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DIABETES GESTACIONAL OBJETIVOS - defina diabetes mellitus gestacional - conceitue a etiologia e epidemiologia da doença - diferencie a diabetes diagnosticada na gestação das outras diabetes - cite a fisiopatologia - elucide o quadro clínico e o diagnóstico da DM gestacional - entenda a importância do acompanhamento pre natal e as possíveis complicações da doença (materno-fetal e hiperglicemia) - esclareça o tratamento DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA O diabetes gestacional é definido como qualquer grau de redução da tolerância à glicose, cujo início ou detecção ocorre durante a gravidez. O DMG é definido como uma intolerância a carboidratos de gravidade variável, que se iniciou durante a gestação atual e não preenche os critérios diagnósticos de DM franco → DM diagnosticada na gestação: mulher sem diagnóstico prévio de DM, com hiperglicêmica detectada na gravode e com níveis glicêmicos sanguíneos que atingem os critérios de da OMS para DM na ausência da gestação → DMG: DIABETES GESTACIONAL - mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnóstico para DM Sabe-se que, para mulheres, o principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2 e de síndrome metabólica é o antecedente obstétrico de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG). Nesse contexto, a hiperglicemia durante o ciclo gravídico-puerperal constitui um relevante problema da atualidade, não só pelo risco de piores desfechos perinatais e de desenvolvimento de doenças futuras, como também pelo aumento de sua prevalência, em decorrência da epidemia de obesidade que tem sido observada em vários países A prevalência de hiperglicemia durante a gravidez pode variar dependendo dos critérios diagnósticos utilizados e da população estudada. Segundo estudos populacionais realizados nas últimas décadas, a prevalência de DMG varia de 1 a 37,7%, com uma média mundial de 16,2% (8-10). Na atualidade, estima-se que um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação, sendo que 84% desses casos seriam decorrentes do DMG O Brasil é o quarto país com maiores taxas de DM na população adulta, com um total de 14,3 (12,9-15,8) milhões de pessoas de 20 a 79 anos com DM, com um gasto anual estimado de pelo menos US$ 21,8 bilhões (1). As estimativas populacionais de frequência de hiperglicemia na gestação no Brasil são conflitantes, porém estima-se que a prevalência de DMG no Sistema Único de Saúde (SUS) seja de aproximadamente 18% Considerando o período gravídico-puerperal, é possível a ocorrência de hiperglicemia tanto em mulheres já sabidamente diagnosticadas como portadoras de DM previamente à gestação quanto em gestantes sem esse diagnóstico prévio (8, 9, 14, 15). As recentes diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos principais protocolos de manejo de DM recomendam que a hiperglicemia inicialmente detectada em qualquer momento da gravidez deve ser categorizada e diferenciada em DM diagnosticado na gestação (do inglês Overt Diabetes) ou em DMG FISIOPATOLOGIA A gestação caracteriza um estado de resistência à insulina. Essa condição, aliada à intensa mudança nos mecanismos de controle da glicemia, em função do consumo de glicose pelo embrião e feto, pode contribuir para ocorrência de alterações glicêmicas favorecendo o desenvolvimento de DMG. Alguns hormônios produzidos pela placenta e outros aumentados pela gestação, tais como lactogênio placentário, cortisol e prolactina, podem promover redução da atuação da insulina em seus receptores e, consequentemente, um aumento da produção de insulina nas gestantes saudáveis. Esse mecanismo, entretanto, pode não ser observado em gestantes que já estejam com sua capacidade de produção de insulina no limite. Essas mulheres têm insuficiente aumento de produção de insulina e, assim, podem desenvolver diabetes durante a gestação DIAGNÓSTICO - TOTG O Ministério a Saúde recomendou no Manual de Gestação de Alto Risco de 2012 o uso o uso de fatores clínicos de risco para DMG, associados a uma glicemia de jejum no início da gravidez (antes de 20 semanas ou tão logo seja possível), para o rastreamento de DMG. Na presença de glicemia de jejum de 85mg/dL a 125 mg/dL ou de qualquer fator de risco clínico as gestantes