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Educação, Trabalho e Cidadania

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Universidade Aberta do Brasil
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
Diretoria de Educação a Distância
Fortaleza, CE
2013
Licenciatura em Educação Profissional, Científica e Tecnológica
Trabalho e Educação
Océlio Jackson Braga
Elenilce Gomes de Oliveira
Presidente
Dilma Vana Rousseff
Ministro da Educação
Aloízio Mercadante Oliva
Presidente da CAPES
José Almeida Guimarães
Diretor de EaD - CAPES
João Carlos Teatini Clímaco
Reitor do IFCE
Virgílio Augusto Sales Araripe
Pró-Reitor de Ensino
Reuber Saraiva de Santiago
Diretora de EAD/IFCE e Coordenadora 
UAB/IFCE
Cassandra Ribeiro Joye
Coordenadora Adjunta UAB 
Cristiane Borges Braga
Coordenadora do Curso de Licenciatura
em Educação Profissional, Científica e 
Tecnológica
Gina Maria Porto de Aguiar
Elaboração do conteúdo
Océlio Jackson Braga
Elenilce Gomes de Oliveira
Colaboradora
Lívia Maria de Lima Santiago
Equipe Pedagógica e Design Instrucional
Daniele Luciano Marques
Iraci de Oliveira Moraes Schmidlin
Isabel Cristina Pereira da Costa
Jane Fontes Guedes
Karine Nascimento Portela
Lívia Maria de Lima Santiago
Luciana Andrade Rodrigues
Maria Cleide da Silva Barroso
Márcia Roxana da Silva Regis
Marília Maia Moreira
Saskia Natália Brígido Batista
Virgínia Ferreira Moreira
Equipe Arte, Criação e Produção Visual
Benghson da Silveira Dantas
Camila Ferreira Mendes
Denis Rainer Gomes Batista
Érica Andrade Figueirêdo
Luana Cavalcante Crisóstomo
Lucas de Brito Arruda
Lucas Diego Rebouças Rocha
Marco Augusto M. Oliveira Júnior 
Quezia Brandão Souto
Rafael Bezerra de Oliveira
Suzan Pagani Maranhão
Equipe Web
Aline Mariana Bispo de Lima
Benghson da Silveira Dantas 
Corneli Gomes Furtado Júnior
Fabrice Marc Joye
Germano José Barros Pinheiro
Herculano Gonçalves Santos
Lucas do Amaral Saboya
Pedro Raphael Carneiro Vasconcelos
Samantha Onofre Lóssio
Tibério Bezerra Soares
Áudio
Lucas Diego Rebouças Rocha
Revisão 
Antônio Carlos Marques Júnior
Aurea Suely Zavam
Débora Liberato Arruda Hissa
Nukácia Meyre Araújo de Almeida
Saulo Garcia
Logística
Francisco Roberto Dias de Aguiar
Secretários
Breno Giovanni Silva Araújo
Laide Ane de Oliveira Ferreira
Auxiliar
Charlene Oliveira da Silveira
Daniel Oliveira Veiga
Nathália Rodrigues Moreira
Yara de Almeida Barreto 
Créditos
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0
Braga, Océlio Jackson
 Trabalho e Educação / Océlio Jackson Braga; Elenilce Gomes de 
Oliveira. Coordenação Cassandra Ribeiro Joye. - Fortaleza: UAB/ IFCE, 
2013.
99 p. : il. ; 27cm.
ISBN 978-85-63953-87-2
 1. TRABALHO. 2. EDUCAÇÃO. 3. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. 
4. ENSINO. 5. EGRESSOS. I. Joye, Cassandra Ribeiro (Coord.). II. 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE. III. 
Universidade Aberta do Brasil – UAB. IV. Título.
CDD 371.3078
B813t 
Catalogação na Fonte: Tatiana Apolinário Camurça CRB- 3 / 1045
SUMÁRIO
AULA 1
AULA 2
AULA 3
Tópico 1 
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 4
O trabalho como a categoria fundante das 
relações sociais 9
O trabalho: das sociedades tribais à sociedade 
capitalista 11
As implicações da relação capital e trabalho e o 
desenvolvimento do trabalho 23
Ciência, tecnologia e a indústria cultural no mundo 
do trabalho 41
Capitalismo de livre concorrência na indústria 
nascente 28
Capitalismo monopolista ou imperialista 31
As diferentes visões sobre o trabalho no mundo 
contemporâneo15
Apresentação 7
Referências 94
Tópico 1
Tópico 2
Tópico 3
Tópico 4
Tópico 1
Trabalho e Educação no contexto socio-
econômico contemporâneo (Parte I) 8
Trabalho, ciência e cultura 40
Trabalho e Educação no contexto socio-
econômico contemporâneo (Parte II) 22
Currículo 99
Capital, trabalho e as crises econômicas19
Capitalismo tardio 34
AULA 4
AULA 5
AULA 6
Tópico 1 
Tópico 2
Cultura e educação na formação do indivíduo 53
Os intelectuais orgânicos e a formação cultural da 
classe trabalhadora 59
Organização e controle do trabalho: retomando a 
discussão do perfil profissional 66
Escolaridade e competências subjetivas no merca-
do de trabalho: a corrida pela empregabilidade 81
A escolaridade como elemento preferencial dos 
jovens para acesso ao mercado de trabalho e a 
situação do emprego no brasil 87
Qualificação e competência: alguns elementos 
para a discussão 73
Tópico 1
Tópico 2
Tópico 1
Tópico 2
A cultura e a educação como elemen-
tos de reprodução e transformação 
social 52
A educação escolar e a força de trabalho no 
âmbito das relações entre capital e trabalho 
e a situação do emprego no Brasil 80
Perfil profissional: a transição 
escola e trabalho 65
7
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo à disciplina Educação, Trabalho e Cidadania!
Se você é ou deseja ser um educador, certamente precisará do que vamos tratar 
aqui, pois você compreenderá a escola no contexto das relações entre educação, 
trabalho e cidadania. A disciplina está dividida em seis aulas, as quais, por sua vez, 
estão divididas em tópicos.
Nas duas primeiras aulas, abordaremos o trabalho e a educação no contexto 
socioeconômico contemporâneo. Ao final, esperamos que você compreenda as 
principais transformações que ocorreram no sistema produtivo, bem como seu 
impacto na organização social e na educação dos trabalhadores.
Nas duas seguintes, discutiremos trabalho, ciência e cultura. Você perceberá que 
o trabalho e a ciência influenciam a forma como nos relacionamos uns com os 
outros e como lidamos com as coisas que produzimos. Compreenderá, ainda, 
que a educação escolar dialoga com outros saberes advindos da experiência dos 
sujeitos em espaços diversos de sua existência.
Nas aulas finais, analisaremos a transição da escola ao trabalho, discutindo 
perfil profissional, tensões e preocupações dos trabalhadores nessa transição. A 
finalidade é que você compreenda as novas exigências do mundo globalizado na 
formação do trabalhador.
Então, vamos começar!
APRESENTAÇÃO
8 Traba lho e Educação
AULA 1 Trabalho e Educação no contexto socioeconômico 
contemporâneo (Parte I)
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula, abordaremos a primeira parte sobre trabalho e a educação no contexto 
socioeconômico contemporâneo. Ao final, esperamos que você compreenda as 
principais transformações históricas que ocorreram no sistema produtivo, bem 
como seu impacto na organização da classe dos trabalhadores.
Objetivos
• Entender a importância do trabalho no contexto das diferentes sociedades 
existentes
• Compreender a divisão social do trabalho, seus avanços e contradições na 
organização da sociedade contemporânea
• Relacionar trabalho, capital e mercadorias à situação de exploração dos 
trabalhadores
9
A vida em sociedade depende da nossa capacidade de produzir os bens necessários à nossa sobrevivência. Água, alimentação, roupas, remédios, moradia, lazer, móveis e utensílios são apenas 
alguns exemplos. Desde os primórdios da civilização, a produção de bens para 
a satisfação das nossas necessidades sempre exigiu não só tempo, habilidades e 
dedicação à sua fabricação, mas a condição imprescindível de nos relacionarmos 
socialmente para trocar os bens produzidos, uma vez que sozinhos não somos 
capazes de produzir durante uma jornada de trabalho o que precisamos para viver 
com dignidade e conforto.
Assim, o trabalho além de ser uma atividade social está relacionado à nossa 
capacidade de ensinar às novas gerações o que fazer. Todavia, ao executar o ato 
de ensinar e aprender, é certo que o homem pode desenvolver e acrescentar novos 
conhecimentos e novas habilidades e, dessa forma, criar novos objetos de uso ou 
troca e estabelecer ou até ampliar as relações sociais a partir dos bens produzidos, 
dos saberes constituídos, e das formas como se relacionam entre si. 
Podemos concluir então que a continuação do trabalho como condição para 
a existência da vida em sociedade sempre exigiu a sua reprodução ao longo dos 
tempos na forma de um conjunto de saberes epráticas comumente chamados por 
nós de educação, cuja finalidade – além nos preparar para viver e transformar 
a sociedade – deve garantir nossa formação para o mundo do trabalho e nossa 
realização pessoal e coletiva.
TÓPICO 1 O trabalho como a categoria fundante das relações sociais
ObjetivO
• Compreender trabalho como categoria determinante 
para a vida em sociedade
AULA 1 TÓPICO 1
Matemát ica Bás ica I I1010 Traba lho e Educação
Cabe acrescentar: não há garantia de sobrevivência do gênero humano senão 
por meio do trabalho, pois, como vimos, ele permite tanto a sobrevivência das 
pessoas quanto a reprodução da existência delas pela capacidade de aprender das 
novas gerações. Com isso, não estamos afirmando que a vida humana se resume a 
trabalho, mas que ele é imprescindível para a existência em sociedade. Por certo, 
não vivemos para o trabalho; contudo, sem ele tampouco existe vida.
Vale ressaltar ainda que as pessoas trabalham e não obtêm diretamente o seu 
alimento, abrigo, lazer, etc. Elas recebem um pedaço de papel ou de metal (atualmente 
as moedas são confeccionadas com uma liga de aço inox e bronze, por exemplo) onde 
está atribuído um valor monetário, permitindo-lhes comprar mercadorias como: 
casa, comida, roupas, eletrodomésticos, objetos de decoração, brinquedos, etc. O 
pagamento, em dinheiro, do trabalho realizado por outra pessoa tornou-se mais 
interessante do que a simples troca de objetos.
