades ou forças, de duas ou mais pessoas, conscientemente coordenadas” para um
objetivo comum (Caravantes et al, 2005, p. 42).
Uma das concepções mais conhecidas sobre organização, trazida por Caravantes (2005),
argumenta que:
Organizações são unidades sociais (ou grupos humanos) deliberadamente construídos e
reconstruídos para atingir objetivos específicos. Corporações, exércitos, escolas, hospitais, igre-
jas e prisões estão aí incluídas; tribos, classes, grupos étnicos, grupos de amizade e família estão
excluídos (p. 43).
Após uma revisão conceitual da expressão teoria organizacional é importante com-
preender a distinção entre teoria da Administração, que abordaremos mais adiante, e teoria
gerencial e teoria organizacional, posto que muitos autores tratam do tema com diferentes
dimensões conceituais. É comum encontrar nos livros publicados na área de Administra-
ção, que aprofundam o estudo das teorias referentes às organizações, as três expressões
anteriormente citadas:
Teoria Gerencial é uma teoria da prática; que prescreve o que fazer para chegar a um determina-
do resultado ou para evitar que uma determinada condição indesejável venha a ocorrer.
Teoria organizacional é descritiva e/ou preditiva. Ela se preocupa com aquilo que uma organiza-
ção é e o que ocorrerá sob certas espécies de arranjos interpessoais ou estruturais-interpessoais.
Ela nos diz o que é e o que será. Ela não nos diz o que fazer (p. 48).
19
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Existe, porém, um momento da história da Administração
em que ocorreu a transição da teoria da Administração para a
teoria organizacional. Esse fato é explicado por Motta (2001,
p.11), dizendo que foi “a tentativa de estudar o sistema social em
que a administração se exerce com vistas à sua maior eficiência
em face das determinações estruturais e comportamentais”. Essa
fase de transição foi marcada com a publicação do livro de March
e Simon, em que a preocupação com a produtividade dá lugar à
preocupação com a eficiência do sistema.
Talvez você esteja se perguntando: mas no fundo, o que muda
mesmo da teoria da Administração para a teoria das organizações?
É o objeto de estudo que muda, passando de uma abordagem ampla
para uma mais específica, das organizações, com a articulação de
diversos fatores estruturais e comportamentais, do qual a teoria
procura dar conta – o desenvolvimento do sistema social.
Você ainda poderá encontrar na literatura uma distinção
entre teoria da Administração e Teoria Geral da Administração.
Para esclarecer esta diferenciação recorremos a Maximiano (2002,
p. 29) para explicar:
Teorias da administração são conhecimentos organizados, produzi-
dos pela experiência prática das organizações. Teoria geral da admi-
nistração é o conjunto dessas teorias, que são designadas por meio de
diferentes termos – teorias, enfoque, escola, modelo de gestão, mode-
lo de organização, doutrina, técnica, ou seja, a mesma idéia pode ser,
e normalmente é, designada de diferentes maneiras, dependendo do
seu contexto histórico e da própria situação da organização.
Após entender as diferentes percepções sobre teorias, volta-
mos ao foco central de estudo – a Administração.
A concepção da Administração sempre foi analisada sob três
perspectivas e que atualmente são agregadas às competências
do gestor:
a) um conjunto de funções;
b) uma série de papéis, e
c) a aplicação de certas habilidades específicas.
Teorias –Teorias são explica-
ções, interpretações ou proposi-
ções sobre a realidade. Por
exemplo: teoria da burocracia,
teorias da motivação. A própria
definição de administração como
processo de planejar, organizar,
executar e controlar é uma teoria.
Enfoque – também chamado de
pensamento, abordagem ou
perspectiva, é um aspecto
particular das organizações ou do
processo administrativo, selecio-
nado para o estudo e produção
de conhecimentos. É uma forma
de interpretar as organizações e o
processo administrativo. Ex:
enfoque comportamental e
enfoque sistêmico.
Escola –é uma linha de
pensamento ou conjunto de
autores que usaram o mesmo
enfoque, escolheram o mesmo
aspecto específico para analisar,
ou adotaram o mesmo raciocí-
nio: escola de relações huma-
nas. A escola do processo
administrativo, às vezes
chamada de escola funcional,
compreende os autores que
adotam a definição de Fayol.
Modelo de gestão – (ou de
administração) é um conjunto
de características que definem
organizações e a forma como
são administradas. Modelo de
administração é o produto de
utilização de determinadas
doutrinas e técnicas: Por
exemplo: modelo burocrático
(ou mecanicista).
Doutrina – (ou preceito) é um
princípio de conduta que contém
valores, implícitos e explícitos. As
doutrinas recomendam como
agir, orientando os julgamentos
e as decisões dos administrado-
res. Ex.: o movimento da
administração científica tinha
uma doutrina de eficiência dos
recursos; o movimento da
qualidade tem um doutrina de
satisfação do cliente.
Técnicas – são soluções para
problemas. Exemplos:
organogramas, metodologias
de planejamento, estudos de
tempos e movimentos e
sistemas de controle.
Princípios – são permanentes,
ao passo que as técnicas
tendem a serem transitórias
(Maximiano, 2002, p. 29-30).
MAXIMIANO, A. C. A. Teoria
Geral da Administração: da
revolução urbana à revolução
industrial. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
20
Hoje, entretanto, é perceptível que as abordagens não são independentes uma das
outras. Os profissionais empregam as teorias administrativas para as tomadas de decisão
nos seus esforços diários de planejar, organizar, dirigir e controlar a produtividade
organizacional.
Estes profissionais adquirem conhecimento teórico e experiência prática ao mesmo
tempo, talvez por meio de programas de trabalho-estudo-capacitação, conforme ilustra
a Figura 1 sobre o processo de construção de conhecimentos para administrar as organi-
zações.
Figura 1: Processo de construção do conhecimento teórico e prático
Fonte: Silva (2002, p. 5)
Administrar uma organização requer ter conhecimentos (teoria), habilidades (prática)
e atitudes, ou seja, Conhecimentos (C) + Habilidades (H) + Atitudes (A) resulta no que
chamamos de CHA. Sendo assim, na Figura 1 explicamos o processo de como construir a
teoria e a prática, entendendo que a integração de ambas permite administrar uma organi-zação.
Ao evoluir no estudo da Administração, cabe entender a origem desta palavra. “Ad-
ministração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediên-
cia) e significa aquele que realiza uma função sob o comando de outrem, ou seja, aquele
que presta um serviço a outro” (Chiavenato, 2003, p. 11).
Enquanto campo de estudos, a Administração é entendida como ciência, arte também
profissão. Sugerimos pesquisar na literatura específica a fundamentação de conceitos que
busquem compreender a Administração como uma ciência, uma arte e uma profissão.
 