deveriam realizar o TOTG com 75g de glicose. e. O diagnóstico de DMG seria estabelecido diante de pelo menos dois valores maiores ou iguais a 95 mg/dL (jejum), 180 mg/dL (1ª hora) e 155 mg/dL (2ª hora). Mulheres que apresentassem duas glicemias de jejum ≥ 126mg/dL também receberiam o diagnóstico de DMG confirmado, sem necessidade de realizar o teste de sobrecarga de glicose. Caso fosse observado apenas um valor anormal no TOTG com 75 gramas, o teste deveria ser repetido com 34 semanas AVALIACAO POS PARTO Ainda que a tolerância à glicose se normalize rapidamente após o parto na maioria das mulheres que desenvolveram DMG, o risco de desenvolvimento de DM do tipo 2 ou de intolerância à glicose é significativo. A incidência de diabetes entre mulheres com história prévia de DMG varia de 3 a 65%. A grande variação ocorre devido às diferenças étnicas, à falta de uniformidade dos critérios diagnósticos, ao uso de métodos distintos para diagnosticar diabetes após a gravidez, à adoção de diversos protocolos de acompanhamento, aos diferentes manejos estatísticos dos dados, e ao tempo de acompanhamento desigual. São considerados fatores de risco para o desenvolvimento de DM do tipo 2 em mulheres com DMG prévio: Glicemia em jejum na gestação acima de 100 mg/dL. • Etnia não branca. • História familiar de diabetes tipo 2, principalmente materna. • Ganho excessivo de peso durante ou após a gestação . • Obesidade. • Obesidade abdominal. • Dieta hiperlipídica. • Sedentarismo. • Uso de insulina na gestação (28). A reclassificação deve ser feita, idealmente, seis semanas após o parto para todas as mulheres que tiveram DMG, utilizando-se os critérios padronizados para a população em geral A realização do TOTG com 75g de glicose, seis semanas após o parto, é considerado o padrão ouro para o diagnóstico de diabetes após a gestação e deve ser a opção em situações de viabilidade financeira e disponibilidade técnica total (34). O diagnóstico de DM é estabelecido, fora da gestação, se a glicemia em jejum for ≥ 126 mg/dL ou 2 horas após sobrecarga de 75 g de glicose ≥ 200 mg/dL (29). Se a glicemia de jejum for de 100 a 125, diagnostica-se a glicemia de jejum alterada. Caso o jejum seja inferior a 126 mg/dL mas a glicemia na 2ª hora após a sobrecarga com 75 g tenha valores de 140 a 199, têm-se o diagnóstico de intolerância à glicose INFLUÊNCIA DO DIABETES PARA O BEBE O diabetes pré gestacional, seja DM1 ou DM2, tem potencial de evoluir com pior desfecho perinatal, pois seu efeito começa na fertilização e na implantação. Assim, afeta, de modo particular, a organogênese, levando a risco aumentado de aborto precoce, morte intrauterina, malformações congênitas, prematuridade, disfunção respiratória neonatal e macrossomia. Além das complicações no concepto, as manifestações maternas também são relevantes, em especial na presença prévia de complicações crônicas diabéticas, como retinopatia e nefropatia, as quais podem se agrava. A incidência de malformações varia de acordo com a população estudada, mas, em geral, situa se entre 6 e 13%, ou seja, cerca de 2 a 4 vezes maior que aquela observada na população geral. No entanto, anomalias estruturais maiores, que requerem tratamento cirúrgico ou que são fatais (malformações maiores), são 7 a 10 vezes mais frequentes em recémnascidos (RN) de mães diabéticas. Hiperglicemia materna, evidenciada pela elevação da hemoglobina glicada (HbA1c) no momento da concepção e da gestação inicial, está diretamente correlacionada ao aumento da frequência de malformações O DMG aparece, em geral, na segunda metade da gravidez e, portanto, não implica risco aumentado para malformações fetais. No entanto está associado a risco aumentado de macrossomia e complicaçõesneonatais, além de potenciais complicações a longo prazo, como desenvolvimento psicomotor mais lento, obesidade e DM2. Entre as complicações neonatais de RN de mães diabéticas, as principais são hipoglicemia, hipocalcemia, policitemia, hiperbilirrubinemia e síndrome do desconforto respiratório. As complicações maternas também são relevantes e incluem agravamento da retinopatia e nefropatia diabética (reversível na maioria dos casos), risco aumentado para complicações obstétricas (polidrâmnio, ruptura prematura de membranas amnióticas, parto prematuro, toxemia