Imagine como acontecia no início da civilização: você 
construía duas cadeiras e as levava ao mercado para trocar 
por leite e carne. Ao final do dia, não encontrou ninguém 
interessado em cadeiras. Nos dias seguintes você também 
não obteve sucesso com a troca e você continuou sem a 
carne e o leite de que tanto precisava. Ora, assim não dá para 
viver não é mesmo? Seria necessário que surgisse algo que 
facilitasse as trocas e fosse universal. É dessa necessidade de 
facilitar as trocas que nasceu o dinheiro.
O dinheiro tornou-se tão útil que passou a pagar o 
trabalho realizado por uma pessoa ou por um grupo de 
pessoas e tornou-se universal a tal ponto que atingimos 
uma forma de organização de vida em sociedade em que 
não trabalhamos para receber outra coisa, senão dinheiro 
ou salário. Portanto, o dinheiro está na base da organização 
social capitalista que caracteriza o mundo contemporâneo. 
Mas nem sempre foi assim.
Você percebeu que o trabalho está relacionado não só às 
questões de satisfação das nossas necessidades materiais, 
mas a própria vida em sociedade depende da divisão social 
do trabalho e de formas de compensação como o dinheiro 
como forma de trocarmos os objetos produzidos.
S A I B A M A I S
Acesse o site https://www.
bcb.gov.br/htms/origevol.asp 
e obtenha mais informações 
sobre a “Origem e Evolução do 
dinheiro”.
V o c ê S A B I A?
O salário mínimo surgiu no Brasil 
em meados da década de 1930 com 
a lei nº 185 de janeiro de 1936 e 
regulamentada pelo Decreto-Lei nº 
399 de abril de 1938. Mas o nome 
vem do latim salarium, e tem sua 
origem na prática de pagamento com 
“sal” que era realizada aos soldados 
romanos por seus serviços prestados.
https://www.bcb.gov.br/htms/origevol.asp
https://www.bcb.gov.br/htms/origevol.asp
11AULA 1 TÓPICO 2
TÓPICO 2
O trabalho: das sociedades 
tribais à sociedade capitalista
• Conhecer os aspectos históricos das so-
ciedades primitivas até a sociedade atual 
ObjetivO
Nas sociedades tribais, por exemplo, sejam de tempos remotos ou atuais, muitos estudiosos classificaram o modo de trabalho e a produção marcados por uma economia de subsistência e pelo 
uso de ferramentas rudimentares devido a inexistência de atividade comercial ou 
produção em escala relevante. Embora constitua um engano, pois o trabalho desses 
povos tribais foi muitas vezes erroneamente avaliado pelos critérios do modo de 
produção da sociedade atual, podemos concluir que nem sempre o trabalho existiu 
como uma atividade penosa. 
O antropólogo Marshall Sahlins (1974) afirma 
que muitas dessas sociedades dedicavam poucas 
horas ao trabalho para suprir suas necessidades, 
restando-lhes muito tempo livre, sendo, mais 
adequado classificá-las como “sociedades da 
abundância e do lazer”. As tarefas como caçar, 
colher frutos, pescar, ainda que divididas por 
sexo ou idade estão relacionadas a crenças, rituais 
e ocorrem em perfeita harmonia com a natureza. 
Assim, não há a divisão do trabalho como 
conhecemos na agricultura ou na fábrica. Portanto, 
não constituíam um “mundo do trabalho”. Mas, 
nem por isso, podem ser consideradas inferiores 
ou atrasadas já que conseguiam gozar de uma qualidade de vida singular.
Figura 1 - Gravura: Índio caçando com arco (1565)
Fonte: Biblioteca Nacional (BN, REcvS 360 A.)
Matemát ica Bás ica I I1212 Traba lho e Educação
Entre as civilizações da Antiguidade, os gregos e os 
romanos sintetizam bem as diversas formas de representação 
do trabalho que estavam relacionadas à escravidão. 
Embora existissem outros trabalhadores como os artesãos, 
camponeses e meeiros, a produção dependia praticamente 
dos escravos.
Entre as civilizações da Antiguidade, os gregos e os 
romanos sintetizam bem as diversas formas de representação 
do trabalho que estavam relacionadas à escravidão. 
Embora existissem outros trabalhadores como os artesãos, 
camponeses e meeiros, a produção dependia praticamente 
dos escravos.
Os senhores e proprietários de terras eram os cidadãos 
e viviam do “ócio”, do tempo livre dedicado à política e 
à vida pública na administração da cidade e de seus bens. 
Na obra, A República, o filósofo Platão (427-347 a.C.) define 
claramente qual o papel de cada classe social na pólis: há os 
que defendem a cidade (os guerreiros); os que a administram 
(sábios cidadãos; excluindo, mulheres, crianças, estrangeiros 
e escravos); e os que produzem os bens necessários à sua 
existência pelo seu trabalho (os escravos, os artesãos e 
camponeses). A ideia de trabalho para os gregos estava 
relacionada a três diferentes concepções: labor ou “trabalho 
braçal” como o cultivo da terra; poiesis ou “trabalho de 
fabricar” como os artesãos, ferreiros, escultores, etc.; e práxis ou “atividade dos 
cidadãos” que se ocupam da ética e da política na vida pública (ARENTD, 2000).
Na Idade Média, o trabalho continuou nas sociedades feudais com o aspecto 
negativo, pois se tratava de uma atividade inferior, cansativa, penosa, repetitiva 
e extenuante que deveria ser realizado pelos servos, pelos camponeses livres e 
aldeãos. Talvez por considerar esse aspecto negativo, muitos historiados atribuem 
a origem da palavra trabalho ao vocábulo latino tripallium, cujo significado está 
relacionado a “instrumento de tortura”. A visão judaico-cristã de que o homem 
deveria viver do suor do seu rosto, ou seja, do trabalho árduo, corroborava esse 
aspecto negativo e mantinha a organização social. Mas, como você pode perceber, 
nem os nobres, nem os religiosos exerciam a atividade laboral que abastecia os 
V o c ê S A B I A?
Meeiros eram os agricultores 
que trabalhavam em terras que 
pertenciam a outras pessoas. Eles 
se ocupavam de todo o trabalho e 
repartiam com o dono da terra o 
resultado da produção. Geralmente 
o que recebiam era um pequeno lote 
onde podiam morar e cultivar a terra 
em benefício de sua família. 
V o c ê S A B I A?
Pólis: segundo Marilena Chauí 
(2002), é a cidade-estado grega; 
ou a reunião dos cidadãos em seu 
território e sob suas leis. É dela que 
deriva a palavra política que é a 
busca do bem comum.
13
feudos e as cidades medievais. 
O fragmento a seguir é um trecho dos escritos do bispo Adalberon (947-
1031) de Lion, França, e nos dá uma ideia de como era a organização social em 
torno do trabalho:
Os nobres são os guerreiros, os protetores das igrejas, defendem a todo o povo, 
aos grandes da mesma forma que aos pequenos [...]. A outra classe é a dos 
servos, esta raça dedesgraçados não possui nada sem sofrimento, fornecem 
provisões e roupas a todos, pois os homens livres não podem valer-se sem eles 
(ARLOTA, 1975, p. 70 apud PINSKY, 1982, p. 71).
No período medieval, havia também as corporações de ofício constituídas por um 
mestre de ofício e seus aprendizes (entre eles adolescentes e jovens) que fabricavam 
artesanatos, roupas, instrumentos de trabalho, e até construções como prédios, igre-
jas, praças, etc. Como os servos, também as corporações de ofício estavam obrigados a 
pagar altas taxas de impostos ao rei e ao senhor feudal onde atuavam. As corporações 
eram obrigadas a se comprometer com a ordem e a obedecer às leis locais.
Somente na Idade Moderna, com a emergência do mercantilismo e do capitalismo 
é que o trabalho assumiu um aspecto positivo. Com a expansão do comércio, com 
as grandes navegações e mudanças no cenário político das monarquias que, paula-
tinamente, cederam lugar aos estados nacionais, o trabalho escravo e dos servos foi 
sendo substituído pelo trabalho remunerado nas grandes cidades. 
No início, artesãos e pequenos produtores se tornaram assalariados, pois passa-
ram a trabalhar para a nova classe emergente: os comerciantes e capitalistas indus-
triais que organizaram a produção para o consumo em massa. O produto como re-
sultado do trabalho assalariado era a mercadoria que não se destinava somente ao 
consumo pessoal ou familiar local, mas à venda em grande escala.
Aqueles artesãos das corporações de ofício que dominavam o processo de pro-
dução em pequenos grupos e poucas quantidades e trabalhavam em casa ou numa 
oficina atuavam na forma de uma cooperação simples com uma pequena produção e 
com o lucro dividido entre eles ou pagos na forma de salário. 
Paulatinamente, deram lugar às formas de cooperação avançada dirigidas pelos 
capitalistas que tinham recursos para investir na produção em escala maior com o 
objetivo de venda e o consumo em massa. A essa cooperação avançada também é co-
nhecida como o nome de produção manufatureira. 
A diferença para a cooperação simples ou “manufatura simples” é que o trabalha-
AULA 1 TÓPICO 2
Matemát ica Bás ica I I1414 Traba lho e Educação
dor, embora continuasse como artesão, já não dominava todo o processo produtivo. 
Na produção de sapatos, por exemplo, cada um cuidava de uma parte e só dominava 
o que lhe era ensinado a fim de garantir os segredos da produção. Esta é coletiva so-
mente no sentido de envolver vários trabalhadores com habilidades específicas para 
realizar, cada qual, a parte que lhe compete no processo produtivo manufatureiro. 
O produto final desejado pelo novo dono da produção (o capitalista) é a merca-
doria que será vendida e parte do lucro obtido será utilizada para pagar o salário do 
trabalhador. Ressalte-se que a relação capitalista-trabalhador-mercadoria-lucro nun-
ca foi uma relação pacífica, pois ela esconde algumas contradições de classe social 
que iremos aprofundar.
No tópico a seguir estudaremos as diferentes visões sobre o trabalho levando em 
consideração o mundo contemporâneo. 