 
 
 
• Experiência simulada 
• Casos para estudo 
• Participação em eventos 
específicos 
 
 
• Integração sistemática 
da teoria e prática nos 
meios significativos e 
úteis da administração 
 
• Definições 
• Fatos relevantes 
• Conceitos 
• Técnicas 
• Orientações 
• Palestras e seminários 
 
TEORIA 
Aquisição da 
habilidade de 
administrar 
 
PRÁTICA 
21
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Segundo Motta (1998, p. 9), “para que um determinado
campo de conhecimento seja considerado ciência, é necessário
que tenha um objeto próprio e isso a Administração possui”. Ten-
do como referência as fundamentações de Andrade e Amboni
(2007, p. 7) vamos entender que:
A administração é uma ciência pois lida com fenômenos comple-
xos, sobre os quais o administrador tem pouco conhecimento. Por
ser uma ciência inexata, o administrador toma decisões com base
em informações incontroláveis, devido aos limites cognitivos de
racionalidade e por serem os negócios altamente mutáveis e cir-
cunstanciais.
A Administração enquanto ciência recebe influências de
diferentes ciências e vice-versa, como da Filosofia, da Psicologia,
da Sociologia, da Economia, etc.
Andrade e Amboni, no entanto, também argumentam que:
Partindo do pressuposto de que arte é conseguir um resultado
desejado por meio da aplicação de habilidades, pode-se dizer que
a Administração é uma arte no sentido de proporcionar o desen-
volvimento por meio do treinamento educativo das habilidades
necessárias para que o administrador realize com desenvoltura
as atividades nas organizações. Neste sentido, Administração é a
arte de liderar pessoas e gerir recursos escassos e valiosos dentro
e fora das organizações (Andrade; Amboni, 2007, p. 8).
Nesse sentido, Administração enquanto arte significa en-
tender que:
(...) o profissional do campo de Administração tem de ter a capa-
cidade/habilidade de saber fazer (arte) para traduzir todo o co-
nhecimento (saber) em ações práticas que proporcionem resulta-
dos significativos para as organizações e sociedade (p. 8).
Para aprofundar seus estudos
sobre a Administração como
ciência, arte e profissão, nossas
sugestões de leitura são:
ANDRADE, R. O. B.; AMBONI,
N. Teoria Geral da
Aadministração: das origens
às perspectivas contemporâne-
as. São Paulo: M. Books do
Brasil Editora, 2007. Cap. 1.
FERREIRA, A. A.; REIS, A. C. F.;
PEREIRA, M. I. Gestão
empresarial: de Taylor aos
nossos dias. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning,
2002. p. 17.
LACOMBE, F.; HEILBORN, G.
Administração: princípios e
tendências. São Paulo: Saraiva,
2003. Cap. 1.
MOTTA, P. R. Gestão contempo-
rânea: a ciência e a arte de ser
dirigente. 12. ed. Rio de Janeiro:
Editora Record, 2001. Cap. 2.
SILVA, R. O. da. Teorias da
Administração. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning,
2002. Cap. 1.
Essa discussão é polêmica entre
os autores, mas por meio das
leituras indicadas você poderá
ter uma posição clara sobre a
concepção de Administração.
Outra dica de leitura para
entender a Administração
enquanto ciência é:
GRÜN, A. A sabedoria dos
monges na arte de liderar
pessoas. Petrópolis, RJ: Vozes,
2006.
Inexata
Falta de exatidão; que não é
precisa.
Treinamento
Particularmente a palavra
Treinamento sugiro substituir
por capacitação das habilida-
des, para sermos mais
coerentes com a concepção
humanista.
• • •
• • •
• • •
 
 
 
 
ADMINISTRAÇÃO 
CIÊNCIA: 
 
