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Caso clínico Em consulta com médico psiquiatra mãe relata que seu filho de 17 anos repentinamente tornou-se agressivo, afirmando estar sendo perseguido e correndo risco de vida. O filho tinha movimentos rápidos, olhar de desespero, chegando a transpirar de tanto nervoso. Foi uma criança alegre e feliz. Foi sempre muito carinhoso. Sempre interagindo com seus amigos de escola e vizinhos da mesma idade. Ao entrar na adolescência teve mudança drástica de comportamento, passou a viver isolado, sem amigos. Parou de demonstrar afeto e não conversava. Os pais pensaram ser algo típico da adolescência e que logo tudo voltaria ao normal. Há 10 dias está visivelmente alterado e agressivo. Esta com medo extremo aparentemente sem motivo. Se movimentava por toda a casa gritando estar sendo perseguido. Estava em nítido desespero, sendo conduzido ao consultório médico. Quais as principais causas desse quadro agudo de psicose? Uso de medicamentos; Uso de drogas ilícitas; Alterações metabólicas como, por exemplo, hipoglicemia, alterações na tireoide, alterações hepáticas.... Quadros secundários a questões neurológicas; Transtornos psiquiátricos. O que caracteriza uma psicose? São episódios únicos ou múltiplos de alucinações e delírios que um paciente pode vim a ter; esses quadros representam o transtorno de pensamento conhecido como esquizofrenia; A esquizofrenia é um assunto ainda muito discutido, mas suas principais causas defendidas são: fatores genéticos e fatores ambientais; vale lembrar, que o mais comum é um associação de fatores que desencadeiam esse transtorno no paciente. Quais são os sintomas da esquizofrenia? Os sintomas da esquizofrenia são divididos em duas categorias: Sintomas positivos: são aqueles em que o indivíduo desenvolve funções anormais Alucinações Delírios Fala desorganizada Comportamento catatônico Sintomas negativos: é a perda ou redução de funções normais. Isolamento social Afeto embotado – redução na gama ou na intensidade das expressões emocionais Alogia – diminuição na fluência da fala Avolição – redução na iniciativa de decidir como agir em função de motivações Hipóteses sobre as alterações neuroquímicas ocorridas na Esquizofrenia Hipótese dopaminérgica Níveis elevados e desregulados de neurotransmissão de dopamina no cérebro; Pacientes que usam substancia que elevam os níveis de dopamina ou eu ativam os receptores de dopamina no SNC desenvolvem um estado esquizofrênico Quando há uma redução de dopamina, os pacientes esquizofrênicos apresentam uma melhora clínica significativa Acredita-se que a desregulação da neurotransmissão dopaminérgica na esquizofrenia ocorra em locais anatômicos específicos do cérebro. O sistema mesolímbico é um trato dopaminérgico que se origina na área tegmental ventral e se projeta para o nucleus accumbens no estriado ventral, partes do corpo amigdaloide e hipocampo, bem como outros componentes do sistema límbico. Esse sistema está envolvido no desenvolvimento das emoções e da memória, e alguns aventaram a hipótese de que a hiperatividade mesolímbica constitua o fator responsável pelos sintomas positivos da esquizofrenia. Os neurônios dopaminérgicos do sistema mesocortical originam-se na área tegmental ventral e projetam-se para regiões do córtex cerebral, particularmente o córtex pré-frontal. Como o córtex pré-frontal é responsável por atenção, planejamento e comportamento motivado, foi formulada a hipótese de que o sistema mesocortical possa desempenhar um papel nos sintomas negativos da esquizofrenia. Efeitos dos antipissicóticos Aspectos farmacocinéticos dos antipsicóticos: São altamente lipossolúveis: possuem alta afinidade a lipoproteínas plasmáticas e alto metabolismo de primeira passagem no fígado; Meia-vida errática: apresentam meia-vida indefinida, dessa maneira, na maioria das vezes, considera-se que a meia-vida do fármaco é de um dia; Via de administração: pode ser uso por via oral para tratamentos crônicos e intramuscular em casos de crises agudas; Haloperidol e flufenozina: são fármacos que se apresentam como ésteres de decanoato, sendo administrados por via intramuscular, liberação lenta e prolongada, sendo administrados a cada 3 ou 4 semanas. Vale ressaltar que antipsicóticos típicos não impedem o acontecimento de sintomas negativos Efeitos adversos dos antipsicóticos típicos: Sintomas Parkisonianicos – efeitos extrapiramidais Na medida em que a estimulação endógena dos receptores D2 de dopamina inibe a via indireta nos núcleos da base, o antagonismo dos receptores D2 por agentes antipsicóticos típicos pode desinibir a via indireta e induzir, portanto, sintomas parkinsonianos. Esses sintomas podem ser algumas vezes tratados com fármacos não dopaminérgicos para a doença de Parkinson, como a amantadina e agentes anticolinérgicos. Os agentes dopaminérgicos são frequentemente ineficazes, em decorrência da alta afinidade dos antagonistas pelo receptor D2 e visto que, quando usados nessa situação, os agentes dopaminérgicos podem causar recidiva dos sintomas da esquizofrenia. Síndrome neuroléptica maligna (SNM) Rara, porém potencialmente fatal, caracterizada por catatonia, estupor, febre e instabilidade autonômica; ocorrem mioglobinemia e morte em cerca de 10% desses casos. A SNM está mais comumente associada aos fármacos antipsicóticos típicos que apresentam alta afinidade pelos receptores D2, como o haloperidol. Pode ser também observada em pacientes com doença de Parkinson que interrompem subitamente os medicamentos dopaminérgicos, ressaltando a importância da dopamina na etiologia da SNM. Acredita-se que os sintomas surjam, pelo menos em parte, das ações dos antipsicóticos sobre os sistemas dopaminérgicos no hipotálamo, que são essenciais para a capacidade do corpo de controlar a temperatura. Aumento da secreção de prolactina Ação antagonista nos receptores de dopamina na hipófise, em que a dopamina inibe intensamente a secreção de prolactina. O antagonismo dos receptores D2 aumenta a secreção de prolactina, resultando em amenorreia, galactorreia e teste falso-positivo para gravidez em mulheres, causando, ainda, ginecomastia e diminuição da libido nos homens. Mecanismo de ação dos antipsicóticos: Os típicos bloqueiam os receptores D2 em todas as vias dopaminérgicas do SNC, sendo visto seu mecanismo de ação como um antagonista de receptores D2 mesolímbicos e, talvez, mesocorticais Os antipsicóticos típicos são divididos em várias classes estruturais, das quais as mais proeminentes são as fenotiazinas e as butirofenonas. A clorpromazina é o protótipo das fenotiazinas, enquanto o haloperidol é a butirofenona mais amplamente utilizada. Apesar de diferenças na estrutura e na atividade pelos receptores D2, todos os antipsicóticos típicos apresentam eficácia clínica semelhante em doses padrão. Em geral, as fenotiazinas alifáticas (como a clorpromazina) são antagonistas menos potentes nos receptores D2 que butirofenonas, tioxantenos (que têm o nitrogênio no núcleo de fenotiazina substituído por um carbono) ou fenotiazinas funcionalizadas com um derivado piperazina (como a flufenazina). Para todos esses fármacos, pode-se ajustar a dose clínica para levar em consideração a afinidade de ligação do receptor D2 in vitro, de modo que a eficácia não seja afetada pela potência em doses clinicamente úteis. Todavia, a potência dos antipsicóticos típicos é fundamental na determinação do perfil de efeitos adversos dos fármacos.
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