15
TÓPICO 3 As diferentes visões sobre o trabalho no mundo contemporâneo
• Relacionar capitalismo e Revolução 
Industrial às modificações no mundo do 
trabalho e à luta de classes
• Entender as diferentes concepções sobre 
a divisão social do trabalho 
ObjetivOs
Como é vista a situação do trabalhador no mundo contemporâneo? 
Também não é diferente apesar do avanço técnico-científico e da conquista 
de alguns direitos sociais e trabalhistas. A situação do trabalhador continua sendo 
de exploração. Vamos comparar, a seguir, duas 
visões: a do filósofo social e economista alemão Karl 
Marx (1818-1883) e a do sociólogo francês Émile 
Durkheim (1858-1917) sobre a relação trabalho-
sociedade no mundo contemporâneo. Ambos 
iniciam suas pesquisas sobre o fenômeno histórico 
da Revolução Industrial e a crescente especialização 
do trabalho promovida pela produção industrial 
moderna e pelos conflitos entre trabalhadores e 
capitalistas.
Em sua primeira obra, A divisão social 
do trabalho (1893), Durkheim enuncia dois 
princípios básicos que devem orientar quem 
deseja compreender o trabalho na sociedade: 
consciência coletiva e solidariedade mecânica e 
orgânica.
S a i b a m a i s
Revolução Industrial: de acordo 
com o historiador Eric Hobsbawm 
(1917-2012), trata-se de um conjunto 
de mudanças profundas não só no 
campo técnico-científico que teve 
início por volta de 1760, na Inglaterra, 
e alterou o modo de os seres humanos 
viverem, relacionarem-se e produzirem 
mercadorias. O modo de produção 
predominante nas cidades europeias 
antes da Revolução Industrial consistia 
no artesanato e na manufatura.
AULA 1 TÓPICO 3
Matemát ica Bás ica I I1616 Traba lho e Educação
Por consciência coletiva, Durkheim (2005) entende a 
existência de um conjunto de crenças e sentimentos comuns 
aos membros de uma comunidade/sociedade e que estão 
presentes nas regras, normas, leis e costumes que garantem 
sua integração. Ela influencia o comportamento dos 
indivíduos e permanece como herança passada às gerações 
futuras por intermédio da educação, sendo percebida no 
modo de vida, na cultura por eles desenvolvida. Dessa 
forma, a sociedade ‘prevalece sobre o indivíduo por meio 
das instituições sociais como a família, a escola, o Estado que 
solidificam as relações sociais, o trabalho e a modo de vida 
de seus membros.
Nas sociedades primitivas, por exemplo, a coerção social era mantida pelos 
costumes, tradições e pouca diversidade da divisão do trabalho. Nelas o indivíduo 
poderia sofrer severas punições se ousasse romper com o conjunto de crenças e 
sentimentos que mantinham unido seu grupo. A esta forma de integração social 
Durkheim (2005) chamou de solidariedade mecânica. 
Com a complexa vida em sociedade que evolui ao longo dos tempos, além da 
crescente diferença de crenças e valores, o trabalho se diversificou, aumentando 
as relações de troca e dependência mútua entre as pessoas. As sanções repressivas 
baseadas somente na tradição já não eram suficientes, mas foram instituídos novos 
sistemas sociais para manter coesa a sociedade como o sistema legislativo, penal, 
comercial, econômico, educacional, etc. 
O princípio da solidariedade orgânica é justamente baseado na diversificação 
das relações sociais e na divisão do trabalho que gerou uma interdependência das 
funções sociais. Ou seja, necessitamos uns dos outros para garantir a sobrevivência 
coletiva e as instituições sociais são responsáveis por manter a harmonia social 
mediante a aplicação de leis e punições. Para Durkheim (2005), os constantes e 
violentos conflitos entre os trabalhadores e os capitalistas de sua época na divisão 
do trabalho são consequências de uma anomia, isto é, da ausência ou insuficiente 
normatização das relações sociais ou, ainda, falta de regulamentação das relações 
trabalhistas por instituições competentes.
Não há dúvida de que as ideias de Émile Durkheim contribuíram para nossa 
compreensão da organização social e da divisão do trabalho. Ele concordava que os 
conflitos existentes entre trabalhadores e empresários podiam ser resolvidos se as 
Figura 2 – Émile Durkheim
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/
24/Emile_Durkheim.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/ 24/Emile_Durkheim.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/ 24/Emile_Durkheim.jpg
17
instituições sociais fossem fortalecidas e mediassem os problemas entre empresários 
e trabalhadores. Mas mesmo com a mediação do Estado, no século XX, isso não se 
confirmou. 
Vamos compreender agora, na visão de Karl Marx, os principais processos 
que modificaram, ao longo do tempo, a divisão do trabalho no contexto das relações 
sociais.
Os animais caçam, acumulam comida, mas suas ações são meramente 
instintivas. A formiga, a abelha ou a aranha, por exemplo, apenas executam aquiloque está predeterminado em sua natureza. Marx foi um dos primeiros a afirmar 
que o trabalho é uma atividade exclusivamente humana. Para ele, o trabalho é 
o fundamento que possibilita a vida em sociedade e se apresenta como a ação 
criativa que nos diferencia dos animais e nos realiza como seres humanos. Somente 
o homem cria valor ao produzir algo para uso ou troca com pleno exercício de 
sua consciência e liberdade. Portanto, o trabalho é uma atividade exclusivamente 
humana; e, no trabalho que o homem produz estão implícitos os conhecimentos 
e as habilidades desenvolvidos que são ensinados às novas gerações para que 
seja possível a continuação da existência em sociedade (Marx, 1983). Nisto está 
implícito o princípio básico da educação como reprodução do saber social: alguém 
ensina e alguém aprende, e a interação entre os indivíduos é que resulta na ação 
social. Mas diferentemente de Durkheim, para Marx, a existência de conflitos em 
qualquer sociedade tem sua origem na luta de classes sociais.
Marx (1983) observou em seu tempo que, com o advento da Revolução 
Industrial em meados do século XVIII, a produção e o consumo expandiram, em 
escala global, o que consolidou o sistema capitalista. Este, por sua vez, modificou 
o modo como compreendemos o trabalho nas relações sociais em todas as culturas, 
dando origem, a partir das ruínas da sociedade feudal, a duas classes antagônicas: 
a burguesia e o proletariado. Se olharmos para a Idade Média, as classes sociais 
AULA 1 TÓPICO 3
O que é trabalho? Você concorda que é a atividade mediante a qual 
as pessoas buscam a sobrevivência? E os animais? Podemos afirmar 
que eles trabalham? 
Matemát ica Bás ica I I1818 Traba lho e Educação
antagônicas são: os senhores feudais e os servos, camponeses e escravos. Na 
sociedade antiga: os patrícios e os plebeus.
Assim, para Marx, o mundo do trabalho tornou-se o mundo do capital, as 
relações sociais erguem-se a partir das relações de produção, sendo, na sociabilidade 
burguesa, relações antagônicas, pois somente uma classe usufrui do produto da 
riqueza social pela acumulação do capital, restando aos trabalhadores a parte 
relativa à sua sobrevivência, paga na forma de salário MARX (s/d apud BEZERRA, 
2011).
Vamos agora aprofundar esses conceitos que caracterizam o pensamento 
marxiano.
19
TÓPICO 4 Capital, trabalho e as crises econômicas
• Relacionar capital e trabalho ao sistema 
produtivo e às formas de remuneração do 
trabalhador
• Entender o lucro como parte da riqueza 
gerada pela força de trabalho
ObjetivOs
O capital, cabe esclarecer, não é somente o dinheiro. Por natureza, o capital é uma relação social que funciona à base de acumulação de riquezas; se essa acumulação não for mais 
possível, as relações sociais e as relações de produção entram em crise e 
deterioram-se (MARX, 1983). 
Um exemplo notável de uma crise na 
sociedade capitalista foi a Crise de 1929, nos 
EUA, com a quebra da bolsa de valores de 
New York, que gerou a falência de milhares de 
empresas e milhões de desempregados (BRENER, 
1998). 
No sistema capitalista, crises econômicas 
acontecem com certa regularidade. Para evitar o 
colapso desse modelo econômico, o capital modifica-
se, metamorfoseia-se e inova os meios de produção 
– instrumentos e objetos de trabalho – com o uso da tecnologia regularizando a 
acumulação de riquezas e contornando as crises; o que, na maioria das vezes, exige 
a exploração da classe trabalhadora, incluindo, aqui, o achatamento dos salários, 
a perda de direitos sociais e trabalhistas e, claro, a adaptação aos novos processos 
produtivos através da qualificação profissional, como estudaremos mais adiante.
Na busca por dinheiro, o trabalhador vende a sua força de trabalho, 
S a i b a m a i s
Para obter mais informações sobre 
a Crise econômica de 1929, acesse o 
site https://www.mundovestibular.
c o m . b r / a r t i c l e s / 5 4 5 / 1 / A -
C R I S E - E C O N O M I CA - D E - 1 9 2 9 /
Paacutegina1.html
AULA 1 TÓPICO 4
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Matemát ica Bás ica I I2020 Traba lho e Educação
tornando-a disponível à produção como uma mercadoria, seja na área industrial, 
comercial ou de serviços. 
Para os detentores do capital a força de trabalho empreendida em qualquer 
atividade é apenas mais uma mercadoria que, juntamente com os instrumentos de 
trabalho, são adquiridas com a finalidade de desenvolver-se, aperfeiçoar-se a fim 
de elevar os níveis de produção com um objetivo: gerar lucro com a venda das 
mercadorias. 
Nesse sentido, explica Marx (1984, p. 105):
A produção capitalista não é apenas produção de mercadorias, é 
essencialmente produção de mais-valia. O trabalhador produz não para 
si, mas para o capital. Não basta, portanto, que produza em geral. Ele tem 
de produzir mais-valia. Apenas é produtivo o trabalhador que produz 
mais-valia para o capitalista ou serve à autovalorização do capital.
Segundo Marx (1983), o que o capitalista chama de lucro (mais-valia) é 
o trabalho excedente realizado pelo trabalhador – ou trabalho não pago, que é 
apropriado pelo contratante, ou melhor, pelo dono do capital monetário. Para 
compreender como o capitalista (dono da propriedade e dos meios de produção) 
apropria-se do trabalho excedente ou da riqueza gerada pelo trabalhador, reflita, a 
seguir, sobre a situação baseada na teoria de valor de Marx (1983): em uma fábrica 
de sapatos, um grupo de trabalhadores passa 8 horas trabalhando e produz 100 
O que o trabalhador recebe em troca? O salário do trabalho é óbvio. 