ARTE: 
PROFISSÃO: 
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
22
Como salientamos no início desta discussão, para o(a)
administrador(a) “praticar a arte (fazer), ele deve ter diferentes
capacidades/habilidades” (Andrade; Amboni, 2007, p. 9), tais
como: criatividade, senso de humor, persistência, visão/intuição,
saber ouvir e falar; ter paixão pelo que faz; paciência; coragem
para enfrentar os desafios.
Isso, porém, não é tudo. Como afirmamos no início desta
Unidade, Administração também é profissão:
A administração enquanto profissão, iniciou-se, no Brasil, a ser
disseminada em 1931, pelo Instituto de Organização Racional do
Trabalho – Idort, em São Paulo. Em 1938, com a criação do De-
partamento Administrativo do Serviço Público – Dasp, foram di-
fundidos os métodos administrativos, visando principalmente à
capacitação do servidor público (...).
O processo de industrialização no Brasil ocorrido nos anos 30 e a
necessidade de procedimentos administrativos no setor público moti-
varam a criação da Fundação Getúlio Vargas, em 1844, e em seguida,
a implantação da Escola Brasileira de Administração Pública – EBAP
no Rio de Janeiro, em 1952, e da Escola de Administração de Empre-
sas de São Paulo – Eaesp, em 1954. Todas essa evolução fomentou a
criação da profissão do Administrador no Brasil, que se deu com a
edição da Lei nº 4.769, de 09/09/1965 (Andrade; Amboni, 2007, p. 9).
No entendimento de Maximiano (2002, p. 41), as mudanças
em todos os tipos de ambientes – competitivo, tecnológico, econô-
mico, social – levaram ao surgimento de novos conceitos e técnicas
para administrar as organizações. Essas novidades atuais da teoria
e na prática são chamadas de novos paradigmas de administração.
Você sabe o que é um paradigma?
Se você está interessado
em conhecer os novos
paradigmas da Administração,
não deixe de ler:
DRUCKER, P. F. Os novos
paradigmas da administração.
Exame, São Paulo, p. 34-53,
24 fev. 1999.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paradigma = modelo. 
Paradigmas são realizações 
reconhecidas durante algum 
tempo por uma comunidade 
científica específica, 
proporcionando os fundamentos 
para sua prática. 
Thomas Kuhn Thomas Kuhn (1992)
23
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Aproveito a explicação de Kuhn (1992) para mais uma vez lembrá-lo sobre a impor-
tância da teoria para a vida das organizações e para a sociedade.
Na seqüência vamos estudar as origens da administração.
– Seção 2 –
Origens da Administração: Diferentes Teorias da Administração
Com base nas teorias da Administração é possível compreender as suas origens e a
dimensão histórica das diferentes abordagens e contribuições dos pensadores da área, com
suas respectivas contribuições. Repare o Quadro 1.
Quadro 1: Escala hierárquica das abordagens da Administração
Fonte: Adaptado de Andrade; Amboni (2007).
O objetivo deste Quadro é orientar seus estudos sobre a seqüência das diferentes escolas
da Administração e as abordagens correspondentes que focam especificamente as teorias.
2.1 – ABORDAGEM DA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
O ano de 1911 foi marcado pela publicação da obra Os princípios da Administração
Científica. Nela Frederick Winslow Taylor descreve a teoria da Administração científica, ou
seja, o emprego do método científico para definir a melhor maneira de um trabalho ser rea-
lizado. Taylor é considerado o pai da Administração Científica.
Administração Científica 
Teoria Clássica Abordagem clássica 
Escola Burocrática 
Teoria Transitiva 
Escola de Relações Humanas 
Abordagem humana e 
comportamental 
Escola Comportamentalista 
Escola Estruturalista Abordagem estruturalista e do 
Desenvolvimentoorganizacional Escola do Desenvolvimento Organizacional (DO) 
Escola Sistêmica 
Administração por Objetivos (APO) Teorias Integrativas 
Abordagem contingencial 
Aprendizagem organizacional 
Cultura organizacional Perspectivas contemporâneas 
Outras 
 