gravídica, mortalidade aumentada e maior frequência de cesarianas. Mulheres que desenvolveram DMG têm risco aumentado de recidiva do problema em gestações subsequentes, bem como de desenvolver DM2 no futuro FATORES DE RISCO INFLUÊNCIA DA GESTAÇÃO SOBRE METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS ⇒ PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO ● inibição da alanina, importante precursor glicogênico, e por maior sensibilidade dos tecidos a insulina, levando a redução dos níveis glicêmicos em jejum ⇒ SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO ● começa uma ligeira diminuição da tolerância à glicose e por hiperinsulinismo, caracterizando a resistência insulínica. . Em gestantes, a RI parece ser um evento pós- receptor, estando parcialmente relacionada com o hormônio somatomamotrofina coriônica humana (inicialmente denominado lactogênio placentário), antagonista insulínico cuja concentração aumenta proporcionalmente à massa placentária. Além disso, níveis elevados de cortisol livre, estrogênios, progesterona e trofinas secretadas pela placenta contribuem para a RI, tornando a gravidez um estado diabetogênico. Os nutrientes para o feto são garantidos pela nutrição materna e pelo fluxo sanguíneo placentário. A RI aumenta a concentração de glicose e outros nutrientes na circulação materna e possibilita a passagem dos mesmos para o feto na segunda metade da gestação, período de maior crescimento fetal. Outro fator hiperglicêmico na gravidez é a degradação da insulina por enzimas da membrana placentária, semelhantes às insulinases hepática. Em resposta à insulinorresistência da gravidez, o pâncreas normal aumenta a liberação de insulina em 1,5 a 2,5 vezes, mantendo a homeostase glicêmica. Quando a capacidade funcional das células beta estiver prejudicada, surgirá o DMG . Alterações endócrino-metabólicas na gestação normal: A gravidez é acompanhada por modificações metabólicas e fisiológicas na unidade materno-fetal com as seguintes finalidades: • Atender às necessidades energéticas e nutricionais do feto, em contínuo crescimento e desenvolvimento. • Preparar o organismo materno para a amamentação e demais cuidados a serem dispensados ao neonato. Para isso os seguintes cenários são constituídos ao longo da gestação: Após a 6ª semana da gestação, com a involução da produção esteroidal ovariana, ocorre um aumento exponencial de estradiol (E2) e progesterona (PGT) pela placenta. ‣ As principais ações do E2 nesse contexto são: (i) Aumento da captação celular de Colesterol, via receptores de LDL-c, possibilitando a síntese de esteróides placentários; (ii) Aumento do fluxo sanguíneo placentário; (iii) Aumento da síntese de prostaglandinas pelo endométrio; (iv) Preparação das mamas para a lactação. ‣ As principais ações contextuais da PGT são: (i) Aumento da ingesta alimentar materna; (ii) Modulação da imunidade celular materna para evitar a rejeição do feto, que porta antígenos paternos. (iii) Contribuição para o desenvolvimento de resistência à insulina (RI), juntamente com maior produção materna de cortisol, na segunda metade da gravidez O maior determinante da RI materna é uma variante do hormônio de crescimento (GH) produzido pela placenta (GH-V). Seus genes codificadores estão localizados no braço longo do cromossoma 17, juntamente com os genes que codificam o GH hipofisário (GH-N) e o hormônio lactogênio placentário (hLP). O GH-N declina progressivamente ao longo do período gestacional até não poder mais ser detectado após a 24ª semana. Contrariamente, o GH-V aumenta após a segunda metade da gravidez até atingir um pico (20 - 40 ng/ml) entre a 34ª e 37ª semana. Uma hora após o descolamento da placenta, o GH-V desaparece da circulação para haver o ressurgimento do GH-N. O GH-V funciona como um poderoso antagonista da insulina, reduzindo a utilização de glicose pelos tecidos maternos. Esse hormônio não é encontrado na circulação fetal, o que explica a instalação de RI exclusivamente na mãe, permanecendo o feto em um estado de normalidade quanto à resposta insulínica ( sensibilidade à insulina preservada).No estado de jejum há queda da glicemia e potente estimulação da secreção de GH-V, ocorrendo os seguintes fenômenos metabólicos, todos resultantes de uma menor resposta