Mas o que é salário pago ao trabalhador? Corresponde somente às 
horas empregadas na produção de mercadorias? 
Pergunto a você: o lucro que é a “mais-valia” ou o “valor a mais” 
embutido no preço da mercadoria é gerado pelas máquinas? Pelo 
material empregado nela? Ou pelo trabalho? Concorda que é pelo 
trabalho? 
21
pares de sapatos. Retirando todos os custos com a produção, incluindo seus salários 
(70 pares), o excedente de riqueza gerado por eles equivale a 30 pares de sapatos 
que o capitalista, quando vender, irá chamar de lucro.
Os 30 pares de sapatos excedentes – sejam transformados em lucro ou não 
– constituem-se, grosso modo, na riqueza gerada que só se torna possível graças 
à força de trabalho do grupo. Todavia, no sistema capitalista, ela é compreendida 
como “resultado da produção”, “lucro” e não é dividida entre os trabalhadores e, 
sim, apropriada pelo capitalista. Assim, de acordo com essa lógica de acumulação 
de riqueza do capitalista, a força de trabalho empreendida no processo produtivo 
é considerada apenas mais uma mercadoria contratada pelo menor preço: o salário. 
Você compreende agora que todo produto criado ou transformado 
pelo trabalhador e colocado à venda contém um excedente de trabalho? Esta 
característica acrescenta ao produto o valor de troca, permitindo, por sua vez, a 
acumulação de riquezas, uma vez que o produto traz consigo uma quantidade de 
trabalho não paga a quem o produziu. 
O que resta então ao trabalhador? Responde Marx (2004, p. 28):
[…] ao trabalhador pertence a parte mínima e mais indispensável do produto; 
somente tanto quanto for necessário para ele existir, não como ser humano, 
mas como trabalhador, não para ele continuar reproduzindo a humanidade, 
mas sim a classe de escravos [que é a] dos trabalhadores.
A parte mínima é apenas o salário cuja medida é 
ajustada ao que pode custear sua miserável subsistência. 
Apesar do desenvolvimento da ciência e da tecnologia 
e da conquista de direitos sociais, ao longo do século 
XX, a classe trabalhadora ainda continuadestituída da 
riqueza que produz. Em seu cotidiano, você percebe a 
situação de exploração da classe trabalhadora?
Estamos acertados então quanto ao entendimento 
de que o trabalho é imprescindível ao gênero humano 
e que a divisão social do trabalho consiste na maneira 
como os homens organizam essa atividade básica 
indispensável para sua sobrevivência na sociedade contemporânea? Na próxima aula, 
apresentaremos os desdobramentos históricos do trabalho no contexto das mudanças 
no modo de produção capitalista e sua relação com a educação dos trabalhadores.
S a i b a m a i s
Para conhecer mais a situação dos 
trabalhadores na primeira fase da Revolução 
Industrial, assista ao filme: D’aens - Um 
Grito de Justiça, Ano: 1992, Direção: 
Stijn Coninx Gênero: Drama / Biografia 
/ Histórico
AULA 1 TÓPICO 4
22 Traba lho e Educação
AULA 2 Trabalho e Educação no contexto socioeconômico 
contemporâneo (Parte II)
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula você irá compreender as diferentes fases de desenvolvimento do 
capitalismo durante o avanço tecnológico da Revolução Industrial, bem como as 
formas de adaptação da classe trabalhadora ao processo produtivo. Esperamos 
que você entenda também como a educação foi utilizada no processo de 
formação e qualificação dos trabalhadores.
Então, vamos à aula!
Objetivos
• Conhecer os desdobramentos da relação trabalho e educação nas diferentes 
fases do capitalismo
• Compreender as diferentes formas de adaptação e resistência da classe 
trabalhadora às exigências de qualificação profissional do capital
23
TÓPICO 1 As implicações da relação capital e trabalho e o desenvolvimento do trabalho
• Conhecer as principais mudanças ocorri-
das no mundo do trabalho e na educação
ObjetivO
Neste tópico você compreenderá a relação entre trabalho e educação em seus desdobramentos 
históricos e as diferentes fases do capital em que 
a educação é tomada como forma de ampliar a 
produção e o lucro. Abordaremos também como 
a classe trabalhadora reagiu diante das mudanças 
tecnológicas que ocorreram no avanço do processo 
produtivo capitalista.
Na obra O Manifesto Comunista, de 1848, Karl 
Marx e Friedrich Engels, afirmam que “A História de 
toda a sociedade que existiu até agora é a História da 
luta de classes” (1996, p. 9). Isso nos faz pensar que 
a educação, assim como a economia, ou a política 
ou o desenvolvimento técnico-científico não podem 
ser analisados fora do referencial histórico e das 
relações sociais.
A educação escolar ou profissional, por 
exemplo, uma vez contextualizada historicamente 
a partir da luta de classes, sempre revela os reais 
interesses de seus idealizadores, bem como, se 
sua finalidade contempla apenas o domínio de 
V o c ê s a b i a?
Em 2012, em Barcelona, na Espanha, 
aproximadamente cem mil pessoas 
manifestaram nas ruas sua insatisfação 
com a política econômica e com o 
alarmante crescimento do desemprego, 
que atinge a taxa de 24% da população 
ativa (CALIXTO, 2012). 
S a i b a m a i s
O Manifesto Comunista é uma excelente 
obra para compreender a relação entre 
classes dominantes e classes dominadas a 
partir do referencial sociopolítico e histórico. 
Disponível em <http://www.ebooksbrasil.
org/adobeebook/manifestocomunista.
pdf>. Acesso: 23 abr 2013. 
AULA 2 TÓPICO 1
Matemát ica Bás ica I I2424 Traba lho e Educação
conteúdos e habilidades ou se visa à emancipação social de quem vai recebê-la. 
É o que vamos aprofundar a seguir com os estudos de Mariano Enguita, em sua 
obra A face oculta da escola (1989), e Michel Foucault (1926-1984) sobre disciplina e 
controle nas instituições coletivas.
Na sociedade capitalista, principalmente, a educação escolar é direcionada 
conforme o interesse do modo de produção de quem detém os meios de produção, e é 
imposta a classe trabalhadora para gerar mão de obra abundante, pois quanto maior 
o exército de trabalhadores disponíveis, menor será o valor pago a eles na forma de 
salário. Mas não é só isso. Há uma preocupação em disciplinar o indivíduo para que 
haja conforme as regras estabelecidas.
Nesse sentido, Enguita (1989), em seus estudos ste o surgimento da escola 
na Revolução Industrial, explica bem o direcionamento da educação em função do 
modelo de produção vigente ao afirmar que os capitalistas industriais exigiram do 
Estado, no século XVIII, providências para preparar, desde a primeira infância, um 
novo tipo de trabalhador que fosse dócil e obediente na rotina fabril. Não só com 
princípios cristãos, piedoso, humilde, resignado às promessas de que o reino dos céus 
passaria a ser dos pobres e de que os últimos seriam os primeiros, mas disciplinado e 
disposto a obedecer a ordens. E o instrumento apropriado para isso era a escola. Sobre 
documentos da época, relata Thompson (1967, p.84 apud ENGUITA 1989, p. 114):
Em 1772, William Powell já havia visto a educação como meio de adquirir 
ou instalar o ‘hábito laborioso’, e o reverendo William Turner, em 1786, 
enaltecia as escolas dominicais de Raikes como “um espetáculo de ordem e 
regularidade” e citava um fabricante Gloucester [Inglaterra] afirmando que as 
crianças que frequentavam as escolas voltavam “mais tratáveis e obedientes, e 
menos briguentas e vingativas”.
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/1/1a/Mariano_ern%C3%A1ndez.jpg
Figura 3 – Enguita
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/
en/5/52/Foucault5.jpg
Figura 4 – Foucault
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1a/Mariano_ern%C3%A1ndez.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/1a/Mariano_ern%C3%A1ndez.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/52/Foucault5.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/5/52/Foucault5.jpg
25
O pensador francês Michel Foucault (1926-1984), em seu livro Microfísica 
do Poder (1979), diferentemente de Émile Durkheim reconhece nas instituições 
coletivas como a prisão, o hospital, o exército, o trabalho, a escola, a forma mais 
dissimulada de disciplinamento do indivíduo pela criação de mecanismos de controle 
como as normas e regras destinadas a sufocar a iniciativa e a individualidade e não 
necessariamente manter a coesão social. 
Segundo Foucault, em espaços públicos como o mercado ou as praças ainda 
se podia desfrutar de certa liberdade, mas os espaços fechados pesquisados por ele 
desde a Revolução Industrial foram meticulosamente elaborados e manipulados 
para subjugar o indivíduo. As formas de controle podem ser verificadas na 
vigilância panóptica, na organização do espaço, no controle do tempo, nos registros 
contínuos das atividades e do conhecimento. 
Podemos também concluir que desde o século XIX, a tecnologia evoluiu e 
apareceram no cenário produtivo novas máquinas que exigiram uma organização 
maior e trabalhadores mais qualificados e o papel da educação não seria outro senão 
preparar o homem para dominar a máquina. Mas, nesse cenário, em que cada vez 
mais as máquinas assumem as funções do trabalhador, precisamos compreender 
qual o real papel da educação. 
Digamos que o modo de produção seja incrementado com novas máquinas, 
novas tecnologias que exijam do trabalhador a capacidade de mover essas máquinas 
ou de aprender uma nova habilidade para produzir mais. É aí que entra a educação, 
que passa a ser utilizada não só para qualificar o trabalhador, mas, também, como 
instrumento indireto de acumulação do capital. Afinal, os grupos humanos em 
determinada situação histórica demandam um tipo de educação que, por sua vez, 
articula-se com os “arranjos produtivos e com suas correspondentes estruturas 
sociais, políticas e culturais” (ARRAIS NETO, 2006, p. 21). 
AULA 2 TÓPICO 1
Você concorda que a ação disciplinadora e de controle na fábrica e na 
escola são muito semelhantes e visam subjugar o trabalhador?