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
24
Vocês já tiveram alguma informação sobre quem foi Taylor
na Unidade anterior, certo? Então, vamos avançar na explicitação
das suas contribuições para a Administração.
Taylor baseou seu sistema no estudo de tempos e movimen-
tos, cronometrando os tempos e movimentos de operários siderúr-
gicos com o objetivo de desenvolver estudos a respeito de técni-
cas de racionalização do trabalho.
O foco da abordagem da Administração Clássica é interno
e estrutural, ou seja, os principais teóricos focaram sua análise
no aperfeiçoamento de regras e estruturas internas da organiza-
ção. Os estudiosos da época consideravam que o aperfeiçoamen-
to dos sistemas garantia por si só os resultados desejados. Seus
pressupostos são caracterizados pela racionalidade absoluta, em
que houve uma separação do trabalho intelectual do braçal.
As idéias centrais do movimento são:
a) homo economicus: o homem é um ser essencialmente racional,
ao tomar uma decisão conhece todos os cursos de ação dispo-
níveis, bem como as conseqüências de escolher sempre a me-
lhor alternativa e maximizar os resultados de sua decisão. In-
centivos financeiros adequados, constante vigilância e treina-
mento eram ações consideradas suficientes para garantir uma
boa produtividade. Em outras palavras, as emoções eram igno-
radas no processo de gestão.
b) enfoque mecanicista do ser humano: o homem é considerado
uma mera engrenagem no corpo da empresa, tendo desrespei-
tada sua condição de ser humano. A organização era compa-
rada a uma máquina, por isso Morgan (1996) utilizou-se da
metáfora da máquina para explicar a forma mecânica, com a
tendência a operar de maneira rotineira, eficiente, confiável e
previsível.
c) abordagem fechada: a Administração não considera o ambien-
te da organização, está desvinculada do mercado – público-
alvo.
Uma boa sugestão de leitura
sobre o enfoque mecanicista
que estamos estudando nesta
Unidade é o livro Imagens da
Organização, escrito pelo
próprio Gareth Morgan (São
Paulo: Atlas, 1996).
25
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
d) superespecialização do operário: a fragmentação das tarefas,
interpretada no filme “Tempos Modernos” por Charles Chaplin,
em que o operário passa a desenvolver cada vez mais tarefas
repetitivas, monótonas e desarticuladas do processo como um
todo. Como conseqüência da superespecialização tem-se a ali-
enação do trabalhador.
e) exploração dos empregados: além do estímulo a sua alienação
(Ferreira; Reis; Pereira, 2002), a falta de consideração de seu
aspecto humano e da precariedade das condições sociais da
época legitima a exploração do trabalhador em prol dos inte-
resses patronais.
Embora tenhamos muitas críticas aos estudos minuciosos
de Taylor em tempos e métodos do processo produtivo, é necessá-
rio ressaltar que suas conclusões continuam sendo válidas e apli-
cáveis em muitas organizações.
Cabe destacar que outros autores e pesquisadores contri-
buíram com as idéias de Taylor em seus estudos e práticas admi-
nistrativas. Vamos estudar alguns deles.
a) Henry Ford (1863 -1947)
Ford foi um dos responsáveis pelo grande salto qualitativo
no desenvolvimento da atual organização empresarial e também
ficou conhecido como o “pai” do carro popular. Como você já
estudou sobre Ford na Unidade 1, vamos tratar das suas contri-
buições às funções gerenciais da época:
– invenção da linha de montagem móvel e mecanizada na indús-
tria;
– impulsionou o consumo em massa, lançando os princípios para
agilizar a produção nas fábricas automobilísticas, diminuindo
custos e tempos de fabricação;
– integração vertical e horizontal, respectivamente, que significa
produção integrada, da matéria-prima ao produto final acaba-
do; e uma rede de distribuição;
Você já assistiu o filme
“Tempos Modernos”,
estrelado por Charles Chaplin?
Assista-o e você vai entender
as origens e as idéias centrais
da Escola Clássica da Adminis-
tração e do Movimento da
Administração Científica.
“Metrópolis” é outro filme
indicado para o aprendizado da
Administração Científica. É um
filme alemão de ficção científica
produzido em 1927, realizado
pelo cineasta austríaco Fritz
Lang. Ele foi, à época, a mais
cara produção até então
filmada na Europa, e é
considerado por especialistas
um dos grandes expoentes do
expressionismo alemão. Lang
escreveu também o roteiro, em
parceria com Thea von
Harbou, com base em romance
desta última.
Imagem disponível em:
<www.filmesraros.com/loja/
images/temposmod02. jpeg>.
Acesso em: 20 Jan. 2008.
Para obter outras informações
sobre o taylorismo você não
pode deixar de ler:
HELOANI, R. Tempos moder-
nos: o contexto
socioeconômico gerador do
Taylorismo. In: ______.
Gestão e organização no
capitalismo globalizado. São
Paulo: Atlas, 2003. p. 24-40.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
26
– padronização: propiciava agilidade e redução de custos;
– controle altamente burocratizado;
– origem da especialização gerou a discussão dos direitos dos tra-