biológica à insulina (RI): Quanto ao metabolismo dos carboidratos: ‣ Aumento da produção hepática de glicose materna por meio da glicogenólise e da gliconeogênese, resultando em maior aporte de glicose para a circulação; ‣ Diminuição da captação celular materna da glicose plasmática; Obs.: esses dois fenômenos resultam em diminuição da utilização de glicose pela mãe e maior disponibilidade deste combustível para o feto. Quanto ao metabolismo das gorduras: ‣ Redução da atividade da lipoproteína lipase (insulino-sensível), com menor captação de ácidos graxos pelos adipócitos maternos a partir das lipoproteinas plasmáticas (VLDL e quilomícrons) e menor síntese de triglicérides de estoque; ‣ Incremento na 𝛽-oxidação lipídica e na produção de corpos cetônicos, disponibilizando energia para os tecidos maternos a partir dos lipídeos. Obs.: esses dois fenômenos resultam em maior utilização de ácidos graxos pela mãe e também maior disponibilidade deste combustível para o feto. IMPORTANTE: A secreção de insulina dobra no 3º trimestre da gravidez (HIPERINSULINEMIA), como mecanismo compensatório à RI. Essa capacidade adaptativa da população de células beta é responsável pela manutenção dos níveis normais de glicose sanguínea, não permitindo a instalação da hiperglicemia no ambiente materno. O hLP também tem papel importante nesse cenário, não por atuar na modulação da sensibilidade à insulina, mas por aumentar a ingesta calórica por meio de sua atuação no núcleo arqueado do hipotálamo, aumentando o apetite via atuação central, onde incrementa a atividade de neurônios secretores de neuropeptídeo Y (NPY) e de AgRP (Agouti Related Protein), vias neurológicas reponsáveis por aumento do consumo calórico e pela redução da taxa metabólica basal. Também atua contribuindo, em conjunto com a maior disponibilidade de nutrientes, para o aumento da massa de células beta enquanto fenômeno adaptativo à RI instaurada na segunda metade da gestação.Mulheres que desenvolvem DMG tem evidência de disfunção metabólica antes da concepção, tais como deficiência de produção de insulina pela célula beta e resistência à insulina. Em países de alta renda, muitas mulheres que desenvolvem DMG apresentam sobrepeso ou obesidade. Com o início da gravidez e alterações metabólicas associadas (aumento da resistência à insulina e demanda por aumento da resposta das células β devido a fatores placentários), a insulina é menos eficaz na supressão da produção de glicose endógena (principalmente hepática) e captação de glicose pelo músculo esquelético periférico e tecido adiposo, o que resulta em hiperglicemia. A hiperglicemia materna resulta no aumento da transferência placentária de glicose para o feto, levando à hiperinsulinemia fetal. A hiperinsulinemia fetal, então, resulta em reprogramação metabólica fetal que leva a problemas de curto prazo, como supercrescimento fetal e/ou adiposidade, e problemas de longo prazo, como disfunção metabólica em fases posteriores da vida RECOMENDAÇÕES E CUIDADOS COM AS PACIENTES GESTACIONAIS Deve se aconselhar as pacientes com DM preexistente que estejam planejando engravidar a manter os valores de HbA1c o mais próximos possível dos considerados normais, sem a ocorrência de hipoglicemias. 14 O nível recomendado é < 6% ou até 1% acimado valor máximo de referência.É necessário igualmente enfatizar para as pacientes que qualquer redução nos níveis de HbA1c , visando-se a um alvo de 6%, tende a reduzir o risco de malformações fetais e abortamentos. A gravidez deve ocorrer quando o DM estiver bem controlado e preferencialmente com valores de HbA1c dentro da normalidade. Mulheres com HbA1c > 10% devem ser desencorajadas a engravidar até alcançarem melhor controle glicêmico. O controle glicêmico durante a gravidez é considerado ótimo quando os valores de glicemia pré prandial, ao deitar se e entre 2h e 4h da madrugada, se encontrem entre 60 e 90 mg/d ℓ , com um pico pós prandial entre 100 e 140 mg/d ℓ. Em mulheres com risco aumentado de hipoglicemia, esses alvos deveriam ser elevados para um valor de glicemia de jejum (GJ) de até 99 mg/dℓ. Os valores de glicemia pós prandial de 1 hora após o início das refeições são os que refletem melhor os picos pós prandiais avaliados pelo monitoramento contínuo da glicemia. O ideal é que sejam ≤ 140 mg/dℓ TERAPIA NUTRICIONAL As gestantes com diagnóstico de DM devem receber orientações dietéticas individualizadas, necessárias para alcançar as metas do tratamento. A quantidade de calorias deve ser baseada no índice de massa corporal (IMC), na frequência e na intensidade de exercícios físicos e no padrão de crescimento fetal, visando a um ganho de peso adequado. 