Matemát ica Bás ica I I2626 Traba lho e Educação
Assim, qualquer projeto de educação é um projeto que traz em si interesses 
sociais, políticos eeconômicos e, como explicamos acima, o modo mais fácil e 
coerente de compreender as implicações entre educação e trabalho é situá-la 
historicamente no contexto da luta de classes, pois a classe dominante é quem 
determina o modelo de educação apropriada aos seus interesses. 
No quadro a seguir, você pode perceber como as fases de desenvolvimento 
da Revolução Industrial e do Capitalismo estão inter-relacionadas com os projetos 
educacionais implantados no mundo contemporâneo: 
Painel Histórico do Capitalismo
(Baseado em Ernest Mendel)
Revolução industrial
(Baseado em Eric Hobsbawm)
Relação Educação e 
Trabalho
Capitalismo de Livre Concor-
rência
1ª Fase: fim do século XVIII.
2ª Fase: de 1848 a 1873.
Substituição gradual da produção 
artesanal e manufatureira pela 
produção industrial capitalista
1ª Fase (1760 a 1850):
Predomínio da fabricação de 
bens de consumo; destaca-se 
a indústria têxtil e a energia a 
vapor.
Instrução elementar: Não 
havia interesse dos capi-
talistas nem do Estado em 
promover a educação para a 
classe trabalhadora. 
A produção industrial exigia 
o trabalho braçal e intenso 
dos operários. 
Capitalismo Monopolista ou 
Imperialista
- de 1870 a 1940: 
Expansão do capital para domi-
nar a nações subdesenvolvidas 
e alinhá-las aos interesses dos 
países dominantes.
2ª Fase (1850 a 1900):
Expansão da industrialização 
pelo mundo com o surgimento 
das novas formas de energia, 
como hidrelétricas e os deriva-
dos do petróleo e as melhorias 
no sistema de transporte, como 
as locomotivas e os barcos a 
vapor.
Taylorismo: a racionaliza-
ção do processo produtivo: 
administração científica.
Capitalismo Tardio
a partir de 1940 com a terceira 
revolução tecnológica.
3ª Fase (1900 a 1980)
Começa a formação das multina-
cionais. A produção fica automa-
tizada, inicia-se a produção em 
série e a sociedade de consumo 
em massa. Amplia-se os meios 
de comunicação, e surge a 
indústria química e eletrônica, 
a engenharia genética e também 
microeletrônica, a robótica e a 
informática.
Fordismo: seguindo os 
princípios do taylorismo, 
introduziu a linha de monta-
gem; a produção em série; e 
um sistema de recompensas 
e punições conforme o com-
portamento dos operários na 
fábrica. 
Toyotismo: modelo japonês 
que surgiu na década de 
1970 e inspirou novas mod-
elos de produção exigindo 
qualificação profissional do 
trabalhador.
Quadro 1: Painel Histórico do Capitalismo
Fonte: baseado no livro Capitalismo Tardio (1972) de Ernest Mendel
27
Aqui você compreendeu que a escola teve um papel importante como instituição 
social utilizada pelos capitalistas para preparar o trabalhador à rotina na fábrica, bem como 
percebeu as diversas fases de desenvolvimento do capital no mundo contemporâneo.
AULA 2 TÓPICO 1
28 Traba lho e Educação
TÓPICO 2 Capitalismo de livre concorrência na indústria 
nascente
• Relacionar liberalismo econômico e Revolução 
Industrial no desenvolvimento do capita-lismo 
concorrencial
ObjetivO
Segundo Ernest Mendel (1985), o capitalismo 
pode ser compreendido em três estágios históricos: 
1º estágio: capitalismo concorrencial; 2º estágio: 
capitalismo monopolista ou imperialista; e 3º 
estágio: capitalismo tardio. Em cada um deles, a 
relação trabalho e educação foi diferente, exigindo 
novas adaptações da classe trabalhadora que, ao 
longo do tempo, se organizou para reivindicar seus 
direitos.
O primeiro momento do capitalismo pode 
ser também chamado de “capitalismo de livre 
concorrência”, porque, baseada nos ideais do 
liberalismo econômico e, tendo início no fim do 
século XVIII, inaugurou um novo modo de produção 
que, gradativamente, destruiu a produção artesanal 
e nativa. 
A Revolução Industrial alterou, 
definitivamente, o modo de produção no qual 
predominou a fabricação de bens de consumo em 
uma escala intercontinental nunca antes vista na 
história da humanidade; com destaque da indústria 
V o c ê S A B I A?
Ernest Mandel (1923-1995) foi um importante 
economista, escritor, líder político e militante marxista 
que nasceu em Frankfurt, atuou na Bélgica e teve 
grande influência nos partidos de esquerda no mundo. 
Sua obra: “Capitalismo tardio” (1972) é considerada 
uma contribuição significativa para a compreensão 
histórica das metamorfoses do capitalismo e para a 
ação política do marxismo no século XXI.
V o c ê S A B I A?
Liberalismo econômico: teoria econômica que 
seguia os princípios dos Economistas Clássicos como 
o escocês Adam Smith (1723-1790). Pregaram a 
propriedade privada; a não intervenção do Estado na 
economia; a livre concorrência; e a lei da procura e da 
oferta, afirmando que o mercado se autorregulava.
29
têxtil, que adaptou a inovação tecnológica da energia a vapor a seu maquinário de 
produção tornando-se, em pouco tempo, a principal fonte de riqueza por retirar 
seu lucro do trabalho excedente dos trabalhadores.
A produção artesanal e manufatureira que garantia a sobrevivência familiar 
ou de grupos de famílias organizados em oficinas de produção não conseguiu 
competir e diversificar seus produtos como a indústria nascente. Entre os anos 
de 1840 a 1870, a indústria têxtil tornou-se a melhor opção de empregabilidade, 
levando ao inchamento populacional as metrópoles, principalmente, da Grã-
Bretanha e dos EUA. Posteriormente, França, Bélgica, Itália, Japão e Espanha 
adotaram o modelo industrial-capitalista, iniciando uma verdadeira corrida pela 
construção de estradas e ferrovias, a fim de facilitar a distribuição e o escoamento 
das mercadorias e a abertura de novos mercados. A acumulação primitiva do capital 
em todos esses países dependia principalmente da exploração dos trabalhadores 
que chegavam a trabalhar 12 a 16 horas por dia em condições desumanas.
O grau de instrução escolar atingia uma quantidade ínfima de alguns 
estamentos da sociedade. Não havia interesse dos capitalistas nem do Estado 
em promover a educação para a classe trabalhadora. Poucos conseguiam uma 
instrução elementar (baixo domínio da leitura e habilidade de fazer contas). Em 
sua obra, A face oculta da escola, Mariano Enguita (1989), descreve duas citações: a 
primeira do filósofo John Locke (1632-1704) e a segunda de um dos dirigentes das 
escolas anglicanas de Hannah More, na Inglaterra do século XIX, sobre o modelo 
de educação pensada pela burguesia em ascensão para as massas de trabalhadores. 
Ei-las:
Ninguém está obrigado a saber tudo. O estudo das ciências em geral é assunto 
daqueles que vivem confortavelmente e dispõem de tempo livre. Os que têm 
empregos particulares devem entender as suas funções; e não é insensato 
exigir que pensem e raciocinem apenas sobre o que forma sua ocupação 
cotidiana (LOCKE, s.d.: III, 225 apud ENGUITA, 1989, p. 111).
[As crianças aprendiam] durante a semana trabalhos toscos que os preparam 
para serem serventes. Não permito que se ensine a escrever os pobres, 
pois meu objetivo não é convertê-los em fanáticos, mas formar os baixos 
estamentos para a indústria e a piedade (VAUGHAN ; ARCHER, 1971, p. 37 
apud ENGUITA, 1989, p. 111).
A produção industrial do capitalismo concorrencial exigia pouca instrução e 
trabalho braçal e intenso dos operários (DAL ROSSO, 2008). O trabalhador operava a 
AULA 2 TÓPICO 2
Matemát ica Bás ica I I3030 Traba lho e Educação
máquina com movimentos repetitivos e, diferentemente da produção artesanal – na 
qual era essencial seu conhecimento – em pouco tempo já não dominava as partes da 
produção, tornando-se mão de obra supérflua e facilmente substituível. 
A criação de um exército de desempregados era uma estratégia de dominação 
para baixar os custos e manter a disciplina e o controle no chão da fábrica. A inserção 
de mulheres e crianças no processo produtivo garantia ainda mais a diminuição dos 
custos da produção, pois seu salário era menor que dos homens. 
Diante de tantas condições de degradação e violência, a classe trabalhadora 
passou a organizar-see a exigir mudanças nas condições de trabalho. Foi o período do 
surgimento dos sindicatos e movimentos sociais e políticos a favor dos trabalhadores. 
Apesar do ganho de alguns direitos trabalhistas, como a diminuição da carga-horária 
de trabalho e a regulação dos salários, poucas mudanças ocorreram, e o capital 
concorrencial continuou avançando no mundo do trabalho, acumulando mais-valia 
e propagando a cultura do consumo. 
31
TÓPICO 3 Capitalismo monopolista ou imperialista
ObjetivO
• Entender as estratégias de expansão do capital 
no modelo de produção taylorista-fordista
No período de 1870 a 1940, o capital acumulado pelas empresas dos países dominantes assumiu um caráter expansionista, tendo o Estado liberal como plataforma de projeção para abrir 
novos mercados. A concentração e centralização da riqueza monetária permitiram 
a formação dos primeiros trustes e cartéis capazes de manipular o mercado e se 
infiltrar financeira e politicamente nos países pobres e subdesenvolvidos com 
o apoio dos governantes e empresários locais. Esses países, mais tarde, foram 
chamados de “Terceiro Mundo” e seu crescimento foi alinhado aos interesses dos 
países dominantes, seja para a retirada de matérias-primas, seja para o escoamento 
da produção.
Segundo Braverman (1987), o capital assumiu essa forma expansionista 
porque, simultaneamente, aderiu ao processo de colonização do mundo, às 
rivalidades internacionais e conflitos armados pela divisão do globo, financiando 
as guerras e a política de dominação. 
AULA 2 TÓPICO 3
Como se dá a adaptação do trabalhador nesse novo estágio do 
capital? 