balhadores, tais como oito horas de trabalho diário e duplicou o
valor do salário na época.
– economicidade: redução dos estoques e agilização na produção.
O movimento fordista foi importante para a indústria auto-
mobilística, assim como o toyotismo e o volvismo.
Se voltarmos à leitura da obra de Morgan (1996) vamos
nos deparar com o pensamento da autora para compreender a
organização e a administração. A partir de metáforas busca ex-
plicar o caráter complexo e paradoxal da vida organizacional: a)
Fordismo = máquina; b) Toyotismo = organismo; c) Volvismo =
cérebro.
A imagem das organizações vistas como máquinas colocam
as pessoas nesta mesma metáfora e moldam o trabalho com prin-
cípios mecânicos; horários rígidos; rotinas predeterminadas; ta-
refas repetitivas; estreito controle e, findando, o processo de pro-
dução manual.
O toyotismo pode ser associado à metáfora do organismo,
pois compreende as relações entre a organização e o meio,
enfocando a sobrevivência, valorizando a inovação e a busca pela
harmonia entre estrutura, tecnologia e dimensões humanas.
Já o volvismo está mais vinculado à metáfora do cérebro,
porque chama a atenção para o processamento de informações,
aprendizagem e inteligência, caracterizando o contexto
organizacional com alto grau de flexibilidade e inovação.
Sendo assim, na verdade podemos a partir destes três
“ismos” – Fordismo, Toyotismo e Volvismo – fornecer uma rápida
visão do processo de transformação da indústria automobilística
e da Administração, que marcou o período de 1950 a 1970.
Toyotismo
É um sistema japonês de
gerenciamento do modelo da
indústria automobilística do
engenheiro japonês, dos anos
50, chamado Eiji Toyoda e de
seu especialista em produção,
Taichi Ohno, que devido aos
nomes teve esta denominação.
Neste sistema de produção as
mercadorias deveriam ter um
giro rápido, eliminando estoques
e adotando o conceito de
produção flexível. Foi assim que
nasceu a mais eficiente empresa
automobilística – Toyota.
Volvismo
Também se trata de um modelo
de produção, que se assemelha
a um cérebro e cria ao mesmo
tempo: a) conectividade e
redundância; b) especialização e
generalização. A organização é
vista como um sistema de
processamento de informa-
ções; um sistema holográfico
(consiste na reconstrução de
ondas, o que possibilita uma
espécie de fotografia inteira e
tridimensional – Crema, 1989)
e com capacidadede auto-
regulação. O objetivo do
modelo é dotar a organização
do máximo de flexibilidade e
capacidade de inovação. Deste
modelo surgiu a empresa
automobilística Volvo.
CREMA, R. Introdução à visão
holística. São Paulo:
Summus, 1989.
Vamos sugerir a leitura de dois
artigos que tratam do
toyotismo e do volvismo para
você aprofundar seus estudos,
caso haja interesse.
WOOD JR., Thomaz. Fordismo,
toyotismo e volvismo. In:
______. Mudança
organizacional. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
WOOD JR., Thomaz. Fordismo,
toyotismo e volvismo: os
caminhos da indústria em busca
do tempo perdido. Revista de
Administração de Empresas, São
Paulo, v. 32, n. 4, set./out. 1992.
27
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
b) Frank Gilbreth (1868 – 1924) e Lilian Gilbreth (1878 – 1972)
Este casal fez grandes contribuições ao desenvolvimento dos sistemas administrati-
vos. Também foram contemporâneos de Taylor.
Frank seguiu uma trajetória semelhante, embora independente de Taylor. Tornou-se
aprendiz de pedreiro e, dez anos depois, aos 27 anos, tornou-se superintendente-chefe da
Whidden Company, uma empresa de construção. Defensor de grande parte dos princípios da
Administração científica, como a divisão do trabalho, seu objetivo era descobrir a melhor
forma de trabalhar e eliminar os desperdícios impulsionando a produtividade por meio do
estudo dos movimentos.
Lilian, após casar-se com Frank, em 1904, mudou seus interesses acadêmicos para a
Psicologia e desenvolveu seus estudos acerca do homem na indústria para acompanhar o
trabalho do marido. Sua preocupação era com o ambiente e as oportunidades oferecidas aos
trabalhadores, essenciais para aprimorar a produtividade. O trabalho mais importante que
desenvolveu por meio de suas pesquisas foi o estudo da fadiga humana, que buscou desco-
brir uma maneira de realizar a atividade e aumentar a eficiência do operário.
c) Henry Gantt (1861-1919)
Gantt obteve reconhecimento por atuar como engenheiro mecânico. Trabalhou com
Taylor (que na época era engenheiro-chefe de produção) na Midvale Steel Company, como
assistente no Departamento de Engenharia e, posteriormente, ambos foram trabalhar na
Bethlehem. Anos depois apresentou um trabalho no qual descreveu um método gráfico de
acompanhar os fluxos de produção, que ficou conhecido no mundo todo como Gráfico de
Gantt, a mais importante das técnicas de planejamento e controle. Também apresentou um
sistema de tarefa/bonificação.
Na Figura 2 vamos revelar as principais preocupações de Gantt para a realização do
trabalho eficiente.
Figura 2: As contribuições de Gantt ao trabalho
 