18,19 A distribuição recomendada do conteúdo calórico é: 40 a 45% de carboidratos 15 a 20% de proteínas (no mínimo 1,1 g/kg/dia) 30 a 40% de gorduras. A dieta também precisa ser planejada e distribuída ao longo do dia, objetivando se evitar episódios de hiperglicemia, hipoglicemia ou cetose - suplementação de vitaminas e minerais : O uso de ácido fólico (600 μg a 5 mg/dia), desde o período pré concepcional até o fechamento do tubo neural (12 a semana de gravidez), é recomendado para todas as mulheres, inclusive aquelas com DM, para reduzir o risco de defeito no tubo neural no RN - atividade fisica; TRATAMENTO MEDICAMENTOSO controle glicêmico Deve-se esclarecer as pacientes com DMG sobre os riscos de sua doença e informar que um bom controle glicêmico durante toda a gravidez reduz as chances de ocorrerem macrossomia fetal, tocotraumatismos (para as mães e para os recém nascidos), parto induzido ou cesariana, hipoglicemia neonatal e mortalidade perinatal. Também é importante instruí-las sobre a frequência e as técnicas corretas do automonitoramento de sua glicemia capilar. Os valores glicêmicos a serem alcançados pelas diabéticas gestacionais são os mesmos recomendados para as diabéticas pré -gestacionais A prevenção das complicações fetais representa a principal meta do tratamento do DMG. Filhos de mães com glicemias de jejum ≥ 105 mg/dℓ ou pós- prandiais ≥ 120 mg/dℓ têm risco aumentado de morte intrauterina ou mortalidade neonatal. 5,50–52 Mantendo -se o controle das glicemias de jejum e pós- prandiais abaixo desses níveis, sob ótimas condições de cuidados obstétricos e clínicos, consegue- se mortalidade perinatal não superior à da população geral. Após 2 semanas de dieta, se os níveis glicêmicos permanecerem elevados (jejum ≥ 95 mg/dℓ e 1 hora pós prandial ≥ 140 mg/dℓ ), recomenda -se iniciar o tratamento farmacológico. O controle glicêmico precisa, então, ser feito com dosagem semanal da glicemia de jejum e glicemia pós- prandial de 2 horas, realizada em laboratório, quando não existir a possibilidade de auto monitoramento domiciliar da glicemia. Quando este último estiver disponível, deve ser realizado • antes e 1 hora depois das principais refeições, em especial nas gestantes que fazem uso de insulina. O critério de crescimento fetal excessivo, por meio da medida da circunferência abdominal fetal maior ou igual ao percentil 70, na ecografia, entre a 29 a e a 33 a semana, também pode ser utilizado para indicar terapia farmacológica Nos casos não responsivos à dietoterapia, as opções incluem insulinoterapia e o uso dos agentes antidiabéticos orais glibenclamida e metformina Nos casos não responsivos à dietoterapia, as opções incluem insulinoterapia e o uso dos agentes antidiabéticos orais glibenclamida e metformina. 10–12 A insulinoterapia ainda é a abordagem mais empregada mas as recomendações do NICE indicam a metformina como terapia inicial. 11 A insulina seria introduzida em casos de falha do tratamento, o que ocorre em 14 a 46% das vezes. A glibenclamida seria considerada apenas diante de falha da metformina e recusa da insulina pela paciente CUIDADOS NA ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL Deve-se oferecer às pacientes diabéticas grávidas (pré gestacionais e gestacionais) um programa de educação em diabetes fornecido por equipe multiprofissional. As consultas devem ser direcionadas para o cuidado do diabetes, além de toda a rotina pré natal básica. A avaliação do controle glicêmico deve ser feita a cada 1 ou 2 semanas pelo médico assistente ou por um membro da equipe multiprofissional. Deve Ser realizado prioritariamente nas pacientes com diabetes pré gestacional, entre a 18 a e a 20 a semana de gestação, uma ecocardiografia fetal para a avaliação das quatro câmaras cardíacas, objetivando a visualização de disfunção anatômica ou funcional do coração fetal
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