Matemát ica Bás ica I I3232 Traba lho e Educação
Podemos acrescentar que o aprimoramento do maquinário e o surgimento 
de novas formas de energia, como hidrelétricas e os derivados do petróleo, 
além das melhorias no transporte, como as locomotivas e os barcos a vapor 
– que caracterizam a segunda fase da revolução industrial – constituem-se 
elementos históricos que impulsionaram o estágio do capital monopolista e de 
industrialização mundial.
A necessidade de ajustar o trabalhador às mudanças e avanços do processo 
produtivo na fábrica tornou-se a preocupação permanente dos donos do capital. 
Tanto o local de trabalho como as pessoas que executavam as atividades passaram 
a ser observadas com um olhar científico, a fim de que fossem desenvolvidas 
metodologias de trabalho para habituar o trabalhador ao maquinário (BRAVERMAN, 
1987).
Em 1911, com sua obra Princípios da Administração Científica, o engenheiro 
mecânico Frederick Taylor (1856-1915) introduziu o conceito de “organização 
científica do trabalho” com a finalidade de implantar metodologias de trabalho 
eficientes como a qualificação de gerentes, seleção e treinamento dos trabalhadores 
para se evitar desperdícios e aproveitar ao máximo a força de trabalho disponível.
Em consequência, surgiram, dentro dos departamentos do pessoal [...] e 
outras instituições acadêmicas e para-acadêmicas, um complexo de disciplinas 
acadêmicas e práticas, destinadas ao estudo do trabalhador. Logo depois de 
Taylor, surgiram a Psicologia Industrial e a Fisiologia industrial para aperfeiçoar 
os métodos de seleção, adestramento e motivação dos trabalhadores e foram 
logo ampliadas numa pretensa sociologia industrial, para o estudo da oficina 
como um sistema social. (BRAVERMAN, 1987, p. 125).
O taylorismo tinha a finalidade de racionalizar o processo produtivo 
(administração científica); garantir o monopólio do conhecimento com a gerência 
científica para não se tornar refém do saber do trabalhador e garantir que este não 
dominasse os segredos da produção. Competia às lideranças da fábrica a seguinte 
missão: integrar o homem à máquina, de tal forma que este se sentisse parte 
daquela. A formação profissional era básica e visava habituar os trabalhadores ao 
trabalho repetitivo e exaustivo; ao disciplinamento do corpo e à obediência; além 
de garantir sua substituição imediata em casos de resistência pessoal ou coletiva, 
como as greves ou outras formas de organização de classe como ações empreendidas 
pelos sindicatos.
33
V o c ê s a b i a?
Referência ao empresário estadunidense 
Henry Ford (1863-1947) fundador da Ford 
Motor Company que introduziu a produção 
e o consumo em massa de automóveis no 
mundo.
A partir dos anos de 1930, o fordismo 
difundiu-se no mundo, seguindo os princípios 
básicos da teoria da administração científica 
(taylorismo). Introduziu a linha de montagem; a 
produção em série; e um sistema de recompensas 
e punições, conforme o comportamento dos 
operários na fábrica. E aqui cabe ressaltar o 
modelo de educação implícito no sistema fordista 
de produção para convencer o trabalhador a 
submeter-se ao sistema capitalista.
Você lembra que a acumulação de riquezas está relacionada à elevação da 
quantidade de trabalho excedente (não pago ao trabalhador) e que a estratégia 
fundamental daquele que detém os meios de produção (o capitalista) é criar 
condições para aumentar essa quantidade de trabalho excedente. Pois bem. Isto 
ocorre de duas maneiras: com o aumento da jornada de trabalho e com o aumento 
da produtividade das pessoas, da matéria-prima e das máquinas (MARX, 1983).
Ora, o aumento da produtividade das pessoas passa pela educação/instrução. 
E não estamos nos referindo somente a cursos preparatórios para uso de ferramentas 
e máquinas específicas, que consistem em:
a. Acostumar as pessoas a assumir o controle de suas emoções e pulsões.
b. Disciplinar fisicamente as pessoas para o estudo, o que implica 
permanecer entre quatro paredes durante a maior parte do dia, sentar-
se horas a fio, não conversar com o colega durante a aula, e enfileirar-se.
c. Recepcionar informações compartimentalizadas em disciplinas e 
reproduzi-las em casa ou no ambiente de trabalho, etc.
Muitos de nós já vimos esse modelo de 
educação, não é verdade? Esse padrão escolar 
perdura até hoje e é muito útil ao capital, 
sobretudo para os processos de produção de 
regime fordista, onde o disciplinamento, a 
obediência e a padronização são imprescindíveis. 
S a i b a m a i s
Durante os anos de 1930 a 1970, 
prevaleceu nas economias capitalistas o 
modelo de acumulação denominado de 
Para mais informações, acesse o site: http://
www.cienciashumanas.com.br/resumo_
artigo_5713/artigo_sobre_o_fordismo
AULA 2 TÓPICO 3
34 Traba lho e Educação
TÓPICO 4 Capitalismo tardio
• Compreender as crises do capital no 
modelo de produção fordista e a reestru-
turação produtiva com o toyotismo
• Relacionar o avanço tecnológico e a 
qualificação profissional ao perfil do traba- 
lhador no modo de produção flexível
ObjetivOs
Em meio a tantas crises, a partir de 1940 com a terceira revolução tecnológica, o capital diversificou a 
produção com o uso de novas tecnologias, migrando 
para os países subdesenvolvidos para usufruir de 
mão de obra mais barata e de matérias-primas.
O modelo de produção taylorista/fordista já 
não fazia tanto sentido diante de uma indústria que 
se renovava tecnologicamente numa velocidade que 
não podia vender seus produtos em grande escala 
como no período monopolista nem mantê-los em 
estoques por muito tempo. 
A necessidade de novos mercados e as crises econômicas, como a crise do 
petróleo na década de 1970, de caráter universal e alcance global, o desemprego 
estrutural e as reivindicações dos trabalhadores fizeram com que o sistema capitalista 
se reinventasse à procura de um modo de produção mais flexível (MÉSZÁROS, 2002). 
Este novo modelo deveria contemplar a diminuição dos custos com a produção, dos 
encargos sociais e os direitos trabalhistas e, simultaneamente, aproveitar as novas 
tecnologias como a robótica e a microeletrônica. Para tanto, a qualificação técnica 
e profissional também tinha que mudar nas nações subdesenvolvidas com políticas 
educacionais de abrangência nacional capaz de gerar mão de obra qualificadapara 
V o c ê S A B I A?
Também chamada de revolução técnico-
científica que surgiu na segunda metade do 
século XX, com a automatização da produção; 
o surgimento da indústria química e eletrônica; 
dos meios de comunicação; a informática; 
a microeletrônica; a robótica; a engenharia 
genética, etc.
35
atender às novas exigências do mercado global.
O objetivo de obrigar o Estado a investir tanto na qualificação profissional das 
nações subdesenvolvidas está relacionado à chegada das multinacionais que migraram 
a partir da década de 1980 para onde podiam pagar impostos e salários menores, 
sobretudo na América do Sul e na Ásia. O custo de abertura e funcionamento de 
uma empresa em vários países, seguindo um processo de fragmentação da produção, 
na maioria das vezes, tornou-se mais competitivo, uma vez que os salários pagos 
eram irrisórios se comparados aos países de origem dessas multinacionais. Para 
atraí-las, os governos prometiam pacotes de isenção de impostos e segurança de 
novos mercados para seus produtos, gerando uma guerra fiscal entre estados de uma 
mesma federação que ainda perdura em nossos dias.
Houve também uma diversificação quanto à área de investimento do capital. 
As economias nacionais já não podiam mais gerar empregos e se manter somente 
com os parques industriais. No novo cenário, a partir da década de 1970, com a 
queda vertiginosa do regime fordista de produção seriada para consumo em massa, 
a área de serviços mostrou-se um campo lucrativo, pois diversificou os empregos, 
principalmente, o setor financeiro.
A criação de bancos internacionais e 
fusões de conglomerados permitiram a criação de 
fundos de empréstimos para as nações pobres e 
subdesenvolvidas que escondiam os interesses dos 
países desenvolvidos. As altas taxas de juros de 
bancos como o Banco Mundial e o FMI resultaram 
no endividando dessas nações, tais quais os países 
da América Latina, entre eles o Brasil, obrigando-
os a assumir compromissos de abertura de suas 
fronteiras alfandegárias e comerciais para os 
produtos estrangeiros em detrimento dos produtos 
nacionais/locais, e o que é pior, aceitando a proposta 
de pagamento de baixos salários aos trabalhadores.
Para Antunes (2003), o capitalismo, após 
um longo período de acumulação monopolista que 
ocorreu durante o fordismo e da fase keynesiana, 
começou a mostrar, em meados dos anos 70, sinais 
de um quadro muito crítico, dando lugar a novos 
AULA 2 TÓPICO 4
V o c ê s a b i a?
A origem da nossa Dívida Externa vem 
da Independência do Brasil, mas foi 
durante a ditadura, entre as décadas 
de 1960 e 1980, que a dívida deu o 
seu maior salto. Antes do Golpe de 
1964, a dívida externa no Brasil era 
de 12 bilhões de dólares e, ao final da 
ditadura, ela já atingia a casa dos 100 
bilhões. A dívida se estabilizou somente 
depois dos governos FHC e Lula.
Fonte: http://www.brasilescola.com/
brasil/divida-externa-brasileira.htm . 
Acesso em: 12 maio 2013.
Matemát ica Bás ica I I3636 Traba lho e Educação
modelos produtivos. Uma das experiências de produção flexível que se disseminou 
nesse período de crise foi o toyotismo, modelo japonês que exige uma formação 
profissional baseada nas competências individuais do trabalhador.
Na concepção de Ohno (1997), entre suas 
características destaca-se a produção em pequenos 
lotes; estoque mínimo; aumento constante da 
eficiência; eliminação do desperdício; redução 
de custos de produção; sistema de gestão com 
ênfase na criatividade e na multifuncionalidade, 
pois cada colaborador é treinado para cuidar de 
várias máquinas e executar tarefas diferenciadas. 
O trabalho é horizontalizado e em equipe, 
diferentemente da verticalização do modelo 
fordista. 