 
 
 
 
TEMPO 
CUSTO 
PLANEJAMENTO 
REALIZAÇÃO DO 
TRABALHO 
GRÁFICO DE 
GANTT 
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
28
Na verdade a Figura 2 representa os elementos que controlam o desempenho atual de
um sistema em relação ao planejado, assim como o tempo e o custo. Tem comprovado a sua
validade enquanto controle das atividades e projetos, de forma gráfica, atualmente adapta-
da para sistemas computacionais sofisticados.
2.2 – TEORIA CLÁSSICA
Paralelamente aos estudos de Taylor, que apresentava nos Estados Unidos a Adminis-
tração Científica, surgiu na França (1916) a Teoria Clássica, caracterizada pela ênfase na
estrutura e na busca de eficiência. Seu fundador foi o engenheiro francês Henri Fayol (1841
– 1925), que publicou sua teoria no livro Administração Industrial e Geral, que tratava das
seguintes idéias:
– a organização deve ser visualizada como um todo;
– deve-se enfocar a universalidade dos princípios, a serem aplicados às funções administra-
tivas, em todas as formas de trabalho;
– não existe nada rígido ou absoluto quando se trata de problemas de administração;
– organizar significa arrumar a estrutura, material e humana, no empreendimento.
Para Fayol, toda organização pode ser dividida em seis funções: técnicas, comerciais,
financeiras, de segurança, contábeis e administrativas, que serão mais bem detalhadas na
Unidade 3.
Fayol relacionou 14 princípios sob a sua ótica empresarial (Ferreira; Reis; Pereira, 2002,
p. 22-23):
1. divisão do trabalho: especialização de toda a hierarquia da organização;
2. autoridade e responsabilidade: dar ordens e verificar se serão cumpridas;
3. unidade de comando: receber ordens de apenas um superior, evitando contra-ordem;
4. unidade de direção: execução de plano para grupos de atividades com os mesmos objetivos;
5. disciplina: normas de conduta e de trabalho. Sua ausência leva ao caos.
6. prevalência de interesses gerais: estes devem prevalecer sobre os interesses pessoais.
7. remuneração: suficiente para garantir o desempenho dos funcionários e da organização;
8. centralização: importante para a organização e autoridade;
29
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
9. hierarquia (cadeia escalar): respeito à autoridade fixa e estrutura hierárquica.
10. ordem: garantia da ordem material e social;
11. eqüidade: a justiça deve prevalecer no ambiente de trabalho, justificando a lealdade e a
devoção dos funcionários à empresa;
12. estabilidade dos funcionários: permite controlar a alta rotatividade;
13. iniciativa: capacidade de estabelecer um plano e cumpri-lo;
14. espírito de equipe: deve ser um trabalho conjunto, com interação da comunicação.
Além dos 14 princípios gerais expressos anteriormente, Fayol apresentou, na gestão,
as funções administrativas que formam o processo administrativo. A idéia de processo inclui
o aspecto dinâmico da relação entre os diferentes elementos do processo administrativo:
planejamento, organização, comando, coordenação e controle.
O estudo aprofundado deste tema “processo administrativo” também será realizado
na Unidade 3. Enquanto isso, vamos instigar você a refletir sobre a seguinte questão:
Você acha que existe diferença entre as funções administrativas e as funções
organizacionais? Pense, reflita e pesquise (se necessário).
São distinções importantes no campo da gestão, e como muitos autores empregam
tais expressões vamos fornecer o conceito de função administrativa e função organizacional.
As funções administrativas (planejar, organizar, dirigir e controlar) diferenciam-se das funções
organizacionais (marketing, operações, finanças, recursos humanos). A soma de todas as fun-
ções administrativas se constitui no processo de administração e infere-se que são aplicáveis a
qualquer das funções organizacionais. (...) da mesma forma que os elementos básicos constituin-
tes da organização estão intrinsecamente relacionados, naturalmente as funções administrati-
vas também estão (Pereira; Santos, 2001, p. 41).
Neste sentido, cabe destacar que as funções organizacionais e/ou áreas funções serão
tratadas na seção 2.3.
Contrapondo as funções gerenciais de Fayol aos princípios científicos de Taylor, va-
mos apresentar um quadro síntese (Quadro 2) que mostra as distintas preocupações e
enfoques dos seus precursores.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
30
Quadro 2: Comparativo entre a administração científica x clássica
Fonte: Ferreira; Reis; Pereira (2002, p. 25)
2.3 – ESCOLA BUROCRÁTICA
Max Weber (1864 – 1920) foi um dos fundadores da Sociologia moderna e estudou a
organização como um contexto social, influenciado pelas mudanças sociais, econômicas e
religiosas da época. É a partir dos estudos de Weber que o modelo burocrático surgiu como
uma proposta de estrutura administrativa para organizações complexas, dotada de caracte-
rísticas próprias, eficiente na sociedade industrial emergente do século 19.
O que você deve estar se perguntando agora é: O que é a teoria da burocracia?
Segundo Ferreira et al (2002, p. 65), “o advento da burocracia ocorreu com base na
evolução da sociedade, com o esgotamento daforma tradicional de autoridade”, com carac-
terísticas patriarcais e patrimonialistas e a necessidade do aspecto institucional. A esfera
que primeiro necessitou e adotou o modelo foi a governamental, ou seja, teve influência
fundamental no estudo da Administração Pública.
No modelo em questão passam a ”predominar as normas impessoais e a racionalidade
dos processos decisórios” (Ferreira et al, 2002, p. 65) e o poder está concentrado no cargo e
não na pessoa que o ocupa. As decisões são fundamentadas em critérios racionais e objetivos.
Com o passar do tempo e o surgimento das grandes corporações, no entanto, o modelo
burocrático passou a ser adotado pelas organizações privadas. Na organização burocrática,
“a ordem interna deve ser estabelecida de acordo com critérios técnicos, privilegiando a
eficiência e a qualidade” (Ferreira et al, 2002, p. 65).
 
 
 
 
 
 
 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA 
PRECURSOR Frederick Taylor Henri Fayol 
ORIGEM Chão de fábrica Gerência administrativa 
ÊNFASE - adoção de métodos racionais e 
padronizados; 
- máxima divisão de tarefas. 
- estrutura formal da empresa, 
- adoção de princípios administrativos 
pelos altos escalões. 
ENFOQUE Produção Gerência 
31
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Os pressupostos fundamentais da burocracia foram transpostos para o campo da Ad-
ministração na forma de um modelo de gestão adotado pelas organizações em geral.
O objetivo do modelo burocrático é organizar detalhadamente e dirigir rigidamente as
atividades da organização, com maior eficiência. As características da escola burocrática,
tendo como orientação Ferreira et al (2002) são:
– separação entre propriedade e administração: existe a transferência de autoridade, possi-
bilitando que as organizações possam ser geridas por profissionais especializados, desig-
nados pelos proprietários;
– instituição de normas para regulamentar cada procedimento administrativo ou operacional
da organização;
– obediência restrita à hierarquia, devendo cada empregado limitar-se ao relacionamento
com seu chefe imediato no ambiente organizacional;
– impessoalidade nas relações, excluindo a possibilidade de existirem privilégios para deter-
minados grupos ou pessoas;
– rotinas e procedimentos padronizados nas tarefas a serem executadas na esfera pública e
privada;
– competência técnica e meritocracia, ou, em outras palavras, o merecimento está vincula-
do à qualificação técnica e capacidade, sendo a base para recompensas e promoção.
Agora que você conheceu as características do modelo burocrático, você lembrou de
alguma organização que segue este modelo?
A partir do conceito de Muniz e Faria (2007, p. 56) é possível entender burocracia
como “um sistema social organizado mediante normas escritas, visando à racionalidade e à
igualdade no tratamento do seu público”. Cabe destacar que a instabilidade das emoções e
os comportamentos aleatórios eram vistos como perniciosos ao bom desempenho
organizacional.
Aos poucos as práticas informais foram aparecendo no cenário das organizações, que
adotavam um modelo burocrático e nitidamente revelavam uma distância enorme entre o
mundo da organização formal (da racionalidade e do cálculo) e da organização informal
(relacionado aos sentimentos e afetividade) que estavam constantemente produzindo
disfunções, por não seguir a lógica da eficiência prescrita pela “melhor maneira”.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
32
Apesar de todas as ponderações e críticas da escola burocrática ou modelo weberiano,
o mesmo “firmou-se como o modelo de gestão básico da maioria das organizações do século
XX, pelo fato de atender às diversas necessidades das empresas” (Ferreira et al, 2002, p. 68)
da era industrial.
Como todas as escolas, o modelo weberiano é alvo de críticas e disfunções, identificadas
pelos autores como sendo:
a) inflexibilidade: excesso de normas e de padronização de rotinas, rigidez hierárquica;
b) visão fragmentada: não permite a compreensão da organização como um todo, pela divi-
são de tarefas;
c) excessiva concentração das decisões na alta administração, gerando lentidão e, muitas
vezes, inadequação do processo decisório;
d) despersonalização do relacionamento: as relações limitam-se entre ocupantes de cargos e
não entre indivíduos, desestimulando os relacionamentos interpessoais e intergrupais,
que tendem a surgir no âmbito organizacional. Muito presente a falta de sensibilidade
para os incidentes ou problemas pessoais;
e) descomprometimento, pela falta de autonomia, e tendem a não se sentirem responsáveis
pelo trabalho realizado;
f) formalismo excessivo: só tem valor o que é instituído formalmente em normas e regula-
mentos;
g) substituição dos objetivos pelas normas estabelecidas, em vez de focar resultados;
h) a proliferação de barreiras burocráticas favorece a disseminação da corrupção;
i) formação de corporativismos, em função de se voltar para o cumprimento de sua missão, a
organização passa a se preocupar basicamente com seus próprios interesses; da mesma
forma protecionismo entre colegas faz com que os erros e as atitudes desonestas não
sejam descobertos.
Analisando a literatura, podemos orientá-lo no sentido de que o modelo burocrático é
inadequado diante da realidade contemporânea, pois dificulta atingir os objetivos
organizacionais exigidos no novo contexto da gestão, posto que considera o todo
organizacional. As exigências da gestão por inovação, satisfação dos clientes, iniciativa
própria e priorização do trabalho integrado e em equipe limitam a adoção do modelo buro-
crático.
33
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Cabe destacar, porém, que apesar de todos os problemas e
críticas relacionados à burocracia, esta permanece imperando em
muitas organizações de trabalho formal, em especial as organi-
zações de grande porte. E, justamente pelo fato de que as orga-
nizações crescem em tamanho e complexidade, foi necessário des-
cobrir um modelo de organização racional que abrangesse mui-
tas variáveis.
Apesar de terem se desenvolvido de maneira independente,
o enfoque proposto pela administração científica, a teoria admi-
nistrativa (clássica) e a burocrática são três abordagens da pers-
pectiva clássica; e nessas escolas as organizações têm sido vistas
como estruturas mecanicistas.
Embora tenhamos trazido informações gerais sobre a teoria
da burocracia, podemos afirmar que o estudo não se esgotou por
aqui, temos vários outros modelos complementares ao de Weber
para serem explorados e que trouxeram contribuições importan-
tes à Administração, tais como: de Merton (que identificou as
anomalias de funcionamento do processo de Weber), de Selzinck
(estudou a delegação de autoridade), e de Gouldner (defende que
existem diferentes graus de burocratização).
Na próxima seção passaremos ao estudo de outra abordagem,
a Humana e Comportamental (reveja o Quadro 1, na página 23).
2.4 TEORIA TRANSITIVA OU DE TRANSIÇÃO
A Teoria Transitiva integra, junto com a Escola de Relações
Humanas e a Escola Comportamentalista, a abordagem Huma-
na e Comportamental, posterior à abordagem Clássica.
Levando em conta que vários autores apresentam a teoria
transitiva, Andrade e Amboni (2007, p. 87) explicam que a ex-
pressão teorias transitivas “designa um conjunto de autores (cujos
nomes mais expressivos são Mary Parker Follett e Chester Barnard)
que fizeram a transição entre a Administração Científica e a Teo-
ria Clássica e a Escola de Relações Humanas”.
Se você quer saber mais sobre
a Teoria Burocrática, leia:
SILVA, R. O. da. Teoria da
Administração. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning,
2002. p. 158-180.
Além disso, os filmes “O
processo” e “Brazil” permitemaprender sobre os conceitos
da teoria sobre a burocracia.
O Processo
Joseph K. (Anthony Perkins) é
um homem reservado, que vive
na pensão da senhora Grubach
(Madeleine Robinson) e se dá
bem com todos os demais
moradores do local. Um dia ele é
acordado por um inspetor de
polícia (Arnoldo Foà), que lhe
informa que está preso, mas
não o leva sob custódia. Durante
o processo Joseph segue com
suas atividades normais, tendo