As organizações de produção flexíveis não se 
tornaram hegemônicas em toda parte, assim como 
o modelo fordista que as precedeu. Mas a classe 
trabalhadora sofreu a desregulamentação de seus 
direitos com os novos contratos de trabalhos flexíveis (temporários, terceirizados, 
subcontratados, etc.), com o desmantelamento dos sindicatos, por força dos novos 
acordos econômicos e com a mobilidade das multinacionais operando em lugares 
sem tradição de organização sindical (HARVEY, 1992).
A crise do capital tornou-se estrutural e 
desencadeou profundas mudanças econômicas, 
sociais, políticas e ideológicas com a finalidade 
de recuperar o ciclo de valorização do capital. 
Todavia, nenhuma dessas mudanças seria 
possível sem a redefinição do papel do Estado: 
este ficaria reduzido a um mínimo de ações.
O Estado interventor e do Bem-Estar Social 
defendido pelo economista inglês John Maynard 
Keynes, adotado pela maioria dos países após a 
Crise de 1929, e que favoreceu principalmente a 
sobrevivência do sistema capitalista, deu lugar 
ao Estado das privatizações e da flexibilização 
V o c ê S A B I A?
Com a reestruturação produtiva do modelo 
fordista para modelos mais flexíveis como o 
toyotismo, os trabalhadores perderam postos 
de trabalho, e os sindicatos, força de persuasão 
nas negociações. O objetivo já não era lutar pela 
superação do capitalismo nem reivindicar direitos, 
mas evitar demissões em massa.
Fonte: ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio 
sobre as metamoforses e a centralidade do mundo 
do trabalho. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
Figura 5 – Keynes
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-
mons/6/66/John_Maynard_Keynes.jpg
37
dos direitos trabalhistas, orientado por uma nova teoria econômica dos anos de 
1980: o neoliberalismo (SOUSA, 2006).
As ideias dos economistas Friedrich Hayek e Milton Friedman, ambos da 
Universidade de Chicago, entraram na ordem do dia e se tornaram a nova cartilha 
econômica imposta pelos governos dos Estados Unidos e da Inglaterra, nos anos 
80, aos países periféricos, através de organismos internacionais como o FMI e o 
Banco Mundial. Esta “nova teoria econômica” é alicerçada nas ideias do economista 
escocês Adam Smith (1723-1790). Sobre ela explica Dalarosa (2001, p. 198) que “o 
liberalismo é uma filosofia política, defende os princípios do modo de produção 
capitalista, fundamenta-se na liberdade individual, na propriedade privada dos 
meios de produção e na liberdade de ação do capital em relação ao trabalho e ao 
Estado”. 
Estes princípios retomados no mundo 
globalizado da década de 1990, isto é, no mundo 
em que as novas tecnologias, os transportes 
e a comunicação aproximam as nações, além 
de manterem os fundamentos do capitalismo 
e pregarem o Estado mínimo, os princípios 
estabelecem agora como meta para os Estados 
Nacionais a contenção dos gastos com o social; a 
desestatização; a elevação das taxas de juros para 
atrair capital; a abertura do mercado interno para 
multinacionais; a desregulamentação dos direitos 
trabalhistas e a desarticulação dos sindicatos 
(SOUSA, 2006). 
No âmbito da educação e de sua relação com o trabalho, a tarefa principal do 
Estado nessa reestruturação produtiva que chegou aos nossos dias é abrir caminho 
para o progresso nos padrões neoliberais de desenvolvimento, proporcionando 
uma política educacional que garanta a formação de trabalhadores com alto padrão 
de qualificação para, mais uma vez, adequar-se às mudanças do capital.
Nesse contexto, a educação profissional e tecnológica é direcionada 
estrategicamente para produzir conhecimentos científicos e reproduzir a lógica 
do capital, legitimando o controle social. Frigotto (1995, p. 26) esclarece o uso 
direcionado do sistema educacional na reprodução da nova ordem ao afirmar que, 
no emparelhamento: neoliberalismo, reestruturação produtiva e globalização, as 
S a i b a m a i s
Considerado um dos mais importantes 
economistas de toda a história, John 
Maynard Keynes nasceu numa família 
de intelectuais. Estudou no famoso 
Colégio Eton, da aristocracia inglesa, 
onde obteve medalhas por mérito em 
matemática. Fonte: http://educacao.uol.
com.br/biografias/john-m-keynes.jhtmAULA 2 TÓPICO 4
Matemát ica Bás ica I I3838 Traba lho e Educação
relações sociais de produção capitalistas não se perpetuam automaticamente, mas 
são articuladas e impostas com objetivos e fins específicos numa rede de ações 
estruturadas para que os indivíduos internalizem o modelo produtivo vigente. Dessa 
forma, a educação é subordinada pelas políticas nacionais ao sistema capitalista 
para adequar-se e atender às necessidades dos novos tempos de globalização. 
Segundo Antunes (2003), ainda com base na nova fase de reestruturação 
produtiva, as estratégias utilizadas pelas empresas para aumentar a produtividade 
e a lucratividade também mudaram ao ponto de exigirem agora a participação dos 
trabalhadores chamados já nesse novo contexto de “colaboradores”, a fim de que 
se sintam membros participantes do processo produtivo. Contudo, ainda segundo o 
autor citado, a mudança não passa de uma estratégia manipuladora, pois preserva, 
em sua lógica e forma, as condições do trabalho alienado, denunciada por Marx 
(2004, p. 36): “O trabalhador não está defronte àquele que o emprega na posição de 
um livre vendedor. [...] O valor da força de trabalho é completamente destruído se 
não for vendida a cada instante”.
Em quaisquer contextos – ou da “acumulação 
rígida” do capitalismo concorrencial ou monopolista 
ou da “acumulação flexível” do capitalismo tardio 
– a educação é fundamental para consolidar a 
formação do caráter humano e sua participação no 
mundo do trabalho. A questão que devemos refletir 
é que na disputa por trabalho cada trabalhador vê 
no outro o seu oponente e somente em algumas 
situações opõe-se aos empregadores ou políticos 
mantenedores da situação de exploração.
Cabe destacar ainda que a competição entre 
os trabalhadores transpõe-se, de alguma maneira, 
para a educação escolar à medida que os mecanismos 
de seleção para o emprego incluem níveis cada vez maiores de escolarização como 
um dos critérios para a sua contratação. E o resultado dessa competição entre os 
trabalhadores é inegavelmente vantajosa para o capital. Some-se o fato de que 
atualmente existe vasto exército industrial de reserva de trabalhadores que se formam 
todos os anos para atuar, por exemplo, na área metalúrgica ou automobilística e não 
conseguem emprego e, caso consigam, sabem que podem ser facilmente substituídos, 
como acontece nos momentos de greve coletiva. 
V o c ê S A B I A?
A capacidade de ser flexível está associada 
à recente modificação na organização do 
trabalho denominada de reestruturação 
produtiva. A flexibilidade está relacionada, 
entre outras características, à atitude das 
pessoas diante de situações econômico e 
sociais imprevisíveis, adaptando-se a novas 
situações (SALERNO, 1995). 
39
O capital ainda tem como vantagem à sua disposição o sistema financeiro 
que lhe permite retirar o dinheiro de um país e investir em outro rapidamente; 
a quebra de barreiras geográficas para a entrada de seus produtos; a elevação do 
nível de qualificação dos trabalhadores que as políticas educacionais são obrigadas 
a realizar como o aumento de cursos tecnológicos e as inovações das comunicações 
e dos equipamentos/ferramentas de trabalho que barateiam os preços das 
mercadorias (HARVEY, 2011). 
Reforçamos, por último, que a educação é necessária para os trabalhadores, 
apesar de servir também às finalidades do processo de acumulação de riquezas. 
Não por acaso, Marx (2004) se referiu à importância da educação escolar, que deve 
ser garantida gratuitamente às crianças e jovens, integrando atividades físicas, 
artístico-culturais e científico-tecnológicas. 
Chegamos ao final desta aula, em que apresentamos alguns elementos para 
ajudar a compreender as relações historicamente determinadas entre trabalho e 
educação, situando-as no contexto atual. Até a próxima aula!
AULA 2 TÓPICO 4
40 Traba lho e Educação
AULA 3 Trabalho, ciência e cultura
Caro(a) aluno(a),
Nesta aula, discutiremos acerca da relação existente entre trabalho, ciência e 
cultura. Você perceberá que, no mundo contemporâneo, essa relação torna-se 
cada vez mais estreita, à medida que a ciência é aplicada – na forma de novas 
tecnologias – no sistema de produção e consumo capitalista influenciando o modo 
como nos relacionamos com os outros e lidamos com as coisas que produzimos.
Objetivos
• Compreender a ciência como um elemento da cultura e da sociedade por 
meio de suas diferentes concepções
• Entender a relação existente entre saber tradicional, saber científico e 
tecnologia
• Compreender cultura e educação como elementos de reprodução e 
transformação social
41
TÓPICO 1 Ciência, tecnologia e a indústria cultural no mundo do trabalho
ObjetivOs
• Conhecer as concepções racionalista e empirista da ciência
• Diferenciar ciência e tecnologia e seu emprego na produção e 
na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos
• Reconhecer como o capital se utilizou da ciência na Revolução 
Industrial para criar uma sociedade do consumo
• Estudar a influência dos meios de comunicação social no fo-
mento do consumo exagerado
A ciência e a tecnologia estão presentes em nosso cotidiano e são frutos do desenvolvimento ao longo dos séculos e estão relacionadas ao sistema produtivo, ao trabalho, à melhoria 
da nossa qualidade de vida e ao consumo. Vamos estudar como estes elementos 
interagem na cultura, no modo de vida em sociedade no mundo contemporâneo.
1.1 A CIÊNCIA E O AVANÇO DA TECNOLOGIA EM NOSSO COTIDIANO
A cada dia que passa, deparamo-nos com novas descobertas que evidenciam 
o avanço da ciência, entre as quais destacamos: o raio x, a tomografia, a ressonância 
magnética, o raio laser, as células-tronco, o DNA, a energia solar, a fibra de carbono, 
o coração artificial, as telecomunicações, a internet, as novas tecnologias digitais, etc. 
AULA 3 TÓPICO 1
Fonte: http://www.saude.ba.gov.br/han/index.php?option=com_cont
ent&view=article&id=461&catid=13&Itemid=59
Figura 6 - Equipamento de ressonância magnética Figura 7 - Planta de energia solar
Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Valle_1_y_
Valle_2.jpg
http://www.saude.ba.gov.br/han/index.php?option=com_content&view=article&id=461&catid=13&Itemid=59
http://www.saude.ba.gov.br/han/index.php?option=com_content&view=article&id=461&catid=13&Itemid=59
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Valle_1_y_Valle_2.jpg
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Valle_1_y_Valle_2.jpg
Matemát ica Bás ica I I4242 Traba lho e Educação
 As inovações da ciência alteram as ferramentas e instrumentos de trabalho. 
No campo da educação escolar, por exemplo, o professor usa a educação a distância, 
o e-book, a lousa digital; o aluno substitui a apostila pelas ferramentas de busca da 
internet e faz suas leituras em mídia eletrônica. 
No âmbito da saúde, o médico não precisa mais fazer uma intervenção 
cirúrgica invasiva, pois a ressonância permite conhecer o estado dos órgãos 
internos. Na seara das comunicações, diminui a velocidade da transmissão de 
imagem e voz, o que permite a comunicação em tempo real de pessoas localizadas 
em lugares diferentes, um exemplo disso é a ferramenta videoconferência. Os 
automóveis tornam-se mais leves e, surpreendentemente, mais rápidos. Enfim, 
podemos elaborar uma lista enorme de benefícios proporcionados pela ciência, mas 
é importante ter claro o principal benefício: economia de tempo e melhoria da 
qualidade de vida das pessoas.
Os avanços mencionados acima se consolidaram na segunda metade do 
século XX e historiadores, como Toffler (1980), chamam essa fase de “terceira onda” 
ou “terceira revolução tecnológica” ou ainda de “revolução digital” em referência 
ao novo modelo de sociedade que se constitui no século XXI: a sociedade da 
informação, do conhecimento e da comunicação.
Mas será que a sociedade do conhecimento conseguiu diminuir a 
desigualdade social, a exploração dos trabalhadores e aumentar a 
qualidade de vida do homem contemporâneo?É o que vamos discutir mais adiante.
Primeiro, é imprescindível diferenciar o que seja ciência e tecnologia. E, 
depois, compreender em que sentido a relação ciência e tecnologia com a cultura e a 
Figura 9 - Telefonia móvel
Fonte: http://www.corbisimages.com/
stock-photo/royalty-free/42-47253319/man-
on-laptop-talking-on-cell-phone
Figura 8 - Internet
Fonte: DEaD/IFCE
http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-free/42-47253319/man-on-laptop-talking-on-cell-phone
http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-free/42-47253319/man-on-laptop-talking-on-cell-phone
http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-free/42-47253319/man-on-laptop-talking-on-cell-phone
43
Os saberes tradicionais ou do senso-comum mantêm alguma ligação 
com os saberes científicos ou são divergentes? Quais as diferenças 
e interlocuções dos saberes científicos com os saberes tradicionais?
educação fomentam a transformação da sociedade, isto é, as mudanças efetivas nas 
relações sociais, pois para muitos autores, como Toffler (1980), a grande diferença 
do crescente desenvolvimento tecnocientífico consiste em afirmar que a Revolução 
Industrial cumpriu o papel de substituir o esforço físico do homem e a “revolução 
digital” cumpre bem o papel de substituir o esforço mental do homem.
1.2 O SABER CIENTÍFICO E O SABER DAS TRADIÇÕES
Segundo Ander-Egg (1978) a ciência é um conjunto de conhecimentos 
racionais cujos conteúdos são certos ou prováveis porque são obtidos com rigor 
metodológico mediante verificações e sistematizações constantes em referência a 
um objeto de mesma natureza. O conhecimento, portanto, é o resultado do trabalho 
científico que envolve delimitação do objeto ou fato a ser investigado, rigorosos 
procedimentos metodológicos para observação, verificação, experimentação, 
sistematização e demonstração da prova científica: o que o sujeito afirma 
corresponde ao objeto estudado; corresponde à sua natureza propriamente dita 
(CHAUI, 2010, p. 299). Logo, não se trata de um saber baseado na opinião, ou na 
tradição, ou na experiência cotidiana de algumas pessoas como se constitui o saber 
do senso-comum. 
Contudo, não significa que o saber do senso-comum como as práticas milenares 
de plantio na agricultura, ou os ritos de socialização das tribos indígenas ou mesmo 
crenças religiosas estejam erradas ou não possam ter seu valor comprovado. Muitas 
vezes o saber científico confirma a aplicação de práticas culturais ou ações sobre a 
natureza que vêm sendo repassadas de geração a geração como é o caso de muitas 
plantas medicinais utilizadas pelas sociedades tribais cuja eficácia pode ser hoje 
comprovada nos mais sofisticados laboratórios farmacológicos.
AULA 3 TÓPICO 1
Pritchard (s/d apud CUNHA, 2007), em seu estudo sobre bruxaria e oráculos 
no Sudão, concluiu que as premissas sobre o que existe no mundo tornam os 
saberes científicos diferentes dos tradicionais. Outra distinção é apresentada por 
Matemát ica Bás ica I I4444 Traba lho e Educação
Strauss (s/d apud CUNHA, 2007) que identifica o conceito científico como uma 
ideia abstrata, principal característica do conhecimento moderno ao passo que o 
conhecimento tradicional opera com as percepções (cheiro, cores, sabores, etc.) do 
sujeito. 
Cunha (2007) identifica a dominância 
do saber científico sobre o saber tradicional, 
advertindo que a aproximação dos cientistas com o 
saber tradicional limita-se a apreendê-lo para, em 
seguida, destruí-los ou desconsiderá-los, embora 
ainda existam estudos que reconheçam práticas 
tradicionais.
De fato, não é comum o reconhecimento dos 
paradigmas e práticas de ciências tradicionais como 
fontes potenciais de inovação da ciência. Essas 
atitudes se transpõem para o âmbito escolar, onde 
os conhecimentos científicos são apresentados, 
muitas vezes, sem o estabelecimento de qualquer 
conexão com os saberes obtidos em circunstâncias diversas da vida cotidiana.
Uma vez que você entendeu a relação que existe entre o saber tradicional 
(senso-comum) e o saber científico no modo como formulam e produzem o 
conhecimento, vamos diferenciar ciência e tecnologia. 
1.3 CIÊNCIA E TECNOLOGIA: DIFERENCIANDO UMA DA OUTRA
O saber científico, rigoroso e sistemático, busca comprovar hipóteses e 
formular leis. A tecnologia, ao contrário, é a aplicação das leis ou descobertas 
científicas, isto é, do conhecimento científico obtido através de técnicas e de 
instrumentos em situações práticas que visam melhorar a relação do homem com 
a natureza e com sua qualidade de vida. No sentido mais amplo, a tecnologia está 
relaciona às soluções do mundo do trabalho e, em alguns casos, independe do saber 
científico. Por exemplo, o domínio e a utilização do fogo pelos homens primitivos ou 
do uso do ferro nas civilizações pré-históricas para fabricação de armas, carroças, 
objetos de trabalho, etc. são tecnologias desenvolvidas que marcaram a cultura 
desses povos. Nem por isso eles podem ser considerados atrasados. Uma coluna 
ou uma ponte construída no mundo contemporâneo segue princípios e técnicas 
desenvolvidos na Antiguidade embora não se utilize mais os mesmos materiais ou 
V o c ê S A B I A?
Na Amazônia brasileira, biólogos 
ensinavam aos seringueiros e aos índios o 
modelo sustentável de caça, desprezando 
o conhecimento acumulado por essas 
populações? Após quase dez anos, um 
estudo científico considerou sustentável 
o conhecimento tradicional adotado pelos 
seringueiros (CUNHA, 2007).
45
instrumentos. O saber (científico ou do senso-comum) é enriquecido de geração em 
geração no processo de ensino-aprendizagem e é aplicado (na forma de técnicas ou 
tecnologia) na vida prática.
Estamos de acordo então que ciência e 
tecnologia caminham juntas?
É importante que você saiba que existem 
diferentes concepções de ciência que foram 
gestadas e modificadas ao longo do tempo de 
acordo com a história e a cultura das sociedades 
que as produziram. Portanto, a ciência também é 
um fenômeno cultural.
A concepção de ciência como a explicamos 
anteriormente e que predomina atualmente 
nasceu na Idade Moderna. O filósofo Francis 
Bacon (1561-1626) destaca-se desse período 
como “fundador da ciência moderna”, com sua 
obra Novum Organum (1620), em que ressalta 
a necessidade de um método científico baseado 
na experiência chamado de empirismo. Explica 
Chalmers (1999, p. 18):
O filósofo Francis Bacon e muitos de seus 
contemporâneos sintetizaram a atitude 
científica da época ao insistirem que, 
se quisermos compreender a natureza, 
devemos consultar a natureza e não 
os escritos de Aristóteles. As forças 
progressivas do século XVII chegaram 
a ver como um erro a preocupação dos 
filósofos naturais medievais com as 
obras dos antigos – especialmente de 
Aristóteles – e também com a Bíblia, como 
as fontes do conhecimento científico. 
Estimulados pelos sucessos dos “grandes 
experimentadores”, como Galileu, 
eles começaram cada vez mais a ver a 
experiência como fonte de conhecimento.
V o c ê s a b i a?
A Teoria da Relatividade de Albert 
Einstein (1879-1955) já não está tão 
distante do nosso cotidiano. Atualmente 
é utilizada para calibrar GPS e observar 
o Universo. 
Para saber mais: http://noticias.uol.
com.br/c iencia/ul t imas-not ic ias /
r e d a c a o / 2 0 1 3 / 0 3 / 2 0 / t e o r i a - d a -
relatividade-e-usada-para-calibrar-gps-
e-observar-o-universo.htm. Acesso em: 
13 maio 2013. 
V o c ê s a b i a?
Empirismo segundo Chaui (2010) é 
a concepção científica baseada na 
interpretação dos fatos mediante 
observações e experimentos que 
permitem estabelecer induções e que, ao 
serem confirmadas, oferecem a definição 
do objeto, suas propriedades e leis de 
funcionamento.
AULA 3 TÓPICO 1
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2013/03/20/teoria-da-relatividade-e-usada-para-calibrar-gps-e-observar-o-universo.htm
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2013/03/20/teoria-da-relatividade-e-usada-para-calibrar-gps-e-observar-o-universo.htm

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