apenas que ficar à disposição
das autoridades a qualquer hora
do dia. Incomodado por não
saber do que está sendo
acusado, ele decide investigar
em busca de uma resposta.
Disponível em:
<http://www.interfilmes.com/
filme_14253_O.Processo-
(Le.Proces).html>.
Acesso em: 20 jan. 2008.
Brazil
Em um futuro caótico e
perturbador, uma cidade inteira
é monitorada por meio de
computadores e leis burocráti-
cas ao extremo. É nesse infeliz
mundo que Sam Lowry se
apaixona por Jill, uma terroris-
ta local.
Disponível em:
<http://cineplayers.com/
filme.php?id=99>.
Acesso em: 20 jan. 2008.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
34
Na verdade, Follett (1868 -1933) e Barnard (1886 – 1961) apresentaram contribuições
importantes ao pensamento administrativo, “antecipando a compreensão de como a orga-
nização formal e as relações humanas poderiam ser integradas, introduzindo novos elemen-
tos no campo das relações humanas e da estrutura organizacional” (Silva, 2002, p. 187).
Objetivamente, ambos mostram que a organização é um sistema social e que a produ-
ção é um sistema cooperativo, que depende da participação de todos os envolvidos no pro-
cesso.
Follett chamou a atenção para o papel da Psicologia Administrativa (reconciliar os
indivíduos e a organização) e da Administração (compreender as pessoas, os grupos e a
comunidade em que está inserida a organização, o que significa dizer que foi a primeira
estudiosa a analisar a motivação humana, partindo dos valores individuais e sociais). É
atribuído a ela a modificação do conceito tradicional de liderança.
Defendia que a ênfase maior deve ser dada aos fatos e não às pessoas. “Incentivou os
contatos diretos nas relações interpessoais entre o superior e o subordinado, modificando o
princípio de coordenação” (Andrade; Amboni, 2007, p. 88), afirmando que essa coordena-
ção poderia ser obtida por meio do inter-relacionamento vertical e horizontal das pessoas
que compõem a estrutura organizacional.
Mary Follett mostrava preocupação com o modo como as organizações resolviam os
conflitos. Ela entendia que o “conflito é um fato da vida, e, em vez de ser escondido ou
ignorado, deve ser reconhecido e usado a nosso favor; deve ser visto como a legítima expres-
são das diferenças”, e que se deveria usá-lo de forma construtiva (Andrade; Amboni, 2007,
p. 89).
Você conseguiu compreender o conceito de conflito como algo construtivo?! Perceba
que o conflito não é visto como algo sempre negativo. Existe a possibilidade de ser visualizado
como algo que possibilita aprendizado e construção.
Outro elemento atribuído a Follett foi a antecipação em “mais de um século, da gestão
participativa, os círculos de qualidade, as estruturas hierárquicas horizontais, as noções de
equipe como esforços sinérgicos e as soluções adaptativas às situações” (Andrade; Amboni,
2007, p. 89).
Apesar das contribuições positivas que apresentou, suas idéias foram tão originais
que levaram tempo para se popularizarem entre os estudiosos de Administração e serem
reconhecidas como mereciam. Também foi uma das três mulheres (juntamente com Lilian
Gilbreth e Joan Woodward) que abraçaram a causa da Administração nos anos 60.
35
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
Já Barnard inspirou-se nos estudiosos da época e desenvolveu estudos sobre a análise
lógica da estrutura da organização e aplicação de conceitos sociológicos na Administração,
ou seja, estudo das organizações como sistema social cooperativo, que exigem objetivos
construídos no coletivo.
Outra questão levantada pelos estudos de Barnard e que se antecipa à Escola de Rela-
ções Humanas é a “concepção de que não são apenas os incentivos monetários que movem
o homem no trabalho” (Andrade; Amboni, 2007, p. 90).
Você consegue imaginar como os indivíduos se sentiam e se colocavam no espaço
organizacional dessa época?
Cabe destacar que quando Barnard menciona cooperação, está supondo não unica-
mente a ocorrência da cooperação entre as pessoas, mas a interação com outras variáveis
relacionadas com o ambiente da organização.
Da mesma forma, Barnard desenvolveu o conceito de autoridade, bem como definiu os
conceitos de estrutura (o indivíduo, o sistema cooperativo, a organização formal e informal)
e dinâmica (a vontade, a cooperação, a comunicação, a autoridade e o processo decisório)
da organização.
Em sua obra “As funções do executivo”, postulou três funções que o executivo deveria
realizar (Silva, 2002, p. 194):
a) criar um sistema de comunicação;
b) promover a garantia dos esforços pessoais;
c) formular e definir os objetivos da organização.
É com a Escola de Recursos Humanos, no entanto, que é enfatizado o estudo da
abordagem humanística, em que a teoria administrativa passa por uma revolução conceitual
– a transferência da ênfase na tarefa e na estrutura para a ênfase nas pessoas que trabalham
ou participam das organizações (Chiavenato, 2006). A preocupação com os aspectos técni-
cos e formais cede lugar para os aspectos psicológicos e sociológicos.
FUNDAMENTOS DA GESTÃO ORGANIZACIONAL
36
2.5 – ESCOLA DE RELAÇÕES HUMANAS
A abordagem humanística ocorre, de fato, com o apareci-
mento da Teoria de Relações Humanas (ou Escola Humanística
da Administração), nos Estados Unidos, a partir da década de 30
do século 20, em decorrência da onda de desemprego resultante
da crise de 29, e foi impulsionada pelos resultados da pesquisa
desenvolvida na Western Electric, uma fábrica de equipamentos
telefônicos, no bairro de Hawthorne de Chicago.
É importante ressaltar que
A escola nasceu da necessidade de corrigir a forte tendência à
desumanização no trabalho, pela aplicação de métodos excessi-
vamente rigorosos, pautados em estudos científicos precisos pe-
los quais os funcionários eram submetidos, sendo impedidos de
dar a sua contribuição (Oliveira; Silva, 2006, p. 80).
A experiência foi realizada por George Elton Mayo (1880 –
1949) e seus colaboradores, entre 1927 e 1932, em uma fábrica
de Chicago, com o objetivo inicial de conduzir experimentos re-
lacionados à luminosidade no ambiente de trabalho com a efici-
ência dos operários medida pela produção.
Andrade e Amboni (2007, p. 95), que recuperaram os fatos
ocorridos nesse período, afirmam que “a partir dos primeiros re-
sultados, a pesquisa se estendeu ao estudo da fadiga, dos aci-
dentes de trabalho, à rotação de pessoal e ao efeito das condições
físicas de trabalho sobre a produtividade dos operários”.
A experiência de Hawthorne teve quatro fase:
a) os estudos da iluminação;
b) os estudos da sala de teste de montagem de relés;
c) o programa de entrevistas;
d) os estudos da sala de observação de montagem de terminais.
Maiores detalhes sobre a
Escola de Relações Humanas
você pode pesquisar nas
referências bibliográficas
fornecidas no item 2.2.5. Da
mesma forma, pode assistir ao
filme A classe operária vai ao
paraíso, que permite aprender
sobre conceitos da teoria das
relações humanas.
A Classe Operária
vai ao Paraíso
Adorado por seus superiores
por ser um trabalhador
extremamente dedicado, e
odiado pelo mesmo motivo
por seus colegas de trabalho,
Lulu vive entregue aos sonhos
de consumo da classe média,
alienado em meio aos movi-
mentos de protesto de sua
classe, até que um aconteci-
mento põe em xeque suas
opiniões.
Disponível

Outros materiais